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Super Apostila - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

06 – Evolução da
Administração Pública no
Brasil

Prof. Everton Ventrice


Prof. Everton Ventrice

Sumário
1. Introdução e objetivos desta apostila................................................................................................. 2
2. Brasil Colônia e Império (até 1889) .................................................................................................... 2
3. República Velha (1889 a 1930) ........................................................................................................... 6
4. A Era Vargas (1930 a 1945) e a República Populista (1945 a 1964) ...................................................... 8
5. Regime Militar (1964 a 1985) ........................................................................................................... 15
6. A Constituição de 88 (o retrocesso burocrático) ............................................................................... 19
7. Governo Collor ................................................................................................................................. 22
8. A Reforma Gerencial do PDRAE ........................................................................................................ 23
9. Governo Lula (2003 a 2010).............................................................................................................. 32
10. DICA DE OURO ............................................................................................................................... 37
11. Principais pontos a serem fixados .................................................................................................. 37
12. Lista de questões que resolvemos .................................................................................................. 41
13. Gabarito ......................................................................................................................................... 53

1. Introdução e objetivos desta apostila

Nesta apostila veremos como a Administração Pública evoluiu no Brasil. Trata-


se de um assunto muito cobrado, por isso é preciso bastante atenção.
Agora você verá, na prática, como ocorreram os modelos teóricos que
estudamos na apostila anterior.
Lembre-se que, por trás de cada modelo e das ideias que guiaram sua
implementação, há sempre um contexto político e econômico por trás. Por
isso tudo fica mais fácil se você entender como pensavam os políticos e
administradores da época.
Vamos ao estudo!

2. Brasil Colônia e Império (até 1889)

A primeira forma de administração pública adotada no Brasil foram as


capitanias hereditárias. Num total de quinze, elas dividiam todo o
território, sendo entregues a membros da nobreza portuguesa. Isso
caracterizava uma descentralização administrativa, visto que cada uma
das capitanias teria um grande número de leis e regras próprias.
Entretanto, com poucas exceções, as capitanias não prosperaram,
principalmente pela falta de atrativos econômicos que justificassem
investimentos numa terra tão distante de Portugal.

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Então, em 1548 foi criado o Governo-Geral, com sede em Salvador,


representando assim uma virada em direção a uma maior centralização
administrativa.
As administrações locais, porém, eram controladas por uma elite econômica
ligada à cana-de-açúcar, carro-chefe da economia. Portanto, temos que:
⋅ Na sociedade e na administração pública vigorava um
patrimonialismo patriarcal, baseado na figura dos donos de
engenhos.
⋅ Já na economia havia o chamado “capitalismo protegido”, bastante
regulado pelo Estado que, em aliança com os donos de engenhos,
repelia qualquer tipo de concorrência.
Alguma mudança ocorreria durante a chamada Era Pombalina (1750-1777),
período no qual o Marquês de Pombal governou Portugal. Com ele, várias
medidas modernizadoras foram tomadas, tanto na administração pública
quanto na economia. São exemplos a criação das Juntas de Justiça nas
comarcas, o incentivo a algumas indústrias e a mudança da capital para o Rio
de Janeiro, que se deu muito em função da substituição da cana-de-açúcar
pela mineração como principal atividade econômica do Brasil.

Veja como a ESAF cobrou esse ponto:

1. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A partir da administração


pombalina, pouco a pouco, o empirismo paternalista do absolutismo
tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do
despotismo esclarecido.
Comentários:
Marquês de Pombal era um déspota esclarecido, nome que se dá aos
governantes europeus que colocaram em prática muitas das ideias do
Iluminismo, um movimento que valorizava a tomada de decisões em função
da razão, e vez da tradição patriarcal e religiosa. Gabarito: Certo.

Porém, mesmo com alguns avanços, o perfil patrimonialista ainda era


predominante, e tornou-se ainda mais claro a partir de 1808, ano em que a
família real portuguesa desembarcou no Brasil.
Dom João VI criou uma série de instituições destinadas a melhorar a
administração da colônia (tais como o Museu Nacional, o Banco do Brasil o
Arquivo Nacional).
A partir de 1815 o Brasil é elevado à categoria de Reino Unido a Portugal
e Algarves, havendo novo incremento da Administração Pública através da
criação de ministérios e da Junta geral do Comércio. Com isso, pode-se dizer

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que a vinda da corte portuguesa representou o início da administração pública


no Brasil.
Entretanto, ao mesmo tempo em que reforçou o caráter administrativo do
Brasil, tais instituições permitiram acomodar o grande número de nobres que
vieram junto com a família real, havendo a distribuição de diversos cargos e
honrarias. Com isso, a corrupção e o parasitismo da burocracia e da nobreza
repetiam no Brasil o patrimonialismo que já ocorria em Portugal.
Em 1821, a família real retorna a Lisboa, e no ano seguinte se dá a
independência do Brasil, porém na Administração Pública nada muda. A
prioridade do imperador, D. Pedro I, era consolidar seu poder político e a
unidade territorial do Brasil, mesma lógica seguida por seu filho, D. Pedro II.
Durante a década de 1870 o Brasil experimenta um novo progresso
econômico, bastante em função do desenvolvimento da atividade cafeeira. O
apoio político ao Império passava então a ser dado pelos barões do café, e
isso se reflete também na composição da administração pública, que se
mantém patrimonialista, mas agora com grande presença de representantes
da elite agrária.

ATENÇÃO!!! Essa visão, de que a oligarquia de senhores de terra era a classe


dominante no Brasil até a época do Império e se infiltrava na burocracia, é
defendida pela maioria dos autores.
Entretanto, há um autor bastante conhecido - Raymundo Faoro – que
entende que prevalecia no país a lógica do sistema vigente em Portugal: um
estamento burocrático de orientação patrimonial, formado por uma
nobreza inicialmente aristocrática, mas que depois perde a renda das terras
e vai se apossando cada vez mais da estrutura burocrática.
Segundo ele, essa burocracia patrimonialista era bastante autônoma e
conseguia se isolar dos demais grupos da sociedade, mantendo apenas
alianças pontuais com os senhores de terra e grandes comerciantes.

Veja como isso já foi cobrado pela ESAF:

2. (ESAF/APO – MPOG). Raimundo Faoro em "Os Donos do Poder"


(1958) apresentou uma interpretação sobre o subdesenvolvimento
do Brasil no qual descreveu, entre outras coisas, as mazelas da
administração pública brasileira.
Aponte a opção que se enquadra no argumento desse autor.
a) Apesar das inúmeras mudanças históricas pelas quais passou o
Brasil, o aparato administrativo e político permaneceu sob a

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apropriação de um mesmo grupo social, que tinha como objetivo a


obtenção de poder, prestígio e riqueza.
b) Baseado em uma abordagem marxista, Faoro demonstra como a
burocracia brasileira tinha um caráter patronal, sendo apropriada por
uma burguesia que era intimamente ligada às elites políticas.
c) Apropriação da máquina administrativa e política era feita por
setores de uma elite agrária, que faziam prevalecer os seus
interesses na prevalência da política de agro-exportação.
d) A herança portuguesa de captura do aparelho do Estado, por parte
de uma burguesia, guarda estritas relações com a abordagem de Caio
Prado Jr. - autor contemporâneo de Faoro, que também interpretou
o subdesenvolvimento.
e) A herança da administração colonial portuguesa gerou o chamado
"patronato político brasileiro", responsável pela predominância da
força política rural descentralizada sobre a urbana centralizada.
Comentários:
Raymundo Faoro entendia que a burocracia, até o fim da República Velha
(1930), era dominada por uma aristocracia economicamente decadente, que
se apoiava na burocracia para manter sua renda e seu status. Assim, ele
contrariava a visão da maioria dos autores de que essa aristocracia dividia o
poder burocrático com a oligarquia econômica. Gabarito: Letra A.

Ao final da década de 1890, a abolição da escravatura – fruto de pressões


tanto internas quanto externas – fez com que o apoio da elite agrária ao
Império desse lugar às críticas, já correntes entre setores como os militares
e os religiosos. Finalmente, em 1889, essa falta de apoio resulta na queda
da Monarquia e na Proclamação da República.

Hora de praticar!

3. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A administração colonial se


caracterizou pela centralização, formalismo e morosidade,
decorrentes, em grande parte, do vazio de autoridade no imenso
território.
Comentários:
É isso mesmo. Com exceção da breve experiência das capitanias hereditárias,
a administração colonial era centralizadora. Além disso, era incipiente,
praticamente só adquirindo alguma relevância a partir da vinda da família
real em 1808. Era ineficaz, e pouco atendia a maior parte do território.
Gabarito: Certo.

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4. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A transferência da corte


portuguesa, em 1808, e a consequente elevação do Brasil a parte
integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do
Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da
soberania e ao funcionamento do autogoverno.

Comentários:
Apesar de certo exagero ao usar o advérbio “todo”, a afirmativa é correta.
Gabarito: Certo.

5. (CETRO/Auditor Fiscal Tributário – São Paulo/SP). A mistura de


centralismo excessivamente regulamentador e, geralmente, pouco
afetivo, com o patrimonialismo local pode resumir bem o modelo de
administração colonial.
Sabe-se, também, que a alta burocracia era, no geral, selecionada
segundo certo tipo de mérito, baseado num saber generalista. Na
melhor parte da elite burocrática, meritocracia e relacionamentos
pessoais de apadrinhamento conviviam na seleção e promoção dos
funcionários. Assinale a alternativa que apresenta qual era o outro
papel da alta burocracia nessa época, além do mencionado acima.
a) Distinguir e denominar as duas fases da historiografia
administrativa, política, econômica e social do Brasil.
b) Servir para a distribuição de empregos públicos para garantir
apoio político e social.
c) Instituir, no Brasil, o mecanismo do concurso público, por meio da
Lei de 1831.
d) Criar um paradoxo no que se refere à modernização do aparato
burocrático.
e) Enfraquecer o Estado e reforçar o modelo patrimonial.

Comentários:
Vimos que a elite econômica era altamente presente na burocracia de cada
período. Tratava-se de um dos sintomas da “compra” de apoio por parte do
Império. Gabarito: Letra B.

3. República Velha (1889 a 1930)

No início da República o poder esteve nas mãos dos militares. Mas logo em
seguida, com a eleição de Prudente de Morais em 1894, os militares saem e
com isso a aliança entre a burocracia (chamada de burocracia estamental-

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aristocrática) e a oligarquia econômica (cafeeira) continuou. Assim, durante


todo o período da República Velha, a administração pública permaneceu
dominada pelo patrimonialismo e pelo clientelismo.

ATENÇÃO!!! Apesar do predomínio do patrimonialismo na administração


pública durante a República Velha, a literatura destaca duas experiências que,
de certa forma, fugiam a essa regra, merecendo ser chamadas de as
primeiras burocracias profissionais do Brasil: O desenvolvimento das
carreiras militares (Forças Armadas) e do corpo diplomático (Itamaraty).

No campo político, a Constituição de 1891 promoveu uma descentralização


política ao instituir o federalismo. Os governos estaduais, porém, repetiam
a lógica patrimonialista onde a oligarquia econômica se infiltrava fortemente
na burocracia.
No plano nacional, a elite cafeeira garantia seu domínio ao promover a
chamada “política do café com leite”, na qual São Paulo e Minas Gerais se
revezavam na presidência da República.
Com o tempo, porém, esse modelo político mostra sinais de esgotamento. De
um lado os militares incitavam movimentos contra esse domínio oligárquico
e suas práticas corruptas. De outra, o desenvolvimento industrial trazia à
tona uma nova classe social, composta pela elite industrial do país.
Começa então a surgir um sentimento em favor de mudanças. Na
administração pública, a inspiração dos que buscam reformas é a
administração burocrática. Já na política, o rompimento é radical, através da
Revolução de 1930, a partir da qual Getúlio Vargas assumiu o poder. Era o
fim da República Velha e início da chamada Era Vargas.

E vamos para algumas questões:

6. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A República Velha, ao


promover grandes alterações na estrutura do governo, lançou a
economia rumo à industrialização e a administração pública rumo à
burocracia weberiana.

Comentários:
A República Velha apenas manteve a estrutura e as práticas do Brasil Império.
O impulso à industrialização e à burocracia como modelo de administração
pública ocorreram apenas na Era Vargas. Gabarito: Errado.

7. (CESPE/Administrador – MTE). O Estado oligárquico, no Brasil, é


identificado com a República Velha, e caracteriza-se pela associação

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entre as instituições políticas tradicionais e as entidades da


sociedade civil mobilizadas em torno dos segmentos mais pobres e
desprotegidos da população, por meio de fortes redes de proteção
social.

Comentários:
Na República Velha não havia preocupação do governo com a proteção social.
A política era voltada para os interesses da oligarquia agrária baseada na
cafeicultura. Gabarito: Errado.

8. (ESAF/Agente Executivo – CVM). No Brasil, a Primeira República


(1889-1930), também conhecida como República Velha,
caracterizou-se por
a) eleições fiscalizadas pela justiça eleitoral.
b) amplo domínio das oligarquias.
c) voto direto, secreto e universal.
d) universalização do acesso ao ensino primário.
e) economia diversificada e autárquica.

Comentários:
Durante a República Velha havia eleições, porém não eram de caráter
universal (as mulheres não votavam). Além disso, eram fiscalizadas por
instituições de fachada, dominadas pelos políticos da oligarquia. A educação
era precária e economia não era diversificada, pois baseava-se no café.
Gabarito: Letra B.

4. A Era Vargas (1930 a 1945) e a República Populista (1945 a 1964)

No campo político, o governo de Getúlio Vargas promoveu uma


centralização em torno do governo federal (principalmente a partir da
Constituição de 1934). No campo econômico, a Crise de 29 fez
despencarem as exportações de café, o que inviabilizou as importações de
manufaturados. Por causa disso, Getúlio promoveu um impulso à
industrialização, através de medidas protecionistas e do intervencionismo
econômico.
No campo social, Getúlio via-se diante das demandas de uma crescente
classe urbana industrial. Nessa área, destacaram-se a criação do Ministério
do Trabalho, em novembro de 1930, e a Lei da Sindicalização, de março de
1931. A carteira de trabalho veio em março de 1932 e a jornada de trabalho

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foi fixada em oito horas de serviço diário, com obrigatoriedade do descanso


semanal remunerado.
No que se refere à administração pública, o modelo patrimonialista não
era mais adequado a um governo cada vez mais presente e a uma economia
cada vez mais complexa, que buscava a industrialização. Getúlio então deu
início ao que ficaria conhecido como “reforma burocrática”, buscando
racionalizar os processos administrativos em diversas áreas, como a
orçamentária, aquisição de materiais, e administração de pessoal, utilizando-
se para tanto de conceitos da Teoria da Burocracia de Max Weber.
A principal marca dessa reforma foi a criação, em 1936, do Conselho Federal
do Serviço Público Civil, depois transformado no Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938, já no período do
governo de Getúlio Vargas chamado de Estado Novo.
O DASP foi criado com a missão de:
1. Definir e executar a política para o pessoal civil, introduzindo a
admissão mediante concurso público, assim como a capacitação
técnica do funcionalismo (Foi no âmbito do DASP que foi criado, em
1939, o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
2. Promover a racionalização de métodos no serviço público.
3. Elaborar e controlar o orçamento da União.
4. Padronizar os processos de compras estatais.

ATENÇÃO!!! O DASP introduziu a exigência de concurso em todas as


carreiras, mas não foi ele quem introduziu a prática de realização de
concursos no Brasil. Antes dele, o concurso já era adotado para as carreiras
das Forças Armadas, do Itamaraty e do Banco do Brasil.

A criação do DASP é considerada por muitos o primeiro movimento de


reforma administrativa do Brasil. Inspirada na burocracia profissional de
Weber, buscava substituir o modelo patrimonialista existente, enfatizando,
por exemplo, a profissionalização do servidor, e sua admissão e progressão
na carreira pelo sistema de mérito.
A atuação do DASP ocorreu em várias dimensões:
1. Expansão de órgãos da administração direta, tais como ministérios
e agências fiscalizadoras.
2. Criação de agências estatais descentralizadas, tais como as
autarquias, voltadas principalmente à prestação de serviços. Foram o
primeiro movimento em direção à implantação da administração
indireta no Brasil. Além disso, muitas delas contavam com um grau de

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liberdade bem maior em relação à administração direta, o que levou


Bresser-Pereira a afirmar que se trataram do primeiro sinal de
administração pública gerencial no Brasil.
3. Criação de órgãos formuladores de políticas públicas, tais como
os conselhos, que contariam com a participação da sociedade.
4. Aumento da atuação direta do Estado na atividade econômica,
através da criação de novas empresas estatais, fundações públicas,
sociedades de economia mista e autarquias (são exemplos a criação
da Companhia Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica Nacional
- CSN).
É importante saber também que essa reforma burocrática é associada a
algumas ideias frequentemente cobradas em provas:
• Os princípios da Administração Científica, de Frederick Taylor, que
foram utilizados para balizar a padronização e divisão do trabalho,
assim como a profissionalização dos servidores.
• O tipo de dominação racional-legal, que é aquela baseada em
regras, estatutos ou leis, e não apenas na vontade do governante.
• A emergência de um capitalismo moderno no país, para o qual a
administração patrimonial já não era adequada.
• Os primeiros sinais de um Estado de Bem-Estar Social no Brasil,
em função da adoção de medidas de proteção social aos trabalhadores
(lembre-se, porém, que a maioria dos autores não acha que houve
realmente um Estado de Bem-Estar Social nessa época, tratando-se
apenas de medidas pontuais).
O DASP também sofreu várias críticas à época e também mais
recentemente, pela visão de historiadores:
• Era um instrumento de um regime ditatorial, portanto, seu caráter era
mais de imposição e controle (prescritivo e coercitivo) do que de
consenso e orientação. Caracterizou-se assim por um insulamento
burocrático, ou seja, focado nas próprias decisões, com pouca ou
nenhuma participação da sociedade (embora formalmente tenha
criado canais para isso).
• Houve um alto grau de engolfamento social, ou seja, sua atuação
extrapolou o terreno da implementação e passou a avançar sobre a
esfera das decisões, que deveriam caber aos políticos e à sociedade.

Que tal uma parada para resolver algumas questões?

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9. (CESPE/Analista Judiciário – TRE/ES). A instituição, em 1936, do


Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) teve
como objetivo principal suprimir o modelo patrimonialista de gestão.

Comentários:
É isso mesmo. O DASP é considerado o primeiro passo da reforma cujas
medidas objetivavam introduzir o modelo da administração burocrática,
substituindo a administração patrimonial. Gabarito: Certo.

10. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal). A


noção de sistema de mérito, proposto pelo DASP, apoiava-se em
ingresso mediante concurso, promoção conforme o mérito e ascensão
mediante carreira.

Comentários:
A questão resume bem a noção de mérito trazida pelo DASP, e que ainda
vigora no Brasil. Atualmente, associamos o mérito e a progressão na carreira
à existência de isonomia, que ocorre pela exigência de concursos públicos.
Gabarito: Certo.

11. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal).


Ao final do Estado Novo, o DASP sofria os efeitos perversos de sua
hipertrofia e desvirtuamento de funções, passando de órgão
modernizador da administração pública a braço operativo da
ditadura, até mesmo com funções legislativas.

Comentários:
Lembre-se que o DASP foi implantado durante o regime ditatorial de Getúlio
Vargas, e acabou assumindo um papel de instrumento do regime para
consolidar o poder político. Houve um alto grau de engolfamento social, ou
seja, sua atuação extrapolou o terreno da implementação e passou a avançar
sobre a esfera das decisões, que deveriam caber aos políticos e à sociedade.
Gabarito: Certo.

12. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal).


Um dos fatores que explicam o sucesso modernizador da ação
daspeana é a atenção aos aspectos informais e a importância da
construção de uma cultura de profissionalismo dentro das
repartições, em perfeita sintonia com as ideias administrativas
emanadas principalmente a partir de Gullick e Urwick.

Comentários:

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A questão pode assustar um pouco, ao trazer os nomes de autores


desconhecidos. Mas repare que o erro está logo no começo, quando é dito
que o DASP deu atenção aos aspectos informais. O DASP foi um movimento
de inspiração burocrática, ou seja, adepto do formalismo em todos os
processos. Gabarito: Errado.

13. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal).


As reformas daspeanas, não obstante seu efeito racionalizador, não
lograram desenvolvimento econômico, político ou social,
representando um caso clássico de um sistema fechado altamente
insulado.

Comentários:
É verdade que o DASP representou um sistema fechado, altamente insulado.
Entretanto, é errado afirmar que ele não apresentou nenhum
desenvolvimento. Apesar de a reforma burocrática não ter se completado, o
DASP obteve sucesso na implementação de diversas medidas, principalmente
no que se refere ao aprimoramento do funcionalismo público e da
metodologia de elaboração do orçamento público. Gabarito: Errado.

Em 1945 Getúlio deixa o poder, iniciando-se um período democrático


conhecido como a República Populista (1945 a 1964).
Ao assumir, o presidente Eurico Gaspar Dutra deixou a reforma burocrática
de lado. O DASP perdeu parte de suas atribuições, e as características de um
governo democrático, onde predomina a barganha política, trouxeram de
volta velhas práticas patrimonialistas e clientelistas.
Getúlio Vargas voltou ao poder em 1951, e tentou novamente implementar
medidas em favor da administração burocrática. No entanto, seus resultados
foram bastante reduzidos, uma vez que, além das tradicionais forças políticas
atuando em favor de práticas clientelistas, havia a sensação dentro de muitos
setores de que a burocracia não atendia às necessidades modernizadoras do
Brasil naquele momento.
Juscelino Kubitschek assumiu o governo em 1956, e promoveu uma política
chamada de “Administração para o Desenvolvimento”, responsável pelo
lema “50 anos em 5”.
Tal política identificou a modernização do sistema administrativo como uma
das necessidades para o desenvolvimento do país, e chegou a propor
reformas. Entretanto, mais fácil do que enfrentar a resistência às mudanças,
foi introduzir novas estruturas na administração indireta, autarquias e
sociedades de economia mista, com mais autonomia e flexibilidade do que os
órgãos da administração direta.

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Assim, se por um lado as “ilhas de excelência” da nova administração indireta


permitiram que o Plano de Metas de JK fosse levado adiante, por outro a
administração direta permanecia a mercê do patrimonialismo tradicional.
Considera-se, porém, que ambas sofriam de isolamento excessivo em relação
às demandas e participação da sociedade (insulamento burocrático).

ATENÇÃO!!! A respeito dessa nova administração indireta, Bresser-Pereira a


afirmou que “é a burocracia gerencial que está surgindo, nem mal havia-se
formalizado a weberiana”. Entretanto, a literatura e as bancas de modo geral
não consideram que a introdução de administração gerencial no Brasil se deu
nesse momento, mas sim a partir do decreto 200/67, que veremos adiante,
quando houve realmente uma reforma proposta para introduzi-la no país.

No governo de João Goulart (1963) criou-se a Comissão Amaral Peixoto,


que propôs quatro projetos para uma reforma administrativa:
1. Uma reorganização ampla e geral da estrutura e das atividades do
governo.
2. A expansão e o fortalecimento do sistema de mérito.
3. Novas formas de aquisição e fornecimento de material no serviço
público.
4. A organização administrativa do Distrito Federal (Brasília).

Nenhum chegou a ser implementado, porém serviram de base para novas


propostas durante os governos seguintes, principalmente o decreto 200/67.

Fechando este item com algumas questões:

14. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal). A


continuidade do DASP foi assegurada nos governos que se seguiram
- Dutra e JK -, de modo a possibilitar a estruturação dos grupos
executivos incumbidos de implementar o Plano de Metas.

Comentários:
Ao final do primeiro governo Vargas o DASP não foi extinto, mas perdeu boa
parte de suas atribuições. A reforma burocrática não avançou, havendo a
volta de várias práticas patrimonialistas que ela combatia. Gabarito: Errado.

15. (ESAF/APO – MPOG - adaptada). Os '50 Anos em 5' e a construção


de Brasília, no período JK, representaram a pedra fundamental do
que viria a ser a adoção do gerencialismo no serviço público.

Comentários:

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JK não via com bons olhos as práticas burocráticas, consideradas nocivas ao


desenvolvimentismo, mas não foi em seu governo que houve o primeiro
impulso à administração gerencial (estas viriam apenas com o decreto
200/67, durante o regime militar). Gabarito: Errado.

16. (ESAF/Anal. Téc. Adm. – MTUR). A respeito da evolução da


Administração Pública no Brasil, analise as afirmativas abaixo,
classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).
Ao final assinale a opção que contenha a sequência correta.
( ) A hipertrofia do Departamento Administrativo do Serviço Público
– DASP no contexto do estado, extrapolando a função de órgão
central de administração e assumindo características de agência
central de governo, confirma a disfuncionalidade do modelo que
possuía um caráter hermético, um sistema insulado pautado
linearmente nos inputs do regime de Vargas sob boa carga
discricionária.
( ) A modernização daspeana representou a reversão total da índole
patrimonialista tipicamente lusitana.
( ) O período compreendido entre 1945 e 1964 representa o
desdobramento das estruturas institucionais do estado tendo como
pano de fundo do panorama político o retorno da democracia. O
sistema administrativo estatal esteve, neste período, aberto às
influências da política representativa, desinteressada na extensão
dos esforços modernizantes em relação às variáveis estruturais
essenciais da administração e, complementarmente, interessada
quer em negociar os resultados das instâncias mais modernas, quer
em lucrar com a paralisia das mais atrasadas.
a) V, V, F
b) F, V, F
c) F, F, V
d) V, F, V
e) V, V, V

Comentários:
A primeira afirmativa é correta, pois traz as principais críticas ao DASP:
engolfamento social e insulamento burocrático. A segunda afirmativa é
errada, pois o patrimonialismo não foi extinto, nem naquela época, e nem
hoje. Finalmente, a terceira afirmativa é correta, pois os governos dessa
época não conseguiram implementar qualquer novo modelo de administração

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pública, seja pela falta de apoio político, seja pela conveniência em manter
certos vícios presentes nas práticas vigentes. Gabarito: Letra D.

17. (FCC/Gestor Público – SEAD/PI). Na década de 1960, surgiram


novas iniciativas de modernização administrativa, merecendo
destaque os trabalhos realizados pela Comissão Amaral Peixoto
(Governo Goulart), que tinha como principal objetivo:
a) introduzir práticas gerenciais no âmbito da Administração pública
indireta, estabelecendo mecanismos de controle de resultados e
avaliação de desempenho.
b) promover uma centralização administrativa progressiva, tanto no
aspecto político, como administrativo.
c) promover ampla descentralização administrativa; reorganizando
estruturas e atividades; expansão e fortalecimento do sistema de
mérito; normas de aquisição e fornecimento de materiais e
organização administrativa do Distrito Federal.
d) dar sustentação administrativa a uma política desenvolvimentista,
fundada em parcerias com o setor privado.
e) promover a multiplicação de órgãos de planejamento junto à
Administração pública federal, estadual e municipal, com o objetivo
de formularem planos regionalizados de fomento à indústria.
Comentários:
A questão está um pouco mal elaborada, pois o objetivo da Comissão era
propor sugestões de reformas para amenizar o rigor burocrático que imperava
na administração pública. Tais sugestões foram compiladas em 4 projetos e
aí sim, cada projeto tinha seu objetivo específico. A FCC trouxe como resposta
certa os objetivos de cada projeto. Gabarito: Letra C.

5. Regime Militar (1964 a 1985)

Com o regime militar houve o primeiro movimento em direção ao modelo de


administração gerencial, através do decreto 200/1967, que definiu que “As
atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios
fundamentais: Planejamento, Coordenação, Descentralização, Delegação
de Competência e Controle. ”
O planejamento era entendido como necessário para que a Administração
Pública alcançasse uma maior eficiência em suas ações, ajudando o país em
direção ao desenvolvimento. Foi a partir daí que o orçamento passou a ser
efetivamente um instrumento de planejamento (orçamento-programa).

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Quanto à descentralização (administrativa, não política), entendia-se que


os órgãos principais deveriam se concentrar no planejamento, organização e
controle dos programas governamentais, transferindo a direção e a execução
para outras instâncias, públicas e privadas.
Foi através desse decreto que se formalizou a divisão entre:
1. A Administração Direta, composta pela estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
2. A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias
de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
a. Autarquias.
b. Empresas Públicas.
c. Sociedades de Economia Mista.
d. Fundações públicas (incluídas a partir de 1987).
Os órgãos da administração indireta contariam então com maior flexibilidade
em alguns processos, como por exemplo a possibilidade de contratação direta
através da CLT, em vez de realizar concurso público.

Ainda segundo o decreto, a descentralização deveria se dar de três formas:


1. Dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se
claramente o nível de direção do de execução.
2. Da Administração Federal para a das unidades federadas, quando
estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio.
3. Da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou
concessões.

O decreto trouxe também:


• O fortalecimento e expansão do sistema de mérito.
• As diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos.

No que se refere à organização administrativa, dois destaques:


a) A SEPLAN (Secretaria de Planejamento), a quem caberia a
elaboração da programação geral do governo.
b) O DASP (Departamento Administrativo do Setor Público), com
atuação diminuída em relação ao antigo DASP, passa a ser responsável
apenas pela administração de pessoal.
Entretanto, segundo Bresser-Pereira, a reforma trouxe consigo duas
consequências indesejáveis:

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• De um lado, ao não se preocupar com mudanças no âmbito da


administração direta, ela acabou não se desenvolvendo, o que
terminou por enfraquecer o núcleo estratégico do governo.
• De outro, ao permitir a contratação de empregados sem concurso
público na administração indireta, facilitou-se a sobrevivência de
práticas clientelistas.
Outras críticas foram:
• A flexibilidade dada à administração indireta não se restringiu à
definição dos meios, mas alcançou também os fins. Com isso, cada
instituição estabelecia seus próprios objetivos, fazendo com que não
houvesse um controle centralizado de resultados.
• A administração indireta cresceu excessivamente, ocasionando, além
da perda de eficiência, também o avanço sobre áreas não prioritárias.
Em função disso, a reforma pretendida não se materializou. Faltaram alguns
elementos essenciais, tais como:
• A clara distinção entre as atividades exclusivas de estado e as não-
exclusivas.
• O uso sistemático do planejamento estratégico ao nível de cada
organização e seu controle através de contratos de gestão e de
competição administrada.
• Uma clara definição da importância de fortalecer o núcleo estratégico
do Estado.
Em 1979 foi criado o Programa Nacional de Desburocratização, que
buscava, além da simplificação dos processos, também, pela primeira vez
direcionar as ações do Estado para o atendimento aos cidadãos (portanto,
no que se refere à prestação dos serviços públicos). Dentro desse programa
iniciou-se também, em 1980, um processo de privatizações de empresas
estatais.
A opção por uma menor autonomia da administração indireta apareceu
também em 1979, com a criação da Secretaria de Controle das Empresas
Estatais (SEST), que buscava melhor controle sobre suas atividades.

Veja como esse assunto já caiu em provas:

18. (VUNESP/Analista de Suporte Adm. – PROCON/SP). Assinale a


alternativa que, em conformidade com Artigo 6º, do Decreto-Lei nº
200, de 25.02.1967, contempla os cinco princípios fundamentais da
Administração Federal fixados pela Reforma Administrativa instituída
pelo mesmo Decreto.

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a) Planejamento; Coordenação; Descentralização; Delegação de


Competência; Controle.
b) Planejamento; Organização; Direção; Execução; Controle.
c) Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; Eficiência.
d) Probidade Administrativa; Ética; Transparência; Desconcentração;
Eficácia.
e) Supremacia do Interesse Público; Motivação; Razoabilidade;
Proporcionalidade; Ampla Defesa.

Comentários:
A questão é meio decoreba, mas lembre-se que, dos cinco princípios, os mais
marcantes são o Planejamento (foi aí que o orçamento passou a ser
efetivamente um instrumento de planejamento) e a Descentralização (com a
criação da administração indireta). Com isso encontraríamos a única
alternativa que traz ambos. Gabarito: Letra A.

19. (ESAF/EPPGG – MPOG). A partir de 1964, a reforma


administrativa fez parte da agenda governamental do regime militar
com grande recorrência. Uma das peças centrais nas iniciativas de
reforma administrativa brasileira foi o Decreto-Lei 200, de
25/02/1967, que inclui todos os princípios norteadores abaixo,
exceto:
a) reagrupamento de departamentos, divisões e serviços de
planejamento na Secretaria de Planejamento da Presidência da
República, com amplos poderes, superiores aos de qualquer outro
ministério.
b) expansão das empresas estatais, de órgãos independentes
(fundações) e semi-independentes (autarquias).
c) fortalecimento e expansão do sistema de mérito.
d) planejamento, descentralização, delegação de autoridade,
coordenação e controle.
e) diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos.

Comentários:
Uma das principais características do decreto foi a descentralização
administrativa. Desse modo, a SEPLAN (Secretaria de Planejamento), embora
tenha sido criada, não aglutinou poderes superiores aos demais. Gabarito:
Letra A.

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20. (FGV/Anal. Jud.: Administrativo – TJ/PI). A reforma do Estado no


âmbito do Decreto Lei nº 200/67 é amplamente conhecida pela
implantação da noção de administração direta e indireta.
Segundo diversos analistas e estudiosos, dado o conjunto de ações
visando a sua implementação, surgiram naquele momento da
reforma consequências inadequadas, dentre as quais destaca(m)-se:
a) ampliação do núcleo estratégico do Estado por meio do
desenvolvimento da carreira de gestor e ampliação excessiva dos
concursos;
b) geração de práticas patrimonialistas na administração indireta por
meio de contratações sem concurso público, ocasionando nepotismo;
c) fortalecimento da rigidez excessiva da administração indireta e
centralização das ações na administração direta;
d) geração da expansão da administração direta, concentrando nessa
a maior parte dos investimentos do governo federal;
e) manutenção de relações pluralistas entre poderes, facilitando a
aprovação dos orçamentos submetidos pelo Executivo ao Congresso.

Comentários:
Uma das consequências da grande autonomia que as entidades da
administração indireta possuíam foi que, como podiam não se utilizar do
concurso público, muitas vezes faziam contratações com base em parentesco,
amizade, negociatas e acordos. Gabarito: Letra B.

6. A Constituição de 88 (o retrocesso burocrático)

Após uma euforia inicial causada pelo Plano Cruzado (1986), uma grave crise
econômica e fiscal atingiu o Brasil. Disseminou-se então a ideia de que um
Estado maior e mais atuante, ao estilo keynesiano, teria condições de fazer
o país voltar a crescer.
Aliado a isso, o loteamento dos cargos públicos, necessário para se
manter a governabilidade, havia retornado com força após o regime militar.
Tal fato reforçou a crença de que a descentralização administrativa promovida
anteriormente tinha sido excessiva.
A solução, segundo a Constituição de 1988, foi um retorno às velhas receitas
burocráticas: maior presença estatal na esfera econômica e centralização
administrativa.
A administração indireta perdeu boa parte de sua autonomia, tornando-se
mais próxima à já engessada administração direta. Além disso, a pressão

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política de grupos fez com que houvesse grande concessão de benefícios para
a maioria das carreiras, sem a devida contrapartida em termos de custeio, o
que só fez contribuir para a piora da situação fiscal.

ATENÇÃO!!! Uma das consequências da perda de flexibilidade da


administração indireta foi a necessidade que ela passou a ter de realizar
concursos públicos. Este, porém, foi um ponto positivo segundo alguns
autores, pois diminuía o nepotismo e o clientelismo.
É por isso que se diz que essa constituição realizou uma “reforma
burocrática”, e, mais precisamente, representou um “retrocesso
burocrático”, visto que as ações anteriores tomadas em direção a uma
administração gerencial foram abandonadas.

A Constituição de 88 promoveu também uma descentralização política,


dando maior autonomia a estados e municípios (estes foram elevados à
condição de entes da Federação). Grande parte das políticas e serviços
públicos (como a educação e a saúde) passaram a ser responsabilidade de
estados e municípios também.
Entretanto, o que poderia ser algo benéfico, já que a descentralização
possibilitaria uma maior adaptação às necessidades locais, acabou sendo
bastante prejudicado pela falta de previsão constitucional das atribuições
exatas de cada ente e das formas de coordenação entre eles. De um lado, os
estados, que tiveram suas competências pouco definidas, não se esforçavam
por atuar nas políticas quando não recebessem repasses de recursos para tal.
De outro, ocorreu entre os municípios o chamado “municipalismo
autárquico”, onde cada um atua de maneira isolada dos demais, sem se
preocupar com os problemas comuns, e concorrendo entre si pelos recursos.
Além disso, ao não descentralizar, na mesma medida, as receitas públicas e
a responsabilidade pelas contas públicas, a Constituição fez com que estados
e municípios passassem a acumular déficits cada vez maiores.
Tais fatos não apenas não ajudaram o país a sair da crise econômica em que
estava, como também aumentaram a percepção, pela população, de que a
administração pública era uma de suas causas.

Vamos aplicar o que aprendemos:

21. (CESPE/Técnico Ministerial - MPE/PI). A reforma burocrática


mais recente da administração pública seguiu um modelo cujos
pilares envolvem conceitos de impessoalidade, profissionalismo e
formalidade.

Comentários:

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As reformas burocráticas brasileiras são a reforma da década de 30, na Era


Vargas, e a reforma burocrática de 88. Ambas fortaleceram o controle sobre
os processos administrativos, principal marca da burocracia. Gabarito: Certo.

22. (CESPE/Agente de polícia – PF). A Constituição Federal de 1988


(CF) rompeu com o retrocesso burocrático que até então prevalecia,
ao conceder autonomia ao Poder Executivo para tratar da
estruturação dos órgãos públicos e proporcionar flexibilidade
operacional aos entes da administração indireta.

Comentários:
Foi exatamente o contrário. A Constituição de 88 trouxe o retrocesso
burocrático, já que retirou autonomia do Poder Executivo em várias frentes.
Gabarito: Errado.

23. (CESPE/Administrador – MPOG). A Constituição Federal de 1988


representou um avanço à descentralização do poder público, uma vez
que acrescentou poderes à administração indireta por meio da
flexibilização de suas normas operacionais.

Comentários:
Outra questão que inverteu o que realmente ocorreu. Gabarito: Errado.

24. (FCC/Especialista em Políticas Públicas – SEPLADR/SP). O


processo de descentralização que sucedeu a Constituição Federal de
1988 resultou, em um primeiro momento, entre outros problemas,
em uma exacerbação do municipalismo autárquico. Esse diagnóstico
indica, como um dos maiores problemas do federalismo brasileiro, a
a) grande distorção da representação política estadual no Congresso
Nacional, favorecendo os grandes estados da federação.
b) grande autonomia política, financeira e administrativa dos
pequenos municípios para executar as políticas de sua exclusiva
responsabilidade.
c) excessiva centralização das políticas de educação e saúde.
d) indefinição do papel dos estados na provisão de serviços em
arranjos cooperativos, seja com os municípios seja com a União.
e) forte descentralização fiscal pós-Constituição de 1988, que
reduziu a capacidade do governo federal de financiar políticas
redistributivas.

Comentários:

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A distorção representativa favoreceu os pequenos estados, que passaram a


apresentar um maior número de deputados e relação ao número de
habitantes (letra A errada). Os municípios não passaram a contar com grande
autonomia financeira, já que receberam responsabilidades num grau superior
à sua capacidade fiscal (letra B errada). Não houve centralização, mas sim
descentralização das políticas de educação e saúde (letra C errada). Não
houve forte descentralização fiscal, já que a União descentralizou atribuições
num grau superior à descentralização fiscal, causando aumento de déficits
em estados e municípios (letra E errada). Gabarito: Letra D.

7. Governo Collor

O presidente Collor tentou livrar o Brasil da crise econômica com medidas de


cunho neoliberal, diminuindo o tamanho do Estado e sua presença na
economia (lembre-se do Estado Mínimo).
Na administração pública isso resultou em privatização de empresas
estatais e na demissão de milhares de servidores (embora muitos tenham
sido readmitidos posteriormente por via judicial). Houve ainda um
achatamento dos salários, já que não houve reajustamento e a inflação da
época era altíssima.
Não se tratava, porém, de um plano formal e bem definido para a
administração pública. Tais ações foram tomadas como parte das medidas
para a estabilização econômica. Mesmo assim, há quem considere que elas
representaram um passo, ainda que tímido e cheio de defeitos, para a adoção
da administração gerencial.
No governo seguinte, de Itamar Franco, houve a reversão de boa parte das
medidas tomadas no que diz respeito ao funcionalismo público, com os
salários sendo recompostos.

Vamos a duas questões sobre esse período:

25. (CESPE/Consultor de Orçamentos – Senado Federal). A reversão


parcial dos efeitos do Plano Collor sobre a administração pública
procedida durante o governo Itamar Franco baseava-se no resgate
do conceito de administração para a democracia.

Comentários:
No governo Itamar houve sim uma reversão parcial de algumas medidas
tomadas anteriormente a respeito da administração pública. Entretanto, não
se pode falar em resgate do conceito de administração para a democracia
porque o governo Collor também era democrático. Gabarito: Errado.

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26. (CESPE/Anal. Judiciário – TRE/TO - adaptada). O foco das ações


de reforma do período Collor, na realidade, concentrou-se no projeto
de privatização das empresas estatais. Do ponto de vista da
administração direta, embora ressalte-se o papel de destaque dado
ao processo de descentralização da gestão dos serviços públicos,
notadamente no setor de saúde possibilitou a continuidade de ações
fundadas no princípio, não havia uma orientação orgânica de
reforma, a não ser a extinção de órgãos e o corte de pessoal. Quanto
à inovação de procedimentos gerenciais, destaca-se a experiência
pioneira do contrato de gestão implantado no hospital Sarah
Kubitscheck, em Brasília.

Comentários:
No governo Collor não houve um plano formal de reforma administrativa, mas
sim medidas isoladas, sendo as principais a privatização de empresas públicas
e o enxugamento, com pouco planejamento, de servidores públicos.
Gabarito: Certo.

8. A Reforma Gerencial do PDRAE

Ao assumir o governo em 1995, o presidente Fernando Henrique Cardoso


tinha de superar a chamada ‘crise do Estado’, basicamente uma grave crise
fiscal, na maior parte fruto do modelo falido de desenvolvimento econômico
baseado no financiamento público. Em outra frente, o Brasil aparecia com
uma economia pouco competitiva num mundo cada vez mais globalizado. As
reformas de FHC, portanto, tiveram motivações endógenas e exógenas.
Partindo das ideias neoliberais pregadas pelo ‘Consenso de Washington’, FHC
adotou reformas chamadas de ‘burocrático-fiscalistas’, em razão de suas
duas linhas principais:
• O ajuste fiscal e redução de custos (curto prazo).
• A modernização da administração pública (médio prazo).
No que se refere à administração pública, as reformas se deram
principalmente através do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado – PDRAE, que costuma ser bastante associado a Bresser-Pereira,
que era ministro do recém-criado Ministério da Administração Federal e
Reforma do Estado - MARE.
O PDRAE partiu de premissa de que a crise do Estado brasileiro não se devia
à falta de governabilidade (legitimidade para governar), já que os últimos
governos eram democráticos, mas sim à falta de governança (capacidade
operacional de governar), pois sua estrutura era muito rígida e ineficiente.

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O PDRAE resultou no reordenamento jurídico do funcionalismo, com o intuito


de implantar um modelo gerencial de administração pública. Buscava-
se aumentar a eficiência do Estado e torná-lo orientado para as necessidades
dos cidadãos.
Segundo Bresser-Pereira, o PDRAE tinha os seguintes objetivos:
• A separação entre a formulação de políticas e sua execução.
• A descentralização dos serviços sociais para estados e municípios.
• Assegurar a responsabilização (accountability).

ATENÇÃO!!! O termo Accountability refere-se diversos mecanismos que


obrigam os ocupantes de cargos públicos a prestarem contas de seus atos,
tanto no que se refere à legalidade, quanto no atingimento dos objetivos.
Parte-se do suposto que a confiança é importante, mas não basta. São
necessárias regras institucionais para garantir o bom funcionamento das
organizações.

Em seu diagnóstico sobre a administração pública brasileira, o PDRAE


centrou suas atenções, de um lado, nas condições do mercado de trabalho e
na política de recursos humanos, e, de outro, na distinção de três
dimensões dos problemas:
1. A institucional-legal: Relacionada aos obstáculos de ordem legal
para o alcance de uma maior eficiência.
2. A cultural: Dada pela coexistência de valores patrimonialistas e
burocráticos com os novos valores gerenciais e modernos.
3. A gerencial: Associada às práticas administrativas em vigor.
O PDRAE afirma que as três dimensões são inter-relacionadas, mas esclarece
que não se deve subordinar a terceira à primeira, pois, apesar das
dificuldades, é possível promover de imediato a mudança da cultura
administrativa e reformar a dimensão-gestão do Estado, enquanto vai sendo
providenciada a mudança do sistema legal.

Várias são as características associadas à reforma gerencial:


• Descentralização e desconcentração.
• Desburocratização (gestão flexível, inclusive das relações de
trabalho).
• Terceirização.
• Avaliação e controle de resultados.
• Ênfase no cidadão, agora visto como cliente.

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• Competitividade e empreendedorismo.
• Ética e profissionalismo.
• Diz o PDRAE que se relacionava ao princípio da confiança (no que
se refere aos meios, pois havia maior flexibilidade - não aos objetivos,
que são pré-determinados).
• É associada ao chamado ‘neoliberalismo’ (embora em menor
intensidade do que as medidas tomadas no Governo Collor).
• Entretanto, segundo o próprio Bresser-Pereira, o PDRAE não buscou
implantar um Estado Mínimo no país.
• Assim como no governo Collor, as bancas tendem a considerar que as
reformas aqui não eram voltadas tanto ao desenvolvimento
social/econômico, mas principalmente à estabilização econômica.

ATENÇÃO!!! Os diferentes autores não são unânimes sobre quando se iniciou


a administração pública gerencial no Brasil. O CESPE, por exemplo, já se
contradisse ao considerar as duas assertivas seguintes como corretas:

27. (CESPE/Analista de Controle Externo – TCE/AC). A reforma


iniciada pelo Decreto nº 200/1967 foi uma tentativa de superação da
rigidez burocrática, e pode ser considerada como o começo da
administração gerencial no Brasil.

28. (CESPE/Anal. Ciência e Tecn. Jr – CNPQ). O modelo gerencial de


gestão foi inserido no Brasil a partir das reformas ocorridas na
década de 90 do século passado, tendo como inspiração os modelos
instituídos, nos Estados Unidos da América, por Ronald Reagan e, na
Inglaterra, por Margareth Thatcher.

A primeira afirmação foi feita por Bresser-Pereira no próprio texto do PDRAE.


Na dúvida, sugiro que fique com essa, mas saiba que há autores que optam
pela segunda.

ATENÇÃO!!! O PDRAE não buscava a eliminação total da administração


burocrática, mas entendia que ela deveria ficar restrita a apenas um dos
setores onde o Estado atua - o núcleo estratégico - onde deveria existir em
conjunto com a administração gerencial.

O PDRAE identificou os seguintes setores de atuação do Estado:


1. O núcleo estratégico (é o setor que define as leis e as políticas
públicas, e cobra o seu cumprimento). É o governo em sentido amplo.

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2. As atividades exclusivas do Estado (é o setor em que são prestados


serviços que só o Estado pode realizar). Aqui manifesta-se o poder
extroverso do Estado, em atividades como a regulamentação, a
fiscalização e o fomento.
3. Os serviços não exclusivos do Estado (corresponde ao setor onde
o Estado atua simultaneamente com outras organizações públicas não-
estatais e privadas). Engloba setores de grande relevância social.
4. O setor de produção de bens e serviços para o mercado
(corresponde à área de atuação das empresas).
A permanência da administração burocrática (junto com a administração
gerencial) no núcleo estratégico ocorre em função de a burocracia
possibilitar uma maior segurança e efetividade das decisões. Nos demais
setores deve vigorar apenas a administração pública gerencial, ou seja, com
controle de resultados em vez do controle de processos.
Já as atividades exclusivas do Estado seriam repassadas às autarquias e
fundações públicas classificadas como agências executivas. Tal qualificação
seria concedida por decreto presidencial e em função da assinatura de
contrato de gestão. São exemplos de atividades exclusivas do Estado: o
serviço policial, a previdência social básica, a cobrança e fiscalização dos
impostos, a fiscalização de trânsito, a fiscalização das normas sanitárias, a
fiscalização do meio-ambiente, a emissão de passaportes, dentre outros.
Nos serviços não exclusivos do Estado, tais como hospitais, universidades
e centros de pesquisa, haveria a transferência para as fundações públicas,
que seriam então transformadas em Organizações Sociais (OS) mediante
um processo de publicização. Haveria também, em casos específicos, a
parceria com empresas privadas, classificadas então como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Ambas compreenderiam
o chamado setor público não-estatal e, uma vez que os serviços e atividades
seriam não lucrativos, seria a elas proporcionada autonomia administrativa e
financeira para que pudessem sobreviver.
Apesar de serem atividades onde é possível também a prestação pela
iniciativa privada, o interesse da atuação do Estado se justifica pelo fato de
envolverem direitos humanos fundamentais, como a educação e a saúde, e
ainda porque apresentam “externalidades positivas” (também chamadas
economias de escala, são um conceito econômico que representa uma ação
onde não apenas quem é diretamente envolvido é beneficiado, mas também
toda a sociedade).
É chamado de setor público não-estatal porque as organizações são públicas,
pois prestam serviços públicos e administram patrimônio público, mas ao

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mesmo tempo não-estatais, porque não integram nem a administração direta


nem a indireta.

ATENÇÃO!!! Publicização é o processo de transferência de bens públicos


para as Organizações Sociais, para uso na finalidade contratada. Se houver
a desqualificação da instituição, os bens retornam ao Estado. Portanto, não
se trata de uma privatização. Não há venda nem doação de bens.
Temos então:
1. As Organizações Sociais (OS), que após assinarem um contrato de
gestão, passam a ser responsáveis por atuar em setores como
educação, cultura e saúde, ficando o Estado responsável pela
regulação e pelo financiamento básico. Foram criadas através do
Programa Nacional de Publicização.
2. As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP), que após firmarem um termo de parceria são
responsáveis por trazer para o Estado projetos novos, contendo
inovações e melhorias da iniciativa privada.

Finalmente, a produção de bens e serviços para o mercado é transferida


para o setor privado através de privatizações, ou então implantar contratos
de gestão nas empresas que não puderem ser privatizadas. No caso de
monopólios naturais que forem privatizados, as empresas seriam fiscalizadas
pelas chamadas agências reguladoras (tais como ANATEL, ANAC, ANS,
etc).

ATENÇÃO!!! É fácil se confundir quando aparecem os termos desregulação


e regulação nas questões sobre a reforma gerencial do PDRAE. Houve uma
desregulação dos serviços públicos, pois ao se transferir uma parcela
delas à iniciativa privada, via privatização ou contrato de gestão, considera-
se que sua flexibilidade aumentou. Entretanto, houve também uma
regulação de certos setores da iniciativa privada, que são aqueles que
passaram a prover serviços antes estatais, em setores com monopólio
natural. Neste caso, a regulação é dada principalmente através das agências
reguladoras.

As soluções adotadas pelo PDRAE podem ser agrupadas em três dimensões:


Níveis de atuação, Propriedade e Tipos de Administração.

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3 DIMENSÕES DA REFORMA

NÍVEL DE TIPO DE
PROPRIEDADE MEIOS
ATUAÇÃO ADMINISTRAÇÃO

Núcleo Burocrática e
Estatal Ministérios
estratégico Gerencial

Agências
Atividades
executivas
exclusivas Estatal Gerencial
(fundações públicas
do Estado
e autarquias)

Serviços OS
Pública não-
não- e
estatal Gerencial
exclusivos
OSCIP

Bens e
Empresas
serviços
Privada Gerencial privadas
para o
(privatizações)
mercado

ATENÇÃO!!! Não confunda as 3 dimensões do diagnóstico do PDRAE


(Institucional-Legal, Cultural e Gerencial), com as 3 dimensões em que se
executou a reforma (Níveis de atuação, Propriedade e Tipos de
Administração).

ATENÇÃO!!! O PDRAE e a EC 19/98 (emenda da reforma administrativa)


não são a mesma coisa. Enquanto o PDRAE foi elaborado em 1995, e é o
estudo que serviu de base para a reforma, a emenda constitucional
19/1998 é o instrumento constitucional que permitiu que ela fosse
efetivamente feita.

Alguns autores consideram que a Lei de Responsabilidade Fiscal, do ano


de 2000, foi editada ainda no âmbito da reforma gerencial. A LRF estabeleceu
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal
em todos os entes da federação, além de regulamentar vários dispositivos
constitucionais relacionados à Tributação e ao Orçamento.
O ímpeto da reforma foi maior durante o primeiro governo de FHC. No
segundo, o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE)
foi extinto e deu lugar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPOG).

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Com o lançamento do Plano Plurianual 2000/2003, mais conhecido como


Avança Brasil, a função de Planejamento estatal foi valorizada e o foco das
mudanças foi a implementação dos programas contidos no PPA. Ainda que
não oficialmente, alguns dos instrumentos da reforma (como as Agências
Executivas e as Organizações Sociais) tiverem sua implantação bastante
reduzida.

ATENÇÃO!!! Bresser-Pereira elaborou a seguinte tabela a respeito da


evolução da administração pública no Brasil:

1821 - 1930 1930 - 1985 1985 -

SOCIEDADE Mercantil-Senhorial Capitalista-Industrial Pós-Industrial

ESTADO (Política) Oligárquico Autoritário Democrático (1985)

ESTADO (Adm) Patrimonial Burocrático Gerencial (1995)

Porém lembre-se que, após o modelo patrimonialista, os modelos que vierem


a seguir não se tornaram exclusivos. Apesar das reformas, convivem até hoje
no Brasil traços do patrimonialismo, da burocracia e da administração
gerencial.

Veja como o CESPE parece concordar com essa convivência:

29. (CESPE/Anal. Jud.: Administrativa – STJ). O paradigma pós-


burocrático, apesar de se contrapor à ideologia e ao rigor técnico da
burocracia tradicional, possui diversas características do modelo
burocrático.

Comentários:
Gabarito: Certo.

30. (CESPE/ Anal. Jud.: Administrativa – TRE/BA). A administração


pública burocrática se alicerça em princípios como profissionalização,
treinamento sistemático, impessoalidade e formalismo, que são
abandonados à medida que a administração pública gerencial,
calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo
burocrático.

Comentários:
Gabarito: Errado.

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Hora de praticar!

31. (FCC/Auditor Substituto – TCE/RO). A Reforma do Aparelho do


Estado, proposta pelo Ministério da Administração Federal e Reforma
do Estado (MARE), implantada nos anos 90, diferenciou-se da
reforma proposta pelo Decreto-Lei nº 200 de 1967 ao:
a) recuperar a capacidade de planejamento, coordenação e regulação
do aparelho de Estado federal sobre a administração indireta e
fundacional.
b) priorizar a eficiência e a flexibilização da gestão pública e
fortalecer a posteriori os sistemas de controle da atividade
administrativa.
c) aprofundar a participação direta do Estado nos diversos setores da
sociedade e da economia.
d) propor a substituição do modelo burocrático pela administração
gerencial, com foco no cidadão, reforçando os sistemas de controles
a priori.
e) enfatizar o fortalecimento do núcleo estratégico do Estado,
ampliando e fortalecendo os sistemas centralizados de controle de
processos.

Comentários:
A alternativa A é errada porque a reforma do PDRAE não pretendia recuperar
a capacidade de regular a administração indireta, pelo contrário, buscava a
flexibilização, perdida com a CF/88. A alternativa C é errada porque o Estado
não buscar avançar nos diversos setores da sociedade, mas sim transferir
uma parcela para a iniciativa privada. As alternativas D e E erram ao dizer
que na reforma do PDRAE reforçou-se o controle a priori, e centralizado, pois
na verdade buscava-se o controle a posteriori, ou de resultados. Gabarito:
Letra B.

32. (CESPE/Téc. Judiciário – TJ/AL - adaptada). O papel do governo


na nova gestão pública corresponde ao de um catalisador que libera
as forças do mercado e utiliza organizações públicas descentralizadas
com controle primário de certos órgãos.

Comentários:
Lembre-se que a reforma gerencial (associada à Nova Gestão Pública) previu
a atuação das forças do mercado (na produção de bens e serviços pelas
empresas privadas) e também descentralizava a atuação em algumas áreas
(agências executivas, OS e OSCIP). Gabarito: Certo.

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33. (CESPE/Técnico Ministerial – MPE/PI). A reforma do Estado


brasileiro rumo à administração gerencial baseou-se no modelo
britânico de reforma, em que as ilusões românticas do liberalismo
foram deixadas de lado em favor do pragmatismo.

Comentários:
A reforma do PDRAE foi pragmática porque aceitava que a atuação da
iniciativa privada deveria conviver com a atuação estatal (e vice-versa).
Gabarito: Certo.

34. (FGV/Auditor – TCM/PA). Em relação à evolução do pensamento


da Administração Pública no Brasil, assinale a afirmativa incorreta.
a) No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir
dos anos 30. Surge no quadro da aceleração da industrialização
brasileira, em que o Estado assume papel decisivo, intervindo
pesadamente no setor produtivo de bens e serviços. A partir da
reforma empreendida no governo Vargas por Maurício Nabuco e Luiz
Simões Lopes, a administração pública sofre um processo de
racionalização que se traduziu no surgimento das primeiras carreiras
burocráticas e na tentativa de adoção do concurso como forma de
acesso ao serviço público. A implantação da administração pública
burocrática é uma consequência clara da emergência de um
capitalismo moderno no país.
b) A reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei nº 200 constitui um
marco na tentativa de superação da rigidez burocrática, podendo ser
considerada como um primeiro momento da administração gerencial
no Brasil. Mediante o referido decreto-lei, realizou-se a transferência
de atividades para autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista, a fim de obter-se maior dinamismo
operacional por meio da descentralização funcional. Instituíram-se,
como princípios de racionalidade administrativa, o planejamento e o
orçamento, o descongestionamento das chefias executivas
superiores (desconcentração/descentralização), a tentativa de
reunir competência e informação no processo decisório, a
sistematização, a coordenação e o controle.
c) No início dos anos 80, registrou-se uma nova tentativa de reformar
a burocracia e orientá-la na direção da administração pública
gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do
Programa Nacional de Desburocratização – PND, cujos objetivos
eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a
descentralização da autoridade, a melhoria e simplificação dos

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processos administrativos e a promoção da eficiência. As ações do


PND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização dos
procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o
desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num
esforço para conter os excessos da expansão da administração
descentralizada, estimulada pelo Decreto-Lei nº 200/67.
d) O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, da década de
1990, preconizava que na administração pública gerencial a
estratégia se volta: (i) para a definição precisa dos objetivos que o
administrador público deverá atingir em sua unidade; (ii) para a
garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos
humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à
disposição para que possa atingir os objetivos contratados; e (iii)
para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados.
Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do
próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer
concorrência entre unidades internas. No plano da estrutura
organizacional, a descentralização e a redução dos níveis
hierárquicos tornam-se essenciais e, enfim, negava todos os
Princípios da Administração Burocrática.
e) Nos anos 2000, podemos elencar como novas ferramentas de
Administração Pública o uso das Parcerias Público-Privadas e a
aprovação da legislação sobre consórcios públicos, o que pode gerar
um novo arranjo de gestão frente a alguns problemas referentes à
questão federativa.

Comentários:
Questão cansativa, mas boa para revisar. O único erro está na alternativa D,
quando diz que a reforma do PDRAE negava todos os princípios da
administração burocrática. Gabarito: Letra D.

9. Governo Lula (2003 a 2010)

Assim que assumiu o governo, Lula lançou o plano “Gestão pública para
um país de todos”, segundo o qual “Significativas transformações na gestão
pública serão necessárias para que se reduza o déficit institucional e seja
ampliada a governança, alcançando-se mais eficiência, transparência,
participação e um alto nível ético”.
O termo “déficit institucional” refere-se à “ausência do Estado onde este
deveria estar atuando”, e se manifesta “tanto na amplitude do atendimento
dado pelas instituições públicas, quanto na qualidade desse atendimento”.

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A respeito de sua orientação, o plano declarava “o Estado como solução”,


com papel ativo na redução das desigualdades e promoção do
desenvolvimento, e tendo como princípios:
• Redução do déficit institucional.
• Fortalecimento da capacidade de formular e implementar políticas.
• Otimização de recursos.
• Participação, transparência e ética.

O plano se dizia constituir uma proposta ousada de revitalização da


Administração Pública Federal. Seus resultados, porém, não foram tão
abrangentes a ponto de ser considerado uma reforma.

Durante o governo Lula, algumas iniciativas importantes foram:


• Parcerias Público-Privadas (2004): Foi aprovada a lei que institui
normas a respeito das PPPs, que diferem das concessões comuns pela
forma de remuneração do parceiro privado. Na concessão comum, o
pagamento é realizado com base nas tarifas cobradas dos usuários dos
serviços concedidos. Já nas PPPs, o agente privado é remunerado
exclusivamente pelo governo ou numa combinação de tarifas cobradas
dos usuários dos serviços mais recursos públicos.
• Consórcios Públicos (2005): Foi aprovada a lei dos consórcios
públicos, instituições formadas por dois ou mais entes da Federação
para realizar ações de interesse comum.
• Programa GesPública (2005), com o objetivo de estimular e apoiar
os órgãos e entidades públicos a implementarem medidas de
fortalecimento em sua gestão interna, a fim de oferecerem serviços de
melhor qualidade aos cidadãos.
• Decreto nº 6.932/2009, contendo simplificações no atendimento
público prestado ao cidadão, principalmente no que se refere à
obtenção e à exigência de certidões, e também instituindo a Carta de
Serviços ao Cidadão, cujo objetivo é informar o cidadão os serviços
prestados, as formas de acesso, e os respectivos compromissos e
padrões de qualidade de atendimento ao público.

Com relação à estrutura, o Governo Lula foi marcado por grande expansão
de Ministérios, porém mais em função de usá-los como barganha política do
que para melhoria na administração pública. Houve também a criação de
várias autarquias, fundações e empresas estatais, acompanhados pelo
aumento de servidores públicos e de cargos comissionados.

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Na área de recursos humanos houve a concessão de reajustes e a


reestruturação de diversas carreiras.
Já no que se refere à transparência, foram promovidas diversas melhorias,
tais como:
• A introdução, na Lei da Responsabilidade Fiscal, do artigo 48-A,
que obriga a divulgação em tempo real de informações relacionadas à
arrecadação de recursos e à realização de despesas públicas.
• O lançamento do Portal da Transparência do Governo Federal
(2004), por iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU), e cujo
objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, permitindo que
o cidadão acompanhe como o dinheiro público está sendo utilizado e
ajude a fiscalizar.
No ano seguinte (2011), já no governo de Dilma Rousseff, entraria também
em vigor a Lei de Acesso à Informação, que regulamenta o direito previsto
na Constituição de qualquer pessoa solicitar e receber dos órgãos e entidades
públicos, de todos os entes e Poderes, informações públicas por eles
produzidas ou custodiadas.

E para finalizar, mais algumas questões:

35. (ESAF/Analista de Finanças e Controle – CGU). Acerca das


experiências de reforma da máquina pública havidas em nosso país,
é correto afirmar que:
a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais experiências
de reforma anteriores − o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 −
deram-se em um ambiente democrático, baseado no debate e na
negociação, a despeito de um processo decisório mais concentrador.
b) originariamente pensadas desde a edição do Plano de Metas, as
parcerias público-privadas (PPPs) não se constituem, por isso
mesmo, uma inovação do atual modelo administrativo, apesar de seu
grande sucesso e proliferação nos níveis federal e subnacionais.
c) o melhor exemplo de um bem-sucedido resultado da Reforma
Bresser é o caso das agências regulatórias, montadas de forma
homogênea calcada na visão mais geral do modelo regulador,
condição básica ao que viria a substituir o padrão varguista de
intervenção estatal.
d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana
de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado
pelos governos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua

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influência na atuação dos gestores públicos e em uma série de


inovações governamentais.
e) a atual proposta de reforma, também calcada na gestão por
resultados − porém não mais tachada de "neoliberal" −, aposta seu
sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o reforço do
emprego público, e a redução da administração indireta, com o
aprofundamento das privatizações.

Comentários:
Tanto a reforma do DASP, quanto a reforma dos anos 60 não ocorreram em
ambiente democrático (letra A errada). As PPPs só foram criadas no governo
FHC, além disso nunca se proliferaram no Brasil (letra B errada). As agências
regulatórias não foram criadas de forma homogênea, havendo uma lei para
cada uma. Além disso, a literatura traz mais críticas do que elogios à sua
atuação (letra C errada). É discutível acreditar que há alguma reforma
administrativa em curso, sendo mais correto dizer que há ações pontuais.
Além disso, nos governos petistas jamais se pensou em quebra de
estabilidade nem em privatizações (letra E errada). Gabarito: Letra D.

36. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho – MTE). Selecione a opção


correta.
a) A era Vargas caracterizou-se pelo patrimonialismo do serviço
público, estabelecendo como forma de acesso a cargos do governo o
processo discricionário de seleção.
b) Antes da década de 40 do século passado, prevalecia na
administração pública o modelo weberiano de administração pública.
c) Durante o regime militar dos anos 70, prevalece o crescimento da
administração indireta e com ela a profissionalização de seu alto
escalão, regido pelo regime celetista.
d) Nos anos 30, a criação do DASP marca a implantação do modelo
burocrático na administração pública, tendo como paradigma a
avaliação de desempenho.
e) A reforma da década de 90 tem como um dos seus focos o princípio
do mérito e o estabelecimento de regras rígidas e universalmente
válidas.

Comentários:
Na Era Vargas prevaleceu o modelo burocrático (letra A errada). Antes da
década de 40 prevaleceu o modelo patrimonial (letra B errada). O paradigma
da burocracia trazida pelo DASP era o controle dos processos (letra D errada).

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A reforma da década de 90 suaviza as regras rígidas, implantando um modelo


gerencial (letra E errada). Gabarito: Letra C.

37. (ESAF/EPPGG – MPOG). Considerando a evolução da


administração pública em nosso país, bem como as suas experiências
de reforma, é correto afirmar que:
a) ao privilegiar o usuário do serviço público, o Programa Nacional de
Desburocratização marcou pelo ineditismo, já que nenhum outro
antes dele fora dotado de caráter social e político.
b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que separava as
burocracias instaladas nas administrações direta e indireta,
garantindo a profissionalização do serviço público em toda a sua
extensão.
c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus objetivos,
fortalecer o Estado de modo a torná-lo responsável direto pelo
desenvolvimento econômico e social.
d) a reforma burocrática de 1936 apoiou-se, conceitualmente, em
três dimensões: formas de propriedade, tipos de administração
pública e níveis de atuação do Estado.
e) com a República Velha, deu-se a primeira experiência radical de
reforma administrativa, em resposta às mudanças econômicas e
sociais que levavam o país rumo à industrialização.

Comentários:
A reforma de 67 aumentou o fosso entre as administrações direta e indireta
(letra B errada). A reforma dos anos 90 deixava bastante espaço para a
iniciativa privada no desenvolvimento do país (letra C errada). A reforma que
se apoiou em 3 dimensões foi a gerencial, dos anos 90 (letra D errada). Ana
República Velha nada mudou com relação à administração pública, que
continuou patrimonialista (letra E errada). Gabarito: Letra A.

38. (ESAF/Auditor Fiscal – RFB). O estudo das experiências de


reformas administrativas havidas em nosso país permite concluir,
acertadamente, que:
a) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de vista dos
princípios políticos que a orientaram, a saber: participação,
accountability e controle social.
b) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, especialmente
a da década de 1960, teve como consequência o fortalecimento da
administração direta, em detrimento da administração indireta.

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c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um


modelo de burocracia pública consolidada.
d) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão pública,
adotado a partir dos anos 1990, possuiu inspiração autóctone e em
nada se valeu das experiências britânica e estadunidense.
e) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova
administração pública, de caráter gerencialista, visando consolidar o
ideário keynesiano e o estado do bem-estar social.
Comentários:
A reforma dos anos 30 em quase nada contava com participação ou controle
social (letra A errada). A reforma dos anos 60 fortaleceu a administração
indireta, em detrimento da direta (letra B errada). O modelo gerencial que se
tentou implantar no Brasil é inspirado nos modelos britânico e americano
(letra D errada). O modelo adotado a partir dos anos 90 pregava o convívio
entre as atuações estatal e privada, com ênfase nessa última no que se refere
à produção de bens e serviços. O modelo keynesiano privilegia a atuação
estatal (letra E errada). Gabarito: Letra C.

10.DICA DE OURO

Agora que acabamos o conteúdo da apostila, é ESSENCIAL que você vá


até este capítulo no sistema Nota11 de fichas interativas e pratique!
As fichas são neurologicamente formuladas para que esses pontos
nunca mais saiam da sua cabeça...
Esse será o grande diferencial para que você consiga estar pronto para
gabaritar a prova em um tempo até 10X mais rápido que nos materiais
e métodos disponíveis no mercado.

11.Principais pontos a serem fixados

Brasil Colônia e Império (até 1889)


• Início descentralizado (capitanias hereditárias).
• Centralização a partir do estabelecimento do Governo Geral (1548)
• Início da Administração Pública com a vinda da família real portuguesa
(1808).
• Elite agrária sempre presente na burocracia, primeiro com os
produtores de cana-de-açúcar, depois com os barões do café.

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• Patriarcalismo presente durante todo o período, com melhorias


pontuais durante a Era Pombalina.

República Velha (1889 a 1930)

• Continuação do patrimonialismo, com forte presença da oligarquia


econômica.
• Burocracias profissionais localizadas (Forças Armadas e Itamaraty).
• Descentralização política (adoção do federalismo).
• Início do desenvolvimento industrial, que ajudou a pressionar por
mudanças nos modelos político e administrativo.

A Era Vargas (1930 a 1945) e a República Populista (1945 a 1964)


• Getúlio Vargas assume e centraliza as decisões ao enfraquecer o
federalismo.
• Crise de 29 faz com que haja impulso à industrialização, inclusive
através de atuação direta do Estado.
• Dado o surgimento de uma nova classe – os trabalhadores urbanos –
Vargas adota diversas medidas trabalhistas.
• Na administração pública ocorre a “reforma burocrática”, cujo principal
expoente foi o Departamento Administrativo do Serviço Público
(DASP).
• Melhorias no processo de orçamento e na administração de pessoal.
• Com o tempo, porém aparecem as principais críticas ao modelo do
DASP: insulamento burocrático e engolfamento social.
• Nos governos seguintes a burocracia é enfraquecida, e retornam boa
parte das práticas patrimonialistas.
• Considerando a burocracia centralizada inadequada para o
desenvolvimento econômico, Juscelino Kubitschek novas estruturas na
administração indireta.
• No governo de João Goulart a Comissão Amaral Peixoto elabora
proposta de reforma administrativa, mas que nunca foi implementada.

Regime Militar (1964 a 1985)

• O decreto 200/1967 adota como princípios da administração pública o


Planejamento, a Coordenação, a Descentralização, a Delegação de
Competência e o Controle.

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• A descentralização se dá tanto para a administração indireta, quanto


para os demais entes federativos e para a iniciativa privada.
• Muitos autores consideram que nesse período houve os primeiros
passos em direção a uma administração gerencial.
• Administração indireta mais flexível gera algumas críticas, como a
prática patrimonialista nas contratações e a falta de um controle
centralizado de resultados.
• No final da década de 70 são adotadas medidas como a criação da
Secretaria de Controle das Empresas Estatais (SEST), bem como um
processo de privatizações de algumas dessas empresas.

A Constituição de 88 (o retrocesso burocrático)

• É chamada de “retrocesso burocrático” por ter adotado uma maior


presença estatal na esfera econômica e uma maior centralização
administrativa.
• A administração indireta perdeu boa parte de sua autonomia,
tornando-se mais próxima à já engessada administração direta.
• Houve grande concessão de benefícios sem a devida contrapartida em
termos de custeio, o que só fez contribuir para a piora da situação
fiscal.

Governo Collor

• Adotou severas medidas para tentar tirar o Brasil da crise fiscal:


privatização de empresas estatais, demissão de milhares de servidores
e achatamento dos salários.
• No governo seguinte, de Itamar Franco, boa parte das demissões foi
revertida e os salários foram recompostos.

A Reforma Gerencial do PDRAE

• ‘Crise do Estado’, faz com que FHC adote reforma ‘burocrático-


fiscalista’ (ajuste fiscal e modernização da administração pública).
• O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – PDRAE deu o tom
da reforma, diagnosticando 3 dimensões dos problemas: Institucional-
legal, cultural e gerencial.
• O PDRAE buscou implantar um modelo gerencial de administração
pública, apesar de não buscar a eliminação total da administração
burocrática.

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• Houve uma desregulação dos serviços públicos, pois ao se transferir


uma parcela delas à iniciativa privada, via privatização ou concessão,
considera-se que sua flexibilidade aumentou.
• Houve também uma regulação de certos setores da iniciativa privada,
que são aqueles que passaram a prover serviços antes estatais, sendo
tal regulação dada principalmente através das agências reguladoras.

• As soluções adotadas pelo PDRAE podem ser agrupadas em três


dimensões:

3 DIMENSÕES DA REFORMA

NÍVEIS DE TIPO DE
PROPRIEDADE MEIOS
ATUAÇÃO ADMINISTRAÇÃO

Núcleo Burocrática e
Estatal Ministérios
estratégico Gerencial

Agências
Atividades
executivas
exclusivas Estatal Gerencial
(fundações públicas
do Estado
e autarquias)

Serviços OS
Pública não-
não- e
estatal Gerencial
exclusivos
OSCIP

Bens e Empresas
serviços privadas
Privada Gerencial
para o (privatizações e
mercado concessões)

• Apesar das diversas reformas ocorridas, convivem até hoje no Brasil


traços do patrimonialismo, da burocracia e da administração gerencial.

Governo Lula (2003 a 2010)


• Buscou reduzir o déficit institucional, definido como “ausência do
Estado onde este deveria estar atuando”.
• Declarava “o Estado como solução”, aumentando seu papel em todas
as frentes.

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• O plano se dizia constituir uma proposta ousada de revitalização da


Administração Pública Federal, porém seus resultados não foram tão
abrangentes a ponto de ser considerado uma reforma.
• Houve grande expansão da administração direta e da indireta, porém
mais em função de usá-los como barganha política do que para
melhoria na administração pública.
• Houve a concessão de reajustes e a reestruturação de diversas
carreiras.
• Foram promovidas diversas melhorias, no que se refere à
transparência.

12.Lista das questões que resolvemos

1. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A partir da administração


pombalina, pouco a pouco, o empirismo paternalista do absolutismo
tradicional foi sendo substituído pelo racionalismo típico do
despotismo esclarecido.

2. (ESAF/APO – MPOG). Raimundo Faoro em "Os Donos do Poder"


(1958) apresentou uma interpretação sobre o subdesenvolvimento
do Brasil no qual descreveu, entre outras coisas, as mazelas da
administração pública brasileira.
Aponte a opção que se enquadra no argumento desse autor.
a) Apesar das inúmeras mudanças históricas pelas quais passou o
Brasil, o aparato administrativo e político permaneceu sob a
apropriação de um mesmo grupo social, que tinha como objetivo a
obtenção de poder, prestígio e riqueza.
b) Baseado em uma abordagem marxista, Faoro demonstra como a
burocracia brasileira tinha um caráter patronal, sendo apropriada por
uma burguesia que era intimamente ligada às elites políticas.
c) Apropriação da máquina administrativa e política era feita por
setores de uma elite agrária, que faziam prevalecer os seus
interesses na prevalência da política de agro-exportação.
d) A herança portuguesa de captura do aparelho do Estado, por parte
de uma burguesia, guarda estritas relações com a abordagem de Caio
Prado Jr. - autor contemporâneo de Faoro, que também interpretou
o subdesenvolvimento.

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e) A herança da administração colonial portuguesa gerou o chamado


"patronato político brasileiro", responsável pela predominância da
força política rural descentralizada sobre a urbana centralizada.

3. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A administração colonial se


caracterizou pela centralização, formalismo e morosidade,
decorrentes, em grande parte, do vazio de autoridade no imenso
território.

4. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A transferência da corte


portuguesa, em 1808, e a consequente elevação do Brasil a parte
integrante do Reino Unido de Portugal constituíram as bases do
Estado nacional, com todo o aparato necessário à afirmação da
soberania e ao funcionamento do autogoverno.

5. (CETRO/Auditor Fiscal Tributário – São Paulo/SP). A mistura de


centralismo excessivamente regulamentador e, geralmente, pouco
afetivo, com o patrimonialismo local pode resumir bem o modelo de
administração colonial.
Sabe-se, também, que a alta burocracia era, no geral, selecionada
segundo certo tipo de mérito, baseado num saber generalista. Na
melhor parte da elite burocrática, meritocracia e relacionamentos
pessoais de apadrinhamento conviviam na seleção e promoção dos
funcionários. Assinale a alternativa que apresenta qual era o outro
papel da alta burocracia nessa época, além do mencionado acima.
a) Distinguir e denominar as duas fases da historiografia
administrativa, política, econômica e social do Brasil.
b) Servir para a distribuição de empregos públicos para garantir
apoio político e social.
c) Instituir, no Brasil, o mecanismo do concurso público, por meio da
Lei de 1831.
d) Criar um paradoxo no que se refere à modernização do aparato
burocrático.
e) Enfraquecer o Estado e reforçar o modelo patrimonial.

6. (ESAF/EPPGG – MPOG - Adaptada). A República Velha, ao


promover grandes alterações na estrutura do governo, lançou a
economia rumo à industrialização e a administração pública rumo à
burocracia weberiana.

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7. (CESPE/Administrador – MTE). O Estado oligárquico, no Brasil, é


identificado com a República Velha, e caracteriza-se pela associação
entre as instituições políticas tradicionais e as entidades da
sociedade civil mobilizadas em torno dos segmentos mais pobres e
desprotegidos da população, por meio de fortes redes de proteção
social.

8. (ESAF/Agente Executivo – CVM). No Brasil, a Primeira República


(1889-1930), também conhecida como República Velha,
caracterizou-se por
a) eleições fiscalizadas pela justiça eleitoral.
b) amplo domínio das oligarquias.
c) voto direto, secreto e universal.
d) universalização do acesso ao ensino primário.
e) economia diversificada e autárquica.

9. (CESPE/Analista Judiciário – TRE/ES). A instituição, em 1936, do


Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) teve
como objetivo principal suprimir o modelo patrimonialista de gestão.

10. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal). A


noção de sistema de mérito, proposto pelo DASP, apoiava-se em
ingresso mediante concurso, promoção conforme o mérito e ascensão
mediante carreira.

11. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal).


Ao final do Estado Novo, o DASP sofria os efeitos perversos de sua
hipertrofia e desvirtuamento de funções, passando de órgão
modernizador da administração pública a braço operativo da
ditadura, até mesmo com funções legislativas.

12. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal).


Um dos fatores que explicam o sucesso modernizador da ação
daspeana é a atenção aos aspectos informais e a importância da
construção de uma cultura de profissionalismo dentro das
repartições, em perfeita sintonia com as ideias administrativas
emanadas principalmente a partir de Gullick e Urwick.

13. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal).


As reformas daspeanas, não obstante seu efeito racionalizador, não

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lograram desenvolvimento econômico, político ou social,


representando um caso clássico de um sistema fechado altamente
insulado.

14. (CESPE/Consultor Legislativo: Adm. Pública – Senado Federal). A


continuidade do DASP foi assegurada nos governos que se seguiram
- Dutra e JK -, de modo a possibilitar a estruturação dos grupos
executivos incumbidos de implementar o Plano de Metas.

15. (ESAF/APO – MPOG - adaptada). Os '50 Anos em 5' e a construção


de Brasília, no período JK, representaram a pedra fundamental do
que viria a ser a adoção do gerencialismo no serviço público.

16. (ESAF/Anal. Téc. Adm. – MTUR). A respeito da evolução da


Administração Pública no Brasil, analise as afirmativas abaixo,
classificando-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).
Ao final assinale a opção que contenha a sequência correta.
( ) A hipertrofia do Departamento Administrativo do Serviço Público
– DASP no contexto do estado, extrapolando a função de órgão
central de administração e assumindo características de agência
central de governo, confirma a disfuncionalidade do modelo que
possuía um caráter hermético, um sistema insulado pautado
linearmente nos inputs do regime de Vargas sob boa carga
discricionária.
( ) A modernização daspeana representou a reversão total da índole
patrimonialista tipicamente lusitana.
( ) O período compreendido entre 1945 e 1964 representa o
desdobramento das estruturas institucionais do estado tendo como
pano de fundo do panorama político o retorno da democracia. O
sistema administrativo estatal esteve, neste período, aberto às
influências da política representativa, desinteressada na extensão
dos esforços modernizantes em relação às variáveis estruturais
essenciais da administração e, complementarmente, interessada
quer em negociar os resultados das instâncias mais modernas, quer
em lucrar com a paralisia das mais atrasadas.
a) V, V, F
b) F, V, F
c) F, F, V
d) V, F, V

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e) V, V, V

17. (FCC/Gestor Público – SEAD/PI). Na década de 1960, surgiram


novas iniciativas de modernização administrativa, merecendo
destaque os trabalhos realizados pela Comissão Amaral Peixoto
(Governo Goulart), que tinha como principal objetivo:
a) introduzir práticas gerenciais no âmbito da Administração pública
indireta, estabelecendo mecanismos de controle de resultados e
avaliação de desempenho.
b) promover uma centralização administrativa progressiva, tanto no
aspecto político, como administrativo.
c) promover ampla descentralização administrativa; reorganizando
estruturas e atividades; expansão e fortalecimento do sistema de
mérito; normas de aquisição e fornecimento de materiais e
organização administrativa do Distrito Federal.
d) dar sustentação administrativa a uma política desenvolvimentista,
fundada em parcerias com o setor privado.
e) promover a multiplicação de órgãos de planejamento junto à
Administração pública federal, estadual e municipal, com o objetivo
de formularem planos regionalizados de fomento à indústria.

18. (VUNESP/Analista de Suporte Adm. – PROCON/SP). Assinale a


alternativa que, em conformidade com Artigo 6º, do Decreto-Lei nº
200, de 25.02.1967, contempla os cinco princípios fundamentais da
Administração Federal fixados pela Reforma Administrativa instituída
pelo mesmo Decreto.
a) Planejamento; Coordenação; Descentralização; Delegação de
Competência; Controle.
b) Planejamento; Organização; Direção; Execução; Controle.
c) Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; Eficiência.
d) Probidade Administrativa; Ética; Transparência; Desconcentração;
Eficácia.
e) Supremacia do Interesse Público; Motivação; Razoabilidade;
Proporcionalidade; Ampla Defesa.

19. (ESAF/EPPGG – MPOG). A partir de 1964, a reforma


administrativa fez parte da agenda governamental do regime militar
com grande recorrência. Uma das peças centrais nas iniciativas de

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reforma administrativa brasileira foi o Decreto-Lei 200, de


25/02/1967, que inclui todos os princípios norteadores abaixo,
exceto:
a) reagrupamento de departamentos, divisões e serviços de
planejamento na Secretaria de Planejamento da Presidência da
República, com amplos poderes, superiores aos de qualquer outro
ministério.
b) expansão das empresas estatais, de órgãos independentes
(fundações) e semi-independentes (autarquias).
c) fortalecimento e expansão do sistema de mérito.
d) planejamento, descentralização, delegação de autoridade,
coordenação e controle.
e) diretrizes gerais para um novo plano de classificação de cargos.

20. (FGV/Anal. Jud.: Administrativo – TJ/PI). A reforma do Estado no


âmbito do Decreto Lei nº 200/67 é amplamente conhecida pela
implantação da noção de administração direta e indireta.
Segundo diversos analistas e estudiosos, dado o conjunto de ações
visando a sua implementação, surgiram naquele momento da
reforma consequências inadequadas, dentre as quais destaca(m)-se:
a) ampliação do núcleo estratégico do Estado por meio do
desenvolvimento da carreira de gestor e ampliação excessiva dos
concursos;
b) geração de práticas patrimonialistas na administração indireta por
meio de contratações sem concurso público, ocasionando nepotismo;
c) fortalecimento da rigidez excessiva da administração indireta e
centralização das ações na administração direta;
d) geração da expansão da administração direta, concentrando nessa
a maior parte dos investimentos do governo federal;
e) manutenção de relações pluralistas entre poderes, facilitando a
aprovação dos orçamentos submetidos pelo Executivo ao Congresso.

21. (CESPE/Técnico Ministerial - MPE/PI). A reforma burocrática


mais recente da administração pública seguiu um modelo cujos
pilares envolvem conceitos de impessoalidade, profissionalismo e
formalidade.

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22. (CESPE/Agente de polícia – PF). A Constituição Federal de 1988


(CF) rompeu com o retrocesso burocrático que até então prevalecia,
ao conceder autonomia ao Poder Executivo para tratar da
estruturação dos órgãos públicos e proporcionar flexibilidade
operacional aos entes da administração indireta.

23. (CESPE/Administrador – MPOG). A Constituição Federal de 1988


representou um avanço à descentralização do poder público, uma vez
que acrescentou poderes à administração indireta por meio da
flexibilização de suas normas operacionais.

24. (FCC/Especialista em Políticas Públicas – SEPLADR/SP). O


processo de descentralização que sucedeu a Constituição Federal de
1988 resultou, em um primeiro momento, entre outros problemas,
em uma exacerbação do municipalismo autárquico. Esse diagnóstico
indica, como um dos maiores problemas do federalismo brasileiro, a
a) grande distorção da representação política estadual no Congresso
Nacional, favorecendo os grandes estados da federação.
b) grande autonomia política, financeira e administrativa dos
pequenos municípios para executar as políticas de sua exclusiva
responsabilidade.
c) excessiva centralização das políticas de educação e saúde.
d) indefinição do papel dos estados na provisão de serviços em
arranjos cooperativos, seja com os municípios seja com a União.
e) forte descentralização fiscal pós-Constituição de 1988, que
reduziu a capacidade do governo federal de financiar políticas
redistributivas.

25. (CESPE/Consultor de Orçamentos – Senado Federal). A reversão


parcial dos efeitos do Plano Collor sobre a administração pública
procedida durante o governo Itamar Franco baseava-se no resgate
do conceito de administração para a democracia.

26. (CESPE/Anal. Judiciário – TRE/TO - adaptada). O foco das ações


de reforma do período Collor, na realidade, concentrou-se no projeto
de privatização das empresas estatais. Do ponto de vista da
administração direta, embora ressalte-se o papel de destaque dado
ao processo de descentralização da gestão dos serviços públicos,
notadamente no setor de saúde possibilitou a continuidade de ações
fundadas no princípio, não havia uma orientação orgânica de

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reforma, a não ser a extinção de órgãos e o corte de pessoal. Quanto


à inovação de procedimentos gerenciais, destaca-se a experiência
pioneira do contrato de gestão implantado no hospital Sarah
Kubitscheck, em Brasília.

27. (CESPE/Analista de Controle Externo – TCE/AC). A reforma


iniciada pelo Decreto nº 200/1967 foi uma tentativa de superação da
rigidez burocrática, e pode ser considerada como o começo da
administração gerencial no Brasil.

28. (CESPE/Anal. Ciência e Tecn. Jr – CNPQ). O modelo gerencial de


gestão foi inserido no Brasil a partir das reformas ocorridas na
década de 90 do século passado, tendo como inspiração os modelos
instituídos, nos Estados Unidos da América, por Ronald Reagan e, na
Inglaterra, por Margareth Thatcher.

29. (CESPE/Anal. Jud.: Administrativa – STJ). O paradigma pós-


burocrático, apesar de se contrapor à ideologia e ao rigor técnico da
burocracia tradicional, possui diversas características do modelo
burocrático.

30. (CESPE/ Anal. Jud.: Administrativa – TRE/BA). A administração


pública burocrática se alicerça em princípios como profissionalização,
treinamento sistemático, impessoalidade e formalismo, que são
abandonados à medida que a administração pública gerencial,
calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo
burocrático.

31. (FCC/Auditor Substituto – TCE/RO). A Reforma do Aparelho do


Estado, proposta pelo Ministério da Administração Federal e Reforma
do Estado (MARE), implantada nos anos 90, diferenciou-se da
reforma proposta pelo Decreto-Lei nº 200 de 1967 ao:
a) recuperar a capacidade de planejamento, coordenação e regulação
do aparelho de Estado federal sobre a administração indireta e
fundacional.
b) priorizar a eficiência e a flexibilização da gestão pública e
fortalecer a posteriori os sistemas de controle da atividade
administrativa.
c) aprofundar a participação direta do Estado nos diversos setores da
sociedade e da economia.

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d) propor a substituição do modelo burocrático pela administração


gerencial, com foco no cidadão, reforçando os sistemas de controles
a priori.
e) enfatizar o fortalecimento do núcleo estratégico do Estado,
ampliando e fortalecendo os sistemas centralizados de controle de
processos.

32. (CESPE/Téc. Judiciário – TJ/AL - adaptada). O papel do governo


na nova gestão pública corresponde ao de um catalisador que libera
as forças do mercado e utiliza organizações públicas descentralizadas
com controle primário de certos órgãos.

33. (CESPE/Técnico Ministerial – MPE/PI). A reforma do Estado


brasileiro rumo à administração gerencial baseou-se no modelo
britânico de reforma, em que as ilusões românticas do liberalismo
foram deixadas de lado em favor do pragmatismo.

34. (FGV/Auditor – TCM/PA). Em relação à evolução do pensamento


da Administração Pública no Brasil, assinale a afirmativa incorreta.
a) No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir
dos anos 30. Surge no quadro da aceleração da industrialização
brasileira, em que o Estado assume papel decisivo, intervindo
pesadamente no setor produtivo de bens e serviços. A partir da
reforma empreendida no governo Vargas por Maurício Nabuco e Luiz
Simões Lopes, a administração pública sofre um processo de
racionalização que se traduziu no surgimento das primeiras carreiras
burocráticas e na tentativa de adoção do concurso como forma de
acesso ao serviço público. A implantação da administração pública
burocrática é uma consequência clara da emergência de um
capitalismo moderno no país.
b) A reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei nº 200 constitui um
marco na tentativa de superação da rigidez burocrática, podendo ser
considerada como um primeiro momento da administração gerencial
no Brasil. Mediante o referido decreto-lei, realizou-se a transferência
de atividades para autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista, a fim de obter-se maior dinamismo
operacional por meio da descentralização funcional. Instituíram-se,
como princípios de racionalidade administrativa, o planejamento e o
orçamento, o descongestionamento das chefias executivas
superiores (desconcentração/descentralização), a tentativa de

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reunir competência e informação no processo decisório, a


sistematização, a coordenação e o controle.
c) No início dos anos 80, registrou-se uma nova tentativa de reformar
a burocracia e orientá-la na direção da administração pública
gerencial, com a criação do Ministério da Desburocratização e do
Programa Nacional de Desburocratização – PND, cujos objetivos
eram a revitalização e agilização das organizações do Estado, a
descentralização da autoridade, a melhoria e simplificação dos
processos administrativos e a promoção da eficiência. As ações do
PND voltaram-se inicialmente para o combate à burocratização dos
procedimentos. Posteriormente, foram dirigidas para o
desenvolvimento do Programa Nacional de Desestatização, num
esforço para conter os excessos da expansão da administração
descentralizada, estimulada pelo Decreto-Lei nº 200/67.
d) O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, da década de
1990, preconizava que na administração pública gerencial a
estratégia se volta: (i) para a definição precisa dos objetivos que o
administrador público deverá atingir em sua unidade; (ii) para a
garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos
humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à
disposição para que possa atingir os objetivos contratados; e (iii)
para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados.
Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do
próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer
concorrência entre unidades internas. No plano da estrutura
organizacional, a descentralização e a redução dos níveis
hierárquicos tornam-se essenciais e, enfim, negava todos os
Princípios da Administração Burocrática.
e) Nos anos 2000, podemos elencar como novas ferramentas de
Administração Pública o uso das Parcerias Público-Privadas e a
aprovação da legislação sobre consórcios públicos, o que pode gerar
um novo arranjo de gestão frente a alguns problemas referentes à
questão federativa.

35. (ESAF/Analista de Finanças e Controle – CGU). Acerca das


experiências de reforma da máquina pública havidas em nosso país,
é correto afirmar que:
a) ao contrário da proposta bresseriana, as principais experiências
de reforma anteriores − o modelo daspiano e o Decreto-Lei 200 −
deram-se em um ambiente democrático, baseado no debate e na
negociação, a despeito de um processo decisório mais concentrador.

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b) originariamente pensadas desde a edição do Plano de Metas, as


parcerias público-privadas (PPPs) não se constituem, por isso
mesmo, uma inovação do atual modelo administrativo, apesar de seu
grande sucesso e proliferação nos níveis federal e subnacionais.
c) o melhor exemplo de um bem-sucedido resultado da Reforma
Bresser é o caso das agências regulatórias, montadas de forma
homogênea calcada na visão mais geral do modelo regulador,
condição básica ao que viria a substituir o padrão varguista de
intervenção estatal.
d) mesmo sem atingir todos os seus objetivos, a proposta bresseriana
de reforma deu causa a um "choque cultural", tendo se espraiado
pelos governos subnacionais no qual, facilmente, percebe-se a sua
influência na atuação dos gestores públicos e em uma série de
inovações governamentais.
e) a atual proposta de reforma, também calcada na gestão por
resultados − porém não mais tachada de "neoliberal" −, aposta seu
sucesso em duas frentes: a quebra da estabilidade, com o reforço do
emprego público, e a redução da administração indireta, com o
aprofundamento das privatizações.

36. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho – MTE). Selecione a opção


correta.
a) A era Vargas caracterizou-se pelo patrimonialismo do serviço
público, estabelecendo como forma de acesso a cargos do governo o
processo discricionário de seleção.
b) Antes da década de 40 do século passado, prevalecia na
administração pública o modelo weberiano de administração pública.
c) Durante o regime militar dos anos 70, prevalece o crescimento da
administração indireta e com ela a profissionalização de seu alto
escalão, regido pelo regime celetista.
d) Nos anos 30, a criação do DASP marca a implantação do modelo
burocrático na administração pública, tendo como paradigma a
avaliação de desempenho.
e) A reforma da década de 90 tem como um dos seus focos o princípio
do mérito e o estabelecimento de regras rígidas e universalmente
válidas.

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37. (ESAF/EPPGG – MPOG). Considerando a evolução da


administração pública em nosso país, bem como as suas experiências
de reforma, é correto afirmar que:
a) ao privilegiar o usuário do serviço público, o Programa Nacional de
Desburocratização marcou pelo ineditismo, já que nenhum outro
antes dele fora dotado de caráter social e político.
b) a reforma administrativa de 1967 reduziu o fosso que separava as
burocracias instaladas nas administrações direta e indireta,
garantindo a profissionalização do serviço público em toda a sua
extensão.
c) a reforma dos anos 1990 visava, como um de seus objetivos,
fortalecer o Estado de modo a torná-lo responsável direto pelo
desenvolvimento econômico e social.
d) a reforma burocrática de 1936 apoiou-se, conceitualmente, em
três dimensões: formas de propriedade, tipos de administração
pública e níveis de atuação do Estado.
e) com a República Velha, deu-se a primeira experiência radical de
reforma administrativa, em resposta às mudanças econômicas e
sociais que levavam o país rumo à industrialização.

38. (ESAF/Auditor Fiscal – RFB). O estudo das experiências de


reformas administrativas havidas em nosso país permite concluir,
acertadamente, que:
a) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de vista dos
princípios políticos que a orientaram, a saber: participação,
accountability e controle social.
b) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, especialmente
a da década de 1960, teve como consequência o fortalecimento da
administração direta, em detrimento da administração indireta.
c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um
modelo de burocracia pública consolidada.
d) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão pública,
adotado a partir dos anos 1990, possuiu inspiração autóctone e em
nada se valeu das experiências britânica e estadunidense.
e) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova
administração pública, de caráter gerencialista, visando consolidar o
ideário keynesiano e o estado do bem-estar social.

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13.Gabarito

1–C 2-A 3–C 4-C 5–B

6–E 7–E 8–B 9–C 10 – C

11 – C 12 - E 13 - E 14 – E 15 – E

16 – D 17 – C 18 – A 19 – A 20 – B

21 – C 22 – E 23 – E 24 – D 25 – E

26 - C 27 - C 28 - C 29 - C 30 – E

31 - B 32 - C 33 - C 34 - D 35 - D

36 - C 37 - A 38 - C

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