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Transmissão com polias e correias

Tipos, fundamentos e dimensionamento


Este trabalho é um compendio de informações sobre o assunto, para obter mais detalhes
sobre qualquer tópico recomenda-se consultar os originais conforme constam nas
referências bibliográficas.

Domingos F. O. Azevedo
16/09/2016
2
SUMÁRIO

CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................................................... 5

Quadro 1: – Características das transmissões por correia: (2), (3). ....................................................................... 6


Material das polias............................................................................................................................................. 8
Quadro 2: – Tipos de perfis para polias ............................................................................................................... 9
TIPOS DE CORREIA .................................................................................................................................................10
TIPOS DIFERENTES DE CORREIA EM “V” .............................................................................................................10
TAMANHOS DIFERENTES DE CORREIAS SINCRONIZADORAS ...............................................................................12
Material das correias ........................................................................................................................................12
Relação de transmissão (i) .................................................................................................................................18
CORREIAS DE PERFIL “V” ISO 4183: 1995 (DIN 2215) ..........................................................................................19
Quadro 3: – Dimensões de correias de perfil “V”, ISO 4183: 1995. Fonte: (8), (9). ...............................................20
Quadro 4: – Problemas com correias, causas e soluções.....................................................................................21
Quadro 5: – Vantagens nas transmissões com correias em “V”. .........................................................................22
Relações geométricas em transmissão por correias ...........................................................................................23
Tabela 1- Fator de serviço para cálculo de correias trapezoidais. Fonte: (3) ........................................................25
Gráfico 1 - Seleção da correia trapezoidal clássica (Gates HI-Power II), Fonte: (3) ...............................................26
Gráfico 2 - Seleção da correia trapezoidal dentada (Gates Super HC), Fonte: (3) .................................................27
Tabela 2 - Diâmetros mínimos recomendados para polias em “V” clássicas (polegadas) .....................................28
Tabela 3 - Intervalo de diâmetros nominais recomendados para a polia do eixo mais rápido, conforme perfis das
correias, (mm). (8) (10). .....................................................................................................................................28
Quadro 6: – Influência do diâmetro da polia menor sobre a vida da correia. Perfil C. ..........................................29
Tabela 4 - Comprimentos padronizados das correias dentadas (Gates Super HC), Fonte: (3) ...............................30
Tabela 5 - Comprimentos padronizados das correias clássicas ............................................................................31
Tabela 6 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “A” ........................................................32
Tabela 7 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “B” ........................................................33
Tabela 8 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “C” ........................................................34
Tabela 9 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “D” ........................................................35
Tabela 10 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “E”.......................................................36
Tabela 11 - Fator de correção de comprimento de correias trapezoidais, FLp .....................................................37
Tabela 12 - Fator de correção de arco de contato de correias, Fac ......................................................................37
Tabela 13 - Fator de correção da distância entre centros, h. Fonte: (3). ..............................................................38
PRÉ-TENSIONAMENTO DAS CORREIAS NA MONTAGEM .....................................................................................38
Tabela 14 – Valores para força de pré-tensionamento, (11). ..............................................................................39
Tabela 15 – Distância entre centros mínima livre para instalação e pré-tensionamento, (11) e (12). ...................40
FORÇAS E TENSÕES NAS CORREIAS .........................................................................................................................41
ESFORÇOS NA TRANSMISSÃO .................................................................................................................................42
ATRITO ENTRE CORREIAS E POLIAS ....................................................................................................................43
3
COEFICIENTES DE ATRITO ENTRE CORREIAS E POLIAS ..................................................................................................... 44
Tabela 16 – Coeficientes de atrito entre correias e polias, µ. ..............................................................................44
COEFICIENTE DE ATRITO EFETIVO .................................................................................................................................. 44
Gráfico 3 - Capacidade e tensões em função da velocidade. Fonte: (1). ..............................................................46
FORÇAS NOS EIXOS ................................................................................................................................................48
ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE POLIAS E CORREIAS EM “V”.......................................................................49

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................................55
4
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Conjunto de polias e correia montadas no motor e máquina. _____________________________________ 5
Figura 2: Movimentação de polias e correia. Fonte: (4) _________________________________________________ 6
Figura 3: Montagem do conjunto de polias e correia. Fonte: (4) __________________________________________ 6
Figura 4: Tipos de polias: plana e abaulada. Fonte: (4) _________________________________________________ 7
Figura 5: Polias com braço ou disco. Fonte: (4) _______________________________________________________ 7
Figura 6: Polias com canais ou dentes. Fonte: (4) ______________________________________________________ 8
Figura 7: Tipos diferentes de perfis em “V” de correias. Fonte: (5) ________________________________________ 10
Figura 8: Correias comuns para transmissão de potência. Fonte: (6) ______________________________________ 11
Figura 9: Correias dentada s SPZ, SPA, SPB e SPC, respectivamente. Fonte: (6) ______________________________ 11
Figura 10: Correias dentadas para maior flexibilidade. Fonte: (6) ________________________________________ 11
Figura 11: Correias dentadas tipos 3V, 5V e 8V, respectivamente. Fonte: (6) ________________________________ 12
Figura 12: Tamanhos diferentes de correias sincronizadoras em polegadas. Fonte: (6) _______________________ 12
Figura 13: Materiais dos elementos das correias em V e plana. Fonte: (7) __________________________________ 13
Figura 14: Polias com canais ou dentes. Fonte: (4)____________________________________________________ 14
Figura 15: Perfis de correias em V (trapezoidais) Fonte: (4) _____________________________________________ 14
Figura 16: Polias com canais ou dentes. Fonte: (4)____________________________________________________ 15
Figura 17: Conjunto de polias com correia. Fonte: (4) _________________________________________________ 15
Figura 18: Conjunto de polia e correia sincronizadora. Fonte: (4) ________________________________________ 15
Figura 19: Posições de montagem de correias planas. Fonte: (4)_________________________________________ 16
Figura 20: Transmissão entre eixos não paralelos de correias planas. Fonte: (4) ____________________________ 16
Figura 21: Montagem com polia tensionadora. Fonte: (4) ______________________________________________ 17
Figura 22: Montagem com polia tensionadora. Fonte: (4) ______________________________________________ 17
Figura 23: Montagem com polias de diâmetros diferentes. Fonte: (4)_____________________________________ 18
Figura 24: Principais dimensões das polias para correias trapezoidais. Fonte: (8)____________________________ 19
Figura 25: Principais dimensões das polias para correias trapezoidais. Fonte: (8)____________________________ 23
Figura 26: Pré-tensionamento de correias. Fonte: (11), (12) _____________________________________________ 38
Figura 27: Ajuste da distância entre centros. _________________________________________________________ 40
Figura 28: Sistema de pré-tensionamento de correias. Fonte: (13) ________________________________________ 41
Figura 29: Tensionamento com carga inicial. Fonte: (7) ________________________________________________ 41
Figura 30: Esquema de forças em polias e correias. ____________________________________________________ 42
Figura 31: Variação das forças na correia durante um ciclo. Fonte: (14) ____________________________________ 43
Figura 32: Decomposição da força aplicada pela correia no canal. ________________________________________ 45
Figura 33: Distribuição de tensões ao longo da correia. Fonte: (1) ________________________________________ 48
Figura 34: Forças aplicadas pela correia no eixo. ______________________________________________________ 48
5

CARACTERÍSTICAS
Para transmitir potência de uma árvore à outra, alguns dos elementos mais antigos
e mais usados são as correias e as polias. As transmissões por correias e polias
apresentam as seguintes vantagens: (1).
 Possuem custo inicial baixo;
 Alto coeficiente de atrito e rendimento;
 São flexíveis, elásticas e adequadas para grandes distâncias;
 Elevada resistência ao desgaste;
 Funcionamento silencioso;
 Pequena quantidade de trabalho na montagem e manutenção;
 Alta confiabilidade;
 Capacidade de altas velocidades;
 Boa adaptabilidade para aplicações individuais;
 Em alguns casos, absorvem choques e ruídos;
 Em alguns casos, podem ter variação contínua de velocidade.
Algumas desvantagens, tais como: (1).
 Limitação na capacidade de transmissão;
 Limitação na relação de transmissão por conjunto;
 Em alguns casos, a transmissão síncrona de potência é impossível;
 Em alguns casos, são requeridas grandes distâncias entre eixos e forças de
contato.

.
Figura 1: Conjunto de polias e correia montadas no motor e máquina.
6
Quadro 1: – Características das transmissões por correia: (2), (3).
Potência Rotação Velocidade Relação de Rendimento
Tipo de correia
máxima kW máxima (rpm) máxima (m/s) transmissão (%)

1 600 Ideal até = 1:5


Plana 18 000 90 Até 98
(~ 2 200cv) Máxima = 1:10
1 100 Em geral ≤ 30 Ideal até = 1:8
Em “V” 5 000 Até 98
(~ 1 500cv) Especiais ≤ 42 Máxima = 1:15
500
Sincronizadora 10 000 ≤ 80 Ideal até = 1:10 > 98
(~ 680cv)

Definição de Polia
As polias são peças cilíndricas, movimentadas pela rotação do eixo do motor e
pelas correias.

Figura 2: Movimentação de polias e correia. Fonte: (4)

Uma polia é constituída de uma coroa ou face, na qual se enrola a correia. A face é
ligada a um cubo de roda mediante disco ou braços.

Figura 3: Montagem do conjunto de polias e correia. Fonte: (4)


7
Os tipos de polia são determinados pela forma da superfície na qual a correia se
assenta. Elas podem ser planas ou trapezoidais. As polias planas podem apresentar dois
formatos na sua superfície de contato. Essa superfície pode ser plana ou abaulada (DIN
111).

Figura 4: Tipos de polias: plana e abaulada. Fonte: (4)

A polia plana conserva melhor as correias, e a polia com superfície abaulada guia
melhor as correias. As polias, normalmente, apresentam braços a partir de 200 mm de
diâmetro. Abaixo desse valor, a coroa é ligada ao cubo por meio de discos.

Figura 5: Polias com braço ou disco. Fonte: (4)

A polia trapezoidal recebe esse nome porque a superfície na qual a correia se


assenta apresenta a forma de trapézio. As polias trapezoidais devem ser providas de
canaletes (ou canais) e são dimensionadas de acordo com o perfil padrão da correia a ser
utilizada.
Além das polias para correias planas e trapezoidais, existem as polias para cabos
de aço, para correntes, polias (ou rodas) de atrito, polias para correias redondas e para
correias dentadas. Algumas vezes, as palavras roda e polia é utilizada como sinônimos.
8

Figura 6: Polias com canais ou dentes. Fonte: (4)

Material das polias


Os materiais que se empregam para a construção das polias são ferro fundido (o
mais utilizado), aços, ligas leves e materiais sintéticos. A superfície da polia não deve
apresentar porosidade, pois, do contrário, a correia irá se desgastar rapidamente.
No quadro da próxima página, observe, com atenção, alguns exemplos de polias e,
ao lado, a forma como são representadas em desenho técnico.
9
Quadro 2: – Tipos de perfis para polias
10
TIPOS DE CORREIA
As correias são fabricadas com diversos tipos de materiais, formas, tamanhos e
comprimentos para se adequarem ás diversas situações e exigências mecânicas.
Em geral, as correias planas são aplicadas quando se deseja trabalhar com altas
rotações, por exemplo, em retificadoras ou quando se deseja utilizá-las como elemento
transportador.
As correias em “V” geralmente são empregadas na transmissão de potência,
quando se deseja transmitir forças elevadas para funcionamento adequado da máquina.
As correias sincronizadoras são utilizadas quando não se deseja escorregamento
mantendo-se o sincronismo de diferentes partes de uma máquina. Este é o caso da
correia que interliga o eixo principal de motores a combustão e o comando de válvulas.

TIPOS DIFERENTES DE CORREIA EM “V”

Figura 7: Tipos diferentes de perfis em “V” de correias. Fonte: (5)


11
As correias em “V” encaixam se em canais das polias, que podem ter um ou mais
canais. Cada canal irá acomodar uma correia de mesmo perfil e tamanho.
Os tamanhos padronizados das correias clássicas mais comuns são: A, B, C, D e
E. O tamanho “E” embora seja padronizado, é geralmente fabricado sob encomenda.

Figura 8: Correias comuns para transmissão de potência. Fonte: (6)

Alguns tipos de correias em “V” possuem sulcos transversais que aumentam a sua
flexibilidade. Os tipos padronizados são SPZ, SPA, SPB e SPC, a Goodyear fabrica estes
tipos sulcados em tamanhos até três metros, acima deste valor são lisas.

Figura 9: Correias dentada s SPZ, SPA, SPB e SPC, respectivamente. Fonte: (6)

Tamanhos e perfis alternativos, bem como, múltiplas conforme mostrados nas


figuras a seguir também são fabricados regularmente.

a) b)
Figura 10: Correias dentadas para maior flexibilidade. Fonte: (6)
12

Figura 11: Correias dentadas tipos 3V, 5V e 8V, respectivamente. Fonte: (6)

Os perfis 3V, 5V e 8V também são oferecidas pelos fabricantes isoladamente ou


como múltiplas, conforme mostradas na Figura 10 item b, a Goodyear fabrica estes tipos
sulcados em tamanhos até três metros, acima deste valor são lisas.

TAMANHOS DIFERENTES DE CORREIAS SINCRONIZADORAS

Figura 12: Tamanhos diferentes de correias sincronizadoras em polegadas. Fonte:


(6)

As correias sincronizadoras são montadas sobre polias dentadas conforme


mostradas na Figura 6

Material das correias


Os materiais empregados para fabricação das correias são o couro, a borracha,
materiais fibrosos e sintéticos à base de algodão, pêlo de camelo, viscose, perlon e náilon
e material combinado (couro e sintéticos).
13
As correias mais utilizadas são planas, sincronizadoras e as trapezoidais.

Figura 13: Materiais dos elementos das correias em V e plana. Fonte: (7)

A correia em V ou trapezoidal é inteiriça, fabricada com seção transversal em forma


de trapézio. É feita de borracha revestida de lona e é formada no seu interior por
cordonéis vulcanizados para suportar as forças de tração. Estes cordonéis podem ser de
fibra sintética (Poliéster/Aramida) ou de aço. Entretanto com os cordonéis de aço ganha-
se em capacidade de carga, mas perde-se em flexibilidade se comparados àqueles feitos
com fibras.
Na comparação entre cordonéis feitos de poliéster e aramida (Kevlar), a aramida
apresenta mais que o dobro de resistência à tração que o poliéster e valores bem
menores de alongamento. Em geral, as características da aramida não afetam a absorção
de choques e vibrações necessárias as correias.
14

Figura 14: Polias com canais ou dentes. Fonte: (4)

O emprego da correia trapezoidal ou em V. é preferível ao da correia plana porque:


 Praticamente não apresenta deslizamento;
 Permite o uso de polias bem próximas;
 Eliminam os ruídos e os choques, típicos das correias emendadas (planas).
Existem vários perfis padronizados de correias trapezoidais.

Figura 15: Perfis de correias em V (trapezoidais) Fonte: (4)

A correia não deve ultrapassar a linha do diâmetro externo da polia e nem tocar no
fundo do canal, o que anularia o efeito de cunha.
15

Figura 16: Polias com canais ou dentes. Fonte: (4)

A transmissão de potência por correia plana se dá por meio de atrito que pode ser
simples, quando existe somente uma polia motora e uma polia movida (figura abaixo), ou
múltiplo, quando existem polias intermediárias com diâmetros diferentes.

Figura 17: Conjunto de polias com correia. Fonte: (4)

A correia plana, quando em serviço, desliza e portanto não transmite integralmente


a potência. A velocidade periférica da polia movida é, na prática, sempre menor que a da
polia motora. O deslizamento depende da carga, da velocidade periférica, do tamanho da
superfície de atrito e do material da correia e das polias.
Outra correia utilizada é a correia dentada, para casos em que não se pode ter
nenhum deslizamento, como no comando de válvulas do automóvel.

Figura 18: Conjunto de polia e correia sincronizadora. Fonte: (4)


16
Transmissão
Na transmissão por polias e correias, a polia que transmite movimento e força é
chamada polia motora ou condutora. A polia que recebe movimento e força é a polia
movida ou conduzida. A maneira como a correia é colocada determina o sentido de
rotação das polias. Assim, temos:

Figura 19: Posições de montagem de correias planas. Fonte: (4)

Figura 20: Transmissão entre eixos não paralelos de correias planas. Fonte: (4)

Para ajustar as correias nas polias, mantendo tensão correta, utiliza-se o esticador
de correia. Vide figuras a seguir.
17

Figura 21: Montagem com polia tensionadora. Fonte: (4)

Figura 22: Montagem com polia tensionadora. Fonte: (4)

As polias tensionadoras podem atuar internamente ou externamente na correia.


Quando atuam internamente devem ter as mesmas características das demais ou
somente poderão ser colocadas em correias sem dentes.
As correias, geralmente, são lisas externamente e não possuem dentes, o que
facilita a montagem e operação de polias tensionadoras.
As polias externas devem ter diâmetro mínimo 1,5 diâmetro da polia menor.
18
Relação de transmissão (i)
Na transmissão por polias e correias, para que o funcionamento seja perfeito, é
necessário obedecer alguns limites em relação ao diâmetro das polias e o número de
voltas pela unidade de tempo. Para estabelecer esses limites precisamos estudar as
relações de transmissão.
Costuma-se usar a letra i para representar a relação de transmissão. Ela é a
relação entre o número de voltas das polias (n) numa unidade de tempo e os seus
diâmetros.

Figura 23: Montagem com polias de diâmetros diferentes. Fonte: (4)

A velocidade tangencial (V) é a mesma para as duas polias, e é calculada pela


equação:
V=π.D.n
Como as duas velocidades são iguais, tem-se:

𝑣1 = 𝑣2 → 𝜋 . 𝐷1 . 𝑛1 = 𝜋 . 𝐷2 . 𝑛2 ∴
𝑛1 𝐷2
𝐷1 . 𝑛1 = 𝐷2 . 𝑛2 𝑜𝑢 = =𝑖
𝑛2 𝐷1
𝑛1 𝐷2
𝑖= =
𝑛2 𝐷1
Onde:
D1 = Diâmetro da polia menor [mm]
D2 = Diâmetro da polia maior [mm]
n1 = Rotação da polia menor
n2 = Rotação da polia maior
19
CORREIAS DE PERFIL “V” ISO 4183: 1995 (DIN 2215)

Figura 24: Principais dimensões das polias para correias trapezoidais. Fonte: (8)
20
Quadro 3: – Dimensões de correias de perfil “V”, ISO 4183: 1995. Fonte: (8), (9).
Principais dimensões de Polias para correias em V (Trapezoidais)
Perfis dos canais
Ângulo
V- V- Diâmetro b h 1)
f3)
do wd e j m
Clássica Estreita Externo2) min. min. min.
Canal, Φ
≤ 60 32°
Y 5,3 1,6 4,7 8 6 1 1,5
> 60 36°
Z ≤ 80 34° 7
8,5 2 12 7 1 1,5
SPZ > 80 38° 9
A De 75 a 120 34°
De 125 a 190 36° 11 2,75 8,7 15 9 2 3
SPA Acima de 200 38° 11
B De 125 a 170 34°
De 180 a 270 36° 14 3,5 10,8 19 11,5 2 3
SPB Acima de 280 38° 14
C De 200 a 350 36° 14,3
19 4,8 25,5 16 3 4
SPC Acima de 350 38° 19
De 300 a 450 36°
D 27 8,1 19,9 37 23 4,5 6
Acima de 450 38°
De 485 a 630 36°
E 32 9,6 23,4 44,5 28 6 8
Acima de 630 38°

4) 5) 1)
f3)
bg b+h e
min.
Até 90 36°
De 90 a 150 38°
3V 8,89 8,6 10,3 9 - -
De 150 a 305 40°
Acima de 305 42°
Até 250 38°
5V De 250 a 405 40° 15,24 15,0 17,5 13 - -
Acima de 405 42°
Até 400 38°
8V De 400 a 560 40° 25,4 25,1 28,6 19 - -
Acima de 560 42°
Notas:
21
1) O uso de valores maiores para a dimensão “e” pode ser justificado em casos especiais, no caso
polias de chapas prensadas.
2) Os diâmetros de polias com perfis “Y e Z” são os nominais.
3) As variações no valor “f” deveria tomar em consideração o alinhamento das polias.
4) As larguras bg correspondem a abertura do canal para os tipos 3V, 5V e 8V.
5) Os valores b+h correspondem a altura do canal para os tipos 3V, 5V e 8V.
Quadro 4: – Problemas com correias, causas e soluções.

Fonte: (4)
22
Quadro 5: – Vantagens nas transmissões com correias em “V”.

Fonte: (4)
23
Relações geométricas em transmissão por correias

Figura 25: Principais dimensões das polias para correias trapezoidais. Fonte: (8)

𝐷2 − 𝐷1 𝐷2 − 𝐷1
𝑠𝑒𝑛 𝛽 = 𝑒 𝐶=
2. 𝐶 2. 𝑠𝑒𝑛 𝛽
Onde D1 e D2 são os diâmetros primitivos da transmissão e C é a distância entre
centros.
Quando se tem os diâmetros das polias pode-se admitir, inicialmente, a equação:
(3).
𝐷2 + 3𝐷1
𝐶=
2
Recomenda-se que a distância entre centros esteja na faixa: (1).
0,7 (𝐷1 + 𝐷2 ) ≤ 𝐶 ≥ 2(𝐷1 + 𝐷2 )
Distâncias entre centros que são demasiadas curtas (correia curta) resultam em
altas frequências de flexão, causando um aquecimento excessivo e assim, falha
prematura da correia. Distâncias entre centros que são muito longas (correias longas)
podem resultar em vibrações na correia, especialmente do lado frouxo, também causando
maior estresse na correia. (1).
Os ângulos de contato nas polias são:
α1 = π - 2.β [radianos] e α2 = π + 2.β [radianos]

𝛼1 = 180° − 2 𝛽 [graus]
24

𝛼12 = 180° + 2 𝛽 [graus]

O comprimento da correia é a soma dos dois trechos retos e dos dois arcos sobre
as polias exatamente através da equação:
𝜋
𝐿 = 2. 𝐶 𝑐𝑜𝑠𝛽 + . (𝛼2 𝐷2 + 𝛼1 𝐷1 )
360°
Onde os ângulos α e β são dados em graus.
O comprimento teórico da correia também pode ser calculado com grande
aproximação pela equação a seguir que não exige o conhecimento prévio dos ângulos α e
β:

(𝐷2 − 𝐷1 )2
𝐿 = 2. 𝐶 + 1,57. (𝐷2 + 𝐷1 ) +
2. 𝐶
Ocorre que os tamanhos das correias fechadas são padronizados conforme
mostrados nas Tabela 4 e Tabela 5 e o comprimento obtido nem sempre é exatamente
igual a um destes. Portanto, a necessidade de ajustar a distância entre centros a um
comprimento padronizado.
O ajuste da distância entre centros é realizado com as seguintes equações:

𝐿𝑎 = 𝐿𝑡𝑎𝑏 − 1,57(𝐷2 + 𝐷1 )
e
𝐿𝑎 − ℎ. (𝐷2 − 𝐷1 )
𝐶𝑎 =
2
Onde h é um fator de correção obtido com a relação a seguir na Tabela 13.
(𝐷2 − 𝐷1 )
→ ℎ
𝐿𝑎
Com isto, alteram-se os ângulos do arco de contato, α e também, β que terão de
serem recalculados com as equações dadas anteriormente.
Um aspecto importante no dimensionamento de correias e a verificação da
velocidade para que esta não exceda o limite de 1800 m/min ou 30 m/s para correias
clássicas.
Com a expressão, v = π.D.n.
Este cálculo pode ser feito a qualquer momento a partir de obtido um dos diâmetros
e a rotação correspondente. Obs. Se a velocidade exceder o limite deve-se encontrar um
diâmetro menor para a polia.
25
Tabela 1- Fator de serviço para cálculo de correias trapezoidais. Fonte: (3)
26
Gráfico 1 - Seleção da correia trapezoidal clássica (Gates HI-Power II), Fonte: (3)
27
Gráfico 2 - Seleção da correia trapezoidal dentada (Gates Super HC), Fonte: (3)
28
Tabela 2 - Diâmetros mínimos recomendados para polias em “V” clássicas (polegadas)

1 polegada = 25,4mm, Fonte: (3)


Tabela 3 - Intervalo de diâmetros nominais recomendados para a polia do eixo mais
rápido, conforme perfis das correias, (mm). (8) (10).
Diâmetro Diâmetro Diâmetro
Perfil da correia
mínimo Recomendado maior
Y 20 35,5 50
Z 50 80 110
A 75 100 125
B 112 160 200
C 180 250 320
D 355 420 550
E 432 550 710
SPZ 63 80 110
SPA 90 100 125
SPB 140 160 200
29
SPC 224 250 320
3V 63 304
5V 140 406
8V 335 570

Obs. Os diâmetros das polias podem ser encontrados em polegadas ou milímetros


com valores arredondados. Valores menores de diâmetro que o mínimo especificado não
deve ser utilizado, pois flexionam muito a correia e diminuem a sua vida. E diâmetros
muito grandes aumentam o custo e a velocidade da correia.
No quadro a seguir percebe-se a influência do diâmetro da polia menor sobre a
vida da correia. Pode-se observar que um decréscimo de cerca 20% no diâmetro
recomendado da polia menor implica na redução da vida da correia na ordem de 70%. (7)

Quadro 6: – Influência do diâmetro da polia menor sobre a vida da correia. Perfil C.

Fonte: (7)
30
Tabela 4 - Comprimentos padronizados das correias dentadas (Gates Super HC), Fonte:
(3)
31
Tabela 5 - Comprimentos padronizados das correias clássicas

Fonte: (3)
32
Tabela 6 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “A”
33
Tabela 7 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “B” Fonte: (3).
34
Tabela 8 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “C”
35
Tabela 9 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “D”
36
Tabela 10 - Potência básica e adicional por correia trapezoidal de perfil “E”
37
Tabela 11 - Fator de correção de comprimento de correias trapezoidais, FLp

Fonte: (3)
Tabela 12 - Fator de correção de arco de contato de correias, Fac

Fonte: (3)
38
Tabela 13 - Fator de correção da distância entre centros, h. Fonte: (3).

PRÉ-TENSIONAMENTO DAS CORREIAS NA MONTAGEM


Para correias em “V” aplica-se uma força no meio do vão t, como mostra a figura
abaixo, até que a correia apresente uma deflexão de 1,6% do comprimento t. Pode-se ver
pela figura que t = C (distância entre centros).

Figura 26: Pré-tensionamento de correias. Fonte: (11), (12)


39

Tabela 14 – Valores para força de pré-tensionamento, (11).

Perfil Faixa de diâmetros da polia menor Variação da força em N.

56 a 71 16
75 a 90 18
SPZ
90 a 125 20
Acima de 125 21
63 a 100 22
106 a 140 30
SPA
150 a 200 37
Acima de 200 40
100 a 160 40
170 a 224 51
SPB
236 a 355 63
Acima de 355 66
200 a 250 71
SPC 265 a 355 94
Acima de 375 12
Z 56 a 100 6
75 a 90 16 a 23
A 95 a 120 19 a 28
125 a 180 22 a 32
85 a 105 22 a 31
B 110 a 140 29 a 41
145 a 220 36 a 52
180 a 230 69 a 98
C
240 a 405 75 a 108
305 a 405 125 a 182
D
455 a 690 154 a 224
E ? ?

A distância entre centros precisa ser ajustada tanto para a montagem quanto para
o pré-tensionamento. Na montagem esta distância (Y) de ajuste permite aproximar os
centros e é necessária para que seja realizada sem a utilização de ferramentas auxiliares
que podem danificar polias e correias e a distância (X) permite afastar os centros e é
40
necessária para impor o pré-tensionamento, pois sem o qual a correia não terá a
aderência mínima adequada à transmissão da potência.

O ajuste da distância mínima de recuo entre centros para pré-tensionamento pode


ser a princípio X ≥ 0,03L, onde L é o comprimento padronizado da correia em milímetros.

Figura 27: Ajuste da distância entre centros.

Tabela 15 – Distância entre centros mínima livre para instalação e pré-tensionamento,


(11) e (12).

Designação de Distância entre centros mínima livre Distância de recuo para


comprimento para instalação, (milímetros). Y. pré-tensionamento,
padrão (milímetros). X.
A B C D E Para todos os Perfis
Até 35 19 25 - - - 25
36 até 55 19 25 38 - - 32
56 até 85 19 32 38 - - 51
86 até 112 25 32 38 - - 63
113 até 144 25 32 38 51 51 75
145 até 180 - 32 51 51 51 90
181 até 210 - 38 51 51 51 100
211 até 240 - 38 51 63 63 125
241 até 300 - 38 51 63 63 150
301 até 390 - - 51 63 63 175
Acima de 390 - - 63 75 75 1,5% do comprimento
da correia
41

Figura 28: Sistema de pré-tensionamento de correias. Fonte: (13)

FORÇAS E TENSÕES NAS CORREIAS


O atrito é utilizado para transmitir a força periférica (força útil) entre a correia e a
polia. Após a montagem das correias nas polias, se faz o tensionamento da correia em
quantidade suficiente para a transmissão da força, através do distanciamento dos eixos.
As correias durante o tensionamento são comprimidas nos canais e esta carga
inicial na condição estacionária está em equilíbrio com ambos os ramos da correia. Vide
Figura 29.

Figura 29: Tensionamento com carga inicial. Fonte: (7)


42
Quando a transmissão está em funcionamento, a máquina que está sendo
acionada exige força da correia tracionando um dos ramos, enquanto que o outro ramo é
aliviado, pois à medida que a correia passa pela polia, a tensão gradualmente diminui de
F1 para F2 e a correia sofre uma contração gradual. (7).
Segundo Melconian, o motor aciona a transmissão através de uma força Ft
(motora). Porém, em qualquer tipo de transmissão, existem as provocadas por oposição
ao movimento. Neste caso, a mais importante dessas forças resistivas é F2 (resistiva),
que se oporá ao movimento.
Da soma vetorial dessas duas forças F1 e F2 nos resulta a força tangencial (Ft), que
é a na realidade, a força resultante responsável pelo movimento. (3)
Para calcular F1 e F2 deve-se utilizar a equação a seguir.

𝐹1 − 𝐹2 = 𝐹𝑡
Onde:
F1 = Força ativa (lado tenso)
F2 = Força resistiva (lado frouxo)
Ft = Força Tangencial

Figura 30: Esquema de forças em polias e correias.

ESFORÇOS NA TRANSMISSÃO
O eixo acoplado ao cubo da polia motriz fornece rotação e torque, de onde se
obtém a força tangencial conforme a equação:
2.𝑇
Força Tangencial, 𝐹𝑡 =
𝐷1
43
Onde:
T = Torque ou Momento torçor [N.mm]
D1 = Diâmetro nominal da polia motriz [mm]
O torque T na polia motriz fornecido pelo motor é:

𝐷1 𝐷1 𝑁𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟
𝑇 = 𝐹𝑡. = (𝐹1 − 𝐹2). = 7,02. 106 .
2 2 𝑛1
Onde:
Nmotor = Potência do motor [cv]
n1 = Rotação da polia motriz [rpm]

Figura 31: Variação das forças na correia durante um ciclo. Fonte: (14)

Na correia também ocorre a força centrífuga nos arcos de contato com as polias,
mas em geral, para a grande maioria dos casos a rotação e diâmetros são pequenos para
que considere a força centrífuga nos cálculos dimensionamento.
2 .𝑚 .𝑣 2
𝐹𝑐 =
𝐷

ATRITO ENTRE CORREIAS E POLIAS


A transmissão da força periférica entre a correia e a polia, em seguida, ocorre
apenas dentro do arco ativo de contato com deformação na polia conduzida e o
correspondente deslizamento e contração na polia motriz.
44
Entretanto, durante a operação, a correia se move sem escorregamento ao longo
do arco inativo de contato, então, com deformação ao longo do arco de contato ativo. Se
o arco inativo de contato é igual a zero, a correia pode deslizar na polia.
Ao longo do arco de contato ativo, a velocidade é maior no lado tenso da correia,
devido ao aumento de tensão do que o lado frouxo. Uma vez que esta diferença de
velocidade tem de ser compensado, ocorre um deslizamento. Este deslizamento leva a
uma diferença de velocidade entre o ponto de engajamento e o ponto de entrega em cada
polia, o que equivale até 2%, dependendo do material da correia (módulo de elasticidade),
e carga (1).
Para a finalidade prática de projeto, os cálculos para correia são usualmente

baseados em todo arco de contato da polia menor α. A relação entre o coeficiente atrito,
arco de contato α, ângulo o canal e as forças, é expressa pela equação de Eytelwein,

descrita mais adiante.

COEFICIENTES DE ATRITO ENTRE CORREIAS E POLIAS


Tabela 16 – Coeficientes de atrito entre correias e polias, µ.

Fonte: (3)

COEFICIENTE DE ATRITO EFETIVO


A correia trapezoidal encaixada no canal da polia aplica radialmente uma força “N”
que se decompõe em forças normais “Nn” às faces laterais do canal, de tal forma que, em
função da inclinação do canal são bem maiores que “N” quanto menor for o ângulo de
inclinação. Vide figura a seguir.
45

Figura 32: Decomposição da força aplicada pela correia no canal.

Como a força de atrito é diretamente proporcional à força aplicada e ao coeficiente


de atrito deve-se equacionar conforme descrito a seguir.
𝑁
A força normal à lateral do canal é 𝑁𝑛 = ϕ .
2.𝑠𝑒𝑛( )
2

A força de atrito é Fatrito = µ.Nn.


′ 𝜇
O atrito efetivo será, 𝜇 = 𝜙
𝑠𝑒𝑛( )
2

Relacionando-se as forças efetivas e resistivas com o atrito efetivo e o arco de


contato, a partir da equação de capstan (cabresto) também conhecida como equação de
Eytelwein, tem-se:
𝐹1 ′
= 𝑒 𝜇 .𝛼
𝐹2
Onde:
F1 = Força ativa (lado tenso)
F2 = Força resistiva (lado frouxo)
e = base dos logaritmos Neperianos
µ’ = coeficiente de atrito efetivo correia-polia
α = arco de contato [Radianos]
Note-se que sempre µ’ > µ e que Φ/2 deve ser maior que arctg µ. Os ângulos
padronizados “Φ” para os canais são: 34°, 36° e 38°, das correias clássicas, conforme
diâmetros das polias. Nota: O ângulo correias clássicas é sempre 40°.
Obs. Ângulos muito pequenos podem fazer a correia prender-se no canal.
46
A máxima capacidade de transmissão da correia pode ser determinada como
segue: (1)

𝑁 = 𝐹𝑡 . 𝑣 = 𝜎 . 𝐴 . 𝑣
Onde:
N = Potência transmitida [kW]
Ft = Força tangencial [Newton]
v = Velocidade da correia [m/s]
σ = Tensão da correia [N/mm2]
A = Seção da correia [mm2]
A máxima capacidade de transmissão depende da velocidade ótima de
transmissão e é dada por: (1).
𝑣𝑚á𝑥
𝑣𝑜𝑡𝑖𝑚𝑎 =
√3
Em teoria, essa equação se aplica a todas as correias, sob a suposição de que a

tensão de segurança σzul na correia [ou Ft (carga admissível)] é independente da

velocidade da correia. (1)

Desde que a tensão σzul diminui com o aumento da velocidade da correia, no

entanto, o gráfico mostra que a capacidade de transmissão de potência também diminui a


partir de aproximadamente 40 m/s, tal como mostrado no gráfico a seguir.

Gráfico 3 - Capacidade e tensões em função da velocidade. Fonte: (1).


47
No gráfico mostrado tem-se:
σ1 = tensão no lado tracionado
σ2 = tensão no lado frouxo
σn = tensão resultante no lado tracionado
σf = tensão da força centrífuga
σb = tensão de flexão
Quando as recomendações mencionadas anteriormente nas tabelas e quadros são
adotadas no projeto de correias em “V”, a vida da correia esperada é de 24 000 horas de
operação. (1).
Pré-tensionamento incorreto ou diâmetros menores que aquele recomendado
diminuirá substancialmente a vida da correia. Em geral, a maior flexão na correia é dada
pela polia menor mas, ocorre também nas outras polias e a frequência com que isto
ocorre. A frequência normal é dada segundo a equação:

𝑣 . 𝑄𝑝
𝑓𝑏 =
𝐿𝑡𝑎𝑏
Onde:
fb = frequência de dobramento [Hertz]
v = Velocidade da correia [m/s]
Qp = Quantidade de polias [ ]
Ltab = Comprimento padronizado da correia [m]

fb < 30 por segundo para correias clássicas (A, B, C, D e E)


fb < 60 por segundo para correias com perfil mais agudo (por exemplo, SPZ, SPA,
SPB e SPC ou 3V, 5V e 8V).
Na figura a seguir tem-se a distribuição das tensões ao longo da correia com
rotação invertida se comparada a Figura 31.
48

Figura 33: Distribuição de tensões ao longo da correia. Fonte: (1)

FORÇAS NOS EIXOS


A força “Fe” em cada eixo é soma vetorial das forças F1 e F2, vide figura a seguir.

Figura 34: Forças aplicadas pela correia no eixo.

|𝐹𝑒1 | = |𝐹𝑒2 | = √𝐹12 + 𝐹22 + 2. 𝐹1 . 𝐹2 . 𝑐𝑜𝑠(2𝛽 )

A expressão acima é importante quando só há interessante no valor absoluto da


força no eixo.
49
Das componentes na vertical e horizontal de F1 e F2, obtém-se as forças efetivas
FeV e FeH.

𝐹1𝑉= 𝐹1 . 𝑠𝑒𝑛𝛽

𝐹2𝑉= 𝐹2 . 𝑠𝑒𝑛𝛽

𝐹𝑒𝑉= 𝐹1𝑉 − 𝐹2𝑉

𝐹1𝐻= 𝐹1 . 𝑐𝑜𝑠𝛽

𝐹2𝐻= 𝐹2 . 𝑐𝑜𝑠𝛽

𝐹𝑒𝐻= 𝐹1𝐻 + 𝐹2𝐻


Com a relação F1/F2 obtém-se a proporção entre as forças.
E considerando-se a equação que relaciona o torque do eixo à força tangencial,
tem-se:
𝐷1 𝐷1
𝑇1 = 𝐹𝑡 . = (𝐹1 − 𝐹2).
2 2

ROTEIRO PARA DIMENSIONAMENTO DE POLIAS E CORREIAS EM “V”.


A transmissão entre um motor elétrico de CA, com 5cv a 1750 rpm e um
compressor alternativo de dois cilindros deve ser feita por correia “V”. A distância entre o
motor e o eixo do compressor pode variar entre 400 mm e 500 mm, e o eixo do
compressor deve girar a 500 rpm. As polias serão de aço e correia de poliuretano
(semelhante a couro com curtimento vegetal). Pede-se: (11)
1° - Seleção da seção e a quantidade de correias “V”.
2° - Os deslocamentos para montagem e o pré-tensionamento.
3° - As forças no eixo do motor.

1° PASSO
Determinar a potência de projeto.
Usa-se a Tabela 1 para saber o fator de serviço.

𝑁𝑝 = 𝑁𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 . 𝐹𝑠 𝑁𝑝 = 5 . 1,4 = 7𝑐𝑣


2° PASSO
Determinar a seção da polia/correia.
50
Usando-se o gráfico 1 encontra-se a seção “A” no cruzamento entre a rotação do
eixo mais rápido (motor) e a potência do projeto, Np.

3° PASSO
Determinar os diâmetros das polias e relação de transmissão.
Usa-se inicialmente o valor recomendado da Tabela 3 para o perfil encontrado.
Portanto: 100 mm (~4”)
𝑛1 𝐷2 1750 𝐷2
Como: 𝑖 = = 𝑖= = = 3,5
𝑛2 𝐷1 500 100
D2 = 350mm (~14”) e i = 3,5

4° PASSO
Verificar se a velocidade não excede o limite de 1800 m/min ou 30 m/s
Como v = π.D.n = 549 779 mm/min = 549,8 m/min = 9,16 m/s então OK.
Este cálculo pode ser feito a qualquer momento a partir de obtido um dos
diâmetros. Obs. Se a velocidade exceder o limite deve-se encontrar um diâmetro menor
para a polia.

5° PASSO
Determinar o comprimento padronizado da correia.
Deve-se calcular o comprimento inicial a partir da distância entre centros disponível
para montagem, em geral, usa-se a distância média entre o máximo e o mínimo, Cm
disponíveis no local da máquina.
Sendo:
(𝐷2 − 𝐷1)2
𝐿𝑐𝑎𝑙𝑐 = 2. 𝐶𝑚 + 1,57. (𝐷2 + 𝐷1) +
2. 𝐶𝑚
(350 − 100) 2
𝐿𝑐𝑎𝑙𝑐 = 2.450 + 1,57. (350 + 100) + = 1676𝑚𝑚
2.450

Onde D1 e D2 são os diâmetros primitivos da transmissão.


Portanto: Lcalc = 1676 mm
Consultando a Tabela 5, encontra-se o valor mais próximo menor Ltab = 1660 mm.
Ou seja, o comprimento e designado como A-64.
51
6° PASSO
Determinar a distância entre centros final, Ca. A partir do comprimento de ajuste.

𝐿𝑎 = 𝐿𝑡𝑎𝑏 − 1,57(𝐷2 + 𝐷1 ) = 1660 − 1,57(350 + 100)


Portanto, o comprimento de ajuste é La = 953,5mm.
Com a relação abaixo, se obtêm h interpolado, na Tabela 13.
(𝐷2 − 𝐷1 ) (350 − 100)
= = 0,262 → ℎ ≈ 0,135
𝐿𝑎 953,5

𝐿𝑎 − ℎ. (𝐷2 − 𝐷1 ) 953,5 − 0,135. (350 − 100)


𝐶𝑎 = =
2 2
Portanto, Ca = 459,9mm.

7° PASSO
Verificar se a distância entre centros está dentro da faixa recomendada.
0,7 (𝐷1 + 𝐷2 ) ≤ 𝐶 ≤ 2(𝐷1 + 𝐷2 )
0,7 (100 + 350) ≤ 𝐶 ≤ 2(100 + 350)
315 ≤ 𝟒𝟓𝟗, 𝟗 ≤ 900
Como o valor encontrado está dentro da faixa recomendada pode-se prosseguir.
Entretanto caso ocorra da distância entre centros ficar fora desta faixa pode-se alterar os
diâmetros das polias para adequá-la.

8° PASSO
Encontrar o fator de correção do arco de contato, Fac.
Pode-se calcular o ângulo de contato pela equação a seguir. E consultar a Tabela
12.
𝐷2 − 𝐷1 350 − 100
𝑠𝑒𝑛 𝛽 = = = 0,271798 → 𝛽 = 15,77°
2. 𝐶𝑎 2.459,9

𝛼1 = 180 − 2 𝛽 = 148,46° [graus]

Ou com a relação da equação a seguir e consultar Tabela 12.


(𝐷2 − 𝐷1)
= 0,5436 → 𝐹𝑎𝑐 = 0,9213
𝐶𝑎
52
Obs. Para valores intermediários, recomenda-se interpolação dos valores.
9° PASSO
Encontrar o fator de correção do comprimento da correia, FLP.
Usa-se a Tabela 11.
Para tamanhos padronizados não existentes, obtêm-se valores intermediários por
interpolação. Portanto para A-64 → FLP = 0,99

10° PASSO
Determinar as potências básica e adicional.
Usa-se a tabela correspondente a seção da correia, neste exemplo, Tabela 6. Para
o diâmetro da polia mais rápida D1 = 100mm e rotação desta encontram-se:
Nbas = 2,90 cv/correia e como a relação de transmissão é maior que 1,49 tem-se:
Nadic. = 0,33 cv/correia

11° PASSO
Determinar a potência teórica por correia.

𝑁𝑡𝑒𝑜𝑟 = 𝑁𝑏𝑎𝑠 + 𝑁𝑎𝑑𝑖𝑐 = 3,23 cv/correia

12° PASSO
Determinar a potência efetiva, Nef.

𝑁𝑒𝑓 = 𝑁𝑡𝑒𝑜𝑟 . 𝐹𝑎𝑐 . 𝐹𝐿𝑃 = 2,93 𝑐𝑣/𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑖𝑎


13° PASSO
Determinar a quantidade de correias.
𝑁𝑝 7
𝑧= = = 2,37 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑖𝑎𝑠
𝑁𝑒𝑓 2,95
Portanto, a quantidade mínima de correias é três.

14° PASSO
Determinar se a frequência é adequada.
𝑣 . 𝑄𝑝 9163 . 2
𝑓𝑏 = = = 11,04 𝐻𝑧
𝐿𝑡𝑎𝑏 1660
Como a frequência é menor que 30Hz, está adequada.
53
MONTAGEM E PRÉ-TENSIONAMENTO
Determinar a distância mínima entre centros livre para instalação e recuo para pré-
tensionamento.
Conforme Tabela 15 para a seção “A” e comprimento padrão 64 tem-se:
19 mm no mínimo para instalação.
51 mm no mínimo para recuo e pré-tensionamento.
O curso total mínimo para que se possam montar as correias é 70 mm.

Aplicando-se uma força no meio do vão da correia ela pode se deformar até 1,6%
da distância entre centros.
𝐶 𝑥 459,9 . 1,6%
= ∴𝑥= = 7,36 𝑚𝑚
100% 1,6% 100%
A força máxima a ser aplicada, conforme Tabela 14 está entre 19N e 28N para que
ocorra a deformação máxima de 7,36 mm.

FORÇAS NO EIXO NA SEÇÃO DA POLIA MOTORA.


Determina-se o coeficiente de atrito para correias trapezoidais, admitindo-se µ =
0,25.
Como o ângulo da polia encontrado no Quadro 3 é Φ = 34°,
𝜇 0,25
𝜇′ = = = 0,8551
𝜙 𝑠𝑒𝑛(17°)
𝑠𝑒𝑛 ( )
2
Como o ângulo do arco de contato é α1 = 148,46°, então em radianos:
2. 𝜋. 𝛼1𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠 𝜋. 148,46°
𝛼1𝑟𝑎𝑑 = =
360° 180°
α1 = 2,591 [radianos]
𝐹1 ′
= 𝑒 𝜇 .𝛼 = 𝑒 0,8551 .2,592 = 9,17
𝐹2
Portanto, a proporção entre F1 e F2 é: 𝐹1 = 9,17. 𝐹2
O torque no eixo do motor é:
𝐷1 𝐷1 𝑁𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟
𝑇 = 𝐹𝑡. = (𝐹1 − 𝐹2). = 7,02. 106 .
2 2 𝑛1
5
𝑇 = 7,02. 106 . = 20 057,1 𝑁. 𝑚𝑚
1750
54

(9,17. 𝐹2 − 𝐹2 ). 50 = 20 057,1

𝐹2 = 49,10 𝑁 𝑒 𝐹1 = 450,2 𝑁

𝐹1𝑉 = 𝐹1 . 𝑠𝑒𝑛𝛽 = 450,2 . 0,27177 = 122,4 𝑁


𝐹2𝑉 = 𝐹2 . 𝑠𝑒𝑛𝛽 = 49,10 . 0,27177 = 13,34 𝑁
𝐹𝑒𝑉 = 𝐹1𝑉 − 𝐹2𝑉 = 122,4 − 13,34 = 109,1 𝑁

𝐹1𝐻 = 𝐹1 . 𝑐𝑜𝑠𝛽 = 450,2 . 0,96236 = 433,3 𝑁


𝐹2𝐻 = 𝐹2 . 𝑐𝑜𝑠𝛽 = 49,10 . 0,96236 = 47,25 𝑁
𝐹𝑒𝐻 = 𝐹1𝐻 + 𝐹2𝐻 = 433,3 + 47,25 = 480,6 𝑁

𝐹𝑒𝑉 = 109,1 𝑁
𝐹𝑒𝐻 = 480,6 𝑁
55
REFERÊNCIAS

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