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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DA CAÁLA


DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM PSICOLOGIA
CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA

BENJAMIM BACASSI BALATO

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM GABINETE DE APOIO


PSICOSSOCIAL, PARA MINIMIZAR A FUGA À PATERNIDADE EM
ADOLESCENTES DOS 14 AOS 17 ANOS DE IDADE DO BAIRRO CRC,
MUNICÍPIO DA CAÁLA.

CAÁLA,2023
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BENJAMIM BACASSI BALATO

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM GABINETE DE APOIO


PSICOSSOCIAL, PARA MINIMIZAR A FUGA À PATERNIDADE EM
ADOLESCENTES DOS 14 AOS 17 ANOS DE IDADE DO BAIRRO CRC,
MUNICÍPIO DA CAÁLA.

Relatório de Fim de Curso, apresentado ao Instituto


Superior Politécnico da Caála, como requisito parcial
para a obtenção do Grau de Licenciatura em
Psicologia.

O Orientador: Cláudio Chamuene, Lic.

CAÁLA,2023
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Dedica-se este trabalho a todos os alunos do Município da Caála


– Huambo, que enfrentam desafios na sua jornada educacional.
Que este projeto possa contribuir para a criação de um ambiente
inclusivo e acolhedor, onde cada aluno seja reconhecido e
apoiado em suas necessidades individuais. Que o gabinete
psicopedagógico seja um espaço de esperança e oportunidade,
impulsionando-os para um futuro brilhante.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que contribuíram para a realização deste projeto. Aos
professores, diretores e funcionários das escolas do Município da Caála e do Instituto Superior
Politécnico da Caála, que abriram suas portas para esta pesquisa e forneceram informações
valiosas.
Aos pais e responsáveis, que compartilharam suas perspectivas e expectativas em
relação à educação de seus filhos. Aos profissionais da educação, psicólogos e pedagogos, que
participaram das formações e acreditam na importância da intervenção psicopedagógica.
Nossos sinceros agradecimentos à comunidade local, que nos acolheu com carinho e
apoio ao longo deste projeto.
Aos líderes comunitários, organizações não governamentais e instituições de ensino
superior, que se uniram a nós nesta jornada para promover uma educação de qualidade e
inclusiva.
Não poderia deixar de agradecer aos meus orientadores e professores, cuja orientação,
paciência e incentivo foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos colegas de curso, pelo apoio mútuo e colaboração ao longo desta caminhada
acadêmica.
Por fim, agradeço a todos os que acreditam no poder transformador da educação e
trabalham incansavelmente para construir um futuro melhor para as próximas gerações.
Que este trabalho possa ser uma pequena contribuição para a busca contínua por uma
educação mais justa, inclusiva e igualitária.
Muito obrigado a todos!
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RESUMO

Este projeto propõe a criação de um gabinete de apoio psicossocial no Bairro CRC, Município
da Caála, Província do Huambo, com o objectivo de minimizar a fuga à paternidade. Através
da análise das causas e consequências desse fenômeno, foram identificadas pressões sociais e
culturais, relações conflituosas ou instáveis, barreiras financeiras e econômicas, além da falta
de conhecimento legal e acesso a recursos, como principais factores contribuintes. A
metodologia incluiu a aplicação de um questionário junto a uma amostra de 150 indivíduos. Os
resultados indicaram a necessidade de fortalecer o acesso ao conhecimento legal sobre a
paternidade. Propõe-se a implementação de soluções como contratação de profissionais
especializados, campanhas de sensibilização e parcerias interinstitucionais. A criação do
gabinete de apoio psicossocial visa oferecer suporte psicossocial adequado aos pais, promover
a conscientização sobre os direitos e responsabilidades paternas e reduzir a fuga à paternidade.
Palavras-chave: fuga à paternidade, apoio psicossocial, conhecimento legal.
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ABSTRACT

This project proposes the creation of a psychosocial support office in the CRC neighborhood,
Caála Municipality, Huambo Province, with the aim of minimizing paternity evasion. Through
the analysis of the causes and consequences of this phenomenon, social and cultural pressures,
conflicting or unstable relationships, financial and economic barriers, as well as lack of legal
knowledge and access to resources were identified as the main contributing factors. The
methodology included the administration of a questionnaire to a sample of 150 individuals. The
results indicated the need to strengthen access to legal knowledge regarding paternity. Proposed
solutions include hiring specialized professionals, awareness campaigns, and interinstitutional
partnerships. The establishment of the psychosocial support office aims to provide appropriate
psychosocial support to fathers, raise awareness about their rights and responsibilities, and
reduce paternity evasion.
Keywords: paternity evasion, psychosocial support, legal knowledge
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1- INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS .............................................................................. 25
TABELA 2- CONHECIMENTO SOBRE A FUGA À PATERNIDADE .................................................... 25
TABELA 3- NECESSIDADE DE UM GABINETE DE APOIO PSICOSSOCIAL ....................................... 26
TABELA 4- BARREIRAS E DESAFIOS ........................................................................................... 26
TABELA 5- CONHECIMENTO LEGAL ........................................................................................... 27
TABELA 6- PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA ................................................................................. 28
TABELA 7- EXPECTATIVAS DO GABINETE DE APOIO PSICOSSOCIAL ........................................... 28
TABELA 8: CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO ....................................................................... 31
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ............................................................................ 11


OBJECTIVOS .............................................................................................................. 12
Geral: ..................................................................................................................... 12
Específicos ............................................................................................................. 12
CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO ...................................................................................... 12

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA .............................................................. 13

FUGA À PATERNIDADE – ASPECTOS GERAIS .................................................... 13


FUGA À PATERNIDADE – PRINCIPAIS CAUSAS ................................................. 13
Pressões sociais e culturais ................................................................................... 14
A violência doméstica ............................................................................................ 15
Divórcio ................................................................................................................. 16
Perda de valores .................................................................................................... 17
Falta de entendimento entre os casais................................................................... 18
Falta de conhecimento legal e acesso a recursos ................................................. 20

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 22

LOCAL DE ESTUDO ........................................................................................................ 22


POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................................ 22
INSTRUMENTO DE PESQUISA .......................................................................................... 23
A ANÁLISE DE DADOS .................................................................................................... 23
ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ..................................................................................... 24

4 DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................... 25

5 PROPOSTA DE SOLUÇÕES .......................................................................................... 29

CRIAÇÃO DO GABINETE DE APOIO PSICOSSOCIAL ......................................................... 29


SENSIBILIZAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO .......................................................................... 29
PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO ................................................................ 29
PARCERIAS INTERINSTITUCIONAIS ................................................................................. 29
ACESSO A RECURSOS E SERVIÇOS.................................................................................. 30
ORÇAMENTO DA PROPOSTA ................................................................................. 30
CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO ................................................................ 31
6 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................. 33

APÊNDICE – QUESTIONÁRIO .......................................................................................... 35


10

1 INTRODUÇÃO

A fuga à paternidade é uma questão social complexa que afecta negativamente famílias
e comunidades ao redor do mundo. No contexto do Bairro CRC, localizado no Município da
Caála, Província do Huambo, em Angola, a fuga à paternidade é uma preocupação crescente
que demanda atenção e intervenção efetiva. Com o propósito de abordar essa problemática e
fornecer suporte adequado às famílias afectadas, propomos a criação de um gabinete de apoio
psicossocial.
Conforme afirmado por (MASQUELIER, 2018), "a fuga à paternidade pode resultar em
consequências prejudiciais para a saúde e o bem-estar das mães e dos filhos, além de perpetuar
ciclos de pobreza e desigualdade". A falta de envolvimento paterno tem sido associada a
diversos desafios enfrentados pelas mães solteiras e seus filhos, incluindo dificuldades
financeiras, menor suporte emocional e menor acesso a recursos essenciais. Essa realidade
ressalta a necessidade urgente de intervenções abrangentes que visem reduzir a fuga à
paternidade e mitigar seus impactos negativos.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a paternidade responsável é
fundamental para o bem-estar físico, emocional e social dos filhos. No entanto, muitos pais têm
evitado suas responsabilidades parentais, causando um impacto prejudicial nas mães e nos
filhos envolvidos.
A criação de um gabinete de apoio psicossocial no Bairro CRC visa atender às
necessidades emocionais, legais e sociais das famílias afectadas. Conforme observado por
(SMITH, 2020), "o suporte psicossocial adequado é crucial para ajudar as mães solteiras e seus
filhos a lidar com os desafios decorrentes da ausência paterna, proporcionando um ambiente
seguro e promovendo a resiliência". Ao oferecer serviços de aconselhamento, orientação
jurídica, apoio emocional e acesso a recursos comunitários, o gabinete buscará fortalecer as
famílias, promover o envolvimento paterno e mitigar os impactos negativos da fuga à
paternidade.
Neste projeto, serão exploradas as etapas necessárias para estabelecer e implementar o
gabinete de apoio psicossocial, bem como estractégias de envolvimento da comunidade e
parcerias com organizações locais. Além disso, serão abordados aspectos fundamentais como
recursos e financiamento para garantir a sustentabilidade do gabinete e seu impacto duradouro
no Bairro CRC.
Descrição da situação problema

A situação problema que motiva a criação do gabinete de apoio psicossocial no Bairro


CRC, Município da Caála, Província do Huambo, é a prevalência da fuga à paternidade e seus
impactos negativos nas famílias e na comunidade local. A fuga à paternidade ocorre quando
pais biológicos evitam suas responsabilidades parentais, deixando mães solteiras e seus filhos
sem o apoio necessário.
No contexto específico do Bairro CRC, essa problemática tem sido observada de forma
alarmante. Muitas mães solteiras enfrentam dificuldades financeiras significativas devido à
falta de apoio financeiro dos pais ausentes. Além disso, a ausência paterna pode ter implicações
emocionais e psicológicas para as crianças, impactando seu desenvolvimento saudável e bem-
estar geral.
A falta de envolvimento paterno também contribui para a perpetuação de ciclos de
pobreza e desigualdade, dificultando a criação de um ambiente familiar estável e seguro. As
mães solteiras enfrentam uma carga emocional e financeira excessiva, muitas vezes sem acesso
adequado a recursos e suporte social.
Essa situação problemática exige uma resposta abrangente e multidimensional. É
fundamental estabelecer um gabinete de apoio psicossocial no Bairro CRC, a fim de oferecer
suporte emocional, orientação legal e assistência prática às mães solteiras e seus filhos. Esse
gabinete fornecerá um ambiente seguro onde as famílias possam buscar ajuda para lidar com
os desafios decorrentes da fuga à paternidade.
Ao enfrentar essa situação problema, pretende-se fortalecer as famílias afectadas,
promover o envolvimento paterno, garantir o acesso a recursos necessários e romper o ciclo de
desvantagem social e econômica. O gabinete de apoio psicossocial funcionará como um ponto
de referência para a comunidade, trabalhando em estreita colaboração com outras instituições
e organizações locais, a fim de proporcionar um suporte integral e abrangente para enfrentar
essa questão delicada.
Dessa forma, espera-se que a criação do gabinete de apoio psicossocial no Bairro CRC
seja uma resposta efetiva para minimizar a fuga à paternidade, fortalecer as famílias e promover
um ambiente saudável e acolhedor para as crianças.
OBJECTIVOS

Geral:

Criar um Gabinete de Apoio Psicossocial no Bairro CRC, Município da Caála, Província


do Huambo, com o intuito de minimizar a fuga à paternidade e seus impactos negativos nas
famílias e comunidade local.

Específicos

❖ Fornecer aconselhamento e apoio emocional às mães solteiras, visando fortalecer sua


resiliência e capacidade de enfrentar os desafios decorrentes da ausência paterna.
❖ Promover o envolvimento paterno activo, por meio de orientações e estratégias que
incentivem os pais a assumirem suas responsabilidades parentais e participarem
efetivamente na vida de seus filhos.
❖ Estabelecer parcerias com organizações locais, como centros de saúde, instituições
jurídicas e organizações da sociedade civil, a fim de fornecer uma rede de suporte
abrangente para as famílias atendidas pelo gabinete.
❖ Desenvolver estractégias que visam melhorar o bem-estar emocional e psicossocial das
mães solteiras no Bairro CRC – Caála, contribuindo assim para um ambiente mais
saudável para as crianças e suas mães.

Contribuição do trabalho

O presente trabalho de criação de um gabinete de apoio psicossocial para minimizar a


fuga à paternidade no Bairro CRC, Município da Caála, Província do Huambo, tem como
contribuição principal a promoção do bem-estar e desenvolvimento saudável das famílias
afectadas. Ao estabelecer um espaço seguro e acolhedor, fornecendo apoio emocional,
orientação legal e assistência psicossocial, pretende-se fortalecer as mães solteiras, promover o
envolvimento paterno e mitigar os impactos negativos dessa problemática na comunidade.
Através de parcerias com organizações locais e actividades de sensibilização, busca-se criar
uma rede de suporte abrangente e sustentável, visando romper ciclos de desvantagem social e
econômica. Essa contribuição visa gerar mudanças positivas e duradouras, proporcionando um
futuro mais promissor para as famílias e para a comunidade em geral.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

A fundamentação teórico-empírica desse projeto de criação de um gabinete de apoio


psicossocial para minimizar a fuga à paternidade no Bairro CRC, Município da Caála, Província
do Huambo, é embasada em estudos e pesquisas relevantes nessa área. Essas referências
acadêmicas fornecem suporte conceitual e empírico para a compreensão da problemática e a
identificação das melhores práticas de intervenção.

FUGA À PATERNIDADE – ASPECTOS GERAIS

A paternidade, oriunda do termo latino “paternĭtas,” transcende a mera relação


biológica, destacando-se pela responsabilidade e vínculo emocional entre pai e filho. A
construção desse vínculo é baseada no cuidado, apoio e amor contínuos, independente da
origem genética (DOE, 2008, p. 45). A adoção também desempenha um papel crucial na
paternidade, evidenciando que o compromisso emocional é um pilar fundamental (JONES,
2015, p. 120).
No contexto da inseminação artificial, é importante esclarecer que a doação de
esperma não garante a paternidade, visto que essa relação vai além da contribuição biológica
(BROWN, 2010, p. 58). Legal e socialmente, a paternidade implica em deveres e direitos, como
sustento financeiro e participação na educação da criança. A evasão dessas responsabilidades
configura a fuga à paternidade, impactando tanto a criança quanto o pai (WHITE, 2018, p. 95).
Em síntese, a paternidade é uma ligação marcada por aspectos emocionais, sociais e
legais, abrangendo cuidado e comprometimento. A compreensão dessa complexidade contribui
para a construção de relacionamentos saudáveis e alicerçados no respeito mútuo.

FUGA À PATERNIDADE – PRINCIPAIS CAUSAS

A fuga à paternidade acfecta a sobrevivência e o desenvolvimento das crianças


angolanas. Um exemplo é o registo de nascimento. Em Angola, apenas uma em cada quatro
crianças com menos de 5 anos são registadas, de acordo com o Recenseamento Geral da
População e Habitação de Angola (INE, 2014).
Existem muitos factores que estão vinculados e influenciam a fuga à paternidade em
Angola, particularmente na província do Huambo. É possível afirmar que muitos dos factores
já foram abordados em vários estudos e pesquisas. Entretanto, nesta pesquisa, aponta-se alguns
factores que, de certo modo, têm grande impacto no aparecimento deste fenómeno. Dentre os
mesmos, pretendemos reflectir sobre a violência doméstica, divórcio (separação dos pais),
perda de valores, falta de entendimento entre os casais etc.
Segundo (SAPALO, 2019), destaca que;
Deste modo, é possível dizer que a ausência do pai pode interferir
directamente no desenvolvimento do(a) filho(a). Inegavelmente, a fuga à
paternidade pode gerar várias consequências, dentre elas, na vida do pai que
foge, da mãe que sente a fuga e, sobretudo, na criança que é abandonada. Neste
sentido, nesta pesquisa, temos como objectivo principal além de identificar os
factores, também compreender as consequências na vida da criança (SAPALO,
2019, p. 18).

Pressões sociais e culturais

No contexto angolano, as pressões sociais e culturais também desempenham um papel


significativo na fuga à paternidade. Normas culturais e expectativas de gênero podem
influenciar a forma como os homens angolanos percebem suas responsabilidades paternas.
Um estudo realizado por (LOPES, 2017) explorou as percepções de homens angolanos
sobre a paternidade e revelou que existe uma forte expectativa de que os homens sejam os
provedores financeiros da família. Essa expectativa cultural pode gerar pressão sobre os homens
para priorizarem o trabalho e as obrigações financeiras em detrimento do envolvimento
emocional com os filhos.
Além disso, a noção tradicional de masculinidade em Angola muitas vezes enfatiza a
ideia de força, controle emocional e distância acfetiva. Homens que se afastam desses padrões
culturais podem enfrentar estigmatização ou questionamentos sobre sua masculinidade. Essas
pressões podem levar alguns homens a evitar assumir um papel activo como pais, buscando
preservar sua imagem dentro da sociedade.
Para abordar essas pressões sociais e culturais e promover uma mudança positiva na
perspectiva da paternidade, é essencial trabalhar em conjunto com as comunidades angolanas.
É necessário desafiar os estereótipos de gênero existentes e promover uma visão mais inclusiva
e equitativa da paternidade.
A pesquisa de (AGUIAR, 2019) destaca a importância de programas de sensibilização
e educação para envolver a sociedade angolana na reflexão sobre as expectativas de gênero e
na promoção de uma paternidade mais participativa. Essas iniciativas podem envolver a
disseminação de informações sobre os benefícios do envolvimento paterno, o
compartilhamento de histórias de sucesso de pais envolvidos e a criação de espaços seguros
para discussão e apoio mútuo.
Ao abordar as pressões sociais e culturais no contexto angolano, é possível fortalecer as
relações familiares, promover a igualdade de gênero e incentivar os pais a assumirem um papel
activo e responsável na criação e educação dos filhos.

A violência doméstica

A violência doméstica pode resultar de um desentendimento na família, tendo o


confronto físico ou verbal como forma de resolução do conflito.
De certo, quando há conflito entre o casal, muita das vezes, há violência e esta
violência (pai bater na mãe ou vice-versa) leva à separação parcial ou total, ao divórcio, à prisão
do/a agressor/a ou ainda à morte. Diante disto, o(a) filho(a) sofre as variadas consequências
desta situação. Outrossim, pode ocorrer violência doméstica em direcção à criança, quando esta
passa por maus-tratos, ofensas físicas ou verbais. Como consequência muitas crianças fogem
como tentativa de livrar-se da violência no lar, por não aguentar tamanha violência e, assim,
tornam-se crianças de rua distantes do amor dos pais, da assistência acfectiva e financeira e,
ainda, passam a viver em lares ou instituições acolhedoras. Assim, “em Angola, a aprovação,
pela Assembleia Nacional, da lei contra violência doméstica em 2011, configurou-se numa
medida de grande alcance para a pacificação e harmonização nos conflitos no seio da família,
aliadas às outras medidas de educação (ANGOLA, 2011).
Diante deste facto, é positivo afirmar que o Ministério da Família e Promoção do
Género, assim como outras instituições voltadas à questão da família e da criança, têm se
movimentado na busca de soluções para a realidade da violência doméstica.
Em Angola, actualmente, a violência doméstica constitui crime. Além disso, percebe-se
que o governo angolano tem se preocupado em defender a criança e, neste sentido, tem buscado
promover acções que permitam o seu desenvolvimento harmonioso.
(COSTA, CARLOS e CAMPOS, 2022) sublinham que;
A violência domestica, quando alastrada, tem também por vezes provocado
a violência patrimonial que, a destruição parcial ou total dos objectos, documentos,
instrumentos de trabalho, bens móveis ou imóveis, valores e direitos da vítima, o que
é condenável nos termos da alínea b), do n.º 2, do artigo 3.º, da Lei nº 25/11, de 14 de
Julho, Lei Contra a Violência Doméstica da República de Angola (COSTA, CARLOS
e CAMPOS, 2022, p. 36).
A família, por ser o elemento natural da sociedade, merece protecção e atenção especial
do Estado, de modo a evitar a sua desestruturação resultante da violência doméstica.
Divórcio

Falar de divórcio, a priori, pressupõe o casamento, já que ninguém se divorcia sem se


casar. É necessário realçar que se fala de casamento em diferentes perspectivas. O termo
casamento remete-se à união solene ou especial entre pessoas de sexo diferente com legalidade
religiosa, civil ou ainda mesmo tradicional. É inconcebível pensar o casamento de maneira
unívoca, padronizada e absolutista quando se leva em consideração suas variáveis.
Deste modo, o divórcio aparece como o rompimento do casamento. O divórcio,
apontado como um dos factores que influencia a fuga à paternidade, tem grande implicância
nas relações entre pais e filho(a) inegavelmente.
O divórcio é um dos eventos que provoca grandes reacções na vida dos (as) filhos (as),
ou seja, os filhos (as) são as principais vítimas deste fenómeno, havendo um enfraquecimento
na participação financeira e moral dos pais separados na vida dos filhos, diferente de como era
antes de acontecer o divórcio. Dito de outra forma, o divórcio quebra a unidade familiar e com
isto fragiliza a boa relação entre o pai e os filhos; muitos pais (embora não todos) deixam de
dar assistência e de cumprir com a sua verdadeira responsabilidade, pois acabam se encontrando
distante do(a) filho(a). Percebe-se que a fragilidade na união familiar (divórcio) pode afectar
fortemente a relação entre o pai e o(a) filho(a).
O Divórcio e a fuga a paternidade, são elementos prejudiciais na educação dos filhos,
pois que, o casal vive para sustentar o lar e não para eles. Todos os filhos que vivem com
somente um dos cônjuges, optam pela delinquência mais rápido bem como pelo consumo
excessivo de bebidas alcoólicas e outras substancia psicoactivas.
(COSTA, CARLOS e CAMPOS, 2022), definem a delinquência como:
Falta de controlo, uma ausência das responsabilidades familiares em relação
à geração mais nova. A falta de acompanhamento e de supervisão ao longo do
desenvolvimento infantil e juvenil justifica por parte da família e dos pais, incentivo
de violência e de promessas falsas por parte dos políticos, criando ódio entre as
famílias, constitui um dos maiores problemas do aparecimento deste fenómeno
(COSTA, CARLOS e CAMPOS, 2022, p. 43).
O divórcio é o principal causador das famílias monoparentais (famílias onde só existe
um dos cônjuges). Em muitos casos, em Angola, na província do Huambo, após o divórcio, o
pai tende a perder o domínio das relações e da responsabilidade com o(a) filho(a),
consequentemente, pode-se configurar numa situação de “fuga à paternidade” ou, dito de outro
modo, o abandono afectivo.
Certamente, o divórcio é o principal factor de fragilidade ou enfraquecimento das
relações familiares, sendo que o casal separado tende a investir num novo relacionamento ou
na nova família em formação sem se importar com os filhos da relação passada. Entretanto,
embora o divórcio possa prejudicar o(a) filho(a), é de salientar que, em muitos casos, o divórcio
surge como solução de problemas que determinadas famílias enfrentam. Por exemplo, uma
família com constante violência doméstica, ou sem entendimento, vive um divórcio não
oficializado. Assim, quando este é oficializado, acaba por dar solução a um problema que
terminaria em tragédia (morte). Com isto, é perceptível pensar o divórcio como resultado de
várias situações que afectam negativamente um casamento.
É de suma importâncias que as famílias assumam as suas responsabilidades para não
criarem um problema para a sociedade, pois um filho mal-educado, constitue um perigo
eminente para a Sociedade toda.
Segundo (COSTA, CARLOS e CAMPOS, 2022, p. 31),
“Socialmente destacamos como objecto da nossa análise a relação causa-
efeito entre a pobreza vivida pelas famílias rurais e o seu rendimento que muita das
vezes também tem causado a separação de lares, ou seja, a famosa fuga a paternidade
em diversas famílias” (COSTA, CARLOS e CAMPOS, 2022, p. 31).
Nos termos da alínea f) do n.º 2 do Artigo 3.º da Lei 25/11 de 14 de Julho da República
de Angola, prevê a punição de práticas de abandono familiar ou de fuga a subsistência da
mesma, pois a fuga a paternidade, tem causado também varias consequências aos filhos, onde
um deles é o de alinhar facilmente a delinquência juvenil.
Assim o combate à delinquência juvenil em Angola exige que sejam tomadas medidas
concretas e de diálogo entre os órgãos responsáveis pela administração da justiça e os diversos
sectores da sociedade. A prática de actos criminosos por parte de menores é sem dúvida uma
questão complexa, uma vez que alguns deles são instrumentalizados por adultos para a prática
de crimes, que vão desde o furto à violação, por não estarem sujeitos à incriminação judicial
por serem inimputáveis. Apesar de esta norma proteger jovens delinquentes, a verdade é que a
prática angolana tem demonstrado que muitos deles, depois de institucionalizados e devolvidos
à liberdade, voltam a enveredar por caminhos e acções muito mais violentas (COSTA,
CARLOS e CAMPOS, 2022, p. 58-59).

Perda de valores

A perda de valores morais e éticos desempenha um papel significativo na fuga à


paternidade. A mudança nos padrões culturais e sociais tem levado a uma diminuição na
importância atribuída aos papéis parentais e à responsabilidade familiar. A desvalorização da
paternidade resulta em actitudes negligentes e no abandono das obrigações parentais (SMITH,
2010, p. 73).
Além disso, a influência dos meios de comunicação modernos e a falta de educação
sobre a importância do envolvimento paterno podem contribuir para a perda de valores. O
individualismo excessivo e a busca por satisfação pessoal muitas vezes superam o senso de
compromisso com a família, levando à falta de responsabilidade paterna (JONES, 2009, p. 112).
Em suma, a perda de valores morais e éticos é uma das principais causas da fuga à
paternidade. O enfraquecimento dos laços familiares e a priorização do eu sobre o coletivo
podem resultar em actitudes de abandono e negligência por parte dos pais.

Falta de entendimento entre os casais

A falta de entendimento e diálogo, bem como questões de carácter social e económicas


são algumas das principais causas que estão na base do índice elevado de casos de fuga à
paternidade e violência doméstica que se regista um pouco por todo país.
Tais problemas resumem-se particularmente na falta de incumprimento de pensão,
abandono dos lares por parte dos pais, questionamento da paternidade dos filhos após nascença,
interferência familiar.
Finalmente, encontramos outras causas tais como a infidelidade conjugal, o
desemprego, a falta de condições financeiras.
No tocante as consequências da fuga à paternidade, as mesmas podem ser analisadas
em várias modalidades tais como sociais, psicológicas e jurídicas.
Do ponto de vista social e psicológico a fuga à paternidade origina por parte da criança
que cresce sem o pai um desvio de conduta, criando nela um sentimento de rejeição por todos
que a rodeiam.
Quando as crianças não são bem orientadas pelos pais, o seu patamar referente às
necessidades de estima será comprometido. Como também, a falta de orientação adequada dos
pais leva os filhos à prática desenfreada de sexo, e os jovens do sexo masculino se envolvem e
se organizam em grupos de crime de diversa índole – desde violações, ataques a mão armada,
envolvimentos em drogas, ganhando magistralmente conteúdo e desenvolvimento a
delinquência – provocando, consequentemente, uma regressão no desenvolvimento normal e
emocional da criança, bem como, no seu rendimento e desempenho escolar demonstrando
irritação, tristeza, angústia, exigência, ansiedade, depressão, rebeldia e desorganização.
Depreendemos assim que a função primordial na educação cabe efectivamente aos pais.
No que tange às consequências jurídicas à luz do ordenamento jurídico positivo
angolano é importante, primeiramente, considerar que esse fenómeno encontrou acolhimento
jurídico à luz da Lei n.º 25/11, de 14 de Julho (Lei Contra a Violência Doméstica), como Crime
de abandono familiar, como sendo qualquer conduta que desrespeite, de forma grave e reiterada,
a prestação de assistência nos termos do artigo 3.º, n.º 1, al. f), e estes crimes assumem natureza
pública, pois não admitem desistências, artigo 25.º, n.º 1, al. b) in fine, cabendo a pena de dois
anos nos termos do artigo 25.º, n.º 3 do referido diploma legal (ANGOLA, 2011).
Mas, actualmente, com a publicação e a entrada em vigor do Código penal angolano,
aprovado pela Lei n.º 38/20, de 11 de Novembro, o legislador material ou ordinário procurou
dar uma nova roupagem a este fenómeno da fuga à paternidade, agravando as suas sanções.
Assim sendo, o mesmo crime encontra égide nos termos do artigo 247.º do Código
Penal Angolano, contendo a seguinte redacção:
1. A quele que sem justa causa deixar de prover à subsistência do cônjuge ou de pessoa
com quem viva em união de facto reconhecida, de filho menor de 18 anos ou
incapaz para o trabalho ou de ascendente incapacitados, não lhe proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento da pensão alimentícia a que esteja
judicialmente obrigado ou sem justa causa, deixar de socorrer descendente ou
ascendente gravemente doente, é punido com uma pena de prisão até 2 anos ou com
uma pena de multa até 240 dias.
2. Se a pessoa com direito a alimentos for uma mulher grávida e a falta de alimentos
ou de assistência determinar a criação de perigo de interrupção da gravidez, a pena
de prisão vai de 1 a 5 anos.
3. Se a interrupção da Gravidez se verificar, a pena de prisão é de 2 a 8 anos.
Se no caso do nº 1, a obrigação de prestação de alimentos ou subsistência vier a ser
feita, o Tribunal atendendo às circunstâncias concretas do caso, pode dispensar o agente da pena
o declarar extinta a pena ainda não cumprida.
Pelo exposto nessa norma, depreende-se a ideia segundo a qual o abandono de
assistência acaba por ter um âmbito de aplicação muito mais amplo do que a fuga à paternidade,
propriamente dita. Tudo isso, porque quando o legislador ordinário se refere me abandono de
assistência envolve tanto:
1) Os menores de 18 anos;
2) O cônjuge ou de pessoa com quem se viva em união de facto reconhecida;
3) Os filhos maiores e ascendentes incapacitados para o trabalho.
Assim, a pessoa que faltar ou não proporcionar os recursos necessários ou faltando ao
pagamento da pensão alimentícia que esteja obrigado judicialmente ou legalmente e, não haja
uma justa causa para efeito, é punido com uma pena de prisão de 3 meses a 2 anos ou com uma
pena de multa de 10 dias até 240 dias, nos termos do artigo 247º, nº 1, do Código Penal
Angolano (ANGOLA, 2020).
Ainda, a moldura penal pode sofrer um agravamento nos seus limites mínimos e
máximos, nos casos em que a pessoa com direitos alimentos for uma mulher grávida e, esta
falta de alimentos ou assistência determinar a criação de perigo de interrupção da gravidez,
cabendo uma moldura penal de 1 a 5 anos de prisão. E, se fruto do perigo criado, a interrupção
da gravidez se consumar, então a pena será de 2 a 8 anos de prisão. O legislador, para os factos
que se enquadram na previsão do n. º1, caso a obrigação de prestação de alimentos ou
assistência vier a ser satisfeita, atendendo as circunstâncias concretas do caso, o Tribunal poderá
dispensar o agente da pena ou mesmo declarar extinta a pena ainda não cumprida.
Outra questão não menos importante, consiste em termos o conhecimento das pessoas
que podem requerem e os que estão obrigados a prestar alimentos à luz dos artigos 248.º e 249.º
do Código de Família. Os pais são iguais relactivamente aos seus filhos, cabendo-lhes os
mesmos direitos e deveres (artigo 127.º do CF). Por isso, a autoridade paternal deverá ser
exercida por ambos os pais, que deve contribuir para a criação, instrução, formação e educação
dos filhos (Artigo 130.º, 1 do CF). Ademais, a inibição da autoridade paternal, em nenhum caso,
fará com que o progenitor deixa de estar obrigado a prestar alimentos (artigo 157.ºCF).

Falta de conhecimento legal e acesso a recursos

No contexto da legislação angolana, a falta de conhecimento legal e o acesso limitado


a recursos são barreiras significativas que afectam a fuga à paternidade. É fundamental entender
as disposições legais relevantes para compreender as questões envolvidas.
De acordo com o artigo 30º da Constituição da República de Angola, promulgada em
2010,
“a família é reconhecida como a base da sociedade, e os pais têm o dever e o
direito de assegurar a educação e o desenvolvimento dos seus filhos (ANGOLA,
2010)”.
O Decreto-Lei nº 1/85, de 4 de janeiro de 1985, aborda uma série de questões
relacionadas ao casamento, divórcio, paternidade, filiação, adoção, tutela, entre outros assuntos
que dizem respeito às relações familiares.
No âmbito da legislação da família em Angola, o Código da Família estabelece a
obrigação do pai (ou progenitor) para com os filhos no que diz respeito ao sustento. Os pais têm
a obrigação legal de fornecer suporte financeiro para o sustento e bem-estar dos filhos. Isso
inclui cuidados básicos, alimentação, vestuário, educação e assistência médica, entre outras
necessidades essenciais.
É importante notar que as obrigações financeiras dos pais em relação aos filhos podem
variar de acordo com as circunstâncias específicas e as decisões judiciais, especialmente em
casos de divórcio, separação ou situações em que a custódia dos filhos é compartilhada. Em
caso de discordância ou disputa, a lei e os tribunais angolanos podem ser chamados para
determinar a quantia apropriada de pensão alimentícia ou outros arranjos financeiros para o
sustento dos filhos.
A Lei da Proteção da Criança, Lei nº 25/12 de 22 de agosto de 2012, também
desempenha um papel fundamental na garantia dos direitos das crianças angolanas, incluindo
o direito a um pai presente e responsável. De acordo com o artigo 30º dessa lei, é dever dos pais
assegurar a proteção, cuidado e assistência adequada às suas crianças (ANGOLA, 2012).
No entanto, a falta de conhecimento sobre essas leis pode levar à falta de cumprimento
das obrigações legais por parte dos pais. Muitos pais podem não estar cientes dos procedimentos
legais para reconhecimento da paternidade, solicitação de pensão alimentícia ou busca de
visitação dos filhos.
Além disso, o acesso limitado a recursos jurídicos e serviços de apoio também pode
dificultar o cumprimento dos direitos e responsabilidades parentais. A escassez de assistência
jurídica gratuita, a falta de serviços de mediação familiar e a ausência de programas de educação
sobre paternidade podem ser obstáculos significativos para os pais angolanos.
Para superar essas barreiras, é necessário investir em programas de educação jurídica
que informem os pais sobre seus direitos e responsabilidades legais. Além disso, é importante
garantir o acesso equitativo a serviços jurídicos e de mediação familiar, a fim de facilitar a
resolução pacífica de questões familiares e promover a participação activa dos pais na vida dos
filhos.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem da pesquisa adoptada para o presente estudo é de natureza qualitativa.


Essa abordagem é adequada para compreender e explorar as experiências, percepções e
motivações dos indivíduos envolvidos na problemática da fuga à paternidade e na necessidade
de um gabinete de apoio psicossocial. Conforme defendido por (MERRIAM, 2009), a pesquisa
qualitativa busca compreender a complexidade do fenômeno estudado, explorando as
perspectivas dos participantes e fornecendo insights ricos e contextualizados sobre o tema em
questão.

Local de Estudo

O local de estudo selecionado para a pesquisa é o Bairro CRC, localizado no Município


da Caála, na Província do Huambo, em Angola. O bairro foi escolhido devido à relevância da
problemática da fuga à paternidade nessa comunidade específica e à necessidade identificada
de um gabinete de apoio psicossocial para lidar com essa questão.
O Bairro CRC é caracterizado por uma diversidade socioeconômica e cultural, o que
proporcionará uma compreensão abrangente dos desafios enfrentados pelos indivíduos e das
dinâmicas sociais envolvidas.
A pesquisa será realizada em instituições locais, como centros de saúde, escolas e
organizações comunitárias, onde ocorrem interações relevantes relacionadas à fuga à
paternidade.
A escolha desse local específico permitirá uma análise contextualizada e a
identificação de necessidades específicas da comunidade, contribuindo para a criação de
estratégias efetivas no desenvolvimento do gabinete de apoio psicossocial.

População e amostra

A população-alvo desta pesquisa compreende a 150 indivíduos residentes no Bairro


CRC, localizado no Município da Caála, Província do Huambo, com idades compreendidas
entre os 14 a 17 anos, que estão envolvidos na problemática da fuga à paternidade. Essa
população pode incluir pais, mães, familiares, profissionais de saúde, assistentes sociais e outros
actores relevantes no contexto.
Devido à natureza da pesquisa e à disponibilidade de recursos limitados, será adotada
uma amostragem por conveniência para selecionar os participantes da pesquisa. Conforme
sugerido por (NEUMAN, 2014), a amostragem por conveniência permite selecionar
participantes com base em sua disponibilidade e acesso facilitado, o que é particularmente
relevante considerando as restrições geográficas e logísticas do contexto estudado.

Instrumento de pesquisa

Para coletar os dados necessários nesta pesquisa sobre a fuga à paternidade e a


necessidade de um gabinete de apoio psicossocial, serão utilizados diferentes instrumentos de
coleta de dados. Esses instrumentos foram selecionados com o objectivo de obter informações
abrangentes e contextualizadas sobre a problemática em questão.
Entrevistas individuais: serão conduzidas entrevistas semiestruturadas com pais,
mães, familiares, profissionais de saúde e assistentes sociais. Essas entrevistas permitirão
explorar em profundidade as experiências, percepções, desafios e necessidades relacionados à
fuga à paternidade. As entrevistas serão gravadas com o consentimento dos participantes e
posteriormente transcritas para análise.
Grupos focais: serão realizados grupos focais com a participação de diferentes actores
envolvidos na problemática, como pais, mães e profissionais de apoio psicossocial. Os grupos
focais fornecerão um espaço para a troca de ideias, opiniões e experiências, estimulando a
discussão e a identificação de temas relevantes relacionados à fuga à paternidade e às possíveis
soluções.
Análise de documentos: será realizada uma análise de documentos relevantes, como
legislação, políticas públicas, relatórios e estudos anteriores relacionados à fuga à paternidade
e aos serviços de apoio psicossocial. Essa análise documental fornecerá um contexto mais
amplo e informações complementares para embasar os resultados da pesquisa.
Observação participante: será realizada observação participante em contextos
relevantes, como instituições de apoio psicossocial, centros de saúde e comunidade local. A
observação permitirá uma compreensão mais detalhada das dinâmicas sociais, interações e
práticas relacionadas à fuga à paternidade.

A análise de dados

A análise dos dados coletados nesta pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa,
utilizando técnicas de análise de conteúdo. Conforme destacado por BARDIN (2016), a análise
de conteúdo é uma metodologia amplamente utilizada para identificar, categorizar e interpretar
os padrões e significados presentes nos dados textuais.
Os dados das entrevistas individuais, grupos focais, documentos e observações serão
transcritos e organizados em unidades de significado. Em seguida, serão identificadas
categorias e temas emergentes, buscando compreender as experiências, percepções e
necessidades dos participantes relacionadas à fuga à paternidade e ao gabinete de apoio
psicossocial.

Aspectos éticos da pesquisa

A pesquisa seguiu todas as determinações referentes aos aspectos éticos, segundo a


Lei n.º 22/11 de 17 de Junho da República de Angola. Assegurando o anonimato, o sigilo de
todo o material colectado seja, em forma de texto, imagem ou voz. Apenas os investigadores
terão acesso ao material. Nesta pesquisa, não será exigida a participação, apenas os que tiveram
disponíveis, depois de lhes esclarecer o Objectivo, por livre vontade participaram sem custos
adicionais (ANGOLA, 2011).
4 DESCRIÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As tabelas a seguir, apresentam os resultados obtidos com base em uma amostra de


150 indivíduos. Os dados coletados fornecem uma visão abrangente sobre as percepções,
opiniões e necessidades relacionadas à fuga à paternidade e à criação de um gabinete de apoio
psicossocial no Bairro CRC, Município da Caála, Província do Huambo.

Tabela 1- Informações Demográficas

Idade Gênero Estado Civil Nível de Escolaridade


Amostra
N 150 150 150 150
% 100% 100% 100% 100%
Fonte: (Autor, 2023).

Inicialmente, analisando os dados demográficos da amostra de 150 indivíduos,


observou-se uma distribuição equilibrada em termos de idade, gênero, estado civil e nível de
escolaridade. Essa representatividade da amostra fortalece a validade dos resultados e sua
relevância para a comunidade em estudo.

Tabela 2- Conhecimento sobre a fuga à paternidade

Está familiarizado com o termo? Sim Não Não tenho certeza


N 120 20 10
% 80% 13% 7%
Principais causas da fuga à paternidade
- Falta de responsabilidade financeira
- Falta de suporte emocional
- Outras (especificar)
N 90 40 20
% 60% 27% 13%
Fonte: (Autor, 2023).

No que diz respeito ao conhecimento sobre a fuga à paternidade, constatou-se que a


maioria dos participantes (80%) estava familiarizada com o termo. Isso sugere um nível
razoável de conscientização sobre o problema na comunidade em questão. Além disso, foram
identificadas como principais causas da fuga à paternidade a falta de responsabilidade
financeira e a falta de suporte emocional. Esses resultados estão em consonância com estudos
anteriores que destacam a importância desses factores na perpetuação da fuga à paternidade
(SILVA e OLIVEIRA, 2020).
Tabela 3- Necessidade de um gabinete de apoio psicossocial

Acredita que um gabinete seria útil? Sim Não Não tenho certeza
N 140 5 5
% 93% 3% 3%
Serviços que um gabinete deve oferecer
- Orientação e aconselhamento
- Apoio financeiro e legal
- Grupos de apoio e atividades educativas
- Outros (especificar)
N 120 60 30
% 80% 40% 20%
Fonte: (Autor, 2023).

Os resultados desta seção revelam uma clara demanda pela criação de um gabinete de
apoio psicossocial. A grande maioria (93%) dos participantes acredita que tal gabinete seria útil
para lidar com a fuga à paternidade. As respostas qualitativas também indicam que os serviços
mais desejados incluem orientação e aconselhamento (80%) e apoio financeiro e legal (40%)
(JONES, 2017). Isso destaca a importância de abordagens holísticas para lidar com os desafios
relacionados à paternidade.

Tabela 4- Barreiras e desafios

Principais barreiras enfrentadas pelos pais Sim Não Não tenho certeza
- Barreiras financeiras
- Falta de suporte familiar
- Falta de conhecimento legal
- Outras (especificar)
N 110 60 30
% 73% 40% 20%
Como superar essas barreiras
- Disponibilizar programas de assistência
- Oferecer orientação legal
- Promover conscientização comunitária
- Outras (especificar)
N 100 50 40
% 67% 33% 27%
Fonte: (Autor, 2023).

A seção de barreiras e desafios mostra que a falta de recursos financeiros (73%), suporte
familiar (40%) e conhecimento legal (27%) são as principais preocupações. Esses resultados
ressaltam as dificuldades enfrentadas pelos pais e sublinham a necessidade de programas de
assistência financeira e educacional, juntamente com a divulgação de informações legais para
abordar eficazmente essas barreiras.
Tabela 5- Conhecimento legal

QUESTÃO Opção de Resposta Percentagem


Sim Não 65%
a) Você está ciente das leis e regulamentos relacionados aos direitos
e responsabilidades dos pais no contexto angolano?
65 35 35%

b) Como você avalia o acesso das pessoas do Bairro CRC ao Bom 45%
conhecimento legal sobre a paternidade e seus direitos? Regular 30%
Ruin 25%
Fonte: (Autor, 2023).

Na questão a), observa-se que 65% dos entrevistados afirmaram estar cientes das leis
e regulamentos relacionados aos direitos e responsabilidades dos pais no contexto angolano,
enquanto 35% responderam que não estão cientes. Esses resultados sugerem que a maioria dos
indivíduos pesquisados possui algum nível de conhecimento sobre a legislação vigente.
No entanto, quando questionados sobre o acesso das pessoas do Bairro CRC ao
conhecimento legal sobre a paternidade e seus direitos (questão b), os resultados mostram uma
avaliação mais diversificada. Aproximadamente 45% dos entrevistados consideraram o acesso
ao conhecimento legal como bom, indicando que uma parcela significativa da comunidade tem
acesso a informações sobre seus direitos e responsabilidades paternas. No entanto, 30%
classificaram o acesso como regular e 25% como ruim, revelando que há espaço para melhorias
no acesso à informação legal sobre a paternidade.
Esses resultados corroboram com as evidências encontradas na literatura. Segundo
(SILVA e OLIVEIRA, 2020), "a falta de conhecimento legal é um dos principais desafios
enfrentados pelos pais na busca por seus direitos e no cumprimento de suas responsabilidades"
(p. 205). Além disso, (CHUKWUEMEKA, 2018) destacam a importância do acesso à
informação legal para promover a conscientização e a adoção de comportamentos paternos
responsáveis.
Portanto, os resultados indicam a necessidade de ações para fortalecer o acesso das
pessoas do Bairro CRC ao conhecimento legal sobre a paternidade e seus direitos. Estractégias
como campanhas de conscientização, workshops educativos e parcerias com instituições legais
podem ser implementadas para promover a disseminação de informações jurídicas relevantes e
empoderar os pais na comunidade.
Tabela 6- Participação comunitária

Acredita que a comunidade deve participar? Sim Não Não tenho certeza
N 130 10 10
% 87% 7% 7%
Formas de envolver a comunidade
- Realização de palestras e workshops
- Criação de grupos de apoio
- Parcerias com instituições locais
- Outras (especificar)
N 100 40 10
% 67% 27% 7%
Fonte: (Autor, 2023).

Em relação à participação comunitária, a maioria dos participantes (87%) acreditava que


a comunidade deveria se envolver no gabinete de apoio psicossocial. Dentre as formas de
envolvimento sugeridas, destacaram-se a realização de palestras e workshops, a criação de
grupos de apoio e parcerias com instituições locais. Essas sugestões demonstram a importância
de envolver a comunidade como um todo no processo de enfrentamento da fuga à paternidade,
fortalecendo a integração e a colaboração entre os diversos actores sociais envolvidos
(MONTEIRO e PEREIRA, 2018).

Tabela 7- Expectativas do gabinete de apoio psicossocial

Resultados esperados com o gabinete de apoio Sim Não Não tenho certeza
- Maior responsabilidade paterna
- Melhor suporte emocional para as famílias
- Melhor acesso a recursos e serviços
- Outros (especificar)
N 120 20 10
% 80% 13% 7%
Fonte: (Autor, 2023).

Por fim, as expectativas em relação ao gabinete de apoio psicossocial incluíam a


promoção de uma maior responsabilidade paterna, um melhor suporte emocional para as
famílias e um melhor acesso a recursos e serviços. Esses resultados destacam a importância de
abordar não apenas os aspectos práticos e legais da fuga à paternidade, mas também as
dimensões emocionais e relacionais envolvidas. Essa abordagem holística é fundamental para
promover mudanças significativas na vida dos envolvidos (FERNANDES, 2020).
Desta feita, a análise qualitativa dos resultados revelou uma conscientização
significativa sobre a fuga à paternidade, bem como uma demanda clara por um gabinete de
apoio psicossocial no Bairro CRC. As percepções e opiniões dos participantes forneceram uma
base sólida para o desenvolvimento de estractégias de intervenção e políticas públicas voltadas
para a minimização da fuga à paternidade e o fortalecimento das relações familiares.
5 PROPOSTA DE SOLUÇÕES

Com base nos resultados obtidos na pesquisa, bem como nas discussões anteriores,
apresentamos a seguir uma proposta de soluções para enfrentar a problemática da fuga à
paternidade no Bairro CRC, Município da Caála, Província do Huambo:

Criação do Gabinete de Apoio Psicossocial

Propomos a criação de um gabinete de apoio psicossocial, como uma estrutura


institucional voltada para oferecer suporte emocional, orientação, aconselhamento e
encaminhamento de recursos para as famílias afectadas pela fuga à paternidade. Esse gabinete
deve ser composto por profissionais qualificados, como psicólogos, assistentes sociais e
advogados, que possam atender às demandas específicas das famílias.

Sensibilização e Conscientização

É fundamental promover campanhas de sensibilização e conscientização sobre a


importância da paternidade responsável e os impactos negativos da fuga à paternidade. Essas
campanhas devem ser direcionadas à comunidade em geral, incluindo pais, mães, adolescentes,
educadores e profissionais de saúde. A parceria com instituições locais, escolas e organizações
comunitárias pode fortalecer essas ações de sensibilização.

Programas de Educação e Capacitação

Propomos o desenvolvimento de programas de educação e capacitação voltados para


os pais, visando fornecer informações sobre direitos e deveres parentais, habilidades de
comunicação, resolução de conflitos e gestão financeira. Esses programas podem ser realizados
por meio de oficinas, palestras e grupos de apoio, proporcionando um espaço seguro para
compartilhar experiências e aprendizados.

Parcerias Interinstitucionais

Recomendamos a criação de parcerias com instituições locais, como escolas, centros


de saúde, organizações não governamentais e órgãos governamentais. Essas parcerias podem
ampliar o alcance do gabinete de apoio psicossocial, facilitando o acesso a recursos, serviços e
informações relevantes para as famílias. Além disso, a colaboração entre diferentes actores
sociais pode fortalecer as acções de prevenção e intervenção.
Acesso a Recursos e Serviços

É essencial garantir o acesso das famílias afectadas pela fuga à paternidade a recursos
e serviços essenciais, como assistência jurídica, suporte financeiro, atendimento médico e
psicológico. Isso pode ser viabilizado por meio da articulação com instituições que oferecem
esses serviços, bem como a busca por parcerias e convênios que facilitem o acesso gratuito ou
subsidiado.
Essas propostas de soluções têm como objectivo abordar os diferentes aspectos da
problemática da fuga à paternidade, visando oferecer suporte, orientação e recursos para as
famílias envolvidas.
A implementação dessas medidas requer o envolvimento e o comprometimento de
diversos actores sociais, incluindo órgãos governamentais, instituições locais, profissionais da
área de saúde e educação, além da própria comunidade.
Acções integradas e sustentáveis podem contribuir significativamente para a
minimização da fuga à paternidade e para o fortalecimento das relações familiares na
comunidade do Bairro CRC.

ORÇAMENTO DA PROPOSTA

A seguir, apresento um orçamento tabelado em Kwanza para a implementação das


soluções propostas no gabinete de apoio psicossocial:
Descrição Custo Unitário Quantidade Total
(Kwanza) (Kwanza)
Contratação de Psicólogos 400.000 2 800.000
Contratação de Assistentes Sociais 350.000 2 700.000
Contratação de Advogados 450.000 1 450.000
Campanhas de Sensibilização 200.000 3 600.000
Programas de Educação e Capacitação 300.000 4 1.200.000
Parcerias Interinstitucionais 100.000 2 200.000
Acesso a Recursos e Serviços 400.000 3 1.200.000
Infraestrutura (aluguel e reformas) 500.000 1 500.000
Equipamentos e Mobiliário 350.000 1 350.000
Material de Divulgação 50.000 1 50.000
Manutenção e Despesas Gerais 100.000 1 100.000
TOTAL 5.950.000

Essa tabela apresenta uma estimativa de custos para a criação e manutenção do gabinete
de apoio psicossocial. Os valores consideram os custos de contratação de profissionais
especializados, realização de campanhas de sensibilização, programas de educação e
capacitação, parcerias interinstitucionais, acesso a recursos e serviços, infraestrutura,
equipamentos, material de divulgação e despesas gerais.
É importante lembrar que esses valores são apenas estimativas e podem variar
dependendo de factores como a disponibilidade de profissionais qualificados na região, o preço
do aluguel e das reformas, o custo dos equipamentos e a abrangência das campanhas de
sensibilização.
Recomenda-se realizar um estudo mais aprofundado dos custos e buscar parcerias com
instituições governamentais e organizações da sociedade civil para garantir o financiamento
adequado do gabinete de apoio psicossocial.

CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO

O cronograma de implementação é uma ferramenta essencial para planear e


acompanhar o progresso do projeto ao longo do tempo. A seguir, é apresentado um Cronograma
para a implementação do Gabinete Psicopedagógico no Município da Caála, Huambo, em
Angola. O cronograma está dividido em meses e inclui as principais etapas do projeto:

Tabela 8: Cronograma de Implementação

Etapas Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1. Planejamento do X
Projeto
2. Levantamento de X X X
Recursos
3. Formação e X X X
Capacitação
4. Preparação do X X X
Espaço Físico
5. Aquisição de X X
Equipamentos
6. Sensibilização da X X X
Comunidade
7. Implementação das X X X X X
Intervenções
8. Monitoramento e X X X X
Avaliação
9. Relatório e Análise X
dos Resultados
10. Divulgação dos X
Resultados
Fonte: (Autor, 2023)

É importante lembrar que o cronograma pode ser ajustado ao longo do projeto


conforme necessário, levando em consideração possíveis imprevistos ou mudanças nas
circunstâncias. Além disso, a efetivação do cronograma dependerá da disponibilidade de
recursos, apoio da comunidade e comprometimento dos envolvidos na implementação do
gabinete psicopedagógico.
6 CONCLUSÃO

Em conclusão, a criação de um gabinete de apoio psicossocial no Bairro CRC, no


Município da Caála, Província do Huambo, surge como uma importante iniciativa para
enfrentar o problema da fuga à paternidade na comunidade. Através da análise das causas e
consequências desse fenômeno, identificamos pressões sociais e culturais, relações conflituosas
ou instáveis, barreiras financeiras e econômicas, falta de conhecimento legal e acesso a recursos
como principais factores contribuintes.
Ao compreender a magnitude dessas questões, propomos a implementação de soluções
que visam minimizar a fuga à paternidade, como a contratação de profissionais especializados,
campanhas de sensibilização, programas de educação e capacitação, parcerias
interinstitucionais, acesso a recursos e serviços, além de infraestrutura adequada.
Através da metodologia de pesquisa proposta, pudemos identificar a percepção da
comunidade em relação ao conhecimento legal sobre a paternidade. Os resultados revelaram
que, embora a maioria dos entrevistados esteja ciente das leis e regulamentos relacionados aos
direitos e responsabilidades dos pais, o acesso ao conhecimento legal ainda apresenta desafios
significativos.
Diante desses resultados, é fundamental fortalecer o acesso à informação jurídica, por
meio de estratégias como campanhas de conscientização e parcerias com instituições legais.
Além disso, é crucial investir em acções que promovam a sensibilização e a educação da
comunidade, visando a mudança de actitudes e comportamentos em relação à paternidade.
A implementação do gabinete de apoio psicossocial, aliada às soluções propostas, tem
o potencial de proporcionar suporte psicossocial adequado aos pais, promover a conscientização
sobre os direitos e responsabilidades paternas, e reduzir a fuga à paternidade no Bairro CRC.
Espera-se que esse projeto contribua para o fortalecimento das relações familiares e o bem-estar
das crianças, impactando positivamente toda a comunidade.
É importante ressaltar que este estudo tem suas limitações, como o tamanho da amostra
e a especificidade do contexto abordado. Portanto, sugere-se a realização de pesquisas
complementares e a continuidade do monitoramento e avaliação das acções implementadas,
visando o aprimoramento constante do gabinete de apoio psicossocial e o alcance de resultados
efetivos no combate à fuga à paternidade.
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SMITH. Promoting Resilience among Single Mothers: The Role of Social Support and
Psychological Well-being. Journal of Family Issues, v. 41, p. 920-942, 2020.
SMITH, A. Valores Sociais e Paternidade: Um Estudo sobre as Mudanças nos Padrões
Familiares. Revista de Sociologia Familiar, v. 20, p. 70-85, 2010.
WHITE, B. Paternidade Responsável e Fuga à Paternidade: Impactos e Consequências.
Psicologia e Sociedade. 2. ed. [S.l.]: [s.n.], v. 30, 2018. 90-105 p.
APÊNDICE – QUESTIONÁRIO

DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM PSICOLOGIA


CURSO DE LICENCIATURA EM PSICOLOGIA

QUESTIONÁRIO

Prezado(a) Sr.(a),
O objectivo deste questionário é coletar informações importantes sobre a fuga à paternidade e a criação
de um gabinete de apoio psicossocial no Bairro CRC, Município da Caála, Província do Huambo, em Angola.
Suas respostas serão tratadas com confidencialidade e utilizadas exclusivamente para fins de pesquisa acadêmica.
Não há respostas certas ou erradas, pedimos apenas que compartilhe sua opinião e experiência da maneira mais
honesta possível.O Inquérito é anónimo.
Agradece-se toda a colaboração prestada!
BENJAMIM BACASSI BALATO

1- Informações Demográficas:

a) Idade: [ ]
b) Gênero: [ ]
c) Estado Civil: [ ]
d) Nível de escolaridade: [ ]

2- Conhecimento sobre a fuga à paternidade:

Sim Não Não tenho certeza


Está familiarizado com o termo?
Principais causas da fuga à paternidade
- Falta de responsabilidade financeira
- Falta de suporte emocional
- Outras (especificar)

3- Necessidade de um gabinete de apoio psicossocial:

Sim Não Não tenho certeza


Acredita que um gabinete seria útil?
Serviços que um gabinete deve oferecer
- Orientação e aconselhamento
- Apoio financeiro e legal
- Grupos de apoio e atividades educativas
- Outros (especificar)
4- Barreiras e desafios:

Sim Não Não tenho certeza


Principais barreiras enfrentadas pelos pais
- Barreiras financeiras
- Falta de suporte familiar
- Falta de conhecimento legal
- Outras (especificar)
Como superar essas barreiras?
- Disponibilizar programas de assistência
- Oferecer orientação legal
- Promover conscientização comunitária
- Outras (especificar)

5- Conhecimento legal:

QUESTÕES Opção de Resposta


Você está ciente das leis e regulamentos relacionados aos direitos e Sim Não
responsabilidades dos pais no contexto angolano?

Como você avalia o acesso das pessoas do Bairro CRC ao Bom


conhecimento legal sobre a paternidade e seus direitos? Regular
Ruin

6- Participação comunitária:

Sim Não Não tenho certeza


Acredita que a comunidade deve participar?
Formas de envolver a comunidade
- Realização de palestras e workshops
- Criação de grupos de apoio
- Parcerias com instituições locais
- Outras (especificar)

7- Expectativas do gabinete de apoio psicossocial:

Resultados esperados com o gabinete de apoio Sim Não Não tenho certeza
- Maior responsabilidade paterna
- Melhor suporte emocional para as famílias
- Melhor acesso a recursos e serviços
- Outros (especificar)

Agradeço sinceramente seu tempo e contribuição para esta pesquisa. Suas respostas são
extremamente valiosas e ajudarão a informar as medidas a serem tomadas para enfrentar esse
desafio importante no Bairro CRC!

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