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TRIBUTOS FEDERAIS
Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 24/01/2022
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
ATIVIDADE RURAL
Aspectos tributários na arboricultura - Antes e após a colheita
Roteiro
1. Introdução
2. Conceito
3. Valor Justo
4. Lucro Real
4.1. IRPJ e CSLL
4.1.1. Lucro Real Anual Antes da Colheita
4.1.2. Lucro Real Anual Após a Colheita
4.2. Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins - Regime Não Cumulativo
5. Lucro Presumido
5.1. IRPJ e CSLL
5.1.1. Lucro Presumido Antes da Colheita
5.1.2. Lucro Presumido Após a Colheita
5.2. Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins - Regime Cumulativo
6. Simples Nacional
7. Microempreendedor Individual (MEI)
1. Introdução
A presente matéria tem como objetivo discorrer sobre os aspectos tributários da atividade rural na arboricultura, utilizando como base legal a Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017, a Lei Complementar n° 123/2006, a Resolução CGSN n° 140/2018 e as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC TG).
2. Conceito
O Dicionário Online de Português conceitua arboricultura como uma cultura de árvores, especialmente ornamentais ou frutíferas.
A Resolução CFC n° 1.186/2009, que aprovou a NBC TG 29 (R2) - Ativos Biológicos, em seu item 4, dispõe de uma tabela que define o tratamento contábil
para estes itens, sendo que a árvore será ativo biológico e o fruto como produto agrícola.
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TRIBUTOS FEDERAIS
Boletim Imposto de Renda n° 02 - 2ª Quinzena. Publicado em: 24/01/2022
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Algumas plantas, por exemplo, arbustos de chá, videiras, palmeira de dendê e seringueira, geralmente atendem à definição de planta portadora e
estão dentro do alcance da NBC TG 27 (R4) - Ativo Imobilizado. No entanto, o produto de planta portadora, por exemplo, folhas de chá, uvas, óleo
de palma e látex, estão dentro do alcance da NBC TG 29 (R2).
Sobre essa temática, indica-se a leitura da matéria: ATIVO BIOLÓGICO E PRODUTO AGRÍCOLA - Considerações Gerais (Boletim Imposto de Renda n°
19/2017).
Se tratando de ativo biológico, a NBC TG 29 (R2), em seu item 12, traz que o ativo biológico deve ser mensurado ao valor justo menos as despesas de venda
no momento do reconhecimento inicial e ao final de cada período de competência, exceto, nos casos onde o valor justo não pode ser mensurado
confiavelmente.
3. Valor Justo
Segundo a NBC TG 29 (R2), item 8, valor justo é o preço que vem a ser recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo
em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.
Da mesma forma que a NBC TG 29 (R2), a NBC TG 16 (R2) - Estoques, item 6, conceitua valor justo como preço que seria recebido pela venda de um ativo ou
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.
E para José Carlos MARION, na obra Contabilidade Rural: Agrícola, Pecuária e Imposto de Renda (15 Edição - São Paulo: Atlas, 2020, pg. 38), valor justo é o
valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a
ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória.
2) não havendo valor de mercado de um produto, recomenda-se fazer uma análise de transações recentes ocorridas e assim, determinar o valor do bem;
3) não sendo possíveis as alternativas 1 e 2, pode-se utilizar uma base de um produto similar.
Sobre os aspectos tributários é importante ser considerado o impacto do valor justo antes da colheita e após a colheita do produto agrícola na arboricultura.
4. Lucro Real
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão determinar o lucro através de balanço anual, levantado no dia 31 de dezembro ou através de
balancetes trimestrais. (Lei n° 9.430/96, artigo 1°)
Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões e compensações descritas ou autorizadas pela legislação do imposto
sobre a renda, conforme artigo 6° do Decreto-Lei n° 1.598/77. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 61)
O lucro líquido do período é a soma algébrica de lucro operacional, dos resultados não operacionais, do saldo da conta de correção monetária e das
participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial.
Atendidos os requisitos contábeis para reconhecimento do item como ativo biológico e sendo o item mensurado ao valor justo, deverão observar as
disposições a seguir para que os valores não sejam adicionados ao lucro real.
Os §§ 2° e 3° do artigo 98 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, dispõem que o ganho decorrente do valor justo será excluído do lucro líquido na
determinação do lucro real no período em que reconhecido como receita e será tributado quando da realização do ativo, ou seja, alienação, depreciação,
amortização, exaustão ou baixa.
Isso não significa que o ganho ou a perda nunca serão computados no lucro real. Ao contrário, tanto o ganho como a perda (se dedutível), será computado
na determinação do lucro real. No caso em questão, quando ocorrer a venda efetiva do produto de acordo com o artigo 13, § 1° da Lei n° 12.973/2014.
Caso o valor da baixa decorrente da venda do estoque seja dedutível, o valor da subconta de avaliação a valor justo deverá ser adicionado ao lucro líquido.
Considerando que o valor do estoque seja indedutível, além do valor da subconta, deverá ser adicionado o valor também do estoque. (Instrução Normativa
RFB n° 1.700/2017, artigo 102)
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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
A pessoa jurídica que realizar atividades diversificadas, devem segregar contabilmente as receitas, custos e despesas da atividade rural em relação às
demais atividades. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 254)
O lucro real será tributado na alíquota de 15% para o IRPJ, sujeito ao adicional de 10% do IRPJ para a parcela que exceder o valor de R$ 20.000,00 pelo
número de meses do respectivo período de apuração e a CSLL na alíquota de 9%. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigos 29 e 30)
Neste caso, tratando apenas do lucro real anual, o mesmo, deverá ser ajustado, considerando que o valor justo deve ser excluído do lucro líquido na
determinação do lucro real no período em que ocorrer a venda efetiva do produto agrícola. Como não houve a realização da receita, não haverá tributação
conforme demonstrado abaixo:
(-) Exclusão do valor justo pela venda ainda não realizada (R$ 200.000,00)
Observe que no momento da venda, o valor justo é baixado, reconhecido neste momento o custo do produto agrícola, conforme demonstrado abaixo:
Considerando os dados que constam no quadro acima, na condição tributada na forma do lucro real anual, haverá a seguinte apuração:
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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
IRPJ R$ 23.000,00
CSLL R$ 9.000,00
Total R$ 32.000,00
Adicionalmente, para mais esclarecimentos quanto a apuração do lucro real trimestral e anual, indica-se a leitura das seguintes matérias:
- APURAÇÃO NO LUCRO REAL TRIMESTRAL - Aspectos Gerais e Tributários (Boletim Imposto de Renda n° 24/2019)
- APURAÇÃO ANUAL - Apuração na Estimativa, Balancete de Redução/Suspensão (Boletim Imposto de Renda n° 16/2018)
Para produto agrícola vendido ou revendido no Brasil, a tributação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins será:
Na venda do produto agrícola, conforme o artigo 249 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, os produtos serão tratados como receita da atividade rural.
A receita bruta da atividade rural compreende: (Instrução Normativa n° 1.700/2017, artigos 26, 251 e 252)
e) os valores recebidos de órgãos públicos, tais como auxílios, subvenções, subsídios, aquisições do governo federal (AGF) e as indenizações recebidas do
programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);
f) o valor da entrega de produtos agrícolas pela permuta com outros bens ou pela dação em pagamento; e
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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
g) as sobras liquidas da destinação para constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social das cooperativas.
De acordo com o artigo 1°, § 3°, inciso VIII da Lei n° 10.833/2003 e artigo 1°, § 3°, inciso IX da Lei n° 10.637/2002, os ganhos decorrentes da avaliação do
ativo com base no valor justo não integram a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins na modalidade não cumulativa.
Assim sendo, no que tange essas Contribuições, são utilizadas as alíquotas de 1,65% para a Contribuição para o PIS/Pasep e 7,6% para a Cofins. Entretanto,
deve-se analisar a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) do produto, se o mesmo possui algum tratamento diferenciado perante a legislação. (Lei n°
10.833/2003, artigo 2° e Lei n° 10.637/2002, artigo 2°)
Portanto, para os ativos biológicos, quando reconhecidos em subcontas, o ganho será tributado apenas na venda para fins da Contribuição para o PIS/Pasep
e da Cofins.
5. Lucro Presumido
O lucro presumido é o resultado sobre a receita bruta por meio da aplicação das alíquotas de presunção. Tais alíquotas são estabelecidas em legislação
segundo o objeto social da empresa. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 215)
Assim, será aplicado as alíquotas sobre a receita bruta, auferida no período de apuração trimestral.
b) quando inicialmente reconhecido em conta de patrimônio líquido e após reclassificado para conta de receita.
Desta forma, os valores decorrentes de avaliação a valor justo não serão adicionados à base presumida, para cálculo do IRPJ e da CSLL, sendo tributados
somente o valor decorrente da receita bruta da atividade rural, mediante aplicação do percentual de presunção de 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL,
deduzidas as vendas canceladas, devoluções de vendas e descontos incondicionais concedidos, estes relacionados à atividade rural. (Instrução Normativa
RFB n° 1.700/2017, artigo 258, § 1°)
Sobre o resultado presumido será aplicada a alíquota de 15% para o IRPJ, sujeito ao adicional de 10% do IRPJ para a parcela que exceder o valor de R$
20.000,00 pelo número de meses do respectivo período de apuração e a CSLL na alíquota de 9%. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigos 29, 30, 221
e 222)
Presunção do IRPJ 8%
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Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.
Assim, é um regime onde o importador, fabricante, distribuidor e o varejista tributam sobre a receita auferida no momento da venda do mesmo produto, até o
consumido final. O mesmo ocorre com os serviços prestados, fazendo que seja cumulativo sobre todos.
No que tange as essas Contribuições são utilizadas as alíquotas de 0,65% para a Contribuição para o PIS/Pasep e 3% para a Cofins, entretanto, deve-se
analisar a NCM do produto, se o mesmo possui algum tratamento diferenciado perante a legislação. (Lei n° 9.715/98, artigo 8°, inciso I e Lei n° 9.718/98,
artigo 8°)
Segue abaixo exemplo na venda de um produto, onde é gerado receita bruta no mês de R$ 500.000,00:
Regime Cumulativo
Cofins 3% R$ 6.000,00
PIS/Pasep R$ 1.300,00
Cofins R$ 6.000,00
Isto posto, fica evidenciado no quadro acima o acúmulo das Contribuições, não sendo possível utilização de créditos.
Da mesma forma como no regime não cumulativo, os ativos biológicos quando reconhecidos em subcontas, o ganho será tributado apenas na venda para
fins da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e não sobre o valor justo apurado.
6. Simples Nacional
Para as empresas do Simples Nacional, a tributação ocorre pela receita bruta de acordo com o critério de reconhecimento das receitas, ou seja, caixa ou
competência. (Resolução CGSN n° 140/2018, artigo 16)
Assim, a receita bruta é definida como o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado
nas operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. (Lei Complementar n° 123/2006, artigo 3°, caput
e § 1° e Resolução CGSN n° 140/2018, artigo 2°, inciso II)
Desta forma, o ajuste decorrente de avaliação a valor justo dos ativos biológicos não será tributado no Simples Nacional, tributado somente os valores
decorrentes da venda dos produtos agrícolas segundo os anexos de enquadramento do Simples Nacional.
Por fim, cabe ressaltar que de acordo com o Anexo XI, não se encontram listadas as atividades de cultivo, somente sendo permitido o serviço de preparação
de terreno, cultivo e colheita de forma independente.
Para mais esclarecimentos sobre a tributação na venda da produção agrícola, sugere-se a leitura da matéria: MEI RURAL - Considerações Gerais (Boletim
Imposto de Renda n° 14/2019).
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