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TRANSPORTE

E DISTRIBUIÇÃO

Jorgiane Suelen de Sousa


Gestão de frotas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir gestão de frotas.


 Analisar os fatores que afetam os meios de transporte.
 Identificar as decisões sobre administração de frota.

Introdução
Transporte e distribuição são elementos essenciais no processo logístico.
Eles apresentam os principais custos para a organização e, por isso, é
essencial uma administração correta para otimizar esses custos. Alguns
aspectos importantes são o tipo de frota, a gestão relacionada à quan-
tidade, a manutenção corretiva e preventiva e a escolha adequada do
tipo de modal a ser adotado.
Em relação a este último aspecto, é necessário, além disso, analisar se
a estratégia de transporte exigirá um padrão multimodal ou intermodal
para se alcançar o resultado esperado. Analisar os modais de transporte e
a gestão da frota implica em definir as estratégias do setor de transporte
e distribuição, que vão impactar em todos os envolvidos na cadeia de
suprimentos e ser fatores decisivos para alcançar menor tempo, custo
e movimentação dos produtos para o cliente final. Desse modo, o nível
de serviço é maior, possibilitando pontos de vantagens competitivas.
A vantagem competitiva também é um fator muito importante para
manutenção e crescimento das empresas, em virtude da concorrência
cada vez mais alta no mercado, em que o cliente possui o poder de
escolha e de decisão elevado.
Neste capítulo, você vai estudar a gestão de frotas e sua definição. Vai
também conferir os fatores que afetam os meios de transporte e como a
administração das frotas implica nos resultados da empresa.
2 Gestão de frotas

1 Gestão de frotas
A frota de uma organização corresponde a todos os veículos responsáveis
por transporte e movimentação de pessoas e produtos de uma organização.
A frota possibilita o atendimento efetivo de demandas de clientes e todos
os interessados, seja nos produtos adequados ao consumo seja nos serviços
necessários para o desenvolvimento da empresa.
Para aperfeiçoar os processos de distribuição de uma empresa, Ching
(2010) afirma que é importante incluir:

 rápida entrega com curto espaço de tempo de notificação pelo cliente;


 reposição contínua de mercadoria;
 entregas para os pontos de uso;
 equipamentos adequados;
 capacidade de transação via troca eletrônica de dados.

Bowersox et al. (2014) citam que o setor de transportes evoluiu ao longo


dos anos, ampliando seus dados e informações. Essa ampliação torna os dados
mais confiáveis, e o setor mais econômico e eficiente, além de mais preciso e
previsível, em virtude da tecnologia constante e dos processos de inovação.
No âmbito da tecnologia, são diversos os sistemas computacionais que
auxiliam diretamente em planejamento, gestão e implementação do setor de
transporte. O acompanhamento de envio e recebimento de informações e
notificações fica mais rápido e preciso, tornando a relação mais fortalecida e
possibilitando uma maior integração em todos os elos da cadeia. Por exemplo,
fica mais fácil prever as oscilações de demanda, que influenciam diretamente
no efeito chicote da empresa, e no número de veículos necessários para fazer
a distribuição e movimentação dos produtos.

O efeito chicote ocorre quando há uma variação de demanda não esperada, o que
provoca elevação ou diminuição de estoque na empresa de forma descontrolada.
Isso faz com que a empresa não consiga atender à necessidade do cliente por falta de
produto ou eleve o custo de estocagem por excesso de produtos, sem o giro previsto.
Esse efeito ocorre quando não há um cálculo apropriado da previsão de demanda
ou quando algum dos elos não repassa as informações corretas às outras empresas
(BOWERSOX et al., 2014).
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Para um processo de logística eficiente e eficaz, que atenda o cliente rapi-


damente e de acordo com a necessidade, é importante uma gestão de todos os
setores da organização, incluindo o de transportes. A administração do setor
de transportes deve considerar uma análise geral, incluindo a gestão de frotas,
de forma efetiva e constante. Não é suficiente uma gestão positiva apenas
no curto prazo, pois isso ampliará o número de manutenções corretivas, que
podem mascarar os devidos ganhos/custos de uma organização. É necessária,
portanto, uma preocupação constante, planejada e mensurada.

Uma determinada empresa distribui seus produtos com frota própria e está tendo
prejuízos nos últimos meses. Buscando uma solução, essa empresa contrata um novo
gestor de frotas para analisar o setor e propor mudanças.
Inicialmente, o gestor realiza um diagnóstico inicial da empresa para descrever como
é o cenário atual da organização. Depois, apresenta um planejamento que promete
reduzir os custos em 50% e fazer crescer a organização. Para isso, ele propõe reduzir
o número de manutenções preventivas nos veículos. Além disso, propõe que a mão
de obra da empresa passe a ser de responsabilidade de funcionários que recebam
salário mais baixo, não sendo necessário exigir experiência para a função. Apresenta
à empresa dados numéricos com uma redução de 50% nos custos do setor, o que é
tentador ao gestor.
No entanto, se o dono da empresa pensar apenas no curto prazo e colocar em
prática o que é proposto pelo novo gestor de frotas, no longo prazo é possível que
os gastos sejam muito maiores. Isso porque, sem manutenções preventivas, o número
de manutenções corretivas tende a aumentar, e elas costumam ter preços bem mais
elevados. Além disso, contratar funcionários com pouca experiência gera riscos de
acidentes, o que irá onerar ainda mais os custos da empresa. Com essa análise, o
dono da empresa percebe que as soluções apresentadas pelo gestor de frotas não
são adequadas e resolve não colocar em prática.

Como foi possível observar no exemplo, não é interessante que se econo-


mize excessivamente nesse setor. O que deve ser realizado é um planejamento
adequado para ter resultados favoráveis a curto, médio e longo prazo. Nem
sempre o custo mais baixo no setor de transporte será o mais indicado. Uma
das premissas da logística para entregar um serviço de qualidade máxima ao
cliente é que a empresa sempre considere o que poderia gerar um gasto mais
elevado no transporte, mas que justificaria um atendimento da demanda do
cliente.
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A gestão das frotas deve considerar todos os itens que terão impacto direto
para um melhor resultado no setor de transporte da empresa. Deve também se
preocupar com a efetividade das manutenções preventivas, gastos e gerencia-
mento do número de veículos, além da avaliação dos condutores juntamente
com seu grau de pertencimento e preocupação.
De acordo com Santos (2009), a manutenção corretiva é aquela realizada
após o aparecimento de uma pane, voltada a resolver a situação e colocar o
item novamente adequado para uso. Já a manutenção preventiva está rela-
cionada a ações focadas em inspecionar, detectar e prevenir falhas que podem
um dia ocorrer, interromper os processos e ampliar os custos. Todas as ações
realizadas na gestão de frotas buscam diminuir o tempo que o veículo poderá
ficar parado para uma manutenção corretiva e também o custo elevado dessa
manutenção, que pode ocorrer em decorrência da falta de prevenção, como
troca de óleo, verificação de lubrificação, gastos com acidentes, entre outros.
Deve-se ter uma preocupação constante com tempo dos veículos parados,
seja para carga e descarga (aguardando novos transportes) seja para manu-
tenções. Esse tempo influencia diretamente na otimização do uso da frota
existente e faz com que o gestor avalie a real necessidade da frota existente.
Além disso, o gestor pode avaliar se os custos desta frota são os melhores
comparados com outras opções existentes (BOWERSOX et al., 2014).
Na análise da gestão de frotas, é importante conhecer toda a estrutura dos
veículos e todos os recursos disponíveis. Para isso, deve-se verificar, de forma
detalhada, a vida de cada veículo, data de compra, data da última revisão,
consumo médio de combustível, uso de pneus e demais itens pertinentes ao
uso correto do veículo. De acordo com Paoleschi (2011), a gestão dos trans-
portes deve ser extremamente precisa em suas operações, possuindo a maior
agilidade, o melhor aproveitamento de carga e o mínimo de perda possível.
Na análise dos gastos mensais com a frota, realizam-se análises comparati-
vas de rotas e consumos, verificando períodos anteriores, analisando o desgaste
dos veículos com a comparação entre os motoristas contratados e os caminhos
percorridos e verificando quais veículos geram maior manutenção e custos.
Desse modo, encontram-se os possíveis gargalos para verificar as mudanças
que deverão ser tomadas a fim de reduzir os problemas. Por exemplo, uma
rota de entrega será feita para uma mesma região por diferentes funcionários.
Um funcionário apresenta um gasto de R$ 1.200,00, e o outro apresenta um
gasto de R$ 1.350,00. O gestor de rotas precisa avaliar o que está causando
essa variação no custo e o que pode ser feito para que seja evitada, além de
padronizar todas as viagens para essa região com o valor mais baixo.
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Outro fator decisivo é com o preparo e a formação do condutor do veículo.


Isso diminui a possibilidade de acidentes, que podem causar danos pessoais e/
ou materiais para a empresa, além de impacto negativo na mídia. Além disso,
é importante desenvolver treinamentos para conscientizar motoristas sobre o
uso do veículo e maneiras de economizar nos gastos com combustíveis e ma-
nutenções. A conscientização precisa ser feita também para que os motoristas
estejam preocupados com a segurança de sua vida e do veículo.
As rotas e as formas de montagens de cargas têm impacto significativo
nos custos desse setor. Por isso, é essencial ter uma definição precisa do
gerenciamento das rotas da empresa, buscando definir as alternativas de
percursos mais adequadas. Os sistemas de gerenciamento de transportes são
essenciais para melhor definição desses percursos. Relatórios e descritivos
diários de gastos, consumos e informações gerais, como gastos com fretes,
podem subsidiar as tomadas de decisões do gestor de frotas e servir de caminhos
para novos planejamentos. Paoleschi (2011) afirma que é necessário planejar
constantemente as entregas de produtos observando de forma criteriosa os
custos e prazos, além de buscar um controle rígido e eficaz.
Para empresas que não contam com o profissional de gestão de frotas dentro
de sua empresa, existe a possibilidade de contratar empresas especializadas
nesse tipo de serviço. O investimento a ser realizado deve ser avaliado jun-
tamente com essa empresa. Além disso, é importante avaliar a possibilidade
de manter uma frota própria analisando o custo-benefício.

A gestão de frotas é essencial para alcançar resultados e exige um controle e uma


análise precisa de informações. Leia mais no link a seguir:

https://qrgo.page.link/kP1N7

2 Fatores que afetam os meios de transporte


Meios de transporte possibilitam o deslocamento de produtos e prestadores
de serviços. Isso impulsiona o processo produtivo e torna possível que o ciclo
do mercado ocorra de acordo com a cadeia de suprimentos — fornecedores
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entregam as matérias-primas, indústrias transformam essa matéria-prima em


produto acabado e enviam ao atacado e ao varejo por meio do transporte, que
também utiliza do transporte para entregar o produto e/ou serviço adicional,
caso necessite o cliente. Esses fatores são importantes para o crescimento
empresarial.

A palavra transporte remete às movimentações de excedentes em busca do es-


cambo — trocas entre fazendeiros. Por exemplo, um fazendeiro produzia milho, mas
precisava da farinha que era produzida por outro fazendeiro. Então, eles trocavam seus
excedentes pelos produtos que não produziam e utilizavam os meios de transporte
para movimentar esses produtos até os locais de consumo e armazenagem. Durante
o período bélico, as movimentações de insumos e armamentos eram importantes e
precisavam romper longas distâncias, que dependiam dos meios de transporte de um
planejamento logístico adequado para atender às demandas existentes.

A empresa precisa definir o tipo de transporte ou modal a ser utilizado,


podendo este ser único ou variado de acordo com o produto e a situação. Os
transportes utilizam tipos de modais de carga, divididos em modal, intermodal
e multimodal (PAOLESCHI, 2011).

 Modal é aquele que utiliza apenas um meio de transporte, e todas as


transações necessárias são de responsabilidade única do transportador.
 No intermodal, a movimentação dos produtos é realizada por vários
modais de transporte. Um único transportador é responsável por organi-
zar o transporte entre os pontos de interligação de modais até o destino
do produto, mas os documentos podem ficar na responsabilidade de
cada modal utilizado.
 O multimodal se realiza por meio de dois ou mais modais de trans-
porte. O documento de movimentação é único e de responsabilidade
do agente transportador.

Os modelos intermodais e multimodais aperfeiçoam o processo de trans-


porte e distribuição e promovem os processos de importação e exportação,
tornando os limites geográficos mais fáceis de serem alcançados e a possibi-
lidade de ampliar fronteiras de atendimento.
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Bertaglia (2016) cita que os transportes multimodais utilizam diferentes


combinações de formatos de transporte. No Brasil, existe uma alta dependência
do modal rodoviário e um baixo uso do transporte ferroviário, o que deixa o
País em situação de baixa competitividade quando comparado a países como
Canadá, Rússia, Índia e Estados Unidos.
Os modais de transportes são divididos em rodoviário, ferroviário, hidro-
viário, dutoviário, aéreo e infoviário. Devem ser escolhidos e aplicados a cada
tipo de negócio e necessidade do cliente. Bertaglia (2016) e Nogueira (2012)
apresentam as principais características e definições destes modais.

 O modal rodoviário no Brasil é um dos meios mais utilizados (60% do


transporte realizado), em virtude da extensa malha de rodovias do País
e da flexibilidade no tipo de entregas. Entretanto, ainda possui elevado
custo de frete, o que muitas vezes amplia os custos de distribuição das
empresas. Esse modal tem papel essencial para o desenvolvimento dos
processos de multimodalidade e de intermodalidade.
 O modal ferroviário possui mais de 150 anos. Suporta o transporte
de grandes volumes com valor de transporte baixo, mas não possui
flexibilidade de movimentação. É considerado o segundo maior meio
de transporte do Brasil, com um valor de 20% do total do transporte
realizado. Poderia ser maior, mas o investimento brasileiro nessa in-
fraestrutura é baixo. Esse é um caminho para a otimização no setor de
transporte, pois torna possível a redução de custos nessa área, e deve
ser ampliado nos próximos anos. O desempenho desse transporte é
prejudicado pelo excessivo gasto de tempo em cada transição, além da
pequena dimensão da malha ferroviária brasileira.
 O transporte hidroviário ou aquaviário é um dos meios mais antigos
de desbravamento na busca de terras, que expandiu o comércio e trouxe
os primeiros passos da globalização por meio do escambo de especia-
rias. Apresenta duas modalidades: a fluvial, direcionada à navegação
em rios, e a marítima, focada nos oceanos. Um fator que dificulta
esse modal é a falta de modernização de portos, que não possuem
tecnologia avançada e nem mão de obra qualificada. Mais de 85% da
exportação brasileira é feita por meio dos portos, o que justificaria
uma preocupação com melhorias. Além disso, a cabotagem presente
nessa modalidade, responsável pela navegação entre portos ou pontos
do território brasileiro utiliza a via marítima e pode utilizar também
as vias navegáveis interiores.
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 O modal dutoviário é focado em produtos como gases, minérios,


grãos, petróleo e líquidos. Muda de nome de acordo com o produto
movimentado, como gasoduto ou oleoduto. É um transporte seguro
e eficiente, sendo muito utilizado no meio industrial. É considerado
lento, mas tem como ponto forte o fato de funcionar 24 horas por dia
e sete dias por semana.
 O transporte aéreo possui custo elevado e baixa flexibilidade, mas
sua velocidade e segurança na entrega justifica são pontos fortes. O
que ainda o prejudica é a demora no momento de carga e descarga em
razão de atrasos nos aeroportos e no desembaraço da alfandega. Além
disso, depende de outros modais para levar o produto a seu destino
final, como o modal rodoviário. O modal aéreo é mais indicado para
itens pequenos com alto valor de custo ou remessas de emergência que
precisam percorrer longas distâncias em um curto espaço de tempo.
 O modal infoviário é o tipo de transporte mais novo apresentado no
mercado. Destina-se a transportar produtos como músicas eletrônicas,
vídeos em tempo real (videoconferências), documentos (e-mail), e-books,
filmes. Dá condição e viabilidade para a educação à distância. Todas as
formas de comunicação que antes eram físicas e agora passaram a ser
virtuais pode, por meio desse modal, chegar a seus destinatários de forma
on-line. Aplica-se a diversos negócios para otimização de processos
com custos mais baixos e velocidade mais rápida e promoção de ações
integradas, com vantagens competitivas e diferenciais de inovação.

Os custos de cada modal variam de acordo com o produto e com o tipo


de modal escolhido. Os principais custos fixos e variáveis dos modais de
transporte são apresentados no Quadro 1.
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Quadro 1. Custos fixos e variáveis dos modais.

Modal Custos

 Altos custos fixos em equipamentos, terminais, vias férreas.


Ferroviário
 Custo variável baixo.

 Custos fixos baixos (rodovias estabelecidas e construídas


Rodoviário com fundos públicos).
 Custo variável médio (combustível e manutenção).

 Custo fixo médio (navios e equipamentos).


Aquaviário  Custo variável baixo (capacidade para transportar grande
tonelagem).

 Custo fixo mais elevado (direitos de acesso, construção,


requisitos para controle das estações e capacidade de
Dutoviario bombeamento).
 Custo variável mais baixo (nenhum custo com mão de obra
de grande importância).

 Custo fixo alto (aeronave e manuseio e sistemas de cargas).


Aeroviário  Alto custo variável (combustível, mão de obra e
manutenção).

Fonte: Adaptado de Nazário (2000).

Com base nos custos, notam-se as vantagens e desvantagens de cada modal.


No entanto, para tomar decisões em relação ao modal mais indicado, além
de custos, é importante avaliar se o nível de atendimento que esse serviço
entrega está em conformidade com o nível de serviço que o cliente espera.
Nem sempre o custo mais baixo é o mais viável.
Segundo Bowersox et al. (2014), uma empresa consegue reduzir o custo
total logístico mesmo optando por um modal de transporte mais rápido e mais
caro. Isso porque, se for confiável e atender à demanda do cliente, é possível
reduzir o custo de armazenagem com uma entrega mais eficiente. É preciso,
para isso, adotar a estratégia de um processo de entrega/produção just in
time (produção em tempo real). Com esse método, a tendência é diminuir a
área de armazenagem e de ampliar o setor de transporte para compensar a
modificação. Dessa forma, a empresa irá receber o pedido do cliente, comprar
a matéria-prima, produzir o produto e realizar a entrega para o cliente final,
sem manter estoque de insumos e nem de produtos acabados.
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Bertaglia (2016) afirma que portos e aeroportos usados no transporte ae-


roviário são os grandes impulsionadores para o desenvolvimento do comércio
internacional. É necessária uma preocupação constante com a infraestrutura
e ampliação desses locais, para otimizar seus resultados e serviços.
Determinados modais de transporte não conseguem chegar com o produto
até seu destino final, seja por indisponibilidade da malha existente seja por res-
trições específicas de recebimento ou chegada. Um exemplo é a situação em que
grandes caminhões não podem entregar em determinados locais de uma cidade,
como favelas. Cargas levadas pelo modal ferroviário podem não chegar ao seu
destino por não ter trilhos até o local de entrega. Assim, a mercadoria precisa ser
repassada a um outro modal de transporte. O mesmo pode ocorrer no transporte
hidroviário e aeroviário. No momento da venda dos produtos, é importante
definir a responsabilidade pela entrega do produto: se será do comprador ou do
fornecedor, se inclui o valor do frete, se inclui todo o percurso ou até o porto.
Essas informações são firmadas no contrato de compra e venda entre as partes.
Para se definir o modal de transporte, é necessário considerar qual tipo
de produto será transportado, como deve ser movimentado e empilhado, qual
seu grau de perecibilidade entre, outros fatores. Bertaglia (2016) afirma que
as principais características a serem avaliadas são:

 preço;
 volume de carga;
 capacidade;
 flexibilidade;
 tempo de demora;
 terminais de carga e descarga;
 legislação;
 regras governamentais.

O autor também define algumas características a serem avaliadas de acordo


com o produto:

 sazonalidade;
 tamanho;
 localização;
 formas de acesso;
 negociação (inclui análise de prazos e custos);
 disposição geográfica;
 produção;
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 tipos de armazenagem;
 formas de consumo;
 infraestrutura (BERTAGLIA, 2016).

Para decidir o modal transporte levando em consideração o custo e o benefício,


devem ser feitas algumas perguntas: O que será transportado? Para onde será
transportado? Quando será transportado? Como será transportado? Respondendo
esses questionamentos fica mais fácil direcionar o modal e a rota a ser percorrida.
No processo de montagem de cargas, o responsável precisa ter todas as
informações disponíveis e atentar às restrições dos clientes. Precisa pensar na
forma de carregamento de acordo com a maneira que o produto vai ser descar-
regado, além de considerar se haverá frete no retorno de algum insumo ou item.
De acordo com Bowersox et al. (2014), para alcançar um melhor resultado
na gestão dos transportes e frotas, é importante avaliar:

 os tipos de pedidos e clientes;


 as rotas que serão atendidas;
 o modal mais econômico;
 o rastreamento da carga de pedidos;
 a administração dos custos de transportes.

Para Ching (2010), as características principais relacionadas ao produto são:

 peso;
 volume;
 densidade;
 formato;
 manuseio;
 valor.

E quanto ao mercado:

 localização;
 grau de concorrência;
 sazonalidade;
 equilíbrio do trafego.

Quanto maior for o conhecimento do responsável pelo setor de transportes


referente a seus produtos, clientes, frotas, rotas e funcionários, maior será o
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resultado alcançado com as ações realizadas. Dessa forma, é possível ter uma
visão ampla do processo para um aperfeiçoamento de todas as áreas da empresa.

Os transportes representam cerca de 60% dos custos logísticos de uma empresa, que
incluem: depreciação do veículo, remuneração do capital, salário e gratificações de
motoristas e ajudantes, cobertura de risco (como seguros), combustível, lubrificação,
pneus e licenciamento.
A logística é um sistema que funciona de forma integrada. Para otimizar tempo,
custo, movimentação e nível de serviço, é preciso que as áreas internas (estoques,
compras, distribuição) e externas (elos da cadeia de suprimentos) estejam interligadas
e focadas nos melhores resultados. Isso porque ações incorretas em um dos setores
ou elos impactam toda a cadeia.

3 Decisões sobre administração de frota


A frota de uma organização é essencial para que o sistema de distribuição ocorra
de maneira eficiente, isto é, no menor tempo e com menor custo possível. Dessa
forma, é possível gerar vantagens em um mercado tão competitivo. Para que
a distribuição alcance resultados positivos, precisa ser administrada de forma
correta e estar voltada ao máximo nível de serviço a ser ofertado ao cliente.
Para uma gestão otimizada da frota, é importante considerar qual a estra-
tégia que a organização vai adotar, se vai optar por frota própria ou por frota
terceirizada. Caso seja adotada a frota própria, deve-se pensar como será a
gestão, se realizada pela empresa, por um prestador de serviços logísticos ou
por um operador logístico.
Ao longo do tempo, as organizações perceberam que o processo de ver-
ticalizar (produzir ao máximo os itens necessários ou realizar ao máximo
seus processos) nem sempre era vantajoso. Explica-se, assim, a importância
da terceirização de alguns serviços ou processos, focando as estratégias or-
ganizacionais nos processos de horizontalização. Com isso, prestadores de
serviços logísticos e operadores logísticos passaram a atuar cada vez em maior
número e gerar retorno positivo para as organizações.
Os prestadores de serviços logísticos (PSL), inicialmente, foram des-
tinados a desenvolver os setores de distribuição de produtos, transportes e
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armazenagem, em virtude do aumento do número de transportadoras existentes.


Isso teve impacto direto na redução dos valores de fretes e na diminuição de
serviços inovadores, gerando imposições severas por parte do contratante
do serviço, que exigia serviços com mais qualidade, porém com preços mais
baixos. Desse modo, esse segmento obteve uma significativa redução de lucros.
Diante disso, as empresas passaram a oferecer uma gama maior de serviços
voltados à área de distribuição, transporte e armazenagem, o que elevou sua
rentabilidade e foi o início de grande parte dos operadores logísticos existentes
(NOGUEIRA, 2012).
Operadores logísticos são empresas terceirizadas, de atuação indepen-
dente, que ofertam um vasto rol de serviços logísticos, como armazenagem
e transporte a ações gerenciais. Esses serviços são divididos em ativos que
necessitam de investimentos próprios e operadores baseados em informa-
ção e gestão, que repassam o conhecimento de gerenciamento baseado em
sistemas de informação. Assim, buscam-se soluções customizadas a cada
cliente (SANTOS, 2009). Operadores logísticos têm competência garantida
em atividades logísticas e podem desempenhar todas as atividades ligadas à
área (transporte, suprimentos e estoques/armazenagem). Além disso, é possível
aperfeiçoar processos por meio de sistemas de informação específicos aplicados
no gerenciamento de armazéns e transportes, como software de gestão de
armazéns (WMS) ou software de gestão de transportes (TMS).
A vantagem em se ter um operador logístico está na integração das ati-
vidades e nas transferências de responsabilidade. O operador logístico tem
conhecimento aprofundado sobre as questões logísticas, o que gera vantagens
competitivas. Dessa maneira, a empresa pode focar suas ações no negócio
principal (core business), que realmente irá gerar retorno com a ampliação
de mercado e de vendas.

Link

Para conhecer um pouco mais sobre os operadores logísticos acesse o link a seguir:

https://qrgo.page.link/2LzNE

Como exemplo da importância dos operadores logísticos, temos a relação entre a


Natura e a SSI SCHÄEFER. Leia mais no link a seguir.

https://qrgo.page.link/9c7Zj
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Para decidir entre uma frota própria e uma terceirizada, é importante


considerar a organização logística da empresa, juntamente com os valores
de ativos existentes e os que irão existir com a escolha desta frota. Para uma
decisão acertada, deve ser considerado o nível de serviço ofertado ao cliente, a
flexibilidade, a rapidez, as formas de controle, as habilidades administrativas
da empresa contratante e da contratada, as formas de recrutamento, treina-
mento e o retorno estimado perante esse investimento (BERTAGLIA, 2016).
No uso da frota própria, a organização terá um controle maior de todas
as ações realizadas pelos seus funcionários, além de uma vantagem nesse
relacionamento, pois muitas vezes o único contato físico que o cliente terá
com a empresa será no momento da entrega do produto, o que torna a relação
mais amistosa e fortalece laços entre a empresa compradora e a fornecedora.
Claro que isso depende da preparação do funcionário. Ele pode ser instruído
para esse tipo de contato, e a relação pode ser controlada mediante uma ficha
de avaliação a cada entrega, preenchida pela empresa compradora.
Com essa vantagem, surgem todas as decisões a serem realizadas diante
da frota da empresa, como a manutenção preventiva e corretiva, a análise dos
custos e da depreciação, o conhecimento da vida útil e da renovação da frota,
a necessidade de melhorias e treinamentos de otimização com funcionários, a
resolução de problemas quanto a acidentes, faltas e atrasos durante o processo
de entrega, desvio de rotas devido a problemas na malha. Todas essas situações
e outras relacionadas à frota de veículos são de responsabilidade da empresa,
sendo necessário a criação de departamentos e setores e/ou de parcerias com
empresas prestadoras de serviços para não interromper o processo de entrega
e atendimento do cliente.
De acordo com Bertaglia (2016), possuir frotas de veículos voltados a
prestação de serviços de transporte ou de utilização interna demanda um
controle rigoroso de manutenção da vantagem competitiva no mercado. Essas
empresas devem conhecer e controlar os seus ativos, prever a demanda de forma
eficiente e buscar constantemente a redução de custos, pois estes custos geram
impactos diretamente no preço dos produtos repassados ao consumidor final.
Na frota terceirizada, toda a responsabilidade é transferida a outra empresa,
que fica responsável pelas decisões de transporte e todos os custos envolvidos.
Fica a cargo da empresa contratante apenas o pagamento mensal do valor
acordado entre as partes e o controle perante as definições de exigências
criadas no momento da realização do contrato. A frota própria depende de um
maior valor investido para compra e manutenção da frota, além de maiores
custos com mão de obra. Já a terceirização depende de outra empresa para
realizar seu transporte, podendo assim comprometer sua marca. Essa decisão
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deve ser tomada com o máximo de responsabilidade, verificando seus custos


para descobrir se a maior vantagem da empresa está na frota própria ou na
terceirização.
Bowersox et al. (2014) explicam que decidir entre o uso da frota própria
ou terceirizada é um dos itens mais importantes para as organizações, já que
implica diretamente nos custos das empresas. Os autores afirmam que muitas
empresas estão realizando as atividades de frota de forma unificada, tendo
parte de sua frota própria e parte terceirizada.
Os fatores tecnológicos também são importantes no auxílio e no direciona-
mento das tomadas de decisões referente à frota. São essenciais para um bom
resultado e podem agilizar a comunicação e o deslocamento, tendo impacto
direto no desempenho dos transportes. A tecnologia possibilita automatizar
setores e tornar as respostas mais rápidas e precisas no momento das tomadas
de decisões, sejam as tomadas no dia a dia sejam as focadas estrategicamente
no futuro, promovendo uma entrega mais rápida conforme a necessidade do
cliente.
De acordo com Bertaglia (2016), a tecnologia na administração da frota
pode ser utilizada de várias formas, como controlar onde os veículos estão se
deslocando por meio de controle via satélite, definir as rotas mais econômicas
de acordo com as especificidades da entrega e do veículo, além de verificar a
carga por meio de leitura óptica, promovendo um melhor controle dos estoques.
Além disso, é possível informar, em tempo real, problemas na entrega ou na
rota definida e analisar de forma ampliada toda a cadeia de suprimentos em
virtude da interligação e possibilidade de troca de informações existentes.
Como exemplo de ferramentas importantes na gestão da frota, temos os
Transportatin Management System (TMS). São sistemas para empresas de
transporte que auxiliam no planejamento, execução, controle e monitoramento
da consolidação da carga, entregas e coletas, rastreabilidade da frota e dos
produtos, auditoria de fretes, apoio à negociação, planejamento de rotas e
modais, monitoramento de custos e nível de serviço e planejamento e execução
de manutenção da frota (NOGUEIRA, 2012).
As principais funcionalidades dos TMS para as organizações são moni-
toramento e controle de frotas e cargas, apoio aos processos de negociação e
promoção de auditoria dos fretes, além do planejamento e da execução de ações
de transporte. Bowersox et al. (2014) afirmam que um sistema de TMS deve
identificar e avaliar as estratégias táticas referentes ao transporte para definir
quais movimentações são mais eficazes seguindo as restrições existentes.
Desse modo, o planejamento das cargas, a roteirização, o rastreamento e o
controle são alcançados. Um sistema TMS é um suporte importante para que
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as organizações possam transpor seus limites e utilizar melhor os recursos


disponíveis, tornando os processos mais ágeis e eficazes, o que gera resultados
financeiros positivos.

BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 3. ed. rev. e atual.


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Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OPERADORES LOGÍSTICOS (ABOL). Perfil dos operadores
logísticos no Brasil: relatório analítico. São Paulo: ABOL, 2018. Disponível em: https://
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HUB Natura: HUB de cosméticos 100% automatizado de ponta a ponta. Itupeva, SP:
Natura, 2017. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal SSI Schäefer Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=E5bQkf9jCiQ&t=37s. Acesso em: 20 fev. 2020.
Gestão de frotas 17

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