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ESPANHA E CATALUNHA

Motivos
Autonomia catalã em jogo
há um processo de re-centralização acontecendo, no
Relação
A Catalunha é reconhecida como uma região sentido de que o governo de Madri estaria tentando reduzir
autônoma do Estado espanhol mas não é a autonomia política catalã. Portanto, sendo que a
independente dele. autonomia já não é mais suficiente, a alternativa é a
O que isso significa? A Catalunha, como independência.
região autônoma, possui algumas A Espanha roubou a Catalunha
características próprias, como o idioma
Esse debate começou em 2012. A ideia do suposto roubo
catalão e o direito de ter um Parlamento
próprio, que decide autonomamente os
de cerca de 8,4% do PIB da Catalunha começou a ser
investimentos em saúde, segurança e propagado nesse período.
educação local. Constituição de 1978
Mas essa autonomia não é total, já que a Em 1978, entrou em vigor a Constituição atual no país.
Catalunha possui fortes laços com o governo Segundo a campanha separatista, essa Constituição é
espanhol, garantidos pela Constituição de
hostil aos catalães. Seria preciso superá-la, desfazer-se do
1978. Isso porque tal Constituição estipula
vínculo com ela e, por isso, propor a independência.
determinadas obrigações e possibilidades de
intervenções nas regiões autônomas da Prosperidade econômica
Espanha. Há quem diga que, separados, os catalães serão mais ricos
do que na condição atual.
Autodeterminação
Foi assim que, em 2017, o então Segundo a lei do referendo, atualmente suspensa, a
presidente, Mariano Rajoy, pôde Catalunha teria o “direito imprescritível e inalienável à
destituir o governo da Catalunha, autodeterminação”. Para além disso, acreditou-se que esse
dissolver o Parlamento local e convocar direito seria reconhecido internacionalmente, por nações e
eleições regionais. instituições, como a ONU
Ainda, é nesse sentido que os Legitimidade do referendo
opositores do movimento separatista
.A votação que foi convocada para 1º de outubro de 2017
afirma que a condição de
foi legítima, de acordo com o governo catalão. Ainda, o
independência da Catalunha é ilegal
do ponto de vista constitucional. principal lema do movimento separatista afirma que
“referendo é democracia”.
A guerra que houve em 1714 foi separatista
Segundo os separatistas, a Catalunha foi conquistada e
seus habitantes tiveram seus direitos abolidos. Segundo
essa perspectiva, o resultado final foi a submissão catalã
Posicionamento Espanha ao poder espanhol.

Além de um PIB maior do que o de Madri, a Catalunha conta com um forte parque industrial nos ramos
da carne suína e de produção química. Essas indústrias geram altos níveis de emprego e atraem
investimentos.
A Catalunha também é a região da Espanha que mais recebe turistas. A capital Barcelona, as praias, os
parques temáticos e as estações de esqui atraem 22,5% do total de estrangeiros recebidos no país.
Somando a esses dados ao fato de 40% da energia nuclear no país ser produzida em usinas catalãs,
fica clara a importância da Catalunha para a Espanha. Em outras palavras, seria um pesadelo perder
uma das regiões mais ricas do país.
ESPANHA E CATALUNHA

Qual a posição da comunidade internacional sobre


a Catalunha?
Os Estados têm um grande “pé atrás” para com esse tema, o que é facilmente explicado.
Por exemplo, digamos que o Brasil resolva apoiar a Catalunha nas suas intenções de separar-se da
Espanha. Caso um movimento separatista dentro do Brasil ganhe força em alguns anos, é muito provável
que a Espanha apoie esse movimento. Isso porque anteriormente o governo brasileiro não teria
respeitado a soberania espanhola ao apoiar uma luta que objetivava desintegrar parte do território
nacional da Espanha.
Assim, os países buscam, em geral, não apoiar movimentos separatistas. Essa estratégia também evita
que, caso a Catalunha realmente conquiste sua independência, outros separatismos ganhem força ao
serem inspirados pela vitória de uma luta semelhante. Não apoiar movimentos separatistas , é uma forma
de evitar um “efeito dominó” que poderia se alastrar pelo continente e até pelo mundo inteiro.

Os Estados Unidos demonstraram apoio ao governo espanhol, afirmando que consideram a Catalunha
como parte integrante da República da Espanha.
Já a União Europeia emitiu um comunicado sendo contrária a causa catalã e alegou a
inconstitucionalidade da votação para independência da região. Mesmo tendo criticado as agressões
cometidas pela polícia espanhola, a organização deixou claro que o separatismo catalão é um problema
interno da Espanha.Esse posicionamento da União Europeia reflete o temor de que movimentos
nacionalistas enfraqueçam as cooperações no continente – já afetadas pela saída do Reino Unido do
bloco econômico, conhecida como BREXIT.

O que gerou o conflito na Catalunha?


O início da presença romana na Catalunha começa com a Segunda Guerra Púnica. As guerras
púnicas foram uma série de confrontos militares que defrontaram romanos contra cartagineses pelo
domínio do Mediterrâneo, derivando o conflito para a Península Ibérica

Espanha também enfrenta uma onda de manifestações pró e contra a independência da Catalunha. O
grande estopim para tal foi a condenação de nove líderes separatistas catalães.
O julgamento iniciou no dia 12 de fevereiro de 2019. Os 12 separatistas catalães – principais
impulsionadores da consulta separatista realizada em 2017 e na posterior declaração de
independência unilateral – foram acusados de traição.
Com a condenação dos líderes diversos protestos se alastraram pela região Catalã. De um lado, os
manifestantes separatistas marcham sob o lema “autodeterminação não é crime”. Do outro lado,
milhares também marcham contra a independência da Catalunha com o pedido por uma “Espanha
unida”.

De toda forma, a existência de movimentos separatistas na Espanha e também em outros lugares do mundo
chama a atenção para a inconsistência da ideia de unicidade do Estado moderno, em que o
estabelecimento de suas fronteiras obedece mais a relações históricas de poder do que propriamente ao
sentimento de pertencimento de suas populações.

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