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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO - CEUNES


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIA
ENGENHARIA QUÍMICA

LÉO D’ÁVILA BISI GUIMARÃES

RELATÓRIO – DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLAR DE UM GÁS

SÃO MATEUS - ES
2022
LÉO D’ÁVILA BISI GUIMARÃES

RELATÓRIO – DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLAR DE UM GÁS

Relatório apresentado a Universidade


Federal do Espírito Santo como parte das
exigências para obtenção de nota para a
disciplina de Química Geral experimental
DCN 10822, ministrada pela Profª. Vivian
Chagas.

SÃO MATEUS - ES
2022
RESUMO
No presente relatório tem-se por objetivo a determinação da massa molar do gás
butano, presente nos isqueiros, através de cálculos usando a Lei dos Gases Ideais
que foi obtida através da diferença de massa do isqueiro após a liberação do gás em
uma proveta submersa em uma bacia, observando o deslocamento da coluna de água
com a entrada do gás. Primeiramente foi introduzido a parte teórica do experimento e
em seguida apresentado os métodos utilizados em laboratório e os cálculos da massa
molar do gás presente no isqueiro. Também foi debatido os erros que causaram a
diferença entre o valor teórico do gás butano, 58,12 g/mol, e o valor experimental
obtido, 77,97 g/mol e por fim conclui-se a necessidade de se conhecer e ter confiança
no objeto de estudo.

1. Introdução
Nos estudos dos gases é normal se deparar com os termos “gás real” e “gás ideal” e
a relação desses termos com as Leis dos Gases que, segundo Peter Atkins (2006),
relaciona, particularmente, a variação da pressão (P) com o volume (V) a temperatura
(T) definindo as propriedades desses gases. As primeiras medidas confiáveis das
propriedades dos gases foram feitas por Robert Boyle, que estudou a relação do
volume com a pressão.
A Lei de Boyle diz que “[...] para uma quantidade fixa de gás em temperatura
constante, o volume é inversamente proporcional à pressão” (ATKINS, 2006, p. 240),
podendo expressar essa relação como:
1
𝑉𝑉 ∝
𝑃𝑃
Podendo ser reescrita, sendo K uma constante, como:
𝐾𝐾
𝑉𝑉 = 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑃𝑃1 ∗ 𝑉𝑉1 = 𝑃𝑃2 ∗ 𝑉𝑉2
𝑃𝑃
Um século e meio depois Jacques Charles e Gay-Lussac descobriram como a
temperatura de um gás afeta sua pressão, volume e densidade, sendo criada a Lei de
Charles, que afirma que “[...] o volume de uma quantidade fixa de gás sob pressão
constante varia linearmente com a temperatura” (ATKINS, 2006, p. 240). Podendo
expressar essa relação com a expressão:
𝑉𝑉1 𝑉𝑉2
𝑉𝑉 ∝ 𝑇𝑇 𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑉𝑉 = 𝐾𝐾 ∗ 𝑇𝑇 𝑜𝑜𝑜𝑜 =
𝑇𝑇1 𝑇𝑇2
Uma terceira contribuição para o entendimento dos gases foi dada por Amedeo
Avogadro, onde seus resultados experimentais mostraram que, segundo Peter Atkins
(2006), em condições de temperatura e pressão constantes, o volume ocupado por
um mol de moléculas de um gás é o mesmo, independentemente de sua identidade
química. Sendo conhecida hoje como Princípio de Avogadro. Podendo afirmar que o
volume ocupado por uma amostra de gás sob pressão e temperatura constantes é
diretamente proporcional ao número de mols (n).
Podendo expressar essa relação, sendo o volume molar (𝑉𝑉𝑚𝑚 ) a constante da
expressão:

𝑉𝑉 ∝ 𝑛𝑛 𝑜𝑜𝑜𝑜

𝑉𝑉
𝑉𝑉 = 𝐾𝐾 ∗ 𝑛𝑛 → 𝑉𝑉 = 𝑉𝑉𝑚𝑚 ∗ 𝑛𝑛 → 𝑉𝑉𝑚𝑚 =
𝑛𝑛
Portanto, com essas duas Leis e o Princípio de Avogadro chegamos na Lei dos Gases
Ideais, combinando-as em uma só expressão.
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝐾𝐾 ∗ 𝑛𝑛𝑇𝑇
Caso n e T sejam constantes, tem-se a lei de Boyle. Se a pressão e a quantidade de
gás são constantes, tem-se a lei de Charles. Se a pressão e a temperatura forem
constantes, tem-se o Princípio de Avogadro. Quando chamamos a constante K de R
temos a Lei dos Gases Ideais, sendo R a constante de proporcionalidade dos gases.
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛
Com este embasamento teórico o atual objetivo do trabalho é determinar a massa
molar de um gás através da Lei dos Gases Ideais e da diferença de massa de um
isqueiro utilizado para borbulhar gás em uma proveta submersa em uma bacia d’água
e para observar a ebulição da água com temperatura constante e pressão variada.

2. Materiais
- Balança analítica;
- Termômetro;
- Bacia;
- Seringa;
- Tubo de borracha;
- Isqueiro;
- Proveta 100 mL;
- Mangueira;
- Becker;
- Chapa elétrica;

3. Métodos

3.1. Determinação da massa molar de um gás


Primeiramente pesou-se o isqueiro na balança analítica. Logo após, foi invertida uma
proveta de 100 mL em uma bacia, preenchendo-a completamente com água, com
cuidado para que não houvesse bolhas no seu interior. Em seguida mediu-se a
temperatura da água e colocou-se uma das extremidades da mangueira no interior da
proveta e a outra extremidade conectada ao isqueiro de gás.
A fim de termos a pressão exata a proveta foi posicionada de modo que suas
medições ficassem na altura da água da bacia, pois deste modo quando o gás é
liberado até que o nível de água dentro e fora da proveta seja o mesmo teremos a
pressão interna igual à pressão externa. Com isso, o gás foi liberado dentro da proveta
e ao alcançar o nível desejado cessou-se a liberação do gás e pesou-se novamente
o isqueiro, a fim de obter a massa de gás liberada através da diferença de massa do
isqueiro. Esse procedimento foi realizado 3 vezes.

3.2. O efeito da pressão no ponto de ebulição


Neste experimento primeiramente aqueceu-se um volume d’água em um becker até
atingir 80ºC e em seguida aqueceu-se a seringa succionando e devolvendo a água ao
becker. Logo após, succionou 10 mL da água e tampou a extremidade da seringa com
um tubo de borracha e pressionou-se essa extremidade de modo a impedir a entrada
de ar, então puxou-se o êmbolo da seringa e a água que estava somente aquecida
entrou em ebulição.

4. Resultado e Discussões
4.1. Determinação da massa molar de um gás
Durante os experimentos foram obtidos os seguintes resultados:

Tabela 1. Resultados dos experimentos


Massa Massa Massa do Temperatura Volume do Pressão da
incial (g) final (g) gás (g) (ºC) gas (L) água
(mmHg)
Execução 1 21,3070 21,0011 0,3059 26,0 0,1 25,2
Execução 2 21,0011 20,7114 0,2897 26,0 0,1 25,2
Execução 3 20,6410 20,2640 0,3270 26,0 0,1 25,2

Para a obtenção da massa molar (𝑀𝑀𝑚𝑚 ) do gás do isqueiro foi necessário substituir a
equação do número de mols na equação da Lei dos Gases Ideais, obtendo:
𝑚𝑚
𝑛𝑛 =
𝑀𝑀𝑚𝑚
Fazendo a substituição, temos:
𝑚𝑚 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 → 𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑅𝑅𝑅𝑅 → 𝑀𝑀𝑚𝑚 =
𝑀𝑀𝑚𝑚 𝑃𝑃𝑃𝑃
𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 . 𝐿𝐿
Como o Sistema Internacional (SI) da constante 𝑅𝑅 = 0,082 , precisou converter
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 .𝐾𝐾

as grandezas dos dados obtidos experimentalmente para o SI.


Portanto a temperatura foi convertida de graus Celcius (ºC) para Kelvin (K):

𝐾𝐾 = 273 + º𝐶𝐶 ∴ 𝐾𝐾1 = 𝐾𝐾2 = 𝐾𝐾3 = 299𝐾𝐾

Em seguida para obter-se o valor de pressão do gás foi necessário o uso da relação:

𝑃𝑃𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑃𝑃á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 + 𝑃𝑃𝑔𝑔á𝑠𝑠


Foi utilizado a Tabela 2 para obter a pressão da água em relação à temperatura
anotada.

Tabela 2. Variação da pressão de vapor d’água com a temperatura


Temperatura (ºC) Pressao (mmHg)

15 12,8
16 13,6
17 14,5
18 15,5
19 16,5
20 17,5
21 18,6
22 19,8
23 21,1
24 22,4
25 23,8
26 25,2
27 26,7
28 28,4
29 30,0

Sabendo que a temperatura medida na triplicata foi de 26ºC podemos escrever:

𝑃𝑃á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔1 = 𝑃𝑃á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 2 = 𝑃𝑃á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 3 = 25,2 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚

𝑃𝑃𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 760 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚

Substituindo os valores na relação temos:

𝑃𝑃𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑃𝑃á𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔 + 𝑃𝑃𝑔𝑔á𝑠𝑠 → 760 = 25,2 + 𝑃𝑃𝑔𝑔á𝑠𝑠 → 𝑃𝑃𝑔𝑔á𝑠𝑠 = 734,8𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚

Convertendo para atm, temos:

1 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎
𝑃𝑃𝑔𝑔á𝑠𝑠 = 734,8 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 � � → 𝑃𝑃𝑔𝑔á𝑠𝑠 = 0,967 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎
760𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚

Com os valores convertidos podemos substituir na equação:

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑀𝑀𝑚𝑚 =
𝑃𝑃𝑃𝑃
Na execução 1, temos:

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 0,3059 ∗ 0,082 ∗ 299


𝑀𝑀𝑚𝑚 1 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 1 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚1 = 77,56 𝑔𝑔⁄𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑃𝑃𝑃𝑃 0,967 ∗ 0,1

Na execução 2, temos:

𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 0,2897 ∗ 0,082 ∗ 299


𝑀𝑀𝑚𝑚 2 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 2 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 2 = 73,45𝑔𝑔/𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑃𝑃𝑃𝑃 0,967 ∗ 0,1

Na execução 3, temos:
𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 0,3270 ∗ 0,082 ∗ 299
𝑀𝑀𝑚𝑚 3 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 3 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 3 = 82,91𝑔𝑔/𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑃𝑃𝑃𝑃 0,967 ∗ 0,1

No final é feito a média, portanto:

𝑀𝑀𝑚𝑚 1 + 𝑀𝑀𝑚𝑚 2 + 𝑀𝑀𝑚𝑚 3 77,56 + 73,45 + 82,91


𝑀𝑀𝑚𝑚 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 = → 𝑀𝑀𝑚𝑚 = 77,97𝑔𝑔/𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
3 3

4.2. Discussão
A diferença entre o valor da massa molar do butano, gás presente no isqueiro,
encontrado experimentalmente e o teórico pode ser explicada devido a probabilidade
do vazamento não aparente de gás pela extremidade da mangueira perdendo mais
massa do que o desejado, outra explicação seria o fato da falta de precisão da vidraria.
Outros fatores que influenciaram esse erro que independem de quem executa o
experimento são a pressão exata do ambiente do procedimento e as impurezas do
gás contido no interior do isqueiro são causas de erros.
Tais exemplos podem ter influenciado o experimento, uma vez que a massa molar
conhecida do butano é 58,12 g/mol e a média da triplicata encontrada foi de
77,97g/mol.

5. Conclusão
O experimento teve como objetivo a identificação da massa molar do butano, gás
presente no isqueiro, através da diferença de massa do isqueiro antes de liberar o gás
na proveta submersa e depois que o nível da água da proveta se igualou ao nível da
água da bacia, tendo um resultado não tão satisfatório, isso ocorreu por conta de erros
experimentais inerentes à prática, como a impureza do gás do isqueiro ou a falta de
precisão de alguns dados. Portanto conclui-se que mesmo com os resultados teóricos
em mão e equipamentos adequados a incerteza sobre com o que estamos
trabalhando pode levar a erros, pois mesmo sabendo que a massa molar do butano é
58,12 g/mol a massa molar do conteúdo do isqueiro difere desse resultado, então
enquanto mais confiável for o conteúdo estudado melhores os resultados obtidos.
6. Bibliografia
ATKINS, Peter; JONES, Loretta; LAVERMAN, Leroy. Princípios de química:
questionando a vida moderna e o meio ambiente. Grupo A, 2006.

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