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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Tema: Legalidade e legitimidade do poder

Nome: Abisto Linha

Nampula, Agosto de 2022


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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Tema: Legalidade e legitimidade do poder

Nome: Abisto Linha

Trabalho de campo da cadeira de Ciência Política, a ser submetido na coordenação do curso


de Licenciatura em Direito, como requisito da 3ª avaliação, do 1º ano Turma A.

Discente Docente

Abisto Linha Tomás Xavier José

Nampula, Agosto 2022


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Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 4
1.1. O princípio da legalidade ................................................................................................. 5
1.2. O princípio da legitimidade ............................................................................................. 5
1.2.1. Os fundamentos sociológicos da legitimidade............................................................. 6
1.2.2. Manifestações da legitimidade ..................................................................................... 6
1.2.3. A legitimidade no exercício do poder .......................................................................... 7
1.3. A legalidade e legitimidade do poder como temas da ciência política ............................ 9
1.4. A crise histórica da legalidade e legitimidade do poder ................................................ 11
1.5. Conclusão ...................................................................................................................... 13
1.6. Bibliografia .................................................................................................................... 14
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1. Introdução
O enfoque do tema legitimidade versus legalidade tem apresentado importantes
contornos, do ponto de vista do estudo da Ciência Política, com destaques para a legitimação
do exercício do poder. A legitimação vem reconhecer pluralismo insuprível das sociedades
contemporâneas, com toda sua complexidade, o que demonstra ser elemento desvinculado da
coerção e da própria legalidade. Em um Estado Democrático de Direito, a Legalidade esta
próxima da Legitimidade, isto é, não pode ser respeitada tão-somente a exigência de que a
actuação estatal seja baseada na lei em sentido formal. O instrumento de actuação do Estado
deve não só ser formal, mas também estar de acordo com os valores basilares do Estado, tais
como a dignidade da pessoa humana, a busca de uma sociedade justa, livre e igualitária, etc.
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1.1.O princípio da legalidade


De acordo com Bobbio (2000) a legalidade nos sistemas políticos exprime basicamente
a observância das leis, isto é, o procedimento da autoridade em consonância estrita com o direito
estabelecido. Ou em outras palavras traduz a noção de que todo poder estatal deverá actuar
sempre de conformidade com as regras jurídicas vigentes. Em suma, a acomodação do poder
que se exerce ao direito que o regula.

Cumpre pois discernir no termo legalidade, aquilo que exprime inteira conformidade
com a ordem jurídica vigente. Nessa acepção ampla, o funcionamento do regime e a autoridade
investida nos governantes devem reger-se segundo as linhas-mestras traçadas pela Constituição,
cujos preceitos são a base sobre a qual assenta tanto o exercício do poder como a competência
dos órgãos estatais.

A legalidade supõe, por conseguinte o livre e desembaraçado mecanismo das


instituições e dos actos da autoridade, movendo-se em consonância com os preceitos jurídicos
vigentes ou respeitando rigorosamente a hierarquia das normas, que vão dos regulamentos,
decretos e leis ordinárias até a lei máxima e superior, que é a Constituição.

O poder legal representa por consequência o poder em harmonia com os princípios


jurídicos, que servem de esteio à ordem estatal. O conceito de legalidade se situa assim num
domínio exclusivamente formal, técnico e jurídico.

O princípio de legalidade nasceu do anseio de estabelecer na sociedade humana regras


permanentes e válidas, que fossem obras da razão, e pudessem abrigar os indivíduos de uma
conduta arbitrária e imprevisível da parte dos governantes.

Tinha-se em vista alcançar um estado geral de confiança e certeza na ação dos titulares
do poder, evitando-se assim a dúvida, a intranquilidade, a desconfiança e a suspeição, tão
usuais onde o poder é absoluto, onde o governo se acha dotado de uma vontade pessoal
soberana ou se reputa legibus solutus e onde, enfim, as regras de convivência não foram
previamente elaboradas nem reconhecidas. Sua explicitação política se fez por via
revolucionária, quando a legalidade se converteu em matéria constitucional.

1.2.O princípio da legitimidade


Já a legitimidade tem exigências mais delicadas, visto que levanta o problema de fundo,
questionando acerca da justificação e dos valores do poder legal. A legitimidade é a legalidade
acrescida de sua valoração. É o critério que se busca menos para compreender e aplicar do que
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para aceitar ou negar a adequação do poder às situações da vida social que ele é chamado a
disciplinar.

No conceito de legitimidade entram as crenças de determinada época, que presidem à


manifestação do consentimento e da obediência. A legalidade de um regime democrático, por
exemplo, é o seu enquadramento nos moldes de uma constituição observada e praticada; sua
legitimidade será sempre o poder contido naquela constituição, exercendo-se de conformidade
com as crenças, os valores e os princípios da ideologia dominante, no caso a ideologia
democrática.

1.2.1. Os fundamentos sociológicos da legitimidade


O conceito de legitimidade expresso por Vedei, segundo o qual “chama-se princípio de
legitimidade o fundamento do poder numa determinada sociedade, a regra em virtude da qual
se julga que um poder deve ou não ser obedecido” nos leva assim sem nenhuma intermitência
à compreensão sociológica do termo. A esse respeito, vale ressaltar a importância que tem o
entendimento sociológico da legitimidade, a qual implica sempre numa teoria dominante do
poder.

Suscitando o problema da autoridade, em termos sociológicos, distingue Max Weber,


conforme veremos, três formas básicas de manifestação da legitimidade, que são capitais para
a explicação de todos os fenómenos do poder observados em qualquer tipo de organização
social: a carismática, a tradicional e a legal ou racional.

1.2.2. Manifestações da legitimidade


Debaixo do mesmo prisma sociológico, Max Weber faz que a legalidade repouse sobre
três formas básicas de manifestação da legitimidade: a carismática, a tradicional e a legal ou
racional. Esses três tipos de poder legítimo abrangido no clássico esquema de Max Weber têm
resumidamente a explicação que se segue, segundo as palavras mesmas do celebrado sociólogo.

A autoridade carismática assenta sobre as “crenças” havidas em profetas, sobre o


“reconhecimento” que pessoalmente alcançam os heróis e os demagogos, durante as guerras e
as sedições, nas ruas e nas tribunas, convertendo a fé e o reconhecimento em deveres invioláveis
que lhes são devidos pelos governados. O poder carismático se baseia, segundo o sociólogo, na
directa lealdade pessoal dos seguidores.
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A autoridade carismática, acrescenta Max Weber, a despeito de haver sido uma das
potências mais revolucionárias da História, transformadora dos sentimentos e destinos de povos
e civilizações inteiras conserva nas suas formas mais puras o carácter autoritário e imperativo.
Já a autoridade tradicional se apoia na crença de que os ordenamentos existentes e os poderes
de mando e direcção comportam a virtude da santidade.

O tipo mais puro, prossegue Max Weber, é o da autoridade patriarcal, onde o governante
é o “senhor”; o governado, o “súbdito” e o funcionário, o “servidor”. Afirma o sociólogo:
presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal
que se reputa sagrada. Todo o comando se prende intrinsecamente à tradição, cuja violação
brutal por parte do chefe poderá eventualmente pôr em perigo seu próprio poder, cuja
legitimidade se alicerça tão-somente na crença acerca de sua santidade.

A criação de um novo direito em face das normas oriundas da tradição é em princípio


impossível. Consequentemente, a direcção política do meio social goza de uma solidez e
estabilidade que se acha sob a dependência imediata e directa do aprofundamento da tradição
na consciência colectiva.

Quanto ao último tipo, o da autoridade “legal”, que informa toda a época do


racionalismo ocidental, temos o poder fundado no estatuto, na regulamentação da autoridade.
Aqui assevera Max Weber: o tipo mais puro é o da autoridade burocrática.

Sua concepção fundamental se resume na postulação de que qualquer direito pode ser
modificado e criado ad libitum, por elaboração voluntária, desde que essa elaboração seja
formalmente correcta.

A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra, que se
reconhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer. Demais, o
poder racional ou legal cria ademais em suas manifestações de legitimidade a noção de
competência, o poder tradicional a de privilégio e o carismático, desconhecendo esses
conceitos, dilata a legitimação até onde alcance a missão do chefe, na medida de seus atributos
carismáticos pessoais, conforme observa aquele pensador.

1.2.3. A legitimidade no exercício do poder


A legitimidade abrange por último duas categorias de problemas distintos. O primeiro
problema se relaciona com a necessidade e a finalidade mesma do poder político que se exerce
na sociedade através principalmente de uma obediência consentida e espontânea, e não apenas
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em virtude da compulsão efectiva ou potencial de que dispõe o Estado instrumento máximo de


institucionalização de todo o poder político.

Vista debaixo desse aspecto, a legitimidade do poder só aparece contestada nas


doutrinas anárquicas, nomeadamente no marxismo, ao passo que as demais escolas conhecidas
se empenham em dar-lhe por fundamento ora os impulsos naturais, orgânicos e biológicos do
homem, ora o consentimento livremente expresso por uma associação de vontades, como nas
teorias do contrato social, reconhecendo-se em qualquer das últimas posições mencionadas, por
legítima, a existência na sociedade de um poder político imposto às vontades individuais.

Se a existência do poder político na sociedade se acha legitimada com rara ou nenhuma


discrepância (sendo a única excepção a dos anarquistas) o problema da legitimidade, ao
contrário, se complica quando a questão versada entra a ser a do exercício legítimo do poder.
Trata-se aqui de indicar o fundamento de legitimidade do governo ou dos governantes,
manifestado como um dado histórico e relativo, consoante as doutrinas ou as crenças
geralmente aceitas e que lhes servem de esteio, modificáveis conforme a época ou o país. Na
Idade Média, essa crença-suporte da legitimidade foi Deus, a religião, o sobrenatural, ao passo
que contemporaneamente ela vem sendo o povo, a democracia, o consentimento dos cidadãos
e a adesão dos governados.

Mas não se exaure nisso o problema da legitimidade governativa. Cumpre passar ao


segundo problema, o de saber se todo governo é legal e legítimo ao mesmo tempo e quais as
hipóteses configuradas de desencontro desses dois elementos: legalidade e legitimidade. Com
efeito, concebe-se perfeitamente um governo legal que seja ilegítimo.

Haja vista o exemplo francês, muito citado, do governo de Petain, que, investido
legalmente no poder, cedo patenteou seu inteiro desacordo com os sentimentos e esperanças e
votos do povo francês. Daí resultou negar-lhe o país adesão e consentimento, bases da
legitimidade política. Já o governo francês de Gaulle no exílio, que emergira das lutas da
libertação nacional, foi em 1944, como governo provisório da República francesa, o governo
ilegal, porém legítimo do povo francês.

Via de regra, os governos que nascem das situações revolucionárias, dos golpes de
Estado, das conspirações triunfantes, são governos ilegais, mas eventualmente legítimos, se
abraçados logo pelo sentimento nacional de aprovação ao exercício do seu poder. Confirmada
a viabilidade desses governos, a legitimidade fundará então com o tempo a nova legalidade. E
esta há-se perdurar, conciliada no binómio legalidade-legitimidade, até que ulteriores comoções
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da consciência nacional tragam com a intervenção súbita de crises imprevistas e profundas para
a conservação do poder a perda do equilíbrio político dos sistemas legais e sua consequente
destruição.

1.3.A legalidade e legitimidade do poder como temas da ciência política


Segundo Bonavides (2010) O espinhoso tema legalidade e legitimidade do poder
político abrange uma literatura jurídica diminuta, apesar de tratar-se de matéria controvertida,
que sempre reponta na consciência dos legisladores, dos políticos e dos pensadores sociais
nas horas de crise do poder, quando se abre o inquérito das revoluções, das ditaduras e d os
golpes de Estado, quando se questiona acerca de estremecimentos no princípio de autoridade,
de quebra e afrouxamento dos laços de obediência que prendem os governados aos
governantes.

Dos escritos mais antigos ainda conserva algum interesse nos dias presentes o de
autoria de Benjamin Constant sobre o espírito de conquista e usurpação e mais alguns
discursos políticos de Wilson, quando o Presidente dos Estados Unidos sustentou a doutrina
americana da legitimidade democrática.

De acordo com ele, a legalidade é um atributo jurídico que se manifesta quando todo o
sistema de uma sociedade está regido perante uma lei positiva, ou seja, toda a sociedade, sem
exceção, está seguindo um conjunto de leis vigente. É definido pelo texto também o princípio
de legitimidade.

Para o autor, legitimidade está inerente ao questionamento acerca da justificação e dos


valores estabelecidos pela lei que opera sobre a sociedade. Ela busca entender a finalidade de
cada lei, com isso, procura questionar se esta é ou não aceitável ou efetiva.
Algo apontado pelo texto é que os conceitos de legitimidade são alterados com relação às
crenças de cada época, afinal, o pensamento e o estado considerado natural das sociedades
mudam com o passar do tempo.

O nascimento de sociedades onde o sistema de legalidade vigora aconteceu graças a um


anseio humano por regras permanentes e válidas, onde a razão e a segurança jurídica perduram.
Para que estes anseios fossem saciados, o sistema jurídico precisou mudar drasticamente, visto
que, primordialmente, a lei não era aplicada igualmente a todos, ou seja, haviam aqueles que
estavam acima das leis, oque, do ponto de vista legal, é imprescindível.
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Um grande exemplo para demonstrar esta mudança jurídica é a França. Antes da


revolução francesa, o país era regido por leis que não puniam ou se aplicavam diretamente aos
reis. Foi então que, graças a revolução, o modelo de leis actual foi instaurado, onde não há
ninguém, em hipótese alguma, acima da lei.

A grande distinção entre legalidade e legitimidade não se mostrava presente em todas


as épocas (os romanos por exemplo não expressavam distinção entre os termos). Foi a partir de
1815 que a cisão entre esses dois conceitos se mostrou presente em debates e centros políticos.
Foi em virtude a este novo tópico reflexivo que surgiram diversas revoluções e doutrinas que
foram capazes de mudar o parâmetro político de diversas sociedades.

Um grande exemplo é a revolução francesa já mencionada, mas assim como ela, o


Manifesto de Karl Marx também entrou a fundo no questionamento a respeito da aplicação de
leis em sociedades.

Existe, entretanto, um grande problema no ramo filosófico a respeito da legitimidade.


Neste ponto de vista, a legitimidade passa a ser um processo reflexivo muito pessoal, o que é
justo e aplicável para um pode não ser para outro, diferente da legalidade que é igual para todos.
Na legitimidade, busca-se mais o que deveria ser e menos o que é.

Existem três formas básicas de manifestação da legitimidade:

✓ A primeira a ser comentada é a carismática. Esta forma é caracterizada pela crença em


um líder divino. Max Weber definiu autoridade carismática como “baseada na devoção
a um específico e excepcional ato de heroísmo, ou a um carácter exemplar de impasse,
o que lhe legitima a autoridade".
✓ A segunda é a autoridade tradicional. Elas e apoia pura e simplesmente, através da
existência de uma fidelidade tradicional. O governante é o patriarca ou senhor, os
dominados são os súditos e o funcionário é o servidor.
✓ Por fim, a autoridade legal (onde qualquer direito pode ser criado e modificado através
de um estatuto sancionado corretamente), tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais
puro desta dominação.

O texto apresenta o exemplo da Alemanha nazista para demostrar que um pensamento


vazio de legitimidade pode acarretar em uma alienação fatal, no caso dos alemães, as
atrocidades cometidas foram “justificadas” pela legalidade.
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Logo em seguida, o autor apresenta algumas doutrinas a respeito da relação entre


legitimidade e legalidade. A doutrina mais recente dos autores franceses diz que a legalidade
se trata apenas de forma, enquanto a legitimidade, de fundo, substancial.

O autor especifica os dois grandes extremos de governos legais e legítimos através de


exemplos práticos. A Alemanha nazista é um clássico exemplo de governo legal não legitimo,
por outro lado, governos que nascem de ações revolucionarias tendem na maioria dos casos a
não serem legais, mas condizerem com a legitimidade social.

O grande tema entre legalidade e legitimidade do poder político abrange uma literatura
jurídica diminuta. Este, de acordo com o texto, sempre reponta na consciência dos legisladores,
dos políticos e dos pensadores sociais nas horas de crise de poder.

1.4.A crise histórica da legalidade e legitimidade do poder


São quatro os dados que se nos afiguram altamente elucidativos e indispensáveis para
a consideração da legalidade e legitimidade como temas da teoria política: o histórico, o
filosófico, o sociológico e o jurídico.

A cisão legalidade e legitimidade tornou-se patente ao pensamento europeu desde


1815, quando se fez vivo e agudo, conforme lembra aquele jurista, o antagonismo que a
França monárquica passou a testemunhar entre a legitimidade histórica de uma dinastia
restaurada e a legalidade vigente do Código napoleônico.

A corrente racionalista proveniente da Revolução Francesa, que transitara do


racionalismo filosófico, abstrato e jusnaturalista para o racionalismo positivista, empírico e
relativista operou uma sutil transposição de termos, fazendo toda a legitimidade repousar
doravante na legalidade e não como dantes a legalidade na legitimidade.

A lei, segundo a expectativa confiante do século, representava o máximo poder da


Razão emancipadora. Os juristas de índole liberal fazem-lhe o culto do antipaternalismo, da
fé mais ardente na sua capacidade de exprimir o princípio civilizador, o governo do homem
por si, como refere Michelet, citado por Schmitt.

Com o Manifesto de Marx e os desenvolvimentos ulteriores da teorização de Lênin,


Trotski e Lukács, a lei, que fora o Coroamento doutrinário do racionalismo europeu, aparece
agora degradada a instrumento da sociedade de classes, como a superestrutura social da
opressão burguesa, como órgão de permanência dos privilégios econômicos, não sendo bons
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revolucionários, segundo o conselho de Lênin, reproduzido por Schmitt, aqueles que não
souberem unir os meios ilegais de luta a todas as formas legais de tomada do poder.

Despreza-se a lei como fim e dela se serve como meio. A legitimidade do ordenamento
jurídico burguês é atacada a fundo nessa tomada de posição dos pensadores revolucionários
marxistas, que alargam cada vez mais o hiato separando a legalidade da legitimidade, cuja
ruptura tem exemplos de antecedência histórica na polêmica dos liberais com os
tradicionalistas conservadores do século XIX.

Durante o nacional-socialismo a crise chega ao máximo grau de intensidade. Aqui


temos concretizado o exemplo histórico supremo de uma corrente de opinião, de uma
ideologia, de um partido político, cujos chefes, sem quebra da legalidade, tomaram o poder à
sombra do regime estabelecido e dele se serviram do modo que se nos afigura mais ominoso
em toda a história do gênero humano, e cuja legitimidade, vista ou apreciada pelos critérios
do racionalismo imperante na doutrina jurídica dos movimentos liberais e positivistas do
século XIX, pareceria irrepreensível. O mesmo se passou na Tchecoslováquia com a tomada
do poder por uma revolução aparentemente pacífica, de teor parlamentar, que instaurou ali a
nova legalidade proletária.
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1.5.Conclusão
Durante o desenvolvimento conclui-se que a cisão legalidade e legitimidade tornou-se
patente ao pensamento europeu desde 1815, quando se fez vivo e agudo, conforme lembra
aquele jurista, o antagonismo que a França monárquica passou a testemunhar entre a
legitimidade histórica de uma dinastia restaurada e a legalidade vigente do Código
napoleônico.Na legitimidade, busca-se mais o que deveria ser e menos o que é. Existem três
formas básicas de manifestação da legitimidade: A primeira a ser comentada é a carismática.
Esta forma é caracterizada pela crença em um líder divino. Max Weber definiu autoridade
carismática como “baseada na devoção a um específico e excepcional ato de heroísmo, ou a um
carácter exemplar de impasse, o que lhe legitima a autoridade". A segunda é a autoridade
tradicional. Elas e apoia pura e simplesmente, através da existência de uma fidelidade
tradicional. O governante é o patriarca ou senhor, os dominados são os súditos e o funcionário
é o servidor. Por fim, a autoridade legal (onde qualquer direito pode ser criado e modificado
através de um estatuto sancionado corretamente), tendo a “burocracia” como sendo o tipo mais
puro desta dominação.
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1.6.Bibliografia

BOBBIO, Norberto. Teoria Geral da Política. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

BONAVIDES, Paulo. Ciência política. São Paulo: Malheiros,2010

WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Pulo: Cultrix, 2004

link
https://renatamtorres.jusbrasil.com.br/artigos/169553560/legalidade-de-legitimidade-do-
poder-politico

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