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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

UNIDADE ORGÂNICA DE CHIMOIO

Tema: Teoria Burocrática

Cadeira: Teoria Geral da Administração

Licenciatura em Administração Pública

Chimoio, Julho de 2023


INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
UNIDADE ORGÂNICA DE CHIMOIO

Tema: Teoria Burocrática

Docente
dr. Takudzua Mombe

REALIZADO POR:
Amilton A. L. da Cruz
Cláudio Domingos Armando
Eva Artur Xavier
Jorge António Majuta
Josefa Paulino Gonçalves
Letícia Domingos Gada
Lúcia Celestino
Manuel Rungue Zianai
Maria Fernando augusto
Maria Nhamaiau Manuel
Mário Pedro Alfai
Marta Lino Rosse
Natanael Tomas Charles
Rita Domingos Hermenegildo
Rosada Rosário Caetano
Xadreque Luís

Chimoio, Julho de 2023


Índice
Introdução .................................................................................................................................. 2
Objectivos .................................................................................................................................. 2
Objectivo geral ........................................................................................................................... 2
Objectivos específicos ............................................................................................................... 2
Metodologia ............................................................................................................................... 2
Teoria burocrática ...................................................................................................................... 3
Origens da teoria da burocracia em administração .................................................................... 3
Abordagem e conceito das organizações ................................................................................... 5
Características básicas da teoria da burocracia .......................................................................... 5
As vantagens da burocracia ....................................................................................................... 6
Disfunções da burocracia ........................................................................................................... 7
Racionalidade burocrática .......................................................................................................... 8
Dilemas da burocracia................................................................................................................ 9
Apreciação crítica .................................................................................................................... 11
Conclusão................................................................................................................................. 12
Referências bibliográficas ........................................................................................................ 13
Introdução
O presente trabalho versa sobre a teoria burocrática. A burocracia é uma forma de
organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos
objectivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses
objectivos. As origens da burocracia – como forma de organização humana – remontam à
época da Antiguidade, quando o ser humano elaborou e registrou seus primeiros códigos de
normatização das relações entre o Estado e as pessoas e entre as pessoas. Contudo, a
burocracia – tal como existe hoje, teve sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o
Renascimento.
Nesse sentido, salienta Max Weber que o moderno sistema de produção, eminentemente
racional e capitalista, não se originou das mudanças tecnológicas nem das relações de
propriedade, como afirmava Karl Marx, mas de um novo conjunto de normas sociais morais,
às quais denominou “ética protestante” o trabalho duro e árduo, a poupança e o ascetismo que
proporcionaram a reaplicação das rendas excedentes, em vez de seu dispêndio e consumo em
símbolos materiais e improdutivos de vaidade e prestígio.

Objectivos
Objectivo geral
 Compreender a teoria burocrática

Objectivos específicos
 Conhecer as origens da teoria da burocracia em administração;
 Descrever as características básicas da teoria da burocracia;
 Descrever as vantagens e disfunções da burocracia.

Metodologia
 Pesquisa bibliográfica

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Teoria burocrática
Origens da teoria da burocracia em administração
A Teoria da Burocracia surgiu na década de 1940, para suprir as críticas das teorias
organizacionais existentes, especialmente a Teoria Clássica (excesso de mecanicismo) e a
Teoria das Relações Humanas (sociológica e utópica em demasia).
Segundo Chiavenato (2003), a origem da Burocracia data da Antiguidade, como visto nos
primórdios da Administração, porém foi a partir da descoberta dos estudos de Max Weber,
sociólogo e economista alemão, autor da Sociologia da Burocracia, e com a tradução inglesa
e a divulgação nos EUA desses estudos, que a Administração e seus estudiosos, apropriaram-
se dos conceitos da teoria weberiana adaptando-a aos pressupostos organizacionais
administrativos da época.
Como afirma Chiavenato (2003), Max Weber foi o primeiro teórico que, em uma análise
voltada para a estrutura, acreditava que a burocracia era a organização por excelência.
Segundo Motta (1975, p. 46), a preocupação de Weber está na racionalidade, entendida como
a adequação dos meios aos fins. E uma organização é racional quando é eficiente. Assim,
para Weber, a burocracia era a forma mais eficiente de uma organização. Ele descreveu um
tipo de estrutura burocrática acreditando que fosse comum à maioria das organizações
formais. No entanto, como ressalta Maximiano (2000), Weber não definiu um modelo padrão
para ser aplicado, apenas esquematizou as principais características da burocracia existente.

Ao sistematizar seu estudo da burocracia, Weber (Maximiano, 2000, p. 88) começa com a
análise dos processos de dominação ou autoridade. Segundo o autor, “a autoridade é a
probabilidade de haver obediência dentro de um grupo determinado”. Weber distinguiu três
tipos de sociedade e autoridade:
 Tradicional: também chamada de feudal, ou patrimonial, em que a aceitação da
autoridade se baseia na crença de que o que explica a legitimidade é a tradição e os
costumes. Em suma, os subordinados aceitam como legítimas as ordens superiores
que emanam dos costumes e hábitos tradicionais ou de fatos históricos imemoriais;
 Carismática: em que a aceitação advém da lealdade e confiança nas qualidades
normais de quem governa. Em presença de um líder ou chefe que personifique um
carisma invulgar ou excepcional, qualquer subordinado aceitará a legitimidade da sua
autoridade.
 Racional-legal ou burocrática: em que a aceitação da autoridade se baseia na crença,
na legalidade das leis e regulamentos. Esta autoridade pressupõe um tipo de

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dominação legal que vai buscar a sua legitimidade no carácter prescritivo e normativo
da lei;
Na sociedade tradicional (tribo, clã, família) predominam as características
conservacionistas, patriarcais e patrimonialistas (Chiavenato 2003, p. 258-262); a autoridade
que a preside é dita tradicional, na qual a obediência é justificada pela tradição, pelo hábito
ou pelo costume.
Na sociedade carismática (partidos políticos, grupos revolucionários, nações em revolução),
geralmente existem características místicas, arbitrárias e personalísticas; a autoridade
carismática que a preside é justificada pela influência de um líder detentor de qualidades que
o destacam.
Já as sociedades burocráticas (as grandes empresas, os estados modernos, os exércitos) são
caracterizadas pelo predomínio de normas impessoais racionalmente definidas. O tipo de
autoridade (burocrática ou racional-legal) é justificado pela técnica, pela justiça, pela lei e
pela meritocracia. A autoridade racional-legal prevalece nas sociedades ocidentais. Este
modelo, também chamado burocrático, caracteriza-se pelos seguintes elementos:
 A lei representa o ponto de equilíbrio último, ao qual se devem reportar as regras e
regulamentos, constituindo aplicações concretas de normas gerais e abstractas;
 A burocracia, em qualquer organização, é estabelecida seguindo o princípio da
hierarquia. As relações hierárquicas entre superiores e subordinados são preenchidas
por cargos de direcção e chefia e cargos subalternos claramente definidos, de forma
que a supervisão, a ordem e a subordinação sejam plenamente assimiladas e
realizadas;
 A avaliação e a selecção dos funcionários são feitas em função da competência
técnica. Daí a exigência de exames, concursos e diplomas como instrumentos de base
à admissão e promoção;
 As relações informais não têm razão de existir. O funcionário burocrático é uma peça
de uma máquina, esperando-se dele um comportamento formal e estandardizado, de
forma a cumprir com exactidão as tarefas e funções que lhes estão destinadas;
 O funcionário recebe regularmente um salário, não determinado pelo trabalho
realizado, mas segundo as funções que integram esse trabalho e o tempo de serviço;
 O funcionário burocrata não é proprietário do seu posto de trabalho, as funções que
executa e o cargo que ocupa são totalmente independentes e separados da posse
privada dos meios de produção da organização onde trabalha;

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 A profissão de funcionário de tipo burocrático supõe um emprego fixo e uma carreira
regular;
 O desempenho de cada cargo por parte dos funcionários burocráticos pressupõe uma
grande especialização na execução das suas tarefas e trabalho.

Abordagem e conceito das organizações


A palavra Burocracia tem estreita relação com as organizações que se baseiam em
regulamentos, que criam direitos e obrigações. A actual sociedade organizacional é uma
sociedade burocratizada, regida por regulamentos ou leis, que criam direitos e obrigações,
sendo a burocracia um estágio na evolução das organizações. Nessa Teoria, as organizações
são formais ou burocráticas e apresenta um sistema social como conjunto de funções
oficializadas. Possuem ainda três características que as distinguem de grupos informais ou
primários: formalidade – sistema de normas com autoridade definida pela lei; impessoalidade
– nenhuma pessoa é subserviente à outra e a obediência é devida aos cargos; profissionalismo
– significa que a burocracia é formada por funcionários com uma carreira profissional e
meios de subsistência para os mesmos (Maximiano, 2007).

Na abordagem burocrática, não há somente um modelo de burocracia, mas graus variados de


burocratização, promovendo as diversificações estruturais nas empresas que foram criadas
nesse formato organizacional.
A burocracia é popularmente entendida como um entrave às organizações e quando as
soluções demoram a aparecer, diz-se que é “culpa da burocracia”. Segundo Weber é para ser
exactamente o contrário, para ele, a burocracia é a organização eficiente por excelência. A
abordagem burocrática tem carácter descritivo e explicativo (Chiavenato, 2003).

Características básicas da teoria da burocracia


A burocracia, segundo Weber (1947) apud Chiavenato (2003), tem as seguintes
características:
1. Carácter legal das normas e regulamentos – é baseada em legislação própria e
previamente estabelecida e possui carácter legal porque confere às pessoas nomeadas
em cargos, poder de coacção sobre os subordinados.
2. Carácter formal das comunicações – na burocracia, as comunicações regras e
decisões, são escritas, criando a formalidade com o preenchimento de formulários e a
rotina que advém desse procedimento.

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3. Carácter racional e divisão do trabalho – a divisão do trabalho é sistemática e
adequada aos objectivos pretendidos de máxima eficiência com cada funcionário e
sua respectiva função, com suas atribuições e responsabilidades.
4. Impessoalidade nas relações profissionais – a distribuição das actividades é feita em
termos de cargos e funções, e não pessoas envolvidas.
5. Hierarquia da autoridade – segundo o princípio da hierarquia, cada cargo inferior
deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior.
6. Rotinas e procedimentos padronizados – as regras e normas técnicas regulam a
conduta do ocupante de cada cargo e suas actividades são executadas de acordo com
as rotinas e procedimentos.
7. Competência técnica e por mérito – a escolha do profissional é feita por meio de
méritos adquiridos e na competência técnica. São usados critérios de avaliação e
classificação para toda a organização.
8. Especialização da Administração – os administradores da burocracia não são seus
donos ou accionistas, assim surgiu a especialidade de gerir o negócio.
9. Profissionalização dos participantes – cada funcionário da burocracia é um
profissional especializado nas actividades do cargo que ocupa.
10. Completa previsibilidade do comportamento funcional – os funcionários deverão
comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da organização e conforme o
previsto.

As vantagens da burocracia
Para Weber (1947) apud Chiavenato (2003, p.266):
 Racionalidade em relação ao alcance dos objectivos da organização;
 Precisão na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exacto dos deveres;
 Rapidez nas decisões, pois, cada um conhece o que deve ser feito, por quem e as
ordens e papéis tramitam através de canais preestabelecidos;
 Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. A
informação é discreta, já que é passada apenas a quem deve recebê-la;
 Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de
custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por escrito;
 Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é afastado;
 Redução no nível de atrito, entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que
é exigido dele e quais os limites entre suas responsabilidades e as dos outros;

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 Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas
circunstâncias;
 Subordinação dos mais novos aos mais antigos dentro de uma forma estrita e bem
conhecida, de modo que o supervisor possa tomar decisões que afectam o nível mais
baixo;
 Confiabilidade, pois o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas. As
decisões são previsíveis e o processo decisório elimina a discriminação pessoal;
 Benefícios sob o prisma das pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada,
o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas
para se tornarem especialistas em seus campos. Portanto, poderão traçar uma carreira
na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica

Disfunções da burocracia
Robert K. Merton apud Chiavenato (2003), outro estudioso desta Teoria, afirma que
disfunções são anomalias de funcionamento e que outros estudiosos deram muita ênfase aos
resultados positivos da organização burocrática, esquecendo-se dos outros aspectos, como as
tensões internas, importantes para o contexto geral da organização.
Dentre as disfunções podem ser citadas:
1. Internalização das regras e apego aos regulamentos – As normas e regulamentos
passam a se transformar de meios em objectivos. Passam a ser absolutos e prioritários.
O funcionário se aliena e se condiciona, perdendo a capacidade de improviso e
flexibilidade, esta é uma das principais características de qualquer actividade racional.
Como os regulamentos passam a ser os principais objectivos do burocrata, este passa
a trabalhar em função deles.
2. Excesso de formalidade e de papéis – A necessidade de documentar e de formalizar
todas as comunicações pode conduzir ao excesso de formalismo e de necessidade de
documentar os actos, seja através de papelada ou por meio de registros digitais. É a
mais gritante disfunção da burocracia.
3. Resistência a mudanças – Como tudo dentro da burocracia é rotinizado, padronizado,
previsto com antecipação, o funcionário geralmente se acostuma a uma completa
estabilidade e repetição daquilo que faz, o que passa a lhe proporcionar uma completa
segurança a respeito de seu futuro na burocracia. Qualquer mudança significa uma
ameaça à sua segurança, sendo, portanto, altamente indesejável.

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4. Despersonalização do relacionamento – A burocracia tem como uma de suas
características a impessoalidade no relacionamento entre funcionários, já que enfatiza
os cargos e não as pessoas.
5. Categorização como base do processo decisório – A burocracia se assenta em uma
rígida hierarquização da autoridade. Portanto, quem toma decisões em qualquer
situação será aquele que possui a mais elevada categoria hierárquica,
independentemente do seu conhecimento sobre o assunto.
6. Super conformidade às rotinas e aos procedimentos – A burocracia se baseia em
rotinas e procedimentos, como meio de garantir que as pessoas façam exactamente
aquilo que delas se espera: as normas se tornam absolutas, as regras e rotinas tornam-
se sagradas para o funcionário, que passa a trabalhar mais em função dos
regulamentos e das rotinas do que em função dos objectivos organizacionais.
7. Exibição de sinais de autoridade – Como a burocracia enfatiza a hierarquia de
autoridade, torna-se necessário um sistema de signos que indique a todos, quem é que
está no poder. Surge a tendência à utilização intensa de símbolos de status para
demonstrar a posição hierárquica dos funcionários (diferentes tipos de uniformes,
diferentes tamanhos de mesas e poltronas, localização da sala, do banheiro, do
estacionamento, do refeitório, etc.)
8. Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público – O funcionário está
completamente voltado para dentro da organização, para as suas normas e
regulamentos internos, para as suas rotinas e procedimentos. Com isso a burocracia
fecha-se ao cliente, que seria propriamente o seu objectivo. Todos os clientes são
atendidos de forma padronizada, de acordo com regulamentos e rotinas internas, o que
também ocasiona irritabilidade no público, devido a pouca atenção, descaso ou
retoricas repetitivas em caso de necessidade de que seja solucionado possíveis
divergências ou problemas atípicos.
A exigência de controle norteia toda a actividade organizacional. Não há espaço para a
chamada organização informal (que fatalmente ocorre) ou para a expressão de diferenças
individuais que possam introduzir variações no desempenho das actividades organizacionais.

Racionalidade burocrática
Um conceito muito ligado à burocracia é o de racionalidade. No sentido weberiano, a
racionalidade implica adequação dos meios aos fins. No contexto burocrático, isto significa
eficiência.

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Semelhante ao conceito de Taylor, um processo é racional se os meios mais eficientes são
escolhidos para sua implementação.
Para Weber (s/d), são as metas colectivas da organização e não as dos seus membros
individuais que são levadas em consideração. Deste modo, o fato de uma organização ser
racional não implica necessariamente que seus membros ajam racionalmente no que concerne
às suas próprias metas e aspirações. Muito ao contrário, quanto mais racional e burocrática
torna-se uma organização, tanto mais os membros individuais tornam-se simples engrenagens
de uma máquina, ignorando o propósito e o significado de seu comportamento.
Para Weber, a racionalidade funcional é atingida pela elaboração - baseada no conhecimento
científico - de regras que servem para dirigir, partindo de cima, todo comportamento de
encontro à eficiência. É esta concepção de racionalidade que fundamenta a teoria de
Administração Científica que almeja a descoberta e aplicação da melhor maneira de
desempenho e de trabalho industrial.
Weber usa o termo burocratização em um sentido mais amplo, referindo-se também às
formas de agir e de pensar que existem não somente no contexto organizacional, mas que
permeiam toda a vida social. O termo burocratização usado por Weber coincide mais ou
menos com o conceito de racionalização.
Assim, o racionalismo, para Weber, tanto pode referir-se aos meios racionais e sua adequação
ou inadequação para se chegar a um fim, qualquer que seja (actividade racional da
organização burocrática), como também pode referir-se à visão racional do mundo através de
conceitos cada vez mais precisos e abstractos, desenvolvidos inclusive pela ciência,
rejeitando toda religião e valores metafísicos ou tradicionais (desmistificação do próprio
mundo). Embora considerasse a burocracia como a mais eficiente forma de organização
criada pelo homem, Weber temia esta grande eficiência, cujos resultados, advindos da
crescente burocratização do mundo moderno, seriam uma enorme ameaça à liberdade
individual e às instituições democráticas das sociedades ocidentais.

Dilemas da burocracia
O próprio Weber notou a fragilidade da estrutura burocrática, que enfrenta um dilema típico:
de um lado, existem pressões constantes de forças exteriores para encorajar o burocrata a
seguir outras normas diferentes das da organização e, de outro lado, o compromisso dos
subordinados com as regras burocráticas tende a se enfraquecer gradativamente. A
organização, para ser eficiente, exige um tipo especial de legitimidade, racionalidade,
disciplina e limitação de alcance. A capacidade para aceitar ordens e regras como legítimas,

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principalmente quando repugnam os desejos da pessoa, exige um nível de renúncia que é
difícil de se manter.
Assim, as organizações burocráticas apresentam uma tendência a se desfazerem, seja na
direcção carismática, seja na tradicional, onde as relações disciplinares são mais "naturais" e
"afectuosas" e menos separadas das outras. Além do mais, a capacidade de renúncia exigida
pela organização racional não pode se desenvolver no seu interior, pois como diz Etzioni,
depende de relações sociais mais amplas, que existem na família tradicional ou no grupo
carismático. Assim, a racionalidade da estrutura racional é frágil e precisa ser constantemente
protegida contra pressões externas, a fim de poder ser dirigida para os seus objectivos e não
para outros.
Para Weber, os burocratas são pessoas que formam o corpo administrativo da hierarquia e
estrutura da organização, devidamente indicadas, que seguem as regras impostas e servem
aos objectivos da organização.
Contudo, Weber salienta também a existência de chefes não-burocráticos, que indicam e
nomeiam os subordinados, que estabelecem as regras, que resolvem os objectivos que
deverão ser atingidos e geralmente são eleitos ou herdam sua posição, como, por exemplo, os
presidentes, os directores e os reis. Esses chefes (não-burocráticos) da organização
desempenham o importante papel de estimular a ligação emocional e mesmo irracional dos
participantes com a racionalidade, pois a identificação com uma pessoa, um líder ou um chefe
da organização influi psicologicamente, reforçando o compromisso abstracto com as regras
da organização e dela permitindo uma imagem mais concreta e "afectuosa".
Na organização burocrática, as identificações referem-se à posição e não ao ocupante. Se os
indivíduos se ausentam, morrem ou se aposentam, são substituídos por outros pelo critério de
qualificação técnica e a eficiência da organização não é prejudicada. Porém, a ausência ou
morte de um chefe não burocrático da organização - único indivíduo perante o qual as
identificações são pessoais, e não-burocráticas - provoca uma crise, a chamada crise de
sucessão, que geralmente é acompanhada de um período de instabilidade. Alega Weber que a
crise de sucessão é mais evidente nos estados totalitários, mas que também as empresas,
igrejas, exércitos ou outras organizações podem estar sujeitos a ela. As burocracias
estabelecem normas e precisam impô-las. Têm regulamentos e regras. Dão ordens que devem
ser obedecidas a fim de que a organização funcione com eficiência

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Apreciação crítica
Weber, citado em Chiavenato (2003), considera a burocracia como a forma mais racional de
organização. Perrow defende a burocracia como um factor importante para a racionalização
da estrutura da organização. Segundo este último, as disfunções da burocracia são apenas
consequências do fracasso de uma burocracia mal adequada.
Katz e Kahn defendem que a burocracia é uma organização superracionalizada que não
considera o ambiente e a natureza organizacional. Para eles, o sistema burocrático só
sobrevive quando as exigências do ambiente são óbvias, e as exigências das tarefas
individuais são mínimas, não necessitando de grandes processos.
Bennis, segundo Chiavenato (2003), critica a burocracia considerando ultrapassado o seu
sistema de controle, que não é capaz de resolver os conflitos internos. Ele define a burocracia
de Weber como mecanicista e acredita que ela tenda a desaparecer devido às rápidas
transformações ambientais e ao aumento da complexidade das organizações.
Para Chiavenato, à diferença de outras teorias da Administração, que são prescritivas e
normativas, a teoria da burocracia é descritiva e, como tal, oferece uma contribuição
consistente para a compreensão da natureza das organizações humanas.

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Conclusão
Conclui-se que, a teoria burocrática data da Antiguidade, como visto nos primórdios da
Administração, porém foi a partir da descoberta dos estudos de Max Weber, sociólogo e
economista alemão, autor da Sociologia da Burocracia, e com a tradução inglesa e a
divulgação nos EUA desses estudos, que a Administração e seus estudiosos, apropriaram-se
dos conceitos da teoria weberiana adaptando-a aos pressupostos organizacionais
administrativos da época.
A burocracia é popularmente entendida como um entrave às organizações e quando as
soluções demoram a aparecer, diz-se que é “culpa da burocracia”. Segundo Weber é para ser
exactamente o contrário, para ele, a burocracia é a organização eficiente por excelência. A
abordagem burocrática tem carácter descritivo e explicativo (Chiavenato, 2003).
As vantagens da burocracia são: racionalidade dos objectivos, precisão na definição do cargo
e na operação, rapidez nas decisões, única interpretação de informações recebidas,
uniformidade de rotina e procedimentos, continuidade da organização, redução dos conflitos
interpessoais, decisões tomadas nas mesmas circunstâncias, confiabilidade e benefícios para
as pessoas da organização.

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Referências bibliográficas
 CHIAVENATO, Idalberto. (2003). Introdução à teoria geral da administração: uma
visão abrangente da moderna administração das organizações. Revisada e
atualizada. Rio de Janeiro: Elsevier.
 MAXIMIANO, António C. (2000). Teoria geral da administração: da escola
científica a competitividade em economia globalizada. São Paulo: Atlas.
 WEBER, Max. (2000). Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix.
 WEBER, Max. (2004). A ética protestante e o espírito capitalista. São Paulo:
Companhia das Letras.

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