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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO ITENS 1, 2 e 6 – TÉCNICO DO MPU


PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Aula Extra

Olá, pessoal!

Na aula 02 faltou a abordagem burocrática, por erro meu. Peço desculpas a


todos. Estou disponibilizando essa aula extra para abordar essa parte do edital.

Abraço, Rafael.

Sumário

1. ABORDAGEM BUROCRÁTICA ................................................................................ 2

1.1. TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO ................................................................................... 2


1.2. MODELO BUROCRÁTICO ......................................................................................... 4
1.3. CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES BUROCRÁTICAS ................................................. 11
1.4. DISFUNÇÕES E CRISE DA BUROCRACIA ..................................................................... 17

2. QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................... 21

2.1. LISTA DAS QUESTÕES ......................................................................................... 33


2.2. GABARITO ....................................................................................................... 37

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1. Abordagem Burocrática
1.1. Tipos puros de dominação
Antes de entrarmos na abordagem burpcrática, é preciso que
seja visto o que Max Weber chamou de tipos puros de domi-
nação legítima, que constituem a base do seu estido. Weber
foi um pensador alemão. É difícil colocar ele em alguma ciên-
cia específica, pois seus estudos abrangeram áreas como a
sociologia, a economia, o direito e a política. Esse autor é
muito importante porque toda a base do estudo do modelo
burocrático está em seus escritos. Não foi ele que criou esse
modelo, mas foi um dos primeiros a analisá-lo, no início do
Século XX, e seu trabalho teve grande repercussão.

Segundo o autor:

Poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa rela-


ção social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento desta
probabilidade.
Dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de
determinado conteúdo, entre determinadas pessoas indicáveis.
Disciplina é a probabilidade de encontrar obediência pronta, automática
e esquemática a uma ordem, entre uma pluralidade indicável de pessoas,
em virtude de atividades treinadas.

Poder observar nesses três conceitos uma gradação no que se refere ao nível
de obediência. Enquanto o “poder” envolve impor a própria vontade mesmo
contra resistências, a “disciplina” já constitui uma obediência automática. A
dominação está no meio, como a “probabilidade de encontrar obediência”.

Weber fala em “encontrar obediência”, ou seja, é preciso que a pessoa aceite a


ordem do outro, que ela adote determinada conduta sem resistência. A domi-
nação precisa da obediência, que a pessoa que recebe a ordem aceite a outra
como alguém com o direito de lhe dar ordens, ou seja, que tenha legitimidade.
O conceito de legitimidade é muito importante dentro do conceito de domina-
ção. Só há dominação se há legitimidade.

Weber fala que “há três tipos puros de dominação legítima”. Quando ele fala
em “puros”, ele se refere a “tipos-ideais”, que é um recurso metodológico que
o cientista utiliza toda vez que necessita compreender um fenômeno formado
por um conjunto histórico ou uma sequência de acontecimentos. Estes tipos
ideais não podem ser encontrados na realidade, eles não existem em seu “es-
tado puro”, eles se situam apenas no plano da abstração teórica. O tipo ideal é

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uma abstração, através da qual as característi-


cas extremas de um determinado fenômeno Tipos puros de Dominação
são definidas, de forma a fazer com que ele
apareça em sua forma “pura”. Ideal não quer Racional-legal: baseada na
crença na legitimidade das or-
dizer que é bom, mas sim que está no mundo dens estatuídas e do direito de
das ideias. Como o tipo puro é uma abstração, mando daqueles que, em virtude
um extremo, nenhuma organização correspon- dessas ordens, estão nomeados
para exercer a dominação;
de ao modelo puro de burocracia.
Tradicional: baseada na
Weber descreve os tipos puros de dominação crença cotidiana da santidade
das tradições vigentes desde
com base na origem de sua legitimidade, ou sempre e na legitimidade daque-
seja, com base no porquê das pessoas aceita- les que, em virtude dessas tradi-
rem as ordens. São três tipos: dominação tra- ções, representam a autoridade;
dicional, carismática e racional-legal. Carismático: baseada na
veneração extraordinária da
Na Dominação Tradicional o critério para a santidade, do poder heroico ou
do caráter exemplar de uma
aceitação da dominação é a tradição, ou seja,
pessoa e das ordens por esta
os valores e crenças que se perpetuam ao lon- reveladas ou criadas.
go de gerações. Existe legitimidade porque as
coisas sempre foram assim. O Rei governa o
Estado porque seu pai era rei, assim como seu avô, seu bisavô, etc.

É um tipo de dominação extremamente conservador. Aquele que exerce a do-


minação tradicional não é simplesmente um superior hierárquico, mas um “se-
nhor”, e seus subordinados, que constituem seu quadro administrativo, não
são “funcionários”, mas servidores. Não se obedece a estatutos, mas à pessoa
indicada pela tradição ou pelo senhor tradicionalmente determinado. As ordens
são legítimas de dois modos:

→ Em parte em virtude da tradição que determina inequivocamente o con-


teúdo das ordens, e da crença no sentido e alcance destas, cujo abalo
por transgressão dos limites tradicionais poderia pôr em perigo a posi-
ção tradicional do próprio senhor.

→ Em parte em virtude do arbítrio do senhor, ao qual a tradição deixa es-


paço correspondente.

Assim, o senhor tem uma ampla liberdade para tomar decisões, de forma arbi-
trária. Porém, essa liberdade é limitada pela própria tradição, já que ele não
pode infringir aquilo que lhe dá legitimidade.

Na Dominação Carismática, a legitimidade tem origem no “carisma” do líder.


As pessoas aceitam suas ordens e são leais ao senhor porque ele possui uma
qualidade extraordinária. Weber define carisma como:

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Uma qualidade pessoal considerada extracotidiana e em virtude da qual se


atribuem a uma pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais, sobre-
humanos ou, pelo menos, extracotidianos específicos ou então se a toma
como enviada por Deus, como exemplar e, portanto, como líder.

Uma palavra importante nessa definição é “extracotidiano”. O carisma é algo


que não existe no dia-a-dia, na rotina, ele surge com uma situação extraordi-
nária. A dominação carismática é um poder sem base racional. É instável, arbi-
trário e facilmente adquire características revolucionárias. Sua instabilidade
deriva da fluidez de suas bases. O líder carismático mantém seu poder en-
quanto seus seguidores reconhecem nele forças extraordinárias e, naturalmen-
te, este reconhecimento pode desaparecer a qualquer momento.

Assim, com o passar do tempo, essa dominação perde sua característica efê-
mera, assumindo o caráter de uma relação permanente, a dominação carismá-
tica tem de modificar substancialmente, se transformando numa dominação
tradicional ou racional.

Fidel Castro é um exemplo disso. Ele foi um líder revolucionário, que com o
carisma conseguiu uma série de seguidores na busca pela tomada do poder.
Porém, pela sua longa permanência do poder, teve sua dominação carismática
transformada em tradicional.

A dominação racional-legal tem sua legitimidade na lei, o estatuto criado


com base na razão. Obedece-se às regras e não à pessoa. Segundo Weber,
“obedece-se à ordem impessoal, objetiva e legalmente estatuída e aos supe-
riores por ela determinados, em virtude da legalidade formal de suas disposi-
ções e dentro do âmbito de vigência destas”. A burocracia moderna, para
Weber, é a forma de organização do Estado própria dos regimes em que pre-
domina a dominação racional-legal.

1.2. Modelo Burocrático


Vamos ver uma questão:

1. (CESPE/TCE-PE/2004) A burocracia patrimonialista era o modelo clássico de admi-


nistração presente nas monarquias europeias do século XIX.

A questão é certa. Muitos se confundem nessa questão porque ela fala em


“burocracia patrimonialista”, daí marcam errada, pois o modelo característico
das monarquias europeias do Século XIX era o patrimonialismo, e não a buro-

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cracia. Essa confusão surge porque o termo burocracia possui diferentes signi-
ficados. Podemos citar pelo menos quatro:

Forma de governo;
Conjunto de funcionários públicos;
Racionalidade;
Ineficiência.

O primeiro registro do uso do termo “burocracia” é atribuído a Seigneur de


Gournay (1712-1759), na França, pela junção da palavra francesa “bureau”,
que se refere a escritório, com a palavra grega “krátos”, que significa poder. O
sufixo “cracia” é usado para designar as formas de governo. Aristóteles apre-
sentou uma classificação com democracia (governo pelo povo), aristocracia
(governo dos melhores) e monarquia (governo de um só). Podemos nos lem-
brar de outras palavras terminadas em “cracia”: gerontocracia (governo dos
mais velhos), teocracia (governo por Deus), etc.

E a burocracia? Se ela possui o sufixo “cracia”, então também é uma forma de


governo? Isso mesmo. O termo “burocracia” se refere ao governo do escritó-
rio, governo dos funcionários públicos. Gournay o usou como uma quarta for-
ma de governo, na classificação de Aristóteles, de forma pejorativa, criticando
o fato de estar ocorrendo na França um crescimento do quadro administrativo
e da normatização, fazendo com que os funcionários públicos tomassem as
decisões que deveriam ser da sociedade. Ao invés de um governo do povo,
surgia um governo de escritório. A burocracia representava uma ameaça à
própria democracia.

Outra acepção do termo burocracia é como o conjunto de agentes públicos, o


aparelho do Estado, que age de forma racional. Assim, quando falamos em
burocracia, estamos nos referindo aos funcionários públicos, aos órgãos gover-
namentais, a estrutura do Estado.

A terceira visão da burocracia é como racionalidade. Weber associou a buro-


cracia com a dominação racional-legal, ou seja, a burocracia seria a busca dos
meios mais eficientes para se alcançar determinado objetivo. Vamos ver a
definição de Bresser Pereira e Fernando Prestes Motta:

Se adotarmos uma definição curta e perfeitamente enquadrada dentro dos


moldes da filosofia aristotélica, diremos que uma organização ou burocracia
é um sistema social racional, ou um sistema social em que a divisão do tra-
balho é racionalmente realizada tendo em vista os fins visados.

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Essa definição já foi bastante cobrada em concursos. Muitos alunos se confun-


dem com ela por causa do final “fins visados”, já que associam com o fato de a
burocracia se preocupar apenas em controlar os procedimentos, os “meios”, e
não olhar para resultados. Porém, é preciso separar a teoria da prática. Na
teoria, a burocracia é racional porque adota os procedimentos mais eficientes
para se chegar a determinado resultado. Na prática, ela é extremamente rígida
com os procedimentos, esquecendo-se do resultado.

Detalhando melhor esta definição, os autores dizem que o critério que diferen-
cia o ato racional do irracional é sua coerência em relação aos fins visados. Um
ato será racional na medida em que representar o meio mais adaptado para se
atingir determinado objetivo, na medida em que sua coerência em relação a
seus objetivos se traduzir na exigência de um mínimo de esforços para se che-
gar a esses objetivos. Isso significa que a burocracia evoluiu como uma forma
de se buscar maior eficiência nas organizações. Isso mesmo! Apesar de consi-
derarmos o termo “burocrático” quase como um antônimo de eficiência, no seu
cerne ele nasceu como a racionalização das atividades com o objetivo de au-
mentar a eficiência. Segundo Weber:

A administração puramente burocrática é a forma mais racional de exercício


de dominação, porque nela se alcança tecnicamente o máximo de rendi-
mento em virtude de precisão, continuidade, disciplina, rigor e confiabilida-
de – isto é, calculabilidade tanto para o senhor quanto para os demais
interessados –, intensidade e extensibilidade dos serviços e aplicabilidade
formalmente universal a todas as espécies de tarefaz.

Quando pensamos na burocracia como excesso de controles, papelada, neces-


sidade de muitas tramitações, apego exagerado a regulamentos, ineficiência,
estamos pensando nos defeitos do sistema, ou ao que damos o nome de “dis-
funções” da burocracia. Por isso é muito importante vocês diferenciarem a
teoria da prática. Na teoria, a burocracia é eficiente, se preocupa com os fins
da ação governamental. Na prática, é ineficiente e se preocupa apenas com o
controle dos processos, esquecendo dos resultados. A rigidez da prática resul-
tou no quarto uso do termo, que é o da burocracia como sinônimo de ineficiên-
cia. O excesso de regras, de normas, a necessidade de executar
procedimentos que na maioria das vezes parecem desnecessários fez com que
as pessoas vissem essa rigidez como lentidão e desperdício.

Na definição dos autores temos também a “divisão do trabalho”. Qualquer


sistema social elementarmente organizado tem por base a divisão do trabalho,
a especialização das funções. A estrutura organizacional pode apresentar uma
especialização vertical – a hierarquia – e uma especialização horizontal, a divi-
são do trabalho, ou departamentalização. Em uma burocracia, esta divisão
deverá ser feita racionalmente, ou seja, sistemática e coerentemente.

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Bresser e Motta apresentam ainda outra definição de burocracia:

É o sistema social em que a divisão do trabalho é sistemática e coerente-


mente realizada, tendo em vista os fins visados; é o sistema social em que
há procura deliberada de economizar os meios para se atingir os objetivos.

Ato racional é aquele coerente em relação aos fins visados; ato eficiente ou
produtivo é aquele que não só é coerente em relação aos fins visados, como
também exige o mínimo de esforços, de custos, para o máximo de resultados.

A expressão “burocracia patrimonial” se refere ao período de transição do mo-


delo patrimonial para o burocrático, em que estavam presentes características
dos dois modelos. Havia certa racionalidade, pois era adotada uma hierarquia,
regras que definiam os procedimentos, mas faltava ainda a impessoalidade,
ainda estava presente a utilização do patrimônio público para interesses priva-
dos.

Para Weber, o desenvolvimento de formas de associação “modernas” em todas


as áreas (Estado, Igreja, exército, partido, empresa econômica, associação de
interessados, união, fundação, e o que mais seja) é pura e simplesmente o
mesmo que o desenvolvimento e crescimento contínuos da administração bu-
rocrática: o desenvolvimento desta constitui, por exemplo, a célula germinati-
va do moderno Estado ocidental. Para Weber:

A administração racional é por toda parte a mais racional do ponto de vista


técnico-formal, ela é pura e simplesmente inevitável para as necessidades
da administração de massas (de pessoas ou objetos).

Peter Evans & Rauch, num estudo com mais de 80 países, chegaram à conclu-
são que a substituição do modelo patrimonialista pelo burocrático foi uma con-
dição não suficiente, porém necessária, para o desenvolvimento dos países no
século XX. É possível dizer que sem uma administração pública baseada no
mérito, nenhum Estado pode realizar com sucesso suas atividades.

O grande instrumento de superioridade da administração burocrática é o co-


nhecimento profissional. A administração burocrática significa: dominação em
função do conhecimento; este é seu caráter fundamental especificamente raci-
onal. Além da posição de formidável poder devida ao conhecimento profissio-
nal, a burocracia tem a tendência de fortalecê-la ainda mais pelo saber prático
de serviço: o conhecimento de fatos adquirido via execução das tarefas ou
obtido via documentação.

Quando pensamos na burocracia como organização racional, veremos que isso


não é característica apenas do modelo burocrático de gestão, todas as organi-
zações que se enquadrem na racionalidade poderiam ser consideradas buro-
cráticas. Segundo Bresser Pereira e Prestes Motta:

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Alguns autores restringem o conceito de burocracia a um tipo de sistema


social rígido, centralizado, que se amolda quase perfeitamente ao tipo ideal
de burocracia descrito por Max Weber. Para esses autores bastaria que o
sistema social se afastasse um pouco desse modelo, que se descentralizas-
se, que se flexibilizasse para deixar de ser uma organização burocrática.

Todo sistema social administrado segundo critérios racionais e hierárquicos


é uma organização burocrática. Haverá organizações burocráticas mais fle-
xíveis ou mais rígidas, mais formalizadas ou menos, mais ou menos autori-
tárias.

Portanto, a burocracia, enquanto racionalidade, estaria presente não só no


modelo de administração burocrática, mas também no patrimonialismo, como
vimos na expressão “burocracia patrimonialista”, ou também na administração
gerencial. Mesmo com uma maior flexibilização, ainda assim seriam organiza-
ções burocráticas.

Essas confusões com o conceito de burocracia ocorrem porque Max Weber


estudou elas sob um enfoque de gestão, mas também – e principalmente –
sob o enfoque político, de dominação. Naquele, ele apontou algumas caracte-
rísticas da organização burocrática, como a hierarquia, a impessoalidade, a
carreira, a centralização, etc.; neste, ele buscou analisar como burocracia re-
presentava uma forma de dominação, de poder.

Segundo Weber, com a maior complexidade e a burocratização da sociedade


moderna, os burocratas tendem a retirar poder dos políticos. O surgimento do
estado burocrático implicaria a renúncia de responsabilidade pela liderança
política e na usurpação das funções políticas por parte dos administradores. O
termo “usurpação” pode parecer forte, mas é correto e já foi cobrado:

2. (CESPE/MCT/2004) Conforme a definição seminal weberiana, a burocracia é, so-


bretudo, uma forma de dominação na qual os burocratas tendem a usurpar o poder
político.

A questão é certa. Seminal, segundo o Houaiss, significa “que estimula novas


criações, que traz novas ideias, gerador de novas obras; inspirador”. Realmen-
te, a obra de Weber foi pioneira e um marco no pensamento das organizações.

Weber tinha um duplo sentimento em relação à burocracia: considerava im-


prescindível para a racionalização das atividades estatais, algo que a classe
política não conseguiria fazer sozinha, mas temia que a burocracia tivesse po-
der demasiado e, por isso, sempre propôs um controle político sobre ela.

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A Burocracia é compatível com o sistema da autoridade legal somente quando


a formulação das leis e a supervisão de sua aplicação ficam sendo mais prerro-
gativas dos políticos: se o aparelho burocrático consegue usurpar o processo
político e legislativo, será preciso falar de um processo de burocratização que
ultrapassou os limites do sistema de domínio legal e lhe transformou a estrutu-
ra. O maior dilema da democracia seria: como impedir que a burocracia venha
a usurpar o poder e como assegurar que permaneça sendo apenas um elo
entre dominadores e dominados?

Weber foi um dos primeiros a apontar a problemática da desintegração entre


política e administração. Ele temia que o poder político fosse usurpado pela
capacidade de realização, impondo um “absolutismo burocrático” no qual os
“problemas políticos tendem a ser transformados em problemas administrati-
vos”.

Mas, como eu falei, essas questões são minoria. Normalmente burocracia se


refere apenas ao aspecto administrativo. As questões normalmente associam
burocracia com rigidez, ineficiência, impessoalidade, etc.

Até aí tudo bem, a burocracia também é entendida sob esse aspecto, como
modelo administrativo. O grande problema, em minha opinião, é que algumas
vezes as bancas vão além do termo burocracia e associam esse aspecto admi-
nistrativo de rigidez e ineficiência com o modelo racional-legal.

A dominação racional-legal é aquela em que a legitimidade tem origem numa


lei que foi racionalmente criada. O modelo burocrático de administração não é
a única forma de dominação racional-legal. Se olharmos para o modelo geren-
cial, veremos que ele também se inclui como uma forma de dominação racio-
nal-legal, pois a razão e a lei ainda são a base da legitimidade atualmente.
Vamos ver algumas questões:

3. (CESPE/CORREIOS/2011) O modelo racional-legal de administração pública confe-


re eficiência, qualidade e baixo custo aos serviços prestados pelo Estado aos cidadãos.

4. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) Acerca do modelo de administração pública gerencial,


é correto afirmar que é orientada, predominantemente, pelo poder racional-legal.

5. (FCC/TRT-9/2010) Sobre as características da administração pública gerencial, tem


como princípios orientadores do seu desenvolvimento o poder racional-legal.

Gabaritos: E, E, E.

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As questões são erradas. Se o modelo gerencial não é orientado pela domina-


ção racional-legal, por qual seria então: pela tradicional ou pela carismática?
Percebam como eles têm uma visão deturpada em algumas questões, por isso
tomem muito cuidado e prestem atenção para tentar perceber qual o sentido
de burocracia que eles estão usando.

Alguns autores associam a organização pós-burocrática à dominação carismá-


tica, mas isso não significa que todo o modelo gerencial vai se basear no ca-
risma. Segundo Vasconcelos:

No início deste artigo mostramos como a autoridade racional-legal fornece o


fundamento de legitimidade da burocracia. No caso de um modelo pós-
burocrático, qual o fundamento de legitimidade? A resposta mais plausível a
esta questão é que o modelo pós-burocrático se baseia na recuperação da
autoridade carismática e na sua inserção limitada dentro de contextos
burocráticos, visando dinamizá-los. Esta hipótese explicaria por que organi-
zações puramente pós-burocráticas não existem (por não ser possível cons-
truir duravelmente organizações de grande porte baseadas exclusivamente
em padrões de autoridade carismática).

O autor afirma que a base dentro das organizações pós-burocráticas é a lide-


rança carismática porque são organizações em que a liderança não é resultan-
te de normas e estatutos, mas sim com base na capacidade de motivar os
funcionários, de passar um sentido de visão de futuro, fazendo com que todos
busquem o desenvolvimento próprio e da organização. Mas ele deixa claro que
isso é uma “inserção limitada”, ou seja, é aplicada de forma específica dentro
das organizações, em grupos flexíveis. Não se pode aplicar a dominação caris-
mática na sociedade como um todo, pois a legitimidade ainda provém das leis.

Vamos ver mais uma questão com uma visão interessante sobre a burocracia:

6. (FCC/TRF-4/2004) O termo burocracia, que tem sido utilizado para designar uma
administração eficiente, pode também ser entendido como:
(A) um conjunto de ordens, documentos e hierarquia.
(B) poder, contra poder e controle.
(C) divisão de saberes e práticas e organização documental.
(D) alienação, luta e organização racional.
(E) poder, controle e alienação.

Muitos marcam como resposta a letra “A”, o formalismo da burocracia se ex-


pressa por meio de ordens, documentos e hierarquia. Ela não está errada, mas
não é a resposta da questão. Isso porque as bancas copiam as questões de
determinados autores e querem que vocês marquem aquilo que eles falaram,

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mesmo que outras alternativas não estejam erradas. Essa questão foi copiada
de Fernando Prestes de Motta, do livro “o que é burocracia”. Segundo o autor:

Qual o verdadeiro significado da palavra burocracia? A quem ela serve? O


termo burocracia tem sido usado em vários sentidos: para designar uma
administração racional e eficiente, para designar o seu contrário, para de-
signar o governo de altos funcionários ou ainda para designar organização.
Neste livro, as várias facetas da burocracia: poder, controle e alienação.

A resposta correta é a letra “E”.

Segundo o Autor, burocracia é poder na medida em que transfere, ainda que


de maneira impessoal e racional, a autoridade concedida pela sociedade ao
Estado para que este gerencie e detenha o poder de dirimir conflitos. No caso
de uma organização privada, transfere a autoridade para exarar decisões a
uma estrutura de normas e regulamentos e burocratas.

A burocracia é controle, é dominação. É a técnica organizacional que visa à


dominação. Burocracia pode ser entendida como a arte de dominar indivíduos
de maneira impessoal e igualitária, retirando a autoridade de um único indiví-
duo e dotando autoridade à estrutura, à um sistema normativo.

Burocracia é alienação, numa interpretação marxista focada no engessamento


de ideias e estruturas, pois que o sistema burocrático administrativo ou social
impede o desenvolvimento criativo e inovador de uma sociedade.

1.3. Características das Organizações Burocráticas


Bresser e Motta afirmam que:

São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são
sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administrado-
res profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

Vamos ver mais detalhadamente cada uma dessas características:

a) Formalidade
O formalismo da burocracia se expressa no fato de que a autoridade deriva de
um sistema de normas racionais, escritas e exaustivas, que definem com pre-
cisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem
executadas de forma sistemática, tendo em vista os fins visados. Sua adminis-
tração é formalmente planejada, organizada, e sua execução se realiza por
meio de documentos escritos.

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Em primeiro lugar, a autoridade, em uma burocracia, deriva de normas racio-


nais-legais, em vez de tradicionais. Assim, as normas são válidas não porque a
tradição as legitime, mas porque, sendo racionais, são válidas aos fins visados.
Além disso, essas normas são legais. Elas conferem à pessoa investida de au-
toridade o poder de coação sobre os subordinados e coloca à sua disposição
meios coercitivos capazes de impor disciplina.

Apesar de a norma garantir tais meios coercitivos, esta autoridade é estrita-


mente limitada pela norma legal. Ela é muito diversa da autoridade ampla e
mal definida do pai sobre o filho, do senhor sobre o escravo ou o servo. O ad-
ministrador burocrático não tem nenhuma autoridade sobre a vida privada de
seu subordinado e, mesmo dentro da organização, seu poder está definido
pelas suas funções e as funções do subordinado.

Em segundo lugar, as normas são escritas e exaustivas. Não seria possível


definir todas as relações de autoridade dentro de um sistema, de forma racio-
nal e precisa, sem escrevê-las. A norma tradicional não precisa ser escrita
porque ela pouco muda, é aceita e obedecida através de gerações. A norma
racional, porém, precisa a todo instante ser modificada, adaptando-se aos
fatores novos que surgem no ambiente, já que visa à consecução dos objetivos
colimados da forma mais eficiente e econômica possível.

A necessidade de escrever as normas burocráticas, de formalizá-las, acentua-


se ainda mais devido ao caráter exaustivo que elas tende a ter. Elas procu-
ram cobrir todas as áreas da organização, prever todas as ocorrências e en-
quadrá-las dentro de um comportamento definido. Desta forma, tanto a alta
administração mantém mais firmemente o controle, reduzindo o âmbito de
decisão dos administradores subordinados, como também facilita o trabalho
destes, que não precisam estar a cada momento medindo as consequências
vantajosas e desvantajosas de um ato antes de agir.

Em terceiro lugar, a burocracia se caracteriza pelo seu caráter hierárquico, ou


seja, por um sistema firmemente organizado de mando e subordinação mútua
das autoridades, mediante supervisão das inferiores pelas superiores, sistema
esse que oferece ao subordinado a possibilidade de apelar da decisão de uma
autoridade inferior a uma autoridade superior.

Weber afirma que, em uma burocracia plenamente desenvolvida, a hierarquia


é “monocrática”, ou seja, existe apenas um chefe para cada subordinado, de-
fende-se o princípio da unidade de comando.

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b) Impessoalidade
O caráter impessoal das organizações é a segunda forma básica pela qual elas
expressam sua racionalidade. A administração burocrática é realizada sem
consideração a pessoas. Burocracia significa, etimologicamente, “governo de
escritório”. É, portanto, o sistema social em que, por uma abstração, os escri-
tórios ou os cargos governam. O governo das pessoas existe apenas na medi-
da em que elas ocupam os cargos. Isso salienta o caráter estritamente
impessoal do poder de cada indivíduo, que não deriva da personalidade do
indivíduo, como acontece na dominação carismática, nem de uma herança
recebida, como no poder tradicional, mas da norma que cria o cargo e define
suas atribuições.

O caráter impessoal da burocracia é claramente definido por Weber quando ele


diz que obedece ao princípio da administração sine ira ac studio, “sem ódio
ou paixão”. Segundo Weber:

A burocracia é mais plenamente desenvolvida quando mais se desumaniza,


quanto mais completamente alcança as características específicas que são
consideradas como virtudes: a eliminação do amor, do ódio e de todos os
elementos pessoais, emocionais e irracionais, que escapam ao cálculo.

Um aspecto essencial através do qual se expressa o caráter impessoal das


burocracias refere-se à forma de escolha dos funcionários. Nos sistemas sociais
não burocráticos, os administradores são escolhidos de acordo com critérios
eminentemente irracionais. Fatores como linhagem, prestígio social e relações
pessoais determinarão a escolha. Já nas organizações burocráticas, os admi-
nistradores são profissionais, que fazem uso do conhecimento técnico especia-
lizado, obtido geralmente através de treinamento especial. Aqui estamos
entrando na terceira característica das organizações burocráticas.

c) Administradores Profissionais
As organizações são dirigidas por administradores profissionais. Administrar,
para o funcionário burocrata, é sua profissão. Existem alguns traços que dis-
tinguem o administrador profissional.

Em primeiro lugar, ele é, antes de tudo, um especialista. Esta é uma caracte-


rística fundamental. As burocracias são sistemas sociais geralmente de gran-
des dimensões, nos quais o uso do conhecimento especializado é essencial
para o funcionamento eficiente. São necessários homens treinados para exer-
cer as diversas funções criadas a partir do processo de divisão do trabalho.
Seus conhecimentos, porém, não devem se limitar à sua especialidade. Partici-
pando de um sistema pródigo em normas, diretrizes e rotinas, eles devem
conhecê-las perfeitamente. Às vezes, é no conhecimento destas normas que

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consiste sua especialização, quando se trata de administradores de baixo nível.


Em relação aos administradores de topo, sua especialidade é simplesmente a
de administrar. Eles não são especialistas em finanças, produção, pessoal. São
generalistas, que podem conhecer um pouco mais um setor do que outro.

Em segundo lugar, o administrador profissional tem em seu cargo sua única ou


principal atividade. Ele não é administrador por acidente, subsidiariamente,
como o eram os nobres dentro da administração palaciana.

Em terceiro lugar, o administrador burocrático não possui os meios de adminis-


tração e produção. Ele administra em nome de terceiros: em nome de cida-
dãos, quando se trata de administrar o Estado, ou em nome dos acionistas,
quando se trata de administrar uma sociedade anônima.

Podemos ainda falar de outros traços, como o fato de o administrador profissi-


onal desenvolver o espírito de fidelidade ao cargo, e não às pessoas. Ele passa
a se identificar com a organização. Outro traço é a remuneração em forma de
dinheiro, e não em forma de honrarias, títulos, gratidão, direito de participar
da mesa do senhor. Além disso, ele é nomeado por um superior hierárquico, e
não por eleições, as quais privilegiam características pessoais, emocionais, e
não racionais. Por fim, seu mandato é dado por tempo indefinido, ele poderá
ser promovido, despedido, transferido. Ele não tem a posse ou a propriedade
do cargo, como ocorria no patrimonialismo, quando o cargo era considerado
uma propriedade da pessoa, podendo ser vendido, trocado, passado como
herança.

Vamos ver agora um trecho do livro “Economia e Sociedade”, de Max Weber,


bastante cobrado:

O tipo mais puro de dominação legal é aquele que se exerce por meio de
um quadro administrativo burocrático. Somente o dirigente da associação
possui sua posição de senhor, em virtude ou de apropriação ou de eleição
ou de designação da sucessão. Mas suas competências senhoriais são tam-
bém competências legais. O conjunto do quadro administrativo se compõe,
no tipo mais puro, de funcionários individuais (monocracia, em oposição à
“colegialidade”), os quais:

são pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações objetivas de


seu cargo;
são nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;
têm competências funcionais fixas;
em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a base de
livre seleção segundo

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a qualificação profissional – no caso mais racional: qualificação verificada


mediante prova e certificada por diploma;
são remunerados com salários fixos em dinheiro, na maioria dos casos
com direito a aposentadoria; em certas circunstâncias (especialmente
em empresas privadas), podem ser demitidos pelo patrão, porém
sempre podem demitir-se por sua vez; seu salário está escalonado, em
primeiro lugar, segundo a posição na hierarquia e, além disso, segundo a
responsabilidade do cargo e o princípio da correspondência à posição
social;
exercem seu cargo como profissão única ou principal;
têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo de serviço
ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo dos critérios dos
superiores;
trabalham em separação absoluta dos meios administrativos e sem
apropriação do cargo;
estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e
controle do serviço.

Segundo Weber, a nomeação por contrato, portanto, a livre seleção, é um


elemento essencial da burocracia moderna. Quando trabalham funcionários
não-livres (escravos, ministeriais) dentro de estruturas hierárquicas, com
competências objetivas, portanto, de modo burocrático formal, falamos em
“burocracia patrimonial”.

O salário fixo é o “normal” na dominação racional-legal, ao contrário do servi-


dor patrimonial. Para a posição interna e externa dos funcionários, tudo isso
tem as seguintes consequências:

1) O cargo é profissão. Isso se manifesta na exigência de uma formação


fixamente prescrita, que na maioria dos casos requer o emprego da plena
força de trabalho por um período prolongado, e em exames específicos
prescritos, de forma geral, como pressupostos da nomeação. Além disso,
manifesta-se no caráter de dever do cargo do funcionário, caráter que
determina a estrutura interna das suas relações. A ocupação de um cargo
não é considerada equivalente à posse de uma fonte de rendas ou
emolumentos explorável em troca do cumprimento de determinados
deveres, como era na Idade Média, nem uma troca normal, remunerada,
de determinados serviços, como ocorre no livro contrato de trabalho. Mas
sim, ao contrário, a ocupação de um cargo, também na economia privada,
é considerada equivalente à aceitação de um específico dever de fidelidade
ao cargo, em troca de uma existência assegurada.

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2) A posição pessoal do funcionário assume a seguinte forma:

a. Também o funcionário moderno, seja o público, seja o privado, aspira


sempre à estima social “estamental”, especificamente alta, por parte dos
dominados, e quase sempre desfruta dela. Os funcionários encontram
uma posição social mais alta nos países de cultura antiga, em que há
grande necessidade de uma administração especificamente instruída,
havendo, ao mesmo tempo, uma diferenciação social forte e estável,
recrutando-se a maioria dos funcionários das camadas social e
economicamente privilegiadas.

b. O tipo puro de funcionário burocrático é nomeado por uma instância


superior. O funcionário eleito pelos dominados deixa de ser uma figura
puramente burocrática.

c. Existe, em geral, a vitaliciedade do cargo, que é considerada a regra


efetiva mesmo onde há demissões ou reconfirmações periódicas. Mas
esta vitaliciedade não constitui um “direito de posse” do funcionário em
relação ao cargo. As garantias jurídicas contra o afastamento do cargo
ou transferências para outro, arbitrariamente realizados, têm unicamente
o fim de oferecer uma garantia do cumprimento rigorosamente objetivo,
isenta de considerações pessoais, dos deveres específicos do cargo.

d. O funcionário costuma receber uma remuneração, em forma de um


salário quase sempre fixo, e assistência para a velhice, em forma de uma
pensão. O salário não se calcula, em princípio, segundo o rendimento,
mas segundo considerações “estamentais”, isto é, de natureza de
funções e, além disso, eventualmente, segundo o tempo de serviço. A
segurança relativamente alta da subsistência do funcionário e também a
recompensa que representa a estima social fazem com que, em países
que deixaram de oferecer oportunidades aquisitivas coloniais, os cargos
públicos sejam muito concorridos, o que permite salários relativamente
baixos na maioria dos cargos.

e. O funcionário, de acordo com a ordem hierárquica das autoridades,


percorre uma carreira, dos cargos inferiores, menos importantes e
menos bem pagos, até os superiores. A média dos funcionários aspira a
uma fixação relativamente mecânica das condições de ascensão, se não
nos próprios cargos, pelo menos nos níveis salariais, segundo o tempo de
serviço. Eventualmente, num sistema muito desenvolvido de exames
específicos, toma-se em consideração a nota deste exame

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1.4. Disfunções e Crise da Burocracia


A administração burocrática trouxe uma série de avanços em relação à admi-
nistração patrimonialista, dentre eles a impessoalidade, a racionalidade, o mé-
rito, a profissionalização, o controle. No entanto, surgiram uma série de pro-
problemas, que a doutrina convencionou chamar de disfunções da burocracia,
entre elas a rigidez e a lentidão.

O excesso de burocratização, de formalismo e despersonalização, é a principal


origem das disfunções da burocracia. Esse excesso resulta na concepção popu-
lar de burocracia como um sistema ineficiente, dominado pela “papelada” e por
funcionários de mentalidade estreita, incapazes de tomar decisões e pensar
por conta própria. As disfunções mais comumente listadas são as seguintes:

a) Internalização das regras e exagero apego aos regulamentos


As normas e regulamentos passam a se transformar de meios em objetivos. A
primeira consequência desse processo de formalização, especialmente quando
levado a extremos, é tornar o simples emaranhado de normas uma especiali-
dade. O funcionário burocrático torna-se um especialista, não por possuir co-
nhecimentos profissionais em determinado setor que interesse diretamente à
consecução dos objetivos da organização, mas simplesmente porque conhece
perfeitamente todas as normas que dizem respeito à sua função. O conheci-
mento dessas normas torna-se algo muito importante, e, daí, para se trans-
formar tais normas, de meios que são, em objetivos, há apenas um passo.

b) Desenvolvimento de um nível mínimo de desempenho


O respeito às normas passa a ser tão importante que o desempenho torna-se
secundário. Quando os funcionários subordinados percebem que seu superior
preocupa-se exclusivamente com a observância das normas estabelecidas, eles
verificam também que existe certa margem de tolerância e que, desde que se
mantenham dentro dessa margem, poderão reduzir seu desempenho ao míni-
mo, permanecendo, ainda assim, seguros.

c) Excesso de formalismo e de papelório


há a necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações dentro
da burocracia a fim de que tudo possa ser devidamente testemunhado por
escrito. Deriva diretamente do excesso de formalismo, do princípio de que tudo
o que ocorre em uma organização deve ser documentado. O problema consiste
em determinar o ponto em que o emprego desses documentos deixa de ser
necessário e transforma-se em “papelada”.

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d) Resistência a mudanças
O funcionário da burocracia está acostumado em seguir regras, com isso sen-
te-se seguro e tranquilo, resistindo a possíveis mudanças. Victor A. Thompson
defende a tese de que nas organizações existe um forte desequilíbrio entre o
direito de decidir (que é a autoridade) e o poder de realizar (que é a habilidade
e a especialização). Habilidade, especialização e competência são aspectos que
entram continuamente em choque com autoridade, generalização e hierarquia.

O tema central é o jogo do conhecimento e da inovação dentro do processo


burocrático, agindo como forças dinâmicas de autoatualização da organização,
em oposição às forças conservadoras que procuram manter o status quo. É o
conflito entre o conhecimento (inovação) e a hierarquia (conservação).

Desse conflito entre forças inovadoras e forças conservadoras, conclui-se que a


hierarquia monocrática está em decadência em face do crescente poder dos
especialistas, pois esses detêm maior competência técnica. O conflito gera
tensão e insegurança no sistema de autoridade das organizações, enfraque-
cendo a capacidade dos administradores de controlar a situação.

e) Despersonalização do relacionamento
Como vimos na característica da impessoalidade, a administração burocrática é
realizada sem consideração a pessoas. O problema é que as pessoas passam a
se relacionar de forma impessoal, pois começam a olhar os colegas como
membros da organização. Os superiores passam a se comunicar com os cargos
ou registros, sem levar em consideração as especificidades de cada um, como
cada funcionário irá reagir.

f) Categorização como base do processo decisorial


A burocracia se assenta em uma rígida hierarquização da autoridade, ou seja,
na burocracia, quem toma as decisões são as pessoas que estão no mais alto
nível da hierarquia. Isso faz com que as decisões sejam tomadas por pessoas
distantes da realidade, que muitas vezes não têm o conhecimento suficiente da
situação. Além disso, o processo decisório torna-se lento, já que as demandas
da sociedade têm sempre que passar por um superior.

g) Superconformidade às rotinas e procedimentos


Na burocracia as rotinas e procedimentos se tornam absolutas e sagradas para
os funcionários. Os funcionários passam a trabalhar em função das regras e
procedimentos da organização e não mais para os objetivos organizacionais,
com isso, perde-se a flexibilidade, iniciativa, criatividade e renovação.

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h) Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público


Os funcionários trabalham voltados ao interior da organização, de forma auto-
referida, sem atentar para as reais necessidades dos “clientes”, os cidadãos.
Os clientes necessitam de atendimentos personalizados, mas na burocracia os
funcionários atendem os clientes num padrão, fazendo com que as pessoas
fiquem insatisfeitas com os serviços.

Estes seriam fatores endógenos à burocracia (de dentro dela) que contribuíram
para sua crise. No entanto, também podemos falar em fatores exógenos (vin-
dos de fora), que foram ainda mais preponderantes, principalmente aos novos
desafios colocados pelo mundo contemporâneo, desde pelo menos a década de
1970. Tais desafios relacionam-se à crise do Estado, às mudanças sociais e
tecnológicas do mundo contemporâneo e à democratização.

A administração pública burocrática clássica foi adotada porque era uma alter-
nativa muito superior à administração patrimonialista do Estado. Entretanto o
pressuposto de eficiência em que se baseava não se revelou real. No momento
em que o pequeno Estado liberal do século XIX deu definitivamente lugar ao
grande Estado social e econômico do século XX, verificou-se que não garantia
nem rapidez, nem boa qualidade nem custo baixo para os serviços prestados
ao público. Na verdade, a administração burocrática é lenta, cara, auto-
referida, pouco ou nada orientada para o atendimento das demandas dos cida-
dãos.

Quando o Estado era pequeno, estas deficiências da burocracia não eram tão
relevantes. Segundo Bresser, no Estado liberal só eram necessários quatro
ministérios: o da Justiça, responsável pela polícia; o da Defesa, incluindo o
exército e a marinha; o da Fazenda; e o das Relações Exteriores. O problema
da eficiência não era, na verdade, essencial.

Contudo, a partir do momento em que o Estado se transformou no grande


Estado social e econômico do século XX, assumindo um número crescente de
serviços sociais e de papeis econômicos, o problema da eficiência tornou-se
essencial. Vamos ver uma questão da ESAF:

7. (ESAF/MPOG/2002) O Estado do Bem-Estar Social foi prejudicado e marcado pelo


modelo de administração pública burocrática.

A questão é correta. Uma vez que os países desenvolvidos entraram em crise


fiscal, não havia mais recursos para financiar as políticas sociais. Dessa forma,
faltavam recursos e havia uma demanda muito grande por bens e serviços.
Essa relação entre recursos e produtos é o que chamamos de eficiência, ou

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seja, numa situação em que é preciso gerar muitos produtos com poucos re-
cursos é preciso ser eficiente. E a burocracia estava longe disso. O resultado é
que a população foi ficando cada vez mais insatisfeita porque não via no go-
verno o retorno dos recursos pagos na forma de tributos.

Além da falta de eficiência, outro problema da burocracia era que ela não con-
seguia proteger o patrimônio público, que era a razão pela qual ela havia insti-
tuído uma série de regras. Segundo Bresser Pereira:

A administração pública gerencial emergiu, na segunda metade deste sécu-


lo, como resposta à crise do Estado; como modo de enfrentar a crise fiscal;
como estratégia para reduzir custos e tornar mais eficiente a administração
dos imensos serviços que cabem ao Estado; e como um instrumento para
proteger o patrimônio público contra os interesses do rent-seeking ou da
corrupção aberta. Mais especificamente, desde os anos 60 ou, pelo menos,
desde o início da década dos 70, crescia uma insatisfação, amplamente dis-
seminada, em relação à administração pública burocrática.

Ele coloca que, além da ineficiência, há uma razão mais ampla para o interesse
que a reforma do Estado, e particularmente da administração pública, tem
despertado: “a importância sempre crescente que se tem dado à proteção do
patrimônio público ou da coisa pública (res publica) contra as ameaças de sua
‘privatização’ ou, em outras palavras, contra atividades de rent-seeking”.

Bresser Pereira usa o termo “rent-seeking”, que surgiu na década de 1970


para descrever a atuação de determinados grupos com o objetivo de tirar van-
tagem do Estado, por isso é chamado também de parasitismo político. Tradu-
zindo literalmente, é o ato de “buscar rendas”, ou seja, de tentar se apropriar
do patrimônio público sem contribuir na mesma medida. Bresser Pereira con-
ceitua rent-seeking da seguinte forma:

Rent-seeking, literalmente, busca de rendas, é a atividade de indivíduos e


grupos de buscar “rendas” extramercado para si próprios por meio do con-
trole do Estado. Tem origem na teoria econômica neoclássica, em que um
dos sentidos da palavra rent é exatamente o ganho que não tem origem
nem no trabalho, nem no capital. Corresponde ao conceito de “privatização
do Estado” que os brasileiros vêm usando.

Podemos citar como exemplos os subornos direcionados à venda ou concessão


de subsídios, impostos privilegiados, manutenção de preços e tarifas, estabele-
cimentos de cotas de importação, concessão de licenças, pagamentos de ele-
vados salários ou pagamentos de adicionais.

Humberto Falcão Martins também relaciona a crise da burocracia a dois aspec-


tos: no conteúdo e na forma.

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No conteúdo, relacionada a limitações no cumprimento de seu papel essen-


cial em assegurar regras impessoais. Nesse sentido, o principal aspecto crí-
tico é a captura da burocracia por interesses particularísticos (de dentro ou
de fora) ou a usurpação política (a subtração do poder político pelo poder
burocrático), desbalanceando as relações entre política e administração (em
parte devido a características estruturais internas dos sistemas burocráti-
cos, em parte devido a características externas dos sistemas sociais e políti-
cos).

Na forma, a crise da burocracia ortodoxa está relacionada a limitações como


aparato de geração de resultado, principalmente devido a sua morfologia
segregatória (a separação acentuada entre mãos e cérebros a partir da qual
uns pensam, outros executam), procedimental, excessivamente hierarqui-
zada (muitos níveis e unidades que reproduzem uma cadeia de comando
muito verticalizada), tendencialmente auto-orientada (os burocratas defi-
nem as finalidades em função de suas perspectivas e interesses) e insulada
(arredia ao controle e “interferências” externas estranhas à sua lógica).

Portanto, no conteúdo, a burocracia entrava em crise porque não conseguia se


manter impessoal; na forma, porque era ineficiente.

A crise do Estado afetou diretamente o modelo burocrático. Por um lado, os


governos tinham menos recursos e mais déficits. O corte de custos virou prio-
ridade. No que tange à administração pública, isto teve dois efeitos: a redução
dos gastos com pessoal, que era vista como uma saída necessária; e a neces-
sidade de aumentar a eficiência governamental, o que implicava numa modifi-
cação profunda do modelo weberiano, classificado como lento e
excessivamente apegado a normas.

No meio a esta insatisfação crescente com a burocracia que começam a serem


feitas as primeiras reformas administrativas, com o objetivo de implantar uma
administração gerencial.

2. Questões Comentadas
1. (CESPE/ANCINE/2012) A administração pública burocrática, que obede-
ce aos pressupostos descritos por Max Weber, orienta-se pelos princípios da
profissionalização, do conceito de carreira, da hierarquia funcional, da im-
pessoalidade e do formalismo.

A questão é certa, são características da burocracia.

Gabarito: C.

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2. (CESPE/CAMARA/2012) Para Max Weber, no modelo burocrático ideal, a


escolha ou a promoção do profissional devem ser fundamentadas exclusiva-
mente no mérito.

A questão é certa, a impessoalidade reside no mérito, na escolha baseada em


critérios objetivos.

Gabarito: C.

3. (CESPE/TJ-AL/2012) A abordagem burocrática considera as pessoas em


primeiro plano por serem as responsáveis pela aplicação de suas normas e
regras.

A questão é errada, a administração burocrática é impessoal, as regras estão


em primeiro plano.

Gabarito: E.

4. (CESPE/TJ-AL/2012) O modelo de administração pública burocrático é


orientado para resultado, concentra-se no processo, controla procedimentos
e possui alta especialização.

A questão é errada, não é orientado para o resultado, mas para o processo. O


restante está certo.

Gabarito: E.

5. (CESPE/TJ-RO/2012) A res pública e a res privada são indistintas no


modelo burocrático de administração pública.

A questão é errada, o modelo burocrático faz a separação entre a esfera públi-


ca e a privada. Elas eram indistintas no patrimonialismo.

Gabarito: E.

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6. (CESPE/TJ-RO/2012) Na administração pública burocrática, havia au-


sência de publicidade e transparência na utilização dos recursos públicos.

A questão é errada, essa é uma característica do patrimonialismo.

Gabarito: E.

7. (CESPE/ANCINE/2012) A administração pública burocrática, que obede-


ce aos pressupostos descritos por Max Weber, orienta-se pelos princípios da
profissionalização, do conceito de carreira, da hierarquia funcional, da im-
pessoalidade e do formalismo.

A questão é certa, são características descritas por Weber.

Gabarito: C.

8. (CESPE/CORREIOS/2011) O modelo racional-legal de administração pú-


blica confere eficiência, qualidade e baixo custo aos serviços prestados pelo
Estado aos cidadãos.

A questão é errada. Esse é um tipo de questão equivocada, comum nos con-


cursos. Eles associam o modelo racional-legal apenas com a administração
burocrática de Weber, restringindo-se ao seu caráter centralizador, rígido, com
excesso de normas, que faz com que a administração seja, ineficiente, sem
qualidade e cara. Porém, a administração gerencial não deixa de ser racional-
legal, como vimos na aula. O que interessa é o como o CESPE pensa, por isso
temos que ficar de olho.

Gabarito: E.

9. (CESPE/MPE-PI/2011) Em seu sentido original, burocracia representa


um sistema de execução da administração pública caracterizada pelo exces-
sode papéis e de regulamentos e pela demora dos atendimentos.

A questão é errada porque no sentido original a burocracia significa uma mo-


delo racional, eficiente.

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Gabarito: E.

10. (CESPE/SEDUC-AM/2011) Entre as preocupações de Max Weber, desta-


ca-se a relativa aos efeitos desumanizantes da burocracia na sociedade mo-
derna.

A questão é certa. O excesso de burocratização, de formalismo e despersonali-


zação, é a principal origem das disfunções da burocracia. Esse excesso resulta
na concepção popular de burocracia como um sistema ineficiente, dominado
pela “papelada” e por funcionários de mentalidade estreita, incapazes de tomar
decisões e pensar por conta própria.

Uma das disfunções da burocracia é a despersonalização do relacionamento.


Como vimos, a administração burocrática é realizada sem consideração a pes-
soas. Burocracia significa, etimologicamente, “governo de escritório”. O pro-
blema é que as pessoas passam a se relacionar de forma impessoal, pois
começam a olhar os colegas como membros da organização. Os superiores
passam a se comunicar com os cargos ou registros, sem levar em considera-
ção as especificidades de cada um, como cada funcionário irá reagir.

Gabarito: C.

11. (CESPE/TRE-BA/2010) A dominação racional-legal surgiu no século XIX


como uma contraposição à forma de atividade do aparelho do Estado que se
baseava no poder arbitrário e tradicional, isto é, culturalmente patrimonialis-
ta.

A questão é certa. A dominação-legal, o modelo burocrático, irá surgir no Sé-


culo XIX, combatendo justamente a confusão entre o público e o privado do
patrimonialismo, trazendo as normas como instrumento de buscar uma admi-
nistração racional.

Gabarito: C.

12. (CESPE/TRE-BA/2010) A administração pública burocrática se alicerça


em princípios como profissionalização, treinamento sistemático, impessoali-
dade e formalismo, que são abandonados à medida que a administração pú-
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blica gerencial, calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo


burocrático.

A questão é errada porque a administração gerencial não abandona todos os


princípios da burocrática, como a profissionalização, o treinamento sistemático,
a impessoalidade e o formalismo.

Gabarito: E.

13. (CESPE/INMETRO/2009) O formalismo da burocracia expressa-se no


fato de que a autoridade deriva de um sistema de normas racionais, as quais
definem com precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as
atividades a serem executadas de forma sistemática, tendo em consideração
os fins visados.

A questão é certa. Mais uma questão tirada de Bresser Pereira e Motta. Vimos
que são três as características básicas que traduzem o caráter racional do mo-
delo burocrático: são sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos
por administradores profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais
completamente. Ser racional é ser coerente em relação aos fins visados, é
aquele que exige o mínimo de esforços, mínimo de custos, para um máximo de
resultados em prol do atingimento dos objetivos.

O formalismo da burocracia se expressa no fato de que a autoridade deriva de


um sistema de normas racionais, escritas e exaustivas, que definem com pre-
cisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem
executadas de forma sistemática, tendo em vista os fins visados. Sua adminis-
tração é formalmente planejada, organizada, e sua execução se realiza por
meio de documentos escritos.

Gabarito: C.

(CESPE/EMBASA/2009) De acordo com a teoria da burocracia, julgue os


itens subsequentes.
14. Na burocracia weberiana, o funcionário tem determinada a sua forma
de agir, de acordo com rotinas preestabelecidas.
15. A necessidade de documentar e formalizar todas as comunicações, por
escrito, pode conduzir ao excesso de formalismo e documentação.

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16. A burocracia weberiana é uma forma de organização cujas consequên-


cias desejadas se resumem à previsibilidade do comportamento das pessoas
que nela atuam.
17. Fila constante, em frente aos postos de atendimento das organizações,
inclui-se entre as características da teoria da burocracia weberiana.

A questão 14 é certa, o burocrata apenas segue procedimentos predetermina-


dos, normas exaustivas.

A questão 15 é certa. Outra disfunção é o excesso de formalismo e de papeló-


rio. Há a necessidade de documentar e de formalizar todas as comunicações
dentro da burocracia a fim de que tudo possa ser devidamente testemunhado
por escrito. Deriva diretamente do excesso de formalismo, do princípio de que
tudo o que ocorre em uma organização deve ser documentado. O problema
consiste em determinar o ponto em que o emprego desses documentos deixa
de ser necessário e transforma-se em “papelada”.

A questão 16 foi dada como certa, mas considero uma simplificação exagera-
da, uma frase totalmente fora do contexto que prejudica o seu entendimento.
Ela foi tirada do Idalberto Chiavenato, segundo o qual:

Para Weber, a burocracia é uma organização cujas consequências desejadas


se resumem na previsibilidade do seu funcionamento no sentido de obter a
maior eficiência da organização. Todavia, ao estudar as consequências pre-
vistas (ou desejadas) da burocracia que a conduzem à máxima eficiência,
Merton notou também as consequências imprevistas (ou indesejadas) e que
a levam à ineficiência e às imperfeições. A estas consequências imprevistas
Merton deu o nome de disfunções da burocracia, para designar as anomali-
as de funcionamento responsáveis pelo sentido pejorativo que o termo bu-
rocracia adquiriu junto aos leigos no assunto.

Portanto, não se deseja apenas a previsibilidade da burocracia, ela possui uma


série de outras vantagens. O que ele quer dizer é que se previam determina-
das consequências da burocracia em função de sua previsibilidade, consequên-
cias estas que eram desejáveis. Porém, ela apresentou consequências
imprevistas que são as disfunções.

A questão 17 é errada. Isso é uma disfunção que não estava na teoria de We-
ber, é imprevista.

Gabarito: C, C, C, E.

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18. (CESPE/TCU/2008) De acordo com o diagnóstico traçado por Luiz Carlos


Bresser Pereira, ministro da Administração Federal e Reforma do Estado no
governo de Fernando Henrique Cardoso, no Estado liberal, a iniciativa em-
preendedora implicou concentração de renda nas mãos da burguesia, medi-
ante mecanismos de mercado, e, no Estado desenvolvimentista, o excedente
da economia foi dividido entre os capitalistas e os burocratas, que, além dos
mecanismos de mercado, usaram o controle político do Estado para enrique-
cimento próprio.

Questão certa. Segundo Bresser Pereira:

Se, no século XIX, a administração pública do Estado Liberal era um instru-


mento para garantir os direitos de propriedade — garantindo a apropriação
dos excedentes da economia pela classe capitalista emergente —, no Estado
Desenvolvimentista, a administração burocrática era uma forma de apropri-
ação dos excedentes por uma nova classe média de burocratas e tecnobu-
rocratas. No Estado Liberal, o preço da iniciativa empreendedora foi a
concentração de renda nas mãos da burguesia, mediante mecanismos de
mercado; no Estado Desenvolvimentista, o excedente produzido pela eco-
nomia foi dividido entre os capitalistas e os burocratas que, além dos meca-
nismos de mercado, usaram o controle político do Estado para
enriquecimento próprio.

Um dos grandes problemas da burocracia foi que, apesar de toda a rigidez e


controles, ela não conseguiu proteger o patrimônio público contra a corrupção,
surgindo novas formas de patrimonialismo.

Gabarito: C.

19. (CESPE/MDS/2008) A organização burocrática é embasada no modelo


racional-legal de administração, exclusiva da área pública, sendo caracteri-
zada pela racionalidade decorrente da objetividade das normas de julgamen-
to; pela impessoalidade, que se revela nos métodos objetivos de selecionar
e promover funcionários; e pelo grau de previsibilidade que proporciona aos
dirigentes públicos.

Questão errada. A organização burocrática é embasa no modelo racional-legal,


mas ela não é exclusiva da área pública. Ela foi muito marcante nas empresas
e em outras organizações ao longo da história, como a Igreja. Por isso a ques-

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tão é errada. Já os princípios colocados depois estão certos. Ela é caracterizada


pela racionalidade, pela impessoalidade e pela previsibilidade.

Gabarito: E.

20. (CESPE/MDS/2006) Max Weber considera a existência de três tipos pu-


ros de dominação legítima: a tradicional, a racional-legal e a gerencial.

A questão é errada porque os três tipos puros de dominação são: racional-


legal, tradicional e carismático. A administração gerencial não é uma forma de
dominação e, inclusive, nem existia na época de Weber.

Gabarito: E.

21. (CESPE/STM/2004) Historicamente, a dominação racional-legal ou bu-


rocrática surgiu no século XIX como uma forma superior de dominação, legi-
timada pelo uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e
arbitrário.

A questão é certa. A dominação racional-legal, baseada na lei, irá surgir ao


longo do Século XIX, juntamente com o capitalismo e a democracia. Weber, o
principal analista deste processo, destacou com muita ênfase a superioridade
da autoridade racional-legal sobre a dominação tradicional. A dominação tradi-
cional não possui base racional, ela não é exercida com uma preocupação de
eficiência. Na medida em que as normas tradicionais não são perfeitamente
definidas, o senhor tradicional usufrui certa área de arbítrio.

Gabarito: C.

22. (CESPE/SETEPS/2004) As formas de dominação tradicional e carismáti-


ca diferem da dominação legal no sentido em que as primeiras envolvem um
governo impessoal.

As formas de dominação tradicional e carismática são ligadas à pessoa, o pa-


triarca no caso da primeira e o líder carismático na segunda. É a dominação
racional-legal que se baseia na norma, na razão, de forma impessoal.

Gabarito: E.

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23. (CESPE/STM/2004) Em relação às características básicas que traduzem


o caráter racional da burocracia, é correto afirmar que esta é constituída por
sistemas sociais formais, impessoais e dirigidos por administradores profissi-
onais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

Vimos que Bresser e Motta afirmam que:

São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são
sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administrado-
res profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

Podemos ver que a questão é cópia desse trecho.

Gabarito: C.

24. (CESPE/MCT/2004) O universalismo de procedimentos é uma derivação


do caráter racional-legal dos sistemas burocráticos.

O universalismo de procedimentos é o tratamento igualitário perante a lei, sem


discriminações positivas ou negativas. É um dos princípios defendidos pelo
modelo racional-legal como forma de combater as práticas patrimonialistas.

Gabarito: C.

25. (CESPE/CNPq/2004) As organizações burocráticas são personalistas,


valorizando o indivíduo e suas características particulares.

Questão errada. Vimos que uma das disfunções da burocracia é a despersona-


lização do relacionamento. As pessoas passam a se relacionar de forma impes-
soal, pois começam a olhar os colegas como membros da organização. Os
superiores passam a se comunicar com os cargos ou registros.

Gabarito: E.

26. (CESPE/MEC/2003) Nas organizações burocráticas, cada superior tem


sob suas ordens determinado número de subordinados, os quais, por sua
vez, têm sob si outros subordinados, e assim por diante.

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Um dos princípios da administração burocrática é a hierarquia. A organização


passa a ser formada por diversos níveis hierárquicos, cada um exercendo o
controle sobre os inferiores. O que resulta disso é uma estrutura organizacional
extremamente verticalizada em que as decisões são centralizadas nos níveis
mais altos, o que faz com que haja lentidão dentro da organização, inclusive
nas comunicações, que precisam passar por diversas pessoas até chegar ao
seu destino.

Gabarito: C.

(CESPE/MEC/2003) Uma organização ou burocracia é um sistema social ra-


cional, ou um sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente
realizada tendo em vista os fins a que se visa. O gênero próximo é o da or-
ganização como um tipo de sistema social, de conjunto de indivíduos que
mantêm entre si relações sociais. Julgue os itens que se seguem, relativos
às características das organizações burocráticas.

27. A autoridade, em uma burocracia, deriva de normas tradicionais.


28. As normas são escritas, porém pouco detalhadas, para dar margem de
decisão aos gerentes.
29. Cada superior tem sob suas ordens determinado número de subordina-
dos, os quais, por sua vez, têm sob si outros subordinados, e assim por di-
ante.
30. A burocracia apresenta uma divisão horizontal do trabalho, em que as
diferentes atividades são distribuídas de acordo com os objetivos a serem
atingidos.
31. As organizações devem ser dirigidas por administradores politicamente
indicados.
32. O administrador burocrático normalmente possui os meios de adminis-
tração e produção.
33. O mandato do administrador não tem tempo definido de duração.
34. O administrador burocrático segue uma carreira, tendo direito, no final,
à aposentadoria.

A questão 27 é errada porque são normas racionais-legais.

A questão 28 é errada porque as normas são escritas e exaustivas. A necessi-


dade de escrever as normas burocráticas, de formalizá-las, acentua-se ainda
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mais devido ao caráter exaustivo que elas tendem a ter. Elas procuram cobrir
todas as áreas da organização, prever todas as ocorrências e enquadrá-las
dentro de um comportamento definido. Desta forma, tanto a alta administra-
ção mantém mais firmemente o controle, reduzindo o âmbito de decisão dos
administradores subordinados, como também facilita o trabalho destes, que
não precisam estar a cada momento medindo as consequências vantajosas e
desvantajosas de um ato antes de agir.

A questão 29 é certa. Um dos princípios da administração burocrática é a hie-


rarquia. A organização passa a ser formada por diversos níveis hierárquicos,
cada um exercendo o controle sobre os inferiores. O que resulta disso é uma
estrutura organizacional extremamente verticalizada em que as decisões são
centralizadas nos níveis mais altos, o que faz com que haja lentidão dentro da
organização, inclusive nas comunicações, que precisam passar por diversas
pessoas até chegar ao seu destino.

A questão 30 é certa. Vimos na questão anterior que a administração burocrá-


tica apresenta uma estrutura organizacional verticalizada, ou seja, com muitos
níveis hierárquicos. Já esta outra questão diz que apresenta também uma divi-
são horizontal do trabalho. Ela na realidade não está dizendo o contrário da
anterior. As duas questões falam de coisas diferentes.

A divisão do trabalho é um dos princípios da administração burocrática. Ela


ocorre mediante a especialização das unidades em determinadas tarefas. Esta
divisão ocorre no mesmo nível da organização, por isso é horizontal. Trata-se
da departamentalização, que, simplificando, podemos definir como a criação de
departamentos. Enquanto a hierarquização, que vimos na questão anterior, é a
especialização vertical, a departamentalização é a divisão horizontal. A admi-
nistração burocrática também realiza uma divisão horizontal do trabalho, mas
isso não significa que sua estrutura será horizontal. Ela continuará extrema-
mente verticalizada. A questão fala apenas que ela apresenta uma divisão ho-
rizontal, não que é horizontalizada.

A questão 31 é errada, os administradores são profissionais e seguem uma


carreira. Porém, tomem cuidado, pois eles também não são eleitos, são nome-
ados. Weber afirmava que a eleição envolve critérios subjetivos e emocionais,
e não racionais.

A questão 32 é errada. Uma das diferenças da burocracia para o patrimonia-


lismo é que, neste, o quadro administrativo detinha a posse dos meios de ad-
ministração. Os grupos que representavam os estamentos, principalmente no
feudalismo, detinham grande autonomia do monarca e eram responsáveis
pelos meios administrativos. Com o absolutismo, o monarca irá centralizar o
poder, separando o quadro administrativo dos meios de administração. Portan-

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to, temos aqui o início de uma burocracia no sentido de corpo de funcionários


públicos.

A questão 33 foi dada como errada, mas é outro equívoco do CESPE, pois é
claramente certa. Segundo Bresser e Motta, outra característica dos adminis-
tradores públicos na burocracia é que:

O mandato do administrador é dado por tempo indefinido. Isso não significa


que o cargo seja vitalício. O funcionário poderá ser promovido, despedido,
transferido. Significa que não há, em regra, prazo para o seu cargo. Ao con-
trário dos administradores eleitos, que geralmente possuem um mandato fi-
xo, o mandato do administrador burocrático é indefinido no tempo.

A questão 34 é certa. Segundo Weber:

O conjunto do quadro administrativo se compõe, no tipo mais puro, de fun-


cionários individuais (monocracia, em oposição à “colegialidade”), os quais
são pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações objetivas de seu
cargo; são nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;
têm competências funcionais fixas; em virtude de um contrato, portanto,
(em princípio) sobre a base de livre seleção segundo a qualificação profissi-
onal – no caso mais racional: qualificação verificada mediante prova e certi-
ficada por diploma; são remunerados com salários fixos em dinheiro, na
maioria dos casos com direito a aposentadoria; em certas circunstâncias
(especialmente em empresas privadas), podem ser demitidos pelo patrão,
porém sempre podem demitir-se por sua vez; seu salário está escalonado,
em primeiro lugar, segundo a posição na hierarquia e, além disso, segundo
a responsabilidade do cargo e o princípio da correspondência à posição so-
cial; exercem seu cargo como profissão única ou principal; têm a perspec-
tiva de uma carreira: “progressão” por tempo de serviço ou eficiência, ou
ambas as coisas, dependendo dos critérios dos superiores; trabalham em
separação absoluta dos meios administrativos e sem apropriação do cargo;
estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e con-
trole do serviço.

Gabarito: E, E, C, C, E, E, E, C.

35. (CESPE/SEAD/2001) O modelo burocrático weberiano é denominado um


tipo ideal porque Weber, um entusiasta e otimista do progresso e da tecno-
logia, o prescrevia como melhor forma de organização do Estado e dos ne-
gócios privados.

A questão é errada. Quando Weber fala em tipos puros, ou tipos ideais, não
significa que é o melhor, mas sim que se situa no mundo das ideias, ou seja, é

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uma abstração. Ele coloca num modelo as características principais, sem que
esse extremo exista na prática.

Gabarito: E.

2.1. Lista das Questões


1. (CESPE/ANCINE/2012) A administração pública burocrática, que obedece
aos pressupostos descritos por Max Weber, orienta-se pelos princípios da pro-
fissionalização, do conceito de carreira, da hierarquia funcional, da impessoali-
dade e do formalismo.

2. (CESPE/CAMARA/2012) Para Max Weber, no modelo burocrático ideal, a


escolha ou a promoção do profissional devem ser fundamentadas exclusiva-
mente no mérito.

3. (CESPE/TJ-AL/2012) A abordagem burocrática considera as pessoas em


primeiro plano por serem as responsáveis pela aplicação de suas normas e
regras.

4. (CESPE/TJ-AL/2012) O modelo de administração pública burocrático é


orientado para resultado, concentra-se no processo, controla procedimentos e
possui alta especialização.

5. (CESPE/TJ-RO/2012) A res pública e a res privada são indistintas no mo-


delo burocrático de administração pública.

6. (CESPE/TJ-RO/2012) Na administração pública burocrática, havia ausência


de publicidade e transparência na utilização dos recursos públicos.

7. (CESPE/ANCINE/2012) A administração pública burocrática, que obedece


aos pressupostos descritos por Max Weber, orienta-se pelos princípios da pro-
fissionalização, do conceito de carreira, da hierarquia funcional, da impessoali-
dade e do formalismo.

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8. (CESPE/CORREIOS/2011) O modelo racional-legal de administração públi-


ca confere eficiência, qualidade e baixo custo aos serviços prestados pelo Esta-
do aos cidadãos.

9. (CESPE/MPE-PI/2011) Em seu sentido original, burocracia representa um


sistema de execução da administração pública caracterizada pelo excessode
papéis e de regulamentos e pela demora dos atendimentos.

10. (CESPE/SEDUC-AM/2011) Entre as preocupações de Max Weber, destaca-


se a relativa aos efeitos desumanizantes da burocracia na sociedade moderna.

11. (CESPE/TRE-BA/2010) A dominação racional-legal surgiu no século XIX


como uma contraposição à forma de atividade do aparelho do Estado que se
baseava no poder arbitrário e tradicional, isto é, culturalmente patrimonialista.

12. (CESPE/TRE-BA/2010) A administração pública burocrática se alicerça em


princípios como profissionalização, treinamento sistemático, impessoalidade e
formalismo, que são abandonados à medida que a administração pública ge-
rencial, calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo burocrático.

13. (CESPE/INMETRO/2009) O formalismo da burocracia expressa-se no fato


de que a autoridade deriva de um sistema de normas racionais, as quais defi-
nem com precisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as ativi-
dades a serem executadas de forma sistemática, tendo em consideração os
fins visados.

(CESPE/EMBASA/2009) De acordo com a teoria da burocracia, julgue os itens


subsequentes.
14. Na burocracia weberiana, o funcionário tem determinada a sua forma de
agir, de acordo com rotinas preestabelecidas.
15. A necessidade de documentar e formalizar todas as comunicações, por
escrito, pode conduzir ao excesso de formalismo e documentação.
16. A burocracia weberiana é uma forma de organização cujas consequências
desejadas se resumem à previsibilidade do comportamento das pessoas que
nela atuam.

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17. Fila constante, em frente aos postos de atendimento das organizações,


inclui-se entre as características da teoria da burocracia weberiana.

18. (CESPE/TCU/2008) De acordo com o diagnóstico traçado por Luiz Carlos


Bresser Pereira, ministro da Administração Federal e Reforma do Estado no
governo de Fernando Henrique Cardoso, no Estado liberal, a iniciativa empre-
endedora implicou concentração de renda nas mãos da burguesia, mediante
mecanismos de mercado, e, no Estado desenvolvimentista, o excedente da
economia foi dividido entre os capitalistas e os burocratas, que, além dos me-
canismos de mercado, usaram o controle político do Estado para enriqueci-
mento próprio.

19. (CESPE/MDS/2008) A organização burocrática é embasada no modelo


racional-legal de administração, exclusiva da área pública, sendo caracterizada
pela racionalidade decorrente da objetividade das normas de julgamento; pela
impessoalidade, que se revela nos métodos objetivos de selecionar e promover
funcionários; e pelo grau de previsibilidade que proporciona aos dirigentes
públicos.

20. (CESPE/MDS/2006) Max Weber considera a existência de três tipos puros


de dominação legítima: a tradicional, a racional-legal e a gerencial.

21. (CESPE/STM/2004) Historicamente, a dominação racional-legal ou buro-


crática surgiu no século XIX como uma forma superior de dominação, legitima-
da pelo uso da lei, em contraposição ao poder tradicional (divino) e arbitrário.

22. (CESPE/SETEPS/2004) As formas de dominação tradicional e carismática


diferem da dominação legal no sentido em que as primeiras envolvem um go-
verno impessoal.

23. (CESPE/STM/2004) Em relação às características básicas que traduzem o


caráter racional da burocracia, é correto afirmar que esta é constituída por
sistemas sociais formais, impessoais e dirigidos por administradores profissio-
nais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.

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24. (CESPE/MCT/2004) O universalismo de procedimentos é uma derivação do


caráter racional-legal dos sistemas burocráticos.

25. (CESPE/CNPq/2004) As organizações burocráticas são personalistas, valo-


rizando o indivíduo e suas características particulares.

26. (CESPE/MEC/2003) Nas organizações burocráticas, cada superior tem sob


suas ordens determinado número de subordinados, os quais, por sua vez, têm
sob si outros subordinados, e assim por diante.

(CESPE/MEC/2003) Uma organização ou burocracia é um sistema social racio-


nal, ou um sistema social em que a divisão do trabalho é racionalmente reali-
zada tendo em vista os fins a que se visa. O gênero próximo é o da
organização como um tipo de sistema social, de conjunto de indivíduos que
mantêm entre si relações sociais. Julgue os itens que se seguem, relativos às
características das organizações burocráticas.
27. A autoridade, em uma burocracia, deriva de normas tradicionais.
28. As normas são escritas, porém pouco detalhadas, para dar margem de
decisão aos gerentes.
29. Cada superior tem sob suas ordens determinado número de subordinados,
os quais, por sua vez, têm sob si outros subordinados, e assim por diante.
30. A burocracia apresenta uma divisão horizontal do trabalho, em que as
diferentes atividades são distribuídas de acordo com os objetivos a serem atin-
gidos.
31. As organizações devem ser dirigidas por administradores politicamente
indicados.
32. O administrador burocrático normalmente possui os meios de administra-
ção e produção.
33. O mandato do administrador não tem tempo definido de duração.
34. O administrador burocrático segue uma carreira, tendo direito, no final, à
aposentadoria.

35. (CESPE/SEAD/2001) O modelo burocrático weberiano é denominado um


tipo ideal porque Weber, um entusiasta e otimista do progresso e da tecnolo-
gia, o prescrevia como melhor forma de organização do Estado e dos negócios
privados.

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2.2. Gabarito
1. C 8. E 15. C 22. E 29. C

2. C 9. E 16. C 23. C 30. C

3. E 10. C 17. E 24. C 31. E

4. E 11. C 18. C 25. E 32. E

5. E 12. E 19. E 26. C 33. E

6. E 13. C 20. E 27. E 34. C

7. C 14. C 21. C 28. E 35. E

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