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Não são cidades físicas: a alegoria de Santo Agostinho não detalhava locais
mitológicos, mas fazia uma alegoria sucinta a organização de poder e classe
durante a idade das trevas. O lado divino e santo seria representado, na nossa
realidade terrena, pela santa Igreja católica. Ela é responsável por garantir os
interesses celestiais, reinando soberana sobre todos os aspectos impuros da
terra dos homens comuns; aqui está incluído os aspectos do Estado, ou a
organização que tende a formá-lo. Para os homens pecaminosos, pertencente
ao Estado e seus conjuntos, resta assegurar as coisas materiais humanas.
Ambas coexistem no mundo social da época, mas Agostinho encontra aqui
uma resposta para justificar os interesses da religião por sobre os interesses
políticos, por assim dizer. Seu trabalho consolidou o poder católico, sua
predominância e influência sobre esmagadora parte da época medieval.
Porém, nos últimos séculos deste período, a crise do sistema feudal trouxe a
necessidade de legitimar a soberania católica em outros meios. Para garantir
seu poder numa sociedade prestes a se desmantelar, outra “escola” filosófica
trouxe para a idade média seus ideais de organização política — a escolástica.
Seu maior representante foi Santo Tomás de Aquino. Utilizou, assim como seu
antecessor, um representante da antiguidade clássica para fundamentar suas
teorias. Baseando-se em Aristóteles, ele lançou um novo olhar sobre o
racionalismo em seu tempo. Ao contrário de Santo Agostinho, que defendia a
fé como base e preceito para qualquer pensamento e atividade, Santo Tomás de
Aquino fundiu a legitimidade da filosofia com a teologia dogmática —
exprimindo este insight intelectual em uma memorável obra, conhecida por
“Suma Teológica” (Summa Theologica).