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Universidade Federal do Pampa

Curso de Engenharia Agrícola - Campus Alegrete


Construções Rurais e Ambiência

DIMENSIONAMENTO DE UMA INSTALAÇÃO PARA O CONFINAMENTO DE


SUÍNOS

ARLESTON PINHEIRO SALDANHA


LUBNA MARESSA RAMOS SANTOS
VITOR ROMÁRIO CHARÃO NUNES

Março, 2023

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Construções Rurais e Ambiência

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 4
1.1.OBJETIVO ........................................................................................................................................... 5
1.1.1.Objetivos específicos ................................................................................................................... 5
2. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................................. 6
2.1. Dados estruturais da instalação para suínos .......................................................................... 6
2.3. Dados climáticos da região .......................................................................................................... 7
2.4. Sistema de produção de suínos .................................................................................................. 7
2.4.1. Pré-cobrição e gestação ............................................................................................................. 7
2.4.2. Maternidade .................................................................................................................................. 8
2.4.3. Área de Parição............................................................................................................................. 8
2.4.4. Creche ............................................................................................................................................. 9
2.4.5. Crescimento e Terminação ........................................................................................................ 9
2.5. Raça a ser criada ........................................................................................................................... 10
2.5.1. Plano nutricional dos suínos em todas as fases ............................................................... 10
2.6. Dimensionamento da instalação para confinamento de suínos ....................................... 11
2.6.1. Ventilação natural, condição de verão: Aberta ................................................................. 11
2.6.1.1. Estimativa da temperatura interna ..................................................................................... 11
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................................... 19
3.1. Comparação .................................................................................................................................... 19
3.2. Comparação .................................................................................................................................... 20
3.3. Determinação dos Índices de Conforto Térmico .................................................................. 20
3.3. Estimativa de Custos .................................................................................................................... 22
4. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 23
REFERENCIAS ....................................................................................................................................... 24
Anexos ..................................................................................................................................................... 24

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RESPONSÁVEIS TÉCNICOS

X
Arleston Pinheiro
Responsável Técnico

Arleston Pinheiro – Eng. Agrícola

..................................

X
Lubna Santos
Responsável Técnico

Lubna Santos – Eng. Agrícola

...................................

X
Vitor Charão
Responsável Técnico

Vitor Charão – Eng. Agrícola

..................................

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1. INTRODUÇÃO
No Brasil assim como em outros países a suinicultura representa uma atividade
econômica, onde através do avanço tecnológico vem passando por intensas mudanças
tanto nas técnicas empregadas para o manejo desta atividade quanto na sua forma de
estruturação e projeção das instalações para o confinamento destes animais.

O sistema de confinamento de suínos começou a ser realizado no Brasil a partir


da década de setenta, objetivando-se melhorar o controle sanitário reduzir a perda
energética dos animais e aumentar a produtividade Sampaio et al, 2007. Além disso
por representar uma atividade altamente rentável, consequentemente há existência de
uma extrema competividade, ou seja, os que se dedicam a investir nesta atividade
necessitam de um constante aperfeiçoamento tecnológico.

Devido ao fato de a carne suína ser a mais consumida no mundo isso faz com
que o mercado da suinicultura seja sempre uma boa aposta lucrativa. Apesar dos
investimentos dos produtores e das suas produtividades almejadas, deve ser levado
em consideração principalmente no dimensionamento das instalações dos suínos os
padrões de bem-estar animal. De Carvalho, 2009 destaca que as instalações físicas
adequadas são um dos principais fatores para se atingir grandes produtividades.

As instalações devem ser dimensionadas para garantir o controle das variações


climáticas, tais como, umidade, temperatura, velocidade do vento e a incidência solar.
Através do correto dimensionamento destas instalações é possível garantir que os
animais tenham um manejo adequado, diminuindo os esforços físicos e que não fiquem
submetidos às variações climáticas, potencializando, assim, o bem-estar animal e a
atingindo a produtividade desejada.

Dentro do contexto exposto e diante das situações que serão apresentadas, foi
elaborado um projeto de instalações para a criação de suínos, minimizando possíveis
problemas construtivos e de manejo, apresentando e indicando a viabilidade para
execução destas instalações e o planejamento para a implementação de uma
suinicultura na região.

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1.1. OBJETIVO
Dimensionar uma instalação para a criação de suínos e estimar as condições
climáticas internas em função das condições ambientais externas, a fim de estabelecer
a viabilidade de produção destes animais nas fases de cria, recria e engorda no
Município de Alegrete.

1.1.1. Objetivos específicos


• Estabelecer o melhor nível tecnológico (caracterizado pela ventilação
natural, elementos construtivos) mais adequado para garantir que as
condições climáticas internas estejam dentro da exigida para produção de
suínos.
• Analisar economicamente a viabilidade da produção com nível
tecnológico adotado.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Dados estruturais da instalação para suínos


A construção da instalação para a criação de suínos será realizada no interior do
Município de Alegrete, a sua orientação do seu eixo longitudinal consistirá no sentido
Leste-Oeste de acordo com o norte verdadeiro. A região está situada na latitude 29º 46'
59" S e longitude 55º 47' 31" W, apresenta altitude média de 102 metros acima do nível
do mar. A estrutura será do tipo capela com inclinação do telhado 35° e dimensões de
8 metros de largura de vão, 13 metros de comprimento, com altura de pé-direito de 3,5
metros. Será utilizado uma cobertura de telha de cerâmica. A figura 1 mostra a
localização que será realizada a construção.

Figura 1 – Área da construção

Fonte: Google Earth (2023).

As instalações vão obedecer às seguintes condições básicas recomendadas por


Sartor et al, 2004:

• Serem higiênicas: terem água disponível e destino adequado dos


resíduos;
• Serem bem orientadas no terreno;
• Serem simples e funcionais;

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• Serem duráveis e seguras: utilização de materiais e técnicas construtivas


adequadas;
• Serem racionais: rapidez e eficiência no uso de materiais e mão-de-obra;
• Permitirem controle das variáveis climáticas;
• Permitirem expansão; e
• Serem de baixo custo.

2.3. Dados climáticos da região


No quadro 1 é apresentado as médias das máximas da TBs (D+J+F+M/4);
(M+J+J+A)/4 e das mínimas TBu (D+J+F+M)/4); (M+J+J+A)/4), assim como também as
médias das demais variáveis úteis para o cálculo da estimativa da temperatura e
umidade relativa no interior da instalação dos suínos.

Quadro 1 – Médias da TBs Máximas e TBu mínimas para efeito de cálculo da


estimativa da temperatura e umidade relativa no interior da instalação.

Fonte: Os autores, 2023.

2.4. Sistema de produção de suínos


O sistema de produção de suínos compreenderá as fases de cria, recria e
engorda. Devido a variabilidade das características do animal nas diferentes fases, os
aspectos construtivos das instalações serão dimensionados de acordo com as
necessidades físicas, fisiológicas e térmicas do animal.

2.4.1. Pré-cobrição e gestação


Nessas instalações serão acomodadas em baias coletivas, as fêmeas de
reposição até o primeiro parto e as porcas a partir de 28 dias de gestação. Em espaços
individuais, ficarão as fêmeas desmamadas até 28 dias de gestação. Os machos serão
alojados em baias individuais.

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De acordo com o estudo realizado pela Embrapa Suínos e Aves, 2003 as


instalações para essa fase são abertas, com controle de ventilação por meio de
cortinas, contendo baias para as fêmeas reprodutoras em frente ou ao lado das baias
para os machos (cachaços). Além disso as baias das porcas em gestação podem ter
acesso à piquetes para o exercício.

2.4.2. Maternidade
Essa instalação será utilizada para o parto e fase de lactação das porcas, onde
é fase mais sensível da produção de suínos e o seu dimensionamento vai ser realizado
levando em consideração todos os cuidados. Na maternidade serão dois ambientes
distintos, um para as porcas e outro para os leitões. Fortes, 2022 destaca que devido a
faixa de temperatura de conforto das porcas ser diferente daquela dos leitões, torna-se
obrigatório o uso de escamoteador para os leitões.

2.4.3. Área de Parição


O espaço destinado para o parto será em baias convencionais, com maior
espaço para proporcionar melhor conforto (bem-estar animal) para as porcas. Essas
baias terão nas laterais, um protetor contra o esmagamento dos leitões e numa das
laterais um escamoteador.

O escamoteador adotado nas instalações será de fonte de aquecimento


baseada em energia elétrica. Na figura 2 é representado o tipo de escamoteador que
será utilizado.

Figura 2 – Escamoteador

Fonte: Mercado Livre, 2023.

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2.4.4. Creche
A creche é a área destinada aos leitões desmamados. Essa instalação terá
cortinas nas laterais para permitir o manejo adequado da ventilação.

Devido a variabilidade da temperatura na região com épocas muito frias, o


espaço vai dispor de um sistema de aquecimento elétrico, para manter a temperatura
ambiente ideal para os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o
desmame. As instalações serão abertas, sem cortinas nas laterais para permitir uma
boa ventilação, amenizando o estresse em épocas de intenso calor.

2.4.5. Crescimento e Terminação


Essa subdivisão da instalação será destinada ao crescimento e terminação dos
animais desde a fase que vai da saída da creche até a comercialização. O piso será
totalmente compacto em concreto e a declividade de 4%, apresentando nas baias
grelhas de concreto para melhor manejo dos dejetos dos suínos, demonstrado na
figura 3.

Figura 3 – Grelhas de Concreto

Fonte: Premafre Pré-Moldados, 2022.

A ventilação será natural, sem o controle por meio de cortinas já que nesta fase
os animais necessitam de pouca proteção contra o frio e serão bem ventiladas para
proteção contra o calor excessivo. Como nesta fase há uma formação de grande

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quantidade de calor, gases e dejeções que poderão prejudicar o ambiente, para se ter
uma ventilação natural adequada, a área por animal será de um metro quadrado para
piso compacto de concreto como indica o estudo realizado pela Embrapa Suínos e
Aves,2003.

2.5. Raça a ser criada


A criação consistirá em suínos da raça Landrace, de origem dinamarquesa,
sendo a raça mais produzida no Brasil. Possui características de pelagem branca e a
sua carne é magra, resultando em excelentes pernis. A melhor idade para abate é
entre os 6 e 7 meses, quando atingirem os 80 Kg.

O seu padrão racial apresenta cabeça comprida, larga entre as orelhas, com
queixadas leves e perfil sub-côncavo. O corpo apresenta conformações perfeitas para
a produção de carne, bem comprido e enxuto, de espessura igual em todo o
comprimento. A figura 4 ilustra as características do suíno.

Figura 4 – Suíno

Fonte: Suinicultura Industrial, 2016.

As matrizes serão adquiridas com produtores do Município de Rodeio Bonito-RS,


que está localizado no Médio Alto Uruguai, zona colonial de Iraí.

2.5.1. Plano nutricional dos suínos em todas as fases


O plano nutricional dos suínos será planejado pelo zootecnista Gionatan
Sentena de acordo com as necessidades da raça, o número de animais e a partir da
perspectiva de produtividade dos produtores.

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2.6. Dimensionamento da instalação para confinamento de suínos

2.6.1. Ventilação natural, condição de verão: Aberta

2.6.1.1. Estimativa da temperatura interna


Determinado os dados estruturais da instalação, dados climáticos da região e da
condição de implementação do sistema de produção, será realizado o
dimensionamento para as condições propostas, simulando a temperatura interna a
partir do balanço de energia proposto por Albright (1990), conforme apresentado na
equação 1 a seguir:

𝑄𝑒𝑞𝑢 + 𝑄𝑟𝑎𝑑 = (𝑄𝑐𝑛𝑑 + 𝑄𝑝𝑖𝑠 ) + 𝑄𝑣𝑒𝑛 + 𝑄𝑟𝑡𝑐 + 𝑄𝑎𝑞𝑢 (1)

Onde:

𝑄𝑒𝑞𝑢 = Calor de fontes de energia térmica proveniente de motores;

𝑄𝑐𝑛𝑑 = Calor sensível de condução da estrutura;

𝑄𝑝𝑖𝑠 = Calor sensível transferido do (ao) solo ou do (ao) piso pelo perímetro;

𝑄𝑣𝑒𝑛 = Calor sensível do ar de ventilação (natural ou mecânica);

𝑄𝑟𝑡𝑐 =Calor de reirradiação térmica para o céu;

𝑄𝑎𝑞𝑢 =Calor sensível do sistema de aquecimento.

De acordo com os dados climáticos do quadro 1 conforme recomendado pela


literatura será utilizado a maior média TBs máxima para a condição de verão, sendo
está servindo como base para o cálculo da temperatura simulada na instalação para os
suínos. É importante observar a incógnita da Equação é a temperatura interna (Ti).

A determinação do calor sensível de condução da estrutura (𝑄𝑐𝑛𝑑 ),será


determinado a partir da equação 2.

𝑄𝑐𝑛𝑑 = 𝑈 ∗ 𝐴𝑐 ∗ ∆𝑡 (2)

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Onde:

𝑈 = Coeficiente global de transferência do material;

𝐴𝑐 = Área de contorno contínuo do material de fechamento do ambiente;

∆𝑡 = Temperaturas absolutas internas e externas, respectivamente.

O calor sensível transferido do (ao) solo ou do (ao) piso pelo perímetro será
determinado através da equação 3.

𝑄𝑝𝑖𝑠 = 𝐹 ∗ 𝑃𝑒𝑟 ∗ ∆𝑡 (3)

Onde:

𝐹 = Fator perimetral;

𝑃𝑒𝑟 = Perímetro;

∆𝑡 = Temperaturas absolutas internas e externas, respectivamente.

Será determinado a partir da equação 4 o calor sensível de ventilação (natural)


(𝑄𝑣𝑒𝑛 ).

𝑄𝑣𝑒𝑛 = 𝑄𝑠𝑣 + 𝑄𝑠𝑙 (4)

Onde:

𝑄𝑠𝑣 = Calor sensível de ventilação;

𝑄𝑠𝑙 = Calor sensível convertido em latente pela ventilação.

Para a determinação do calor sensível de ventilação (𝑄𝑠𝑣 ), será determinado a


partir da equação 5.

𝑄𝑠𝑣 = 𝑚. 𝑐𝑝. (𝑇𝑖 − 𝑇𝑒 ) (5)

Onde:

m= Fluxo de massa do ar de ventilação;

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𝑐𝑝 = Calor sensível do ar;

A partir da relação do fluxo mássico será determinado o fluxo volumétrico, de


acordo com a equação 6.

𝑚
𝑉= (6)
𝜌

Onde:

𝑚= Fluxo volumétrico;

𝜌= Densidade do ar.

O calor sensível convertido em latente pela ventilação, será determinado a partir


da equação.

𝑄𝑠𝑙 = 𝐸 ∗ 𝐹𝑐 ∗ 𝑄𝑟𝑎𝑑 (7)

Onde:

𝑄𝑠𝑙 = 0,00 𝑤

A determinação do calor de reirradiação térmica para o céu, será realizado de


acordo com a equação (8);

𝑄𝑟𝑡𝑐 = 𝜀𝑠𝑢𝑝 ∗ 𝜏𝑡 ∗ 𝜎 ∗ 𝐴𝑝 ∗ (𝑇𝑖 4 − 𝜀𝑎𝑟 ∗ 𝑇𝑒 4 ) (8)

Onde:
𝜀𝑠𝑢𝑝 = emissividade da superfície interna (piso ou vegetação);

𝜏𝑡 = transmitância térmica do plástico em ondas longas (%);

𝜎= constante de Stephan Boltzmann;

𝐴𝑝 = área do piso;

𝑇𝑖 4 = temperatura interna;

𝜀𝑎𝑟 = emissividade do ar (depende da temperatura do ponto de orvalho do céu);

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𝑇𝑒 4 = temperatura externa.

A resposta de cada animal às variações climáticas depende principalmente de


sua raça, sexo, idade e ao tempo de exposição climática. Os principais fatores
ambientais que causam variação térmica animal são: temperatura de bulbo seco,
umidade, radiação e velocidade do ar, entre outros. De acordo com Buffington et al.,
1997 o Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade (ITGU) é mais preciso para
se avaliar o conforto térmico animal em regiões tropicais, pois, incorpora essas quatro
variáveis, a partir da equação 10 será calculado o ITGU.

𝐼𝑇𝐺𝑈 = 𝑇𝑔𝑛 + 0,36 ∗ 𝑇𝑃𝑂 + 41,5 (10)

Onde:

𝑇𝑔𝑛 = Temperatura de globo negro;

𝑇𝑃𝑂 = Temperatura de ponto de orvalho.

A determinação da temperatura do ponto de orvalho será realizada através da


equação de Clausius-Clapeyron, apresentada na equação 11.

1
𝑇𝑃𝑂 = (11)
(0,0037−ln( 𝑒 )∗0,000185)
611

Onde:

𝑒 = Pressão de vapor d’água, Pa, calculada pela expressão:

𝑒 = 𝑒𝑠𝑢 − 𝐴. 𝑃. (𝑇𝑏𝑠 − 𝑇𝑏𝑢 ) (12)

Onde:

𝑒𝑠𝑢 = Pressão de saturação do vapor d’água na temperatura do bulbo molhado, Pa;

𝐴 = Constante psicométrica = 0,00067. 𝐾 −1 ;

𝑃 = Pressão atmosférica, Pa;

𝑇𝑏𝑠 = Temperatura de bulbo seco, K;

𝑇𝑏𝑢 = Temperatura de bulbo molhado, K;

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A determinação da carga térmica de radiação (CTR) será determinado a partir


da equação 13.

𝐶𝑇𝑅 = 𝜎 ∗ (𝑇𝑅𝑀)4 (13)

Onde:

𝜎 = Constante de Stefan- Boltzmann = 5,67 ∗ 10−8 𝑊 ∗ 𝑚−2 ∗ 𝐾 −4

𝑇𝑅𝑀 = Temperatura radiante média, K.

A TRM será calculada através da equação 14.

4
𝑇𝑅𝑀 = 100 ∗ √2,51 ∗ 𝑣 0,5 ∗ (𝑇𝑔𝑛 − 𝑇𝐵𝑆) + (𝑇𝑔𝑛 )4 (14)
100

Onde:

𝑣 = Velocidade do ar;

As características construtivas da instalação e as variáveis zootécnicas dos


suínos são apresentadas no quadro 2 e 3.

Quadro 2: Fases de criação dos suínos.

Fonte: Adaptado de Ferreira, 2017.

Quadro 3: Área recomendada para cada fase de produção.

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Fonte: Adaptado Embrapa, 2003.

A determinação do número de luminárias para instalação será realizada a partir


da equação 15, 16 e 17 onde os níveis de iluminação recomendados dependem da
finalidade da construção: mínimo de 300 ou 500 luxes de iluminância (lumens por
metro quadrado) de acordo com a NBR 8995.... que estabelece a iluminação adequada
necessária aos diversos tipos de ambientes de trabalho internos.

ΦTotal
N° luminárias = (15)
ΦLuminári𝑎

Onde:

Φ= é o fluxo luminoso (lúmen) que incide sobre a superfície de trabalho;

Φ total = é o fluxo luminoso total da lâmpada a ser utilizada.

Em.S
Φtotal = (16)
η.d

Onde:

E= Iluminância média (Nível de Iluminamento)

S= Área do ambiente

ƞ = Fator de utilização

d= Fator de depreciação

C.L
K = (17)
(C + L )∗A

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Onde:

C = comprimento (m);

L = largura (m);

A = Altura Útil (m).

Será utilizado tabelas para encontrar os fatores necessários para o cálculo das
luminárias, as tabelas estão representadas a seguir.

Figura 5- Índice do local.

Fonte: Dandara Viana, 2023.

Figura 6- Índice de reflexão típica.

Fonte: Dandara Viana, 2023.

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Figura 5- Fator de Manutenção.

Fonte: Dandara Viana, 2023.

A luminária escolhida para a instalação dos suínos é apresentada no quadro 4,


com todas as suas características necessárias para a determinação dos fatores de
iluminação.

Quadro 4: Características das Luminárias utilizadas.

Fonte: Os autores, 2023.

A representação da instalação para suínos foi realizada no software AutoCad


versão 2022, nas escalas (1:100) e (1:50). Os dados foram analisados e processados
com o auxílio de planilhas digitais Excel do Pacote Office da Microsoft versão 2019 e
com o auxílio do programa Psicro.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De posse dos dados estruturais da instalação dos suínos, dados climáticos da
região e das condições de inserção do manejo, foi realizado o dimensionamento da
instalação para essas condições propostas, simulando a temperatura interna a partir do
balanço de energia proposto por Hellickson (1983), conforme apresentado na Equação
1, para condição de verão aberta.

𝑄𝑒𝑞𝑢 +𝑄𝑟𝑎𝑑 = (𝑄𝑐𝑛𝑑 + 𝑄𝑝𝑖𝑠 ) + 𝑄𝑣𝑒𝑛 + 𝑄𝑟𝑡𝑐 + 𝑄𝑎𝑞𝑢 (1)

Onde:

𝑄𝑒𝑞𝑢 = Calor de fontes de energia térmica proveniente de motores;

𝑄𝑐𝑛𝑑 = Calor sensível de condução da estrutura;

𝑄𝑝𝑖𝑠 = Calor sensível transferido do (ao) solo ou do (ao) piso pelo perímetro;

𝑄𝑣𝑒𝑛 = Calor sensível do ar de ventilação (natural ou mecânica);

𝑄𝑟𝑡𝑐 =Calor de reirradiação térmica para o céu;

𝑄𝑎𝑞𝑢 =Calor sensível do sistema de aquecimento.

3.1. Comparação
Verão Ventilação Natural Aberta
• 𝑄𝑒𝑞𝑢 = 0,0w
• 𝑄𝑟𝑎𝑑 = 13431,51𝑤

Utilizando a equação 2, foi determinado o calor sensível de condução da


estrutura.

• 𝑄𝑐𝑛𝑑 = −406942,6 ∗ 1334,89𝑡𝑖

A partir da equação 3 determinou-se o calor sensível transferido do solo ou do


piso.

• 𝑄𝑝𝑖𝑠 = −72920,12 ∗ 239,2𝑡𝑖

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Utilizando as equações 4, 5, 6 e 7 definiu-se o calor sensível da ventilação


natural.

• 𝑄𝑣𝑒𝑛 = 𝑄𝑠𝑣 + 𝑄𝑠𝑙


• 𝑄𝑠𝑣 = −103398392 ∗ 339177,93𝑡𝑖
• 𝑚 = 337,155
• 𝑄𝑠𝑙 = 0,0 𝑤
• 𝑄𝑣𝑒𝑛 = −103395235,6 + 339177,93𝑡𝑖

A partir da equação 8 estabeleceu-se Calor de reirradiação térmica para o céu.

𝑄𝑟𝑡𝑐 = −29478,23 ∗ 4,02 ∗ 10−6 𝑇𝑖 4

Resolvendo o balanço de energia chegou-se uma temperatura interna de


304,86 K = 32 º C.

3.2. Comparação
Inverno Ventilação Natural Aberta
• 𝑄𝑟𝑎𝑑 = 0,0 𝑤
• 𝑄𝑒𝑞𝑢 = 0,0w
• 𝑄𝑐𝑛𝑑 = −379577,2 ∗ 1334,89𝑡𝑖
• 𝑄𝑝𝑖𝑠 = −68016,52 ∗ 239,2 𝑡𝑖
• 𝑄𝑟𝑡𝑐 = −23171,81 ∗ 4,17 ∗ 10−6 ∗ 𝑡𝑖 4
• 𝑄𝑣𝑒𝑛 = −15208673,2 + 53485,75𝑡𝑖

Resolvendo o balanço de energia chegou-se uma temperatura interna de


284,27 K = 11,27 º C.

3.3. Determinação dos Índices de Conforto Térmico


A estimativa da resposta dos suínos aos índices de conforto térmico é
apresentada a seguir através das equações 10, 11, 12, 13 e 14.

• 𝐼𝑇𝐺𝑈 = 𝑇𝑔𝑛 + 0,36 ∗ 𝑇𝑃𝑂 − 330,08

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1
)
• 𝑒𝑠 = 611 ∗ 𝑒 (5420(0,0037−304,86 = 5495,82 𝑃𝑎
• 𝑒 = 5945,82 − 0,00067 ∗ 100000 ∗ (304,85 − 303,05), 26 = 5375,26 𝑃𝑎
1
• 𝑇𝑃𝑂 = = 303,24 𝐾 = 30,24°𝐶
(0,0037−ln(5375,26)∗0,000185)
611

• 𝐼𝑇𝐺𝑈 = 32 + 0,36 ∗ 30,24 − 41,5 = 84,4


• 𝐼𝑇𝑈 = 0,72 ∗ (31,7 − 29,9) + 40,6 = 84,95
4 4
• 𝑇𝑅𝑀 = 100 ∗ √2,51 ∗ 5,810,5 ∗ (305 − 304,7) + (305) = 304,75 𝐾
100

• 𝐶𝑇𝑅 = 5,67 ∗ 10−8 ∗ (304,75)4 = 489,05 𝑊 ∗ 𝑚−2

Turco (1997) estabeleceu limites superiores de índice de temperatura de globo


negro e umidade (ITGU) de conforto para suínos, destacando que para fase de
terminação o limite superior recomendado é de 72. Além disso de acordo com Lima et
al. (2007) o limite superior para o índice de temperatura e umidade para suínos é 75,
onde o valor encontrado de 84 indica uma situação de emergência, podendo acarretar
perda do plantel.

• Determinação do número de luminárias.

13∗8
K = (13+8 )∗(3,5−1)
= 1,98 ≅ 2, 00

1000.(13∗8)
Φtotal = = 218625,2 Lúmens
0,67.0,71

218625,2
N° luminárias = = 14 Luminárias
15535

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3.3. Estimativa de Custos


O projeto e a execução da obra da instalação foram orçados em uma empresa
local de engenharia civil, que considerou a construção de um galpão de 104m² com
estruturas pré moldadas de concreto, os serviços consistiram em medições a campo,
análise do dimensionamento e fornecimento de Anotação de Responsabilidade Técnica
(ATR) de engenheiro responsável, fabricação e montagem das estruturas de concreto e
telhado de cerâmica. O orçamento dos equipamentos necessários para a
implementação do manejo na propriedade é apresentado no quadro a seguir.

Fonte: Os autores, 2023.

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4. CONCLUSÃO
O projeto da instalação para suínos vai favorecer condições de ambiência
adequados para criação, mas será necessário medidas corretivas mínimas para a
mudanças dos índices de conforto térmico calculados anteriormente que apresentaram
condições de alerta para a criação dos suínos. A implementação de cortinas é uma
alternativa para o controle das variações climáticas, evitando assim que o aumento da
temperatura ou a diminuição significativa prejudique o sistema de manejo dos suínos.

Além disso o sombreamento é uma boa ferramenta para o controle da


temperatura da temperatura interna da instalação. O plantio de árvores no entorno
protege os suínos da incidência direta do sol e proporciona temperaturas amenas. E
por fim após a implementação da criação de suínos será necessário um investimento
em sistema de ventilação mecânico para haver melhor controle das variações
climáticas presentes nesta região.

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REFERENCIAS
DE CARVALHO, Marieta Amélia Martins. Estudo da alometria dos ácidos gordos em
suínos da raça Bísara. 2009. Tese de Doutorado. Instituto Politecnico de Braganca
(Portugal).

Em2016, produção de suínos bate Record. Disponível em:


<https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/em-2016-producao-de-suinos-
bate-recorde/20170316-090756-s384>. Acesso em: 9 mar. 2023.

Escamoteador Par Leitão. Disponível em: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-


1887555487-escamoteador-para-leito-_JM>. Acesso em: 9 mar. 2023

FERREIRA, R.A. Suinocultura: Manual Prático de Criação. Editora Aprenda Fácil.


Viçosa, MG. 2017. 2ª edição. 442p.

FORTES, Fabrício da Costa. Produção de suínos: proposta de um sistema alternativo


de criação. 2022.

GOOGLE. Google Earth website. http://earth.google.com/, 2022.

Grelhas. Disponível em: <https://premafre.com/produtos/grelhas/>. Acesso em: 9


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IBGE (Rio de Janeiro, RJ). Anuário estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, 1983. 987p.
Valmir Sartor et al. Instalações para suínos Construções Rurais e Ambiência (DEA –
UFV), Viçosa – mg, 2004.

SAMPAIO, Carlos A. de P. et al. Avaliação do nível de ruído em instalações para


suínos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 11, p. 436-440,
2007.

SUÍNOS, EMBRAPA. Aves. Produção de Suínos, 2003.

VIANA Dandara. Luminotécnica: exercício de fixação. Disponível em:


<https://www.guiadaengenharia.com/luminotecnica-exercicio/>.

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ANEXOS
Planta baixa, escala 1:100

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Planta baixa, escala 1:100

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Planta baixa, 1:100, Caixas de inspeção e Tanque de decantação.

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Detalhes, escala 1:50, Tanque de decantação e caixa de inspeção.

0.15 0.10 0.10 0.25

0.50
0.25
1.60

1.00 1.00
0.10

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Corte 1, escala 1:50, Gestação (Inclinação do piso 2%) e Gaiolas de parição (Inclinação do piso de 5%).

1.00

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Corte 2: escala 1:50, Crescimento e Macho/monta (Inclinação do piso de 2%, inclinação do telhado de 35%)

0.50

3.50

1.00

0.25 0.10 0.10


0.25
3.00 2.00 3.00

6
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Corte 3: escala 1:50, Creche (Inclinação do piso de 4%, sobreposta por grade vazada) e Terminação (Inclinação do piso de 2%).

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