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Introdução
Os autores afirmam que o problema não está nas métricas de desempenho já existentes e
sim na forma utilizada pelas empresas. É necessária a reavaliação (ou até mesmo a
análise pela primeira vez) do sistema de medida de desempenho.
Um exemplo trazido pelo autor sobre o uso incorreto de uma métrica logística de
desempenho é o seguinte: Uma manufatura de produtos de saúde usa a métrica para
avaliar o serviço do cliente para seus distribuidores. A métrica “porcentagem de envio
dentro do tempo” é reportada a cada quatro meses e tem um papel fundamental no plano
de compensação e bônus do gerente. Entretanto, a métrica considera que o envio foi
realizado dentro do tempo se e somente se a carga segue a rota no mesmo mês que o
pedido é realizado. Diante deste fato, podemos perceber que esta métrica é inconsistente
com o ponto de vista do cliente.
Critério de avaliação
Os autores então sugerem oito critérios que captura de maneira mais abrangente as
características essenciais das métricas de desempenho individual e identifica e examina
suas interações.
Validade
Uma métrica é válida se ela reflete a real atividade sendo executada e controla qualquer
fato exógeno que esteja fora do controle do gerente de processo. Por exemplo, se um
departamento de tráfego envia produtos em uma ampla variedade de comprimentos de
caminho, usando vários modos e respondendo a prazos de entrega muito diferentes,
medir a produtividade como custo por tonelada-milha não é particularmente válido. Por
exemplo, qualquer mudança no padrão de pedidos para modais menores e mais
sensíveis ao tempo causará um aumento no custo de tonelada-milha, fazendo com que o
gerente fique mal visto, independentemente do desempenho real do trabalho. Segmentar
o custo por tonelada-milha de acordo com o comprimento do transporte, o nível de
serviço ou outras características tornaria as métricas mais válidas, pois esses fatores
adicionais têm um efeito significativo sobre os custos de transporte.
Robustez
Uma métrica é robusta se for amplamente aceita, interpretada de forma semelhante por
diferentes usuários e puder ser usada para comparações ao longo do tempo, locais e
organizações. Usando o mesmo exemplo, o custo por tonelada-milha, embora não seja
uma métrica válida, é robusta porque (1) as toneladas transportadas e as milhas
percorridas são fáceis de coletar, (2) a tonelada-milha é amplamente aceita no setor de
transporte e (3) é difícil interpretar erroneamente uma tonelada-milha. Um exemplo de
medida que não é muito robusta é o custo de mão de obra direta da logística, geralmente
usado como medida de insumo. Ele não é comparável entre as empresas, pois a
definição de mão de obra direta difere muito entre as empresas.
Utilidade
Uma métrica é útil se ela pode ser facilmente entendida pelo tomador de decisão e
sugere um curso de ação ou direção para ser tomada. Por exemplo, uma métrica que
rastreia o uso de transporte rápido, como a porcentagem de remessas que usam
transporte noturno, é útil porque é facilmente entendida e dar uma direção ao gestor, isto
é, toma conta dos modais de transportes usados. Por outro lado, uma métrica composta
que combina vários fatores em um único índice não é tão útil para um gerente, pois o
método pelo qual o índice foi calculado pode ser considerado uma “caixa preta” e o
índice, como um valor abstrato, não sugere uma ação específica a ser tomada.
Integração
Economia
Compatibilidade
Solidez comportamental
Apesar de desejarmos buscar desenvolver métricas que se destaque em cada um dos oito
critérios, isso não é praticamente possível. Devido à existência de compensação entre os
diferentes critérios de avaliação de uma métrica de desempenho.
O trade-off entre validade e robustez implica que quanto mais aspectos de situações
específicas de um processo são inclusos em uma métrica, menos comparável ela se
torna. Customizar uma métrica para particularidades de um processo ou produto torna
ela muito precisa para aquela situação, mas consequentemente torna cada vez mais
distante de uma utilização para outras situações, até mesmo semelhantes. De forma
contrária, uma métrica designada especificamente para comparações como
benchmarking precisa ser suficientemente gerais, menos específicas, para abrir ainda
mais a aplicabilidade e deve incorporar aspectos que são compartilhados por diferentes
funções ou departamentos. O trade-off é então entre ser mais geral ou mais específico.
O trade-off entre integração e utilidade sugere que o quão mais uma métrica promove
coordenação além de diferentes funções ou firmas, menos direção ela vai fornecer para
um gestor de firma ou função particular. Por exemplo, uma métrica de time como valor
do inventário em todas as suas formas (seja matéria-prima, work in process (WIP) ou
produtos acabados) passa por toda a cadeia de suprimentos de fornecedor para
distribuidor. Enquanto esta métrica é de fato integrativa, ela perde um pouco de sua
utilidade para os gerentes intermediários, que são responsáveis de apenas uma parte
deste processos porque isso inclui muito mais do que eles podem controlar diretamente.
De maneira distinta, o monitoramento do valor de inventário de cada uma das partes
separadamente vai aumentar a utilidade da métrica de inventário para cada gestor, mas
tipicamente irá desencorajar coordenação entre as funções. A métrica mais útil para um
gestor interno é uma que foca somente na sua função, sem nenhum fator adicional. O
trade-off é então entre o escopo da métrica e a amplitude de controle.
Três formas primárias de medir pode ser usada para capturar o desempenho de um
processo transformador: utilização, produtividade e eficácia.
Medidas de gastos:
A seleção de um valor de norma determina com que o input real deve ser comparado, e
normalmente, é um dos três tipos: histórico, base ou padrão/orçamento. A comparação
com valores históricos indica tendências ao longo do tempo, mas não é fácil de ser
comparada ao longe das empresas ou fábricas, então não é muito robusta. A comparação
com valores de base, como o custo total de distribuição ou a receita total de vendas,
aumenta a robustez da métrica (as comparações podem ser feitas em diferentes
períodos, fábricas ou empresas), mas dilui a validade e utilidade pela introdução de
valores não controláveis pelo gerente de processo. Por fim, a comparação com um
orçamento é mais uma medida de controle do que de desempenho, pois rastreia a adesão
aos planos e não a excelência gerencial.
Em resumo, as taxas de uso físico não válidas e úteis em nível operacional, mas não são
expansíveis (integrativas) nem comparáveis (robustas). Por serem tão limitados, não é
necessário tomar decisões de troca. A amortização dos custos dos insumos duráveis
transforma o ativo em uma medida de gastos e, portanto, essas compensações se
aplicam. Além disso, como tanto a vida útil do ativo quanto a taxa de juros podem ser
selecionadas arbitrariamente, há a possibilidade de jogos, de modo que as métricas
podem não ser totalmente sólidas do ponto de vista comportamental.
Medidas de inventário:
Embora existam inúmeras métricas para medir o estoque, elas podem ser divididas em
duas categorias gerais: métricas estáticas e métricas de fluxo. As métricas estáticas
capturam o nível do estoque (expresso em termos físicos, financeiros ou outros) em um
ponto específico no tempo, enquanto as métricas de fluxo capturam a velocidade do
estoque à medida que ele flui pelo sistema em um período de tempo. As medidas
estáticas de estoque podem ser expressas como uma simples contagem de objetos ou
como um valor ponderado usando volume, peso, valor financeiro ou outros atributos. Os
relatórios em unidades físicas permitem comparações com os níveis históricos ou de
meta de cada produto para indicar tendências. Ponderação por valor financeiro também
permite a comparação com outros usos de capital. Medidas de inventário não são nem
válidas e nem úteis, visto que capturam apenas um ponto no tempo. Elas também não
são robustas, desde que um valor absoluto não pode ser facilmente comparado com
outras companhias ou indústrias. De maneira geral, essas métricas não são
recomendadas para medir processos logísticos.
Por outro lado, as métricas de fluxo de estoque são bem adequadas para a medição do
processo logístico. As duas métricas de fluxo de estoque mais comuns são o índice de
rotatividade de estoque (ITR) e os dias de fornecimento (DOS). O ITR capta quantas
vezes o estoque foi substituído ou "virado" durante um período de tempo, enquanto o
DOS mede o nível médio de estoque em termos de dias sem esgotamento. As relações
gerais são:
DOS = (dias no período) * (valor médio do estoque em mãos) / (valor dos produtos
vendidos no período)
Como mostrado acima, o DOS é apenas o inverso do ITR multiplicado pelo número de
dias no período para obter as unidades corretas. As duas métricas de fluxo de estoque
são intercambiáveis. Embora essas métricas possam ser expressas em termos financeiros
ou físicos, elas quase sempre são calculadas usando dados financeiros, pois esses dados
estão prontamente disponíveis. Um ITR mais alto (DOS mais baixo) indica que o
estoque está fluindo pelo sistema mais rapidamente e, portanto, os níveis médios de
estoque são mais baixos.
Métricas de Produtividade
O resultado usado em uma razão SFP é normalmente o gerador de custos da função que
esta sendo medida. Por exemplo, o número de pedidos de compras (POs) pode ser o
principal gerador de custos para a função de recebimento de pedidos, enquanto o peso, o
volume e a distância de cada remessa têm pouco efeito sobre seus custos. Esses fatores,
entretanto, podem ser os geradores de custos para a função de transporte que, por sua
vez, não é influenciada pelo número de pedidos. O insumo usado em um índice SFP
baseia-se principalmente no que é controlável em uma determinada função,
normalmente o recurso de insumo. Isso geralmente é expresso em termos de custos
(geralmente variáveis), horas de mão de obra (geralmente apenas direta) ou horas de
máquina. A maioria dos índices SFP, portanto, é composta de direcionadores de custos
divididos pelo recurso de entrada mais controlável, como pedidos processados por
homem-hora para recebimento de pedidos e toneladas-milhas transportadas por custo
para transporte.
Essa estrutura comum fornece uma visão dos principais pontos fortes e limitações de
todos os índices SFP. Os pontos fortes são o fato de serem fáceis de obter, prontamente
compreendidos por profissionais que não são da área de logística e muito comparáveis
ao longo do tempo e das organizações. Assim, eles são normalmente muito econômicos,
compatíveis, úteis e robustos. Todos esses pontos fortes decorrem da capacidade de
definir facilmente o principal gerador de custos da atividade.
A produtividade total dos fatores (PTF) é definida como uma medida da produção total
produzida por unidade de insumo, em que os vários insumos e produtos são combinados
por meio de índices agregados ou estimados usando funções de custo ou produção
especificadas. Infelizmente, a TFP é difícil de calcular, bem como de entender e
interpretar.
Os problemas com o ROI já foram documentados. O modelo de ROI pode ser enganoso,
pois muitos dos componentes estão sujeitos à localização arbitrária de custos indiretos e
podem diferir significativamente de empresa para empresa, o que o torna menos
robusto. Além disso, embora mostre as relações entre os fatores financeiros, o ROI
ignora o próprio processo logístico. O uso do ROI como uma medida de desempenho:
1. é propenso à inflação, o que favorecerá investimentos mais antigos, uma vez que o
capital original é subestimado e a renda atual é superestimada,
Medidas de eficácia
É muito importante não confundir esses duas formas de medir a eficácia. Há uma
relação inversa entre o estabelecimento de padrões de eficácia e a adesão a eles, de
modo que, à medida que os padrões se tornam cada vez mais rigorosos, a adesão a eles
pode diminuir. Se alguém medir apenas a adesão a um padrão sem determinar a
exatidão do próprio padrão, a verdadeira eficácia do processo será obscurecida. O
restante desta seção discute esses dois aspectos da eficácia.
Os dois métodos mais comuns para determinar a adequação dos padrões logísticos são
as pesquisas com clientes e a análise comparativa com a concorrência. As pesquisas
com clientes podem ajudar a determinar se os serviços corretos estão sendo oferecidos
nos níveis corretos, enquanto a comparação com as ofertas de serviços da concorrência
indica se os padrões são adequados. O benchmarking exige o uso de métricas mais
robustas, o que tende a diminuir a validade dessas métricas.
O período de tempo é definido como um ponto único no tempo, ou seja, ou o item está
disponível no momento ou não está. Definir a taxa fiII como a porcentagem de itens
recebidos pelo cliente em até três dias após o pedido define a localização na fábrica do
cliente e o intervalo de tempo como um período de tempo. Esses dois exemplos ilustram
a troca entre ser o'e/o/ para os gerentes internos (primeiro exemplo) e ser mais
informativo ao incluir todas as atividades necessárias para levar o produto até o local do
cliente (segundo exemplo).
Conclusão
O objetivo deste documento foi estabelecer critérios para avaliar melhor as métricas de
desempenho de logística. Foram selecionados oito critérios: validade, robustez,
utilidade, integração, economia, compatibilidade, nível de detalhe e solidez
comportamental. Os quatro primeiros critérios representam as compensações primárias
envolvidas na medição d o desempenho: utilidade (fornecer orientação acionável)
versus integração (promover a coordenação) e validade (capturar aspectos específicos)
versus robustez (permitir a comparabilidade). O primeiro trade-off indica que, à medida
que uma métrica se torna mais inclusiva, ela perde sua utilidade direta para alguns dos
gerentes do processo. É importante lembrar isso ao projetar um sistema de medição
orientado para a cadeia de suprimentos; uma métrica que capta o desempenho em todas
as funções dissipa o controle e a responsabilidade de cada gerente de função. O segundo
trade-off implica que métricas detalhadas e complexas têm o preço de uma menor
comparabilidade. Esse é um aspecto importante a ser lembrado quando se tenta fazer
benchmark de processos em diferentes organizações ou setores.