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Olá, pessoal!
Abraço, Rafael.
Sumário
1. Abordagem Burocrática
1.1. Tipos puros de dominação
Antes de entrarmos na abordagem burpcrática, é preciso que
seja visto o que Max Weber chamou de tipos puros de domi-
nação legítima, que constituem a base do seu estido. Weber
foi um pensador alemão. É difícil colocar ele em alguma ciên-
cia específica, pois seus estudos abrangeram áreas como a
sociologia, a economia, o direito e a política. Esse autor é
muito importante porque toda a base do estudo do modelo
burocrático está em seus escritos. Não foi ele que criou esse
modelo, mas foi um dos primeiros a analisá-lo, no início do
Século XX, e seu trabalho teve grande repercussão.
Segundo o autor:
Poder observar nesses três conceitos uma gradação no que se refere ao nível
de obediência. Enquanto o “poder” envolve impor a própria vontade mesmo
contra resistências, a “disciplina” já constitui uma obediência automática. A
dominação está no meio, como a “probabilidade de encontrar obediência”.
Weber fala que “há três tipos puros de dominação legítima”. Quando ele fala
em “puros”, ele se refere a “tipos-ideais”, que é um recurso metodológico que
o cientista utiliza toda vez que necessita compreender um fenômeno formado
por um conjunto histórico ou uma sequência de acontecimentos. Estes tipos
ideais não podem ser encontrados na realidade, eles não existem em seu “es-
tado puro”, eles se situam apenas no plano da abstração teórica. O tipo ideal é
Assim, o senhor tem uma ampla liberdade para tomar decisões, de forma arbi-
trária. Porém, essa liberdade é limitada pela própria tradição, já que ele não
pode infringir aquilo que lhe dá legitimidade.
Assim, com o passar do tempo, essa dominação perde sua característica efê-
mera, assumindo o caráter de uma relação permanente, a dominação carismá-
tica tem de modificar substancialmente, se transformando numa dominação
tradicional ou racional.
Fidel Castro é um exemplo disso. Ele foi um líder revolucionário, que com o
carisma conseguiu uma série de seguidores na busca pela tomada do poder.
Porém, pela sua longa permanência do poder, teve sua dominação carismática
transformada em tradicional.
cracia. Essa confusão surge porque o termo burocracia possui diferentes signi-
ficados. Podemos citar pelo menos quatro:
Forma de governo;
Conjunto de funcionários públicos;
Racionalidade;
Ineficiência.
Detalhando melhor esta definição, os autores dizem que o critério que diferen-
cia o ato racional do irracional é sua coerência em relação aos fins visados. Um
ato será racional na medida em que representar o meio mais adaptado para se
atingir determinado objetivo, na medida em que sua coerência em relação a
seus objetivos se traduzir na exigência de um mínimo de esforços para se che-
gar a esses objetivos. Isso significa que a burocracia evoluiu como uma forma
de se buscar maior eficiência nas organizações. Isso mesmo! Apesar de consi-
derarmos o termo “burocrático” quase como um antônimo de eficiência, no seu
cerne ele nasceu como a racionalização das atividades com o objetivo de au-
mentar a eficiência. Segundo Weber:
Ato racional é aquele coerente em relação aos fins visados; ato eficiente ou
produtivo é aquele que não só é coerente em relação aos fins visados, como
também exige o mínimo de esforços, de custos, para o máximo de resultados.
Peter Evans & Rauch, num estudo com mais de 80 países, chegaram à conclu-
são que a substituição do modelo patrimonialista pelo burocrático foi uma con-
dição não suficiente, porém necessária, para o desenvolvimento dos países no
século XX. É possível dizer que sem uma administração pública baseada no
mérito, nenhum Estado pode realizar com sucesso suas atividades.
Até aí tudo bem, a burocracia também é entendida sob esse aspecto, como
modelo administrativo. O grande problema, em minha opinião, é que algumas
vezes as bancas vão além do termo burocracia e associam esse aspecto admi-
nistrativo de rigidez e ineficiência com o modelo racional-legal.
Gabaritos: E, E, E.
Vamos ver mais uma questão com uma visão interessante sobre a burocracia:
6. (FCC/TRF-4/2004) O termo burocracia, que tem sido utilizado para designar uma
administração eficiente, pode também ser entendido como:
(A) um conjunto de ordens, documentos e hierarquia.
(B) poder, contra poder e controle.
(C) divisão de saberes e práticas e organização documental.
(D) alienação, luta e organização racional.
(E) poder, controle e alienação.
mesmo que outras alternativas não estejam erradas. Essa questão foi copiada
de Fernando Prestes de Motta, do livro “o que é burocracia”. Segundo o autor:
São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são
sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administrado-
res profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.
a) Formalidade
O formalismo da burocracia se expressa no fato de que a autoridade deriva de
um sistema de normas racionais, escritas e exaustivas, que definem com pre-
cisão as relações de mando e subordinação, distribuindo as atividades a serem
executadas de forma sistemática, tendo em vista os fins visados. Sua adminis-
tração é formalmente planejada, organizada, e sua execução se realiza por
meio de documentos escritos.
b) Impessoalidade
O caráter impessoal das organizações é a segunda forma básica pela qual elas
expressam sua racionalidade. A administração burocrática é realizada sem
consideração a pessoas. Burocracia significa, etimologicamente, “governo de
escritório”. É, portanto, o sistema social em que, por uma abstração, os escri-
tórios ou os cargos governam. O governo das pessoas existe apenas na medi-
da em que elas ocupam os cargos. Isso salienta o caráter estritamente
impessoal do poder de cada indivíduo, que não deriva da personalidade do
indivíduo, como acontece na dominação carismática, nem de uma herança
recebida, como no poder tradicional, mas da norma que cria o cargo e define
suas atribuições.
c) Administradores Profissionais
As organizações são dirigidas por administradores profissionais. Administrar,
para o funcionário burocrata, é sua profissão. Existem alguns traços que dis-
tinguem o administrador profissional.
O tipo mais puro de dominação legal é aquele que se exerce por meio de
um quadro administrativo burocrático. Somente o dirigente da associação
possui sua posição de senhor, em virtude ou de apropriação ou de eleição
ou de designação da sucessão. Mas suas competências senhoriais são tam-
bém competências legais. O conjunto do quadro administrativo se compõe,
no tipo mais puro, de funcionários individuais (monocracia, em oposição à
“colegialidade”), os quais:
d) Resistência a mudanças
O funcionário da burocracia está acostumado em seguir regras, com isso sen-
te-se seguro e tranquilo, resistindo a possíveis mudanças. Victor A. Thompson
defende a tese de que nas organizações existe um forte desequilíbrio entre o
direito de decidir (que é a autoridade) e o poder de realizar (que é a habilidade
e a especialização). Habilidade, especialização e competência são aspectos que
entram continuamente em choque com autoridade, generalização e hierarquia.
e) Despersonalização do relacionamento
Como vimos na característica da impessoalidade, a administração burocrática é
realizada sem consideração a pessoas. O problema é que as pessoas passam a
se relacionar de forma impessoal, pois começam a olhar os colegas como
membros da organização. Os superiores passam a se comunicar com os cargos
ou registros, sem levar em consideração as especificidades de cada um, como
cada funcionário irá reagir.
Estes seriam fatores endógenos à burocracia (de dentro dela) que contribuíram
para sua crise. No entanto, também podemos falar em fatores exógenos (vin-
dos de fora), que foram ainda mais preponderantes, principalmente aos novos
desafios colocados pelo mundo contemporâneo, desde pelo menos a década de
1970. Tais desafios relacionam-se à crise do Estado, às mudanças sociais e
tecnológicas do mundo contemporâneo e à democratização.
A administração pública burocrática clássica foi adotada porque era uma alter-
nativa muito superior à administração patrimonialista do Estado. Entretanto o
pressuposto de eficiência em que se baseava não se revelou real. No momento
em que o pequeno Estado liberal do século XIX deu definitivamente lugar ao
grande Estado social e econômico do século XX, verificou-se que não garantia
nem rapidez, nem boa qualidade nem custo baixo para os serviços prestados
ao público. Na verdade, a administração burocrática é lenta, cara, auto-
referida, pouco ou nada orientada para o atendimento das demandas dos cida-
dãos.
Quando o Estado era pequeno, estas deficiências da burocracia não eram tão
relevantes. Segundo Bresser, no Estado liberal só eram necessários quatro
ministérios: o da Justiça, responsável pela polícia; o da Defesa, incluindo o
exército e a marinha; o da Fazenda; e o das Relações Exteriores. O problema
da eficiência não era, na verdade, essencial.
seja, numa situação em que é preciso gerar muitos produtos com poucos re-
cursos é preciso ser eficiente. E a burocracia estava longe disso. O resultado é
que a população foi ficando cada vez mais insatisfeita porque não via no go-
verno o retorno dos recursos pagos na forma de tributos.
Além da falta de eficiência, outro problema da burocracia era que ela não con-
seguia proteger o patrimônio público, que era a razão pela qual ela havia insti-
tuído uma série de regras. Segundo Bresser Pereira:
Ele coloca que, além da ineficiência, há uma razão mais ampla para o interesse
que a reforma do Estado, e particularmente da administração pública, tem
despertado: “a importância sempre crescente que se tem dado à proteção do
patrimônio público ou da coisa pública (res publica) contra as ameaças de sua
‘privatização’ ou, em outras palavras, contra atividades de rent-seeking”.
2. Questões Comentadas
1. (CESPE/ANCINE/2012) A administração pública burocrática, que obede-
ce aos pressupostos descritos por Max Weber, orienta-se pelos princípios da
profissionalização, do conceito de carreira, da hierarquia funcional, da im-
pessoalidade e do formalismo.
Gabarito: C.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
Gabarito: E.
Gabarito: E.
Gabarito: E.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
Gabarito: E.
Gabarito: C.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
A questão é certa. Mais uma questão tirada de Bresser Pereira e Motta. Vimos
que são três as características básicas que traduzem o caráter racional do mo-
delo burocrático: são sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos
por administradores profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais
completamente. Ser racional é ser coerente em relação aos fins visados, é
aquele que exige o mínimo de esforços, mínimo de custos, para um máximo de
resultados em prol do atingimento dos objetivos.
Gabarito: C.
A questão 16 foi dada como certa, mas considero uma simplificação exagera-
da, uma frase totalmente fora do contexto que prejudica o seu entendimento.
Ela foi tirada do Idalberto Chiavenato, segundo o qual:
A questão 17 é errada. Isso é uma disfunção que não estava na teoria de We-
ber, é imprevista.
Gabarito: C, C, C, E.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
Gabarito: E.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
São três as características básicas que traduzem o seu caráter racional: são
sistemas sociais (1) formais, (2) impessoais, (3) dirigidos por administrado-
res profissionais, que tendem a controlá-los cada vez mais completamente.
Gabarito: C.
Gabarito: C.
Gabarito: E.
Gabarito: C.
mais devido ao caráter exaustivo que elas tendem a ter. Elas procuram cobrir
todas as áreas da organização, prever todas as ocorrências e enquadrá-las
dentro de um comportamento definido. Desta forma, tanto a alta administra-
ção mantém mais firmemente o controle, reduzindo o âmbito de decisão dos
administradores subordinados, como também facilita o trabalho destes, que
não precisam estar a cada momento medindo as consequências vantajosas e
desvantajosas de um ato antes de agir.
A questão 33 foi dada como errada, mas é outro equívoco do CESPE, pois é
claramente certa. Segundo Bresser e Motta, outra característica dos adminis-
tradores públicos na burocracia é que:
Gabarito: E, E, C, C, E, E, E, C.
A questão é errada. Quando Weber fala em tipos puros, ou tipos ideais, não
significa que é o melhor, mas sim que se situa no mundo das ideias, ou seja, é
uma abstração. Ele coloca num modelo as características principais, sem que
esse extremo exista na prática.
Gabarito: E.
2.2. Gabarito
1. C 8. E 15. C 22. E 29. C