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Professor: Guinther Kellermann Horário da Aula: Quarta-feira 19h00min

Expansão de Gás
A.R. Junior
Universidade Federal do Paraná
Centro Politécnico – Jardim das Américas – 81531-980 – Curitiba – PR - Brasil
e-mail : ari.r.j94@gmail.com

Resumo. O estudo do comportamento de um gás frente a uma mudança de temperatura, pressão ou volume
é muito importante para prever as condições de um sistema durante/após algum processo físico ou
químico, estas transformações estão presentes em toda parte, seja na hora de calibrar um pneu, cozinhar
com um botijão a gás ou passear de balão. O comportamento desses gases considerados ideais obedecem
uma equação fundamental chamada Lei dos Gases Ideais onde estaremos interessados nas relações a
volume constante para a confecção de um termômetro e verificação da menor temperatura que um gás
pode adquirir.

Palavras chave: Gás ideal, volume constante, expansão e temperatura absoluta.

Introdução Para um processo a volume constante


(isobárico) temos
Robert Boyle (1627-1691) descobriu
experimentalmente que para um gás a temperatura 𝑛𝑅𝑇1 𝑛𝑅𝑇2
constante o produto da pressão pelo volume também =
é constante 𝑃1 𝑃2

𝑃𝑉 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 Lei de Boyle Simplificando obtemos a equação abaixo


conhecida como Lei de Gay-Lussac
Onde 𝑃é a pressão e 𝑉o volume do gás.
𝑃1 𝑇1
Posteriormente os franceses Jacques Charles 𝑃2
= 𝑇2
Lei de Gay-Lussac
(1746-1823) e L. J. Gay-Lussac (1778-1850)
verificaram também experimentalmente que a
Quando um gás a volume fixo é submetido a
temperatura absoluta de um gás é proporcional ao
uma variação de temperatura observa-se uma
seu volume a pressão constante, assim obtemos que
mudança na pressão, o coeficiente de expansão a
volume constante (β) é uma constante que relaciona
𝑃𝑉 = 𝐶𝑇 a pressão com a temperatura da forma

Onde 𝑇é a temperatura absoluta do gás dada 𝑃2−𝑃1 1


em Kelvin (𝐾) e 𝐶 uma constante de β= 𝑃1 ∆𝑇
(Equação
proporcionalidade.
1)
Partindo da equação acima se obteve uma
expressão que relaciona pressão, volume, Onde 𝑃1 e 𝑃2 são as pressões iniciais e finais,
temperatura e quantidade de matéria de um gás ∆𝑇 é a variação da temperatura. A unidade do β no
chamada Lei dos Gases Ideais SI é 1/K .

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 Lei dos Gases Ideais Igualando a Lei de Gay-Lussac e equação 1


temos
Onde 𝑛 é o número de mols da substância e
𝑅 é a constante universal dos gases igual a 8,314 𝑃2 𝑇𝑓
J/mol.K β∆𝑇 = 𝑃1
− 1 = 𝑇𝑖
− 1
𝑇𝑓 1 inferior do mercúrio onde o instrumento de medida é
β= (𝑇𝑓−𝑇𝑖)𝑇𝑖
− (𝑇𝑓−𝑇𝑖) uma régua graduada em milímetros fixa no suporte
do tubo em U. Ligamos novamente o aquecedor e
repetimos o processo preenchendo os dados em uma
(𝑇𝑓−𝑇𝑖)𝑇𝑓−(𝑇𝑓−𝑇𝑖)𝑇𝑖
β= tabela .
2
(𝑇𝑓−𝑇𝑖) 𝑇𝑖

1 Análise e Resultados
β= 𝑇𝑖
(Equação 2)
As medidas realizadas, instrumentos
Procedimento Experimental utilizados e respectivas incertezas foram dispostas
na tabela 1 abaixo
Foram utilizados um tubo em formato de U
(Manômetro), reservatório de gás (Balão), Dados coletado Instrumento Medida e
aquecedor, reservatório de água para banho-maria, de medida incerteza
gelo e termômetro. O equipamento foi montado
conforme a figura 1 abaixo Barômetro (692,0±0,5)
Pressão local de mercúrio 𝑚𝑚𝐻𝑔

Variação da coluna Régua


de mercúrio (∆𝐻) graduada (𝑥𝑥 ± 1) 𝑚𝑚

Temperatura local Termômetro (18,0±0,5)


𝐶º

Pressão absoluta Barômetro 𝑥𝑥 ± 2


do gás de mercúrio 𝑚𝑚
+ ∆𝐻
Figura 1
Tabela 1
Primeiramente foram medidos a pressão e a
temperatura do laboratório utilizando um barômetro Como a pressão atmosférica local
de mercúrio e um termômetro em celsius, depois preenchemos a tabela 2 relacionando a variação da
verificado se havia desnível nas colunas de mercúrio pressão com a temperatura.
do tubo em U.
𝑛𝑖 ∆𝐻 (𝑚𝑚) 𝑇(𝐶º) 𝑃 (𝑚𝑚𝐻𝑔)
Colocamos água e gelo no recipiente onde
estava o balão para baixar a temperatura do gás (Ar)
1 (0±1) (6,0±0,5) (692,0±2)
em seu interior até aproximadamente 5 Cº, então
fechamos a válvula de ligação direta com a
atmosfera, assim toda a variação da pressão dentro 2 (18±1) (14,0±0,5) (709,5±2)
do balão será visualizada na coluna de mercúrio.
3 (34±1) (23,5±0,5) (726,0±2)
Após os dados da temperatura e pressão
iniciais anotados (quando ∆𝐻 = 0) começamos a 4 (62±1) (32,5±0,5) (753,5±2)
aquecer o sistema, mexendo com um bastão de vidro
esperamos uma variação de aproximadamente 10 Cº 5 (85±1) (41,0±0,5) (776,0±2)
na temperatura então desligamos o aquecedor e
aguardamos a estabilização da coluna de mercúrio 6 (106±1) (50,0±0,5) (797,5±2)
significando que o sistema entrou em equilíbrio
térmico, anotamos os respectivos valores de (134±1) (61,0±0,5)
7 (826,0±2)
temperatura, disponível no termômetro e pressão
que será a pressão atmosférica medida anteriormente
8 (157±1) (70,0±0,5) (849,0±2)
mais a variação da coluna de mercúrio (∆𝐻)
calculada pela diferença das colunas superior e
Com a equação 4 podemos estimar qual a
9 (181±1) (80,0±0,5) (873,0±2) temperatura mínima que o gás poderia adquirir que
Tabela 2 seria no caso de pressão nula.

Traçando o gráfico da pressão em função da 2, 49235𝑇 = − 673, 376


temperatura obtemos
−673,376
𝑇 = 2,49235

𝑇 = − 270, 17 𝐶º (Resultado 1)

Para o cálculo do coeficiente de expansão a


volume constante (β)utilizamos a primeira
expressão onde 𝑃0é a pressão atmosférica local

2,49235
β= 692

−3 −1
β = 3, 60 × 10 (𝐶º )
Observa-se uma linearidade entre as
relações, reescrevendo a equação 2 podemos obter a
equação que representa o gráfico acima.
De acordo com a equação 2 β é definido
como
Temos que :
1
𝑃−𝑃0 1
β= 𝑇𝑖
β= 𝑃0 ∆𝑇
(Equação

1) Substituindo temos

Isolando 𝑃em um dos membros obtemos uma −3 1


equação linear que pode ser comparada com a 3, 60 × 10 = 𝑇𝑖
equação da reta

𝑃 = β𝑃0 𝑇𝑓 + 𝑃0(1 − β𝑇𝑖) 𝑇𝑖 = 277, 78 𝐾 (Resultado 2)


(Equação
3)
↓ ↓ ↓ Conclusão
𝑦 = 𝑎 𝑥 + 𝑏
Como mostra o gráfico 1 o comportamento
da pressão em função da temperatura é linear,
Assim aplicando o Método dos Mínimos
devido a essa propriedade este arranjo pode ser
Quadrados (MMQ) encontramos os coeficientes
utilizado como termômetro onde sua calibração ( O
linear e angular da equação 3 e consequentemente 2
0 de referência ) é em relação a temperatura inicial,
expressões para o cálculo de β
assim com equação 4 podemos graduar uma nova
escala e colocar no sistema para medir a temperatura
(1º)β =
𝑎
𝑃0
(2º)β =
1
𝑇𝑖 (
1−
𝑏
𝑃0 ) local utilizando a relação

𝑃0 + ∆𝐻 = 2, 5𝑇 + 673
O gerador do gráfico (Planilhas do Google)
também fornece a equação que melhor representa os Substituindo 𝑃0 pela pressão local temos
pontos do gráfico utilizando o MMQ.
1
𝑃 = 2, 49235𝑇 + 673, 376 (Equação 𝑇= 5
(2∆𝐻 + 38) 𝐶º (Resultado
4) 3)
Assim para [3] Paul A. Tipler, “Física para Cientistas e
Engenheiros ”, Volume 1, 4ª edição, Edit. LTC Ltda
𝑇 = 1 𝐶º ∆𝐻 =− 16, 5 𝑚𝑚𝐻𝑔 Rio de Janeiro(2000).
𝑇 = 2 𝐶º ∆𝐻 =− 14, 0 𝑚𝑚𝐻𝑔

Então com ∆𝐻 medido anotamos na coluna


superior a respectiva temperatura construindo uma
nova escala onde a temperatura será dada
diretamente.

Os termômetros convencionais utilizam o


ponto triplo da água (273,16 K) como referência
onde se pode encontrar seus três estados e é mais
fácil de reproduzir.

A equação 2 mostra uma relação entre o βe a


temperatura inicial absoluta do experimento,
comparando o resultado 2 com o valor de 𝑇𝑖medido
temos

𝑇𝑖calculado 277, 78 𝐾

𝑇𝑖real (279, 16 ± 0, 5) 𝐾

Apesar de não estar no intervalo obteve se


um valor muito próximo resultando em um erro de
0,5% comprovando a validade da relação.

Com o resultado 1 verificamos teoricamente


qual seria a temperatura mínima que o gás poderia
assumir resultando em − 270, 17 𝐶º, comparando
com o valor padrão de − 273, 16 𝐶ºobtemos um
erro de aproximadamente 1% mostrando que apesar
das condições não serem ideais devido ao fator do
vapor de água (Que se condensa nas paredes do
balão no início do experimento e evapora no final
aumentam o valor de β) o experimento verificou a
lei dos gases ideais, como em nenhum momento foi
discutido as propriedades do gás em questão (Ar)
podemos refazer com qualquer outro gás
considerado ideal que o resultado vai ser muito
próximo.

Referências
[1] “Física Básica Experimental II”, 1º semestre
2017, páginas 36 á 39.

[2] D.Halliday e R. Resnick, “Fundamentos de


Física”, Volume 2, 6ª edição, Edit. LTC Ltda Rio de
Janeiro(2013).

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