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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE

MINAS GERAIS - CAMPUS POUSO ALEGRE - CURSO DE GRADUAÇÃO DE


BACHARELADO EM ENGENHARIA QUÍMICA

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA II

ERICK LARA DE ALMEIDA


MARIA EDUARDA SANTANA HERVAZ
THAYNARA ELYZA MARTINS BORGES
VINICIUS DE MELLO FRANCO

PRÁTICA 9 - EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO DE SUBSTÂNCIAS PURAS EM


CÉLULA DE ALTA PRESSÃO

POUSO ALEGRE
2023
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1. INTRODUÇÃO

O equilíbrio líquido/vapor é definido como o estado em que duas fases de uma


determinada substância coexistem. Em um sistema fechado, em que se tem o contato entre as
duas fases, após um certo tempo não se observam mudanças (visíveis) entre as fases, já que a
transferência de massa entre elas não é mais percebida. Este é o estado de equilíbrio, em que a
taxa de transferência de massa do líquido para o vapor e do vapor para o líquido são iguais, a
mesma quantidade de matéria que sai da fase de vapor e passa para o líquido é transferida da
fase líquida para o vapor (VAN NESS, 2007).

A pressão de vapor é definida então como a pressão exercida pela fase vapor de uma
substância quando as fases líquida e vapor coexistem. A pressão de vapor depende de
propriedades como temperatura e volatilidade, quanto maior a temperatura maior a
transferência de massa de uma fase para a outra, o mesmo ocorre com a volatilidade, quanto
mais volátil a substância, maior é a facilidade das moléculas mudarem para o estado de vapor,
resultado em uma maior pressão de vapor.

No momento em que a pressão de vapor se iguala à pressão ambiente se inicia a


evaporação da substância, substâncias voláteis apresentam uma elevada pressão de vapor em
temperaturas ambiente, evaporando com maior facilidade. Para diferentes temperaturas há a
mudança da pressão de vapor, conforme a temperatura aumenta a pressão de vapor tende a
aumentar também.

Nesta presente prática foi feito então o estudo da pressão de vapor da água destilada
submetida à uma célula de alta pressão, o experimento se baseia no estudo da relação entre a
pressão e a temperatura no equilíbrio termodinâmico para a água, além de analisar o estado
físico da mesma em altas pressões, conforme a variação da temperatura.
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2. METODOLOGIA

2.1. Procedimento Experimental

No procedimento experimental, uma célula de equilíbrio de inox com volume nominal


de 250 ml foi utilizada. Inicialmente esta célula foi preenchida com 150 mL de água destilada.
Com as três válvulas da célula abertas, o volume de água foi inserido com uma seringa/agulha
através da biqueira de uma das válvulas V2 ou V3. Em seguida, as válvulas de fundo V2 e V3
foram fechadas, e a válvula de topo V1 foi aberta. O êmbolo foi baixado até encostar na
superfície do líquido, expulsando todo o ar do interior da célula. Isso foi observado quando uma
pequena fração de líquido sair pela biqueira da válvula V1. A célula foi colocada em um banho
termostático com agitação magnética, e todas as três válvulas foram fechadas. A temperatura
ambiente inicial foi medida para uma pressão de 5 bar, obtida com o auxílio do êmbolo. A
temperatura do banho/sistema de aquecimento foi ajustada para atingir 40 ºC, e, no equilíbrio
térmico, a pressão resultante foi medida e anotada. O procedimento foi repetido, aumentando a
temperatura de 10 em 10 ºC até atingir 70 ºC. Em cada equilíbrio térmico, a pressão resultante
foi medida e registrada. Finalmente, a água destilada foi retirada da célula, encerrando o
experimento.

2.2. Cálculo da Pressão da Célula

Para determinar a pressão absoluta incialmente é necessário realizar o cálculo da pressão


local. Este foi realizado para a cidade de Pouso Alegre (MG) a partir da expressão diferencial
contida na Equação 1.

𝑑𝑃 (1)
= – 𝜌𝑔
𝑑𝑧

Onde:
𝑔 – Gravidade (9,80665 m/s2);
𝜌 – Densidade (kg/m3);
P – Pressão (Pa);
z – Altura (m);
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Sabendo que a densidade é dada pela razão entre a massa e o volume, onde a combinação
desta com a equação dos gases ideais (Equação 2) resultará em uma nova expressão para a
densidade, representada na Equação 3:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 (2)

Onde:
𝑛 – Número de mols;
R – Constante dos gases ideais (8,314 J.mol-1.K-1);
T – Temperatura (298,15 K);

𝑚 𝑃𝑀𝑀 𝑃𝑀𝑀 (3)


= ⇒𝜌=
𝑉 𝑅𝑇 𝑅𝑇

Substituindo a Equação (3) na Equação (1), temos que:

𝑑𝑃 𝑔𝑀𝑀 (4)
=– 𝑑𝑧
𝑃 𝑅𝑇

Integrando de z = z0, na qual P = P0, até z = z1, na qual P = P1, temos que:

𝑔𝑀𝑀 (5)
𝑃𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝑃0 𝑒𝑥𝑝 [– (𝑧1 − 𝑧0 )]
𝑅𝑇

Onde:
𝑃0 - Pressão de referência (Pa);
𝑃𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 - Pressão local (Pa);
𝑧0 - Altitude referência (m);
𝑧1 – Altitude local (m).

Após encontrar a Pressão absoluta local é possível determinar a pressão do líquido no


interior da célula. Para isso, foi necessário utilizar a Equação (6) que relaciona a pressão obtida
com o auxílio do êmbolo com a pressão da célula.
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𝑃𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 = 𝛥𝑃+𝑃1 (6)

Onde:
𝑃𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 – Pressão da célula (Pa);
𝛥𝑃 – Pressão manométrica.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foi realizada a leitura do manômetro para cada uma das temperaturas, na Tabela 1 a
seguir estão apresentados os dados coletados.

Tabela 1 - Dados da água


Temperatura (°C) ΔP (bar)

40 5,6

45 6

50 6,6

55 7,15

60 7,6

65 8,4

70 9,05
Fonte: Elaborado pelos autores.

Foi necessário realizar primeiramente o cálculo da pressão local, uma vez que a pressão
de vapor para os dados experimentais é calculada pelo ΔP somado à pressão local, conforme
apresentado na Equação (6). Para se calcular a pressão local (𝑃𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 ) foi feito o uso da Equação
(5), foi considerada uma pressão de referência igual a 101325 Pascal, referente ao nível do mar,
e temperatura ambiente adotada como 25 °C. Na tabela 2 estão apresentadas as demais variáveis
necessárias para realização do cálculo da pressão local.

Tabela 2 - Variáveis utilizadas para o cálculo da pressão local


Preferência (Pa) 101325
Massa Molar do Ar (kg/mol) 0,02896
Gravidade (m/s2) 9,8065
Constante dos Gases (m3 Pa / K mol) 8,3145
Altitude de Pouso Alegre (m) 832
Temperatura (K) 298,15
Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir dos valores apresentados na tabela anterior foi obtida uma pressão local de
92113,1173 Pascal, possibilitando então o cálculo dos valores experimentais da pressão de
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vapor da água, apresentadas na Tabela 3. Para uma melhor visualização dos dados encontrados,
foi plotado um gráfico de pressão absoluta pela temperatura, conforme apresentado no Gráfico
1.

Tabela 3 – Dados experimentais da pressão de vapor


Temperatura (°C) Pvapor (kPa)
40 652,11312
45 692,11312
50 752,11312
55 807,11312
60 852,11312
65 932,11312
70 997,11312
Fonte: Elaborado pelos autores.

Gráfico 1 – Pressão de vapor pela temperatura para a água

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Pressão manométrica (bar)

8
7
6
5
4
3
2
1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)

Fonte: Elaborado pelos autores.

Analisando o estado físico da água para os resultados encontrados experimentalmente,


pode-se afirmar que em todos os pontos obtidos no experimento a água se encontra no estado
líquido, afirmação essa feita através do diagrama de fases da água (Figura 1), já que as
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temperaturas no decorrer do experimento variaram de 40 a 70 graus celsius e as pressões na


faixa de 6 a 10 atm.

Figura 1 – Diagrama de fases da água.

Fonte: SÓ QUÍMICA (2008).


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4. CONCLUSÃO

A partir dos dados experimentais obtidos foi possível construir a curva de pressão de
vapor pela temperatura para a água, avaliar o comportamento do sistema com base no diagrama
de fases da água e observar como o aumento da temperatura influencia a variação da pressão
de vapor do sistema. Isso se deve ao fato de que o aumento da temperatura provoca uma maior
agitação das moléculas, fazendo com que essas se desprendam mais facilmente, aumentando
assim a pressão de vapor.
Avaliando o comportamento do sistema, verificou-se a partir do diagrama de fases que
a água permaneceu no estado líquido em todo o decorrer do experimento, confirmando assim o
esperado, já que o experimento foi realizado em uma célula sob alta pressão, seria necessária a
aplicação de temperaturas bem mais elevadas para que houvesse mudança de estado físico da
água.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAGRAMA DE FASES. Só Química, 2008. Disponível em:


http://www.soquimica.com.br/conteudos/em/propriedadescoligativas/p5.php. Acesso em: 29
nov. 2023.
SMITH, J.M.; VAN NESS, H.C.; ABBOTT, M.M. Introdução à Termodinâmica da
Engenharia Química. 7. Ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2007.

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