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Carta Aberta:
Denúncia de Capacitismo, racismo estrutural, Assédio Moral, violação de
privacidade contra Aluna PCD da Faculdade de Direito da UERJ.
Pela ausência de medidas efetivas dos departamentos que deveriam ser responsáveis
pela promoção de acessibilidade, a estudante buscou suporte junto à Comissão de
Acessibilidade da UERJ, que foi criada em março de 2023 justamente para solucionar e
promover a acessibilidade nos espaços da universidade.
Contudo, novamente a estudante sofreu violações dos seus direitos, quando em um grupo
de um aplicativo de troca de mensagens com cerca de 60 pessoas foi disponibilizado por
uma funcionária pública da faculdade de Direito, dia 08/08/2023, às 12h59, um documento
sigiloso contendo todas as informações da estudante sem sua autorização e
consentimento. Nesse documento, havia informações de cunho pessoal e sensível que
de maneira alguma poderiam ser divulgadas, como o requerimento do Regime
Excepcional de Aprendizagem e todos os laudos médicos com informações sensíveis
sobre a condição de saúde e o tipo de deficiência da aluna.
É com pesar que relatamos que a aluna tem sido alvo de comentários depreciativos,
tratamento diferenciado pejorativamente, diversas desvantagens e situações de
constrangimento desde seu ingresso na universidade. Essas discriminações ocorrem por
parte de funcionárias públicas da PR4/DASPB, professores e membros da faculdade de
Direito.
Esses incidentes não apenas ferem a dignidade da aluna, mas também vão contra os
princípios de igualdade, equidade, imparcialidade e respeito que deveriam nortear nosso
ambiente acadêmico. Além disso, esses fatos, que não são isolados, trazem prejuízos à
saúde física e mental não só da estudante, mas de outras pessoas com deficiência que
vivenciam de alguma forma as mesmas violências por parte da instituição.
proferidas pela servidora do DASPB/PR4 tanto no grupo quanto na conversa privada, que
trazem o silenciamento e a invalidação daqueles que experienciam na pele todos os dias
e em todos os momentos o que é ser uma pessoa com deficiência.
O pedido de reunião virtual datado 14/08/2023, solicitado pela aluna foi questionado e
negado, com a fala: "como você marca uma reunião dentro das férias?". Porém, dia
11/08/2023 aconteceu um seminário virtual, convocado pela mesma funcionária.
Porém, ressaltamos que essas atitudes violentas não podem ter lugar em nossa
instituição de ensino. Como defensores/as dos direitos humanos e promotores/as de
conhecimento, temos a responsabilidade de assegurar que todas as pessoas,
independentemente de sua condição, raça, cultura e nível de conhecimento se sintam
seguras, respeitadas e valorizadas em todos os campus da UERJ.
Destacamos que qualquer iniciativa que vise “promover acessibilidade” mas na realidade
produzem e reproduzem a segregação de pessoas com deficiência são ilegais e
inconstitucionais. No Brasil, o capacitismo é crime, de acordo com o Estatuto da Pessoa
Com Deficiência, lei 13.146 de 2015, cabendo, dessa forma, à instituição garantir e
promover recursos e dispositivos que objetivam a ausência ou a diminuição das barreiras
existentes no meio ou nas relações.
Cabe, ainda, destacar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais- LGPD (Lei nº 13.709,
de 14 de agosto de 2018), que entrou em vigor em 18 de setembro de 2020 e visa
proteger os direitos: segundo o Art. 1º " esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados
pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito
público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de
privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural". Dessa forma,
a atitude da funcionária da UERJ de compartilhar os documentos sigilosos da estudante
fere os direitos de privacidade da vítima e configura crime, conforme a lei supracitada.
Ressaltamos que esses sentimentos não são exclusivos da estudante que é o assunto
desta carta, mas sim um sentimento de impotência e desamparo compartilhado entre
todos os alunos e servidores com deficiência e/ou neurodiversos que habitam a Uerj.
Portanto, solicitamos que esta denúncia seja tratada com a devida seriedade e urgência.
Precisamos trabalhar juntos para criar uma cultura de respeito, igualdade e inclusão, onde
todos possam prosperar. É fundamental que todos os servidores, professores e
estudantes estejam cientes do impacto de suas palavras e ações, evitando estereótipos
prejudiciais e mostrando empatia genuína. Educar-se sobre as necessidades e
perspectivas das pessoas com deficiência é uma parte crucial desse processo e da nossa
formação profissional e, principalmente, humana.
Acreditamos que nossa instituição pode e deve ser um exemplo de respeito, igualdade e
diversidade. Esperamos que esta denúncia resulte em ações concretas para eliminar e
combater todas as formas de opressão e discriminação dentro da Uerj.
Agradecemos antecipadamente pela atenção e ação em relação a esta questão grave.
Estamos à disposição para colaborarmos no que for necessário para garantir um
ambiente acadêmico mais justo e inclusivo.
Assinam,