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Super Apostila - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

05 – Modelos teóricos da
Administração Pública

Prof. Everton Ventrice


Prof. Everton Ventrice

Sumário
1. Introdução e objetivos desta apostila................................................................................................. 2
2. Administração pública patrimonialista ............................................................................................... 3
3. Administração pública burocrática ..................................................................................................... 5
3.1. A burocracia como modelo de administração pública ...................................................................... 6

3.2. A burocracia como forma de governo ............................................................................................. 10

3.3. A burocracia como conjunto de funcionários públicos ................................................................... 15

3.4. A burocracia como sinônimo de ineficiência ................................................................................... 17

4. Administração pública gerencial ...................................................................................................... 21


4.1. New Public Management (NPM) ..................................................................................................... 23

4.2. Gestão pública empreendedora ...................................................................................................... 30

5. Administração pública societal ......................................................................................................... 32


6. Os modelos teóricos de administração pública e os tipos de dominação ......................................... 36
7. DICA DE OURO ................................................................................................................................. 38
8. Principais pontos a serem fixados .................................................................................................... 38
9. Lista de questões que resolvemos .................................................................................................... 41
10. Gabarito ......................................................................................................................................... 55

1. Introdução e objetivos desta apostila

Nesta apostila trataremos dos três modelos de administração pública mais


comuns: o patrimonial, o burocrático e o gerencial, e também um pouco
sobre o modelo societal, mais recente de todos.
Entender a ideia geral de cada um é fácil, mas a coisa pode complicar em
alguns detalhes, principalmente no caso da burocracia, cujo conceito pode ter
significados diversos.
Essa amplitude de significados faz deste um dos tópicos mais subjetivos da
Administração Pública, mas vamos destrinchá-lo aqui para torná-lo o “menos
complicado” possível.
Na apostila seguinte, quando estudarmos a evolução histórica da
administração pública brasileira, você verá como cada um desses modelos de
administração esteve, e ainda está, presente em nossa realidade.

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2. Administração pública patrimonialista


No patrimonialismo a administração pública atende aos interesses da classe
dominante, representando mero instrumento para desfrutar e se manter no
poder. Há, portanto, uma continuidade do modelo de administração utilizado
pelas monarquias absolutistas.
O critério principal para o preenchimento dos cargos públicos é o grau de
parentesco e amizade entre os participantes do governo. Ainda que possam
existir, formalmente, exigências quanto ao conhecimento técnico ou a
experiências anteriores, estas são frequentemente relegados a um segundo
plano, havendo o favorecimento daqueles já previamente escolhidos.
Diz-se que no patrimonialismo a racionalidade é subjetiva, pois depende
da opinião e das vontades do governante.
Max Weber foi também um estudioso dos modelos teóricos da
administração. Para ele, o quadro administrativo da dominação tradicional,
típico da administração patrimonial histórica, possui como características:
⋅ A competência não é definida segundo regras objetivas.
⋅ A hierarquia não possui uma racionalidade fixa.
⋅ A nomeação não é regulada por contrato livre e ascenso regulado.
⋅ Não há uma formação profissional definida, para acesso aos cargos.
⋅ Falta (muitas vezes) o salário fixo e (ainda mais frequentemente) o
salário pago em dinheiro.
Na ausência de um salário fixo, havia algumas formas históricas de
obtenção do sustento pelos servidores dentro da tradição patrimonial:
⋅ Alimentação na mesa do senhor.
⋅ Emolumentos, na maioria das vezes em espécie, provenientes de bens
e dinheiros do senhor.
⋅ Terras funcionais.
⋅ Oportunidades apropriadas de rendas, taxas ou impostos.
Segundo Weber, são também formas históricas de cargos públicos
dentro do patrimonialismo:
• A prebenda (ocupação rentável e de pouco trabalho).
• A sinecura (emprego ou função que praticamente não requer
responsabilidade, trabalho ou serviço ativo, mas não necessariamente
com ganhos altos). Historicamente, as sinecuras servem como
instrumento de poder dos governantes, que as concedem em troca de
favores políticos.

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De acordo com Weber, o patrimonialismo é baseado na dominação


tradicional (aquela baseada na tradição e nos costumes, onde se aceita a
autoridade de alguém simplesmente porque “sempre foi assim”).
Mais especificamente, o patrimonialismo seria um tipo de dominação
patriarcal, que é uma espécie da dominação tradicional. Na dominação
patriarcal todo um grupo de pessoas está sujeito às ordens do senhor, dentro
de uma comunidade doméstica.

Dominação tradicional  Dominação patriarcal  Patrimonialismo

Para Weber, a dominação carismática é mais instável, e não sobrevive na


rotina, por isso ela tem de se modificar substancialmente, se transformando
numa dominação tradicional ou racional. O quadro administrativo dentro da
dominação carismática não é selecionado segundo critérios de dependência
doméstica (como no patrimonialismo), nem segundo critérios profissionais
(como na dominação racional-legal), mas sim baseia-se na “aceitação” do
líder, tais como fazem os “discípulos” ou “homens de confiança”.
Já a dominação racional-legal baseia-se nas leis, e é nela que se baseia a
administração burocrática e a administração gerencial, próximos modelos que
estudaremos.

O estilo patrimonialista favorece o nepotismo, a corrupção, o clientelismo


(“compra de apoio”), e o rent seeking (manipulação do ambiente para obter
“renda” e benefícios, como por exemplo fazendo lobby para obter reserva de
mercado em alguma atividade de seu interesse).

Por fim, Weber identificou ainda duas modalidades distintas de posição do


quadro administrativo na dominação patriarcal:
⋅ A estrutura puramente patriarcal: Os servidores são recrutados em
completa dependência pessoal do senhor, pela forma puramente
patrimonial (escravos, servos, eunucos) ou extrapatrimonial, de
camadas não totalmente desprovidas de direitos (favoritos, plebeus).
Não existe seleção profissional nem direito próprio algum do ocupante
sobre o cargo. Sua execução é toda feita em nome do senhor e por sua
conta. Seu exemplo mais puro é o sultanato.
⋅ A estrutura estamental: Os servidores não são “propriedade” do
senhor, mas sim pessoas independentes. Porém estão investidos em
seus cargos por privilégio ou concessão do senhor, ou os possuem em
virtude de algum negócio jurídico (compra, penhora ou arrendamento).
É comum o uso do termo “estamento burocrático” para se referir a
esta estrutura.

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Hora de praticar:

1. (UFRJ/Analista do Tesouro – SEFAZ/AM). Em relação à


administração pública patrimonialista, é INCORRETO afirmar que:
a) os cargos não são considerados prebendas;
b) o aparelho do estado funciona como uma extensão do poder do
soberano;
c) o nepotismo é inerente a esse tipo de administração;
d) a res publica não é diferenciada da res principis;
e) a corrupção tende a vicejar.
Comentários:
Fácil, não? As prebendas são sim formas históricas do patrimonialismo.
Gabarito: Letra A.

2. (UFF/Anal. Adm.: Biblioteconomia – ANCINE). Uma das


características da administração pública patrimonialista é:
a) a apropriação de ativos e interesses públicos por particulares;
b) a hierarquia funcional e a flexibilização administrativa;
c) a permanente tensão entre política e administração pública;
d) a coordenação e controle dos processos decisórios;
e) o acentuado domínio da burocracia nos procedimentos
administrativos.
Comentários:
No patrimonialismo as pessoas envolvidas com o serviço público atuam
movida por interesses próprios ou de alguém que os colocou no cargo.
Gabarito: Letra A.

3. Administração pública burocrática

Em Administração Pública, quando se fala em “burocracia” temos


basicamente quatro significados diferentes:

1. Burocracia como modelo de administração pública: É este o


significado estudado em comparação com os modelos patrimonialista
e gerencial. Refere-se ao paradigma burocrático, ou seja, a um modelo
com características próprias que pode ser adotado pelas organizações.

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2. Burocracia como forma de governo: É aquela que representa uma


forma de “poder paralelo” dentro do Estado. Ocorre quando o Estado
se torna grande e complexo e, em função disso, o conjunto da
administração pública, com seus agentes, suas regras e sua estrutura,
acaba se tornando responsável por muitas das decisões que deveriam
caber aos políticos.
3. Burocracia como o conjunto de funcionários públicos: Nesse
caso, a burocracia existe desde as primeiras formas de governo.
Veremos que essa burocracia está presente em todos os três modelos
de administração pública: no modelo patrimonialista, no burocrático e
no gerencial.
4. Burocracia como sinônimo de ineficiência: Aqui ela é conhecida
por suas disfunções: rigidez, ineficiência, impessoalidade, etc.
Quando uma questão falar em burocracia, a primeira coisa a fazer é identificar
qual o sentido de burocracia empregado. Isso pode ser crucial para acertá-
la.
Dada sua maior importância em provas, veremos com mais detalhes os dois
primeiros conceitos.

3.1 A Burocracia como modelo de administração pública

Surgiu ainda no século XIX, com a intenção de controlar a ação


governamental para evitar que os políticos agissem somente em função de
seus próprios interesses. Com isso, é associada ao surgimento do tipo de
Estado Liberal.
Aqui a burocracia pode ser definida como um sistema social racional, ou
um sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente
realizada tendo em vista os fins visados. Isso quer dizer que a burocracia
é aquele sistema que quer “tudo organizado”, prevendo tudo que possa
acontecer e definindo qual deve ser a resposta.
As principais características da administração pública burocrática são:
• Caráter legal das normas e regulamentos.
• Caráter formal das comunicações.
• Caráter racional e divisão do trabalho.
• Impessoalidade nas relações.
• Hierarquia de autoridade.
• Rotinas e procedimentos padronizados.
• Competência técnica e meritocracia.

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• Especialização da administração.
• Profissionalização dos participantes.
• Completa previsibilidade do funcionamento.

Atenção ainda a algumas afirmações trazidas em questões de concursos:


• Na administração pública burocrática o controle vem em primeiro lugar.
• A autoridade se baseia nas leis e normas, e não nas competências (ou
seja, não é o fato de possuir competências que permite que alguém se
sobreponha às regras e leis para ser nomeado gerente).
• O interesse público é frequentemente identificado com a afirmação do
poder do Estado.
• O modelo burocrático de administração separa o político e o
administrativo.

Já como consequências da implementação do modelo burocrático, temos:


• Previsibilidade do comportamento humano.
• Padronização do desempenho dos participantes.
• Máxima eficiência da organização (esta afirmação, atualmente, é
bastante questionada, entretanto essa é a ideia original da organização
burocrática).

Max Weber afirmou que, na administração burocrática, o conjunto do quadro


administrativo se compõe, no tipo mais puro, de funcionários individuais,
os quais:
a) São pessoalmente livres, e obedecem apenas às obrigações de seu
cargo.
b) São selecionados livremente segundo sua qualificação profissional, a
qual deve ser possível ser verificada.
c) São nomeados (e não eleitos) de acordo com alguma regra hierárquica.
d) Possuem competências funcionais fixas.
e) São remunerados com salários fixos em dinheiro, calculado de acordo
com a responsabilidade do cargo.
f) Sempre podem demitir-se do cargo e, em muitas vezes, também
podem ser demitidos por seus superiores.
g) Exercem seu cargo como profissão única ou principal.
h) Geralmente seu cargo encaixa-se dentro de uma carreira, com a
progressão de acordo com o tempo de serviço, a eficiência, ou ambas.

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i) Não há apropriação do cargo e nem de seus poderes de mando, pois o


cargo não se mistura com a pessoa que o exerce.
j) Submetem-se a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e
controle do serviço.

A adoção da administração burocrática foi influenciada pelo desenvolvimento


do capitalismo, que necessitava de uma administração pública mais racional
e estável, que não tomasse decisões “caso a caso”.
Weber chegou a afirmar que o modelo burocrático é a única forma de
organização apta a desempenhar as tarefas necessárias para o bom
funcionamento do capitalismo, e associou ambos à ética e à reforma
protestante.
A burocracia é resistente às mudanças, por isso passa por longos períodos de
estabilidade. Mas quando é atingida por crises, essas costumam ser de
grande impacto, pois ocorrem bruscamente. São as crises que proporcionam
mudanças na burocracia.

ATENÇÃO!!! A burocracia é associada ao modelo de dominação racional-


legal, porém ela não é a única. O modelo de administração gerencial (que
veremos adiante) também pode ser relacionado a esse modelo de dominação.

Vamos ver tudo isso na prática:

3. (CESPE/Agente Adm. – TCE/RO). O controle dos abusos contra o


patrimônio público é uma das características almejadas pela
administração pública burocrática.
Comentários:
Isso mesmo. A burocracia visa sobretudo combater as más práticas do
patrimonialismo, principalmente o uso da administração pública em causa
própria. Gabarito: Certo.

4. (UEPA/Fiscal de Receitas Estaduais – SEAD/PA). A Administração


Pública burocrática nasce com o objetivo de combater a corrupção e
o nepotismo patrimonialista, pregando o desenvolvimento, a
profissionalização, a ideia de carreira pública hierárquica funcional,
a impessoalidade e o formalismo. Entre as características da
Administração Pública Burocrática encontram-se:
I. Uma auto-referência, concentrando-se no processo, em suas
próprias necessidades e perspectivas.
II. A racionalidade absoluta garantida pela burocracia.

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III. Uma forma descentralizada de gestão.


IV. O formalismo, rigidez e rigor técnico.
V. A formação de um administrador público que se preocupa em
oferecer serviços, e não em gerir programas.
A alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas é:
a) I e II
b) II e III
c) I, II e IV
d) III, IV e V
e) I, II, III, IV e V
Comentários:
A centralização e a gestão dos processos são princípios da burocracia, usados
para maior controle sobre as ações. Gabarito: Letra C.

5. (FUNIVERSA/Prof. Serviços Gerais – CFM). O surgimento da


administração pública burocrática, no século XIX, deve-se à
necessidade de substituir as formas patrimonialistas de administrar
o Estado, nas quais o patrimônio do Estado confundia-se com o do
governante. Acerca das características da forma de administração
pública burocrática, assinale a alternativa correta.
a) Não objetiva a eficiência.
b) Não existe definição clara de competências e de hierarquia dos
diversos agentes públicos.
c) Os processos administrativos não têm um caminho claramente
definido a ser seguido.
d) Existe um caráter rígido e formal nas comunicações entre os
agentes e órgãos baseados nessa forma de administração pública.
e) Baseia-se no bom relacionamento interpessoal dos agentes
públicos.
Comentários:
A burocracia sempre nos remete a definições claras e formais. Fatores como
o bom relacionamento interpessoal não são primordiais. Gabarito: Letra D.

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3.2 A Burocracia como forma de governo

Aqui a burocracia representa uma forma de “poder paralelo” dentro do


Estado, sendo responsável por muitas das decisões que deveriam caber aos
políticos.

ATENÇÃO!!! Max Weber é o autor mais conhecido no estudo da burocracia,


tendo escrito a respeito de seus três primeiros significados (como tipo de
administração pública, como forma de governo e como conjunto de
funcionários). Entretanto, é aqui, na burocracia como forma de governo, que
ele focou seu trabalho. Por isso, ao tentar identificar qual o conceito de
burocracia que está sendo cobrado numa questão, fique atento se ela
mencionada “a obra” ou “a visão” de Max Weber, pois aumentam as chances
de a burocracia estar sendo retratada nesse sentido.

Para Weber, a burocracia é compatível com o sistema da autoridade legal


somente quando a formulação das leis e a supervisão de sua aplicação
continuam sendo uma prerrogativa dos políticos. Já se o aparelho burocrático
consegue usurpar o processo político e legislativo, será preciso falar de um
processo de burocratização que ultrapassou os limites do sistema de domínio
legal e lhe transformou a estrutura. Ocorre então o chamado engolfamento
social (a burocracia avança sobre o terreno político-social).
Diz-se, inclusive, que isso poderia limitar a democracia, já que os tomadores
de decisão - os burocratas - não seriam eleitos pelo povo, e decidiriam,
muitas vezes, em benefício próprio. Isso configuraria então um certo
“absolutismo burocrático”.
O maior dilema da democracia então seria: como impedir que a burocracia
venha a usurpar o poder e como assegurar que permaneça sendo apenas um
instrumento de implementação das decisões políticas?

Veja esse conceito uma questão do CESPE:

6. (CESPE/Analista C&T Jr. – MCT). Conforme a definição seminal


weberiana, a burocracia é, sobretudo, uma forma de dominação na
qual os burocratas tendem a usurpar o poder político.

Comentários:
Isso mesmo. Weber estudou a burocracia muito mais sob o ponto de vista
sociológico (como forma de poder), do que sob o ponto de vista
administrativo (como forma de administração pública). Gabarito: Certo.

Por isso Weber defendia que deveria haver uma separação entre política e
administração:

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• Os políticos seriam responsáveis pelas decisões relativas aos fins, ou


seja, aos objetivos finais que uma sociedade deseja perseguir.
• Já os burocratas seriam responsáveis pelas decisões sobre os meios,
sobre como alcançar tais fins.
A partir daí desenvolveram-se dois modelos de ética e racionalidade:
• Definição dos valores - ética da convicção - racionalidade
substantiva – associada então aos políticos.
• Escolha dos meios - ética da responsabilidade - racionalidade
instrumental (aqui não há análise de valor, apenas da eficiência para
chegar aos fins) – associada então aos burocratas.
A partir do momento que a burocracia usurpa o poder político e passa a tomar
decisões relativas a fins, há uma distorção. Ela estará utilizando uma
racionalidade instrumental para definir fins, e não os meios. Por isso uma das
disfunções da burocracia ocorre quando ela passa a ser “autorreferida”, ou
seja, ela mesma estaria definindo os objetivos a serem perseguidos, deixando
o interesse dos cidadãos em segundo plano.

Dessa discussão emergiram dois conjuntos de teorias:


• Teorias do Controle Político da Burocracia: Afins à crítica à
intromissão da burocracia na política, privilegiam o estudo de como
os políticos poderiam controla-la e fazer com que os burocratas
agissem conforme os valores e os fins estabelecidos por eles.
• Teorias da Política da Burocracia: Não concordam com a
premissa de que há uma dicotomia entre política e administração.
Eles afirmam que os burocratas adotam sim comportamentos
políticos, pois isso é necessário, e não há como evitar que não haja
certa dose de subjetividade. Segundo tais teóricos, mais do que a
eficiência, “servir ao público é o maior objetivo”, por isso se
forem necessárias decisões políticas, elas devem sim ser tomadas
pelos burocratas.

Tal dicotomia entre políticos e burocratas levou ainda a outros conceitos:


⋅ Insulamento burocrático: Trata-se de um processo de proteção do
núcleo técnico do Estado, que se responsabiliza pela consecução de
determinados objetivos específicos, contra a interferência oriunda do
público, dos políticos, ou de outras organizações intermediárias. Pode
ser tanto positivo, para evitar a pressão de grupos de interesses, como
negativo, quando os burocratas se isolam e deixam de ouvir a
sociedade quando isso seria recomendável. A conotação negativa,
porém, é a que costuma prevalecer.

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⋅ Autonomia burocrática: Trata-se de dar autonomia para os gestores


públicos, substituindo-se o controle de processos a priori pelo controle
de resultados a posteriori. Portanto, autonomia não deve ser
confundida com insulamento.
⋅ Autonomia inserida: Também chamada de “embedded autonomy”,
ou “autonomia imersa”, prega que, para que as agências
governamentais ganhem eficácia e sejam capazes de realizar
transformações, devem estar imersas em uma densa rede de relações
sociais que as vinculem aos seus aliados na sociedade a partir de
objetivos de mudança. Busca-se uma burocracia que seja ao mesmo
tempo autônoma e imersa na sociedade. Deve-se evitar, porém, o
estreitamento com agentes nocivos, que busquem em tal aproximação
apenas a obtenção de favorecimento.

Hora de praticar:

7. (ESAF/EPPGG – MPOG). Diante das profundas mudanças pelas


quais passa o mundo contemporâneo, uma das hipóteses mais
aventadas é a de gradual transferência do exercício do poder político
para as mãos dos burocratas, em detrimento dos políticos eleitos.
Relacionada com esta hipótese, indique a afirmativa incorreta.

a) Tanto quanto os políticos eleitos, as burocracias desenvolvem


interesses próprios, conquistam clientelas, acumulam recursos e
disputam por poder e espaço político.
b) Nas sociedades contemporâneas, as burocracias tendem a assumir
o controle do processo de decisão política, e a exercer efetivamente
o poder, restando aos políticos eleitos o papel de referendar as
decisões tomadas e avaliar as suas consequências.
c) Em muitos casos, ao invés de se subordinarem à autoridade dos
líderes políticos portadores de mandatos eletivos, as burocracias
competem e até mesmo entram em conflito com estes, visando a
expandir o seu poder e controlar as decisões políticas.
d) Em termos do controle do processo de decisão, a burocracia possui
diversas vantagens sobre os políticos eleitos já que, além de possuir
informação e conhecimento técnico especializado, seu
comportamento orienta-se pela neutralidade e pela impessoalidade.
e) A maior vantagem das burocracias sobre os políticos eleitos é a
sua facilidade de construir consensos já que, além da sua
neutralidade que facilita o estabelecimento de acordos, os burocratas
não se envolvem no jogo político-partidário.

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Comentários:
A única afirmativa incorreta é a última, pois a burocracia possui, em relação
aos políticos, a desvantagem de não construir consensos. As decisões são
tomadas de forma mais técnica e/ou em benefício próprio, indo contra o
conceito democrático de discussão e tomada de decisões em conjunto com a
sociedade. Gabarito: Letra E.

8. (CESPE/EPPGG – MPOG). A constituição de uma burocracia a partir


de critérios de mérito com algum grau de autonomia é
consensualmente considerada essencial no Estado moderno.
Igualmente essencial é que cabe aos políticos a mediação entre as
decisões burocráticas e os interesses dos eleitores num processo de
permanente tensão.
As seguintes afirmações refletem essa tensão:
1- O crescimento das demandas da população suscetíveis de
mudanças coincide com a necessidade de gestão estatal
tecnicamente capacitada e estável, fazendo com que os limites entre
o burocrata e o político se tornem imprecisos.
2- No Estado contemporâneo, alguns setores do Estado são
considerados redutos por excelência da burocracia, tais como o
Ministério das Relações Exteriores, as Forças Armadas e o Poder
Judiciário. Os Ministérios da Economia, Fazenda ou Finanças são
incluídos nessa área porque se supõe que, por sua natureza, os
elementos técnicos de suas decisões sobrepõem-se aos políticos.
3- No Presidencialismo, o presidente é o formador de seu gabinete,
ao contrário do que ocorre no parlamentarismo, onde o partido
majoritário ou a coalizão vencedora das eleições são os responsáveis
pela composição do ministério. Além disso, quando o presidente,
como chefe do executivo, detém alguma iniciativa legislativa
(Medidas Provisórias, por exemplo) e a isso se combina o
enfraquecimento institucional do Legislativo, há uma tendência de se
transferir o foco da ação política do Legislativo para o Executivo.
4- Mesmo que detenha iniciativa legislativa e de regulamentação
infralegal, o presidente, ao contrário do que ocorre com o chefe do
Governo no Parlamentarismo, não conta com respaldo duradouro e
precisa constantemente negociar apoios políticos em diversas
circunstâncias. Essa situação expõe o Executivo e a burocracia a uma
tensão política que embaralha a separação entre burocracia e
agentes políticos.
Em relação às afirmações acima pode-se dizer que:

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a) apenas a nº 1 está correta.


b) apenas a nº 2 está correta.
c) apenas a nº 3 está correta.
d) estão todas corretas.
e) estão todas incorretas.

Comentários:
Todas as afirmações estão corretas. Note como a banca entende a
importância da burocracia como corpo técnico implementador de decisões,
mas sem atribuir a ela a tomada primordial das decisões. Gabarito: Letra D.

9. (ESAF/EPPGG – MPOG). Com base no pensamento de Max Weber,


julgue as sentenças sobre a burocracia atribuindo (V) para a
afirmativa verdadeira e (F) para a afirmativa falsa, assinalando ao
final a opção correta.
( ) A constituição prévia de uma economia monetária é condição sine
qua non para o surgimento da organização burocrática.
( ) O Estado moderno depende completamente da organização
burocrática para continuar a existir.
( ) A burocracia é elemento exclusivo do Estado moderno capitalista,
não sendo verificável em outros momentos da história.
( ) O modelo burocrático é a única forma de organização apta a
desempenhar as tarefas necessárias para o bom funcionamento do
capitalismo.
a) V, F, F, V
b) V, V, F, F
c) F, F, V, V
d) F, V, F, V
e) F, F, F, V

Comentários:
Típica questão onde é preciso identificar bem o conceito de burocracia
utilizado. Mas note que a ESAF nos deu pistas pela maneira como se referiu
à burocracia em cada afirmação.
Nas duas primeiras temos “organização burocrática”, o que nos leva
preferencialmente ao conceito de burocracia como forma de governo. Weber
enfatizou que, dentro desse conceito, ela sempre existiu, tendo surgido junto

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com as primeiras formas de governo. Portanto, a primeira afirmação é falsa,


pois ela não depende de uma economia monetária para existir.
Porém Weber também afirmou que a burocracia se tornou essencial apenas
quando do advento do Estado Moderno, dada as maiores tarefas exercidas
pelo Estado, que passou a centralizar o poder. Isso nos diz que a segunda
afirmação é verdadeira (embora com certo exagero).
Como a burocracia sempre existiu, a terceira afirmação também é falsa.
Novamente a quarta afirmação nos remete à importância, dada por Weber, à
burocracia dentro do Estado Moderno e em especial do capitalismo, e por isso
é verdadeira. Gabarito: Letra D.

10. (CESPE/Administrador – MDS). O estamento burocrático


caracteriza-se pela conjugação de altos ocupantes de cargos
públicos, burocratas e segmentos da classe política, atuando em
conjunto, em benefício próprio e em desrespeito aos princípios da
impessoalidade e do universalismo de procedimentos.

Comentários:
É isso mesmo. A burocracia, neste caso, se apoderou de decisões políticas
que não lhe cabem, caracterizando-se, portanto, como forma de governo.
Gabarito: Certo.

3.3 A Burocracia como o conjunto de funcionários públicos

Trata-se do corpo burocrático, muitas vezes chamado apenas de


burocracia.

A burocracia, com esse significado, sempre existiu, e existe até hoje. Assim,
quando se fala em burocracia enquanto o conjunto de funcionários públicos,
ela pode coexistir com qualquer modelo de administração pública.

Veja isso numa questão:

11. (CESPE/Auditor – TCE/PE). A burocracia patrimonialista era o


modelo clássico de administração presente nas monarquias
europeias do século XIX.

Comentários:
Nas monarquias europeias do século XIX o modelo de administração era o
patrimonial. A burocracia, que sempre existiu, pode então ser chamada de
patrimonialista. Gabarito: Certo.

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Note que o que diferencia este conceito de burocracia daquele que a considera
uma forma de governo é que, neste, a burocracia é a ideal, simplesmente
cumprindo sua função. Já naquele, a burocracia se apropria de parte das
atribuições políticas que não lhe são de direito.
Já a característica de “sempre ter existido”, é comum aos dois conceitos.
Entretanto, é bom frisar que, em ambos, a burocracia se tornou mais
relevante a partir do Estado Moderno, pois foi a partir desse momento que o
Estado passou a ter uma maior presença (através do poder real centralizado).

Mais uma questão com este conceito de burocracia:

12. (ESAF/AFC – TCU). Leia os enunciados que se seguem:


• Conjunto de agentes que se caracterizam pela ética da
obediência, cujas atividades, por definição, devem se reger
pelos critérios da expertise, confiabilidade, confidencialidade,
impessoalidade, imparcialidade, moralidade, e que competem
em arenas administrativas, excluindo o envolvimento político e
partidário.
• Complexo político-organizacional soberano, constituído por
povo, território, governo e quadro administrativo, aparato de
segurança encarregado do monopólio do uso da violência, e
ordenamento jurídico impositivo que possui natureza
extroversa.
• Conjunto de procedimentos formais e informais que expressam
relações de poder e que se destinam a prover a resolução
pacífica dos conflitos sobre bens públicos.
Indique a sequência conceitual que expressa mais precisamente os
enunciados acima.
a) Burocracia/ Estado/ Política
b) Burocracia/ Política/ Estado
c) Burocracia/ Governo/ Política
d) Política/ Governo/ Administração Pública
e) Administração Pública/ Estado/Governo

Comentários:
Fácil, não é? E ainda deu para revisar os conceitos de Estado e Política.
Gabarito: Letra A.

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3.4 A Burocracia como sinônimo de ineficiência

A burocracia, como modelo de administração pública, foi concebida, em seu


tipo ideal, visando a um melhor alcance dos resultados, sem interferências
políticas nem pessoais na execução do que fora planejado.
Entretanto, muitas das regras criadas podem se mostrar inadequadas ou
exageradas, principalmente quando se dá mais atenção a cumprir tais regras
do que àquilo que realmente interessa, que é a cumprir a tarefa. Isso
caracteriza o que chamamos de disfunções da burocracia, ou ainda
buropatologias, ou seja, seus defeitos.
Essa ideia, de que a burocracia é cheia de regras inúteis, é bastante popular,
por isso é comum, no dia a dia, nos referirmos à burocracia como sinônimo
de ineficiência. Nessa visão, seus defeitos se sobressaem sobre suas virtudes.
Mas lembre-se sempre que essa não é a visão teórica da burocracia, por isso,
no estudo da Administração Pública, os pontos negativos são sempre tratados
como disfunções, e nunca como a regra.
As disfunções da burocracia são bastante lembradas quando ela é comparada
ao modelo gerencial, ou ainda quando se estuda tópicos como a qualidade na
administração pública.

Veja como a ESAF já cobrou isso:

13. (ESAF/AFC – STN). Para Max Weber, burocracia é a organização


eficiente por excelência. Ele destaca que este modelo possui
características que lhe são próprias e inúmeras vantagens em relação
a outras formas. Entretanto, suas disfunções fazem com que o
conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as opções a
seguir e marque a resposta correta.
i) A burocracia é baseada em características que têm como
consequência a previsibilidade do comportamento humano e a
padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo final é
a máxima eficiência da organização.
ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da
burocracia sobre as demais formas de associação.
iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como consequência a
previsibilidade do funcionamento da organização.
iv) Weber entendia que as características da burocracia contribuíam,
em parte, para a segurança dos processos organizacionais.

a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv.

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b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv.


c) Estão corretos somente os enunciados i e iii.
d) Estão corretos somente os enunciados i e ii.
e) Todos os enunciados estão corretos.

Comentários:
A afirmação iii é errada porque não são as disfunções da burocracia que têm
como consequência a previsibilidade, mas sim as características originais da
burocracia. As disfunções têm como consequência a imprevisibilidade e o
baixo desempenho da organização.
Já a afirmação iv só erra por incluir o advérbio “em parte”. Weber acreditava
que a burocracia seria “a responsável” pela segurança dos processos, não
apenas em parte. Gabarito: Letra D.

Principais disfunções da burocracia:


• Internalização das normas: O atendimento às regras passa a ser
mais importante do que as tarefas em si.
• Excesso de formalismo e papelório: Ocorre quando é necessário
documentar em excesso as comunicações e procedimentos dentro da
organização.
• Resistência a mudanças: Um certo grau de resistência é até
saudável, pois impede mudanças desnecessárias. Mas quando ocorre
em excesso é ruim, pois impede mudanças que realmente precisam
ocorrer.
• Despersonalização do relacionamento: Refere-se à
impessoalidade no relacionamento entre os funcionários. Passa-se a
conhecer e a tratar os demais não como pessoas, mas pelo título do
cargo que ocupam.
• Categorização como base do processo decisório: Refere-se à
classificação prévia dos assuntos, para que seja tomada a decisão de
acordo com tal classificação. É ruim pois afasta a inovação e a
adaptação na tomada de decisões.
• Superconformidade às rotinas e procedimentos: É caracterizada
por uma “alienação” no comportamento do funcionário, que deixa de
ser prestativo e inovador na execução de suas tarefas. O apego às
rotinas e normas tornam-se seu único norte, ignorando outros fatores
de seu ambiente.
• Dificuldades no atendimento a clientes e conflitos com o
público: Provém do “medo” em relação a quaisquer demandas e

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pressões que venham do público e que possam alterar seu estado de


“conformidade” às normas.
• Exibição intensiva de sinais de autoridade: Uma vez que as
decisões são tomadas em função das regras e da hierarquia, é comum
que aqueles mais altos na cadeia de comando exibam seus atributos
como forma de ressaltar sua autoridade. São exemplos as salas e
refeitórios próprios da chefia, os horários diferenciados, as
recompensas financeiras, e toda sorte de privilégios.

Três questões para praticar:

14. (ESAF/AFC: Audit. e Fiscal. - CGU). Escolha a opção que descreve


corretamente três disfunções do tipo ideal de burocracia de Weber.

a) Caráter legal das normas. Divisão do trabalho. Apego às normas e


aos procedimentos.
b) Hierarquização da autoridade. Comunicação formal.
Especialização da administração.
c) Impessoalidade no relacionamento. Competência técnica e mérito.
Procedimentos e rotinas.
d) Internalização das normas. Resistência à mudança.
Despersonalização do relacionamento.
e) Conformismo com as normas. Níveis hierárquicos bem definidos.
Formalismo.

Comentários:
Internalizar as normas significa que o funcionário passa a se preocupar em
seguir as regras (ou seja, com os meios), e não em ter a tarefa realizada (os
fins). A resistência à mudança e a despersonalização do relacionamento
também são disfunções conhecidas. Esta última refere-se à impessoalidade
no relacionamento entre os funcionários. Passa-se a conhecer e a tratar os
demais não como pessoas, mas pelo título do cargo que ocupam. Gabarito:
Letra D.

15. (FUNIVERSA/Profissional de serviços gerais – CFM). Assinale a


alternativa que apresenta uma das disfunções da burocracia.
a) Ocorre o desrespeito à hierarquia, o que proporciona um ambiente
de trabalho agressivo e estressante ao agente público.

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b) O Estado perde a noção do seu principal objetivo, que é a


consecução dos fins públicos e que acaba sendo substituído pela
necessidade de intenso controle dos processos administrativos.
c) O relacionamento interpessoal torna-se o foco do agente público,
que procura sempre o bom relacionamento com os seus colegas de
trabalho e com o cidadão.
d) O agente público adapta-se bem às mudanças propostas.
e) O respeito ao cidadão atinge o seu ponto máximo.

Comentários:
A alternativa B descreveu corretamente a internalização das normas, uma
das principais disfunções da burocracia. Gabarito: Letra B.

16. (ESAF/EPPGG – MPOG). A partir do estudo de Max Weber foi


possível identificar características e disfunções da burocracia.
Assinale com a letra C as frases a seguir que expressam
características do modelo ideal weberiano e com a letra D aquelas
que expressam suas disfunções.
( ) Obediência à hierarquia dos cargos e ênfase na comunicação
formal.
( ) Relacionamento funcional baseado em atributos pessoais.
( ) Utilização intensiva de sinais de status.
( ) Seleção com base na competência técnica e no mérito.
( ) Divisão do trabalho a partir da definição de cargos.
( ) Conformismo e resistência à mudança.
a) D, C, C, C, D, D
b) C, D, C, D, D, C
c) D, C, D, D, C, D
d) D, C, D, C, D, C
e) C, D, D, C, C, D

Comentários:
Questão sem dificuldade. Apenas a segunda frase merece maior atenção, pois
atributos pessoais aí significam amizade, carisma, etc. A burocracia prega
que o relacionamento se dê a partir de atributos profissionais, técnicos.
Gabarito: Letra E.

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4. Administração pública gerencial

Vamos começar por um trecho de um livro de Luiz Carlos Bresser-Pereira,


onde ele resume o que é a administração gerencial:
"A administração pública gerencial emergiu na segunda metade deste século
como resposta à crise do Estado, como modo de enfrentar a crise fiscal, como
estratégia para reduzir o custo e tornar mais eficiente a administração dos
imensos serviços que cabiam ao Estado e como um instrumento de proteção
do patrimônio público contra os interesses do rent-seeking ou da corrupção
aberta. Mais especificamente, desde a década de 60, ou pelo menos desde o
início dos anos 70, cresceu a insatisfação, amplamente disseminada, com
relação à administração pública burocrática".
Tal autor é talvez o mais importante no contexto da administração gerencial
brasileira, e o veremos bastante na apostila seguinte, quando estudarmos
como os modelos de administração pública se desenvolveram no Brasil.
São princípios identificados com a administração gerencial:
• Descentralização administrativa, através da delegação de
autoridade para os administradores públicos (ou seja, maior
autonomia).
• Descentralização política, transferindo recursos e atribuições para
as administrações locais e regionais.
• Diminuição dos níveis hierárquicos.
• Competição entre unidades organizacionais (quando for possível).
• Pressuposto da confiança limitada (ou seja, permite um certo grau
de discricionariedade ao administrador, ao contrário da burocracia que,
ao ter regras e procedimentos para tudo, tinha como pressuposto a
desconfiança total).
• Controle por resultados. Aqui vale mais o que foi feito (controle a
posteriori) do que a maneira como é feito, tal como no controle dos
processos (controle a priori) que é típico da burocracia.
• Orientação para o atendimento ao cidadão, e não voltada a si
mesma (autorreferida).

Essas características sempre aparecem nas questões. Um exemplo:

17. (FGV/Auditor fiscal – SEFAZ/RJ). A abordagem da administração


pública gerencial surgiu na segunda metade do século XX como uma
resposta à insatisfação em diversos setores com relação à

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administração pública burocrática. Nesse sentido, a administração


pública gerencial:
I. É principalmente orientada para os processos;
II. É principalmente orientada pelo princípio da descentralização
administrativa;
III. É principalmente voltada para o controle de desempenho;
IV. É autorreferente.
Analise os itens acima e assinale:
a) se apenas os itens II e III estiverem corretos.
b) se apenas os itens I e IV estiverem corretos.
c) se apenas os itens I e II estiverem corretos.
d) se apenas os itens III e IV estiverem corretos.
e) se todos os itens estiverem corretos.

Comentários:
A administração gerencial não é orientada para os processos, mas sim para
resultados. E não e autorreferente, mas sim orientada para o atendimento ao
cidadão. Gabarito: Letra A.

ATENÇÃO!!! Alguns autores consideram o termo “paradigma pós-


burocrático” como sinônimo de administração pública gerencial. Já outros
se referem a ele como o momento em que a burocracia era bastante criticada
e surgiam as ideias de um novo modelo, mais flexível. Seria, portanto, um
momento intermediário, pois a administração pública gerencial só viria
depois, quando efetivamente houve reformas para implantar o novo modelo.

Repare como a FCC se utilizou dessa segunda ideia num enunciado:

18. (FCC/Auditor Subst. de Conselheiro – TCM/RJ). No processo de


evolução da Administração pública, o paradigma pós-burocrático que
conduziu ao modelo gerencial introduziu, como inovação em relação
ao modelo anterior,
a) a meritocracia.
b) a impessoalidade.
c) a racionalidade.
d) a hierarquia.
e) o controle de resultados.

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Comentários:
No paradigma pós-burocrático surgiram as críticas à burocracia e as ideias de
como flexibilizá-la. Uma das formas propostas seria o controle de resultados,
em vez do controle de processos. Gabarito: Letra E.

Mas é importante frisar que a administração gerencial não objetiva romper


com todas as características do modelo burocrático. Pelo contrário, ela apoia-
se nela, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios
fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a
existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as
carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático.

Veja como isso já apareceu:

19. (CESPE/AFCE: Controle externo – TCU). Para a administração


pública gerencial, ao contrário do que ocorre na administração
pública burocrática, a flexibilização de procedimentos e a alteração
da forma de controle implicam redução da importância e, em alguns
casos, o próprio abandono de princípios tradicionais, tais como a
admissão segundo critérios de mérito, a existência de organização
em carreira e sistemas estruturados de remuneração.
Comentários:
É difícil falar em abandono de princípios, sendo melhor falar em flexibilização.
É o que ocorreu com os princípios citados na questão, que não foram
abandonados pela administração gerencial. Gabarito: Errado.

A administração gerencial iniciou-se através de dois movimentos principais:


1) New Public Management (NPM): Popularizado a partir da década
de 70 nos países anglófonos, principalmente Nova Zelândia, Austrália
e Reino Unido.
2) Movimento “Reinventando o Governo”: Com origem nos EUA,
surge com a ideia de empreendedorismo governamental.

4.1 New Public Management (NPM)

O NPM, ou Nova Gestão Pública (NGP), incorporou características de três


correntes complementares (embora alguns autores entendam que elas foram
cronologicamente sequenciais, uma evoluindo a partir da outra):
a) Managerialism (“gerencialismo puro”, “Fazer mais com menos”,
“Contribuintes”, “Eficiência”), tem como eixo central o conceito de
produtividade. Busca a otimização dos gastos públicos, com clara

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definição das responsabilidades dos funcionários, dos objetivos


organizacionais, e maior consciência sobre o valor dos recursos
públicos. Associa-se à “revolta dos taxpayers”, forte questionamento à
cobrança de tributos considerados sem retorno para a população.
b) Consumerism (“satisfação dos consumidores”, “Fazer melhor” ,
“Clientes”, “Efetividade”), introduz a perspectiva da qualidade como
uma estratégia voltada para a satisfação do consumidor, através de
medidas que visavam tornar o poder público mais leve, ágil e
competitivo: descentralização administrativa, fiscalização dos serviços
públicos pela sociedade, criação de opções de atendimento, autonomia
do gestor público, incentivo à competição entre organizações públicas
e adoção de um novo modelo contratual que concedia autonomia mas
cobrava resultados (contratualização de resultados).
c) Public Service Orientation (PSO) (“serviço orientado para o
público”, “Fazer o que deve ser feito”, “Cidadãos”, “Equidade”),
tem como uma de suas ideias-chave a conjugação entre a
accountability (prestação de contas) e o binômio justiça/equidade.
Embora contenha críticas ao managerialism e ao consumerism, o PSO
não descarta suas ideias.
Diferenciar esses três movimentos é o ponto mais importante desse tópico.
Preste bastante atenção aos conceitos-chave de cada um.

Duas questões para praticar:

20. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE/CE). Ao longo das


décadas de 1980 e 1990, três visões da Administração pública, com
razoável grau de intercâmbio entre elas, surgiram do debate sobre a
aplicação da administração gerencial, também conhecida como
managerialism, ao setor público: o Gerencialismo Puro, o
Consumerism e a Public Service Orientation − PSO. Sobre o tema, é
correto afirmar:
a) A Public Service Orientation − PSO introduziu a contratualização
de resultados no setor público, visando a estimular o controle e
avaliação dos serviços públicos.
b) A introdução do Gerencialismo Puro na Administração pública teve
como principais objetivos reduzir os custos do setor público e
assegurar a qualidade dos serviços prestados.
c) Os principais instrumentos gerenciais introduzidos pelo
Consumerism para alcançar eficiência foram o controle orçamentário
e a avaliação de desempenho organizacional.

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d) O Consumerism introduziu o conceito de qualidade no serviço


público, chamando a atenção para a efetividade dos serviços
prestados.
e) O Gerencialismo Puro substituiu o conceito de consumidor pelo de
cidadão e resgatou a participação como mecanismo de transparência.
Comentários:
Note que a FCC usou o termo Managerialism como sinônimo de administração
gerencial e não de “gerencialismo puro”. A maioria dos autores, porém, faz
o contrário.
A alternativa que associou corretamente o movimento (Consumerism) com
suas características (qualidade e efetividade) é a D. Gabarito: Letra D.

21. (ESAF/EPPGG – MPOG). A descentralização foi tema presente nas


reformas britânica e norte-americana, que buscaram estruturar um
modelo pós-burocrático de administração pública.
Julgue as sentenças relativas aos objetivos da descentralização nos
diferentes modelos.
I. O objetivo da descentralização no public service orientation estava
em estabelecer uma interface entre os cidadãos e a administração
pública de modo a fazer valer os direitos democráticos de
participação, equidade e justiça.
II. O consumerism fazia uso da descentralização não só
administrativa, mas também política, que tinha entre seus objetivos
a delegação de autoridade, para aproximar os usuários dos serviços
públicos de modo a facilitar sua fiscalização.
III. A descentralização não fazia parte do escopo de reforma do
gerencialismo puro, visto que sua principal preocupação estava na
diminuição de custos do setor público e, sendo a descentralização um
processo dispendioso, não foi utilizada nesse modelo.
IV. A tradição de descentralização em estados federativos, nos EUA,
favoreceu a implementação do managerialism, resultando em um
sucesso maior que no governo centralizado de Margareth Thatcher,
na Grã-Bretanha.
Estão corretas:
a) As afirmativas I, III e IV.
b) As afirmativas I e II.
c) As afirmativas I e IV.

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d) As afirmativas II e IV.
e) As afirmativas III e IV.

Comentários:
O erro da sentença III é dizer que o Managerialism não buscava a
descentralização pois esse é um processo caro. Pelo contrário, a
descentralização era buscada justamente como uma das maneiras de se
utilizar os recursos com mais eficiência.
Já a sentença IV fala o contrário do que houve na prática: O Managerialism
foi mais efetivo na Grã-Bretanha do que nos EUA. Gabarito: Letra B.

A respeito dessa comparação entre os EUA e a Grã-Bretanha quanto à


implantação do Managerialism, a literatura aponta duas razões para a
menor força do gerencialismo nos EUA (o NPM nunca foi o modelo
predominante nos EUA):
1. Tensão existente entre aumentar a flexibilidade e, ao mesmo tempo,
procurar manter as salvaguardas políticas contra a patronagem (ou
seja, o medo maior que existia nos EUA em dar muita autonomia aos
gestores e haver perda de controle).
2. O governo nos Estados Unidos é extremamente descentralizado (ou
seja, é mais difícil fazer com que qualquer modelo seja adotado por
diferentes esferas).

Veja uma questão que trata desse ponto:

22. (ESAF/APO – MPOG). Julgue as sentenças a respeito de certos


modelos da administração pública gerencial:
I. O managerialism, apesar de ter sido criado nos EUA - "berço das
grandes inovações da administração privada", obteve maior sucesso
na Grã-Bretanha, onde encontrou um sistema político mais favorável
a sua aplicação.
II. O public service orientation procurou incorporar temas do
republicanismo e da democracia, expressos principalmente em um
ideal de participação política, transparência, justiça e accountabillity
- elementos quase inexistentes no managerialism e consumerism.
III. Um dos objetivos do consumerism era o de introduzir a
perspectiva de qualidade na administração pública, utilizando-se de
uma delegação e descentralização política com o objetivo de
possibilitar a fiscalização dos serviços públicos pela sociedade.

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IV. O programa Citizen's Chart, desenvolvido na Inglaterra, tinha


como estratégia seu direcionamento às necessidades do público
demandante, podendo ser considerado um modelo puro de
gerencialismo britânico.
Estão corretas:
a) apenas as afirmativas I e II.
b) apenas as afirmativas I, II e III.
c) apenas as afirmativas II, III e IV.
d) apenas as afirmativas II e IV.
e) apenas as afirmativas III e IV.

Comentários:
A única afirmativa mais complicada é a IV, mas conseguiríamos acertá-la anda
que desconhecendo detalhes desse programa: Note que a afirmação fala em
necessidades do público demandante, ou seja, fala em clientes, o que nos
remete ao Consumerism, e não ao modelo gerencial puro (Managerialism).
Está errada, portanto. Gabarito: Letra B.

Outra característica importante: Segundo Bresser Pereira, “a


administração pública gerencial pensa na sociedade como um campo de
conflito, cooperação e incerteza, na qual cidadãos defendem seus interesses
e afirmam suas posições ideológicas, que afinal se expressam na
administração pública”.
Note a diferença em relação à Burocracia, que encara a sociedade de modo
formal, ideal, sem considerar o lado político e “conflituoso” da sociedade.

Veja como essa característica já foi cobrada mais de uma vez:

23. (ESAF/AFC: Contábil – STN). A respeito das características da


administração burocrática e da administração gerencial, atribua B à
assertiva que descreva aspectos da administração burocrática e G à
assertiva que descreva aspectos da administração gerencial. Ao final,
assinale a opção que contenha a sequência correta.
( ) O modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo
controle rígido dos processos, com o controle dos procedimentos.
( ) Pensa na sociedade como campo de conflito, cooperação e
incerteza no qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam
suas posições ideológicas.

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( ) Preocupa-se em oferecer serviços e não em gerir programas, visa


atender aos cidadãos.
( ) É autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias
necessidades e perspectivas.
a) G, G, B, G
b) B, G, B, B
c) B, B, G, G
d) B, G, G, B
e) G, B, B, G

Comentários:
Lembre-se dos aspectos da burocracia: Controle rígido dos processos e ser
autorreferida. Gabarito: Letra D.

24. (VUNESP/Analista em gestão municipal – Pref. de São José dos


Campos). Caracterizar a sociedade como um campo de conflito,
cooperação e incerteza, em que os cidadãos defendem seus
interesses e afirmam suas posições ideológicas, é uma pressuposição
da administração pública
a) patrimonialista.
b) burocrática.
c) gerencial.
d) inatista.
e) prudencial.

Comentários:
Nunca erraremos esse ponto né? Gabarito: Letra C.

A administração gerencial possui uma visão afim ao tipo de Estado neoliberal,


principalmente no que se refere à racionalidade no uso dos recursos. Mas é
errado afirmar que ela só foi aplicada em governos com características
neoliberais, pois seus pressupostos são adotados pela maioria dos Estados.
Além disso, também é errado dizer que a administração gerencial substituiu
totalmente a burocracia, nem que esse era um de seus objetivos. Ambas,
juntamente com o patrimonialismo, possuem traços que convivem até hoje.

Resolva agora uma questão que trata disso:

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25. (ESAF/APO – MPOG). Em relação aos modelos de gestão pública,


é incorreto afirmar:
a) no sentido weberiano do termo, a burocracia nunca logrou ser
reconhecida por sua racionalidade. Antes, popularizou-se –
negativamente – em face de suas disfunções.
b) a lógica do Governo Aberto, por si só, é suficiente para garantir
uma maior e mais efetiva participação social na avaliação e no
controle da ação governamental.
c) embora declaradamente rejeitado por todos, o patrimonialismo
remanesce em grau bastante sensível, haja vista os recorrentes
escândalos de corrupção havidos no decorrer da Nova República.
d) a absorção do gerencialismo e suas variantes, no âmbito da
gestão pública, não implica delinear-se, como objetivo, a exclusão do
modelo burocrático.
e) embora as ideias de reforma gerencial tenham surgido em países
de governos neoliberais, é possível afirmar que o modelo não se
restringe apenas a esse contexto ideológico.

Comentários:
Governo aberto é entendido como um conjunto de ações articuladas de
transparência, participação, inovação e integridade nas políticas públicas, e
incentiva investimento em tecnologia para promover participação, consulta a
informações e acesso a serviços. Mas por si só não garante efetiva
participação social, já que é apenas uma ferramenta, e como tal depende do
fator humano envolvido. Gabarito: Letra B.

Mas a administração gerencial também recebe críticas. Veja algumas:


• Autonomia invertida: Acontece principalmente na Administração
indireta, quando as instituições são bastante autônomas para
decidirem sobre os seus fins, mas quase nada no que diz respeito aos
meios, que continuam bastante “engessados”.
• Cherry picking: Ocorre quando a iniciativa privada passa a ser
responsável por certos serviços, mas escolhe, e investe, apenas nas
áreas mais rentáveis ou em crescimento.
• Social dumping (dano social): Refere-se à suposta preocupação
excessiva com os aspectos econômicos da atuação pública, relegando
fatores sociais a um segundo plano.
• Perda de capacidade de realização de políticas públicas
integradas.

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• Fragmentação organizacional dos governos.


• Aplicações inadequadas de alguns serviços sociais localizados.

4.2 Gestão Pública Empreendedora

Junto com a New Public Management, a Gestão Pública Empreendedora é


uma das duas correntes principais da administração pública gerencial.
Iniciou-se nos EUA na década de 80, quando David Osborne & Ted Gaebler
escreveram o livro Reinventando o Governo, sobre como transformar
burocracias públicas em governos empreendedores, produtivos e eficientes.
Os autores frisam, porém, que o conceito de governo empreendedor não deve
ser confundido com governo empresário. Empreendedor aqui significa inovar,
empregar recursos de novas formas, buscando maximizar a produtividade e
a eficiência, e de modo mais próximo aos cidadãos. Assim, os autores negam
que se possa “governar como quem administra uma empresa”.
No livro os autores analisaram diversas iniciativas inovadoras de
administrações públicas norte-americanas, e a partir daí enumeraram os 10
princípios do governo empreendedor:
1) Governo Catalisador - “Melhor dirigir do que remar”: O governo
deve ter o papel de indutor da sociedade, de regulador, não mais de
executor dos serviços. Os autores, porém, negam que preguem um
estado mínimo. Segundo eles, pregam um “estado melhor”.
2) Governo próprio da Comunidade – “Melhor empoderar atores
do que servi-los”: Transferir responsabilidades para as comunidades
locais, pois estas são mais flexíveis e vivenciam os problemas. Gestão
participativa.
3) Governo Competitivo – “Injetar competição entre os
prestadores de serviços”: Competição do setor público versus
privado, bem como entre os próprios órgãos públicos. Os autores
frisam, entretanto, que uma competição entre profissionais não é
saudável.
4) Governo Orientado para Missões – “Transformar organizações
movidas por regras”: Redefinir a orientação dos servidores: Em vez
de se trabalhar para cumprir normas, eles devem ser guiados por
missões.
5) Governo Orientado para Resultados – “Preocupação com
resultados, e não com recursos”: Segundo os autores, os
resultados nunca podem se basear apenas na eficiência, mas também
na efetividade.

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6) Governo Voltado ao Cliente – “Melhor satisfazer as


necessidades do cliente que as da burocracia”.
7) Governo Empreendedor – “Melhor gerar receitas que
despesas”: Aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e
ampliação da prestação de serviços remunerados. Quando possível, os
serviços devem ser custeados por taxas, e não por impostos, a fim de
se beneficiar (e onerar) os reais usuários.
8) Governo Preventivo – “Melhor prevenir que remediar”: Um
exemplo é investir mais na prevenção de doenças do que em hospitais.
Os retornos também devem ser considerados, e não apenas os custos.
9) Governo Descentralizado – “Da hierarquia à participação e ao
trabalho em equipe”.
10) Governo Orientado para o Mercado – “Alavancar
mudanças via mercado”: Incentivar procedimentos individuais no
sentido de se buscar soluções individualizadas, ótimas, e não apenas
aquelas impostas de forma uniforme sobre todos.

Hora de praticar:

26. (FGV/Analista da Defensoria Pública: Administração – DPE/RO).


No contexto da nova gestão pública, a agenda de reforma
denominada “Reinventando o Governo” apresentou um conjunto de
princípios redigidos na forma de metáforas.
Dentre elas, destaca-se aquela na qual é necessário:
a) "pensar estrategicamente, agir democraticamente";
b) "dar valor às pessoas, não apenas à produtividade";
c) "reconhecer que accountability não é simples";
d) "melhor empoderar atores do que servi-los";
e) "servir cidadãos, não consumidores".

Comentários:
O ruim desse assunto é que as bancas costumam focar nos 10 princípios de
modo meio “decoreba”. Muitos das ideias se confundem com aspectos
também presentes no New Public Management, então se não se lembrar
“literalmente” dos princípios, a questão se complica.
Dentre os apresentados, pertence ao livro “Reinventando o governo” o
princípio “melhor empoderar atores do que servi-los”. Gabarito: Letra D.

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27. (ESAF/AFC: Audit. e Fiscal.: Saúde – TCU). O movimento que


incorporou à gestão pública características como a competição na
prestação de serviços, a perspectiva empreendedora, a
descentralização, o foco em resultados e a orientação para o mercado
é denominado:
a) Patrimonialista.
b) Governança Corporativa.
c) Reinventando o Governo.
d) Administração Pública Societal.
e) Pós-Burocrático.

Comentários:
Na verdade, o movimento é conhecido como Gestão Pública Empreendedora.
“Reinventando o Governo” é o nome do livro que lançou tal movimento.
Gabarito: Letra C.

5. Administração pública societal

A administração pública societal é uma ideia trazida por críticos da


administração gerencial, que alegam que ela não contempla uma efetiva
participação da sociedade na gestão pública.
Talvez por ser mais recente, e focar apenas no contexto brasileiro, ela não
aparece com tanta frequência nas provas, e muitos autores, quando tratam
dos modelos teóricos da administração pública, limitam-se apenas aos três
modelos anteriores.
O quadro a seguir, elaborado pela autora Ana Paula Paes de Paula, compara
as administrações públicas gerencial e societal:

ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL ADMINISTRAÇÃO SOCIETAL

ORIGEM

Movimento internacional pela Movimentos sociais brasileiros que


reforma do Estado, que se iniciou tiveram início nos anos 60, com
nos anos 80 e se baseia, desdobramentos nas três décadas
principalmente, nos modelos inglês seguintes.
e norte-americano.

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ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL ADMINISTRAÇÃO SOCIETAL

PROJETO POLÍTICO

Enfatiza a eficiência administrativa e Enfatiza a participação popular e


se baseia no ajuste estrutural, nas procura estruturar um projeto
recomendações dos organismos político que repense o modelo de
multilaterais internacionais e no desenvolvimento, a estrutura do
movimento gerencialista. aparelho do Estado e o paradigma de
gestão.

DIMENSÕES ENFATIZADAS NA GESTÃO

Dimensões econômico-financeira e Dimensão sócio-política.


institucional-administrativa.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO APARELHO DO ESTADO

Separação entre as atividades Não tem uma proposta para a


exclusivas e não-exclusivas do organização do aparelho do Estado e
Estado nos três níveis enfatiza iniciativas locais de
governamentais. organização e gestão.

ABERTURA DAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS À PARTICIPAÇÃO


POPULAR

Participativa no nível do discurso, Participativo no nível das


mas centralizador no que se refere instituições, enfatizando a
ao processo decisório, à organização elaboração de estruturas e canais
das instituições políticas e à que viabilizem a participação
construção de canais de participação popular.
popular.

ABORDAGEM DE GESTÃO

Gerencialismo: enfatiza a adaptação Gestão social: enfatiza a elaboração


das recomendações gerencialistas de experiências de gestão
para o setor público. focalizadas nas demandas do
público-alvo, incluindo questões
culturais e participativas.

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ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL ADMINISTRAÇÃO SOCIETAL

LIMITES

- Centraliza o processo decisório e - Não elaborou, de forma mais


não estimula a elaboração de sistemática, alternativas de gestão
instituições políticas mais abertas à coerentes com seu projeto político;
participação social;
- Não conseguiu ainda desenvolver
- Enfatiza mais as dimensões uma estratégia que articule as
estruturais do que as dimensões dimensões econômico-financeira,
sociais e políticas da gestão; institucional-administrativa e
sociopolítica da gestão pública.
- Implementou um modelo de
reforma e gestão pública que se
inspirou nas recomendações e no
design sugeridos pelo movimento
internacional de reforma de Estado;
- Não há uma proposta nova para a
organização do aparelho do Estado.

PONTOS POSITIVOS

- Possui clareza em relação à - Procura elaborar um projeto de


organização do aparelho do Estado e desenvolvimento que atenda aos
métodos de gestão; interesses nacionais;
- Alguns métodos gerencialistas vêm - Está construindo instituições
melhorando a eficiência do setor políticas e políticas públicas mais
público, especialmente no campo abertas à participação social e
econômico-financeiro. voltadas para as necessidades dos
cidadãos.

Agora que tal questões sobre esse assunto?

28. (FGV/Auditor Fiscal – SEFAZ/RJ). A administração pública


societal busca um novo modelo de desenvolvimento baseado, por
exemplo, em uma visão deliberativa e participativa da democracia.
Emerge, então, a importância do formato e da dinâmica institucionais
que possibilitem a transformação das relações entre Estado e
sociedade. Assinale a alternativa que contém exemplos de novos
arranjos institucionais segundo o modelo societal.
a) as Agências Reguladoras Independentes e os Fóruns Temáticos

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b) os Fóruns Temáticos e os Conselhos Gestores de Políticas Públicas


c) os Conselhos Gestores de Políticas Públicas e as Auditorias
Operacionais
d) as Auditorias Operacionais e o Orçamento Participativo
e) o Orçamento Participativo e o Governo Eletrônico

Comentários:
A administração societal foca em instrumentos de participação popular nas
decisões e ações governamentais, tais como os fóruns temáticos, os
conselhos gestores de políticas públicas e o orçamento participativo.
Gabarito: Letra B.

29. (ESAF/AFC: Ouvidoria – CGU). No marco da vertente societal da


administração pública, conforme Ana Paes de Paula, a ampliação da
participação dos atores sociais na definição da agenda política
orienta-se por uma série de características. Das relacionadas abaixo,
indique a incorreta.
a) Nessa vertente, trabalha-se com instrumentos para exercer um
maior controle social sobre as ações estatais e a diminuição do
monopólio do Estado na definição e implementação das ações
públicas.
b) De acordo com essa vertente, a reforma de Estado não é somente
uma questão administrativa e gerencial, mas também um projeto
político.
c) Nessa vertente, distingue-se o que pertence ao domínio da gestão
e ao domínio da política.
d) Nessa vertente, as decisões são políticas, mas precisam levar em
conta variáveis técnicas.
e) Essa vertente busca assegurar a democracia através da prestação
de serviços públicos orientados para o "cidadão-cliente" e
controlados pela sociedade.

Comentários:
A alternativa E apresenta, na verdade, uma característica do modelo de
administração gerencial. Gabarito: Letra E.

30. (ESAF/Analista Adm. – ANA). Em nosso país, sobre o modelo


composto pelos processos participativos de gestão pública, também
conhecido por ‘administração pública societal’, é correto afirmar:

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a) enfatiza a eficiência administrativa e se baseia no ajuste


estrutural, nas recomendações dos organismos multilaterais
internacionais e no movimento gerencialista.
b) tem por origem o movimento internacional pela reforma do Estado,
que se iniciou nos anos 1980 e se baseia, principalmente, nas
experiências inglesa e estadunidense.
c) é participativo no nível do discurso, mas centralizador no que se
refere ao processo decisório, à organização das instituições políticas
e à construção de canais de participação popular.
d) enfatiza a adaptação das recomendações gerencialistas para o
setor público.
e) não apresenta uma proposta para a organização do aparelho do
Estado, limitando-se a enfatizar iniciativas locais de organização e de
gestão pública.

Comentários:
Todas as alternativas apresentam uma característica do modelo de
administração pública gerencial, com exceção da alternativa E, pertencente à
administração societal. Vide o quadro comparativo entre ambas. Gabarito:
Letra E.

6. Os modelos teóricos da administração pública e os tipos de dominação

Vimos que o patrimonialismo é associado ao modo de dominação tradicional,


pois os “donos” do poder se utilizam da estrutura da administração pública
para causas próprias, enquanto os demais aceitam tal situação porque “isso
sempre foi assim”, subordinando-se sem contestação ao senhor.
Já a burocracia é associada à dominação tradicional-legal, pois as regras e
leis permeiam o exercício da autoridade, sem espaço para questões pessoais.
E a administração gerencial? Sobrou para ela a dominação
carismática?
Há autores que dizem que sim. Segundo eles, nas organizações pós-
burocráticas a liderança não provém de normas e estatutos, mas sim da
capacidade interpessoal de motivar as pessoas e passar-lhes uma visão de
futuro, fazendo com que todos busquem o desenvolvimento próprio e da
organização.
Mas esta associação é considerada, por esses próprios autores, como
limitada, pois não pode ser aplicada às organizações como um todo, já que
sua legitimidade ainda provém das leis. Sendo assim, a associação da
administração gerencial também pode ser com a dominação racional-legal.

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Mas cuidado: Talvez pela falta de um referencial teórico mais decisivo sobre
os tipos de dominação na administração gerencial, algumas questões de
concurso associam o modelo racional-legal apenas à burocracia, esta sim,
uma referência abundante na literatura.

Veja dois exemplos:

31. (ESAF/EPPGG – MPOG). Acerca do modelo de administração


pública gerencial, é correto afirmar que:
a) admite o nepotismo como forma alternativa de captação de
recursos humanos.
b) sua principal diferença em relação à administração burocrática
reside na forma de controle, que deixa de se basear nos processos
para se concentrar nos resultados.
c) nega todos os princípios da administração pública patrimonialista
e da administração pública burocrática.
d) é orientada, predominantemente, pelo poder racional-legal.
e) caracteriza-se pela profissionalização, ideia de carreira, hierarquia
funcional, impessoalidade e formalismo.

Comentários:
A alternativa B é claramente certa, e é esse o gabarito. Entretanto, como a
alternativa D foi considerada errada, a ESAF não entende (ou não entendeu)
que há manifestação do poder racional-legal na administração gerencial, algo
que é bastante questionável. Gabarito: Letra B.

32. (FCC/Anal. Jud.: Administrativo – TRT 9ª região). Sobre as


características da administração pública gerencial considere:
I. No plano da estrutura organizacional tornam-se essenciais a
descentralização e a redução dos níveis hierárquicos.
II. Tem como princípios orientadores do seu desenvolvimento o
poder racional-legal.
III. O cidadão é visto como contribuinte de impostos e como cliente
dos seus serviços.
IV. Sua estratégia volta-se para a definição precisa dos objetivos que
o administrador público deverá atingir em sua unidade.
V. Os cargos são considerados prebendas.
É correto o que consta APENAS em

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a) I e V.
b) I e II.
c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e V.
Comentários:
Prebendas são espécies de cargos típicos do patrimonialismo. Portanto, a
afirmação V está errada. Entretanto, a FCC também considerou a afirmação
II como errada, ou seja, considerou que o poder racional-legal não é um dos
princípios orientadores da administração gerencial. Gabarito: Letra D.

7. DICA DE OURO

Agora que acabamos o conteúdo da apostila, é ESSENCIAL que você vá


até este capítulo no sistema Nota11 de fichas interativas e pratique!
As fichas são neurologicamente formuladas para que esses pontos
nunca mais saiam da sua cabeça...
Esse será o grande diferencial para que você consiga estar pronto para
gabaritar a prova em um tempo até 10X mais rápido que nos materiais
e métodos disponíveis no mercado.

8. Principais pontos a serem fixados

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PATRIMONIALISTA


• Atende aos interesses da classe dominante, que a usa para desfrutar
e permanecer no poder.
• Racionalidade subjetiva.
• Forma de dominação tradicional-patriarcal.
• Quadro administrativo pouco estruturado, totalmente à mercê da
vontade do senhor.
• Possui como formas históricas de cargos públicos a prebenda
(ocupação rentável e de pouco trabalho) e a sinecura (emprego ou
função que praticamente não requer.
• Favorece o nepotismo, a corrupção, o clientelismo e o rent
seeking.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BUROCRÁTICA


Há, basicamente, quatro significados diferentes:

1. Burocracia como modelo de administração pública.


2. Burocracia como forma de governo.
3. Burocracia como o conjunto de funcionários públicos.
4. Burocracia como sinônimo de ineficiência.

A Burocracia como modelo de administração pública


Quer “tudo organizado”, prevendo tudo que possa acontecer e definindo qual
deve ser a resposta.
• Caráter legal das normas e regulamentos.
• Caráter racional e divisão do trabalho.
• Impessoalidade nas relações.
• Hierarquia de autoridade.
• Controle por processos
• É associada ao desenvolvimento do capitalismo.
• É resistente às mudanças.
• Baseia-se no tipo de dominação racional-legal.

A Burocracia como forma de governo


• Representa uma forma de “poder paralelo” dentro do Estado. Ocorre
então o chamado engolfamento social.
• A partir daí desenvolveram-se dois modelos de ética e
racionalidade:
o Definição dos valores - ética da convicção - racionalidade
substantiva – associada então aos políticos.
o Escolha dos meios - ética da responsabilidade -
racionalidade instrumental – associada então aos
burocratas.

A Burocracia como o conjunto de funcionários públicos

• Sempre existiu, portanto, pode coexistir com qualquer modelo de


administração pública.

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A Burocracia como sinônimo de ineficiência


• É caracterizada pelas disfunções da burocracia (buropatologias).

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL


Nasce como estratégia para reduzir o custo e aumentar a eficiência.
• Descentralização administrativa e política.
• Diminuição dos níveis hierárquicos.
• Pressuposto da confiança limitada (ou seja, permite um certo grau
de discricionariedade ao administrador).
• Controle por resultados.
• Iniciou-se através de 2 movimentos principais:
o New Public Management (NPM) (Reino Unido): Abrange 3
correntes:
 Managerialism (“gerencialismo puro”, “Fazer mais
com menos”, “Contribuintes”, “Eficiência”).
 Consumerism (“satisfação dos consumidores”,
“Fazer melhor”, “Clientes”, “Efetividade”).
 Public Service Orientation (PSO) (“serviço orientado
para o público”, “Fazer o que deve ser feito”,
“Cidadãos”, “Equidade”).
o Movimento “Reinventando o Governo” (EUA).
 Livro Reinventando o Governo (David Osborne & Ted
Gaebler).

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SOCIETAL


• Crítica à administração gerencial.
• Prega maior participação da sociedade na gestão pública.

OS MODELOS TEÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E OS TIPOS


DE DOMINAÇÃO

• Patrimonialismo: Dominação tradicional.


• Burocracia: Dominação tradicional-legal.
• Administração gerencial: Dominação carismática (parcialmente)
e Dominação racional-legal (pouco explorada pelos teóricos).

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9. Lista das questões que resolvemos

1. (UFRJ/Analista do Tesouro – SEFAZ/AM). Em relação à


administração pública patrimonialista, é INCORRETO afirmar que:
a) os cargos não são considerados prebendas;
b) o aparelho do estado funciona como uma extensão do poder do
soberano;
c) o nepotismo é inerente a esse tipo de administração;
d) a res publica não é diferenciada da res principis;
e) a corrupção tende a vicejar.

2. (UFF/Anal. Adm.: Biblioteconomia – ANCINE). Uma das


características da administração pública patrimonialista é:
a) a apropriação de ativos e interesses públicos por particulares;
b) a hierarquia funcional e a flexibilização administrativa;
c) a permanente tensão entre política e administração pública;
d) a coordenação e controle dos processos decisórios;
e) o acentuado domínio da burocracia nos procedimentos
administrativos.

3. (CESPE/Agente Adm. – TCE/RO). O controle dos abusos contra o


patrimônio público é uma das características almejadas pela
administração pública burocrática.

4. (UEPA/Fiscal de Receitas Estaduais – SEAD/PA). A Administração


Pública burocrática nasce com o objetivo de combater a corrupção e
o nepotismo patrimonialista, pregando o desenvolvimento, a
profissionalização, a ideia de carreira pública hierárquica funcional,
a impessoalidade e o formalismo. Entre as características da
Administração Pública Burocrática encontram-se:
I. Uma auto-referência, concentrando-se no processo, em suas
próprias necessidades e perspectivas.
II. A racionalidade absoluta garantida pela burocracia.
III. Uma forma descentralizada de gestão.
IV. O formalismo, rigidez e rigor técnico.
V. A formação de um administrador público que se preocupa em
oferecer serviços, e não em gerir programas.

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A alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas é:


a) I e II
b) II e III
c) I, II e IV
d) III, IV e V
e) I, II, III, IV e V

5. (FUNIVERSA/Prof. Serviços Gerais – CFM). O surgimento da


administração pública burocrática, no século XIX, deve-se à
necessidade de substituir as formas patrimonialistas de administrar
o Estado, nas quais o patrimônio do Estado confundia-se com o do
governante. Acerca das características da forma de administração
pública burocrática, assinale a alternativa correta.
a) Não objetiva a eficiência.
b) Não existe definição clara de competências e de hierarquia dos
diversos agentes públicos.
c) Os processos administrativos não têm um caminho claramente
definido a ser seguido.
d) Existe um caráter rígido e formal nas comunicações entre os
agentes e órgãos baseados nessa forma de administração pública.
e) Baseia-se no bom relacionamento interpessoal dos agentes
públicos.

6. (CESPE/Analista C&T Jr. – MCT). Conforme a definição seminal


weberiana, a burocracia é, sobretudo, uma forma de dominação na
qual os burocratas tendem a usurpar o poder político.

7. (ESAF/EPPGG – MPOG). Diante das profundas mudanças pelas


quais passa o mundo contemporâneo, uma das hipóteses mais
aventadas é a de gradual transferência do exercício do poder político
para as mãos dos burocratas, em detrimento dos políticos eleitos.
Relacionada com esta hipótese, indique a afirmativa incorreta.

a) Tanto quanto os políticos eleitos, as burocracias desenvolvem


interesses próprios, conquistam clientelas, acumulam recursos e
disputam por poder e espaço político.
b) Nas sociedades contemporâneas, as burocracias tendem a assumir
o controle do processo de decisão política, e a exercer efetivamente

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o poder, restando aos políticos eleitos o papel de referendar as


decisões tomadas e avaliar as suas consequências.
c) Em muitos casos, ao invés de se subordinarem à autoridade dos
líderes políticos portadores de mandatos eletivos, as burocracias
competem e até mesmo entram em conflito com estes, visando a
expandir o seu poder e controlar as decisões políticas.
d) Em termos do controle do processo de decisão, a burocracia possui
diversas vantagens sobre os políticos eleitos já que, além de possuir
informação e conhecimento técnico especializado, seu
comportamento orienta-se pela neutralidade e pela impessoalidade.
e) A maior vantagem das burocracias sobre os políticos eleitos é a
sua facilidade de construir consensos já que, além da sua
neutralidade que facilita o estabelecimento de acordos, os burocratas
não se envolvem no jogo político-partidário.

8. (CESPE/EPPGG – MPOG). A constituição de uma burocracia a partir


de critérios de mérito com algum grau de autonomia é
consensualmente considerada essencial no Estado moderno.
Igualmente essencial é que cabe aos políticos a mediação entre as
decisões burocráticas e os interesses dos eleitores num processo de
permanente tensão.
As seguintes afirmações refletem essa tensão:
1- O crescimento das demandas da população suscetíveis de
mudanças coincide com a necessidade de gestão estatal
tecnicamente capacitada e estável, fazendo com que os limites entre
o burocrata e o político se tornem imprecisos.
2- No Estado contemporâneo, alguns setores do Estado são
considerados redutos por excelência da burocracia, tais como o
Ministério das Relações Exteriores, as Forças Armadas e o Poder
Judiciário. Os Ministérios da Economia, Fazenda ou Finanças são
incluídos nessa área porque se supõe que, por sua natureza, os
elementos técnicos de suas decisões sobrepõem-se aos políticos.
3- No Presidencialismo, o presidente é o formador de seu gabinete,
ao contrário do que ocorre no parlamentarismo, onde o partido
majoritário ou a coalizão vencedora das eleições são os responsáveis
pela composição do ministério. Além disso, quando o presidente,
como chefe do executivo, detém alguma iniciativa legislativa
(Medidas Provisórias, por exemplo) e a isso se combina o
enfraquecimento institucional do Legislativo, há uma tendência de se
transferir o foco da ação política do Legislativo para o Executivo.

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4- Mesmo que detenha iniciativa legislativa e de regulamentação


infralegal, o presidente, ao contrário do que ocorre com o chefe do
Governo no Parlamentarismo, não conta com respaldo duradouro e
precisa constantemente negociar apoios políticos em diversas
circunstâncias. Essa situação expõe o Executivo e a burocracia a uma
tensão política que embaralha a separação entre burocracia e
agentes políticos.
Em relação às afirmações acima pode-se dizer que:
a) apenas a nº 1 está correta.
b) apenas a nº 2 está correta.
c) apenas a nº 3 está correta.
d) estão todas corretas.
e) estão todas incorretas.

9. (ESAF/EPPGG – MPOG). Com base no pensamento de Max Weber,


julgue as sentenças sobre a burocracia atribuindo (V) para a
afirmativa verdadeira e (F) para a afirmativa falsa, assinalando ao
final a opção correta.
( ) A constituição prévia de uma economia monetária é condição sine
qua non para o surgimento da organização burocrática.
( ) O Estado moderno depende completamente da organização
burocrática para continuar a existir.
( ) A burocracia é elemento exclusivo do Estado moderno capitalista,
não sendo verificável em outros momentos da história.
( ) O modelo burocrático é a única forma de organização apta a
desempenhar as tarefas necessárias para o bom funcionamento do
capitalismo.
a) V, F, F, V
b) V, V, F, F
c) F, F, V, V
d) F, V, F, V
e) F, F, F, V

10. (CESPE/Administrador – MDS). O estamento burocrático


caracteriza-se pela conjugação de altos ocupantes de cargos
públicos, burocratas e segmentos da classe política, atuando em

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conjunto, em benefício próprio e em desrespeito aos princípios da


impessoalidade e do universalismo de procedimentos.

11. (CESPE/Auditor – TCE/PE). A burocracia patrimonialista era o


modelo clássico de administração presente nas monarquias
europeias do século XIX.

12. (ESAF/AFC – TCU). Leia os enunciados que se seguem:


• Conjunto de agentes que se caracterizam pela ética da
obediência, cujas atividades, por definição, devem se reger
pelos critérios da expertise, confiabilidade, confidencialidade,
impessoalidade, imparcialidade, moralidade, e que competem
em arenas administrativas, excluindo o envolvimento político e
partidário.
• Complexo político-organizacional soberano, constituído por
povo, território, governo e quadro administrativo, aparato de
segurança encarregado do monopólio do uso da violência, e
ordenamento jurídico impositivo que possui natureza
extroversa.
• Conjunto de procedimentos formais e informais que expressam
relações de poder e que se destinam a prover a resolução
pacífica dos conflitos sobre bens públicos.
Indique a sequência conceitual que expressa mais precisamente os
enunciados acima.
a) Burocracia/ Estado/ Política
b) Burocracia/ Política/ Estado
c) Burocracia/ Governo/ Política
d) Política/ Governo/ Administração Pública
e) Administração Pública/ Estado/Governo

13. (ESAF/AFC – STN). Para Max Weber, burocracia é a organização


eficiente por excelência. Ele destaca que este modelo possui
características que lhe são próprias e inúmeras vantagens em relação
a outras formas. Entretanto, suas disfunções fazem com que o
conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as opções a
seguir e marque a resposta correta.
i) A burocracia é baseada em características que têm como
consequência a previsibilidade do comportamento humano e a

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padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo final é


a máxima eficiência da organização.
ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da
burocracia sobre as demais formas de associação.
iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como consequência a
previsibilidade do funcionamento da organização.
iv) Weber entendia que as características da burocracia contribuíam,
em parte, para a segurança dos processos organizacionais.

a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv.


b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv.
c) Estão corretos somente os enunciados i e iii.
d) Estão corretos somente os enunciados i e ii.
e) Todos os enunciados estão corretos.

14. (ESAF/AFC: Audit. e Fiscal. - CGU). Escolha a opção que descreve


corretamente três disfunções do tipo ideal de burocracia de Weber.

a) Caráter legal das normas. Divisão do trabalho. Apego às normas e


aos procedimentos.
b) Hierarquização da autoridade. Comunicação formal.
Especialização da administração.
c) Impessoalidade no relacionamento. Competência técnica e mérito.
Procedimentos e rotinas.
d) Internalização das normas. Resistência à mudança.
Despersonalização do relacionamento.
e) Conformismo com as normas. Níveis hierárquicos bem definidos.
Formalismo.

15. (FUNIVERSA/Profissional de serviços gerais – CFM). Assinale a


alternativa que apresenta uma das disfunções da burocracia.
a) Ocorre o desrespeito à hierarquia, o que proporciona um ambiente
de trabalho agressivo e estressante ao agente público.
b) O Estado perde a noção do seu principal objetivo, que é a
consecução dos fins públicos e que acaba sendo substituído pela
necessidade de intenso controle dos processos administrativos.

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c) O relacionamento interpessoal torna-se o foco do agente público,


que procura sempre o bom relacionamento com os seus colegas de
trabalho e com o cidadão.
d) O agente público adapta-se bem às mudanças propostas.
e) O respeito ao cidadão atinge o seu ponto máximo.

16. (ESAF/EPPGG – MPOG). A partir do estudo de Max Weber foi


possível identificar características e disfunções da burocracia.
Assinale com a letra C as frases a seguir que expressam
características do modelo ideal weberiano e com a letra D aquelas
que expressam suas disfunções.
( ) Obediência à hierarquia dos cargos e ênfase na comunicação
formal.
( ) Relacionamento funcional baseado em atributos pessoais.
( ) Utilização intensiva de sinais de status.
( ) Seleção com base na competência técnica e no mérito.
( ) Divisão do trabalho a partir da definição de cargos.
( ) Conformismo e resistência à mudança.
a) D, C, C, C, D, D
b) C, D, C, D, D, C
c) D, C, D, D, C, D
d) D, C, D, C, D, C
e) C, D, D, C, C, D

17. (FGV/Auditor fiscal – SEFAZ/RJ). A abordagem da administração


pública gerencial surgiu na segunda metade do século XX como uma
resposta à insatisfação em diversos setores com relação à
administração pública burocrática. Nesse sentido, a administração
pública gerencial:
I. É principalmente orientada para os processos;
II. É principalmente orientada pelo princípio da descentralização
administrativa;
III. É principalmente voltada para o controle de desempenho;
IV. É autorreferente.
Analise os itens acima e assinale:

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a) se apenas os itens II e III estiverem corretos.


b) se apenas os itens I e IV estiverem corretos.
c) se apenas os itens I e II estiverem corretos.
d) se apenas os itens III e IV estiverem corretos.
e) se todos os itens estiverem corretos.

18. (FCC/Auditor Subst. de Conselheiro – TCM/RJ). No processo de


evolução da Administração pública, o paradigma pós-burocrático que
conduziu ao modelo gerencial introduziu, como inovação em relação
ao modelo anterior,
a) a meritocracia.
b) a impessoalidade.
c) a racionalidade.
d) a hierarquia.
e) o controle de resultados.

19. (CESPE/AFCE: Controle externo – TCU). Para a administração


pública gerencial, ao contrário do que ocorre na administração
pública burocrática, a flexibilização de procedimentos e a alteração
da forma de controle implicam redução da importância e, em alguns
casos, o próprio abandono de princípios tradicionais, tais como a
admissão segundo critérios de mérito, a existência de organização
em carreira e sistemas estruturados de remuneração.

20. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE/CE). Ao longo das


décadas de 1980 e 1990, três visões da Administração pública, com
razoável grau de intercâmbio entre elas, surgiram do debate sobre a
aplicação da administração gerencial, também conhecida como
managerialism, ao setor público: o Gerencialismo Puro, o
Consumerism e a Public Service Orientation − PSO. Sobre o tema, é
correto afirmar:
a) A Public Service Orientation − PSO introduziu a contratualização
de resultados no setor público, visando a estimular o controle e
avaliação dos serviços públicos.
b) A introdução do Gerencialismo Puro na Administração pública teve
como principais objetivos reduzir os custos do setor público e
assegurar a qualidade dos serviços prestados.

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c) Os principais instrumentos gerenciais introduzidos pelo


Consumerism para alcançar eficiência foram o controle orçamentário
e a avaliação de desempenho organizacional.
d) O Consumerism introduziu o conceito de qualidade no serviço
público, chamando a atenção para a efetividade dos serviços
prestados.
e) O Gerencialismo Puro substituiu o conceito de consumidor pelo de
cidadão e resgatou a participação como mecanismo de transparência.

21. (ESAF/EPPGG – MPOG). A descentralização foi tema presente nas


reformas britânica e norte-americana, que buscaram estruturar um
modelo pós-burocrático de administração pública.
Julgue as sentenças relativas aos objetivos da descentralização nos
diferentes modelos.
I. O objetivo da descentralização no public service orientation estava
em estabelecer uma interface entre os cidadãos e a administração
pública de modo a fazer valer os direitos democráticos de
participação, equidade e justiça.
II. O consumerism fazia uso da descentralização não só
administrativa, mas também política, que tinha entre seus objetivos
a delegação de autoridade, para aproximar os usuários dos serviços
públicos de modo a facilitar sua fiscalização.
III. A descentralização não fazia parte do escopo de reforma do
gerencialismo puro, visto que sua principal preocupação estava na
diminuição de custos do setor público e, sendo a descentralização um
processo dispendioso, não foi utilizada nesse modelo.
IV. A tradição de descentralização em estados federativos, nos EUA,
favoreceu a implementação do managerialism, resultando em um
sucesso maior que no governo centralizado de Margareth Thatcher,
na Grã-Bretanha.
Estão corretas:
a) As afirmativas I, III e IV.
b) As afirmativas I e II.
c) As afirmativas I e IV.
d) As afirmativas II e IV.
e) As afirmativas III e IV.

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22. (ESAF/APO – MPOG). Julgue as sentenças a respeito de certos


modelos da administração pública gerencial:
I. O managerialism, apesar de ter sido criado nos EUA - "berço das
grandes inovações da administração privada", obteve maior sucesso
na Grã-Bretanha, onde encontrou um sistema político mais favorável
a sua aplicação.
II. O public service orientation procurou incorporar temas do
republicanismo e da democracia, expressos principalmente em um
ideal de participação política, transparência, justiça e accountabillity
- elementos quase inexistentes no managerialism e consumerism.
III. Um dos objetivos do consumerism era o de introduzir a
perspectiva de qualidade na administração pública, utilizando-se de
uma delegação e descentralização política com o objetivo de
possibilitar a fiscalização dos serviços públicos pela sociedade.
IV. O programa Citizen's Chart, desenvolvido na Inglaterra, tinha
como estratégia seu direcionamento às necessidades do público
demandante, podendo ser considerado um modelo puro de
gerencialismo britânico.
Estão corretas:
a) apenas as afirmativas I e II.
b) apenas as afirmativas I, II e III.
c) apenas as afirmativas II, III e IV.
d) apenas as afirmativas II e IV.
e) apenas as afirmativas III e IV.

23. (ESAF/AFC: Contábil – STN). A respeito das características da


administração burocrática e da administração gerencial, atribua B à
assertiva que descreva aspectos da administração burocrática e G à
assertiva que descreva aspectos da administração gerencial. Ao final,
assinale a opção que contenha a sequência correta.
( ) O modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo
controle rígido dos processos, com o controle dos procedimentos.
( ) Pensa na sociedade como campo de conflito, cooperação e
incerteza no qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam
suas posições ideológicas.
( ) Preocupa-se em oferecer serviços e não em gerir programas, visa
atender aos cidadãos.

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( ) É autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias


necessidades e perspectivas.
a) G, G, B, G
b) B, G, B, B
c) B, B, G, G
d) B, G, G, B
e) G, B, B, G

24. (VUNESP/Analista em gestão municipal – Pref. de São José dos


Campos). Caracterizar a sociedade como um campo de conflito,
cooperação e incerteza, em que os cidadãos defendem seus
interesses e afirmam suas posições ideológicas, é uma pressuposição
da administração pública
a) patrimonialista.
b) burocrática.
c) gerencial.
d) inatista.
e) prudencial.

25. (ESAF/APO – MPOG). Em relação aos modelos de gestão pública,


é incorreto afirmar:
a) no sentido weberiano do termo, a burocracia nunca logrou ser
reconhecida por sua racionalidade. Antes, popularizou-se –
negativamente – em face de suas disfunções.
b) a lógica do Governo Aberto, por si só, é suficiente para garantir
uma maior e mais efetiva participação social na avaliação e no
controle da ação governamental.
c) embora declaradamente rejeitado por todos, o patrimonialismo
remanesce em grau bastante sensível, haja vista os recorrentes
escândalos de corrupção havidos no decorrer da Nova República.
d) a absorção do gerencialismo e suas variantes, no âmbito da
gestão pública, não implica delinear-se, como objetivo, a exclusão do
modelo burocrático.
e) embora as ideias de reforma gerencial tenham surgido em países
de governos neoliberais, é possível afirmar que o modelo não se
restringe apenas a esse contexto ideológico.

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26. (FGV/Analista da Defensoria Pública: Administração – DPE/RO).


No contexto da nova gestão pública, a agenda de reforma
denominada “Reinventando o Governo” apresentou um conjunto de
princípios redigidos na forma de metáforas.
Dentre elas, destaca-se aquela na qual é necessário:
a) "pensar estrategicamente, agir democraticamente";
b) "dar valor às pessoas, não apenas à produtividade";
c) "reconhecer que accountability não é simples";
d) "melhor empoderar atores do que servi-los";
e) "servir cidadãos, não consumidores".

27. (ESAF/AFC: Audit. e Fiscal.: Saúde – TCU). O movimento que


incorporou à gestão pública características como a competição na
prestação de serviços, a perspectiva empreendedora, a
descentralização, o foco em resultados e a orientação para o mercado
é denominado:
a) Patrimonialista.
b) Governança Corporativa.
c) Reinventando o Governo.
d) Administração Pública Societal.
e) Pós-Burocrático.

28. (FGV/Auditor Fiscal – SEFAZ/RJ). A administração pública


societal busca um novo modelo de desenvolvimento baseado, por
exemplo, em uma visão deliberativa e participativa da democracia.
Emerge, então, a importância do formato e da dinâmica institucionais
que possibilitem a transformação das relações entre Estado e
sociedade. Assinale a alternativa que contém exemplos de novos
arranjos institucionais segundo o modelo societal.
a) as Agências Reguladoras Independentes e os Fóruns Temáticos
b) os Fóruns Temáticos e os Conselhos Gestores de Políticas Públicas
c) os Conselhos Gestores de Políticas Públicas e as Auditorias
Operacionais
d) as Auditorias Operacionais e o Orçamento Participativo
e) o Orçamento Participativo e o Governo Eletrônico

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29. (ESAF/AFC: Ouvidoria – CGU). No marco da vertente societal da


administração pública, conforme Ana Paes de Paula, a ampliação da
participação dos atores sociais na definição da agenda política
orienta-se por uma série de características. Das relacionadas abaixo,
indique a incorreta.
a) Nessa vertente, trabalha-se com instrumentos para exercer um
maior controle social sobre as ações estatais e a diminuição do
monopólio do Estado na definição e implementação das ações
públicas.
b) De acordo com essa vertente, a reforma de Estado não é somente
uma questão administrativa e gerencial, mas também um projeto
político.
c) Nessa vertente, distingue-se o que pertence ao domínio da gestão
e ao domínio da política.
d) Nessa vertente, as decisões são políticas, mas precisam levar em
conta variáveis técnicas.
e) Essa vertente busca assegurar a democracia através da prestação
de serviços públicos orientados para o "cidadão-cliente" e
controlados pela sociedade.

30. (ESAF/Analista Adm. – ANA). Em nosso país, sobre o modelo


composto pelos processos participativos de gestão pública, também
conhecido por ‘administração pública societal’, é correto afirmar:
a) enfatiza a eficiência administrativa e se baseia no ajuste
estrutural, nas recomendações dos organismos multilaterais
internacionais e no movimento gerencialista.
b) tem por origem o movimento internacional pela reforma do Estado,
que se iniciou nos anos 1980 e se baseia, principalmente, nas
experiências inglesa e estadunidense.
c) é participativo no nível do discurso, mas centralizador no que se
refere ao processo decisório, à organização das instituições políticas
e à construção de canais de participação popular.
d) enfatiza a adaptação das recomendações gerencialistas para o
setor público.
e) não apresenta uma proposta para a organização do aparelho do
Estado, limitando-se a enfatizar iniciativas locais de organização e de
gestão pública.

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31. (ESAF/EPPGG – MPOG). Acerca do modelo de administração


pública gerencial, é correto afirmar que:
a) admite o nepotismo como forma alternativa de captação de
recursos humanos.
b) sua principal diferença em relação à administração burocrática
reside na forma de controle, que deixa de se basear nos processos
para se concentrar nos resultados.
c) nega todos os princípios da administração pública patrimonialista
e da administração pública burocrática.
d) é orientada, predominantemente, pelo poder racional-legal.
e) caracteriza-se pela profissionalização, ideia de carreira, hierarquia
funcional, impessoalidade e formalismo.

32. (FCC/Anal. Jud.: Administrativo – TRT 9ª região). Sobre as


características da administração pública gerencial considere:
I. No plano da estrutura organizacional tornam-se essenciais a
descentralização e a redução dos níveis hierárquicos.
II. Tem como princípios orientadores do seu desenvolvimento o
poder racional-legal.
III. O cidadão é visto como contribuinte de impostos e como cliente
dos seus serviços.
IV. Sua estratégia volta-se para a definição precisa dos objetivos que
o administrador público deverá atingir em sua unidade.
V. Os cargos são considerados prebendas.
É correto o que consta APENAS em
a) I e V.
b) I e II.
c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e V.

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10.Gabarito

1–A 2-A 3–C 4-C 5–D

6–C 7–E 8–D 9–D 10 – C

11 – C 12 - A 13 - D 14 – D 15 – B

16 – E 17 – A 18 – E 19 – E 20 – D

21 – B 22 – B 23 – D 24 – C 25 – B

26 - D 27 - C 28 - B 29 - E 30 - E

31 - B 32 - D

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