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PARAMENTAÇÃO CIRÚRGICA

A paramentação da equipe cirúrgica exige a realização de procedimentos


específicos, executados em passos padronizados e com observação rigorosa dos
princípios científicos.

Estes procedimentos são:

➢ Degermação das mãos;


➢ Vestir avental e roupa esterilizados;
➢ Calçar as luvas esterilizadas.

ESCOVAÇÃO

É importante sempre relatar que esse simples procedimento pode salvar


muitas vidas.
A lavagem das mãos, é um procedimento muito simples, porém,
menosprezado pelos profissionais da área de saúde, e o instrumentador cirúrgico se
encaixa neste contexto.
É comprovado cientificamente que para um controle eficaz da infecção
hospitalar, é necessário um acompanhamento rigoroso de rotinas relacionadas com
a assepsia e antissepsia.
Hoje, o principal dilema de toda a comissão de controle das infecções
hospitalares é saber qual o agente antisséptico ideal para uso diário, e claro, com
um custo menor.

A lavagem das mãos depende dos seguintes fatores:

➢ Intensidade de contato com os pacientes;


➢ Grau de contaminação passível de ocorrer com o contato;
➢ Da susceptibilidade do paciente às infecções nosocomiais;
➢ Do procedimento a ser realizado.
É necessário lavar as mãos nas seguintes ocasiões:
➢ Quando estiverem sujas;
➢ Antes e após o contato direto com o paciente;
➢ Antes de administrar a medicação ao paciente;
➢ Ao preparar materiais e equipamentos;
➢ Na manipulação de cateteres, equipamentos respiratórios e na
manipulação do sistema fechado de drenagem urinária;
Antes e após realizar trabalhos hospitalar;
➢ Antes e após realizar atos e funções fisiológicas ou pessoais;
➢ Ao preparar nebulização;
➢ Na coleta de material para exame propedêutico;
➢ Antes e após uso de luvas;
➢ Antes e depois de manusear alimentos;
➢ Antes e depois de manusear cada paciente e, eventualmente, entre as
atividades realizadas num mesmo paciente.

Existem algumas recomendações importantes quanto ao uso de


antissépticos, são elas:

➢ Detergentes com água podem remover fisicamente certa quantidade de


micro-organismos, mas os agentes antissépticos são necessários para matar ou
inibir a proliferação de micro-organismos;
➢ Existem estudos aleatórios que mostraram que a aplicação tópica de
álcool a 70% em mãos contaminadas reduz em 99,7% a flora bacteriana local.
Contudo, mesmo quando se utiliza um antisséptico, existe um limite de eficácia,
dependendo da frequência ou intensidade da limpeza das mãos.
As preparações a base de álcool levam menos tempo para exercer seu efeito
máximo que as soluções contendo gluconato de clorexidina. Porém há estudos que
demonstram que o simples uso frequente de água e sabão para lavar as mãos
aumenta a flora disponível na superfície da pele, liberando a flora residente, ou seja,
água e sabão simplesmente removem as bactérias mais superficiais, mas não
eliminam aquelas liberadas das camadas mais profundas.
Os produtos que impedem o crescimento bacteriano ou até mesmo aqueles
que eliminam as bactérias, ao se infiltrarem no extrato córneo, apresentam atividade
residual duradoura, reduzindo o risco de contaminação mesmo por bactérias da flora
residente.
Podemos concluir então, que a ação primária dos sabões simples é a
remoção mecânica dos micro-organismos superficiais. Os sabões antimicrobianos,
além da remoção mecânica, matam ou inibem o crescimento tanto da flora
superficial como da residente.
CARACTERÍSTICAS DOS PRINCIPAIS ANTISSÉPTICOS

Atualmente não existe um antisséptico ideal para todos os usos, mas


podemos realizar uma seleção dos mais apropriados, baseados em três estágios
importantes. São eles:

➢ Determinar as características do antimicrobiano tópico desejado, como


por exemplo, não ser absorvível por mucosas ou pele, persistência, rapidez na
redução da flora, espectro de atividade;
➢ Rever e avaliar a segurança e eficácia na redução das contagens
microbianas;
➢ Considerar a aceitação do produto e os seus custos.

Álcoois

Atuam desnaturando proteínas e possuem excelente atividade bactericida


contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e bacilos da tuberculose.
Apesar de não eliminarem os esporos, apresentam certa atividade contra
vários fungos e vírus, incluindo o vírus sincicial respiratório, o vírus da Hepatite B e o
HIV. A aplicação por 15 segundos é capaz de prevenir a transmissão de bactérias
gram-negativas pelas mãos. Enxaguar as mãos com água abundante por 1 minuto
com uma solução de álcool mostrou ser um dos métodos mais eficazes de
antissepsia.
Não são bons agentes para limpeza, não sendo recomendados na presença
de contaminação grosseira. Apesar de não deixarem um efeito residual eficaz, as
contagens microbianas após seu uso, continuam caindo por várias horas após a
colocação de luvas estéreis, provavelmente resultado da contínua morte de
microrganismos danificados.
A concentração de álcool, entre 60% e 90%, é bem mais importante que o
tipo. Geralmente, utiliza-se uma concentração de 70%, pois causa menos
ressecamento cutâneo e dermatite química, e é mais barata que concentrações
superiores.
As principais desvantagens do álcool são:

➢ Ressecamento da pele;
➢ O fato de ser inflamável, aumentando os cuidados na sua
armazenagem.

Gluconato de Clorexidina (GCH)

Atua causando rompimento das membranas celulares bacterianas. Possui


amplo espectro de ação, sendo mais eficaz contra bactérias gram-positivas que
gram-negativas. Possui pouco efeito contra bacilos da tuberculose, fungos e vírus.
Não causa reações de toxicidade e a absorção cutânea é mínima. Porém, o
uso auricular pode produzir ototoxicidade. O uso oftálmico também não é
recomendado.
O tempo para o efeito antibacteriano é intermediário, sendo maior que o do
álcool e menor que o dos derivados de iodo, e sua atividade é pH-dependente,
sendo reduzida ou neutralizada na presença de surfactantes não iônicos e ânions
inorgânicos.
Um dos atributos mais importantes do Gluconato de Clorexidina é a sua
persistência, permanecendo ativo por pelo menos 6 horas. A apresentação mais
comum é a 4%.
Polivinilpirrolidona 10% iodo 1%

A polivinilpirrolidona 10% iodo 1%, ou o PVPI como é chamado na prática,


age penetrando na parede celular e substituindo seu conteúdo por iodo livre. Tem
capacidade virucida, tuberculicida, fungicida, amebicida, nematocida, inseticida
tendo alguma ou nenhuma ação esporicida.
É bactericida para gram-positivos e gram-negativos. Seu efeito residual é de
seis a oito horas e necessita de dois minutos de contato para começar a agir. Deve
ser acondicionado em frascos âmbar exceto solução alcoólica que devem ser
guardadas em frascos transparentes. É inativado por substâncias orgânicas não
devendo ser usado em recém-nascidos.
Pode ser encontrado nas seguintes apresentações:
➢ PVPI detergente (solução detergente): degermação pré-operatória
(campo e equipe), ao redor de feridas. Deve ser enxaguado e usado apenas em pele
íntegra.
➢ PVPI tópico (solução aquosa): antissepsia em mucosas e curativos,
aplicação em feridas superficiais e queimaduras, etc.
➢ PVPI tintura (solução alcoólica): luva química, antissepsia de campo
operatório após PVPI degermante, demarcação da área cirúrgica.
➢ Álcool iodado 0,5 a 1%
É irritante para a pele, não tem ação residual e deve ser removido após a
secagem. É usado para o preparo da pele do campo operatório, e antissepsia da
pele em pequenos procedimentos invasivos.

ESCOVAÇÃO CIRÚRGICA PROPRIAMENTE DITA

A escovação cirúrgica é um processo que deve incluir mãos, com atenção


especial para unhas, espaços interdigitais e antebraços com duração mínima de 5
minutos, sendo finalizado com enxágue de clorexidina, álcool ou iodóforos.
Recomenda-se a aplicação de 3 a 5 ml de PVPI até secagem, repetindo-se o
processo por aproximadamente mais 5 minutos. O tempo exato para uma boa
escovação cirúrgica ainda é motivo de muita controvérsia, bem como a necessidade
e o tempo em que a mesma é conservada até uma nova escovação para
procedimentos subsequentes.
O Colégio Americano de Cirurgiões preconiza escovações de 20 segundos
entre cada procedimento após o primeiro.
A correta técnica de escovação cirúrgica é a seguinte:

➢ Retirar relógios, aliança, anel e pulseiras;


➢ As unhas deverão estar aparadas e limpas;
➢ Lavar as mãos, antebraços, até a região dos cotovelos utilizando-se
água e sabão antimicrobiano;
➢ Abrir as embalagens individuais, com antisséptico para escovação;
➢ Limpar as áreas subungueais com as espátulas de unha;
➢ Escovar a face lateral e medial de cada dedo, as comissuras
interdigitais, o dorso e a palma da mão;
➢ Passar ao antebraço e daí ao cotovelo, mantendo-se as mãos mais
elevadas que esses;
➢ Repetir o mesmo processo para o outro membro;
➢ Enxaguar as mãos, antebraços e cotovelos utilizando-se água em
somente uma direção, a partir das mãos, sem movimentos dos membros para frente
e para trás;
➢ A torneira deve ser fechada com o cotovelo ou por outro profissional,
mas não com as mãos já escovadas;
➢ Deve-se utilizar uma tintura alcoólica da mesma solução antisséptica,
deixando-a escorrer, a partir das mãos, lembrando que este não é um procedimento
não realizado em todos os hospitais;
➢ Encaminhar-se para a sala de cirurgia mantendo as mãos acima do
nível dos cotovelos;
➢ Enxugar com toalha ou compressa esterilizada, obedecendo à direção
das mãos para os cotovelos e com movimentos compressivos.
O instrumentador cirúrgico deve realizar corretamente esta técnica, portanto,
a educação continuada e o treinamento são primordiais para que este procedimento
seja eficiente.
DEGERMAÇÃO

Degermação é o ato de reduzir ou remover parcialmente os microrganismos


da pele, ou outros tecidos por métodos quimiomecânicos. É o que se faz quando se
lava as mãos usando água, sabão e escova.
Podemos ainda definir como a remoção de detritos, impurezas, sujeira e
micro-organismos da flora transitória e alguns da flora residente, depositados sobre
a pele do paciente ou das mãos da equipe odontológica por meio da ação mecânica
de detergente, sabão ou pela utilização de substâncias químicas.
A degermação das mãos é uma conduta de baixo custo e extremamente
relevante no contexto da prevenção contra infecções hospitalares. É preciso, porém,
que os profissionais de saúde sejam alertados e tenham consciência sobre a
necessidade da adesão aos corretos métodos para essa prática, uma vez que a flora
pode ser causadora de contaminação e infecção hospitalar.
A flora residente é constituída por micro-organismos capazes de
sobreviverem e se multiplicarem na superfície cutânea e folículos pilosos, sendo,
portanto, de difícil remoção. Os estafilococos coagula-se negativa, corynebactéria,
acinelobactéria e outros são micro-organismos comumente encontrados na flora
residente.
A flora transitória é composta por micro-organismos diversos e de virulências
variadas. Estes micro-organismos nem sempre estão presentes na superfície da
pele da maioria das pessoas e são removidos mais facilmente. Algumas bactérias
Gram-negativas têm condições mínimas de sobrevivência sobre a pele.
A degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica deve eliminar a
flora transitória e reduzir a flora residente e, ainda, o retardar a recolonização da
flora residente pelo efeito residual. Sabe-se que, após a realização de tal
procedimento, estes micro-organismos multiplicam-se com facilidade.
A escolha do método para eliminar ou promover a inativação dos micro-
organismos das mãos depende da flora em que se quer atuar e da atividade
específica. A flora residente não é simples de remover por lavagem e escovação,
mas pode ser inativada por antissépticos.
A flora transitória, por sua vez, é facilmente removível pela simples limpeza
com água e sabão ou destruída quando se utiliza antissépticos.
Consideram-se os iodóforos e a clorexidina os agentes microbicidas com mais
eficácia para degermação pré-operatória das mãos, pois garantem redução superior
a 90% da microbiota transitória.

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