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BIOPSICOLOGIA

2º ANO, 1º SEMESTRE
APONTAMENTOS 2ª FREQUÊNCIA

OS SISTEMAS SENSORIAIS
Audição, visão e tato são os sentidos mais importantes para a cognição.

• Sensação versus perceção:

Sensação: processo primário de recolha de informação ambiental. A energia do


ambiente é codificada em sinais elétricos (transdução) e vai ativar as áreas sensoriais
do córtex, gerando sensações.

Perceção: processo pelo qual o cérebro dá sentido à informação recebida pelos órgãos
dos sentidos. Seleção, organização e interpretação das sensações.

Cognição: processo que envolve a manipulação das perceções.

Modalidade sensorial: tipos de sensação (“sentidos”)


Os sistemas sensoriais mais importantes e estruturantes da cognição: visão, audição e a
somestesia. Cada modalidade sensorial tem recetores específicos e vias específicas:
a) Via somestésica termina no córtex somatossensorial primário (lobo parietal);
b) Via auditiva termina no córtex auditivo primário (lobo temporal);
c) Via ótica termina no córtex visual primário (lobo occipital).

Órgãos Sensoriais ou Sensores: órgãos capazes de recolher a informação do mundo


exterior e que contém células especializadas - Recetores.
Recetores: células especializadas que traduzem ou convertem a energia ambiental
em impulsos nervosos, que irá ser processada pelo SNC.

Contralateralidade – Os recetores e os centros de controlo estão em lados ≠ do corpo


( A informação que recebo na minha mão direita é rececionada pelo lado esquerdo do
cérebro e a informação que recebo na mão esquerda é rececionada pelo lado direito
do cérebro. )

• Sistemas exterocetivos e sistemas propriocetivos:

Sistemas Extrocetivos: sistemas sensíveis a estímulos provenientes do meio externo


(sistema visual e sistema auditivo). Recetores exteriores.

O sistema somatossensorial tem funções exterocetivas, mas também:


a) Propriocetivas: proporciona informação sobre os segmentos do corpo relativamente
uns aos outros e sobre a posição do corpo relativamente ao espaço
b) Interoceptivas: proporciona informação sobre as condições do organismo (temperatura).

A informação antes de chegar ao córtex cerebral passa por um núcleo específico do tálamo.
( Núcleos específicos que enviam a informação a recetores específicos. Quando nos
queimamos, essa informação vai até ao tálamo e depois vai-se desencadear o
movimento de resposta através dos músculos. )
Áreas primárias, secundárias (associação modal) e terciárias (associação multimodais):
Áreas sensoriais primárias: áreas que apenas recebem informação dos recetores
periféricos (áreas com poucos movimentos sinápticos interpostos) - áreas unimodais.
- Áreas que só recebem informação proveniente de um sistema sensorial.

Área visual primária: situa-se no lobo occipital (córtex estriado – BA 17) e recebe
estímulos visuais.

Área auditiva primária: situa-se no lobo temporal (circunvolução de Heschl – BA 41) e


recebe estímulos auditivos.

Área somatossensorial primária: situa-se no lobo parietal (BA 3, 1 e 2) e recebe


estímulos somatossensoriais.
🡪 Recebem informações do exterior.

Área motora primária: situa-se no lobo frontal (BA 4) e envia respostas motoras.
Chama-se primária, porque contem os neurónios que projetam diretamente para
a medula espinal. Comunicam informação com o exterior.

Áreas sensoriais secundárias (ou de associação unimodal): Áreas que circundam as


áreas primárias e, como tal, recebem e tratam a informação enviada pelas áreas
primárias: são áreas unimodais.
( Trata e processa a informação. Apenas há conhecimento, mas não há significado.
Permite ter consciência que o estimulo é familiar. )

Área secundária visual: situa-se no lobo occipital (córtex extra-estriado mas


estende-se ao córtex temporal e parietal.

Área secundária auditiva: situa-se no lobo temporal.

Área secundária somatossensorial: situa-se no lobo parietal.

Área secundária motora: situa-se no lobo frontal ( organizam um comportamento e


enviam essa informação para a área motora primária para comunicar com o exterior ).

Áreas terciárias ou grandes áreas de associação polimodal: áreas que processam os


estímulos das diversas modalidades sensoriais. São áreas polimodais.
Integram informação de várias modalidades:
a) Área parieto-temporo-occipital (circunvolução angular)

b) Áreas parietais e temporais

c) Área de associação pré-frontal ( córtex pré-frontal excluindo as áreas motoras )

d) Área parietal superior

e) Sistema límbico

A cognição resulta da associação/interpretação da informação


na área terciária.
• Somestesia: conhecimento do corpo ou sentido de corpo.

Existem 4 tipos principais de sensibilidade periférica:

a) Térmica: sensação de frio e de calor;

b) Dolorosa: informação sobre a dor;

c) Táctil: informação sobre a textura dos objetos e do seu movimento em contacto com a pele;

d) Cinestesia/Propriocetivas: dá o sentido da posição dos nossos membros e dos nossos


movimentos.

( As pessoas com lesões na medula não têm sensação de frio ou calor, pois sentem,
mas a informação não chega ao cérebro )

Lesões no tálamo (núcleo) que envia a informação para a área


somatossensorial primária. A desproporcionalidade de cada área verifica-se devido
à quantidade de recetores existentes.
Córtex parietal posterior:

Via Somatossensorial:

Lesões em áreas primárias:


Lesões no córtex somatosensorial primário de um hemisfério conduzem a perda de
sensibilidade do membro contra lateral
( pode ser na mão, braço, dependendo da extensão ).

Lesões em áreas secundárias:

Lesões nas áreas secundárias do córtex somatossensorial dão origem a


fenómenos denominados agnosias tácteis ( falta do conhecimento ).

Agnosia Táctil (esteroagnosia): Impossibilidade em chegar ao conhecimento do


objeto que se tem na mão (sem controlo visual), embora reconheça tê-lo na mão e
consiga descrever algumas características elementares da sua constituição.
A perturbação reside na incapacidade em reunir os elementos sensoriais
elementares num conjunto com significado.

( Não consigo integrar a informação de forma a chegar ao conhecimento apesar de


conseguir descrever o objeto, em termos da forma. Quando se faz
testes/experiências a este campo, é necessário não permitir a entrada de informação
de outras áreas )
• Audição:

Se tenho uma lesão na área de Wernicke, não consigo integrar a informação, mas também não consigo
compreender as palavras, pois uma lesão na área secundária vai implicar uma lesão na área terciária.
Lesões em áreas primárias:
Surdez cortical: lesão bilateral no córtex auditivo primário (a informação não
entra para ser processada).
Lesões em áreas secundárias:
Agnosias auditivas: perturbação na capacidade para identificar estímulos
acústicos (lesões bilaterais).
a. Não consegue discriminar a informação/estímulos.

Afasias: perturbação na compreensão ou expressão da linguagem oral


(lesões unilaterais)

• A visão:

Campo visual - Todo o espaço abrangido pela visão quando se fixa um ponto.

Quando o observador fixa o ponto A, cada olho


abrange uma área de visão (campo visual), como
está representado na figura. Na parte central
sobrepõe-se a visão de cada um dos olhos.

A informação captada pela retina vai ser analisada


em três elementos fundamentais: cor, forma e
movimento.

A segregação da informação visual começa na retina.

O núcleo geniculado lateral é constituído por 2 tipos


de células que dão origem a 3 vias: 2 a partir das
camadas parvo celulares e 1 a partir das camadas
magno celulares

Células ganglionares:
a. Magno celulares;
b. Parvo celulares.
As 3 vias estendem-se do NGL até V1, depois para V2 e seguidamente para
outras regiões do córtex extra-estriado.
Captação dos elementos vai ser feita por células especializadas que vão enviar à
constituição de uma imagem.
Células ganglionares da retina
que projetam a informação
para zonas específicas do NGL.

Depois do NGL a informação


vai para a área de Broadman
(córtex visual primário), onde
existem também células
especializadas.

Córtex visual secundário que


engloba o occipital e o temporal.

• Sistema ventral vs. sistema dorsal:

Sistema ventral que vai para o córtex temporal superior e o sistema dorsal que
vai para o córtex parietal. Primeiro reconhece-se a forma e depois percebe-se onde o
objeto está relativamente a mim, para que o possa apanhar.
Lesões em áreas primárias:
Cegueira cortical: lesões bilaterais do sulco calcarino ou das radiações óticas.
Acromatopsia: perda da visão cromática.

Lesões em áreas secundárias:

Agnosia visuais: incapacidade em reconhecer estímulos apresentados visualmente


apesar das vias sensoriais estarem intactas.
a. O doente não está cego (ou seja, não tem alterações visuais periféricas),
não está afásico e identifica corretamente os estímulos através de outras
modalidades sensoriais (táctil, auditiva ou olfativa).
Agnosia para o movimento: perda da perceção do movimento;
Agnosia para cores: perda do conceito da cor.
( A agnosia depende da zona de localização )

Lesões em áreas secundárias visuais podem causar:

O SISTEMA MOTOR (SISTEMA SENSÓRIO-MOTOR)


Sistema motor:
Sistema motor periférico - Constituído por neurónios motores presentes na
musculatura esquelética.
Sistema motor central (via piramidal e via extrapiramidal) - Neurónios presentes
no córtex cerebral e responsáveis pelos movimentos voluntários
Sistema motor:
a) Planeia;
b) Programa;
c) Executa.

( Como a informação sai. Planear o movimento está mais relacionado com áreas de
associação, isto é, terciárias. )

• O sistema motor (sistema motossensorial):


Funciona de forma a mover o corpo.
Componentes do sistema motor:
a) Córtex Motor
b) Gânglios da base
c) Cerebelo
d) Tronco cerebral (por onde passa a informação)
e) Medula espinal
f) Neurónios motores.

Primeiro – Sistema visual para reconhecer o


objeto. Depois a informação chega a V1 e V2
(área primária e secundária) e o sujeito tem que
reconhecer o espaço para conseguir reconhecer o
objeto no mesmo 🡪 essa informação vai para o
córtex pré-frontal para tomar a decisão.

De seguida, tenho que programar a ação e a informação vai para o córtex pré motor (área
secundária) e depois para o córtex motor para, finalmente, chegar à espinal medula para se
desencadear em seguida a ação 🡪 Dura menos de 1 minuto.
Cerebelo e gânglios da base 🡪 Sistema extrapiramidal que dá harmonia ao
movimento.
Doença de Parkinson 🡪 Não há perda de movimento, mas sim do gera do
mesmo, pois os gânglios da base e cerebelo é que estão lesionados.
Nenhum movimento sai do córtex motor primário sem a correção do cerebelo e dos
gânglios da base, depois é que a informação é enviada para a medula espinal.

Ato motor e movimento envolvem não só


os mecanismos que executam o
movimento, mas, também, os
mecanismos que programam o
movimento.

Sequência Motora: Sequência


pré-programada de movimentos, pelo
cérebro, e produzidas como uma unidade.

1) Planear a ação: implica a localização


do objeto no espaço, a sua relação com o
nosso corpo ou, apenas, a localização do
nosso corpo no espaço. Córtex parietal
posterior (BA 5 e 7) (envia outputs para o
córtex motor).
2) Programar o movimento: de acordo com a informação sobre a localização do objeto
é necessário programar os movimentos de forma a atingir a finalidade. Córtex de
programação motor (BA 8 e BA 6).
3) Executar o movimento: a área de programação motora informa a área motora (BA 4)
dos movimentos a executar. Esta área, por sua vez, envia a informação para a medula
espinal e depois para os músculos.
Córtex de associação pré-frontal
dorso lateral: recebe projeções do
córtex parietal posterior e envia
projeções para as áreas motoras
secundárias (estas, por sua vez,
enviam informação para as áreas
motoras primárias e para o
campo visual frontal).

Área envolvida na tomada de


decisão.

* Córtex motor secundário: recebe inputs


do córtex de associação e envia outputs
para o córtex motor primário.

** Córtex motor primário: circunvolução


pré-central. Ponto de partida dos sinais
motores que saem do córtex para a
musculatura esquelética.
• As principais áreas anatómicas envolvidas na programação e execução do ato
motor (sequência motora):

• Homúnculo motor: mapa somatotópico (organizado de acordo com o mapa do corpo) - situado
no córtex motor primário.

Mecanismos executivos:

Via piramidal ou da motricidade voluntária: Inicia-se na circunvolução pré-central [área motora


primária (BA 4)].
Lesões no sistema piramidal: Hemiplegia - perda dos movimentos no lado contralateral à lesão.

O sistema extrapiramidal: Constituído por um conjunto de


estruturas que se encontra na profundidade dos hemisférios
cerebrais - “núcleos cinzentos da base”. Estas estruturas
estabelecem relações múltiplas entre si numa rede
complexa que se destina a melhorar a qualidade do
movimento.
O córtex motor envia a informação para os gânglios da base e para o cérebro, para a informação
ser tratada. Depois de tratada, a informação junta-se no tálamo para ser enviada, de novo, para o
sistema motor. De seguida, a informação é enviada para a espinal medula para desencadear
movimento.

Lesões no sistema extrapiramidal:

Lesões que afetam primariamente as estruturas da base e tem como resultado o


aparecimento de alterações no controlo motor e na força associada ao movimento.
Por exemplo, movimentos mais lentos (acinesia) como no caso da doença de Parkinson
ou, a alterações na sua harmonia devido a movimentos involuntários, como no
caso da Coreia de Huntington.

Doença de Parkinson: Perda das células que produzem dopamina na substância nigra e
afeta o seu input para os gânglios da base. Resulta numa rigidez muscular e
dificuldades em iniciar e realizar.*

Coreia de Huntington: Destrói células no núcleo caudado e no putamen. Resulta em


movimentos involuntários e exagerados. O doente mostra movimentos anormais
incessantes.**

Síndroma de Tourette: Lesões no caudado e putamen. Movimentos involuntários que


se traduzem por tiques indesejados e vocalizações peculiares.**

* Movimentos hipocinéticos (dificuldade em realizar movimentos


** Movimentos hipercinéticos (movimentos involuntários)

Cerebelo: Recebe informação do córtex motor secundário e primário, dos gânglios da base e do
sistema somatossensorial. Compara estas informações e corrige (eventualmente os movimentos)
para aumentar a sua qualidade
A compreensão do envolvimento do cerebelo no movimento tem estado concentrada à
volta de 4 áreas:
a) Exatidão de movimentos específicos

b) Coordenação de diversos movimentos individuais em


movimentos complexos coordenados;

c) Envolvimento na aprendizagem de memórias de


procedimentos;

d) Envolvimento na sequenciação temporal do movimento.

Lesões no cerebelo:
Ataxia: perturbação na coordenação muscular

.
Programação do movimento:
As perturbações na programação do movimento
denominam-se apraxias.
Alteração na capacidade de movimento aprendido que não
possa ser explicada por defeitos elementares da motricidade
nem dos sistemas sensoriais.
Este defeito deve-se a uma perturbação dos sistemas que precedem a ativação do
córtex motor.
*As alterações na programação do movimento são dadas em Neuropsicologia

ESPECIALIZAÇÃO HEMISFÉRICA: ASSIMETRIAS HEMISFÉRICAS ANATÓMICAS E


FUNCIONAIS
Não são semelhantes, um tem mais funções que
outro, para além das assimetrias anatómicas.
Não são absolutas, ou seja, o hemisfério
esquerdo é especializado na linguagem, mas isso
não significa que o direito não
contribua. Contribui com a comunicação do corpo
caloso (comissura principal que liga os dois
hemisférios, permitindo a sua comunicação).
• Especialização hemisférica – assimetrias hemisféricas anatómicas e funcionais:
- Existem diferenças nas funções entre o hemisfério direito e o esquerdo.
- Por exemplo, o hemisfério esquerdo controla a linguagem na maioria dos
destros; e o hemisfério direito os aspetos visuo-espaciais e atencionais.
- As comissuras cerebrais ligam as duas metades do cérebro.
- O estudo de doentes “Split-Brain” tem mostrado o que sucede quando estas
comissuras se encontram lesionadas.
Relação entre a preferência manual e a lateralização hemisférica para a linguagem
(Rasmussen & Milner, 1977).

( Estudos da técnica de Wada, permite anestesiar um hemisfério, no âmbito da


cirurgia epilética, que pretende determinar em que hemisfério se situa a
linguagem (perda da fala por 10 minutos após anestesia). )
O que é que determina a lateralização?

• Populações utilizadas para o estudo das assimetrias funcionais:


Lesão cerebral: as patologias adquiridas (lesões cerebrais) ou patologias
congénitas (os doentes “Split-brain” – comissurotomias e hemisferoctomias):
a. O estudo dos “Split-Brain” (cérebro dividido) (Gazzaniga, Sperry e Zaidel)
b. O corpo caloso é a comissura maior que liga os hemisférios e que permite a
transferência de informação de um hemisfério para o outro. Quando cortado
(lesionado), os hemisférios funcionam de forma independente.

População normal: com o recurso a técnicas e metodologias específicas


(Taquitoscópio e audição dicótica).

• Métodos e técnicas utilizadas para o estudo das assimetrias funcionais:


a) Lesões: correlações anátomo-clínicas
b) Estimulação direta: estimulação cortical (Penfield & Roberts)
c) Técnica de Wada (Milner, Branch & Rasmussen)
d) Métodos de Imagem (funcionais, electroencefalográficos, etc)
e) Técnica da Audição Dicótica (Kimura, 1967)
f) Técnica do Taquitoscópio

Lesões – correlações anátomo-clínicas:

( Vê-se o que é que a pessoa perdeu. Se perdeu, logo,


estava no hemisfério bloqueado (memória verbal).

Perdeu o QI de não realização (não verbal) 🡪 aspetos


não verbais e visuo-espaciais. )
Estimulação cortical: estimulação
elétrica do cérebro durante, ou
previamente, a intervenção
neurocirúrgica (âmbito de epilepsia).

Técnica atual para pessoas normais.

Estimulação pós-craneana.

Métodos de imagem funcionais:

Audição Dicótica:
Apresentação lateralizada de estímulos auditivos (verbais e não
verbais).
( Surgiu no âmbito dos Split-Brain )

Taquitoscopia:
Apresentação lateralizada de estímulos visuais (verbais e não
verbais).
( Se tiver lesões no corpo caloso só vou conseguir ler “apple” )
• O comportamento do doente Split-Brain:

Mostra que os 2 hemisférios podem funcionar de forma


independente:

- O hemisfério esquerdo pode dizer o que viu; o


hemisfério direito pode apenas mostrar:

a) Apresentação de uma imagem no Campo Visual


Direito (CVD – hemisfério esquerdo):
- O hemisfério esquerdo pode dizer o que é;
- A mão direita pode mostrar o objeto; a mão esquerda não.

b) Apresentação de uma imagem no Campo Visual


Esquerdo (CVE – hemisfério direito):
- Os sujeitos dizem que não sabem o que era;
- A mão esquerda pode mostrar o que é; a mão direita, não.

A aplicação da Taquitoscopia em doentes Split-Brain:

( Se pedir para verbalizar, ele vai escolher a 2

(passagem da informação entre hemisférios).

Faces quiméricas (mistura de faces

masculina e feminina). )
• Dicotomias funcionais:

• Estilos de processamento:

O hemisfério esquerdo é analítico e


aborda detalhadamente.

O hemisfério direito é holístico e aborda


de forma geral.
• Assimetrias anatómicas:
- Assimetrias morfológicas na superfície
superior do lobo temporal (Planum
Temporal) demonstrada em recém-nascidos
(Witelson & Pallie, 1973) e em adultos
(Geschwind & Levitsky, 1968).

- Assimetrias morfológicas na área de Broca


(Wada, 1974).

- Ferreira e Castro-Caldas (1979, Análise


Psicológica), Planum temporal, opérculo
parietal e rego de Sylvius maior no
hemisfério esquerdo. Área de Broca igual
em ambos os hemisférios.
Estes estudos mostram que o Planum Temporal do HE é mais largo nos recém
nascidos (menos evidente) e nos adultos. Relativamente à área de Broca, os estudos
são mais controversos.

APRENDIZAGEM, MEMÓRIA E AMNÉSIA


• H.M.:
H.M. (27 anos) sofria de epilepsia; os seus
lobos temporais foram removidos em 1953.

As suas crises diminuíram drasticamente bem


como a sua MLP.

H.M. ficou com uma amnésia retrógrada


moderada e uma amnésia anterógrada muito
grave.

( Grande impulsionar dos estudos dos mecanismos cerebrais. Foi


submetido a uma cirurgia onde lhe retiraram a parte do lobo temporal
onde se localizava o hipocampo, ficando com lesões para toda a vida na
memória. Conclui-se que estas áreas são importantes para a memória, mas
também para a aquisição de nova informação. )
• Amnésia após lobotomia do lobo temporal medial:

Amnésia Retrógrada: incapaz de se lembrar do passado.

Amnésia Anterógrada: incapaz de formar novas memórias.


- Enquanto o H.M. era incapaz de formar novas memórias a longo termo (MLT), a sua
memória a curto-termo/trabalho (MCT) estava intacta.

- H.M., melhorava com a prática em tarefas sensoriomotoras (desenho em


espelho) e não-sensoriomotoras (figuras incompletas). não entanto, não se
lembrava das sessões em que realizava essas mesmas tarefas.

- H.M. aprendia com o condicionamento clássico (Pavloviano), mas não tinha


memória para condicionamento.

• H.M.:
A memória implícita (que se sabe que a pessoa adquiriu através do aumento do desempenho e não
se chega a essa informação através da linguagem) não é afetada, apesar de depois de realizar a
tarefa não se lembrar.
Teste para avaliar a memória implícita: Passado 1 hora a informação prévia (priming) ajuda a que o
desempenho fosse melhor.

• Três grandes contributos científicos proporcionados pelo caso H.M.:


a) Os lobos temporais mediais (formação hipocâmpica estão envolvidos
na memória

b) Memória a Curto Termo e Memória a Longo Termo são distintas


H.M era incapaz de transferir informação da MCT para a MLT – problema de
consolidação de memórias;

c) Memória Explícita (consciente) e Memória Implícita (não consciente) são


distintas;

d) Papel do Hipocampo na memória: aprendizagem e memória


Consolidação da Informação - transferência de memórias a curto termo para a
memória a longo termo.
• Amnésia do lobo temporal medial:
Nem todos os doentes com esta forma de amnésia são incapazes
de formar novas memórias explícitas a longo termo.

Memória semântica (informação geral) pode funcionar


normalmente, enquanto a episódica (acontecimentos que
vivenciamos) não.

A extensão da amnésia depende da área da formação


hipocâmpica que é afetada.

• Amnésia devido a concussão – evidências para a consolidação da informação:


Golpes na cabeça que não são suficientemente fortes para penetrar no crânio,
mas que são suficientemente fortes para causar concussões são a causa mais
comum de amnésia – amnésia pós-traumática.

Concussão - caracteriza-se pela presença de sintomas neurológicos sem nenhuma


lesão identificada, mas com danos microscópicos reversíveis, ou não. Pode
ocorrer perda da consciência, alterações da memória, cefaleias, náuseas e vómitos,
distúrbios visuais e da movimentação dos olhos.

Os gradientes da amnésia retrógrada, neste tipo de doentes, mostram que as


memórias mais suscetíveis de se perderem são as memórias mais recentes.
Isto sugere que as memórias antigas estão mais fortalecidas (ou seja, mais
consolidadas).

( Existe um período de transmissão, ou seja, de consolidação. Lesão no hipocampo leva


à perda de aprendizagem e sem consolidação da informação. As memórias mais
suscetíveis de perder são as mais recentes, ou seja, menos consolidadas. )

• Teoria do Hebb para a consolidação da informação:


As memórias são armazenadas num circuito fechado a curto- termo onde há atividade
neuronal reverberante (circulação).

Estes padrões de atividade neuronal vão induzir mudanças estruturais nas sinapses, o que
estimula o armazenamento da informação a longo termo - Consolidação

Quando há interrupção dos circuitos neuronais a curto termo – por exemplo, com um golpe
na cabeça (trauma) – há perda da informação...
( De tanto reverberar vou criar, um padrão nas sinapses mais sólidas em termos de
funcionamento. Se acontecer um trauma estas memórias perdem-se. )

• Estudo da consolidação através dos choques eletroconvulsivos:


Os choques (ECS) vão apagar da memória aqueles acontecimentos que ainda não
originaram modificações estruturais nas sinapses (ou seja, ainda não estão
consolidados).

- O período temporal de amnésia retrógrada produzido após um choque (ECS)


poder dar uma estimativa aproximada da quantidade de tempo necessária para que
haja consolidação.

Estudo em doentes com depressão e com ratinhos.

( Após um ECS vão ver o tempo que demoraram a perder as memórias


consolidadas. Quanto tempo dura entre a reverberação e a consolidação. )

A consolidação da informação leva entre 10 minutos a 1 hora:

Punham ratinhos com cede, durante 10/15


minutos, e estes procuram água. Estes à medida
que os dias passam dão menos voltas porque
sabem que não existe água. Ao sexto dia
colocaram os ratinhos numa caixa onde havia
água e de seguida, em tempos diferentes,
deram eletrochoques e viram se tinham
apreendido que não havia água.

Outros estudos mostram que a consolidação pode durar anos:


Períodos mais longos para consolidar a informação
foram também observados em outras experiências deste
género.

Estes resultados parecem ser incompatíveis com a


teoria de Hebb e mostram que a consolidação pode
continuar muito depois da aprendizagem. A
consolidação poderia durar 3 anos a ser concluída.

Hipocampo e consolidação:
Standard Consolidation Theory (inspirada no HM, só
as memórias adquiridas muito recentemente é que
ficam no hipocampo) - As memórias são temporariamente armazenadas no hipocampo até que
possam ser transferidas para zonas mais estáveis do córtex cerebral.
( A informação fica no hipocampo até ser transferida para a memória a longo termo, se
existir um acidente que envolva o hipocampo, vou perder toda a informação que ainda não foi
consolidada. )
• Onde é que as memórias estão armazenadas:
Córtex Temporal Inferior: As áreas corticais secundárias
têm um papel importante no armazenamento de
memórias sensoriais (informação sensorial)

( Lobo temporal interno – hipocampo )

Em particular o córtex temporal inferior e as regiões do


córtex peririnal estão envolvidas no armazenamento de
memórias.

Amígdala: Desempenha um papel importante nas memórias de experiências com um


significado emocional forte.

Ratos com lesões nesta região não mostram condicionamento ao medo - responder com
medo a apresentação de estímulos neutros que foram seguidos de choques elétricos.

Córtex Pré-frontal: doentes com lesões nesta área


mostram perturbações na memória de trabalho e nas
funções executivas; estas perturbações prejudicam os
resultados em testes de memória.

( As memórias executivas são importantes e o córtex


pré-frontal permite a “categorização” para que seja mais
fácil a sua aquisição e estratégias que permitam maximizar
a aprendizagem e a recuperação da informação. )

Cerebelo e striatum: envolvidos na memória implícita e de


procedimentos. Participam no armazenamento de memórias de
competências sensoriomotoras aprendidas.
( A aprendizagem implícita depende do cerebelo e striatum e o hipocampo é
importante para as memórias explícitas. )
• Mecanismos sinápticos de aprendizagem e memória:

Hebb (1949): Uma modificação na eficácia da transmissão sináptica é a base


fisiológica da memória a longo-termo.
( Quando eu aprendo a eficácia dos neurónios torna-se mais elevada e quanto mais
essa ligação/sinapse for estimulada, mais rápida se tornará. )

Potenciação de Longa Duração (LTP):

Bliss e Lømø (1973) mostraram que existe uma facilitação na transmissão


sináptica a seguir a uma estimulação elétrica de alta frequência aplicada ao neurónio
pré- sináptico.
( Quando o neurónio pré-sináptico é estimulado mais rápido será a ligação com o
outro, existindo uma facilitação da ligação neuronal. Isto ocorre após a aprendizagem e
a estimulação dá-se com electros. )
_________________________________________________________
Potenciação de Longa Duração (LTP ou Long Term Potentiation) é uma melhoria
duradoura na transmissão do sinal entre dois neurónios que resulta de estimulá-los de
forma síncrona.

É um dos vários fenómenos que contribuem para a


plasticidade sináptica - a capacidade das sinapses
químicas de mudar sua potência.

Acredita-se que a memória é codificada por


modificação da força sináptica, por isso a LTP é
amplamente considerada como um dos principais
mecanismos celulares que está na base da
aprendizagem e memória.

1. Uma corrente de baixa intensidade é enviada para a via perfurante (o maior input do
giro dentado) e a resposta é registada através de um elétrodo extracelular colocado
na camada de células granulares – serve para determinar a resposta inicial – baseline.

2. Estimulação com alta frequência e intensidade é aplicada durante 10 segundos nesta


mesma área para induzir LTP.

3. As respostas das células granulares são novamente medidas após vários


intervalos de tempo. As mudanças estruturais aqui medidas (mais células a
responder à estimulação) são as mesmas que Hebb falou.
Propriedades da LTP que mostram ser o mecanismo fisiológico da aprendizagem e
da memória:
a) Dura muito tempo (pode até durar meses)
b) Só acontece quando o neurónio pré e pós-sináptico respondem simultaneamente
c) É mais evidente em estruturas relacionadas com a aprendizagem e a memória (por
exemplo, hipocampo)
d) Drogas que afetam a aprendizagem e a memória afetam a indução de LTP.

Os recetores de NMDA do glutamato têm uma participação fundamental para a


indução do LTP.

O fluxo de cálcio através destes recetores (NMDA) desempenha um papel


importante na plasticidade sináptica, um mecanismo celular envolvido em
processos de formação de memória e aprendizagem.

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