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Vagner Pedroso Caovila

VISTORIA
VEICULAR
Evolução da Legislação de Trânsito
e os Aspectos Polêmicos
que a Cercam
Vagner Pedroso Caovila

VISTORIA
VEICULAR
Evolução da Legislação de Trânsito
e os Aspectos Polêmicos
que a Cercam

1ª Edição

São José dos Campos, SP


2015
São José dos Campos, SP
Vagner Pedroso Caovila
2015

Copyright 2015 by
Vagner Pedroso Caovila

Projeto Editorial e Revisão


Edna Silveira

Projeto Gráfico e Capa


Antônio Gonçalves de Oliveira Filho

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Caovila, Vagner Pedroso

Vistoria Veicular: evolução da legislação de trânsito e os aspectos polêmicos que


a cercam/ Vagner Pedroso Caovila. /São José dos Campos, SP: Jac Editora, 2015.

156p. – 17cm x 23 cm

ISBN - 978-85-918828-0-9

1. Vistoria Veicular. 2. Legislação. 3. Direito

Todos os direitos desta edição reservados a


Vagner Pedroso Caovila
Av. Alfredo Ignácio N. Penido, nº 335 – Sala 1501 – Prq. Res. Aquarius
12246-000 – São José dos Campos – SP
Telefone: (12) 3302-0335
agradecimentos

Agradeço às várias pessoas que ajudaram no projeto deste livro, em espe-


cial, aos amigos Hugo Sulacov, especialista em Identificação Veicular e Docu-
mental que forneceu material técnico e elementos para construção dos capí-
tulos que tratam das fraudes em vistorias, Eduardo Schroeder que colaborou
na apresentação desse trabalho e aos conselheiros e fundadores da Associação
Nacional das Empresas de Perícias e Vistorias (ANPEV), que lutaram para
mudar o cenário de vistorias do País.

Agradeço de forma especial, aos meus pais, que me deram a maior herança
que existe: a educação e a vontade de buscar ser melhor. Minha esposa e filha,
fontes de inspiração.

A Deus, sobretudo.
sumário

Introdução 11

Vistoria Veicular no Brasil: a biografia 13

CAPÍTULO I
Breves Considerações sobre o Surgimento do Automóvel 19
1.1 Mas o que são automóveis? 23

CAPÍTULO II
Evolução da Legislação de Trânsito: vistoria automotiva 27
2.1 Mas, o que é vistoria? Qual sua finalidade e importância? 29

CAPÍTULO III
Fraudes em Vistoria 45
3.1 Cultura da fraude e a responsabilidade objetiva do Estado 49
3.2 Método antiquado e falho do decalque 51
3.3 Falhas no processo atual utilizados pelos Detrans e a necessidade do
combate ao crime organizado 57
CAPÍTULO IV
Cenário das Fraudes Envolvendo os Veículos Automotores 61
4.1 Cenário de fraudes envolvendo veículos roubados no Brasil 61
4.2 Principais tipos de adulteração em identificadores veiculares 63
4.2.1 Gravação identificadora de chassi 64
4.2.2 Gravações identificadoras de motor, câmbio e eixo 65
4.2.3 Certificado de registro de veículo (CRV) e
Certificado de registro e licenciamento do veículo (CRLV) 65
4.2.4 Demais pontos identificadores 65
4.3 A Identificação e registro das fraudes 66
4.3.1 Processos de identificação veicular - pontos que devem ser
observados nas gravações identificadoras de chassi e de motor 66

CAPÍTULO V
A Tecnologia Contra a Fraude - Resoluções Contran 282/2008 e
466/2013 e Portarias Denatran 1334/2010 e 130/2014 69
5.1 Equipamentos exigidos das ECVs, segundo a
Portaria 1334/2010 do Denatran 72

CAPÍTULO VI
As Empresas de Vistorias (ECVs) 75
6.1 Funcionamento de uma ECV 77
6.2 Vantagens para a população 80
6.3 Vantagens para o Estado 81
6.4 Justificativa para se transferir as vistorias para as ECVs ao invés de
realizá-las nos postos dos Detrans 81
6.5 Obrigatoriedade da ECV realizar a atividade exclusiva de
vistoria veicular: atividades consideradas conflitantes 83

CAPÍTULO VII
Considerações Acerca de o Credenciamento de Entidades
Privadas pelo Poder Público – Aspectos polêmicos:
poder de polícia, licitação e o descredenciamento imotivado 87
7.1 Mas, afinal, o que é credenciamento e
qual a fundamentação jurídica desse instituto? 89
7.2 O Credenciamento de empresas para realização de vistoria
automotiva caracteriza a terceirização do poder de polícia? 91
7.3 A Prestação de Serviços das ECVs não deveria se dar por
licitação ao invés de credenciamento? 94
7.4 O Descredenciamento das ECVs pelo Denatran antes de o término
de vencimento de suas respectivas portarias e o dever de indenizar? 97

CAPÍTULO VIII
Coletânea de Jurisprudência Atinente à Legalidade e
ao Credenciamento de Empresas de Vistorias 101
8.1 Justiça Estadual de Santa Catarina 101
8.2 Justiça Estadual do Rio Grande do Norte 105
8.3 Justiça Estadual de São Paulo 105
8.4 Justiça do Distrito Federal 108
8.5 Justiça Estadual do Espírito Santo 110
8.6 Justiça Estadual de Minas Gerais 111

BIBLIOGRAFIA 113

PESQUISA NA WEB 115

LEGISLAÇÃO 117
Resolução 282/2008 119
Resolução 466/2013 127
Portaria 1334/2010 138
Portaria 130/2014 152
introdução

O presente estudo visa apresentar o histórico da legislação de trânsito no


Brasil, especialmente no tocante à atividade de vistorias automotivas. Para
tanto apresenta breve histórico da chegada do automóvel em território na-
cional, fabricação, indústrias; relacionando-o com a evolução da legislação de
trânsito pertinente à matéria.
O tema exposto é novo, especialmente pelo fato de que a primeira legisla-
ção de trânsito foi publicada somente no ano de 1910 (Decreto 8.324 de 27 de
outubro de 1910), sendo o conteúdo da obra produzido por meio de pesquisas
na legislação de trânsito, revistas especializadas, matérias e manuais técnicos,
jurisprudência, bem como entrevistas pe ais.
O grande aumento da frota brasileira traz consigo a ampliação dos pro-
blemas, especialmente, quanto ao trânsito, mobilidade urbana, acidentes de
trânsito, roubo e furto, adulteração e fraudes no processo de transferências.
A vistoria automotiva tem um papel relevante no contexto da segurança
pública, economia e redução de acidentes. Quanto à segurança pública, não
são raras as notícias de casos em que o cidadão compra um carro e logo des-
cobre que existe(m) outro(s) carro(s) idêntico(s) ao seu rodando no País.
Pior quando a descoberta se dá com o recebimento de multas de trânsito

Vagner Pedroso Caovila 11


tomadas pelo veículo dublê ou AINDA em alguma blitz onde o proprietário
tem seu veículo apreendido para verificação de qual carro é realmente ver-
dadeiro (não clonado). Nesse contexto, será demonstrado que o processo de
vistoria tem destacada importância na fiscalização e no combate ao roubo,
furto, fraudes, adulteração de veículos e recuperação dos veículos roubados/
furtados.
Com efeito, o presente estudo exibe de forma detalhada a atual legislação
de vistorias, onde se expõe de forma arguta a luta do Departamento Nacional
de Trânsito (Denatran) em fazer cumprir a legislação e destruir a “cultura”
viciada criada no Brasil da “quebra” da vistoria, um mal que atinge parte dos
Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans), no País.
Ao final, apresenta-se a figura das Empresas Credenciadas de Vistoria
(ECVs), empresas de vistoria, criadas nos moldes da nova legislação de visto-
ria, que utilizam modernos equipamentos e técnicas visando impedir as adul-
terações, uma verdadeira revolução no que concerne à vistoria em prol da
população, apresentando AINDA, os aspectos legais em torno da atividade
das ECVs, credenciamento, licitação, e jurisprudência.

12 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Vistoria Veicular no Brasil: a biografia
Vagner Pedroso Caovila e Eduardo Schroeder

Quando Henry Ford produziu os primeiros 50 mil utilitários T Touring


Cars, no início do século XIX, por meio de suas inovadoras e recém-inaugu-
radas linhas de montagem automotivas, não poderia imaginar que sua produ-
ção, em série, criaria não apenas um novo mercado com ávidos consumidores,
dispostos a pagar a “bagatela” de 690 dólares (uma pequena fortuna na época)
por uma “carruagem motorizada”, mas também uma nova categoria criminal:
a de ladrões de carros.
Este seria um dos primeiros efeitos colaterais da popularização dos auto-
móveis.
O roubo de três automóveis da marca Chalmers, nas ruas de Chicago, no
verão de 1912, resultou na criação da Automobile Protection and Information
Bureau (APIB) - Agência de Proteção e Identificação Automotiva. Primeira
instituição voltada para a proteção do automóvel como patrimônio nasceu
com a missão de atuar tanto na cobertura patrimonial quanto na busca e recu-
peração dos bens automotivos roubados.
Por anos a APIB trabalhou, em conjunto, com o Federal Bureau of Investi-
gation (FBI), conforme registros datados do início da década de 20. Segundo
tais documentos, sempre quando um veículo era apreendido por agentes fede-

Vagner Pedroso Caovila 13


rais, o FBI acionava a Agência de Proteção e Identificação Automotiva (APIB),
com o propósito de identificar traços periciais de identificação e propriedade
dos mesmos. Paralelamente, a APIB acionava a rede de detetives locais, man-
tidos por um consórcio de seguradoras, que buscava informações comple-
mentares aos dados periciais.
Após o término da Primeira Guerra Mundial, outras organizações ten-
taram reproduzir a fórmula da APIB, fenômeno que culminou, quase uma
década depois, no surgimento da National Automobile Theft Bureau (NATB).
Sob o comando de Fred J. Sauter, que a presidiu do ano de 1927 até aposentar-
se, em 1962. A NATB tornou-se referência mundial em identificação pericial
de veículos roubados e adulterados, sendo a pioneira dos procedimentos pe-
riciais e vistoriais modernos.
No outro extremo do continente americano, longe da vanguarda mundial,
a história do automóvel e seus “efeitos colaterais” apresentou um ritmo mais
lento, mas, igual e, irreversivelmente, crescente.
O ano de 1891 foi marcado, historicamente, pela chegada do primeiro car-
ro importado ao Brasil, adquirido pelo inventor do avião, o brasileiro Alberto
Santos Dumont. A data do desembarque, 25 de novembro, é considerada por
alguns historiadores como o marco zero da era automobilística no País.
A despeito de ter sido o ‘Pai da Aviação’, o condutor do primeiro automóvel
em solo brasileiro, com o perdão do trocadilho, não inspirou outros consumi-
dores, pois, o setor automotivo demorou décadas para decolar no País. Por anos,
os pneus do Peugeot, movidos pelo motor Daimler 1893 de único pistão, con-
duzido pelo ilustre inventor, foram os únicos a percorrerem os paralelepípedos
de São Paulo, sob a ovação da multidão que saía às ruas para assistir ao desfile.
Validando a máxima de que ‘sem demanda não há oferta’, o País de um
único automóvel estava longe [ainda] de enfrentar os “efeitos colaterais” de
seus primos ricos. A indústria do roubo e furto de automóveis demoraria a
nascer no Brasil. Assim, por algum tempo, instituições como APIB ou NATB,
seriam absolutamente dispensáveis em um cenário tão diminuto.

Poucas décadas depois as coisas mudariam

No ano de 1940, o Brasil, já contava com uma frota de ¼ de milhão de ve-


ículos. O crescimento exponencial intensificou proporcionalmente a preocu-

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Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
pação das autoridades, que criaram o primeiro Código Nacional de Trânsito,
por meio do decreto nº 2.994 de 28 de janeiro de 1941, com foco nas regras
básicas de circulação que, praticamente, vigoram até os dias de hoje.
Contudo, apenas quinze anos mais tarde, no governo de Juscelino Kubits-
chek, o País sairia da inércia e, indústrias de Santa Bárbara d’Oeste, pequena
cidade do interior paulista, queimariam gasolina dentro do pistão do primeiro
automóvel fabricado aqui.
Entre 1956 e 1961 foram produzidas pouco mais de três mil unidades do
primeiro modelo brasileiro, o automóvel denominado Romi-Isetta. Um nú-
mero simbólico perto dos milhões de automóveis vendidos no Brasil e no
mundo. Pegando emprestado o jargão que marcaria a corrida espacial do fim
daquela década, tratava-se de ‘Um pequeno passo para o mercado automo-
bilístico mundial, um grande passo para um País que logo mergulharia na
Ditadura Militar’.
Há de se ressaltar, por sinal, que a Ditadura Militar e o movimento na-
cionalista, juntos, impulsionaram a indústria nacional, ainda, que por um
caminho pouco louvável: o fechamento das fronteiras para a importação de
veículos. Assim, a indústria, genuinamente, brasileira teve sua participação no
mercado, com a fabricação do Gurgel, Miura, Puma, dentre outros. A maioria
destas empresas não prosperou, especialmente após a reabertura das importa-
ções e a competição com os modelos importados, nos anos 90.
A perspectiva de crescimento gozada pelo mercado automobilístico bra-
sileiro era muito promissora, e a competência do Estado em controlar a frota,
inversamente proporcional. Por muitos anos o País desconheceu o tamanho
de sua garagem. Isto porque as estatísticas baseavam-se na emissão de guias
para arrecadação que sofria um processo de duplicação entre municípios e
estados. A inexistência de um registro único aliado a um processo deficiente
de licenciamento e fiscalização não permitiu uma consolidação precisa do ta-
manho exato da frota ativa.
Essa imprecisão tornava-se latente, em particular, no momento de dar bai-
xa nos veículos que saíam de circulação. Este descontrole sempre trouxe uma
sombra de descredibilidade aos números oficiais do Ministério dos Transpor-
tes, desde as primeiras estatísticas publicadas pela extinta Empresa Brasileira
de Planejamento de Transportes, o Grupo Executivo de Integração da Política
de Transportes (GEIPOT).

Vagner Pedroso Caovila 15


Para minimizar o problema, criou-se um cálculo do volume cumulativo
do número de veículos vendidos, aplicando sobre ele um decréscimo baseado
em uma curva de sucateamento onde, estimava-se, sairia organicamente de
circulação metade da frota de veículos com 16 anos e a totalidade deles ao atin-
girem 26 anos de idade. Com base nesta fórmula, o gráfico 1 apresenta a curva
estimada de crescimento da frota no período entre as décadas de 60 e 90.
A partir da década de 90 a indústria automobilística, no Brasil, deu uma
guinada, que se acentuou na primeira década do século XXI. Apesar de ser
o único membro do BRICS (grupo que reúne Brasil, China, Rússia, Índia e
África do Sul), a não possuir uma montadora genuinamente nacional, o Brasil
tem oscilado nos últimos anos, alternando posições entre a quarta e a sétima,
como potência mundial em produção de automovéis.
Mas há um índice que vem crescendo de forma alarmante, e não é moti-
vo de orgulho para o Brasil. Mais de um século depois dos primeiros roubos
automobilísticos da história, o País tem uma das mais aquecidas indústrias de
roubo, furto e desmanche de veículos do mundo. E o pior, muitos dos desca-
minhos têm sido legalizados pelas brechas legais e, sobretudo, operacionais,
expondo a fragilidade do sistema brasileiro de trânsito.
Veículos que deveriam ser vistoriados por funcionários públicos altamen-
te treinados, idôneos e merecedores de fé pública são transferidos de dono
em dono, muitas vezes, sem sequer comparecer aos locais designados para
averiguação exigida por lei.
Atualmente há diversas ‘Ilhas Cayman’ espalhadas pelo território nacio-
nal. Verdadeiros paraísos para a legalização de veículos irregulares. Territórios
(não necessariamente geográficos) sem lei, onde predomina o pouco caso pela
legislação, incompetência, má-fé, falta de vontade política, com uma pitada de
interesses escusos.
Felizmente, combatentes dos setores público e privado têm estado na linha de
frente, para invadir esses territórios sem lei, usando um rico arcabouço de armas
para combater o crime organizado que se alimenta do roubo e do furto de veículos.
Conheça a história de a Vistoria Veicular no país. Seu passado, presente e
futuro. Entenda como essa simples atividade profissional deverá ser o divisor
de águas entre um Brasil conhecido e reconhecido por sua produtividade no
setor automobilístico, e outro Brasil líder na indústria do desmanche ilegal de
automóveis.

16 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Frota do Ciclo Otto no Brasil
16000

14000
mil veículos

12000

10000

8000

6000

4000

2000

0
1960

1966

1975

1978

1981

1984

1987

1990

1996
1963

1969

1972

Gasolina Álcool 1993


Otto

Gráfico 1 - Curva estimada de crescimento da frota no período entre as décadas de


60 e 90
Fonte: http://ecen.com/content/eee7/vendasfv.htm.

Vagner Pedroso Caovila 17


CAPÍTULO I
Breves Considerações sobre o
Surgimento do Automóvel

A palavra automóvel surgiu na França, em 1875, e vem do grego “autos,”


que denota isoladamente “por si só” e do latim “mobilis,” que significa móvel.
A história do automóvel pode ser contada iniciando em 1769, na França,
quando Nicolas Cugnot utilizou um motor a vapor para movimentar um veí-
culo, evoluindo substancialmente com a utilização do motor de combustão
interna a gasolina, em 1885, inventado por Karl Benz, na Alemanha.

Figura 1 - Réplica
do Benz Patent
Motorwagen, de 1885,
velocidade máxima
de 13 km/h. Primeiro
automóvel a gasolina.

Vagner Pedroso Caovila 19


No Reino Unido é que se desenvolveram as primeiras experiências de trá-
fego, inclusive sendo impostas leis restritivas que obrigavam aos automóveis
serem acompanhados por um homem a pé acenando uma bandeira vermelha
e soprando uma corneta. Tal movimento travou o desenvolvimento do auto-
móvel na região até o fim do século XIX.
Somente em 1908, nos Estados Unidos da América, décadas após a in-
venção do automóvel movido a vapor é que a concepção de automóvel como
se vê hoje, produzido em série/linhas de produção, passou a ser fabricado por
Henry Ford que bateu a impressionante marca de 15 milhões de unidades
vendidas em menos de 20 anos.

Figura 2 - Linha de produção do Ford T


No Brasil, o dia 25 de novembro de 1891 foi marcado pela chegada ao por-
to de Santos do primeiro carro importado, um Peugeot, com motor Daimler
a gasolina, adquirido pelo inventor do avião, o brasileiro Alberto Santos Du-
mont, sendo considerada por alguns historiadores como a data do início da
era automobilística no País.
A cidade de São Paulo teve o privilégio de ver o primeiro carro circulando
em suas ruas por muitos anos, considerando a permanência do veículo na
residência de Santos Dumont, na capital paulista.
Em 1940, o Brasil contava com uma frota de 250 mil veículos, o que inten-

20 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
sificou a preocupação das autoridades criando o primeiro Código Nacional de
Trânsito pelo decreto nº 2.994 de 28 de janeiro de 1941.
Já o primeiro carro brasileiro foi produzido em 1956, pelas indústrias
Romi na cidade de Santa Bárbara d´Oeste, interior Paulista, sendo denomina-
do Romi-Isetta. Foram produzidas pouco mais de 3.000 unidades, encerrando
a produção em 1961.

Figura 3 -
Romi-Isetta,
o primeiro
automóvel
produzido
em território
brasileiro,
em Santa
Bárbara
d’Oeste/SP

Ainda, em 1956, a Vemag colocou no mercado uma camioneta derivada


da família F91, produzida pela empresa alemã Dampf Kraft Wagen (DKW)
(ou carro de força a vapor), montada no Brasil. Em 1959, no município de São
Bernardo do Campo, foi instalada a fábrica da Volkswagen, tendo a Kombi
como primeiro modelo produzido.
Nesse período a Chevrolet e a Ford, que eram apenas montadoras de peças
importadas, deram os seus primeiros passos com a fabricação de caminhões
para, mais tarde, iniciarem a produção de automóveis em 1968, sendo seguida
pela Fiat em 1976, montando sua fábrica na cidade mineira de Betim.
Abaixo relação dos primeiros carros fabricados no Brasil, até o ano de
1970:

Vagner Pedroso Caovila 21


1956 - Romi-Isetta, 1956 - Perua DKW-Vemag, 1957 - Kombi - Volkswa-
gen, 1957 - Ford F-100 - Ford, 1957 - Jeep Willys, 1958 - Chevrolet Brasil,
3100 - Chevrolet, 1958 - Rural Willys, 1959 - Fusca - Volkswagen, 1959 - Sim-
ca Chambord, 1960 - Aero Willys, 1960 - FNM 2000 JK, 1961 - Willys Interla-
gos, 1962 - Karmann Ghia - Volkswagen, 1962 - Renault-Willys Gordini, 1964
- Chevrolet Veraneio – Chevrolet Pick Up, 1964 - GT Malzoni - Lumimari/
Puma, 1965 - Brasinca GT 4200 Uirapuru, 1966 - Puma GT - Puma, 1966 -
Willys Itamaraty, 1967 - Galaxie - Ford, 1968 - Corcel - Ford, 1968 - Opala
- Chevrolet, 1969 - VW 1600, Variant, TL - Volkswagen, 1969 - Dodge Dart,
1969 - Puma GT4R - Puma, 1970 - Belina - Ford, 1970 - Puma GTE – Puma.
As quatro grandes montadoras (VW, Ford, Chevorlet e Fiat), dominaram
o mercado brasileiro, até o fim da década de 1990, ano em que as importações
foram liberadas pelo, então, Presidente Fernando Color de Mello.
Com a abertura das importações outras montadoras vieram com força e
instalaram fábricas no País, entre elas: a Renault, Peugeot, Citroën, enquanto
outras marcas iam sendo incorporadas, como a Dodge pela Chrysler do Brasil.
A Mercedes-Benz, que já fabricava caminhões, estabeleceu em São Bernardo
uma fábrica, a Daimler Benz do Brasil, inicialmente fabricante de carroçarias
de caminhão e ônibus, inaugurando a sua unidade montadora veicular em
1998, em Juiz de Fora, Minas Gerais.
A indústria, genuinamente, brasileira também teve sua participação no
mercado, com a fabricação do Gurgel, Miura, Puma, dentre outros. A maioria
destas empresas não prosperou, especialmente com a reabertura das importa-
ções e a competição com os modelos importados nos anos 90.
As estatísticas acerca da produção tiveram início a partir de 1957 e, assim,
de janeiro daquele ano até agosto de 2008, foi fabricada a expressiva marca de
40 milhões de automóveis (excluíndo-se os comerciais leves), sendo que a gi-
gantesca e absoluta maioria era constituída dos modelos de 02 (duas) portas,
já que os veículos de passageiros com 04 (quatro) portas popularizaram-se
apenas a partir do início deste Século 21.
Nos últimos anos a indústria automobilística, no Brasil, tem crescido subs-
tancialmente, batendo recordes de venda, alavancada pelo desenvolvimento
da economia brasileira. No ano de 2007, a produção automobilística, no Bra-
sil, cresceu cerca de 14% em relação a 2006, chegando a 3 (três) milhões de
veículos, o que torna o País, o sexto maior produtor mundial de automovéis,

22 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
no entanto, continua sendo o único membro do BRICS a não possuir uma
montadora, genuinamente, nacional.

1.1 Mas, o que são Automóveis?

Define-se automóvel ou carro um veículo motorizado com quatro ro-


das. Este conceito abrange a todos os veículos com autopropulsão, movidos
à combustão interna, que pode ser gerada por álcool, gasolina, gás, diesel, hi-
drogênio, ainda em teste, biodiesel ou qualquer outra mistura de combustível
comburente a calor que provoque a combustão interna. Existem, ainda, os
híbridos ou os veículos terrestres que se locomovem por meio de motores elé-
tricos ou a vapor com a finalidade de transporte de passageiros e carga.
O automóvel atual dispõe, tipicamente, de um motor de combustão in-
terna de dois ou quatro tempos, propulsionado a gasolina, diesel ou álcool.
No entanto, a sua constituição se deve a inúmeras invenções em várias ar-
tes e ciências, como a física, matemática e design.

Figura 4 – Vista de uma avenida em São Paulo

Vagner Pedroso Caovila 23


Interessante notar que, embora, exista um número expressivo de automó-
veis, a sua fabricação não era a prioridade do País, lugar destinado aos ca-
minhões muito mais importantes por alavancar outras áreas de crescimento
como a da construção civil.
Vale mencionar, ainda, o volume de exportações, pois dos 40 milhões de
veículos fabricados, mais de 7,5 milhões foram enviados ao exterior, o que
equivale a mais de 18% do total.
O primeiro carro brasileiro, exportado, foi o Opala, enviado para o Chile
em 1969. Hoje os automóveis brasileiros são exportados para dezenas de países
como a Albânia, Alemanha, Antilhas Holandesas, Azerbaijão, Eslovênia,
Gabão, Guadalupe, Islândia, Itália, Saint Maarten, entre outros.
No que concerne a combustíveis, o Brasil tem muito de que se orgulhar,
pois, o sistema por combustão a alcool, hoje denominado Etanol, foi cria-
do pelo brilhante Prof. Urbano Ernesto Stumpf, o “pai do motor a alcool”,
desenvolvido no Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Cam-
pos, SP, hoje chamado Departa-
mento de Ciência e Tecnologia
Aeroespacial (DCTA), e vem
revolucionando o setor auto-
motivo e gerando divisas para
o País.
Desde o primeiro carro a
álcool, um Dodge Polara, em
1979, até os flexíveis, passando
pelo GNV, o Brasil vem sendo
referência de tecnologias bem-
sucedidas aplicadas neste setor.
Em 2003, iniciou-se a venda dos veículos flex fuel, também conhecidos
como bicombustíveis. Os 40 mil daquele ano transformaram-se em nada me-
nos de 1 milhão e 250 mil apenas três anos depois, em 2006. E hoje já re-
presentam quase 90% das vendas totais de automóveis e comerciais leves no
Brasil, sendo esta tecnologia exportada para o mundo todo (ROZEN, 2008).
Dado impressionante é o crescimento da frota de automóvies brasileira
que terminou o ano de 2014, com 86.700.490 automóveis, o que significa um
aumento de 121% nos últimos 10 anos.

24 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Evolução da frota nacional
BRASIL: Frota de veículos (2004 - 2014)
86.600.490
81.089.666
75.179.955

64.817.974

54.506.661

45.372.640
39.240.875

2004 2006 2008 2010 2012 2013 2014


Fonte: DENATRAN (2015)

Importante notar que para o cálculo da frota circulante no país são conside-
rados não só os carros, mas também motos, caminhões, ônibus, caminhonetes
e outros tipos de automotores inseridos no cadastro do Denatran desde 1990,
sendo que os dados do Denatran não desconsideram, por exemplo, eventuais
proprietários que registraram o veículo, mas deixaram de circular e não de-
ram baixa no registro.

Vagner Pedroso Caovila 25


CAPÍTULO II
EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO:
Vistoria Automotiva

Em 23 de setembro de 1997 foi promulgada a Lei nº 9.503 que insti-


tuiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que entrou em vigor em 22
de janeiro de 1998, estabelecendo, logo em seu artigo primeiro aquela que
seria a maior de suas diretrizes “trânsito seguro é um direito de todos e
um dever dos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito”. Antes
de sua vigência, vigorava o Código Nacional de Trânsito, instituído pela
Lei nº 5.108, de 21 de setembro de 1966, e alterações posteriores, revoga-
das pela nova lei.
Para fins didáticos define-se “trânsito como a utilização das vias por pes-
soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins
de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é uma lei que define atribuições
a diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito dividindo direitos e obri-
gações, fornecendo diretrizes para a engenharia de tráfego, estabelecendo
normas de conduta e infrações e penalidades para os diversos usuários desse
complexo sistema.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é composto dos 20 capítulos abaixo
elencados:

Vagner Pedroso Caovila 27


1. Disposições preliminares;
2. Do sistema nacional de trânsito;
3. Das normas gerais de circulação e conduta;
4. Dos pedestres e condutores de veículos não motorizados;
5. Do cidadão;
6. Da educação para o trânsito;
7. Da sinalização para o trânsito;
8. Da engenharia de tráfego, da operação, da fiscalização e do policia-
mento ostensivo;
9. Dos veículos;
10. Dos veículos em circulação internacional;
11. Do registro de veículos;
12. Do licenciamento;
13. Da condução de escolares;
14. Da habilitação;
15. Das infrações;
16. Das penalidades;
17. Das medidas administrativas;
18. Do processo administrativo;
19. Dos crimes de trânsito; e
20. Das disposições finais e transitórias.
Quanto aos assuntos pertinentes a vistorias automotivas o Código de
Trânsito Brasileiro (CTB), por meio dos artigos 12 e 103, transferiu ao Conse-
lho Nacional de Trânsito (Contran) a competência para estabelecer as normas
relativas, como será apresentado a seguir.

28 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
2.1 Mas, o que é Vistoria? Qual sua finalidade e importância?

A vistoria automotiva é o processo analítico, cuja finalidade é a verificação


da autenticidade e legitimidade da identificação (análise documental e cadas-
tral) comparando-a com as características físicas (análise do bem) e verifican-
do, ainda, se o veículo vistoriado dispõe de todos os equipamentos obrigató-
rios exigidos na legislação de trânsito, atestando, por fim, o funcionamento
aparente de alguns itens obrigatórios.
A Vistoria é uma obrigação do Estado em regulamentar o processo, requi-
sitos, instrumentos, características e padrões, e, se antes era feita de maneira
rudimentar e empírica, com a publicação das primeiras Resoluções do Con-
selho Nacional de Trânsito (Contran) deu-se início a um período de grandes
mudanças.
Mas, antes de se adentrar no histórico das Resoluções de Trânsito faz-se
necessário destacar que a Constituição Federal, no Artigo 22, Inciso XI, de-
finiu que “compete privativamente à União legislar sobre trânsito e trans-
porte” e, por essa definição presente na Carta Magna conclui-se que todos os
assuntos relativos a trânsito e transporte devem ser tratados, privativamente,
pela União.
Já o Código de Trânsito Brasileiro deu ao Contran, através dos artigos 12
e 103, a competência para estabelecer as normas relativas a todos os assuntos
pertinentes a vistorias no País:

Art. 12.
Compete ao Contran:
I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Códi-
go e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objeti-
vando a integração de suas atividades;
VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das normas conti-
das neste Código e nas resoluções complementares;
X - normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habi-
litação, expedição de documentos de condutores, e registro e
licenciamento de veículos.

Vagner Pedroso Caovila 29


Art. 103.
O veículo só poderá transitar pela via quando atendidos os re-
quisitos e condições de segurança estabelecidos neste Código
e em normas do Contran.

Presume-se, em consequência, que o legislador maior definiu que as nor-


mativas emanadas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) são o ca-
minho único e próprio para a criação e fixação de normas no perímetro do
Direito do Trânsito, especificamente no que concerne às vistorias.
Aos Estados-membros e ao Distrito Federal, representados pelos órgãos
executivos de trânsito compete o que reza especialmente o inciso I, do artigo
22, do Código:

Art. 22.
Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos
Estados e do Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição.
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trân-
sito, no âmbito das respectivas atribuições;
II – realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aper-
feiçoamento, reciclagem e suspensão de condutores, expedir
e cassar Licença de Aprendizagem, Permissão para Dirigir, e
Carteira Nacional de Habilitação, mediante delegação do órgão
federal competente.
III – vistoriar, inspecionar quanto às condições de segurança
veicular, registrar emplacar, selar a placa, e licenciar veículos,
expedindo o Certificado de Registro e Licenciamento Anual, me-
diante delegação do órgão federal competente.

Na verdade, o CTB estabeleceu a competência privativa do Contran para


legislar sobre assuntos pertinentes a trânsito, ficando desta forma, os Estados-
membros proibidos de editar normas próprias contrárias às normativas do
Contran, salvo por delegação ou em assuntos de rotina administrativa.
Isto significa que os Estados membros, não têm a liberalidade de editar
regulamentos próprios em matéria de trânsito, não podem deixar de aplicar
norma editada pelo Contran, não podem inovar e não podem, por exemplo,

30 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
credenciar ou descredenciar entidades credenciadas pelo órgão máximo de
trânsito.
Na Tabela 1 são enumeradas, preliminarmente, as normativas do Contran
(resoluções) que apresentavam as principais características dos veículos:

Tabela 1 – Normativas do Contran (resoluções)

Data de
Resolução Assunto Situação
Edição

Define as características dos veículos Revogada


446 04/10/1971 automotores e fixa critérios a serem pela Resolu-
adotados por ocasião da sua vistoria ção 449/72

Revogada
Complementa a Resolução n. 446/71
480 13/08/1974 pela Resolu-
- Características do veículo
ção 298/08

Revogada
Altera a Resolução Contran n. 480/74,
489 06/03/1975 pela Resolu-
relativa a características do veículo
ção 298/08

No que se refere à legislação sobre a realização prática das vistorias, pode-


se apresentá-las, cronologicamente da seguinte forma:

Vagner Pedroso Caovila 31


Tabela 2 – Legislação sobre a realização prática
das vistorias, ordem cronológica (1983-2014)

Resolução Edição Assunto Situação


Dispõe sobre a realização de visto- Revogada pela
623 07/12/83
rias em veículos automotores. Resolução 809/95
Dispõe sobre a vistoria e a inspeção Revogada pelas
809 12/12/85 de veículos e dá outras providên- Resoluções 05 e
cias 06/98
Altera o Art. 6 da Resolução Con-
Revogada pela
821 22/10/96 tran n. 809, de 12 de dezembro de
Resolução 06/98
1995 e dá outras providências.
Dispões sobre a vistoria de veículos Revogada pela
5 23/01/98
e dá outras providências. Resolução 05/98
Revoga as Resoluções 809 e 821
6 23/01/98 Em vigor
do Contran.
Estabelece critérios para a regula-
Revogada pela
rização da numeração de motores
250 24/09/07 Resolução Contran
dos veículos registrados ou a serem
n.º282/98
registrados no País.
Em vigor; Alterada
pelas Resoluções
Estabelece critérios para a regula-
Contran nº 308/09
rização da numeração de motores
282 26/06/08 e 325/09; teve seu
dos veículos registrados ou a serem
art. 1º revogado
registrados no País.
pela Res. Contran
n.º 466/13
Altera o prazo previsto no parágrafo Revogada pela
308 06/03/09 7º do artigo 1º da Resolução Con- Resolução Contran
tran nº 282/2008. nº 325
Altera o prazo previsto no parágrafo
325 17/07/09 7º do artigo 1º da Resolução Con- Em vigor
tran nº 282/2008.
Estabelece procedimentos para o
466 11/12/13 exercício da atividade de vistoria de Em vigor
identificação veicular.
Altera o prazo previsto no artigo
21 da Resolução 466/2013, prorro-
493 25/06/14 Em vigor
gando sua entrada em vigor para
01/11/2014.

32 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Interessante notar o que ocorreu no período entre a fabricação da Romi-I-
setta, o primeiro carro brasileiro, em 1956, e a primeira Resolução acerca de
vistorias. Passaram-se 15 anos, o que significa que o processo de transferência
de proprietário de veículos, durante muito tempo ocorreu sem qualquer crité-
rio técnico e legislação especializada.
Este período “sem legislação” é compreensível, considerando que, naquela
época, existiam poucos veículos em circulação.
Fato importante na história da legislação de trânsito foi a publicação do
decreto 5.108, de 1966, que criou o segundo Código Nacional de Trânsito,
modificado pelo decreto 271 de 23 de fevereiro de 1967, instituindo o Depar-
tamento Nacional de Trânsito (Denatran), órgão máximo executivo de trân-
sito.
O atual Código de Trânsito Brasileiro (CTB), também, trouxe uma im-
portante novidade, a criação do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), que é
definido em seu artigo Art. 5º:

(...) o conjunto de órgãos e entidades envolvidas no processo de


trânsito, tanto da União, Estados, Distrito Federal e Municípios
que possuem como atribuição o exercício das atividades de pla-
nejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e li-
cenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de
condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário,
policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recur-
sos e aplicação de penalidades.

O artigo 7º do CTB define e detalha, de forma criteriosa, os órgãos e res-


pectivas competências no Sistema Nacional de Trânsito (SNT):

Art. 7º - Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes


órgãos e entidades:
I - o Conselho Nacional de Trânsito - Contran, coordenador do
Sistema e órgão máximo normativo e consultivo;
II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - Cetran e o Conselho
de Trânsito do Distrito Federal - Contrandife, órgãos normativos,
consultivos e coordenadores;
III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

Vagner Pedroso Caovila 33


IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
V - a Polícia Rodoviária Federal;
VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e
VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (JARI).

Observa-se que o primeiro inciso define o órgão máximo normativo e


consultivo de trânsito, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão fe-
deral, coordenador do Sistema Nacional de Trânsito (SNT).
Os incisos seguintes definem os demais órgãos participantes do Sistema
Nacional que muito embora tenham extrema importância dentro do sistema,
não serão objeto deste estudo que ficará restrito à análise da legislação de trân-
sito federal e, consequentemente, à ação do Contran e Denatran.
Como se vê a Lei n.º 9.503, de 23 de setembro de 1.997 (CTB), cuidou
de estabelecer e delimitar as competências de cada parte do sistema, estando
àquela referente ao Contran fixada no artigo 12 do CTB, enquanto o Depar-
tamento Nacional de Trânsito (Denatran) foi objeto de regulamentação no
artigo 19 e os Departamento(s) Estadual(is) de Trânsito (Detrans) no artigo
22, todos do mesmo diploma legal.
Com estrutura e competências definidas nos dispositivos supracitados
fomentaram-se, por parte do Contran, os estudos e edições de Resoluções a
respeito de todos os assuntos relacionados a trânsito, e passou o Denatran –
órgão máximo executivo de trânsito – a estabelecer os procedimentos para
execução das normas e fiscalização dos Estados-membros.
Em 2006, o Contran aprovou seu regimento interno, criando câmaras te-
máticas sobre diversos assuntos, aumentando assim sua atuação normatiza-
dora em todas as esferas atinentes a trânsito.

Art. 1º- As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vinculados ao


Conselho Nacional de Trânsito (Contran) têm como objetivo es-
tudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre as-
suntos específicos para decisões do Conselho, nos termos do
Art. 13 do Código de Trânsito Brasileiro.

Hoje as câmaras temáticas estão divididas seis (06) temas definidos no


artigo Art. 2º da Resolução 218/2006:

34 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Art. 2º - As Câmaras Temáticas são:
I – de Assuntos Veiculares;
II – de Educação para o Trânsito e Cidadania;
III – de Engenharia de Tráfego, da Sinalização e da Via;
IV - Esforço Legal: infrações, penalidades, crimes de trânsito,
policiamento e fiscalização de trânsito;
V – de Formação e Habilitação de Condutores;
VI – de Saúde e Meio Ambiente no Trânsito.

Voltando ao tema das vistorias, tem-se que em, 12 de dezembro de 1983,


foi publicada a Resolução Contran de n. 623, que pela primeira vez previu a
possibilidade de as Vistorias de Segurança serem realizadas por outras entida-
des e, também, por empresas credenciadas, desde que obedecessem a critérios
de idoneidade e capacidade técnica.
O que se viu como resultado da referida legislação é que algumas oficinas
mecânicas e concessionárias de veículos passaram a auxiliar alguns Ciretran
na análise do processo de vistorias.
Abre-se, aqui, um parêntese para destacar que os Detrans sempre utiliza-
ram e continuam a utilizar das empresas privadas como auxiliares em proces-
sos de gravação e regravação de motores e chassis, por ser um serviço técnico
específico que exige material e know how próprios.
Nas vistorias de segurança eram verificadas se os veículos ofereciam con-
dições de circulação e se dispunham dos equipamentos obrigatórios, deter-
minados pelo Regulamento do Código Nacional de Trânsito e Resoluções do
Contran.
O art. 5º, da mesma Resolução, define que as vistorias por ocasião do regis-
tro dos veículos, decorrentes de transferência de propriedade ou de domicílio
do proprietário, serão obrigatoriamente executadas pelos órgãos de trânsito e,
que além das condições de segurança e porte dos equipamentos obrigatórios,
os órgãos de trânsito verificarão, especialmente, as características do veículo
em confronto com a documentação apresentada.
Interessante notar que muito embora o legislador do Contran tenha esta-
belecido critérios rígidos para a feitura das vistorias definindo o modus ope-
randi necessário, no § 1º do mesmo art. 5 ficou estabelecido que o(s) Detrans,
a seu exclusivo critério, poderá(ão) aceitar como vistoriado o veículo, cujo

Vagner Pedroso Caovila 35


proprietário atestar condições de segurança e o porte de os equipamentos
obrigatórios.
Como se vê é antagônica a determinação que denota enorme contrassen-
so, pois, o dono de um veículo adulterado poderia facilmente declarar que o
veículo estava regular e o Estado, ao aceitar a declaração sem a efetiva verifi-
cação física, estaria homologando a fraude.
Em decorrência da ausência das vistorias, durante anos os próprios
Estados aprovaram a transferência de veículos irregulares, roubados/fur-
tados, criando o que hoje se chama de carros “dublês”, “clonados”; carros
idênticos, com mesma marca, cor, chassis e placas (grifo do autor).
Com efeito, é inevitável que as falhas nas vistorias realizadas por alguns
Detrans continuem ocorrendo no País pela falta de estrutura e qualificação
profissional dos vistoriadores que hoje atendem os Estados.
Na maioria das unidades de trânsito de pequenas cidades do Brasil, as
vistorias são realizadas por agentes sem qualquer qualificação técnica, que
se utilizam de conhecimentos empíricos e da boa vontade, frente à falta de
treinamento e qualificação, o que, evidentemente, não atende à demanda e à
crescente sofisticação nas fraudes.
Como será apresentado em capítulo próprio, hoje em dia os criminosos
têm à sua disposição sofisticados equipamentos para a realização das fraudes
como, por exemplo, máquina de gravação a laser, que com perfeição utilizam
o padrão e especificações dos fabricantes, dificultando a descoberta das frau-
des por agentes que não dispõem da melhor técnica na aferição.
Outro aspecto que dificulta o trabalho do vistoriador nos postos dos DE-
TRAN(s) é a enorme quantidade de veículos circulantes no país. Para se ter
uma ideia no ano de 1998, o país bateu a marca de 40 milhões de veículos
produzidos. Em 2013 a indústria automobilística bateu um novo recorde e
colocou no mercado nacional mais de 3,5 milhões de carros.
O ano de 2006 foi marcado por importante mudança e evolução dos crité-
rios de fiscalização, especialmente, quanto aos motores, pois se antes de 2006
eles eram vistos como um acessório pelos órgãos de trânsito, a partir da Reso-
lução Contran 199/2006, passaram a incorporar a identidade do carro, sendo
estabelecidos padrões de procedimentos para registros de veículos no País, no
que concerne à numeração de motores.
A Resolução 199/2006 determinou a obrigatoriedade da verificação da

36 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
compatibilidade do motor com a Base Nacional (BIN), base estadual e com
a documentação do veículo, ou seja, com a numeração original que o veículo
foi produzido e gravado.
Além disso, essa Resolução 199/2006, direcionou a coleta por meio óptico
(fotografia) dos números dos motores de difícil visualização para efeito de
controle e regularização dos mesmos. Este serviço podia ser efetuado por em-
presas credenciadas pelos Detrans.
Tal procedimento alterou a conduta dos apaixonados por carros, que, mui-
tas vezes, trocavam os motores de seus veículos, por motores mais potentes,
considerando que o motor não era tratado como item de identificação dos
automóveis. Por isso, muitos carros antigos, hoje, possuem motores não origi-
nais que, necessariamente, precisam ser regularizados junto a um Detran após
autorização administrativa ou judicial de remarcação.
Em 2007, a Resolução Contran 250/2007, revogou a 199, permitindo que
o agente do Detran, declarasse a procedência lícita dos motores para os casos
de difícil visualização de identificação, desde que houvesse uma Declaração de
Procedência assinada pelo proprietário do veículo.
As mudanças trazidas pela Resolução 199/2006 e 250/2007 suscitaram
questionamentos por parte do Sindicato da Indústria Automotiva (Sindire-
pa), Sindicato Remanufaturados, Recondicionados e/ou Retífica de Motores
e Agregados Periféricos do Estado de São Paulo (Sindimotor), Associação
Paulista de Retífica de Motores (Aparem) e do Conselho Nacional de Retífica
de Motores (Conarem), que apontaram necessidade de promover ajustes nos
referidos normativos, bem como esclarecimentos do processo até, então, vi-
gente.
Os citados questionamentos foram analisados pela Câmara Temática de
Assuntos Veiculares do Contran, sendo formado um Grupo de Trabalho Es-
pecífico para estudo do tema composto por representantes do Sindicato Na-
cional da Indústria de Componentes Veículos Automotivos (Sindipeças), da
Associação Nacional dos Organismos de Inspeção (Angis), da Federação Na-
cional das Empresas de Seguros Privados e Capitais (Fenaseg) e da Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).
A proposta apresentada pelo Grupo de Trabalho e, aprovada pela Câ-
mara, na 10ª Reunião Ordinária, em 17 e 18 de abril de 2008 sugeria duas
grandes mudanças para o processo de vistorias conforme se colaciona no

Vagner Pedroso Caovila 37


Quadro 1 abaixo:

Quadro 1 – Proposta aprovada na Câmara Temática (2008)

Proposta aprovada na Câmara Temática


Art. 1º. Na realização das vistorias de regularização e trans-
ferência de veículos previstas na Resolução n. 05/98, deverá
ser coletada por meio óptico a numeração do chassi, do
motor e da parte traseira do veículo com a numeração da pla-
ca de identificação legível, pelos órgãos de trânsito ou por
empresas credenciadas e comparada com as numerações e
restrições nas seguintes bases:
§1 º Caberá ao Denatran definir os critérios mínimos para
habilitação de empresas capacitadas para a realização das
vistorias e caberá aos órgãos de trânsito o credenciamento
das empresas dentro do critério estabelecido

Conforme grifado acima, a proposta do Grupo de Trabalho substituía a


coleta da numeração do chassi e motor realizada por meio de decalque para
método óptico, além disso, sugeriu que as vistorias fossem realizadas, tam-
bém, por empresas credenciadas pelo Denatran.
Neste contexto é importante destacar que o critério de credenciamento
adotado, por parte do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) foi,
efusivamente, questionado pelos Departamentos Estaduais de Trânsito (De-
trans) como veremos mais ao sul, já que referidos órgãos estaduais de trânsito
solicitavam para si a prerrogativa para credenciar ou não as empresas de vis-
torias.
Dados relevantes da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São
Paulo demonstraram recorde em queda percentual de furto (17%) e roubo de
automóveis (14%), em 2007.
Evidente que referida queda ocorreu pelo efeito causado pelas novas re-
soluções, bem como pelo trabalho realizado pelas empresas de vistoria que,
rotineiramente, foram informando à população sobre as eventuais irregula-
ridades nos veículos, bem como da necessidade de realizar vistoria, antes da
compra ou venda, de veículos.

38 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Entre os anos de 1998 até 2008, os Detrans utilizaram os critérios estabe-
lecidos na Resolução Contran 05/98 e 14/98 para realização de suas vistorias
por ocasião da transferência de propriedade ou de domicílio, ou ainda em
qualquer alteração das características originais dos veículos, onde basicamen-
te eram checados:

l a autenticidade da identificação do veículo e da sua documentação;


l a legitimidade da propriedade;
l se os veículos dispõem dos equipamentos obrigatórios, e se estes aten-
dem às especificações técnicas e estão em perfeitas condições de fun-
cionamento e,
l se as características originais dos veículos e seus agregados não foram
modificados e, se constatada alguma alteração, esta tenha sido autori-
zada, regularizada e, conste no prontuário do veículo na repartição de
trânsito,

Em 2008, a Resolução Contran 282/2008, revogou a 250, aplicando crité-


rios, ainda, mais rígidos para a realização das vistorias, além de obrigar que
em todas as vistorias fossem coletadas por meio óptico, a numeração do chas-
si, do motor e da parte traseira do veículo, comparando-se as numerações e as
restrições das seguintes bases:

l o cadastro informatizado do veículo na Base de Índice Nacional


(BIN) Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam);
l o cadastro informatizado do veículo em campo próprio da Base Es-
tadual ou no campo das “observações” do Certificado de Registro de
Veículo (CRV) Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos
(CRLV);
l na documentação física existente nos órgãos executivos de trânsito dos
Estados e do Distrito Federal.

Ficou exposto que, um dos objetivos do Conselho Nacional de Trânsito


(CNT), com a publicação da Resolução 282, era eliminar as fraudes propi-

Vagner Pedroso Caovila 39


ciadas pelo decalque (grifo do autor) e garantir a constatação do bem, assim
como permitir uma melhor avaliação de possíveis adulterações nas caracte-
rísticas de gravação, pois, a resolução determinou, exclusivamente o método
óptico (fotografia digital), por permitir em uma segunda etapa, armazena-
mento e conferência eletrônica em Sistema Único Nacional, denominado de
Sistema Nacional de Controle e Emissão de Certificado de Segurança Veicular
e Vistoria (SISCSV).
Interessante notar que durante anos, as vistorias ficaram adstritas à
coleta de um simples pedaço de papel (denominado decalque) onde era
sobreposto ao relevo do número do chassi e rabiscado, com lápis, a nume-
ração. Tal situação que para os leigos parece, até mesmo, uma brincadeira
de criança foi e continua sendo a única forma de verificação da inexistência
de fraudes em vistorias na maioria dos Estados brasileiros. Sendo ampla-
mente utilizado, até hoje, em laudos de vistorias.
Acerca do decalque serão apresentados vários exemplos que apontam sua
fragilidade e explicam o motivo de o Contran ter extirpado tal método do
ordenamento jurídico brasileiro.
Para os casos de difícil visualização, tornou-se obrigatória a desmontagem
e adoção do laudo de vistoria que, para todos os casos, deve compreender a
foto do número do motor, do chassi e da placa traseira.
A vistoria estabelecida pela Resolução 282/08 trouxe a inovação de poder
ser realizada pelo Detran ou por empresas privadas de atuação exclusiva em
vistorias, denominadas Empresas Credenciadas de Vistoria (ECVs), devida-
mente credenciadas pelo Denatran, conforme critérios publicados pelas por-
tarias do Denatran (n° 131/2008, 312/2010, 431/2010 e 1334/2010).
Conforme se verá pelos requisitos abaixo descritos, é nítida a preocupação
do Denatran ao estabelecer rígidos critérios para atuação das empresas inte-
ressadas em prestar esse tipo de serviço como, por exemplo:

l Obrigatoriedade de ser empresa de atuação exclusiva no ramo de vis-


toria;
l Habilitação jurídica, fiscal e técnica;
l Seguro de Responsabilidade Civil de, no mínimo, R$300.000,00;
l Certificado de Qualidade ISO 9001;

40 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
l Profissionais com qualificação técnica comprovada;
l Canal aberto de Ouvidoria;
l Controle informatizado por biometria;
l Filmagem da vistoria por meio de sistema OCR; e
l Sistema único de controle de emissão e monitoramento dos laudos
de transferência denominado Sistema de Controle e Fiscalização para
Emissão de Certificado de Segurança Veicular e Vistorias (SISCSV).

Como efeito prático da Resolução 282/2008 para o cidadão comum, ob-


serva-se a possibilidade de a realização de vistoria em local adequado (sem
enfrentar as filas de alguns Detrans), inclusive tendo a possibilidade de agen-
dar horário e de obter indenização por eventuais erros nas vistorias realizadas
pelas empresas ECVs.
A abertura de empresas ECVs, credenciadas pelo Denatran após o cum-
primento dos critérios estabelecidos pelo órgão, além da geração de milhares
de empregos formais, geração de renda e impostos, ainda possibilitou que o
Denatran tivesse controle sobre os veículos reprovados em vistoria ou trans-
feridos no Brasil, não havendo mais a possibilidade de se “quebrar” a vistoria,
ou ainda transferir em outra localidade veículos reprovados anteriormente.
Em 23 de julho de 2010, dando cumprimento à determinação contida na
Resolução 282, o Denatran publicou a portaria 431/2010, trazendo a obriga-
toriedade dos Detrans e empresas ECVs, de utilizarem o sistema de emissão
de laudo de Vistoria integrado ao SISCSV, uniformizando os procedimentos
de vistoria em todo o território nacional, além de exigir que as mesmas sejam
filmadas através de sistema OCR, ou seja, o Denatran exigiu o uso das novas
tecnologias como instrumento de inibição de fraudes.
O saudoso jurista Cyro Vidal ao escrever parecer técnico editado em 15 de
setembro de 2010, sobre a Resolução 282/2008, comenta a mudança trazida
pelo novo ordenamento:

Deu-se, portanto, um caráter técnico à vistoria, deixando


de ser uma “simples vista de olhos” para se transformar
em verdadeiro cadastro no sistema informatizado BIN/Re-
navam.

Vagner Pedroso Caovila 41


Em 29 de dezembro de 2012, o Denatran publicou a Portaria 1334/2010,
exigindo que todas as vistorias no País fossem realizadas por meio do sistema
único SICSV, devendo tanto os Detrans, quanto as ECVs utilizarem os equi-
pamentos de segurança estabelecidos na Portaria 431/2010 e arquivarem os
resultados dos laudos e filmagens para futuras fiscalizações.
Devido à relevância, atualidade e polêmicas que envolvem a resolução do
Contran 282/2010, serão apresentados comentários sobre suas implicações e
portarias complementares a ela, em tópico próprio.
Em 16 de dezembro de 2013, foi publicada a Resolução 466/2013, estabe-
lecendo procedimentos para o exercício da atividade de vistoria de identifi-
cação veicular, em referida portaria alterou a regra anterior onde o Denatran
credenciava as empresas de vistorias para atuação em suas cidades de origem,
sendo transferida a prerrogativa do credenciamento para os Departamentos
Estaduais de Trânsito (Detrans).
Referida alteração trouxe mudanças significativas, pois, se antes, o Dena-
tran credenciava toda empresa que cumprisse os requisitos legais, com a Re-
solução 466 o credenciamento passou a ser uma prerrogativa de cada Estado.
Ou seja, os Estados que entenderem que precisam alterar suas estrutu-
ras para atendimento da população podem credenciar empresas privadas que
preencherem os requisitos previstos na Resolução 466.
Quanto aos requisitos previstos na atual Resolução pouco se diferenciam
dos requisitos contidos na Resolução anterior e Portaria 131/2008 do Dena-
tran, com exceção do aumento do valor da apólice de seguro por erro profis-
sional de R$ 300.000,00 para R$ 500.000,00 dentre outros aperfeiçoamentos
visando à segurança no processo de credenciamento.
No tocante à nomenclatura, o “credenciamento” foi substituído por “habi-
litação”, o que pouco ou nada altera no substrato legal, haja vista que tanto o
primeiro quanto o segundo termo possuem a mesma característica, onde um
ente público terceiriza parte de suas atividades técnicas ao ente privado por
tempo determinado e após o cumprimento de requisitos legais.
Outra mudança trazida com a nova Resolução é que a denominação Em-
presa Credenciada em Vistoria (ECV), criada pelo próprio Denatran foi des-
continuada, haja vista a mudança de “credenciamento” para “habilitação”.
Considerando que a denominação ECV é hoje usada amplamente pelos
órgãos públicos e população que recebem os seus serviços, será mantida a

42 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
nomenclatura em questão, neste trabalho, quando se tratar de empresas de
vistorias (sejam credenciadas ou habilitadas).
Mesmo com previsão para entrar em vigor em 1º de julho de 2014, a Reso-
lução 466 só teve efetividade a partir de 1º de novembro de 2014, consideran-
do que a Resolução 496/2014 prorrogou sua data de entrada em vigor.
Com a entrada em vigor da nova Resolução de vistorias, vários Estados já
estão se manifestando e escolhendo se irão utilizar das empresas privadas ou
continuarão realizando as atividades de forma exclusiva.
Estados como São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia,
Bahia, Amazonas, já publicaram suas portarias de credenciamento para em-
presas de vistorias, outros Estados estão em estudo quanto ao melhor formato.
Também se têm notícias de que o Estado de Goiás licitou as atividades de
vistorias e outros Estados estudam o mesmo caminho.
Entende-se que a decisão dos gestores de cada Detran deve se pautar, prin-
cipalmente no benefício para a população e, por isso mesmo, o gestor de cada
órgão executivo de trânsito deve-se questionar se a população está satisfeita
com as vistorias em todas as cidades de seus respectivos Estados e se o órgão
está cumprindo a determinação legal, lançando todos os resultados das visto-
rias dentro do Sistema Único de Vistorias do Denatran (SISCSV).

Vagner Pedroso Caovila 43


CAPÍTULO III
FRAUDES EM VISTORIA

Estudos indicam que mais de 5% dos veículos, em circulação, possuem


queixa ativa de roubo e furto, o que resulta em mais de 3 milhões de veículos
irregulares.
Profissionais do ramo de vistoria e estudiosos do assunto afirmam que cer-
ca de 30% dos automóveis, em circulação, possuem irregularidades que lhes
impossibilitariam a circulação caso passassem por vistoria e fossem checados
os itens obrigatórios e previstos na legislação em vigor.
Todos esses dados são alarmantes e levam à conclusão de que o cidadão
comum corre um grande risco de comprar um “gato por lebre” ao realizar a
compra de um veículo usado.
Também denota um avanço significativo das técnicas utilizadas pelos cri-
minosos para realização das fraudes, além, é claro de falha congênita nos pro-
cessos de vistoria.
Para que se entenda a importância do processo de vistoria, é apresentado
o fluxograma das fraudes em automóveis (Figura 7), considerando as hipóte-
ses de fraudes para comercialização dos veículos e fraudes para desmanche e
comercialização de peças roubadas.
Antes, porém, é preciso esclarecer que quando uma pessoa compra um

Vagner Pedroso Caovila 45


veículo usado tem a obrigação de transferir a propriedade do bem para seu
nome, ou seja, devem ser repassados os seguintes documentos Certificado de
Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV) e o Certificado de Registro
de Veículo (CRV) para o novo comprador, para que no prazo máximo de 30
dias, transfira a propriedade conforme prevê o art. 123 do Código de Trânsi-
to Brasileiro (CTB):

(...) “será obrigada a expedição de novo CRV quando: for trans-


ferida a propriedade; o proprietário mudar o município ou resi-
dência; for alterada qualquer característica do veículo; ou hou-
ver mudança de categoria no veículo. No caso de transferência
de propriedade, o prazo para o proprietário adotar as provi-
dências necessárias à efetivação é de trinta dias, sendo que
nos demais casos a providência deve ser imediata.” Se a trans-
ferência somente for realizada após o prazo determinado, uma
infração de trânsito será imposta ao adquirente (Grifo nosso).

Figura 5 - Modelo de Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo


(CRLV)

46 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Já para realização da transferência de documento, obrigatoriamente, se
deve proceder à vistoria do veículo para que o órgão executivo de trânsito
(Detran) ou uma empresa habilitada pelo mesmo, culturalmente denominada
ECV, realize a análise física de todos os itens obrigatórios exigidos nas Resolu-
ções números 14, 259, 282 e 466 do Contran.

Figura 6 – Vistoria realizada em unidade do Detran

Mesmo sendo procedimento, regra prevista na legislação, infelizmente


existem pessoas que proporcionam a “facilidade” de não realizar a vistoria,
oferecendo a conduta ilegal e criminosa de se “quebrar a vistoria”.
Antes, ainda, de se expor o processo de fraude na vistoria necessário se faz
definir a expressão conhecida como “quebra de vistoria” que pode ser com-
preendida como forma ilegal, fraudulenta e simulada de se suprimir a vistoria
física do veículo ou deixar de realizá-la observando-se todos os itens previstos
na legislação.

Vagner Pedroso Caovila 47


A quebra é, diariamente, oferecida em lojas de veículos, concessionárias e,
até mesmo por profissionais despachantes, que oferecem a facilidade de se evi-
tar a vistoria, pagando assim “taxa/propina” para que o veículo seja aprovado
na vistoria sem mesmo ter passado por ela dentre outras hipóteses criminosas
que serão tratadas a seguir.
Apresenta-se na Figura 7, um fluxograma demonstrando o fluxo da fraude
em veículos roubados/adulterados e, posteriormente comercializados, sem a
realização das vistorias.

VEÍCULO
PASSA POR
RECEPTADOR LADRÃO ROUBA/
PROCESSO DE
ENCOMENDA O FURTA O VEÍCULO
ADULTERAÇÃO DE
ROUBO DE UM E ENTREGA
IDENTIFICADORES.
DETERMINADO NO LOCAL
(N° DE CHASSI,
VEÍCULO COMBINADO
MOTOR, PLACAS.
ETC.)

VEÍCULO É É REALIZADA
DOCUMENTADO A “QUEBRA”
VEÍCULO É E TRANSFERIDO DA VISTORIA”
COMERCIALIZADO PARA PARA QUE SEJA
PARA TERCEIROS PROPRIETÁRIO E PROVIDENCIADA
ENDEREÇOS DE SUA
“LARANJAS” DOCUMENTAÇÃO.

Figura 7 - Fluxo da fraude em veículos roubados e adulterados - comercialização


do veículo
Como se pode constatar, a vistoria é um processo fundamental na lega-
lização OU NÃO do veículo proveniente de roubo/furto e adulteração, pois,
somente com a “quebra da vistoria”, com a conivência do vistoriador, ou ainda
pelo erro humano é que se torna possível a legalização de veículos provenien-
tes de roubo/furto e adulteração.
Mas, a “quebra da vistoria” é algo comum no País?
O tópico seguinte trata da “Cultura da fraude” como resposta a esta per-
gunta.

48 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
A grande falha no modelo antigo do processo de vistoria (antes da Resolu-
ção 282/2008) era exatamente deixar que o FATOR HUMANO fosse o único
recurso na realização da vistoria, situação essa que será alterada com o efetivo
cumprimento das Resoluções 282/08 e 466/2013 do Contran, pois, tais nor-
mativas trouxeram um novo processo de vistoria embasado no uso de equi-
pamentos de segurança para garantia de sua procedência, ou seja, primando
pelo FATOR TECNOLÓGICO.
Trata-se de importante avanço proposto aliando a tecnologia a profissio-
nais bem treinados para a realização das vistorias, pois, o uso da tecnologia,
além de coibir e, praticamente impossibilitar a realização das fraudes (quebra
de vistoria) possibilita, ainda, a identificação imediata dos responsáveis, caso
as mesmas ocorram e o ressarcimento dos prejuízos pelo responsável pela rea-
lização da vistoria.
E por que existem tantas fraudes/falhas em vistorias?

3.1 Cultura da Fraude e a Responsabilidade Objetiva do Estado

Na maioria das cidades do País convive-se com a “cultura da fraude”, que


nada mais é do que o costume de se comprar um veículo usado com a “facili-
dade” de se adquirir um bem com o serviço da entrega do documento pronto
em mãos, ou seja, ao invés de se comprar o veículo e o levar para que seja reali-
zada a vistoria de transferência (como é determinado em lei), muitos, por uma
questão de costume arraigado há anos na cultura brasileira preferem “comprar
a facilidade da quebra da vistoria”, do documento pronto em mãos, excluindo,
assim, a vistoria física do automóvel e, por consequência, mesmo que, incons-
ciente praticando um crime.
O problema da “quebra da vistoria” não é raro e é incentivado por muitos
lojistas de automóveis, pois, hoje, quando se dirige a uma concessionária para
comprar um veículo seminovo ou usado, já é oferecido tal serviço, muitas ve-
zes, realizado por despachantes.
E em resposta ao questionamento acima, é possível afirmar que o procedi-
mento de “quebra de vistoria” é rotina em boa parte dos municípios brasilei-
ros, e que vem sendo exposta, frequentemente nos noticiários.
A não realização das vistorias é o principal fator para a quantidade enorme

Vagner Pedroso Caovila 49


de roubos e furtos de veículos que ocorrem no país, pois, o criminoso encon-
tra a facilidade de cometer o roubo/furto e após realizar as adulterações, ter
a facilidade do próprio órgão executivo de trânsito homologar a fraude com
seus carimbos de “aprovado/vistoriado”.
A situação exposta é crítica, histórica e contamina quase todos os órgãos
estaduais do país.
Não são raras as vezes em que os próprios despachantes levam o processo
pronto para transferência, juntamente com os decalques que são retirados ou
não dos veículos que deveriam ser vistoriados, e os servidores dos Detrans,
interessado na fraude ou simplesmente conivente com a cultura do órgão, ba-
tem o carimbo, autorizando e aprovando a transferência sem a vistoria física.
O resultado disso é que diariamente vê-se nos noticiários casos de pessoas
que compraram seus veículos, e quando foram vendê-los descobriram que
eles estavam adulterados e, por consequência, não poderiam circular e não
poderiam ser comercializados.
Também são frequentes os casos de pessoas que começam a receber multas
em casa e descobrem que existem veículos “clonados/dubles” com as mesmas
características dos originais. Nestes casos inicia-se uma verdadeira “via sacra”,
pois, é obrigatória a instauração de procedimento criminal para se descobrir
qual carro é o verdadeiro e qual o clonado.
O Estado, ao aceitar que as vistorias não sejam realizadas, possibilita a
prática ilícita da “quebra de vistoria”, possui responsabilidade objetiva e direta
no resultado.
Ou seja, o Detran que não realiza suas vistorias conforme determina a
legislação em vigor, checando todos os itens obrigatórios e lançando os dados
das vistorias no sistema único do SISCSV do Denatran, é o responsável direto
caso o consumidor descubra que após a vistoria feita pelo Detran, seu veículo
possui problemas estruturais, documentais, possui peças de outros veículos
adulterados ou ainda são carros clonados.
Essa verdade indigesta, muito embora seja sabida pelos gestores dos órgãos
de trânsito, é pouquíssima divulgada pela mídia, fazendo com que ajam pou-
cas demandas judiciais responsabilizando os Estados pelo “carimbo amigo”.
Buscando apresentar o outro lado, é verdade que boa parte dos Departa-
mentos Estaduais de Trânsito possui estrutura física e de equipamentos suca-
teados e falta de pessoal treinado para a realização das vistorias, no entanto,

50 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
é preciso lembrar que a maioria dos Detrans são grandes arrecadadores de
receitas tendo em vista o número enorme de taxas recebidas pelas transferên-
cias, habilitações dentre outros serviços prestados.
Por esse raciocínio pode-se concluir que não falta receita à maioria dos
Detrans, no entanto, por questões políticas, muitas vezes, os gestores destes
órgãos são obrigados a transferir o saldo superavitário aos caixas dos gover-
nos estaduais.
Existem, ainda, casos onde os gestores não demonstram interesse em se
adequar as normativas estabelecidas pelo Contran, muito embora sejam obri-
gatórias, preferindo fechar os olhos para as fraudes e para a obrigatoriedade
de cumprimento da legislação vigente.
Seja qual for a peculiaridade apresentada por cada um dos 27 Departa-
mentos Estaduais de Trânsito, fato é que não se pode mais admitir a cultura
da fraude, não se pode mais permitir que facilitadores levem os processos
prontos para que os servidores homologuem as fraudes, não se pode mais
permitir é que sejam obrigados a lançar os dados das vistorias dentro do SIS-
CSV (sistema único do Denatran) em procedimento tecnológico e continuam
trabalhando, exclusivamente com os decalques.

3.2 Método Antiquado e Falho do Decalque

Se os métodos para falsificação e adulteração de chassis e motores evoluem


espantosamente, os métodos e processos na realização das vistorias, também
evoluíram e como visto estão em vigor. No entanto, a legislação não vem
sendo cumprida pela maioria dos Estados que desconsideram as Resoluções
282/2008 e 466/2013 do Contran e continuam a utilizar o decalque.
Mas, por que o método de decalque é tão ruim?
O decalque é uma forma rudimentar, por meio da coleta do número do
chassi, a lápis, em um decalque (pedaço de papel), cujo procedimento, por ser
arcaico e superficial, não permite a confirmação de que realmente o veículo
decalcado é o mesmo que está sendo vistoriado e permite a ocorrência de
fraudes em vários tipos de superfícies como a madeira, isopor, sabão, entre
outros.
O perito judicial especialista em vistorias veiculares, Hugo Sulacov, em seu

Vagner Pedroso Caovila 51


Parecer Técnico Comparativo dos Serviços Prestados de Vistorias Veiculares
por ECV com os Serviços Prestados pelos Detrans e Ciretrans, ensina que:

Para identificar um veículo, no que diz respeito às gravações


identificadoras de chassi e motor, primeiramente é necessário
comparar se os caracteres das gravações presentes no veículo
conferem com os caracteres cadastrados pelo fabricante e pelos
Órgãos de Trânsito nas Bases Estaduais e/ou Federais.

Mas, a identificação do veículo vai muito além da simples comparação das


informações expressas nas gravações com as bases de consulta, pois, devem
observados os seguintes aspectos:

a) Tamanho dos Caracteres Gravados;


b) Alinhamento da gravação identificadora (esta somente para veículos
que possuem suas gravações identificadoras gravadas por processos
automatizados);
c) Espaçamento entre os caracteres gravados;
d) O Calibre do contorno dos caracteres;
e) A preservação da superfície local da gravação, que não deve apresentar
irregularidades, tais como, marcas de solda no entorno, abalroamento,
vestígios de abrasão e/ou de outras numerações sob a gravação;
f) Presença da pintura original do local da gravação do chassi.

Dos aspectos supracitados, ressalta-se que para evidenciar as gravações


para arquivamento e posterior consulta, somente o método de coleta por meio
óptico proporciona a observação de todos os itens. A coleta realizada pelo
método de decalque permite que o agente conferente observe somente os
itens “a”, “b”, “c” e “d”, não sendo possível evidenciar os itens “e”, “f ” e “g”,
ou seja, não é possível constatar presença de marcas de solda no entorno,
abalroamento, vestígios de abrasão e/ou de outras numerações sob a gra-
vação, o que causa prejuízo na qualidade e segurança do processo de visto-
ria, pois estes aspectos não evidenciados pelo decalque são extremamente

52 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
comuns nas adulterações de gravações idenficadoras de chassi e motor.
Para efeito de consultas posteriores à realização da vistoria, o decalque
perde a qualidade, pois, o grafite utilizado para visualização da numeração
sofre desgaste com o tempo, prejudicando, muitas vezes, a identificação da
numeração coletada.
Seu arquivamento é físico em um laudo de papel, portanto, é um método
que oferece pouca segurança quando se refere a perdas de informação, seja
por extravio, ou eventos imprevistos, como incêndios e alagamentos.

Figura 9 - Exemplo de Decalques

Figura 10 - Demonstração de como é fácil alterar, no decalque um caractere


identificador

Vagner Pedroso Caovila 53


O decalque foge, completamente à lógica da necessidade de segurança no
processo de identificação, permitindo fraudes que podem ser feitas de forma
grosseira e sem qualquer conhecimento aprofundado, conforme figuras 11 e 12:

Figura 11 - Exemplo de decalque em sabonete

54 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Figura 12 - Exemplo de decalque realizado em pedaço de madeira

Hoje, em dia, os criminosos têm à sua disposição sofisticados equipamen-


tos para a realização das fraudes que vão desde jogos de punções (Figura 13),
que são equipamentos utilizados para gravação e regravação de chassis, câm-
bios e motores, como também máquina de gravação a laser (Figura 14), que
com perfeição seguem o padrão e as especificações dos fabricantes, dificul-
tando a descoberta das fraudes por agentes que não disponham da melhor
técnica nesta aferição, como por exemplo, equipamento pericial que realiza o
“raio-X” das numerações do chassis e motor (Figura 15).

Figura 13 - Jogos de Punções utilizados em gravações e remarcações

Vagner Pedroso Caovila 55


Figura 14 - Exemplos de máquina de marcação a laser muito utilizado para
marcação de peças de todo o tipo em vários seguimentos de mercado

Figura 15 Equipamento
pericial que realiza o
“raio-X” das numerações do
chassis e motor em busca de
fraude

Outro aspecto que dificulta o trabalho do vistoriador nos postos dos De-
trans é o aumento significativo da frota, que não é acompanhado pelo investi-
mento público na contratação e treinamento de pessoal, estrutura física ade-
quada e equipamentos.

56 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
3.3 Falhas no Processo Atual Utilizado pelos Detrans e a
Necessidade do Combate ao Crime Organizado

Vive-se hoje, no Brasil, um problema estrutural e cultural causado pelas


fraudes em vistoria.
Existe no Brasil hoje (segundo o site do Denatran), 3 milhões de ocorrên-
cias de roubo e furto ativas (veículos roubados e não encontrados), represen-
tando 4,77% do volume total da frota circulante.
Esses dados assustam: em 2005, foram roubados/furtados 357.855 veícu-
los no País - um a cada 90 segundos. Na frota segurada, de 2001 a 2005 o total
de roubos/furtos subiu 41%, enquanto essa frota cresceu só 25%. O destino da
maior parte deles continua sendo os desmanches ilegais, onde são retiradas,
além de motores inteiros, as peças de maior procura para abastecer o merca-
do paralelo. O índice de roubos de cada modelo está relacionado à procura
dessas peças, levando-se em conta o preço, o grau de uso e a escassez delas no
mercado original.
Este mercado bilionário existe e aumenta a cada dia, pois há falta de fiscali-
zação adequada, e diariamente, os Estados homologam as fraudes ao permitir
as “quebras de vistorias” e ao utilizar métodos falhos e empíricos em suas
vistorias.
Tais fraudes podem ser detectadas no momento da vistoria, antes que o
cidadão de boa-fé adquira o veículo adulterado, para isso, é necessário que
o serviço prestado cumpra os procedimentos modernos e critérios para sua
realização.
Levantamentos mostram que, em 2008, na cidade de São Paulo 7.000 vis-
torias são realizadas por dia, no entanto, dessas somente 1.200 veículos passa-
vam pelos postos do Detran da Capital e isto não é exclusividade do Estado de
São Paulo, mas, é grave problema que deve ser enfrentado.
Se somente 20% dos veículos eram efetivamente vistoriados significa que
80% eram aprovados nas vistorias através de fraudes realizadas, muitas vezes,
com a ajuda de despachantes que formalizavam as “quebras de vistoria” sim-
plesmente evitando que os veículos passassem nas vistorias, ou ainda através
de fraudes em decalques, método arcaico de vistoria que pode ser fraudado
em pedaço de madeira, gesso, isopor.

Vagner Pedroso Caovila 57


Figura 24 - Exemplo de cartazes em papelão oferecendo a extração
de decalque por R$ 10,00, em frente a vários postos de Detrans

Após uma análise minuciosa desse problema cultural, o Contran editou


a Resolução 282/2008, a qual criou um sistema único nacional de vistorias.
Essa Resolução 282 determina que os veículos sejam, efetivamente, vistoria-
dos, tendo total controle por meio das seguintes ferramentas: filmagem, OCR
e biometria do processo inteiro de vistoria.
Outro tipo de fraude que ocorria com muita frequência se dava no mo-
mento em que as quadrilhas roubavam os veículos em cidades em que são
efetivamente realizadas as vistorias e encaminhavam para cidades onde estas
não são feitas, ou quando feitas não são utilizadas técnicas para término das
fraudes. Com a nova legislação, o veículo reprovado em vistoria não pode ser
transferido para outra localidade no Brasil, sem antes ser regularizado no ór-
gão que lhe reprovou, anteriormente.
Abaixo são relatados exemplos de como as quadrilhas organizadas se
aproveitam das “falhas” existentes nos sistemas empregados nos Detrans para
realizar suas fraudes:

l No laudo físico (onde é colado o decalque), não é possível evidenciar a


existência, bem como a presença do veículo no posto de vistoria;
l Na Coleta das gravações identificadoras de chassi e de motor pelo mé-
todo de decalque, não se evidencia se a gravação decalcada está real-
mente presente no veículo;

58 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
l O método de decalque não possibilita a averiguação do estado das su-
perfícies dos locais das gravações de chassi e motor coletadas no ato da
vistoria;
l Não é possível constatar em consultas futuras, se as superfícies apre-
sentavam-se, no ato da vistoria, com quaisquer sinais de adulteração,
como marcas de solda no entorno da superfície, abalroamento da cha-
pa, vestígios de abrasão e/ou de outras numerações sob a gravação,
sendo estes vestígios comumente encontrados em processos de adulte-
ração de veículos provenientes de roubo e furto;
l O método de decalque é, ainda, menos eficaz como evidência, quando
a gravação identificadora se apresenta em superfícies rugosas (porosas).
Nestas situações, sequer é possível visualizar os caracteres gravados;
l Dificuldades de acesso ao arquivamento dos laudos em papel com de-
calques de chassi e de motor;
l Utilização de sistema Estadual descentralizado, que permitia fraudes
em transferências entre Estados;
l Falta de capacitação técnica da maioria dos vistoriadores dos Detrans,
que muitas vezes, eram “emprestados” das prefeituras onde ocupavam
cargos administrativos;
l Falta de equipamentos e estrutura para realização das vistorias;
l Fraudes facilitadas por “maus” despachantes e agentes públicos que
aceitavam as “quebras de vistoria”.

O impacto econômico-financeiro é destacado ao passo que com o cresci-


mento do roubo e furto de veículos, cresce o mercado ilegal que movimenta
bilhões de reais por ano, causando prejuízos de ordem financeira direta (perda
do bem), insegurança com a integridade física decorrente de ações violentas,
e como não dizer do aumento do valor do seguro cobrado pelas instituições
securitárias.
Para o efetivo combate a tais práticas criminosas é necessário o empenho
conjunto das autoridades governamentais e órgãos de trânsito com setores da
sociedade, entre eles, as montadoras de veículos, as seguradoras, as empresas

Vagner Pedroso Caovila 59


responsáveis pela realização de vistorias veiculares e suas respectivas entida-
des de classe, como associações, federações e conselhos na busca de soluções e
implementações que dificultem ou inviabilizem tais práticas criminosas.

60 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
CAPÍTULO IV
CENÁRIO DAS FRAUDES ENVOLVENDO OS
VEÍCULOS AUTOMOTORES1

4.1 Cenário de Fraudes Envolvendo Veículos Roubados no Brasil

O comércio de roubo, furto e adulteração de veículos movimenta bilhões


de reais por ano no País. Isso ocorre devido a inúmeros fatores, entre eles a
fragilidade da fiscalização, a pequena quantidade de pontos de identificação
nos veículos automotores e a falta de ferramentas de controle e fiscalização nas
vistorias realizadas para a transferência de propriedade dos bens vistoriados.
As finalidades para o roubo e furto de veículos são as mais variadas e ocor-
rem principalmente para desmanche e comercialização de peças, adulteração
de identificadores e comercialização do veículo para terceiros de boa-fé, a co-
mercialização no exterior, geralmente em países vizinhos, como o Paraguai e
a Bolívia e, o uso do veículo por criminosos em deslocamento para cometi-
mento de outros crimes, como assaltos, tráfico de entorpecentes, homicídios,
entre outros.
A vistoria veicular, realizada para fins de transferência de propriedade e

1
Parte dos textos e informações, deste capítulo, foi fornecida pelo Especialista em
Identificação Veicular e Documental, Hugo Sulacov.

Vagner Pedroso Caovila 61


domicílio é uma das principais armas para identificar as fraudes em veículos
produtos de roubo, furto e adulterações de identificadores cujas finalidades
sejam a comercialização de peças e do próprio veículo adulterado a terceiros
de boa-fé.
Quando identificada a fraude ou a suspeita dela, no momento da realiza-
ção da vistoria, o processo de legalização e transferência é interrompido e o
veículo, geralmente, encaminhado à perícia técnica, que através de exames
visuais e químico-metalográficos comprovará a existência da fraude e iden-
tificará o veículo roubado/furtado para que o mesmo seja devolvido ao seu
legítimo proprietário.
A ausência da realização da vistoria veicular, a falta de ferramentas
de controle e fiscalização de quem executa a vistoria ou a execução desta,
por profissional, sem a devida qualificação no momento da transferência
de propriedade e domicílio, são fatores determinantes para que o veículo,
produto de roubo, furto e adulteração seja transferido para terceiros de
boa-fé e o fraudador obtenha êxito em sua atividade criminosa, a propósi-
to, modalidade de crime que é altamente rentável.
Outra arma importante na repressão de roubo, furto e adulteração de veí-
culos é a informação, ou seja, a qualificação constante de autoridades policiais
em Identificação Veicular e Documental. A informação auxilia na identifica-
ção das fraudes no momento das abordagens realizadas nas ruas e regiões de
fronteiras em blitz policiais, bem como nas operações policiais realizadas em
desmanches clandestinos.
Já existem grandes avanços para controle, fiscalização e identificação de
fraudes envolvendo veículos, como as Resoluções do Contran n.º 282/08 e n.º
466/2013, que estabelecem critérios, regras e exigências para a realização das
vistorias para fins de transferência e regularização de veículos pelos órgãos de
trânsito ou por empresas de vistorias (ECVs) habilitadas pelos Detrans.
Tais normativas aliadas às Portarias 1334/2010, revogada posteriormente
pela Portaria 130/2014 do Denatran estabeleceram o controle por um sistema
único fornecido pelo Denatran aos órgãos executivos de trânsito e às empre-
sas habilitadas, por estes, para realização das Vistorias.
O Sistema Nacional de Controle e Emissão de Certificado de Segurança
Veicular e Vistoria (SISCSV) e conforme será detalhado em tópico próprio
estabeleceu um sistema único para lançamento dos dados colhidos em visto-

62 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
rias nacionalmente. Também estabeleceu um novo padrão de laudo eletrôni-
co, onde são inseridas as fotos colhidas nas vistorias, bem como conferidas,
eletronicamente as informações colhidas em vistorias com as informações
presentes na Base de Informações Nacional (BIN).
Além da utilização do SISCSV, a moderna legislação de vistoria estabele-
ceu a obrigatoriedade da filmagem, registro fotográfico, validação do laudo
por meio de confronto automático com as bases cadastrais e a identificação
do responsável por sua execução por meio de biometria, sendo empregadas
as melhores técnicas com o fito de substituição do fator humano pelo fator
tecnológico.
É importante que se diga que as Resoluções supracitadas, ainda, não estão
sendo adotadas pela maioria dos Detrans do país, os quais continuam reali-
zando as vistorias veiculares pelo processo antigo, por meio do decalque de
chassi, em sistemas individualizados sem qualquer comunicação com o SIS-
CSV.

4.2 Principais Tipos de Adulteração em Identificadores Veiculares

Nas adulterações de veículos e seus componentes, os adulteradores em-


pregam as mais variadas técnicas, sendo que algumas se enquadram como
artesanais, outras, no entanto, contam com a utilização de equipamentos e
ferramentas automatizadas. A adulteração ocorre para a descaracterização do
veículo produto de roubo ou furto, pois, só assim o mesmo poderá ser comer-
cializado para terceiros de boa- fé.
Quando se tratam de adulterações em veículos automotores, os principais
pontos identificadores que sofrem alterações são:

l CRV E CRLV (documentos);


l Numeração de Chassi (código de chassi);
l Numeração de Motor (código de motor);
l Placas;
l Etiquetas autoadesivas destrutíveis de chassi;

Vagner Pedroso Caovila 63


l Plaquetas de chassi e carroceria;
l Gravações do VIS (seção de identificação do chassi) nos vidros;
l Numeração de Câmbio;
l Numeração de Eixo;
l Número segredo.

Em veículos como ônibus e caminhões existem alguns outros pontos iden-


tificadores que, geralmente, sofrem processo de adulteração, tais como:

l Bomba injetora;
l Caixa de direção;
l Segredo de cabine;
l Datas de algumas peças.

Importante salientar que todos os pontos supracitados devem ser verifica-


dos no momento da vistoria veicular, o que demanda tempo e, além da perí-
cia do executor, ainda, requer equipamentos tais como, elevadores ou valetas,
lanternas específicas para verificação de etiquetas autoadesivas destrutíveis,
espelho, lupa e luz ultravioleta para verificação de autenticidade de CRV e
CRLV, além dos insumos.

4.2.1 Gravação Identificadora de Chassi

Em se tratando de adulterações em gravações identificadoras de chassi,


podem-se elencar as fraudes como descrito a seguir:

l Transplante - consiste no recorte e remoção do pedaço da chapa su-


porte onde se encontra a gravação original de chassi e a afixação de
outra peça com numeração distinta.
l Alteração de Local - consiste na remoção mecânica da gravação do chas-
si no local original, sendo regravada outra numeração em local distinto.

64 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
l Sobreposição de Caracteres - consiste na remoção parcial ou total da
gravação identificadora de chassi e a regravação no mesmo local de
numeração distinta.
l Remonte - consiste no transplante de peças de um veículo para outro,
geralmente em mal estado de conservação ou proveniente perda total.
l Enxerto ou Implante - consiste na afixação de uma chapa com nu-
meração distinta sobre a gravação original. É comum após a retirada
da chapa contendo a numeração adulterada, encontrar a numeração
original preservada. Há também o implante com massa.
l Ausência de Numeração - remoção total ou parcial da gravação de
numeração identificadora do chassi.

4.2.2 Gravações Identificadoras de Motor, Câmbio e Eixo

Nas gravações identificadoras de motor, câmbio e eixo, normalmente, as


adulterações consistem em sobreposição de caracteres ou substituição de pla-
quetas, quando a identificação de tais componentes se dá por meio de plaque-
tas fixadas por rebites, coladas ou parafusadas em sua estrutura.
Raramente encontra-se adulteração por alteração de local, transplante ou
enxerto/implante em gravações identificadoras de motor, câmbio e eixo, ape-
sar de haverem registros do emprego de tais técnicas.

4.2.3 Certificado de Registro de Veículo (CRV) e Certificado


de Registro e Licenciamento do Veículo (CRLV)

Quando é verificada a adulteração em documentos do veículo, geralmente,


os adulteradores utilizam-se das técnicas de falsificação do espelho, raspagem
ou lavagem, porém, na maioria dos casos, o espelho é original, proveniente de
roubo ou extravio.

4.2.4 Demais Pontos Identificadores

Nas fraudes constatadas nos demais pontos identificadores, como placas,

Vagner Pedroso Caovila 65


plaquetas e etiquetas, os adulteradores geralmente optam pela simples substi-
tuição por itens falsificados. Nos casos das placas, pode ocorrer a substituição
por placas de outro veículo, bem como existem adulteradores que alteram os
caracteres das placas ou utilizam-se de duas placas dianteiras, transformando
uma das duas em placa traseira.

4.3 A Identificação e Registro das Fraudes

Como descrito anteriormente, para combater as fraudes envolvendo veí-


culos é necessário saber identificá-las. Existem diversas técnicas de identifica-
ção veicular e documental que envolvem exames visuais, físicos, perceptuais
e químicos-metalográficos, que devem ser empregados no momento da reali-
zação de vistorias, blitz policiais e perícias técnicas, lembrando que os exames
químico-metalográficos são destrutivos e só podem ser realizados por peritos
com autorização judicial ou administrativa.

4.3.1 Processos de Identificação Veicular -


Pontos que Devem Ser Observados nas
Gravações Identificadoras de Chassi e de Motor

Para identificar um veículo, no que diz respeito às gravações identificado-


ras de chassi e motor, primeiramente é necessário comparar se os caracteres
das gravações presentes, no veículo, conferem com os caracteres cadastrados
pelo fabricante e pelos Órgãos de Trânsito nas Bases Estaduais e/ou Federais.
Mas, a identificação do veículo vai muito além da simples comparação das
informações expressas nas gravações com as bases de consulta. Em vistorias
com elevado padrão de segurança e qualidade devem ser observados os se-
guintes aspectos:

a) Tamanho e formato dos caracteres gravados;


b) Alinhamento da gravação identificadora (esta somente para veículos
que possuem suas numerações identificadoras gravadas por processos
automatizados);

66 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
c) Espaçamento entre os caracteres gravados;
d) O Calibre do contorno dos caracteres;
e) Profundidade da gravação;
f) A preservação da superfície local da gravação, que não deve apresen-
tar irregularidades, tais como, marcas de solda no entorno, amassados,
vestígios de abrasão e/ou de outras numerações sob a gravação;
g) Presença da pintura original do local da gravação do chassi.

Dos aspectos supracitados, deve-se ressaltar que para evidenciar as grava-


ções para arquivamento e posterior consulta, somente o método de coleta por
meio óptico nas vistorias proporciona a observação de todos os itens.
A coleta realizada pelo método de decalque permite que o agente confe-
rente observe somente os itens “a”, “b”, “c” e “d”, não sendo possível evidenciar
os itens “e”, “f ”, “g”, ou seja, não é possível constatar a presença de marcas de
solda no entorno, amassados, vestígios de abrasão e/ou de outras numerações
sob a gravação, o que causa prejuízo na qualidade e segurança do processo de
vistoria, pois estes aspectos não evidenciados pelo decalque são extremamen-
te comuns nas adulterações de gravações identificadoras de chassi e motor. É
possível comprovar isso por meio das imagens das figuras 16 e 17.

Figura 16 – Método Óptico - Verifica-se nitidamente a sobreposição de caracteres

Vagner Pedroso Caovila 67


Figura 17 – Método Decalque - Não é possível verificar e evidenciar pelo decalque
a sobreposição de caracteres

Modificar o terrível cenário de fraudes discutido, anteriormente, não é ta-


refa fácil, no entanto, vivemos um momento único onde o tema em baila vem
sendo discutido.
O papel das empresas de vistoria, neste cenário, é de especial importância,
visto que, estas vêm apresentando resultados significativos e colocando, assim,
o órgão de trânsito em posição privilegiada, não só como executor, mas, como
fiscalizador.

68 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
CAPÍTULO V
A TECNOLOGIA CONTRA A FRAUDE
Resoluções Contran 282/2008 e 466/2013 e
Portarias Denatran 1334/2010 e 130/2014

A Portaria 1334/2010 publicada pelo Denatran em 29/12/2010 substituiu a


Portaria 431/2010, estabelecendo novos procedimentos para a realização das
vistorias veiculares que deveriam ter sido adotados pelos Departamentos Es-
taduais de Trânsito (Detrans) e as pelas Empresas Credenciadas para Vistoria
(ECVs) para a emissão do Laudo de Vistoria Veicular de que trata a Resolução
282 de 26 de junho de 2008, do Contran, bem como trazendo com riqueza
de detalhes todos os procedimentos que os Detrans, as ECVs e Unidades de
Gestão Central (UGC) deveriam obedecer para cumprimento da legislação
então em vigor.
Mais do que uma simples mudança de procedimentos na prática das visto-
rias que são realizadas da mesma forma pelos Detrans desde 1998, a Portaria
1334/2010 trouxe inovações substanciais em razão da aplicação de tecnologia
de ponta, buscando impedir as fraudes em vistoria, bem como unificar os
sistemas de vistoria em todo o território nacional, inserindo o resultado das
vistorias coletadas por meio óptico e filmagem (OCR) no Sistema de Registro
Nacional de Veículos Automotores (Renavam) e, com isso, possibilitando a
rastreabilidade destes registros.
Ao exigir que as vistorias fossem filmadas, e que houvesse a captura das

Vagner Pedroso Caovila 69


placas para início das vistorias via tecnologia OCR, bem como exigido a
identificação do vistoriador via biometria, o Denatran conseguiu diminuir o
procedimento irregular da “quebra de vistoria”, pois, a Portaria 1334/2010
exigia que as vistorias pudessem somente ser efetivadas no local credenciado
para realização das vistorias e durante o período determinado de 2 (duas) ho-
ras (Art. 8 da Portaria 1334/2010).
Caso um veículo fosse reprovado na vistoria em determinada Circunscri-
ção Regional de Trânsito (Ciretran) ou determinada Empresa Credenciada
para Vistoria (ECV) por eventual inconformidade, este mesmo veículo ficaria
com uma restrição em seu registro só podendo ser transferido após a regulari-
zação (se possível) da inconformidade e nova vistoria no mesmo local em que
fora reprovado anteriormente.
Tal exigência evita que pessoas mal intencionadas possam tentar trocar o
local da vistoria, em caso de reprovação.
A Portaria 1334/2010 estabeleceu, ainda, que as vistorias realizadas pe-
las ECVs e, também pelos Detrans tenham o mesmo procedimento, devendo
lançar o resultado colhido nas vistorias através de sistema único denominado
Sistema Nacional de Controle e Emissão do Certificado de Segurança Vei-
cular e Vistorias (SISCSV).
As ECVs acessavam o SISCSV por meio de um módulo fornecido por em-
presas de informática já homologadas pelo Denatran para essa atividade, que
eram denominadas Unidade de Gestão Central (UGC), empresas estas que
ficavam responsáveis pelo cadastro de usuário no sistema e de suas biometrias,
bem como do suporte técnico para utilização das câmeras OCR, gerenciamen-
to do laudo e sistema administrativo.
Já os Detrans tinham a opção entre contratar uma UGC ou se homologar
para realizar a integração sistema junto ao SISCSV.
As ECVs credenciadas junto ao Denatran trabalham desde setembro de
2011, integradas ao módulo das UGCs, e lançam, diariamente, milhares de
informações colhidas nos processos de vistorias.
Apenas a título de exemplo, no ano de 2013, foram realizadas 4 milhões de
vistorias no Estado de São Paulo, sendo que 2.800 (Dois Milhões e Oitocentas)
mil vistorias foram realizadas pelas ECVs.
No entanto, em virtude de processo administrativo em que a Controlado-
ria Geral da União (CGU), apontou necessidades de melhorias nos processos

70 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
de credenciamento das ECVs, questionando ainda a necessidade da utilização
das UGCs, bem como em virtude de solicitação da Associação Nacional dos
Departamentos de Trânsito, a legislação que embasava as ECVs foi revogada,
sendo substituída pela Resolução 466/2013 do Contran.
Conforme já exposto no capítulo segundo, a nova e atual Resolução acabou
com o credenciamento de empresas de vistoria pelo Denatran e transferiu essa
competência para os Estados e para o Distrito Federal, se assim o desejarem.
A palavra credenciamento foi substituída por habilitação, onde agora os
Detrans, após habilitarem (ou credenciarem) as empresas de vistoria devem
pedir ao Denatran o acesso destas empresas habilitadas/credenciadas ao SIS-
CSV.
A Portaria 1334/2010 foi revogada pela Portaria 130/2014, ambas do De-
natran, sendo que a portaria vigente manteve praticamente as mesmas regras
exigidas na Portaria 1334/2010, com exceção da obrigatoriedade da contra-
tação de empresas UGCs, extintas pela Resolução 466/2013 e 496/2014 do
Contran.
Também não se observa a exigência expressa quanto à utilização de câme-
ras OCR, no entanto, o Denatran já informou aos Detrans que está desenvol-
vendo uma nova versão do SISCSV, onde não será surpresa a necessidade da
sua utilização, já que a câmera OCR dá mais segurança ao processo de vistoria
ao passo que colhe a imagem da placa do veículo e, automaticamente, abre a
OS (ordem de serviço), permitindo, assim, a abertura do processo de vistoria
sem a interferência humana após a leitura da placa do veículo.
Para fins ilustrativos e de conhecimento do leitor, serão listados a seguir os
equipamentos utilizados pelas ECVs.

Vagner Pedroso Caovila 71


5.1 Equipamentos Exigidos das ECVs,
Segundo a Portaria 1334/2010 do Denatran

Seguem abaixo exemplos de tipos de equipamentos (Figuras 18, 19, 20 e


21) hoje utilizados pelas ECVs na realização das vistorias.

Detecção de presença
do veiculo in-loco

Figura 18 - Sensor fotoelétrico,


com feixe único retroreflexivo

Captura de imagens in-loco


e gravação dos resumos das
imagens capturadas

Figura 19 - Câmeras Profissionais,


Progressive Scan e Sistema de
Controle de Luminosidade e
Brilho

72 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Armazenamento de Dados

Figura 20- Servidor para armazenamento dos


Dados com Backup diários automáticos, no
locais onde se encontra o usuário

Autenticação Biométrica dos Vistoriadores


Figura 21 - Identificador Biométrico de
Empresa certificada pela BIOAPI.

Importante notar que os Detrans deveriam utilizar-se dos equipamentos


supracitados desde a publicação da Portaria 1334/2010, ou seja, deveriam da
mesma forma que as empresas de vistoria estar cumprindo a legislação vigen-
te.
A inserção dos resultados das vistorias realizadas nos postos dos Detrans
dentro do Sistema do Denatran, SISCSV, é importantíssima, pois, o lançamen-
to dos dados, no formato digital, faz com que os resultados fiquem disponíveis
para que qualquer usuário acesse em todo o País.
Além disso, o sistema possui uma trava impossibilitando as fraudes entre
Estados/cidades, onde um fraudador ao ter o veículo reprovado em vistoria
de determinado Estado não consegue mais atravessar a fronteira e transferir
o veículo no estado/cidade vizinho, pois, SISCSV trava a transferência do veí-
culo reprovado.
Não menos importante, o lançamento dos dados das vistorias dentro do
SISCSV alimenta e atualiza a base nacional, fazendo com que atualizações de
bases estaduais sejam, também, inseridas na base nacional.

Vagner Pedroso Caovila 73


CAPÍTULO VI
AS EMPRESAS DE VISTORIA (ECVs)

Segundo define o artigo 1º da Portaria 131/2008 do Denatran, ECV é a


nomenclatura para “Empresas Credenciadas em Vistorias de Veículos”, tendo
embasamento legal na Resolução 282/2008 do Contran e Portarias 131/2008,
312/2010 e 1334/2010 do Denatran.
Aproximadamente 2000 (Duas Mil) ECVs foram credenciadas pelo Dena-
tran, desde 2009, localizadas em vários Estados do País. O credenciamento se
dava por um período de até quatro anos e as ECVs podiam emitir laudos de
vistoria referentes às placas de veículos abrangidos pelo seu credenciamento
ou a serem transferidos para os municípios de seu credenciamento.
O maior número de ECVs foi instalado e continua em funcionamento no
Estado de São Paulo, onde aproximadamente 680 ECVs estão em plena ativi-
dade.
Outro Estado com um grande número de ECVs quando comparado o nú-
mero de habitantes é o Estado de Santa Catarina, onde aproximadamente 60
ECVs prestam serviços à população.
No entanto, a obtenção de credenciamento no Denatran nem sempre sig-
nificou o início das atividades para várias empresas, pois, nos primeiros anos
da “novidade ECV” os Detrans, simplesmente não aceitavam os credencia-

Vagner Pedroso Caovila 75


mentos realizados pelo Denatran. Outros Estados, até hoje, não concordam
com o credenciamento de empresas para realização de vistorias.
Ou seja, muito embora as ECVs obtivessem o credenciamento no De-
natran após o cumprimento de todos os requisitos legais previstos na Por-
taria 131/2008, existiram casos onde nunca emitiram um laudo sequer, pois,
os Detrans não reconheciam os laudos realizados pelas empresas privadas, e
por consequência, a população não procurava as ECVs, pois não conseguiam
transferir seus veículos.
Isto ocorreu no estado de Minas Gerais, onde além de o Detran não aceitar
as ECVs, ainda, promoveu Ação Civil Pública contra a Resolução 282/2008 do
Contran.
No Estado de Goiás, dezenas de ECVs credenciadas iniciaram suas ativi-
dades, mas, posteriormente tiveram que encerrá-las em virtude de Portaria do
Detran/GO proibindo a aceitação dos laudos das ECVs.
As negativas em aceitação dos laudos de ECvs fizeram com que centenas
de empresas credenciadas recorressem ao judiciário.
Com o passar do tempo, os Detrans foram entendendo que as ECVs não
estavam retirando o serviço dos órgãos executivos de trânsito, mas, auxilian-
do-os na realização da atividade técnica.
Não se pode negar que as centenas de decisões judiciais a favor das ECVs
fizeram com que os gestores dos Detrans começassem a analisar a questão de
forma mais apurada onde compreenderam que as ECVs não estavam toman-
do o poder de polícia das autoridades de trânsito, mas, apenas auxiliando no
processo técnico prévio para a transferência.
A briga entre os empresários que montaram as ECVs acreditando na Reso-
lução Federal, as unidades dos Detrans que não eram contra as ECVs, as enti-
dades representativas de despachantes que tinham interesse na continuidade
dos decalques e o Denatran que queria fazer cumprir a Resolução do Contran
se intensificou no fim de 2011.
No ano de 2012, em virtude da Deliberação nº 126 do Contran foram sus-
pensos os processos de credenciamento de novas ECVs, e foi criado grupo
de Estudos onde o Denatran, a Controladoria Geral da União (CGU), a Ad-
vocacia Geral da União (AGU) e Associação Nacional dos Detrans (AND)
puderam reavaliar a Res. 282, identificando os pontos positivos e os negativos.
Foi um momento de profundo embate onde questões que muito incomo-

76 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
davam os Detrans foram discutidas como o uso do velho e falho método do
decalque, as quebras de vistorias, a utilização individual de sistemas de infor-
mática independentes pelos Detrans, a interferência de terceiros estranhos ao
Detran e as ECVs na realização das vistorias e, especialmente, o credencia-
mento de empresas de vistorias pelo Denatran e não pelos Detrans.
O resultado é que o Artigo 1º da Resolução 282/008 foi revogado por uma
nova Resolução do Contran a 466/2013, acabando, assim, o credenciamento
de empresas de vistorias pelo Denatran.
A 466/2013 facultou aos Detrans a habilitação/credenciamento das empre-
sas de vistorias para realização das vistorias para fins de transferência, ou seja,
transferiu a competência de credenciamento do Denatran para os Detrans.
Ademais, referida resolução manteve irretocável a obrigatoriedade de to-
dos os Detrans na utilização do SISCSV, no método digital, com câmeras e
biometria.
A mudança é profunda para as empresas de vistorias que estavam em ati-
vidade, pois, agora dependem da manifestação dos Detrans interessados para
que haja a continuidade das atividades.
Noutro laudo resolve a grande maioria das brigas judiciais onde eram soli-
citados por alguns Detrans a competência para credenciamento das empresas
de vistorias no lugar do Denatran.
Nos últimos meses foram vistos vários Estados publicando suas portarias
Estaduais de credenciamento em locais onde já funcionavam as ECVs, tam-
bém foram vistos vários Estados se manifestando no sentido que de irão cre-
denciar essas empresas.
O fato é que são inegáveis os benefícios da utilização das ECVs em parce-
ria com os Detrans conforme será apontado a seguir, seja de forma paralela,
ou seja, deixando a população escolher aonde quer fazer a vistoria, ou seja,
transferindo essa atividade às empresas de vistorias credenciadas.

6.1 Funcionamento de uma ECV

A ECV ao receber o cliente, solicita o Certificado de Registro de Veículo


(CRV) do veículo e o posiciona na baia para abertura da Ordem de Serviço (OS).
Neste momento, o cliente fica na sala de recepção e realiza o pagamento do laudo.

Vagner Pedroso Caovila 77


O CRV é digitalizado e lançado no SISCSV, iniciando a abertura da OS
com a autenticação biométrica do vistoriador, sendo que algumas ECVs utili-
zam sistemas que exigem a assinatura biométrica do vistoriador apenas para
a conclusão do laudo.
Durante o processo de vistoria são coletadas, por meio óptico, quatro fotos
(da traseira do veículo, hodômetro, chassi e motor); analisadas evidências de
supostas fraudes e adulterações, bem como verificados todos os equipamentos
obrigatórios previstos na Resolução do Contran 14/98 e 259/07.
Importante notar que todo o processo de vistoria é filmado e fica armaze-
nado na ECV. Destaca-se que a OS já é aberta com a filmagem da placa trasei-
ra do veículo pelo sistema OCR que lê a placa e manda as informações para o
Denatran, automaticamente.
Com efeito, o vistoriador não tem poderes para alterar o resultado da vis-
toria quanto aos números constantes no cadastro nacional, pois, ele coleta a
numeração do chassi, motor, cor do veículo (dentre outros) e lança no SIS-
CSV, sendo certo que ao concluir a vistoria terá a resposta do Denatran se a
numeração constatada é a mesma presente na Base Índice Nacional (BIN),
aprovando ou reprovando a vistoria.
Em caso de reprovação por divergência da numeração da base BIN, o lau-
do será reprovado cabendo apenas à unidade do Detran local, regularizar e
aprovar a vistoria após nova vistoria e a confirmação da regularidade do mo-
tor e necessidade da regularização da base Nacional.

Figura 22
– Gravação
da vistoria
pela Câmera
Panorâmica

A vistoria deverá ocorrer no prazo máximo de 02 (duas) horas, findo o


qual, o sistema cancelará automaticamente o formulário.

78 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Figura 23 – Modelo de Laudo de Vistoria Gravado no SISCSV – Denatran

Vagner Pedroso Caovila 79


6.2 Vantagens para a População

Com o funcionamento das ECVs, a maior beneficiada foi, sem dúvida, a


população, pois foi dado ao contribuinte o direito de escolha entre realizar
as vistorias nos pátios dos Detrans ou dentro das ECVs. Algumas vantagens
relacionadas à mudança seguem elencadas:

l Na realização da vistoria por meio de uma ECV, a população é atendi-


da em local adequado (pré-aprovado no ato do credenciamento, atra-
vés vistorias do órgão concedente, planta e fotos do local), onde se re-
quer área coberta, recepção para que os clientes aguardem (geralmente
providos de televisão, bancos, café, água e biscoitos), além do que, as
vistorias podem ser agendadas;
l As ECVs possuem certificados do padrão de Gestão da Qualidade ISO
9001:2008, como prova de atendimento e operação padrão, voltadas
para busca da excelência no atendimento e melhoria contínua dos ser-
viços prestados;
l As empresas possuem um seguro de responsabilidade civil profissio-
nal, o qual garante o ressarcimento financeiro ao usuário, nos casos de
emissão de laudos que contenham erros de análise. Seguro limitado a R$
500.000,00 por laudo, com recomposição automática do valor segurado;
l Redução da marginalidade associada ao roubo / furto de veículos nas
ruas e redução das vítimas de DUBLES, pois os novos procedimentos
utilizados pelas ECVs garantem que as vistorias estão, efetivamente,
sendo realizadas, utilizando-se as mais modernas técnicas para evitar
fraudes;
l Proteção ao Consumidor – o cliente recebe cópia do laudo com todos
os itens verificados demonstrando condições (identificação e proce-
dência) do veículo negociado;
l Os laudos ficam armazenados para consultas do próprio contratante,
órgãos de trânsito e autoridades policiais; e
l A população tem a escolha entre a opção de realizar a vistoria nas Cire-
trans e, assim, assumir o ônus de ter que ficar em alguns casos em filas

80 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
(sob o sol e a chuva), ou a pagar por um serviço de melhor qualidade
realizado por empresas, que trabalham, exclusivamente, para esse fim.

6.3 Vantagens para o Estado

l Regularização e Controle da frota retirando veículos sem condições de


tráfego;
l Armazenamento rastreável e digital da frota e de suas características
(chassi, motor, câmbio, placa traseira, proprietário);
l Controle cruzado sobre outras atividades contratadas pelo Detran
(compra de placas, lacres e documentos) pela utilização do sistema
único SISCSV;
l Combate ao crime organizado, no novo sistema o veículo reprovado
não pode ser aprovado em outro município ou estado;
l Geração de empregos (cada ECV possui cerca de 7 funcionários);
l Geração de Impostos; e
l Diminuição de custos, pois após o laudo ser feito pela ECV, cabe ao
Estado validá-lo via SISCSV, sendo dispensado, assim, o trabalho da
re-vistoria no pátio da Ciretran, sobrando mais servidores para atendi-
mento dos postos dos Detrans.

6.4 Justificativa para se Transferir as Vistorias para as


ECVs ao Invés de Realizá-las nos Postos dos Detrans

É notório que os Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) pade-


cem de atualização em suas rotinas e procedimentos, pois, é inaceitável que
a população continue sofrendo nas filas de vistorias sob sol e chuva, em boa
parte dos postos de vistorias espalhados pelo Brasil. Da mesma forma, parece
inaceitável que os órgãos de trânsito continuem a utilizar o arcaico método de
decalque de chassi que pode ser fraudado em pedaços de sabão, cera, madeira

Vagner Pedroso Caovila 81


bem como não há garantia de que o decalque está sendo extraído do mesmo
veículo vistoriado.
Inegável, ainda, que quase todos os Detrans do país descumprem a Legis-
lação de Trânsito ao deixar de lançar as informações colhidas no processo de
vistoria dentro do SISCSV.
Doutro lado a mudança trazida pela Resolução 466/2013 do Contran que
transferiu a competência para credenciamento de empresas de vistorias aos
Estados-membros que assim quiserem, trouxe a possibilidade de os Estados
dividirem a responsabilidade na realização das vistorias e se colocarem em
posição privilegiada, de fiscalizador.
Hoje os Detrans, além de credenciar empresas, ainda, podem criar suas
normas de fiscalização complementares, apoiadas nos requisitos já estabeleci-
dos na Res. 466/2013 do Contran e no SISCSV.
Os laudos emitidos pelas ECVs serão homologados ou não pelo Estado
através de o aceite ou a reprova. Qualquer dúvida ou caso de reprovação, o
Estado fará a apreensão até a definitiva regularização, lembrando que a pa-
lavra final no processo de vistoria sempre será dos Detrans, pois, são deles a
prerrogativa para transferir os veículos e, especialmente para fiscalizar seus
entes credenciados.
Pela frota e população em franco crescimento em todo o país, fica mais
dificultosa a tarefa de o Estado montar estruturas capazes de qualificar profis-
sionais habilitados para a realização das vistorias nos moldes exigidos pela le-
gislação, hoje em vigor, pois demandaria processos de concurso público para
a contratação de servidores, treinamento, compra de equipamentos e monta-
gem de estrutura física.
O treinamento de um vistoriador talvez seja a maior dificuldade encon-
trada, pois, não são apenas os cursos de certificação como vistoriadores ou a
aprovação em concurso público que os tornam profissionais capazes de vis-
toriar todos os tipos de carros, mas, a prática. Especialmente pela enorme
variedade de marcas, modelos, anos, nacionalidades e tipos de gravações, pe-
culiaridades que somente são absorvidas após meses de treinamento prático.
Ao decidir pelo credenciamento das ECVs, o Estado transfere ao empresá-
rio a responsabilidade de investir, de montar postos, de contratar pessoal, de
treinar profissionais, de se responsabilizar financeiramente pelo erro técnico e
de atender à população com qualidade.

82 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Por todas as questões até aqui discutidas, lembrando, ainda, dos pontos
mencionados no tópico acima que apresentam o problema cultural existente
em alguns Detrans de “quebras de vistoria”, conclui-se ser mais do que acer-
tada a decisão tomada por parte dos Detrans de credenciar empresas para a
realização da atividade de vistoria veicular.

6.5 Obrigatoriedade da ECV Realizar a Atividade Exclusiva


de Vistoria Veicular: atividades consideradas conflitantes

O Artigo 1º, § 2º da Portaria 131/2008 do Denatran determina que:

§ 2º As empresas credenciadas deverão comprovar sua atuação


exclusiva no mercado de vistorias, mediante certidão emiti-
da pelo órgão competente e cópia do contrato ou estatuto
social vigente.

A mesma exigência foi repetida na Resolução 466/2013 do Contran, espe-


cificamente no Artigo 4º, III, “f ”:

f) Comprovação exclusiva no mercado de vistorias, mediante


certidão emitida pelo órgão competente e cópia do contrato, ou
estatuto social vigente.

Além da Resolução 466/2013 proibir que ECVs realizem outras atividades


que não sejam a de vistoria, inclusive exigindo a comprovação da exclusivi-
dade, o legislador do Contran teve maior zelo, ainda, sobre o tema, dizendo
expressamente no Art. 4º, IV, § 5º que:

§ 5º é proibida a participação de sócio ou proprietário de pessoa


jurídica habilitada para a prestação de serviços de vistoria
veicular, que exerça outra atividade empresarial regulamentada
pelo CONTRAN ou DENATRAN.

Todo esse cuidado do Contran tem uma finalidade, evitar que sócios de
ECVs atuem em atividades tidas como conflitante.

Vagner Pedroso Caovila 83


Assim, pela leitura das normativas se pode concluir que a Resolução nº
466/2013 estabelece que toda atividade regulamentada pelo Contran ou De-
natran é conflitante com a atividade da ECV, eliminando diretamente desse
mercado atividades regulamentadas como as dos despachantes, centros de
formação de condutores, gráficas para emissão de documentos, fábricas de
placas e lacres, empresas de regravação de motores, dentre outras atividades.
No mesmo sentido, a Portaria 1334/2010, revogada pela Portaria 130/2014
do Denatran, ao estabelecer os requisitos para credenciamento de UGCs, em-
presas que forneciam sistema para as ECVs, de forma expressa em seu artigo
12º, § 5º, proibia expressamente que o sócio de uma UGC fosse, também,
sócio de uma ECV.
O Detran do Estado de São Paulo foi mais além na análise do conflito de
interesses, quando da publicação da Portaria de Credenciamento de número
1681/2014, estabelecendo em seu artigo 7º:

Artigo 7º - É vedado o credenciamento de empresa, para os fins


de que trata esta Portaria:
I - cujo sócio ou proprietário, bem como seus cônjuges, compa-
nheiros e parentes até o 2º grau, exerça outra atividade relacio-
nada às atribuições do Detran-SP ou por ele disciplina- da, tais
como:
a) despachante documentalista;
b) formação de condutores;
c) desmontagem de veículos em fim de vida útil ou de comercia-
lização de suas partes e peças;
d) remarcação de motor ou chassi;
e) venda e revenda de veículos;
f) leilão de veículos, inclusive sua preparação;
g) seguros de veículos;
h) mecânica ou auto-elétrica;
i) recolha, depósito e guarda de veículos, removidos e apreendi-
dos por infração as normas de trânsito;
II - da qual participe empregado ou servidor público, inclusive os

84 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
de confiança, do Detran-SP, bem como seus cônjuges, compa-
nheiros e parentes até o 2º grau;
III - que possua em seu quadro de pessoal empregado ou servi-
dor público, inclusive os de confiança, do Detran-SP, bem como
seus cônjuges, companheiros e parentes até o 2º grau;

A preocupação dos entes outorgantes de credenciamento é o de garantir


que a empresa de vistorias tenha o foco exclusivo em prestar um bom serviço
à população, e não menos importante de evitar hipóteses de fraudes e de fra-
gilidade do sistema.
Também parece óbvio que o citado artigo 12º, § 5º, da Portaria 1334/2010
do Denatran ao proibir que um proprietário de UGC (fornecedora de sistema
de informática para empresas ECVs) seja proprietário de uma ECV, também
deixa claro o inverso, ou seja, o proprietário de ECV não pode possuir em-
presa de informática para fornecer sistema para si ou para outras empresas de
informática.
A questão parece simples, mas, vem sendo alvo de grande embate e, com
o propósito de dar mais subsídios para o debate lembramos que a ECV deve
realizar a atividade exclusiva de vistoria veicular, nos parecendo pouco pro-
ducente que o empresário (dono de ECV) ao invés de se preocupar com suas
atividades empresariais tenha, também, que se preocupar com questões com-
pletamente diferentes, como é o caso de informática, devendo contratar pes-
soal para desenvolvimento de sistema, suporte e manutenção, bem como em
obter certificações, bandas redundantes, datacenteres.
Pior, sabemos que como em todo segmento existem os bons e o maus pro-
fissionais, e é preciso alertar que o desenvolvedor de um sistema mal intencio-
nado, pode muito bem colocar “armadilhas” na construção do código fonte do
sistema e com isso abrir possibilidades de:

l burlar a exigência da presença do veículo no local de vistoria, podendo


anexar imagens obtidas em quaisquer lugares;
l burlar a garantia de que o vistoriador autorizado de fato realizou o
procedimento;
l burlar a garantia de que a imagem foi obtida na data e hora informadas
no laudo.

Vagner Pedroso Caovila 85


l alterar o resultado e corrigir laudos antigos.

Por isso, nos parece óbvio que a atividade de desenvolvimento de sistemas


para a utilização de empresas de vistorias também é atividade conflitante ao
empresário dono de ECV.

86 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
CAPÍTULO VII
CONSIDERAÇÕES ACERCA DE O
CREDENCIAMENTO DE ENTIDADES
PRIVADAS PELO PODER PÚBLICO
Aspectos Polêmicos: Poder de Polícia,
Licitação e o Descredenciamento Imotivado
A figura do credenciamento está presente em várias esferas e atividades
do poder público, desde os serviços essenciais como o credenciamento de
hospitais para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS) (Lei 8.080/90),
credenciamento de médicos e psicólogos para realização de exames de habi-
litação para dirigir (artigos 148/148 do CTB), credenciamento de instituições
de educação superior (Lei n. 4.024/61), credenciamento de entidades para o
trabalho comunitário de presos previsto na Lei de Execuções Penais (Lei n.
7.2010/84), credenciamento de auditorias no Sistema Único de Saúde (Lei n.
1.691/95), credenciamento de entidades dedicadas ao atendimento da criança
e do adolescente (Lei n. 8.069/90).
Seja com o nome específico de “credenciamento”, “outorga”, “autorização”,
”habilitação”, ou ainda “cadastramento”, fato é que essa forma jurídica de auto-
rização de prestação de serviços por entidades privadas está presente em qua-
se todos os ramos da atividade pública, bem como aparece em destaque em
vários projetos de lei que preveem, por exemplo, o credenciamento de equipes
multidisciplinares, contratos de gestão, dentre outros.
Especificamente em assuntos voltados ao trânsito, não é diferente. No pró-
prio Código de Trânsito - Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997 - a figura do

Vagner Pedroso Caovila 87


credenciamento está presente nos artigos 20, 24 e 106, conforme relacionados
abaixo:

Atividade de Escolta:
Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito das
rodovias e estradas federais:
(...) V - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar
medidas de segurança relativas aos serviços de remoção de
veículos, escolta e transporte de carga indivisível;
Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito
dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
(...) XII - credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar
medidas de segurança relativas aos serviços de remoção de
veículos, escolta e transporte de carga indivisível;

Inspeção de Segurança:
Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de modificação de
veículo ou, ainda, quando ocorrer substituição de equipamento
de segurança especificado pelo fabricante, será exigido, para
licenciamento e registro, certificado de segurança expedido por
instituição técnica credenciada por órgão ou entidade de metro-
logia legal, conforme norma elaborada pelo Contran.

No entanto, é por meio de Resoluções que o Conselho Nacional de Trân-


sito (Contran), utilizando as prerrogativas que lhe foram instituídas pelo Có-
digo de Trânsito Brasileiro (CTB), vem regulamentando o credenciamento de
entidades, como apresentado a seguir.
A Resolução Contran 809 de 12/12/95, que dispõe sobre vistoria de inspe-
ção veicular, instituiu a Inspeção de Segurança Veicular, destinada a verificar
o estado de segurança e funcionamento dos veículos, estabeleceu que essa ati-
vidade poderá ser executada pelos Departamentos de Trânsito (Detrans).
Posteriormente, editou a Resolução 232/07, que estabelece procedimen-
tos para a prestação de serviços por Instituição Técnica Licenciada (ITL) e
Entidade Técnica Pública ou Paraestatal (ETP), para emissão do Certificado
de Segurança Veicular (CSV), por meio de o credenciamento de referidas en-
tidades.

88 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Verifica-se que o Contran ao expedir a Resolução 584, de 16/09/71 que
dispõe, entre outras coisas, sobre o funcionamento de autoescolas, determi-
nando que tenham “registro” no Departamento de Trânsito, como condição
para funcionamento. Registro, este que nada mais é do que credenciamento.
O credenciamento é amplamente utilizado pelo Denatran para associa-
ções credenciadas para examinar a originalidade de veículos antigos de co-
leção e expedir Certificado (Resolução 56/1998), organismos de certificação,
simuladores de direção, dentre outros.
Da mesma forma, esta figura é utilizada pelos Departamentos de Trânsito
Estaduais (Detrans) para credenciar despachantes, médicos/psicólogos, den-
tre outras atividades.
No tocante às vistorias automotivas, em 2008, a Resolução Contran
282/2008, inovou ao publicar normativa que permitiu ao Denatran credenciar
empresas de vistorias que exercessem tal atividade com exclusividade.
Muito embora o credenciamento seja figura jurídica reconhecida pelos
órgãos públicos, fato é que as atividades de vistorias automotivas foram e con-
tinuam sendo (agora com menos fervor) alvo de oposição por entidades que
são contra a delegação das atividades de vistorias.
Com o amadurecimento do tema e pacificação do entendimento jurispru-
dencial sobre a legalidade do credenciamento das empresas para a realização
das vistorias, vários Estados estão credenciando empresas para tal atividade.

7.1 Mas, Afinal, o que é Credenciamento e


qual a Fundamentação Jurídica desse Instituto?

Credenciamento segundo o eminente professor Adilson Abreu Dallari é


uma outorga ou atribuição. O credenciado recebe do Poder Público uma qua-
lificação, uma situação jurídica ou uma prerrogativa sem a qual não poderia
atuar. O resultado do credenciamento é um acréscimo; o enriquecimento do
patrimônio jurídico de alguém, pessoa física ou jurídica.
Pelo exposto alhures fica clarividente que em algumas situações, a Ad-
ministração Pública vale-se do concurso de particulares para desempenhar
certas atividades que seriam de seu interesse ou até mesmo de sua responsa-
bilidade.

Vagner Pedroso Caovila 89


Isso ocorre pela diminuta capacidade de investimento do Poder Público
que para desenvolver novos serviços que necessita de altos e velozes investi-
mentos de aparelhamento, estrutura e pessoal, além, é claro da decisão des-
centralização em franco crescimento nas esferas públicas.
O Tribunal de Contas da União (TCU) reconheceu que, dentre as vanta-
gens auferidas com o credenciamento, pode-se mencionar a melhor qualidade
dos serviços e o menor preço obtido, conforme se infere do julgado abaixo
citado:

... no sistema de credenciamento, quando realizado com a de-


vida cautela, assegurado tratamento isonômico aos interessa-
dos na prestação dos serviços e negociando-se as condições de
atendimento, obtém-se uma melhor qualidade dos serviços além
do menor preço, podendo ser adotado sem licitação, amparado
no art. 25 da Lei 8.666/93. (DECISÃO 104/95 – PLENÁRIO).

Na mesma linha, Sônia Y. K. Tanaka, verbis:

Assim, se a Administração convida a todos os interessados que


possuam os requisitos definidos no edital, dispondo-se, em prin-
cípio, a contratar todos os que tiverem interesse e que satisfa-
çam as exigências estabelecidas, esses licitantes não competi-
rão, vez que a todos será assegurada a contratação que se fizer
necessária, hipótese em que os próprios Tribunais de Contas
têm recomendado o uso do sistema de credenciamento. O siste-
ma de credenciamento traz muitas vantagens para a Administra-
ção, desburocratizando suas ações pela diminuição do número
de processos licitatórios e pelo melhor uso dos recursos dispo-
níveis. (TANAKA, 2003, p. 334).

O fato é que a figura do credenciamento é atípica, na medida em que não


encontra albergue explícito legislação própria, mas sendo exceção prevista na
Lei de Licitações (8.666/93), em casos de inexigibilidade de licitação ao fun-
damento de que a todos, que preencham os requisitos pré-assinalados pelo
Estado, é permitido o acesso ao seu objeto.

90 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Algumas características do credenciamento:
O credenciamento não se presume, sendo objeto de ato estritamente for-
mal. O credenciamento é precário, podendo ser revisto sempre que hou-
ver real interesse. O credenciamento pode ser denominado de outras formas
como “autorização”, “habilitação”, “aprovação”, “homologação” ou “cadastra-
mento”, podendo ser cassado ou descredenciado mediante simples ato com
essa finalidade advindo do poder que lhe outorgou.
Embora o credenciamento não seja um contrato formal, em regra, impli-
ca em interesses recíprocos do outorgante e outorgado, conteúdo negocial,
podendo assim assumir o caráter contratual com características unilaterais e
bilaterais.
O Outorgado, ao obter o credenciamento, não adquire habilitação jurídica
para representação da Administração Pública, mas tão-somente a habilitação
técnica, instrumental, para exercer a atividade para qual foi credenciado.
A empresa credenciada tem sua atividade controlada pelo órgão outorgan-
te do credenciamento. Por isso, os atos praticados pelo credenciado são tidos
como verdadeiros, confiáveis, corretos, até que se prove o contrário, ensejando
o credenciado à fiscalização do Poder outorgante.

7.2 O Credenciamento de Empresas para Realização de Vistoria


Automotiva Caracteriza a Terceirização do Poder de Polícia?

Poder de Polícia, segundo define o ilustre professor Hely Lopes Meirelles é:

a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condi-


cionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.
(MEIRELLES, 1996, p. 115).

Para a perfeita compreensão do Instituto da atividade de polícia (poder de


polícia) é preciso distinguir que alguns atos jurídicos expressivos de poder
público, não podem, em princípio, ser delegados a particulares, ou ser por eles
praticados como, por exemplo: a expedição de licença para construir, licença
para dirigir automóveis, autorização de porte de arma, embargos de ativida-
des, expedição de multas entre outros.

Vagner Pedroso Caovila 91


No entanto, várias são as hipóteses em que o particular é convidado pelo
poder público a realizar certos atos materiais mediante delegação ou creden-
ciamento.
O ilustre jurista Adilson Abreu Dallari em sua obra “Credenciamento”
(Estudos em Homenagem a Geraldo Ataliba, obra coletiva) ressalta que é ne-
cessária, em relação aos atos envolvidos na atividade de Polícia, a seguinte
distinção:

uma coisa é o reconhecimento oficial (mediante emissão de


um ato jurídico administrativo) e que o interessado preen-
che os requisitos legais para construir ou dirigir veículos.
Outra coisa é a atividade técnica destinada a verificar se
esse ato jurídico pode ou não ser emitido. Esta última ati-
vidade, de natureza instrumental, pode ser delegada; a pri-
meira (segundo entendimento predominante na doutrina e
que não cabe, aqui, discutir) é exclusiva de órgão dotado
de fé pública, de prerrogativas inerentes ao poder público...
(DALLARI, 2006, p. 15). (grifos do autor)

Observa-se que o doutrinador seguindo a convicção dominante destaca


que a atividade técnica, de natureza instrumental, pode, sim, ser objeto de
credenciamento.
Ainda, citando o jurista Adilson Abreu Dallari, se manifestando sobre o
exercício de poder de polícia por órgãos públicos ensina que:

Esse entendimento não impede a atribuição a particulares


das atividades técnicas, instrumentais, de mera verificação,
com base nas quais a entidade emitirá a declaração de con-
formidade (habilitando ao exercício de um direito) ou aplica-
rá alguma sanção, no caso de desconformidade. (DALLARI,
2006, p. 12) (grifos do autor)

O ensinamento trazido antes é perfeitamente aplicável ao caso concreto de


credenciamento de empresas ECV. De fato, a função das ECVs é única e exclu-
siva da realização da inspeção técnica de todos os itens exigidos pelo Contran
(mais de 50 itens), lançando-os no Sistema Nacional (SISCSV), por meio da
aparelhagem técnica exigida (biometria, Câmeras OCR, câmeras fotográficas,

92 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
equipamentos técnicos). Estando presentes, assim, os requisitos para delega-
ção que são a realização de atividade técnica e de natureza instrumental.
Com os dados inseridos no Sistema Nacional (SISCSV), cabe ao Depar-
tamento de Trânsito (Detran) local exercer o poder de polícia, conferindo os
dados lançados no sistema, fotos e conferindo se não existem restrições ou
pendências, concluindo ao final pela aceitação ou reprovação da vistoria.
Ou seja, a palavra final no processo de vistoria continua sendo, exclusiva-
mente do Departamento de Trânsito local, que poderá apreender o veículo,
realizar novas vistorias, bem como exercer todas as atribuições que o poder de
polícia lhe permite realizar.
Com efeito, não há delegação do poder de polícia, que continua integral-
mente exercido pelas autoridades de trânsito (Detran e Ciretran).
Em análise da formalidade jurídica dos atos administrativos de creden-
ciamento de empresas de vistoria, observa-se que preenchem plenamente os
requisitos de competência, pois são outorgados pelo detentor da competên-
cia originária (Antes Denatran e que após a Resolução 466/2013 passou aos
Detrans); objeto é lícito, serviço de vistoria de veículos realizados em padrão
predefinido pelo Denatran/Detrans; forma, prevista em regulamento próprio
contendo todos os requisitos padrões; motivo fundamentado na lei em vigor
e motivado pela necessidade de propiciar ao cidadão um serviço de mais qua-
lidade e segurança; finalidade, estrito interesse da população, necessidade de
o Contran mudar os quadros anteriores à legislação em vigor, onde o próprio
Estado homologava as fraudes em automóveis por meio das vitorias falhas e
“quebras” de vistoria (grifos do autor).
O credenciamento de empresas para atividades de vistoria é perfeitamente
válido e legal, pois, atividades previstas nas Resoluções 282/2008 e 466/2013,
são atividades eminentemente técnicas, instrumentais e de mera verificação,
sendo que o resultado desta atividade materializado em um “laudo de vistoria”
será utilizado pela autoridade de trânsito para instrumentalizar sua decisão de
proceder ou não a vistoria, ou seja, o serviço prestado pelas ECVs é o meio, a
atividade técnica e instrumental para que o poder público atinja o fim, que é
a decisão sobre a aceitação da transferência, reprovação, apreensão, ou ainda
qualquer medida necessária de obrigação de fazer ou não fazer, insculpida no
poder de polícia.
Ao credenciar empresas para a atividade de vistoria automotiva, o poder

Vagner Pedroso Caovila 93


público coloca à disposição da população uma comodidade, um conforto e
uma utilidade, dando ao particular a opção de realizar as vistorias nas ECVs,
pagando para isso, ou continuar a realizá-las nos próprios órgãos de trânsito.
Além de a questão ser dominante doutrinariamente, em decorrência de di-
versos questionamentos judiciais sobre o tema, a questão foi enfrentada e dis-
cutida em todos os Tribunais onde o Estado possui ECVs, sendo certo que a
questão vem sendo pacificada conforme o entendimento externado na ementa
abaixo, bem como nas diversas ementas que serão apresentadas no próximo
capítulo:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA.


EMPRESA CREDENCIADA EM VISTORIA DE VEÍCULOS.
DESCREDENCIAMENTO. COMPETÊNCIA. DENATRAN. NU-
LIDADE DO ATO EMANADO DO DETRAN/MG. VISTORIA. ATI-
VIDADE MATERIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO DE EXERCÍCIO
DO PODER DE POLÍCIA PELO PARTICULAR. I) Apenas ao
Denatran é permitido o descredenciamento das empresas cre-
denciadas em vistoria de veículos, sendo nulo o ato de “revoga-
ção das delegações” emanado do DETRAN/MG. II) A vistoria
de veículo é atividade material, técnica, em que o particular
não está revestido do Poder de Potestade, daí porque não
configurada, in casu, a delegação do Poder de Polícia, não
havendo, portanto, qualquer ilegalidade no credenciamento de
particulares para a prática da referida vistoria. Proc. 5892790-
58.2009.8.13.0024. Rel. Des. BITENCOURT MARCONDES, 8ª
CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Ge-
rais Data Publicação 13/07/2010 (grifo nosso).

7.3 A Prestação de Serviços das ECVs não


Deveria se Dar por Licitação ao Invés de Credenciamento?

Primeiramente, se faz necessário lembrar que o Código de Trânsito Bra-


sileiro (CTB) deu ao Contran, através de os artigos 12, 22 e 103, a compe-
tência para estabelecer as normas relativas a todos os assuntos pertinentes a
vistorias:

94 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Art. 12. Compete ao Contran:
I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste
Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito;
II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objeti-
vando a integração de suas atividades;
VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas
neste Código e nas resoluções complementares;
X – normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habi-
litação, expedição de documentos de condutores, e registro e
licenciamento de veículos;

Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando atendi-


dos os requisitos e condições de segurança estabelecidos, neste
Código e, em normas do Contran. (grifos do autor)

Presume-se, em consequência, que o legislador maior definiu que o diplo-


ma legal e as chamadas Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Con-
tran) são o caminho próprio para a criação e fixação de normas no perímetro
do Direito do Trânsito.
Aos Estados-membros e ao Distrito Federal, representados pelos órgãos
executivos de trânsito, compete o que reza especialmente o inciso I, do artigo
22, do Código:

Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito


dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de sua circunscri-
ção.
I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trân-
sito, no âmbito das respectivas atribuições;
II – realizar, fiscalizar e controlar o processo de formação, aperfeiçoa-
mento, reciclagem e suspensão de condutores, expedir e cassar Licen-
ça de Aprendizagem, Permissão para Dirigir, e Carteira Nacional de Ha-
bilitação, MEDIANTE DELEGAÇÃO do ÓRGÃO FEDERAL COMPETENTE.
(grifos do autor);
III – vistoriar, inspecionar quanto às condições de segurança veicular,
registrar emplacar, selar a placa, e licenciar veículos, expedindo o Cer-
tificado de Registro e Licenciamento Anual, MEDIANTE DELEGAÇÃO do
ÓRGÃO FEDERAL COMPETENTE (grifos do autor).

Vagner Pedroso Caovila 95


Na verdade, o CTB estabeleceu a competência privativa do Contran para
legislar sobre assuntos pertinentes a trânsito, ficando desta forma, os Estados-
membro proibidos de editar normas próprias, salvo, é evidente, nos assuntos
de rotina administrativa ou, ainda, quando a normativa do Contran expres-
samente autoriza que os Detrans regulamentem determinadas matérias con-
forme a peculiaridade de cada Estado.
Isto significa que em regra, o Estado-membro não tem a liberalidade de
editar regulamentos próprios em matéria de trânsito, não podem deixar de
aplicar norma editada pelo Contran, ou Denatran, não podem inovar e não
podem descredenciar entidade credenciada pelo órgão máximo de trânsito,
salvo a exceção prevista acima.
Sobre esse assunto já escreveu o brilhante jurista Cyro Vidal:

Não podem os Estados membros e o Distrito Federal atacar,


de qualquer forma, norma do Contran. Aliás, se divergên-
cias houverem, devem os membros do Sistema apresentar
recurso em sentido estrito ao órgão maior, como se defere
dos incisos XII, XIII e XIV do artigo 12, do CTB (Parecer Téc-
nico Jurídido sobre a legalidade formal e Material da Resolução
Contran 282/2008, 15 de setembro de 2010). (grifos do autor).

Como se verifica o legislador não estabeleceu a necessidade de processo li-


citatório para os assuntos técnicos e instrumentais relacionados a trânsito, por
isso, é por meio do credenciamento que se estabelecem as várias atividades
atuantes há muitos anos no País, como os Centros de Formação de Conduto-
res, os médicos/psicólogos, despachantes, desmanches, empresas de inspeção
de segurança veicular, empresas de simuladores de direção e empresas de vis-
toria.
Inclusive sobre o tema licitação e credenciamento o eminente professor
Adilson Dallari, tece o seguinte alerta:

é necessário superar o preconceito consistente na crença


de que a Lei 8.666/93 regula exaustivamente todas as moda-
lidades de contratos administrativos, ou pior, que isso, que
contrato administrativo é somente aquilo que se contiver na
disciplina dada pela mencionada lei. (DALLARI, 2006, p. 14).

96 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
De fato, pela leitura desatenta ao texto da Lei de Licitações (nº. 8.666/93),
pode-se ter a falsa ideia de que todos os tipos de serviços que o particular
participe e que tenha relação com o Poder Público deveriam ser precedidos
de licitação.
In casu, não há necessidade de licitação por vários fatores destacados:

l Não existe previsão legal com tal exigência. O Contran estabeleceu a


norma federal facultando a habilitação pelos estados-membros de em-
presas para atividades de vistorias técnicas para fins de transferência e
regularização de motores, não exigindo a licitação;
l Não existe qualquer tipo de pagamento do Estado às ECVs ou vice e
versa. A realização das vistorias via ECV é opcional, o cidadão pode
escolher levar o veículo no Detran e realizar a vistoria, ou realizá-la em
uma ECV; e
l Para a realização de uma licitação Estadual indispensável seria a edição
de Lei Estadual com tal exigência.

Por todo exposto é possível concluir, que não é necessário o procedimento


licitatório para a contratação de empresas de vistorias para atuação em deter-
minada região, no entanto, não se pode negar que o Brasil, por ser um país de
tamanho continental, possui Estados com peculiaridades extremas, sendo que
em alguns pela questão demográfica e de infraestrutura do órgão executivo
de Trânsito, a escolha de empresa por processo licitatório pode ser o melhor
caminho para atendimento da população.

7.4 O Descredenciamento das ECVs pelo Denatran


Antes de o Término de Vencimento de suas
Respectivas Portarias e o Dever de Indenizar?

Como explanado acima, o credenciamento por conceito é um ato precário


que pode ser revisto a qualquer momento pela administração.
Assim em primeira análise teríamos a hipóteses que por ser ato precário,
não caberia o direito de indenizar do ente outorgante do credenciamento à

Vagner Pedroso Caovila 97


pessoa credenciada em caso de cancelamento do credenciamento antes do seu
prazo inicialmente previsto.
No entanto, a figura do credenciamento mesmo sendo atípica, na medida
em que não encontra albergue explícito na Lei 8.666/93, é amplamente reco-
nhecida pela Doutrina e pela Jurisprudência como negócio jurídico de feição
contratual ou mesmo como contrato administrativo propriamente dito, de-
corrente de inexigibilidade de certame licitatório.
Assim, quando uma pessoa jurídica atendendo ao chamamento do ente
público no sentido de credenciamento para o exercício de determinada ativi-
dade por um prazo determinado, é óbvio que o empresário que investe para a
consecução do objeto do credenciamento se prepara para atuar na atividade
credenciada no tempo mínimo previsto no seu ato de credenciamento.
E o exaurimento do tempo mínimo de credenciamento é ato necessário
para que o empresário possa ter dentro de um planejamento, o retorno do
investimento.
O corte abrupto do credenciamento, sem motivação, afronta o princípio
da segurança jurídica.
A segurança jurídica é um direito fundamental do cidadão. O Estado De-
mocrático de Direito pressupõe uma ordem jurídica em que se garantam im-
portantes instrumentos para a defesa dos particulares em face de o Poder do
Estado. Os direitos e garantias individuais se apresentam como a maior defesa
dos cidadãos em relação ao Estado.
A segurança jurídica é um princípio que implica normalidade, estabilida-
de, proteção contra alterações bruscas numa realidade fático-jurídica. Signi-
fica a adoção pelo Estado de comportamentos coerentes, estáveis e não con-
traditórios. É também, portanto, respeito à realidades consolidadas, princípio
este previsto no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal (CF) - “a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Assim, se uma pessoa abre uma empresa de vistorias e se submete a severos
critérios de credenciamento para exercer uma atividade plenamente regulada
pelo órgão máximo de trânsito, o Denatran – inclusive realizando altíssimos
investimentos com adequação de instalações, compra de equipamentos, cer-
tificações, seguros, treinamento de pessoal, não tem sentido a lei ou qualquer
ato editado, revogar o seu direito conquistado de trabalhar pelo tempo fixado
no seu credenciamento.

98 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Ainda, considerando que o credenciamento é forma jurídica que deve ter
sua interpretação subsidiária baseada na Lei 8.666/93, insta ressaltar que as
alterações unilaterais devem estar motivadas nos moldes do art. 65, I, “a” e “b”
da Lei nº 8.666/93, além de que as alterações devem respeitar os direitos do
contratado, de acordo com o que prescreve o art. 58 na parte final do inciso I
da citada lei.
O ato praticado pelo Contran em alterar o art.1º da Res. 282/2008 que
previa o credenciamento de ECVs pelo Denatran, revogando, assim, o creden-
ciamento de centenas de empresas antes de o vencimento de suas respectivas
portarias não mostra o cumprimento das cautelas necessárias à espécie. Razão
por que a alteração realizada não se justifica em face de fatos novos e imprevi-
síveis à época da instauração do edital de credenciamento, que tenham força
bastante para alterar a demanda do interesse público, e, se não há fatos novos
e imprevisíveis, a alteração contratual é ilegítima e ilegal.
Visando a segurança jurídica e o respeito ao direito da empresa que teria
suas atividades paralisadas pelo Descredenciamento, o Contran poderia ter
respeitado as datas de credenciamento de cada empresa ao invés de ter toma-
do a violenta medida contra as empresas de vistorias, que agora, dependem ir-
restritamente dos Detrans para decidir sobre a continuidade ou o fechamento
da empresa.

Vagner Pedroso Caovila 99


CAPÍTULO VIII
COLETÂNEA DE JURISPRUDÊNCIA ATINENTE
À LEGALIDADE E AO CREDENCIAMENTO DE
EMPRESAS DE VISTORIAS
A coletânea de ementas a seguir visa dar elementos de pesquisa
sobre as matérias que envolvem o credenciamento e a legalidade
das empresas de vistorias, tendo sido pesquisados nos acervos
jurisprudenciais dos Estados onde já atuaram ECVs.

8.1 Justiça Estadual de Santa Catarina


MANDADO DE SEGURANÇA - EMPRESA PRIVADA CREDEN-
CIADA JUNTO AO DENATRAN PARA A REALIZAÇÃO DE VIS-
TORIA VEICULAR - VIABILIDADE DE COMPELIR O DEPAR-
TAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO A ACEITAR OS LAUDOS
CONFECCIONADOS PELA IMPETRANTE - Matéria já conheci-
da e amplamente debatida por esta corte - direito líquido e certo
- concessão da ordem mantida - RECURSO E REMESSA NÃO
PROVIDOS. (Apelação Cível em Mandado de Segurança n.
2012.026024-9, da Capital, rel. Des. Gaspar Rubick).

Vagner Pedroso Caovila 101


MANDADO DE SEGURANÇA - EMPRESA PRIVADA CRE-
DENCIADA JUNTO AO DENATRAN PARA A REALIZAÇÃO
DE VISTORIA VEICULAR - VIABILIDADE DE COMPELIR O
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO A ACEITAR OS
LAUDOS CONFECCIONADOS PELA IMPETRANTE - Matéria
já conhecida e amplamente debatida por esta corte - direito líqui-
do e certo - concessão da ordem mantida - recurso e remessa
não providos. (Apelação Cível em Mandado de Segurança n.
2012.010925-7, da Capital, rel. Des. Gaspar Rubick).

APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA. DE-


TRAN/SC QUE SE NEGA A RECEBER LAUDOS DE VISTORIA
DE VEÍCULOS AUTOMOTORES EXPEDIDOS PELA EMPRE-
SA DE INSPEÇÃO VEICULAR DE PROPRIEDADE DO IMPE-
TRANTE. RESOLUÇÃO N. 282/2008 DO DENATRAN QUE
PREVÊ A POSSIBILIDADE DE EMPRESAS PARTICULARES
REALIZAREM VISTORIA VEICULAR. EMPRESA DO IMPE-
TRANTE REGULARMENTE CREDENCIADA PELO ÓRGÃO
OFICIAL PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE. ILEGALIDADE
DO ATO. SENTENÇA REFORMADA. SEGURANÇA CONCE-
DIDA. RECURSO PROVIDO. É ilegal a negativa da autorida-
de coatora em recusar o recebimento e validação de laudos de
vistoria veicular, quando comprovado, nos termos da Portaria n.
282/2008 do Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN,
ser a empresa impetrante credenciada e possuir autorização
para a prática de tais atos. (Apelação Cível em Mandado de Se-
gurança n. 2011.086166-0, de Xanxerê, rel. Des. Carlos Adilson
Silva).

Apelação cível em mandado de segurança. Ad-


ministrativo. Empresa privada credenciada pelo
Denatran para realizar vistoria de veículos pelo
prazo de 1 ano em caráter excepcional e precá-
rio (Portaria n. 472, de 25 de maio de 2011). Possibi-
lidade. Atribuições que decorrem da competência
normativa do Contran. Inteligência do art. 12, X,
do CTB. Direito líquido e certo. Ordem concedida para que o
Detran receba os laudos de vistoria realizados pela impetran-
te enquanto vigente a portaria. Sentença mantida em sede de
reexame. Recurso voluntário desprovido. Não há previsão legal
autorizando os Detrans, órgãos de execução, a produzirem nor-

102 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
mas que regulamentem os procedimentos relativos ao registro
de gravames e de licenciamento de veículo. O artigo 12, inciso
X, do Código de Trânsito Brasileiro-CTB é cristalino ao dispor
ser da competência do Contran: “normatizar os procedimentos
sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos
de condutores, e registro e licenciamento de veículos. Agravo
regimental não provido.” (AgRg no REsp 948478 / SC, rel. Min.
Castro Meira, j.. 16.09.2010) (Apelação Cível em Mandado de
Segurança n. 2012.043570-5, da Capital, rel. Des. Pedro Ma-
noel Abreu).

ADMINISTRATIVO. “REEXAME NECESSÁRIO EM MANDA-


DO DE SEGURANÇA. EMPRESA CREDENCIADA JUNTO AO
DENATRAN PARA VISTORIAR VEÍCULOS AUTOMOTORES,
COM FULCRO NA RESOLUÇÃO N. 282/2008 DO CONTRAN.
DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO (DETRAN/SC)
QUE SE NEGA A RECEBER OS LAUDOS EMITIDOS PELA
IMPETRANTE, SEM JUSTIFICATIVA. COMPETÊNCIA DO
CONTRAN PARA REGULAMENTAR O PROCEDIMENTO DE
VISTORIA, DE ACORDO COM O ART. 12, X, DO CÓDIGO DE
TRÂNSITO BRASILEIRO. AUSÊNCIA DE PROVA DE IRREGU-
LARIDADE QUE MACULE O CREDENCIAMENTO. ILEGALI-
DADE DO ATO COATOR CARACTERIZADA. CONCESSÃO DA
SEGURANÇA. SENTENÇA MANTIDA. REMESSA DESPROVI-
DA. “’É ilegal a negativa da autoridade coatora em recusar o
recebimento e validação de laudos de vistoria veicular, quando
comprovado, nos termos da Portaria n. 282/2008 do Departa-
mento Nacional de Trânsito - DENATRAN, ser a empresa im-
petrante credenciada e possuir autorização para a prática de
tais atos.’ (Reexame Necessário em Mandado de Segurança n.
2011.065249-4, da Capital, rel. Des. Carlos Adilson da Silva)”
(TJSC - RNMS n. 2011.091224-2, da Capital, Rel. Des. José
Volpato de Souza, j. 2/2/2012). (Apelação Cível em Mandado
de Segurança n. 2012.041886-4, da Capital, rel. Des. Jaime Ra-
mos).

APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA. VIS-


TORIA VEICULAR REALIZADA POR EMPRESA PARTICU-
LAR DEVIDAMENTE CREDENCIADA JUNTO AO DENATRAN.
POSSIBILIDADE. RESOLUÇÃO N. 282/2008. EXTINÇÃO DO

Vagner Pedroso Caovila 103


MANDADO DE SEGURANÇA EM RAZÃO DA PERDA DO OB-
JETO. IMPOSSIBILIDADE. CREDENCIAMENTO RENOVADO.
NEGATIVA DE RECEBIMENTO DOS LAUDOS DE VISTORIA.
ILEGALIDADE. AFRONTA A DIREITO LÍQUIDO E CERTO. SE-
GURANÇA CONCEDIDA. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cí-
vel em Mandado de Segurança n. 2011.035634-1, da Capital,
rel. Des. Rodrigo Collaço).

REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


VISTORIA VEICULAR REALIZADA POR EMPRESA PARTICU-
LAR DEVIDAMENTE CREDENCIADA JUNTO AO DENATRAN.
POSSIBILIDADE. RESOLUÇÃO N. 282/2008. NEGATIVA DE
RECEBIMENTO DOS LAUDOS DE VISTORIA. ILEGALIDADE.
AFRONTA A DIREITO LÍQUIDO E CERTO. SEGURANÇA CON-
CEDIDA. SENTENÇA CONFIRMADA. (Reexame Necessário
em Mandado de Segurança n. 2011.065916-8, da Capital, rel.
Des. Rodrigo Collaço).

REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


EMPRESA CREDENCIADA JUNTO AO DENATRAN PARA
VISTORIAR VEÍCULOS AUTOMOTORES, COM FULCRO NA
RESOLUÇÃO N. 282/2008 DO CONTRAN. DEPARTAMENTO
ESTADUAL DE TRÂNSITO (DETRAN/SC) QUE SE NEGA A
RECEBER OS LAUDOS EMITIDOS PELA IMPETRANTE, SEM
JUSTIFICATIVA. COMPETÊNCIA DO CONTRAN PARA REGU-
LAMENTAR O PROCEDIMENTO DE VISTORIA, DE ACORDO
COM O ART. 12, X, DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
AUSÊNCIA DE PROVA DE IRREGULARIDADE QUE MACULE
O CREDENCIAMENTO. ILEGALIDADE DO ATO COATOR CA-
RACTERIZADA. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. SENTENÇA
MANTIDA. REMESSA DESPROVIDA. “É ilegal a negativa da
autoridade coatora em recusar o recebimento e validação de
laudos de vistoria veicular, quando comprovado, nos termos da
Portaria n. 282/2008 do Departamento Nacional de Trânsito -
DENATRAN, ser a empresa impetrante credenciada e possuir
autorização para a prática de tais atos.” (Reexame Necessário
em Mandado de Segurança n. 2011.065249-4, da Capital, rel.
Des. Carlos Adilson da Silva) (Reexame Necessário em Manda-
do de Segurança n. 2011.091224-2, da Capital, rel. Des. José
Volpato de Souza).

104 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
REEXAME NECESSÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
DETRAN/SC QUE SE NEGA A RECEBER LAUDOS DE VIS-
TORIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES EXPEDIDOS PELA
EMPRESA DE INSPEÇÃO VEICULAR IMPETRANTE. RESO-
LUÇÃO N. 282/2008 DO DENATRAN QUE PREVÊ A POSSI-
BILIDADE DE EMPRESAS PARTICULARES REALIZAREM
VISTORIA VEICULAR. IMPETRANTE REGULARMENTE CRE-
DENCIADA PELO ÓRGÃO OFICIAL PARA O EXERCÍCIO DA
ATIVIDADE. ILEGALIDADE DO ATO. SEGURANÇA CONCE-
DIDA. SENTENÇA MANTIDA. REMESSA OFICIAL DESPRO-
VIDA. É ilegal a negativa da autoridade coatora em recusar o
recebimento e validação de laudos de vistoria veicular, quando
comprovado, nos termos da Portaria n. 282/2008 do Departa-
mento Nacional de Trânsito - DENATRAN, ser a empresa im-
petrante credenciada e possuir autorização para a prática de
tais atos. (Reexame Necessário em Mandado de Segurança n.
2011.074962-5, da Capital, rel. Des. Carlos Adilson Silva).

8.2 Justiça Estadual do Rio Grande do Norte


ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INS-
TRUMENTO. Liminar em mandado de segurança. Vistoria vei-
cular para avaliação e registro de automóvel. Atos executivos do
poder de polícia. Atividade que não se confunde com o próprio
poder de polícia. Possibilidade de delegação a particular. Art. 25
do CTB. Autorização em caráter precário para vistoria dada pelo
Denatran, em consonância com regramento administrativo do
Contran. Presença dos requisitos autorizadores da concessão
de liminar. Impedimento de realização da atividade por terceiros.
Impossibilidade. Atividade exercida em regime de concorrência.
Ausência do fumus boni juris. Agravo de instrumento conhecido
e parcialmente provido. (Agravo de Instrumento n. 2009.012514-
1, 1ª Câmara Cível, 3ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Natal/RN, rel. Desembargador DILERMANDO MOTA).

8.3 Justiça Estadual de São Paulo


MANDADO DE SEGURANÇA. Empresa de Vistoria Veicu-

Vagner Pedroso Caovila 105


lar Credenciada Recusa de laudos pelo DETRAN-SP Atividade
de poder de polícia dos Estados da federação Inexistência de
ofensa a direito líquido e certo Sentença denegatória da ordem
confirmada Recurso de apelação desprovido. Proc. 0008829-
83.2009.8.26.0024   Apelação / Sistema Nacional de Trânsito.
Relator Des. M. Ribeiro de Paula. Órgão julgador: 12ª Câma-
ra de Direito Público. Comarca: Andradina. Data do julgamen-
to: 09/04/2014.

APELAÇÃO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE VISTORIA VEI-


CULAR. Empresa Credenciada pelo DENATRAN. Portaria
do DETRAN que proíbe a aceitação dos laudos expedidos
por empresas particulares. Ilegalidade. Autorização concedi-
da pela Resolução 282/08 do CONTRAN. Precedentes deste
Egrégio Tribunal de Justiça. Recurso provido. Proc. 0002845-
60.2011.8.26.0053   Apelação / Concessão / Permissão / Auto-
rização. Relator Des. Cláudio Marques. Órgão julgador: 3ª Câ-
mara Extraordinária de Direito Público. Comarca de São Paulo.
Data de registro: 01/12/2014.

MANDADO DE SEGURANÇA. ATO ADMINISTRATIVO. Nega-


tiva de exercício das atividades de inspeção veicular por em-
presa privada. Ilegalidade. Empresa devidamente credenciada
em vistoria ECV junto ao DENATRAN (cf. fls. 20/21). Ordem con-
cedida. Sentença mantida. Sucumbência. Não incidência de ho-
norários de advogado. Artigo 25 da Lei n.º 12.016/09. Cabimento
da sujeição ao pagamento de despesas processuais. Princípio
da causalidade. RECURSO NÃO PROVIDO E REEXAME NE-
CESSÁRIO REJEITADO. Proc. 0000591-60.2011.8.26.0653  
Apelação / Atos Administrativos. Relator Des. José Maria Câ-
mara Junior. Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Público. Co-
marca: Vargem Grande do Sul. Data do julgamento: 13/11/2013.

ATO ADMINISTRATIVO. INSPEÇÃO VEICULAR POR EMPRE-


SA CREDENCIADA (ECV). Comunicado do DETRAN/SP de que
não seriam aceitos laudos de vistoria feitos por empresas priva-
das. Invalidação. Empresas credenciadas pelo DENATRAN com
fundamento na Resolução 292/2008 do CONTRAN. Identifica-
ção, autenticidade e condições técnicas de funcionamento dos
veículos. Aferição técnica que não é típica da polícia administra-
tiva. Ação proposta por sindicato em favor dos seus filiados. Aco-

106 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
lhida para que sejam aceitos os laudos de vistoria veicular emiti-
dos pelas empresas privadas credenciadas. Recurso e reexame
necessário não providos. Proc. 0001685-97.2011.8.26.0053  
Apelação / Reexame Necessário / Atos Administrativos. Relator
Des. Edson Ferreira. Órgão julgador: 12ª Câmara de Direito Pú-
blico. Comarca de São Paulo. Data do julgamento: 30/10/2013

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA


- LIMINAR - VISTORIAS DE REGULARIZAÇÃO E TRANSFE-
RÊNCIA - RESOLUÇÕES DO CONTRAN N. 05, DE 1998 E N.
282, DE 2008 - ÓRGÃOS EXECUTIVOS DE TRÂNSITO DOS
ESTADOS E DISTRITO FEDERAL E EMPRESAS PRIVADAS
CREDENCIADAS PELO DENATRAN - REVOGAÇÃO DO CRE-
DENCIAMENTO PELO DETRAN-MG - IMPOSSIBILIDADE
- COMPETENCIA ATRIBUÍDA AO ÓRGÃO MÁXIMO EXECU-
TIVO DE TRÂNSITO DA UNIÃO - ARTIGO 7º, VI, DA PORTA-
RIA DO DENATRAN N. 131, DE 2008 - FUMUS BONI JURIS E
PERICULUM IN MORA PRESENTES - DECISÃO MANTIDA.- A
Resolução n. 282, de 2008, editada pelo CONTRAN, indireta-
mente, atribuiu competência às empresas credenciadas pelo
DENATRAN para, juntamente com os órgãos executivos de trân-
sito dos Estados e do Distrito Federal, realizar as vistorias de que
trata a Resolução n. 05/98.- O credenciamento realizado pelo
Departamento Nacional de Trânsito somente pode ser suspenso
ou cassado pelo próprio órgão, de acordo com o artigo 7º, VI, da
Portaria n. 131, de 2008.- Presentes os requisitos previstos no
artigo 7º, III, da Lei n. 12.016, de 2009, o deferimento da liminar
é medida de rigor. (Tribunal de Justiça Minas Gerais, Desem-
bargador Relator SILAS VIEIRA, processo n. 1.0024.09.691078-
1/001, Agravo de Instrumento, D.O 01/06/2010). (grifos do autor)

CREDENCIAMENTO - DENATRAN - SOLICITAÇÃO - DELE-


GADA REGIONAL - INDEFERIMENTO - DESCRENDENCIA-
MENTO - COMPETÊNCIA - NATUREZA JURÍDICA. AGRAVO
DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVI-
DO. I - Compete ao órgão nacional de trânsito - DENATRAN
- credenciar empresas para realização das vistorias de re-
gularização e transferência de veículos. II - O credenciamen-
to da empresa autoriza-a, juntamente com o órgão estadual, a
praticar atos relativos à vistoria de regularização, independen-
temente de prévia deliberação do órgão estadual. III - Ao órgão

Vagner Pedroso Caovila 107


estadual de trânsito - DETRAN/MG - incumbe apenas a verifi-
cação da regularidade da vistoria, ou seja, se foi realizada nos
termos dos atos normativos expedidos. IV - Manifesta a incom-
petência da autoridade estadual de trânsito para descredenciar
as empresas de vistoria. (AGRAVO DE INSTRUMENTO CÍVEL
N° 1.0351.09.096484-9/001 - RELATOR: EXMO. SR. DES. BI-
TENCOURT MARCONDES; p. 13/04/2010, Tribunal de Justiça
de Minas Gerais). (grifos do autor)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA.
VISTORIA VEICULAR PARA AVALIAÇÃO E REGISTRO DE
AUTOMÓVEL. ATOS EXECUTIVOS DO PODER DE POLÍCIA.
ATIVIDADE QUE NÃO SE CONFUNDE COM O PRÓPRIO
PODER DE POLÍCIA. POSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO A
PARTICULAR. ART. 25 DO CTB. AUTORIZAÇÃO EM CARÁ-
TER PRECÁRIO PARA VISTORIA DADA PELO DENATRAN,
EM CONSONÂNCIA COM REGRAMENTO ADMINISTRATIVO
DO CONTRAN. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZA-
DORES DA CONCESSÃO DE LIMINAR. IMPEDIMENTO DE
REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE POR TERCEIROS. IMPOSSIBI-
LIDADE. ATIVIDADE EXERCIDA EM REGIME DE CONCOR-
RÊNCIA. AUSÊNCIA DO FUMUS BONI JURIS. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(Processo n. 2009.012514-1- Agravo de Instrumento com Sus-
pensividade, Relator Desembargador DILERMANDO MOTA, 1ª
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte). (gri-
fos do autor)

8.4 Justiça do Distrito Federal

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE


SEGURANÇA. DETRAN. SERVIÇO DE INSPEÇÃO VEICU-
LAR. DELEGAÇÃO. COMPETÊNCIA. CONSELHO NACIO-
NAL DE TRÂNSITO. EMPRESA PARTICULAR. CREDEN-
CIAMENTO PARA O SERVIÇO POR ATO DO DENATRAN.
INGERÊNCIA NA ÁREA DE ATUAÇÃO DO ÓRGÃO LOCAL.
LICITAÇÃO. CONTRATO ADMINISTRATIVO. INEXISTÊN-
CIA. SUPRIMENTO PELO CREDENCIAMENTO PELO ÓR-
GÃO NACIONAL. LEGITIMIDADE. ASSEGURAÇÃO DO

108 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
FOMENTO DO SERVIÇO. LIMINAR. DIREITO LÍQUIDO E
CERTO. PLAUSIBILIDADE AUSENTE. INDEFERIMENTO.
1. Consubstancia constatação inexorável que a competência
para legislar sobre trânsito está conferida com exclusividade
à União, consoante reserva inserta na Constituição Federal
(art. 22, XI), e o exercício dessa competência restara emol-
durada precipuamente no Código de Trânsito Brasileiro - Lei
nº 9.503/97 -, que, atinado com sua destinação, criara o Sis-
tema Nacional de Trânsito (art. 5º), que, composto pelos ór-
gãos executivos criados pelos estados, pelo Distrito Federal
e pelos municípios, reserva aos entes federados competên-
cia para organizá-los (art. 8º), ressalvando ao Conselho Na-
cional de Trânsito - CONTRAN competência para atuar como
órgão regulador, conferindo-lhe poder normativo (art. 12).
2. Conquanto derive da regulação editada pelo órgão regulador
que as vistorias e regularização e transferência de veículos po-
dem ser efetuadas pelos órgãos de trânsito ou empresas creden-
ciadas pelo Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN
(Resolução nº 282/08, art. 1º), o órgão de trânsito local - DE-
TRAN-DF -, autarquia criada justamente para funcionar como ór-
gão de trânsito executivo no âmbito do Distrito Federal de forma
a materializar a previsão inserta na legislação federal codificada
(CTB, arts. 7º, 22, etc.), está municiado de competência para
realizar os serviços de inspeção veicular como pressuposto para
obtenção do licenciamento dos automóveis nele registrados,
sendo-lhe resguardada autonomia administrativa para exercitá
-los de acordo com a regulação legal e normativa competentes.
3. Optando o órgão de trânsito local pela concentração dos ser-
viços de vistoria veicular, ao invés de contar com o concurso de
empresas previamente credenciadas e legal e formalmente con-
tratadas, a opção traduz simples expressão da autonomia admi-
nistrativa que lhe é assegurada para executar as atribuições que
lhe foram confiadas pelo legislador federal, não se afigurando
condizente com os princípios que regulam a atuação administra-
tiva reputar-se hábil a legitimar a interseção de empresa privada
no fomento dos serviços o credenciamento que lhe fora confe-
rido pelo Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, à
medida que a prestação do serviço por particular é condicionada
à observância do estabelecido pela Constituição Federal e pela
legislação federal, que estabelecem como pressupostos do fo-
mento do serviço a subsistência de procedimento licitatório e a

Vagner Pedroso Caovila 109


formulação de contrato administrativo destinado a regular es-
pecificamente a prestação (CF, art. 37, XXI, e Lei nº 8.666/93).
4. Estando a materialização do serviço conferida aos órgãos de
trânsito estaduais (CTB, art. 22, III), ao órgão regulador com-
pete exclusivamente regulá-lo, não detendo competência nem
poder para interferir na sua execução, pois delegada aos órgãos
estaduais, resultando que, delegado o serviço ao órgão local, a
regulação derivada do órgão normativo, conquanto autorizando
a execução dos serviços de vistoria por empresas credencia-
das, não legitima que, obtendo credenciamento na forma es-
tabelecida, a credenciada esteja habilitada a interferir na ges-
tão administrativa do órgão executivo independentemente de
prévio contrato entre eles formalizado, notadamente porque o
credenciamento não importa na concessão de poderes para a
credenciada passar a atuar como verdadeiro órgão de trânsito
à revelia da administração e sem a subsistência de prévio con-
trato administrativo celebrado com esse objeto. 5. Cuidando-se
de prestação de serviço público de vistoria veicular por empre-
sa privada através de concessão ou delegação, não subsiste
lastro apto a legitimar que seja desconsiderado o princípio da
licitação que, derivando de previsão constitucional (CF, art. 37,
XXI), é inerente à contratação de empresa privada destinada à
prestação de serviços públicos, não se afigurando legítimo que,
na espécie, o instituto do credenciamento, conquanto legítimo
em situações tópicas pontuais, seja usado como instrumento
hábil a legitimar que a exigência constitucional seja tangenciada
através de criação normativa subalterna por não encerrar poder
nem estar provida de legitimidade passível de ensejar a descon-
sideração de aludido primado. 6. Agravo conhecido e provido.
Unânime. (ACÓRDÃO n.485455, 20100020096765AGI, Rela-
tor: TEÓFILO CAETANO, 4ª Turma Cível, Data de Julgamento:
02/02/2011, Publicado no DJE: 03/03/2011. Pág.: 126).

8.5 Justiça Estadual do Espírito Santo

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ATIVI-


DADE DE VISTORIA VEICULAR. CREDENCIAMENTO. ÓR-
GÃO FEDERAL. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. ANTECIPA-
ÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. RECURSO DESPROVIDO.
1. Verificando o julgador que as empresas agravadas lograram

110 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
êxito em comprovar que foram credenciadas pelo DENATRAN
para proceder a vistoria de veículos para fins de licenciamento e
transferência, correta a decisão que, antecipando os efeitos da
tutela, compeliu o órgão estadual de trânsito a acatar os laudos
emitidos neste mister, diante de sua manifesta recalcitrância de
fazê-lo.2. É que referido credenciamento, como ato administrati-
vo que é, goza da presunção de legitimidade, cuja competência
para invalidar não pertence a esta Justiça Estadual, uma vez
que expedido por órgão autônomo, vinculado ao Ministério das
Cidades e que, por tal, possui prerrogativa de foro na forma do
art. 109, I, da Constituição da República. 3. Recurso conhecido,
porém desprovido. VISTOS, relatados e discutidos estes autos
em epígrafe, em que figuram as partes acima descritas, ACOR-
DA , a colenda Quarta Câmara Cível deste egrégio Tribunal de
Justiça, na conformidade da ata de julgamento que integra este
julgado, POR MAIORIA DE VOTOS, CONHECER DO RECUR-
SO, MAS NEGAR-LHE PROVIMENTO. Vit., 19 de março de
2012.

8.6 Justiça Estadual de Minas Gerais

APELAÇÃO CÍVEL/REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE


SEGURANÇA. EMPRESA CREDENCIADA EM VISTORIA DE
VEÍCULOS. DESCREDENCIAMENTO. COMPETÊNCIA. DE-
NATRAN. NULIDADE DO ATO EMANADO DO DETRAN/
MG. VISTORIA. ATIVIDADE MATERIAL. NÃO CONFIGURA-
ÇÃO DE EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA PELO PARTI-
CULAR. SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO.
RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1.
Apenas ao DENATRAN é permitido o descredenciamento das
empresas credenciadas em vistoria de veículos, sendo nulo
o ato de “revogação das delegações” emanado do DETRAN/
MG. 2. A vistoria de veículo é atividade material, técnica, em
que o particular não está revestido do Poder de Potestade,
daí porque não configurada, in casu, a delegação do Poder de
Polícia, não havendo, portanto, qualquer ilegalidade no cre-
denciamento de particulares para a prática da referida vistoria.
Relator(a): Des.(a) Bitencourt Marcondes. Processo nº 5892790-
58.2009.8.13.0024. Câmaras Cíveis / 8ª CÂMARA CÍVEL. Data
da Publicação da Súmula: 06/05/2013

Vagner Pedroso Caovila 111


MANDADO DE SEGURANÇA. REVOGAÇÃO PELO DETRAN/
MG DO ATO DO DENATRAN QUE DELEGOU Á IMPETRANTE
O CREDENCIAMENTO PARA VISTORIA DE VEÍCULOS. IM-
POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA. O ato praticado pelo Chefe
do DETRAN/MG, ao impor a anulação do ato de credenciamen-
to da impetrante pelo DENATRAN, excedeu os limites de sua
competência, de modo a evidenciar o direito líquido e certo da
impetrante. 7ª CÂMARA CÍVEL. Relator(a): Des.(a) Wander Ma-
rotta. Processo 6910799-51.2009.8.13.0024. Data da publica-
ção da súmula: 13/07/2012.

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA


- LIMINAR INDEFERIDA - VISTORIAS DE REGULARIZAÇÃO E
TRANSFERÊNCIA DE VEÍCULOS - RESOLUÇÕES DO CON-
TRAN N. 05, DE 1998 E N. 282, DE 2008 - ÓRGÃOS EXECUTI-
VOS DE TRÂNSITO DOS ESTADOS E DISTRITO FEDERAL E
EMPRESAS PRIVADAS CREDENCIADAS PELO DENATRAN -
REVOGAÇÃO DOCREDENCIAMENTO PELO DETRAN-MG -
IMPOSSIBILIDADE - COMPETENCIA ATRIBUÍDA AO ÓRGÃO
MÁXIMO EXECUTIVO DE TRÂNSITO DA UNIÃO - ARTIGO 7º,
VI, DA PORTARIA DO DENATRAN N. 131, DE 2008 - FUMUS
BONI JURIS E PERICULUM IN MORA PRESENTES.- A Reso-
lução n. 282, de 2008, editada pelo CONTRAN, indiretamente,
atribuiu competência às empresas credenciadas pelo DENA-
TRAN para, juntamente com os órgãos executivos de trânsito
dos Estados e do Distrito Federal, realizar as vistorias de que
trata a Resolução n. 05/98. - O credenciamento realizado pelo
Departamento Nacional de Trânsito somente pode ser suspenso
ou cassado pelo próprio órgão, de acordo com o artigo 7º, VI, da
Portaria n. 131, de 2008.- Presentes os requisitos previstos no
artigo 7º, III, da Lei n. 12.016, de 2009, o deferimento da liminar
é medida de rigor. Processo nº 0090095-93.2010.8.13.0000. 3ª
Câmera. Relator(a): Des.(a) Silas Vieira. Data da publicação da
súmula: 25/01/2011

112 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
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116 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
legislação
Resolução 282/2008
Resolução 466/2013
Portaria 1334/2010
Portaria 130/2014

Vagner Pedroso Caovila 117


RESOLUÇÃO Nº 282, DE 26 DE JUNHO DE 2008

Estabelece critérios para a regularização da

LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008


numeração de motores dos veículos
registrados ou a serem registrados no País.

O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN, no uso das


atribuições conferidas pelo art. 12, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que
institui o Código de Trânsito Brasileiro, e conforme o Decreto nº 4.711, de 29 de maio
de 2003, que trata da coordenação do Sistema Nacional de Trânsito, e

Considerando o disposto no art. 124, inciso V, e art. 125, da Lei nº 9.503, de


23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, bem como o
disposto nos arts. 311 e 311A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, que
institui o Código Penal Brasileiro;

Considerando a necessidade de se estabelecer padrões de procedimentos para


a atividade de registro de veículos no País, no que concerne à numeração de motor;

Considerando o contido nos Processo nºs 80001.032373/2007-53,


80001.032372/2007-17 e 80001.020631/2007-59, resolve:

Capítulo I

Das Vistorias

Art. 1º Na realização das vistorias de regularização e transferência em


veículos previstos na Resolução nº 05/98, os órgãos de trânsito, ou empresas pelo
DENATRAN credenciadas deverão coletar por meio óptico a numeração do chassi, do
motor e da parte traseira do veículo com a numeração da placa de identificação legível e
comparar com as numerações e restrições nas seguintes bases:

I – o cadastro informatizado do veículo na BIN/RENAVAM;


II – o cadastro informatizado do veículo em campo próprio da Base Estadual
ou no campo das “observações” do CRV/CRLV;
III – na documentação física existente nos órgãos executivos de trânsito dos
Estados e do Distrito Federal.
§ 1º caberá ao denatran definir os critérios mínimos para habilitação e
credenciamento de empresas capacitadas para a realização das vistorias.

§ 2º As empresas credenciadas deverão comprovar sua atuação exclusiva no


mercado de vistorias, mediante certidão emitida pelo órgão competente e cópia do
contrato ou estatuto social vigente.

§ 3º Caso a vistoria seja realizada por empresa credenciada, devera vir


Vagner Pedrosocontendo
acompanhada da consulta à BIN/RENAVAM Caovila necessariamente a informação119
mercado de vistorias, mediante certidão emitida pelo órgão competente e cópia do
contrato ou estatuto social vigente.

§ 3º Caso a vistoria seja realizada por empresa credenciada, devera vir


acompanhada da consulta à BIN/RENAVAM contendo necessariamente a informação
cadastrada referente ao chassi e motor do veículo para confronto da informação
coletada com a registrada na base conforme inciso I.
LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008

§ 4º em vistoria de veículos usados, cuja numeração de motor seja de difícil


visualização, conforme cadastro de motores mantido pelo DENATRAN, deverá ser
realizada a desmontagem dos componentes para a coleta por meio ótico (fotografia).

§ 5º Para os veículos contemplados no parágrafo 4º acima, que já tenham


passado pelo processo de desmontagem e que os motores estejam regularizados, será
necessária a gravação em baixo relevo, por empresa credenciada, de uma segunda
numeração com os mesmos caracteres da numeração original no bloco do motor,
visando facilitar os decalques em futuras vistorias para fins de fiscalização e ou
transferências. Os veículos que apresentarem a numeração adicional deverão conter esta
informação no Registro Nacional de Motores – RENAMO, conforme previsto no art. 12
desta Resolução.

§ 6o A Regularização dos motores que apresentarem divergência nas


vistorias da numeração coletada com a registrada na BIN/RENAVAM e de procedência
comprovada, se dará atualizando a informação nas bases estaduais e do Distrito Federal
e no Registro Nacional de Motores – RENAMO, conforme previsto no art. 12 desta
Resolução, mantendo o histórico do veículo desde a primeira numeração de motor
registrada no licenciamento e todas as atualizações de trocas ou regravações de motores
previstas nesta resolução.

§ 7o As empresas já credenciadas pelos DETRANS poderão continuar a


exercer as atividades previstas neste artigo até 180 dias (cento e oitenta) dias da data de
publicação desta Resolução, após o que as atividades serão restritas ao DETRANS e às
empresas credenciadas pelo DENATRAN

Capítulo II

Da Regularização das Alterações de Motores Anteriores à Resolução

Artigo 2º Os proprietários dos veículos que tiveram seus motores


substituídos até a publicação desta Resolução, que não tenham restrições de origem de
furto/roubo/adulteração da numeração do bloco e/ou busca e apreensão ou restrições
judiciais, administrativas ou tributárias, e que não estejam inseridos nos casos previstos
nos artigos 4o, 5o, 6o, 7o e 9o desta resolução, deverão providenciar a sua regularização
junto aos órgãos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal dentro do prazo de 1 (um)
ano, a contar da data de publicação desta Resolução ou por ocasião da vistoria do
veículo, sendo que a regularização será realizada após a comprovação da situação do
veículo mediante a vistoria acima descrita.

Capítulo III

120 Da Regularização de Motores


Vistoria com Numeração de Origem
Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam

Art. 3º Os veículos que tiverem seus motores substituídos após a publicação


veículo mediante a vistoria acima descrita.

Capítulo III

Da Regularização de Motores com Numeração de Origem

LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008


Art. 3º Os veículos que tiverem seus motores substituídos após a publicação
regularização da nova numeração identificadora dentro de sessenta dias, contados a
desta Resolução, deverão ser apresentados ao órgão executivo de trânsito para
partir:
regularização da nova numeração identificadora dentro de sessenta dias, contados a
partir:
I – da emissão da nota fiscal da instalação do motor ou bloco, novo ou
usado;
I – da emissão da nota fiscal da instalação do motor ou bloco, novo ou
II – da data constante em declaração da empresa frotista que mantém estoque
usado;
de motores de reposição, contendo informação de que efetuou a devida substituição do
II – da data constante em declaração da empresa frotista que mantém estoque
motor.
de motores de reposição, contendo informação de que efetuou a devida substituição do
§ 1º Independentemente dos documentos citados nos incisos I e II deste
motor.
artigo, deverá ser apresentada ao órgão executivo de trânsito a nota fiscal do motor
§ 1º Independentemente dos documentos citados nos incisos I e II deste
instalado no veículo, para fins de sua regularização cadastral.
artigo, deverá ser apresentada ao órgão executivo de trânsito a nota fiscal do motor
§ 2º Os agentes de fiscalização deverão verificar o cadastro do veículo junto
instalado no veículo, para fins de sua regularização cadastral.
à Unidade da Federação onde o mesmo se encontra registrado.
§ 2º Os agentes de fiscalização deverão verificar o cadastro do veículo junto
§ 3º Nos casos de motores ou blocos novos os proprietários deverão solicitar,
à Unidade da Federação onde o mesmo se encontra registrado.
após a realização da vistoria, a gravação da numeração no motor dentro dos critérios
§ 3º Nos casos de motores ou blocos novos os proprietários deverão solicitar,
estabelecidos no art.10 desta Resolução.
após a realização da vistoria, a gravação da numeração no motor dentro dos critérios
estabelecidos no art.10 desta Resolução.
Capítulo IV
Capítulo IV
Da Regularização de Motores sem Numeração de Origem
Da Regularização de Motores sem Numeração de Origem
Art. 4º A regularização do registro de veículos que apresentam motor sem
numeração de origem se dará gravando, no bloco do motor, numeração fornecida pelos
Art. 4º A regularização do registro de veículos que apresentam motor sem
órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, conforme artigo 10, via
numeração de origem se dará gravando, no bloco do motor, numeração fornecida pelos
sistema informatizado e, então, registrada a numeração, atendido um dos seguintes
órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, conforme artigo 10, via
requisitos:
sistema informatizado e, então, registrada a numeração, atendido um dos seguintes
I – tratando-se de veículo com motor novo ou motor usado com bloco novo,
requisitos:
após apresentação da pertinente nota fiscal original;
I – tratando-se de veículo com motor novo ou motor usado com bloco novo,
II – tratando-se de veículo com motor usado ou recondicionado, cuja
após apresentação da pertinente nota fiscal original;
numeração foi gravada em plaqueta, a qual tenha sido removida, após a comprovação da
II – tratando-se de veículo com motor usado ou recondicionado, cuja
procedência, através de nota fiscal original de venda ou mediante declaração do
numeração foi gravada em plaqueta, a qual tenha sido removida, após a comprovação da
proprietário constante do registro da procedência lícita do motor, conforme modelo
procedência, através de nota fiscal original de venda ou mediante declaração do
constante do Anexo desta Resolução.
proprietário constante do registro da procedência lícita do motor, conforme modelo
III - Os motores usados, recondicionados e remanufaturados não poderão ter
constante do Anexo desta Resolução.
sua numeração original alterada ou removida.
III - Os motores usados, recondicionados e remanufaturados não poderão ter
§ 1º A nota fiscal deverá discriminar as características do motor (marca e
sua numeração original alterada ou removida.
número de cilindros).
§ 1º A nota fiscal deverá discriminar as características do motor (marca e
§ 2º Em qualquer outra hipótese que não a prevista neste artigo, a autoridade
número de cilindros).
de trânsito deverá encaminhar o veículo à Delegacia de Polícia especializada para
§ 2º Em qualquer outra hipótese que não a prevista neste artigo, a autoridade
exames e procedimentos legais.
de trânsito deverá encaminhar o veículo à Delegacia de Polícia especializada para
exames e procedimentos legais.
Vagner Pedroso Caovila 121
Capítulo V
Capítulo V
Da Regularização de Motores com Numeração de Origem – Sem registro na Base
ou com Duplicidade de Registro
exames e procedimentos legais.

Capítulo V

Da Regularização de Motores com Numeração de Origem – Sem registro na Base


ou com Duplicidade de Registro
LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008

Art. 5º A regularização do registro de veículos que apresentam motor com a


numeração de acordo com o padrão do fabricante, porém não constando no cadastro ou
sendo divergente deste ou em duplicidade, se dará registrando a numeração do motor
apresentado, atendido um dos seguintes requisitos:

I – confirmação da originalidade da montagem do motor no veículo, através


de documento do fabricante ou da montadora, desde que não existam outros veículos, da
mesma marca registrados com o mesmo número de motor;
II – informação do fabricante ou montadora da existência de mais de um
motor originalmente produzido com essa numeração;
III – comprovação da procedência do motor ou bloco, novo ou usado,
através de nota fiscal original de venda ou mediante declaração do proprietário
constante no registro responsabilizando-se civil e criminalmente pela procedência lícita
do motor, conforme modelo constante do Anexo desta Resolução, caso não seja
confirmada a originalidade referida no inciso I e a numeração não estiver vinculada a
outro veículo;
IV - comprovação da procedência do motor, ou bloco novo ou usado,
mediante nota fiscal original de venda ou de comprovante de compra e venda do mesmo
pelo proprietário do veículo que possui o número de motor registrado, ou declaração
emitida pelo proprietário responsabilizando-se civil e criminalmente pela procedência
lícita do motor, conforme modelo anexo desta Resolução, caso a numeração esteja
vinculada apenas a um outro veículo.
V - na hipótese prevista no inciso IV, os veículos que possuírem o mesmo
número de motor em duplicidade terão incluídos em seus cadastros uma restrição
devido à duplicidade, de forma a bloqueá-lo até a regularização.
§1o Para os casos previstos no caput deste artigo, fica facultado aos órgãos
executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal aceitar a gravação tratada no
art. 10, em local de fácil visualização do motor, registrando esta nova gravação nos
cadastros estaduais, com exceção ao disposto no inciso IV onde a gravação será
obrigatória.
§2º O disposto nos incisos I e II deste artigo será de responsabilidade do
órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal.
§ 3º Na hipótese do padrão de gravação do fabricante não ser conhecido pelo
órgão de trânsito, este deverá consultar ao fabricante, ou montadora, ou importador, ou
encaminhá-lo à perícia policial para execução de laudo.

Capítulo VI
Da Regularização de Motores com Numeração Fora do Padrão de Origem

Art. 6º O registro de veículo que apresente numeração gravada em desacordo


com o padrão do fabricante, se dará mediante confirmação de um órgão executivo de
trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, de que a gravação foi realizada com
122autorização. Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Parágrafo único. Para as ocorrências anteriores à vigência desta Resolução,
considera-se autorização:
encaminhá-lo à perícia policial para execução de laudo.

Capítulo VI
Da Regularização de Motores com Numeração Fora do Padrão de Origem

Art. 6º O registro de veículo que apresente numeração gravada em desacordo

LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008


com o padrão do fabricante, se dará mediante confirmação de um órgão executivo de
trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, de que a gravação foi realizada com
autorização.

Parágrafo único. Para as ocorrências anteriores à vigência desta Resolução,


considera-se autorização:

I – a apresentação de documento que comprove a remarcação por empresa


credenciada;
II – a existência da partícula “REM” após o número do motor em documento
oficial.

Capítulo VII

Da Regularização de Motores com Numeração de Origem Adulterada

Art. 7º Deverão ser imediatamente encaminhados à autoridade policial os


veículos que apresentarem numeração de motor nas seguintes situações:

I – com a numeração em desacordo com o padrão do fabricante e que não


atenda ao disposto no art. 6º;
II – com a numeração removida por qualquer tipo de processo constatados
pela vistoria, ou ainda, formalmente devolvidos pela autoridade competente e
recuperados em decorrência de furto ou roubo, que serão regularizados conforme as
regras de gravação previstas nas alíneas “a” e “b” do art. 10;
III – com a numeração vinculada a veículo furtado ou roubado, exceto se a
mesma constar na BIN para o veículo apresentado e se o fabricante informar que o
mesmo foi montado com aquele motor.

Art. 8º Os motores enquadrados nos incisos I a III do artigo 7º somente serão


regularizados:
I – mediante documento da autoridade policial competente atestando ao
órgão executivo de trânsito a inexistência de impedimento legal para a regularização,
situação em que será acrescentado ao número de registro existente do motor o
diferencial DA/DF (decisão administrativa) + a sigla da UF, no cadastro da Base
Estadual;
II – através de determinação judicial, acrescentando-se ao número de registro
existente do motor o diferencial DJ/DF (decisão judicial) + a sigla da UF, no cadastro
da Base Estadual.

Vagner Pedroso
Capítulo Caovila
VIII 123

Da Regularização de Motores com erro de Registro na BIN/RENAVAM


da Base Estadual.

Capítulo VIII

Da Regularização de Motores com erro de Registro na BIN/RENAVAM


LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008

Art. 9o Para a regularização de motores cuja numeração conste registrada


com erro na BIN/RENAVAM, deverá ser confirmada a originalidade da montagem do
motor no chassi apresentado por meio de documento do fabricante ou da montadora,
ignorando-se neste caso a existência de outros veículos registrados com este mesmo
número de motor;

Capítulo IX

Da Regravação de Motores

Art. 10. Não existindo norma técnica da ABNT, a gravação a que se referem
os artigos 3º, 5º, e 7º somente será executada em superfície virgem do bloco, composta
por nove dígitos com a seguinte regra de formação:

a) primeiro e segundo dígitos: sigla da Unidade da Federação (UF) que


autorizou a gravação;

b) terceiro ao nono dígitos: seqüencial fornecido pelos órgãos executivos de


trânsito dos Estados e do Distrito Federal, iniciando por 0000001.
§ 1º A gravação do número fornecido, será executada exclusivamente por
empresas autorizadas pelos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal.
§ 2º A gravação a que se refere o caput deste artigo em bloco cuja
numeração original tenha sido removida mecanicamente, somente será autorizada após
perícia realizada pela autoridade policial.

Capítulo X

Dos Registros e Documentações dos Motores

Art. 11. Todos os documentos referidos nesta Resolução integrarão o


prontuário do respectivo veículo e deverão ser apresentados em sua forma original, com
exceção daqueles obtidos dos órgãos oficiais, cujas cópias serão aceitas, quando por eles
autenticadas.

§ 1º As declarações e termos de responsabilidade deverão ter


reconhecimento das firmas por autenticidade.
§ 2º As cópias das notas fiscais apresentadas deverão ser retidas e as
originais protocoladas como utilizadas pelo órgão executivo de trânsito, com a
identificação do número do motor fornecido e do número do chassi do veículo onde o
124motor foi instalado, devidamente
Vistoria Veicular
comprovada pela vistoria prevista no art. 1º.
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam

Capítulo XI
§ 1º As declarações e termos de responsabilidade deverão ter
reconhecimento das firmas por autenticidade.
§ 2º As cópias das notas fiscais apresentadas deverão ser retidas e as
originais protocoladas como utilizadas pelo órgão executivo de trânsito, com a
identificação do número do motor fornecido e do número do chassi do veículo onde o
motor foi instalado, devidamente comprovada pela vistoria prevista no art. 1º.

LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008


Capítulo XI

Da Criação do Registro Nacional de Motores

Art. 12. Deverá ser criado e implantado pelo DENATRAN o Registro


Nacional de Motores – RENAMO, visando registrar de forma centralizada todas as
trocas de motores mantendo todo o histórico de alterações, possibilitando assim aos
órgãos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal a consulta centralizada da
informação original e das atualizações independente do estado onde a mesma tenha sido
processada.

§ 1º O Registro Nacional de Motores - RENAMO deverá ser implantado no


prazo máximo de 180 dias a partir da data de publicação desta Resolução quando todos
os registros de alterações de motores previstos nos artigos desta Resolução deverão ser
centralizados no mesmo.
§ 2º O Registro Nacional de Motores - RENAMO será responsável pelo
fornecimento das numerações a serem gravadas nos veículos conforme previsto no
artigo 10 desta Resolução.

Capítulo XII

Das Sanções

Art. 13. Findo o prazo previsto nos artigos 2o e 3º desta Resolução, os


veículos que não estiverem regularizados incorrerão nas penas previstas no art. 237 do
Código de Trânsito Brasileiro.

Art. 14. Fica revogada a Resolução nº 250, de 24 de setembro de 2007, do


Conselho Nacional de Trânsito.

Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Alfredo Peres da Silva


Presidente

Marcelo
Vagner PaivaCaovila
Pedroso dos Santos 125
Ministério da Justiça
Marcelo Paiva dos Santos
LEGISLAÇÃO - Resolução 282/2008 Ministério da Justiça

Edson Dias Gonçalves


Ministério dos Transportes

Valter Chaves Costa


Ministério da Saúde

Carlos Alberto Ferreira dos Santos


Ministério do Meio Ambiente

José Antonio Silvério


Ministério da Ciência e Tecnologia

Rui César da Silveira Barbosa


Ministério da Defesa

ANEXO DA RESOLUÇÃO 282 DE 26 DE JUNHO DE 2008

DECLARAÇÃO:

Eu, ....................................................., portador da carteira de identidade


nº..........................., expedida por........................., CPF nº ............................., residente
na rua ........................................, no município de
........................................................................, Estado ............................, de acordo com
o disposto nos incisos II do art. 4º, III do art. 6º e II do art. 10 da Resolução nº .........../,
do CONTRAN, declaro que assumo a responsabilidade pela procedência lícita do motor
nº............................................, instalado no veículo de minha propriedade,
marca/modelo ..................................., placa ................................,
chassi............................................ .

Declaro, ainda, serem verdadeiras as informações supracitadas,


sujeitando-me às cominações dispostas no art. 299 do Código Penal Brasileiro.

126 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
RESOLUÇÃO Nº 466 DE 11 DE DEZEMBRO DE 2013

Estabelece procedimentos para o exercício

LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013


da atividade de vistoria de identificação
veicular.

O CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO - CONTRAN, usando da competência


que lhe conferem os incisos I e X, do artigo 12 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997,
que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro - CTB, e conforme o Decreto nº 4.711, de 29 de
maio de 2003, que dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito - SNT,

Considerando o disposto no inciso III do art. 22, nos incisos I e II do art. 123 e do
inciso V do art. 124, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de
Trânsito Brasileiro.

Considerando a conveniência técnica e administrativa de que as vistorias de veículos


obedeçam a critérios e procedimentos uniformes em todo o país;

Considerando as proposições do Grupo de Trabalho instituído pela Portaria


DENATRAN nº 246/2012, nos termos da Deliberação nº 126/2012 do CONTRAN;

Considerando o disposto no art. 311 do Código Penal;

Considerando o que consta nos Processos Administrativos nos 80000.045476/2010-99,


80000.045316/2012-10, 80000.044196/2012-25, 80000.012971/2013-64 e
80020.001532/2013-98,

RESOLVE:

Art. 1º Esta Resolução estabelece procedimentos para o exercício da atividade de


vistoria de identificação veicular a ser realizada pelos órgãos e entidades executivos de
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, ou por pessoa jurídica de direito público ou
privado, habilitada para a prestação dos serviços de vistoria veicular.

§ 1º A habilitação para a realização do serviço de que trata esta Resolução constitui


atribuição dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal.

§ 2º Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal


poderão exercer diretamente a atividade de vistoria de veículos automotores por meio de
servidores públicos especialmente designados.

Capítulo I
Das disposições preliminares

Art. 2º A vistoria de identificação veicular, por ocasião da transferência de propriedade


ou de domicilio intermunicipal ou interestadual do proprietário do veículo, é de
responsabilidade dos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito

Vagner Pedroso Caovila 127


Federal e poderá ser realizada por pessoa jurídica de direito público ou privado previamente
habilitada.

§ 1º A emissão do laudo único de vistoria de identificação veicular será realizada


exclusivamente por meio eletrônico e só terá validade no âmbito do Sistema Nacional de
Trânsito se registrado no Sistema de Certificação de Segurança Veicular e Vistorias - SISCSV,
LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013

mantido pelo DENATRAN.

§ 2º A vistoria de identificação veicular tem como objetivo verificar:

I - a autenticidade da identificação do veículo e da sua documentação;

II - a legitimidade da propriedade;

III - se os veículos dispõem dos equipamentos obrigatórios, e se estes estão funcionais;

IV - se as características originais dos veículos e seus agregados foram modificados e,


caso constatada alguma alteração, se esta foi autorizada, regularizada e se consta no
prontuário do veículo na repartição de trânsito.

§ 3º Os equipamentos obrigatórios são aqueles previstos pelo Código de Trânsito


Brasileiro - CTB, Resoluções do CONTRAN e Portarias do DENATRAN.

§ 4º É vedada a realização de vistoria de identificação veicular em veículo sinistrado


com laudo pericial de perda total.

Art. 3º Havendo habilitação de pessoa jurídica pelos órgãos e entidades executivos de


trânsito dos Estados e do Distrito Federal, para a realização de vistoria de identificação
veicular, deverá o DENATRAN conceder o acesso ao SISCSV.

§ 1º O acesso de que trata este artigo será realizado por intermédio do órgão ou entidade
executivo de trânsito do Estado e do Distrito Federal contratante, que ressarcirá ao
DENATRAN os custos referentes aos acessos à base de dados do Registro Nacional de
Veículos Automotores - RENAVAM pelo SISCSV, nos termos da regulamentação a ser
editada pelo DENATRAN.

§ 2º A pessoa jurídica habilitada pelos órgãos e entidades executivos de trânsito dos


Estados e do Distrito Federal somente poderá operar em vistoria de identificação veicular
após a concessão do acesso ao SISCSV, cabendo ao órgão ou entidade responsável pelo
credenciamento a fiscalização da conformidade dos serviços prestados.

Capítulo II
Dos requisitos para habilitação do exercício dos serviços de vistoria de identificação
veicular

Art. 4º Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal


promoverão a habilitação da pessoa jurídica de direito público ou privado para o exercício da
atividade de vistoria de identificação veicular, mediante cumprimento dos seguintes
requisitos:

I - documentação relativa à habilitação jurídica:

128 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
a) ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado, e, no
caso de sociedades por ações, acompanhado de documentos da eleição de seus
administradores, devendo constar do objeto social a atividade exclusiva de vistoria de
identificação veicular, excetuando-se as pessoas jurídicas de direito público que se dediquem
à atividade de ensino e pesquisa técnico-científica;

LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013


b) decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento expedido pelo
órgão competente, quando a atividade assim o exigir;

c) cópia da lei de criação, em se tratando de pessoa jurídica de direito público.

II - documentação relativa à regularidade fiscal, trabalhista e econômico-financeira:

a) prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ;

b) prova de inscrição no cadastro de contribuintes estadual e municipal, se houver,


relativo à sede da pessoa jurídica, pertinente ao seu ramo de atividade e compatível com o
objeto contratual ou estatutário;

c) prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal da sede da


pessoa jurídica, na forma da lei;

d) prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por


Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos
sociais instituídos por lei;

e) comprovação, na forma da lei, de regularidade na entrega da Relação Anual de


Informações Sociais - RAIS ao Ministério do Trabalho e Emprego - MTE;

f) prova de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho,


mediante a apresentação de certidão negativa, nos termos do título VII-A da Consolidação das
Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 5.452/1943;

g) certidão negativa de falência, expedida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica,


com data inferior a 60 (sessenta) dias, contados da data do início do processo administrativo
de habilitação, acompanhada de prova da competência expedida por cartório distribuidor.

III - documentação relativa à qualificação técnica:

a) comprovação de possuir em seu quadro de pessoal permanente, vistoriadores com


qualificação comprovada por meio de certificado ou diploma de conclusão de curso de
treinamento em vistoria de identificação veicular, regulamentado pelo DENATRAN;

b) Licença ou Alvará de Funcionamento, com data de validade em vigor, expedido


pela Prefeitura do Município ou pelo Governo do Distrito Federal;

c) comprovação de canal aberto de ouvidoria ou serviço de atendimento ao


consumidor;

Vagner Pedroso Caovila 129


d) Apólice de Seguro de Responsabilidade Civil Profissional, segurada no valor de R$
500.000,00 (quinhentos mil reais), e em vigor durante o prazo de validade do contrato de
exercício dos serviços de vistoria de identificação veicular, em nome da contratada, para
eventual cobertura de danos causados ao consumidor pela pessoa jurídica habilitada;
LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013

e) comprovante de quitação do seguro contratado;

f) comprovação da atuação exclusiva no mercado de vistoria de identificação veicular,


mediante certidão emitida pelo órgão competente e cópia do contrato social vigente;

g) declaração de abster-se de envolvimentos comerciais que possam comprometer a


isenção no exercício da atividade de vistoria de identificação veicular, assinada pelo
representante legal da pessoa jurídica.

IV - documentação relativa à infraestrutura técnico-operacional:

a) projeto atual aprovado e registrado pelo Município e fotos atualizadas do


estabelecimento identificando a existência de local adequado para estacionamento de
veículos, com dimensões compatíveis para realizar as vistorias de identificação veicular em
áreas cobertas, possibilitando o desenvolvimento das vistorias de identificação veicular ao
abrigo das intempéries, sendo vedado o uso de estruturas provisórias. No caso de veículos
pesados, com peso bruto total superior 4.536 Kg, as vistorias de identificação veicular
poderão ser realizadas em área descoberta no pátio da empresa;

b) deter controle informatizado através de tecnologia de biometria para a emissão do


laudo único padronizado pelo SISCSV e demais exigências técnicas determinadas por
regulamentação específica do DENATRAN e descritas no manual do sistema, em especial
relativas à segurança, identificação e rastreabilidade;

c) Certificado de Sistema de Qualidade, padrão ISO 9001:2008, com validade atestada


pela entidade certificadora, acreditada pelo INMETRO ou signatária de acordos internacionais
de reconhecimento mútuo no campo da acreditação.

§ 1º A Apólice de Seguro de Responsabilidade Civil Profissional e o Certificado ISO


9001:2008 devem ter caráter individual e intransferível, não sendo aceitos apólices de seguros
e certificados coletivos.

§ 2º Caberá ao órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distrito


Federal regulamentar as demais características de infraestrutura técnico-operacional, em
relação ao disposto no inciso IV deste artigo.

§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal,


no ato da habilitação da pessoa jurídica de direito público, poderão dispensar o cumprimento
dos requisitos dispostos neste artigo, com exceção da documentação descrita na alínea “d” do
inciso I, na alínea “a” do inciso II, nas alíneas “b”, “c” e “g” do inciso III e nas alíneas “a” e
“b” do inciso IV, do presente artigo.

§ 4º Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal


poderão deixar de exigir o disposto no inciso III, alínea “f” deste artigo quando a habilitação
referir-se à pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos.

130 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
§ 5º É proibida a participação de sócio ou proprietário de pessoa jurídica habilitada
para a prestação de serviços de vistoria veicular, que exerça outra atividade empresarial
regulamentada pelo CONTRAN ou DENATRAN.

Art. 5º A área de atuação para o exercício da atividade de vistoria de identificação


veicular será determinada pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados e do

LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013


Distrito Federal, observado o município sede da pessoa jurídica e as Circunscrições Regionais
de Trânsito - CIRETRAN.

Parágrafo único. O órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito


Federal poderá, a seu critério, estender, precariamente, quando solicitado, o âmbito de atuação
da pessoa jurídica habilitada para município ou região de determinada CIRETRAN que não
disponha de meios próprios para o exercício da atividade de vistoria de identificação veicular
ou na qual não haja pessoa jurídica habilitada para a localidade, desde que a CIRETRAN
esteja vinculada à mesma autoridade executiva de trânsito. A extensão da área de atuação
perde efeito quando ocorrer habilitação de pessoa jurídica para o Município.

Capítulo III
Das Competências

Art. 6º Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do


Distrito Federal:

I - publicar no Diário Oficial do Estado ou Distrito Federal o extrato do contrato de


prestação de serviços de vistoria de identificação veicular celebrado com pessoa jurídica de
direito público ou privado;

II – disponibilizar, permanentemente e em destaque, no seu sítio eletrônico, a relação


atualizada das pessoas jurídicas habilitadas para a atividade de vistoria de identificação
veicular, incluindo nome, endereço, telefones para contato, CNPJ, área geográfica de atuação,
prazo de vigência do contrato e nome do preposto responsável;

III - informar ao DENATRAN a relação de empresas que podem executar a atividade


de vistoria de identificação veicular, com nome, endereço, CNPJ, prazo de vigência do
contrato e nome do preposto responsável;

IV - monitorar e controlar todo o processo de vistoria de identificação veicular,


inclusive a emissão do laudo e qualquer documento eletrônico disponível na central SISCSV,
seja quando realizada por meios próprios ou por meio de pessoa jurídica de direito público ou
privado, utilizando-se de tecnologia da informação adequada que realize a integração dos
dados necessários, conforme regulamentação específica do DENATRAN;

V – fiscalizar, anualmente, a pessoa jurídica habilitada no exercício da atividade de


vistoria de identificação veicular, “in loco” e por meio do SISCSV, independentemente de
solicitação do DENATRAN ou de notificação judicial ou extrajudicial, podendo requisitar
documentos, esclarecimentos, e ter livre acesso a todas as instalações da empresa;

VI - zelar pela uniformidade e qualidade das vistorias de identificação veicular;

Vagner Pedroso Caovila 131


VII - advertir, suspender ou cassar a pessoa jurídica habilitada nos casos de
irregularidades previstas nesta Resolução, informando antecipadamente ao DENATRAN, por
meio de ofício, a data de início e término da imposição da penalidade;

VIII - celebrar o instrumento jurídico necessário, com a autoridade policial


competente, para acesso às informações registradas no SISCSV e prover os meios para
LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013

disponibilização dessas informações eletronicamente;

IX – Comunicar à Polícia Civil do Estado e do Distrito Federal qualquer identificação


veicular suspeita de fraude ou irregularidades, na forma do disposto no art. 311 do Código
Penal;

X - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares da atividade de vistoria de


identificação veicular.

Art. 7º Compete ao DENATRAN, depois de informado pelos órgãos e entidades


executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, o rol de empresas habilitadas aptas a
executar a atividade de vistoria de identificação veicular:

I - disponibilizar, em sítio eletrônico, a relação atualizada de pessoas jurídicas


habilitadas para a atividade de vistoria de identificação veicular, com nome, endereço, CNPJ,
prazo de vigência do contrato e nome do preposto responsável;

II - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamentares da atividade de vistoria de


identificação veicular;

III - fiscalizar, quando motivado e a qualquer tempo, a atividade de vistoria de


identificação veicular, no que se refere ao acesso ao SISCSV, independentemente de
notificação judicial ou extrajudicial, podendo, para isso, firmar convênios ou acordos de
cooperação técnica e informar aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do
Distrito Federal caso haja a constatação de infração passível de punição ou qualquer
irregularidade;

Art. 8º Compete à pessoa jurídica de direito público ou privado habilitada para o


exercício da atividade de vistoria de identificação veicular:

I - prestar serviço adequado, na forma prevista nas resoluções, normas e regulamentos


técnicos aplicáveis à vistoria de identificação veicular;

II - atualizar o inventário e o registro dos bens vinculados à contratação da pessoa


jurídica;

III - cumprir as normas técnicas pertinentes à atividade de vistoria de identificação


veicular;

IV - permitir aos encarregados da fiscalização livre acesso, em qualquer época, aos


equipamentos e às instalações integrantes da vistoria de identificação veicular, aos registros
operacionais e aos registros de seus empregados;

132 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
V - manter atualizada a documentação relativa à regularidade fiscal, nas esferas
municipal, estadual e federal, permitindo aos encarregados da fiscalização livre acesso aos
documentos comprobatórios;

VI - comunicar previamente ao órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou


do Distrito Federal qualquer alteração, modificação ou introdução técnica capaz de interferir

LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013


na execução da atividade de vistoria de identificação veicular, e ainda, referente aos seus
instrumentos constitutivos, bem como a decretação do regime de falência;

VII - informar ao órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito


Federal as falhas constatadas na emissão dos laudos de vistoria de identificação veicular;

VIII - responder civil e criminalmente por prejuízos causados em decorrência das


informações e interpretações inseridas no laudo de vistoria de identificação veicular, salvo
aquelas oriundas do banco de dados BIN/RENAVAM/RENAMO, independentemente do
limite da apólice de seguro prevista no art. 4º, desta Resolução;

IX - comunicar imediatamente à autoridade policial quando detectar veículo cuja


identificação seja suspeita de fraude ou irregularidades insanáveis, para fins de apuração
criminal.

X – comprovar, anualmente, perante o órgão ou entidade executivo de trânsito do


Estado ou do Distrito Federal, o cumprimento dos requisitos de habilitação fixados nesta
norma.

§ 1º O serviço adequado previsto no inciso I deste artigo corresponde àquele que


satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade e
cortesia na sua prestação.

§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, dos equipamentos e das


instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou privado habilitada somente poderá emitir


laudos de vistoria de identificação veicular referentes às placas de veículos dos municípios
abrangidos por sua habilitação, ou a serem transferidos para os respectivos municípios.

Capítulo IV
Das sanções administrativas aplicáveis às empresas habilitadas

Art. 9º A pessoa jurídica de direito público ou privado habilitada para o exercício da


atividade de vistoria de identificação veicular sujeitar-se-á às seguintes sanções
administrativas, conforme a gravidade da infração e sua reincidência, aplicadas pelo órgão
executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Federal a que estiver vinculada, observada a
ampla defesa e o contraditório:

I - advertência por escrito;

II - suspensão das atividades por 30, 60 ou 90 dias;

III - cassação do credenciamento.

Vagner Pedroso Caovila 133


§ 1º A aplicação das sanções de suspensão das atividades por 30, 60 ou 90 dias
acarretará, automaticamente, a suspensão do acesso ao SISCSV pelo respectivo tempo.

§ 2º As irregularidades serão apuradas junto aos órgãos e entidades executivos de


trânsito dos Estados e do Distrito Federal, mediante processo administrativo, observando-se a
legislação aplicável, bem como o direito à ampla defesa e ao contraditório.
LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013

Art. 10. Constituem infrações passíveis de advertência por escrito:

I - apresentar, culposamente, informações não verdadeiras às autoridades de trânsito e


ao DENATRAN;

II - registrar laudo de vistoria de identificação veicular de forma ilegível ou sem


oferecer evidência nítida;

III - preencher laudos em desacordo com o documento de referência;

IV - deixar de prover informações que sejam devidas às autoridades de trânsito e ao


DENATRAN;

V - manter não-conformidade crítica aberta por tempo superior a 30 (trinta) dias ou


outro prazo acordado com as autoridades de trânsito e com o DENATRAN;

VI - deixar de registrar informações ou de tratá-las;

VII - praticar condutas incompatíveis com a atividade de vistoria de identificação


veicular.

Art. 11. Constituem infrações passíveis de suspensão das atividades por 30 (trinta) dias
na primeira ocorrência, de 60 (sessenta) dias na segunda ocorrência e de 90 (noventa) dias na
terceira ocorrência:

I - reincidência de infração punida com aplicação de advertência por escrito;

II - deixar de exigir do cliente a apresentação de documentos obrigatórios previstos na


legislação de trânsito;

III - emitir laudo de vistoria de identificação veicular em desacordo com o respectivo


regulamento técnico;

IV - realizar vistoria de identificação veicular em desacordo com o respectivo


regulamento técnico;

V - emitir laudos assinados por profissional não habilitado;

VI - deixar de armazenar em meio eletrônico registro de vistoria de identificação


veicular, não manter em funcionamento o sistema de biometria e outros meios eletrônicos
previstos;

VII - deixar de emitir ou emitir documento fiscal de forma incorreta;

134 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
VIII - utilizar quadro técnico de funcionários sem a qualificação requerida;

IX - deixar de utilizar equipamento indispensável à realização da vistoria de


identificação veicular ou utilizar equipamento inadequado ou de forma inadequada;

X - deixar de conceder, a qualquer tempo, livre acesso às autoridades de trânsito e ao

LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013


DENATRAN às suas instalações, registros e outros meios vinculados à habilitação, por meio
físico ou eletrônico;

XI - utilizar pessoal subcontratado para serviços de vistoria de identificação veicular;

XII - deixar de manter o Seguro de Responsabilidade Civil Profissional.

Art. 12. Constituem infrações passíveis de cassação do habilitado:

I - reincidência da irregularidade punida com aplicação de sanção administrativa de


suspensão das atividades por 90 (noventa) dias;

II - realizar vistoria de identificação veicular fora das instalações da pessoa jurídica


habilitada;

III - fraudar o laudo de vistoria de identificação veicular;

IV - emitir laudo de vistoria de identificação veicular sem a realização da vistoria;

V - manipular os dados contidos no arquivo de sistema de imagens.

VI - repassar a terceiros, a qualquer título, as informações sobre veículos e


proprietários objeto de vistoria.

Art. 13. Além das infrações e penalidades previstas nos artigos anteriores, será
considerada infração administrativa passível de cassação do habilitado, qualquer ato que
configure crime contra a fé pública, a administração pública e a administração da justiça,
previstos no Decreto-Lei 2.848/40, e atos de improbidade administrativa previstos na Lei nº
8.429/92, em especial a ofensa aos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e interesse público.

Art. 14. Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal
poderão suspender cautelarmente, sem prévia manifestação do interessado, as atividades de
vistoria de identificação veicular da pessoa jurídica de direito público ou privado,
motivadamente, em caso de risco iminente, nos termos do art. 45, da Lei nº 9.784/99.

Art. 15. A pessoa jurídica cassada poderá requerer sua reabilitação para o exercício da
atividade de vistoria de identificação veicular depois de decorridos 2 (dois) anos da aplicação
da penalidade.

Art. 16. As sanções aplicadas às pessoas jurídicas habilitadas são extensíveis aos
sócios, sendo vedada a participação destes na composição societária de outras pessoas
jurídicas que realizem as atividades de que trata esta Resolução.

Vagner Pedroso Caovila 135


Capítulo V
Das disposições finais e transitórias

Art. 17. No caso de alteração de endereço das instalações da pessoa jurídica habilitada,
esta somente poderá voltar a operar após a vistoria prévia do órgão ou entidade executivo de
trânsito do Estado e do Distrito Federal.
LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013

Art. 18. Os modelos de requerimento e os demais formulários necessários à instrução


do processo administrativo de habilitação da pessoa jurídica serão padronizados em ato
específico do órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal.

Art. 19. O Laudo de Vistoria de identificação veicular terá validade somente se


emitido, monitorado e controlado por meio do SISCSV, nos termos da legislação vigente e
atendidos os requisitos técnicos e funcionais especificados em Portaria do DENATRAN.

Parágrafo único. Os órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito


Federal promoverão sua inscrição no DENATRAN para integração das pessoas jurídicas
habilitadas com o SISCSV, conforme regulamentação específica do DENATRAN.

Art. 20. As Empresas Credenciadas em Vistoria de Veículos – ECVs e as Unidades de


Gestão Central – UGC, credenciadas pelo DENATRAN, permanecerão habilitadas no SISCSV
até a data da entrada em vigor desta Resolução, ou até o termino do prazo de vigência do
credenciamento, vedada a prorrogação, ou o que ocorrer primeiro.

Parágrafo único. As empresas credenciadas como Unidades de Gestão Central – UGC


pelo DENATRAN, no curso da vacatio legis desta Resolução, somente poderão exercer suas
atividades junto às Empresas Credenciadas em Vistorias de Veículos – ECVs credenciadas
pelo DENATRAN.

Art. 21. Esta Resolução entra em vigor em 1º de julho de 2014, quando ficará
revogada a Resolução CONTRAN nº 5, de 23 de janeiro de 1998 e o art. 1º da Resolução
CONTRAN nº 282, de 26 de junho de 2008.

Morvam Cotrim Duarte


Presidente em Exercício

Pedro de Souza da Silva


Ministério Da Justiça

Mario Fernando de Almeida Ribeiro


Ministério Da Defesa

136 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Rone Evaldo Barbosa
Ministério Dos Transportes

José Maria Rodrigues de Souza

LEGISLAÇÃO - Resolução 466/2013


Ministério da Educação

Luiz Otávio Maciel Miranda


Ministério da Saúde

Julio Eduardo dos Santos


Ministério das Cidades

Vagner Pedroso Caovila 137


PORTARIA Nº 1334 , DE 29 DE DEZEMBRO DE 2010

Estabelece procedimentos para prestação de serviços por Empresas Credenciadas


para Vistoria - ECV, para emissão do Laudo de Vistoria Veicular, de que trata a
Resolução nº. 282, Art. 1º, § 1º, de 26 de Junho de 2008, do Conselho Nacional de
Trânsito - CONTRAN.
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

O Diretor do DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO – DENATRAN, no uso de


suas atribuições que lhe foram conferidas pelo art. 19, inciso I, da Lei nº 9.503, de 23 de
setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro;
Considerando a necessidade de estabelecer instruções necessárias para o pleno
funcionamento no disposto nos art. 98, 120 e 125 do Código de Trânsito Brasileiro e na
Resolução nº. 282 de 26 de junho de 2008, do CONTRAN, no que se refere ao modelo, registro
e controle da emissão dos Laudos de Vistoria emitidos pelas Empresas Credenciadas de
Vistorias, registro dos dados resultantes das vistorias e Laudos de Vistoria no sistema
RENAVAM e a rastreabilidade destes registros; e
Considerando o objetivo maior do Sistema de utilizar novas tecnologias, dentre elas de
OCR, Biometria e Filmagem, como instrumento de fiscalização para inibição de fraudes e
conseqüente preservação da vida e segurança do cidadão no trânsito;
RESOLVE:
Art. 1º Os órgãos e entidades executivos de Trânsito dos Estados e do Distrito Federal, as
Unidades de Gestão Central – UGC's, as Empresas Credenciadas para Vistoria – ECV de que
trata a legislação vigente, deverão estar cadastradas no DENATRAN para a utilização do
Sistema Nacional de Controle e Emissão do Certificado de Segurança Veicular e Vistorias –
SISCSV.
§ 1º Para cada órgão e entidade executivos de Trânsito dos Estados e do Distrito Federal,
será criado um usuário com perfil de cadastrador, que cadastrará e autorizará os usuários com
perfil de operador naquele órgão.
§ 2º Para cada circunscrição regional de trânsito e/ou ECV serão cadastrados usuários com
o perfil de Vistoriador.
Art 2º O SISCSV é composto por quatro módulos operacionais:
I – Módulo Central – Aplicação Central do SISCSV, de administração exclusiva do
DENATRAN, disponível para os usuários dos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito através
do site www.denatran.gov.br, link Sistema SISCSV, e por interação entre sistemas via serviços
de comunicação entre os demais módulos, com as seguintes características:
a) O acesso ao sistema será realizado por meio de senha pessoal e intransferível, cujo
cadastramento será realizado pelo DENATRAN;
b) O DENATRAN cadastrará o órgão DETRAN – que terá permissão de cadastrar os
demais usuários de perfil DETRAN.
c) Os usuários vistoriadores de ECV's e DETRAN's terão seu acesso se somente através
de biometria, utilizando o módulo Unidade de Gestão Central – UGC, que ficará responsável
pelo cadastro de usuário no sistema e de suas biometrias, bem como, a verificação da situação
da empresa, do usuário e do veículo no sistema, a cada emissão de Laudo de Vistoria;
d) este módulo possibilitará a operacionalização de emissão de aceites dos Laudos de
Vistorias, para posterior gravação no RENAVAM;
e) Este módulo possibilitará a emissão dos relatórios de acompanhamento de todo o
cenário do SISCSV ao DENATRAN, bem como uma janela portal a todas as aplicações das
UGC's.
II – Módulo UGC – Sistemas aplicativos que possibilitam a integração dos sistemas locais
das ECV's e DETRAN's com o SISCSV conforme descrito no anexo III.
a) O acesso ao sistema será realizado por meio de senha pessoal e intransferível, para
emitir o laudo de vistoria, obrigatoriamente acompanhado de biometria;
b) Cabe às UGC's a responsabilidade pelos aplicativos servidores utilizados assim como

138 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
os aplicativos das ECV's ou DETRAN's, certificados por Instituição credenciada pelo
DENATRAN;
c) O DETRAN, que realizar as vistorias em sua circunscrição poderá desenvolver o seu
sistema, assim como o referido módulo UGC desde que cumpridas todas as exigências técnicas
e operacionais desta portaria.
d) As especificações técnicas deste módulo constam do Anexo II.

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


III – Módulo de Aplicativo Informatizado de Vistorias – sistema aplicativo local das
ECV's ou DETRAN's que realizará o registro dos processos de Laudos de Vistorias, conforme
descrito nos anexos III e IV.
IV – Módulo de Auditoria – Acesso pelo DENATRAN e empresas certificadoras a todos
os aplicativos integrados ao SISCSV contendo o registro das ocorrências de auditoria e
certificação, conforme descrito no anexo V.
Art. 3º O processo de emissão do Laudo de Vistorias executado em cada DETRAN ou
ECV, terão validade somente se monitorados e controlados através da implementação do
sistema aplicativo de UGC, integrado ao SISCSV, nos termos da legislação vigente e atendidos
os requisitos técnicos e funcionais especificados nesta portaria.
§ 1o. O Sistema de que trata este artigo deverá ser homologado pelo DENATRAN após
obter a Certificação ao atendimento às especificações contidas nos anexos II, III e IV por
entidade reconhecida por este órgão.
§ 2o Fica vedada a emissão do CRV quando o laudo de vistoria não esteja registrado no
SISCSV.
Art. 4º A emissão do Laudo de Vistoria, será realizada exclusivamente por meio eletrônico
e só terá validade no âmbito do Sistema Nacional de Trânsito se registrado no SISCSV.
Art 5º O Laudo de Vistoria em veículos de que trata o artigo 2º será expedido na
realização das vistorias de regularização de transferência previsto nas Resoluções CONTRAN
nº. 05/98 e nº. 282/08, conforme modelo descrito no anexo IV.
Parágrafo único - A pesquisa na Base dar-se através de duas informações do veículo: Placa
de Identificação e número do RENAVAM, além da checagem binária do número do Chassi e do
número do motor do veículo.
Art 6º. As ECV que não cumprir a verificação de restrições ou não-conformidade para
cada veículo estarão sujeitas às penalidades previstas no Anexo V desta Portaria.
Art. 7o. No ato do cadastro do Laudo de Vistoria, o SISCSV criará automaticamente um
número de série alfanumérico que será composto de dígitos e a sigla da UF de registro do
veículo.
Art. 8o. Para o preenchimento do formulário com os resultados dos testes e a geração do
Laudo de Vistoria o prazo máximo será de 2 (duas) horas, findo o qual, o sistema cancelará
automaticamente o formulário.
Art. 9o. No caso de reprovação do veículo no processo de vistoria, os DETRAN's e as
ECV's deverão registrar as inconformidades, cabendo ao proprietário do veículo a
reapresentação no mesmo local até a solução das não conformidades.
§ 1º O proprietário do veículo deve ser esclarecido antes da realização da vistoria sobre os
itens previstos no Artigo 5º e das conseqüências das não-conformidades.
§ 2º Em todas as vistorias é obrigatória a verificação e registro no sistema dos itens da
Resolução CONTRAN nº. 05/98. No laudo deverá constar o resultado de conformidade ou não-
conformidade onde constarão impressos os itens reprovados.
Art. 10o. A ECV que tiver o credenciamento suspenso por sanção administrativa terá
bloqueado o acesso ao sistema durante o período de suspensão e, em caso de cassação, o seu
acesso ao SISCSV será cancelado.
Parágrafo único – Quando do vencimento do credenciamento a ECV perderá, até a
renovação, o direito de acesso ao sistema,
Art. 11o. As UGC ficam sujeitas as penalidades previstas no anexo V.

Vagner Pedroso Caovila 139


§ 1o. A UGC que tiver sua certificação cassada terá obrigação de repassar sua base de
dados ao DENATRAN no prazo de 48 horas, na forma especificada, inclusive filmagens e
minúcias.
§ 2o. A empresa só poderá requerer sua reabilitação para prestação de serviço de UGC,
após decorridos dois anos de sua cassação e seus sócios não poderão participar do quadro
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

societário de outra empresa ou entidade com atividade semelhantes e/ou conflitante àquela
objeto da reabilitação, ou, ainda, que seja passível de credenciamento junto ao DENATRAN
neste período.
§ 3o. É facultado às ECV's e aos DETRAN's a troca de UGC precedida de comunicado ao
DENATRAN apresentando o cronograma de mudança e exposição de motivos.
§ 4o. Não será permitido o armazenamento de informações fora do Brasil.
Art. 12o. O Sistema que trata o módulo UGC, deverá ser desenvolvido/mantido por
empresas inscritas no DENATRAN e integradas ao SISCSV.
§ 1º Para o credenciamento como UGC junto ao DENATRAN será exigido da empresa
interessada a apresentação dos seguintes documentos:
a) ofício ao DENATRAN requerendo a inscrição, informando que dispõe de infra-
estrutura de hardware, de software e de pessoal técnico, com as adequações necessárias à
operação e ao funcionamento do sistema exigido nesta portaria;
b) cópia do Contrato Social da empresa, estatuto ou regimento atualizado;
c) comprovante de inscrição no CNPJ/MF;
d) comprovante de inscrição estadual;
e) certidões negativas de débitos com a união, estado e município da sede da empresa
interessada;
f) diagrama funcional do sistema e modelo de dados;
g) comprovante de certificação ISO/IEC 27.001:2005 para as UGC's e ABNT NBR 11515
ou EN 1047/2 para o ambiente que abriga dos dados do sistema;
h) comprovação de possuir certificado de sistema de qualidade padrão ISO 9001.
i) declaração da empresa e de todos seus sócios de não atuarem em atividades conflitantes;
§ 2º A inscrição dos DETRAN's no DENATRAN se dará, mediante a apresentação dos
documentos previstos nas alíneas “a” e “f” do parágrafo anterior;
§ 3º Após a aprovação de inscrição, dar-se-á a entrega de Especificação técnica de
WebService de comunicação do Módulo UGC com o Módulo Central do DENATRAN
mediante a assinatura de termo de sigilo e confidencialidade;
§ 4º A empresa deverá apresentar Certificado de Atendimento aos Requisitos Técnicos de
Software, Hardware, Segurança e Ambiente, expedido por Instituição Técnica Credenciada pelo
DENATRAN, que ateste condição de aptidão para operação integrada ao SISCSV;
§ 5º No período de certificação a UGC e as empresas produtoras de sistemas integrados ao
SISCSV, deverão apresentar o resultado de cinco auditorias, no mínimo uma in-loco e com
possibilidade das demais serem via remota, a qualquer tempo e sem aviso prévio, estando
sujeitas às penalidades contidas no anexo V.
§ 6º Não poderão se candidatar aos serviços de UGC as empresas de análise de crédito ou
venda de informação, empresas que tenham como proprietário, sócio, ou façam parte de um
grupo, ou que possuam parentesco até segundo grau de quem seja proprietário ou sócio de uma
ECV.
Art. 13o. O DENATRAN poderá exigir, a qualquer momento, dados complementares aos
referidos no Art. 12 e nova certificação de sistema.
Art. 14o. A Inscrição de que trata o Art.1º terá validade de 02 (dois) anos.
Parágrafo único. O DENATRAN poderá cancelar a inscrição a qualquer momento, quando
comprovar que as empresas deixaram de cumprir com as exigências desta Portaria.
Art. 15o. As ECV's e as UGC's terão, respectivamente, o prazo de 120 (cento e vinte) e 90
(noventa) dias para se adequarem a esta Portaria.

140 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
Parágrafo único. Excepcionalmente, o requisito imposto pela alínea"g" do art. 12, deverá
ser atendido até o dia 1º de outubro de 2011, sob pena de descredenciamento.
Art. 16o. Fica revogada a Portaria nº. 431, de 21 de Julho de 2010.
Art. 17º. Os anexos desta Portaria encontram-se disponíveis no sítio eletrônico
www.denatran.gov.br.
Art. 18º. Esta Portaria entra em vigor no ato de sua publicação.

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


ALFREDO PERES DA SILVA

ANEXO I

NORMATIZAÇÃO DA ATIVIDADE DAS CERTIFICADORAS NO SISTEMA SISCSV

I - DO OBJETO

Procedimentos técnicos definidos para examinar, analisar, levantar e comprovar a integridade,


adequação, eficácia e eficiência dos controles do sistema, das informações físicas e dos usuários
com vistas a assistir à gestão do DENATRAN no cumprimento de seus objetivos.
A Auditoria deste sistema é de competência exclusiva do DENATRAN, que pode credenciar
Institutos Certificadores para avaliar e certificar processos de forma estruturada os sistemas,
capaz de atender aos requisitos técnicos de software, hardware, de segurança e ambiente, com
comprovado enfoque técnico, objetivo e sistemáticos exigidos nesta portaria.

DAS CERTIFICADORAS

1. Aspectos Gerais

1.1 O DENATRAN irá credenciar Institutos Certificadores com comprovada experiência em


auditorias de sistemas, quadro fixo de funcionários, idoneidade e inexistência de conflitos de
interesses a fim de garantir alta confiabilidade da entidade.
1.2 Deverão ser observadas as seguintes normas na execução das atividades de
auditoria/acompanhamento:
a) conhecimento da missão e objetivos principais desta Portaria bem como da legislação de
trânsito ora vigente;
b) conhecimento prévio e detalhado da política, dos instrumentos e das regras do sistema;
c) conhecimento das atividades operacionais dos processos envolvidos;
d) conhecimento do resultado dos trabalhos anteriores, semelhantes ou relacionados;
e) conhecimento e utilização dos princípios descritos nas normas NBR 11515 e 27.001:2005 ou
EN 1047/2
e) sigilo e confidencialidade.

2. Papéis de Trabalho

2.1 No início do processo, a requerente à UGC apresenta ao DENATRAN, a documentação


constante no Art. 12 § 1º. Para este fim, a certificadora terá uma cópia com as informações que
fundamentaram a inscrição ao trabalho a ser executado, ficando assim, co-responsável no exame
de observância de evidência quanto à suficiência, exatidão e validade dos dados informados.
2.2 A Certificadora, com o conhecimento prévio do DENATRAN, poderá solicitar às UGC
quaisquer documentos que julgue necessário para basear suas evidência e respaldar seus
relatórios.
2.3 Os relatórios devem possuir abrangência e grau de detalhes suficientes para propiciarem o
julgamento e conclusões acerca dos fatos.

Vagner Pedroso Caovila 141


3. Fraude e erros

3.1 As certificadoras devem informar obrigatoriamente, primeiro ao DENATRAN, sempre por


escrito, de maneira reservada, sobre quaisquer indícios de fraudes e/ou erros detectados no
decorrer da validade da certificação.
3.2 As verificações, exames e testes poderão ser feitas de forma remota, conforme estabelecido
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

nesta portaria.
3.3 As evidências devem ser relatadas e anexadas ao processo principal da UGC, e no caso de
empresas coligadas no sistema, ficará uma cópia no processo da UGC e o original será
encaminhado à CGIT.

4. Procedimentos da Certificação de UGC e empresas interligadas:

4.1 Os testes a serem realizados constituem exames e investigações, gerando subsídios


suficientes para uma segura análise através de:
a) Inspeção – verificação de documentos, checklist e meio físico;
b) Observação – acompanhamento de procedimento do início ao fim;
c) Investigação e confirmação – obtenção de informações através de testes e simulados e
amostragem seja local ou remota;
4.2 A UGC fornecerá um ambiente de simulação dos procedimentos de emissão de documento,
desde a empresa coligada até a simulação com o DENATRAN. Podendo a certificadora realizar
todo e qualquer teste na UGC e nas empresas, sem limites de horários e operações, devendo
estar sempre acompanhada do responsável técnico designado a acompanhar a auditoria.
4.3 A partir da Certificação, enquanto houver validade, o monitoramento deverá ser contínuo,
tanto na UGC como nas empresas coligadas, podendo ser remoto, mas a qualquer indício ou
denúncia o DENATRAN poderá requerer uma inspeção local.
4.4 O DENATRAN reserva-se o direito de solicitar a qualquer tempo das certificadoras e seu
quadro técnico, documentações referentes à comprovação e extensão de competência como
certificadora.
4.5 A Certificadora estará autorizada a fazer uma tentativa de invasão nos sistemas da UGC.

ANEXO II

ESPECIFICAÇÃO FUNCIONAL DA UNIDADE DE GESTÃO CENTRAL (UGC)

I - DO OBJETO

A presente especificação funcional define a Unidade de Gestão Central (UGC), que será
encarregada de todo o processo de controle e emissão dos documentos eletrônicos disponíveis
na Central SISCSV, através da busca das informações de veículos na BASE do DENATRAN e
pelo sistema local das Empresas Certificadas para o reto cumprimento das resoluções referidas
nesta portaria.

II – INTRODUÇÃO

A especificação funcional aqui apresentada descreve as principais características da UGC, sendo


necessária para integração ao SISCSV a implantação de sistema destinado a executar as
seguintes funções:
a) Comunicação redundante com os sistemas de emissão de Documento Eletrônico
localizados nas Empresas Licenciadas e Certificadas;
b) Sistema local, instalado em desktop, com módulos restritos de comunicação web;
c) Garantir a integridade, disponibilidade e confidencialidade das informações por
5(cinco) anos;

142 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
d) Armazenamento dos dados dos Documentos eletrônicos emitidos;
e) Armazenamento das Imagens;
f) Guarda do backup mensal das filmagens panorâmicas de cada empresa;
g) Gravação dos resumos das imagens capturadas (MD5);
h) Disponibilizar acesso remoto aos sistemas locais das empresas;
i) Call center, através de rede VoIP e ou telefônica, para suporte aos usuários do

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


sistema;
j) Controle do cadastramento dos usuários do sistema através de biometria
(Impressão digital);
k) Geração de software de auditoria local de biometria ao
DENATRAN/Certificadoras;
l) Cadastro de veículos que não passaram na vistoria (Não conformidades) no
DENATRAN via WebService;
m) Comunicação com a BASE DENATRAN via Webservice na relação 1,1 x
1(Consulta x Documento);
n) Comunicação via VPN até a regularização do link dedicado com o DENATRAN;
o) Utilização de Datacenter para backUp;
p) Capacidade de operação 24h x 7d;
q) Servidor espelhado no local;
r) Redundância dos Links de comunicação;
s) Geração obrigatória de relatórios;
t) Disponibilizar portal de acesso 24hs para monitoramento de filmagens;
u) Manual do usuário atualizado.

1. REQUISITOS TÉCNICOS FUNCIONAIS DAS VISTORIAS

1.1 REQUISITOS NECESSÁRIOS DA UNIDADE DE GESTÃO CENTRAL(UGC)


1.1.1 INFRA-ESTRUTURA NECESSÁRIA
A) LOCAL:
A UGC deverá dispor de local adequado e exclusivo dispondo de:
a) Instalações elétricas adequadas;
b) Proteção contra quedas de energia de no mínimo duas horas;
c) Proteção contra incêndios conforme legislação municipal;
d) Segurança física do local com sistema de alarmes 24h x 7d x 365d;
e) Acesso físico a sala do CPD controlado por Biometria;
f) Sistema de ar condicionado redundante;
g) Filmagem 24h x 7d x 365d da sala do CPD com acesso remoto das câmeras
protegido por senha.
h) Obedecer as normas NBR 11515 e ISO 27.001:2005 ou EN 1047/2.
i) Qualidade ISO 9001.
B) DATACENTER:
Deverá ser implantado um sistema redundante em um Datacenter para substituir a UGC na
ocorrência de panes, com as seguintes características:
a) Planos de contingência;
b) Múltiplos fornecedores de banda;
c) Firewalls e IDS (Intrusion Detection System);
d) Presença nos principais pontos de troca de tráfego da Internet;
e) Sistemas de detecção e combate a incêndio;
f) Vigilância 24h x 7d x 365d;
g) Contrato de confidencialidade e sigilo;
C) COMUNICAÇÃO COM O DENATRAN
Toda a interface de comunicação com o DENATRAN será realizada através de webservice de
consultas e inserção de dados. Sendo necessária a implantação de um link criptografado com

Vagner Pedroso Caovila 143


velocidade mínima de 1 Mb full de comunicação com a Central SISCSV localizada no
DENATRAN. Para fins de redundância será exigido link de outro fornecedor.
Toda a consulta realizada a BASE BIN/DENATRAN deverá obedecer a relação 1,1 x 1(consulta
x documento), sendo esta consulta sujeita a todas as especificações/obrigações contidas na
Portaria nº 60/2010 DENATRAN.
D) LINK DE INTERNET PARA ACESSO DAS EMPRESAS
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

Toda a comunicação com o DETRAN ou ECV será realizada através de webservice


padronizados, sendo necessário a implantação de dois links de internet.
E) LINK DE COMUNICAÇÃO COM O DATACENTER
O datacenter, para a realização dos backups, deverá dispor de dois links redundantes.
F) SERVIDORES
Todos os servidores envolvidos na UGC terão que ser providos de certificação ISO 9001 para
manufatura.
Será necessário que a UGC tenha o mínimo de hardware abaixo descrito:
a) Servidor de Banco de dados dedicado (Configuração mínima: Processador
XEON 2.0 GHZ, 4 GB RAM, Fonte Redundante, Placa de rede redundante 10/100, os
dados armazenados deverão estar em RAID 1 ou 5 ou 10 ou em qualquer outra que
garanta a integridade dos dados na ocasião da falha de um HD);
b) Servidor de Banco de dados redundante;
c) Servidor de Aplicação (Internet);
d) Servidor de Aplicação redundante;
e) Servidor VoIP;
f) Firewalls e IDS (Intrusion Detection System).
Será necessário que o Datacenter tenha o mínimo de hardware abaixo descrito:
a) Servidor de aplicação;
b) Servidor de Banco de Dados;
G) SEGURANÇA DA TRANSAÇÃO
A UGC deve possuir um certificado digital com criptografia 128 bits a fim de prover um canal
criptográfico seguro que mantêm o sigilo e a integridade das informações confidenciais durante
todo o caminho entre a aplicação web do usuário e o servidor, utilizando-se de criptografia, nos
padrões do protocolo SSL/TLS.
Todos os log das transações terão que ser registrados no banco de dados.
H) CAPACIDADE DE OPERAÇÃO
A UGC deverá possuir capacidade para operar durante 24 horas x 7 dias x 365 dias no ano.
1.1.2 REQUISITOS TÉCNICOS
A empresa deverá possuir comprovada experiência em sistemas de porte similares implantados e
em funcionamento.
A UGC deverá ter um responsável técnico qualificado que poderá atuar somente em uma UGC.
O mesmo deverá responder e estar presente nas reuniões e convocações feitas pelo
DENATRAN, bem como deverá atender às requisições da Certificadora responsável pela sua
certificação.
O Software desenvolvido para as empresas deverá ser objeto de certificação remota e local,
devendo obrigatoriamente ser a mesma versão apresentada à certificadora, devendo ser instalado
em somente em equipamento desktop.
1.1.3 APLICATIVOS
A) BIOMETRIA
A UGC será responsável pela captura, extração, criação do padrão e comparação. O aplicativo
de autenticação biométrica deverá validar a cada vistoria realizada o vistoriador responsável.
a) O cadastro de biometria ficará sob a guarda da UGC, sendo trimestralmente enviado ao
DENATRAN um arquivo em mídia eletrônica.
b) Para cada usuário desativado deverá ser registrado o motivo.
c) Para cada vistoriador será permitida a captura de uma digital biométrica. A captura da
biometria deve ser local e a comunicação com as UGC via webservice.

144 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
d) A digital do vistoriador será exigida no início e no final de cada vistoria.
e) O tempo máximo de resposta do processo de reconhecimento não poderá exceder dois
segundos.
g) A UGC deverá solicitar a empresa documento de responsabilidade na ocasião da captura da
digital.
B) WEBSERVICE DE CADASTRO/CONSULTA DE CSV

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


O webservice deverá respeitar o critério de interoperabilidade e padronização entre as demais
centrais UGC. O webservice se baseará em tecnologias XML.
Os webservice serão descritos em documentos WSDL (Web Ser vice Description Language), e
as informações deverão trafegar via mensagens SOAP, ambos baseados em XML.
A documentação necessária para a integração, de caráter confidencial, será disponibilizada pelo
DENATRAN na ocasião da inscrição da UGC. Será exigida assinatura de termo de
responsabilidade e sigilo.
C) SERVIÇO DE CONSULTA A BIN
A consulta a BIN (Base Índice Nacional) será realizado através de webservice específico
disponibilizado pelo DENATRAN e será no padrão descrito no item b na relação 1,1 x 1
(consulta x documento emitido).
As consultas se restringem a emissão dos Laudos de Vistoria regulamentados pelo
DENATRAN, vedado o uso para outros fins.
D) REDE VOIP
A comunicação entre UGC, Certificadoras e DENATRAN se dará através de servidor VoIP. Para
o estabelecimento de comunicação será utilizado Protocolo de Iniciação de Sessão (SIP) e para a
transmissão de dados será utilizado o protocolo RTP (Protocolo de Transporte em Tempo Real).
Os codecs compatíveis serão:
a) Codec GSM – Bandwidth 13.2kbps – Clock Rate 8 KHz
b) Codec iLBC – Bandwidth 13.3kbps – Clock Rate 8 KHz
E) PORTAL
A UGC deverá possuir um portal web com todas as funcionalidades necessárias ao cumprimento
desta portaria. Serão criados perfis ao DENATRAN e as Certificadoras que possibilitem auditar
as ECV, permitindo acesso às imagens e a emissão de relatórios estatísticos e de auditoria
possibilitando a emissão dos seguintes relatórios:
a) Documentos emitidos por empresa, por período e por usuário;
b) Percentual de não conformidade por empresa, por período e por usuário;
c) Documentos emitidos por tipo;
d) Registro de todas as operações de um determinado usuário;
e) Portal de publicação de monitoramento para auditoria das filmagens.
F) SOFTWARES DE DETECÇÃO DE FALHAS NO SISTEMA
A UGC deverá possuir meios de detecção de falhas no sistema em tempo real. Estas falhas
devem ser monitoradas por mau funcionamento ou inoperância:
1.1.4 CERTIFICAÇÃO DA UGC
O sistema será certificado por entidade credenciada pelo DENATRAN na forma do anexo I.
1.1.5 DO SIGILO
Os operadores da UGC obrigam-se a manter sigilo acerca de quaisquer informações, materiais,
documentos, especificações técnicas, rotinas, módulos, conjunto de módulos, programas ou
sistemas, que venham a ter acesso ou conhecimento, ou ainda que lhes tenham sido confiados,
não podendo, sob qualquer pretexto, revelar, reproduzir ou deles dar conhecimento a terceiros,
salvo por determinação judicial ou se houver consentimento autorizado, específico, prévio e por
escrito pelo DENATRAN. Constatada a quebra do sigilo, será aplicada a penalidade prevista no
Anexo V.

ANEXO III

ESPECIFICACAO FUNCIONAL DO SISTEMA APLICATIVO INFORMATIZADO DE

Vagner Pedroso Caovila 145


escrito pelo DENATRAN. Constatada a quebra do sigilo, será aplicada a penalidade prevista no
Anexo V.

ANEXO III

ESPECIFICACAO FUNCIONAL DO SISTEMA APLICATIVO INFORMATIZADO DE


VISTORIA VEICULAR INTEGRADO À UGC

I - DO OBJETO
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

A presente especificação funcional define o sistema de emissão de Laudos de Vistoria Veicular,


assim como a captura de imagens, coleta e armazenamento de dados, o tratamento
informatizado on-line dos dados capturados, sua apresentação, em estação de trabalho remota
instalada em local distinto da estação de vistoria e envio à base de dados do
SISCSV/DENATRAN conforme especificações técnicas e quantidades descritas abaixo. Faz
parte do objeto, o fornecimento de recursos logísticos que apóiem às operações de fiscalização
constituída de acesso remoto e emissão de documentação exigida por lei.

II – INTRODUÇÃO

A especificação funcional aqui apresentada descreve as principais características do sistema de


captura de imagens e dados que devem permitir obter, em tempo real, as informações
necessárias ao monitoramento das ações nas empresas de Vistoria Veicular, bem como fornecer
valioso instrumento para o planejamento das ações de fiscalização do DENATRAN e demais
órgãos competentes.
Para integração à UGC é necessária a implantação de equipamentos destinados a executar as
seguintes funções:
a) Detecção de Presença do veiculo in-loco;
b) Captura de Imagens in-loco;
c) Armazenamento temporário das imagens (duas horas);
d) Gravação dos resumos das imagens capturadas (MD5);
e) Decodificação de Caracteres Alfa–numérico (Placa) por OCR;
f) Acesso a sistemas remotos;
g) Seleção de Parâmetros Operacionais;
h) Apresentação de Dados;
i) Impressão de Dados;
j) Classificação Veicular;
k) Armazenamento de Dados;
l) Filmagem e gravação dos procedimentos técnicos realizados na área de vistoria;
m) Possibilidade de acesso ao help-desk da Central UGC, através de rede VoIP, para os
usuários do sistema;
n) Autenticação no sistema através de biometria dos vistoriadores;
o) Cadastro e emissão do Laudo de Vistoria dos veículos aprovados e não aprovados;

1. CARACTERÍSTICAS DOS EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

1.1. As ECV deverão fornecer links que propiciem capacidade de comunicação, a partir da
estação de trabalho remota para a central da UGC.
1.2. Os dados e imagens dos veículos deverão ser enviados assim que capturados para a UGC.
1.3. As filmagens não serão acessadas on-line, mas deverão ser encaminhadas para a UGC até o
primeiro dia útil do mês subseqüente através de mídia eletrônica. (backup).
1.4. Os equipamentos deverão ter capacidade para obter dados da UGC em quantidade e
velocidade compatíveis com o fluxo de veículos.
1.5. Os equipamentos deverão permitir a reprodução, em papel, de dados e imagens capturados
pelos mesmos.
1.6. Possibilidade de acesso ao help-desk da UGC para suporte técnico e operacional.

2. DESCRIÇÃO DAS FUNCIONALIDADES DO SISTEMA APLICATIVO


146INFORMATIZADO INTEGRADO
Vistoria
À UGCVeicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
pelos mesmos.
1.6. Possibilidade de acesso ao help-desk da UGC para suporte técnico e operacional.

2. DESCRIÇÃO DAS FUNCIONALIDADES DO SISTEMA APLICATIVO


INFORMATIZADO INTEGRADO À UGC

Função cujo objetivo é o cadastro obrigatório na UGC do resultado para os itens decorrentes da
Res. 05/98 do processo de vistoria.
Por ocasião da apresentação do CRV do veículo, o mesmo deverá ser fotografado/escaneado e

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


postado no sistema em resolução de no mínimo 150 Kbytes. Esta foto ficará armazenada no
sistema em separado do documento, identificada com o mesmo número do Laudo, precedido
das letras LAU, mais o ano da vistoria AAAA, ou seja, uma foto do Laudo nº 88888888-88, será
gravada LAU201088888888-88.

3. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

3.1. CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS

O Sistema de Captura de Imagens e Dados de Veículos (Decodificação Automática de Dados a


partir de Imagens Digitais) deve monitorar todos os veículos vistoriados, armazenando os dados
que o identifiquem.

3.2. MÓDULOS FUNCIONAIS

3.2.1. MÓDULO DE CONTROLE


O Módulo de Controle responde pelo controle da inicialização do sistema, da operação em
regime normal, da decisão de capturar imagem, da filmagem, do armazenamento de dados e do
monitoramento do funcionamento do equipamento. Este módulo deverá:
a) Verificar a consistência dos parâmetros operacionais;
b) Tratar as informações provenientes dos Módulos Detector de Presença, Seleção
de Parâmetros Operacionais e Registrador de Imagem;
c) Enviar as informações resultantes do processamento aos Módulos: Indicador de
Estados, Monitor e Registrador de Imagem;
d) Gravar as imagens de todos os veículos inspecionados;
e) Detectar falha em qualquer um dos módulos do equipamento; e
f) Transferir os dados coletados na inspeção para a UGC, sendo que toda a troca de
dados e o modulo de controle será criptografada.

3.2.2. MÓDULO DETECTOR DE PRESENÇA

O Módulo Detector de Presença é responsável por acionar o Módulo de Controle durante a


permanência do veículo em vistoria na área de monitoramento.

3.2.3. MÓDULO REGISTRADOR DE IMAGEM

O Módulo Registrador responde pelo registro da imagem dos veículos na área monitorada, a
partir de um comando do módulo de controle local. As imagens registradas e os dados deverão
permitir a perfeita identificação do veículo, quanto à sua marca, modelo, cor, placa e local da
inspeção.
Para essa identificação, o registro deverá conter:
a) Data da gravação em dia, mês e ano (dd/mm/aaaa);
b) Instante da gravação em hora, minuto e segundo (hh:mm:ss);
c) Código para identificação do sistema, do local de operação.

REQUISITOS TÉCNICOS FUNCIONAIS DO MÓDULO REGISTRADOR DE


IMAGEM

a) O equipamento deverá permitir


Vagner o registro
Pedroso de qualquer tipo de veículo.
Caovila 147
b) Instante da gravação em hora, minuto e segundo (hh:mm:ss);
c) Código para identificação do sistema, do local de operação.

REQUISITOS TÉCNICOS FUNCIONAIS DO MÓDULO REGISTRADOR DE


IMAGEM

a) O equipamento deverá permitir o registro de qualquer tipo de veículo.


b) As imagens deverão ser associadas a um resumo (MD5), gerada no momento de
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

sua obtenção.
c) As imagens capturadas sequencialmente deverão ter tamanho máximo de
100Kbytes.

3.2.4. MÓDULO DE RECONHECIMENTO DE CARACTERES A PARTIR DE


IMAGENS DIGITAIS

O Módulo de Identificação de Caracteres a partir de imagens digitais deverá localizar na


imagem capturada a placa do veículo, decodificar a imagem, obtendo seus caracteres
alfanuméricos e transferir esses dados para o Módulo de Controle.
O erro máximo para leitura e decodificação dos dados alfanuméricos deverá ser de 5% das
imagens obtidas pelo sistema.
O equipamento deverá permitir a decodificação de qualquer tipo de placa nacional, padronizada
pelo CONTRAN.
- Nos casos de identificação errada da placa, o sistema deverá permitir que o técnico possa
digitar o dado sem, contudo, perder e/ou apagar a imagem utilizada pela identificação falha e a
decodificação original realizada pelo sistema, além de relatar o provável motivo do erro, para
posterior estudo estatístico.

3.2.5. MÓDULO DE COMUNICAÇÃO

O Módulo de Comunicação deverá permitir a obtenção de informações armazenadas na UGC,


com uma taxa de transferência de dados de no mínimo 512 Kbps permitindo o tráfego de dados
criptografados.
As transmissões deverão ser realizadas por meio de protocolos de comunicação padronizados e
contar com algoritmos para detecção de erros.
Unidades emissoras de energia eletromagnética deverão operar dentro dos padrões de segurança
determinados pela ANATEL.

3.2.6. MÓDULO DE SELEÇÃO DE PARÂMETROS OPERACIONAIS

Deverá permitir alteração ou ajuste dos parâmetros operacionais, isto é:


a) DATA
Data atual em dia, mês e ano (dd/mm/aaaa);
b) HORA
Instante atual em hora, minuto e segundo (hh:mm:ss);
c) CÓDIGO
Código para identificação do sistema e do local de vistoria, com tamanho suficiente para indicar
o número de identificação do operador do equipamento e dados do local.
d) DIAGNÓSTICO
Código que descreve o resultado da vistoria, disponibilizando outros comandos que permitam
ao operador avaliar as condições do equipamento.

OBSERVAÇÕES

1. A consulta a parâmetros operacionais não deverá interromper a operação normal do


equipamento.
2. Toda alteração de parâmetros operacionais deverá ser precedida de senha que identifique o
responsável pela alteração. Esta informação deverá ficar armazenada no sistema e transmitida
148para a UGC. Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
3.2.7 MÓDULO DE IMPRESSÃO
Código que descreve o resultado da vistoria, disponibilizando outros comandos que permitam
ao operador avaliar as condições do equipamento.

OBSERVAÇÕES

1. A consulta a parâmetros operacionais não deverá interromper a operação normal do


equipamento.
2. Toda alteração de parâmetros operacionais deverá ser precedida de senha que identifique o
responsável pela alteração. Esta informação deverá ficar armazenada no sistema e transmitida

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


para a UGC.

3.2.7 MÓDULO DE IMPRESSÃO

Este módulo é responsável pela reprodução fiel dos dados capturados pelo sistema e/ou
introduzidos pelos operadores. Deverá apresentar textos e imagens com qualidade de impressão
de 600dpiem folhas de tamanho A4. No rodapé deverá constar obrigatoriamente o nº da UGC
cadastrado no sistema e, se caso for gerado o laudo de vistoria com o sistema em off-line,
deverá constar a Data e hora da geração do Laudo. Conforme modelo do anexo IV.

3.2.8. MÓDULO DE CLASSIFICAÇÃO VEICULAR

O Módulo de Classificação Veicular processa e armazena os dados referentes ao tipo de veículo


inspecionado.
A classificação física feita na estação deverá ser confrontada com a classificação obtida no
banco de dados do DENATRAN. No caso de inconsistência entre as duas informações deverá
ser emitido laudo de não conformidade.

4. - SEGURANÇA DA TRANSAÇÃO E PLATAFORMA

4.1 - Meios de Comunicação Disponibilizados

A responsabilidade pelo Link de comunicação com a UGC será de responsabilidade da ECV


atendida.
Os acessos ao sistema nunca poderão ser 100% web, sendo obrigatória a solução dos principais
módulos em cliente/servidor.

Vagner Pedroso Caovila 149


ANEXO IV
LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010

DATA VALIDADE
VISTORIA

e não-conformidades

ANEXO V
PENALIDADES
150 Vistoria Veicular
Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
ANEXO V
PENALIDADES

DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

LEGISLAÇÃO - Portaria 1334/2010


It 1ª 2ª 3ª 4ª
Irregularidades Passíveis de Sanções
Inst. e ocorr ocorr ocorr ocorrê
Administrativas
m ência ência ência ncia
Captura de imagem que não permita a
ECV 01 identificação da marca e modelo do veículo, ou A S15 S30 S90
qualidade inferior da solicitada.
Imagem sem tarja com as informações de data e
ECV 04 A S15 S30 S90
hora
Impossibilidade de acesso remoto de órgão
ECV 05 A S15 S30 S90
autorizado aos dados e equipamentos da ITL

Armazenamento de filmagens (em um período de


ECV 07 S30 S60 S90 C
14 meses a partir da emissão do CSV/Laudo)

Armazenamento dos vídeos sem nomeação no


ECV 08 S15 S30 S60 S90
padrão aaaammdd-hh:mm:ss
Impossibilidade de impressão da digital do quadro
ECV 09 S15 S30 S60 S90
técnico fiscalizada "in loco"
Deixar de realizar auditorias obrigatórias da
ECV 12 S30 S60 S90 C
certificação isso 9000
Captura das imagens(foto frontal, traseira e
ECV 3 panorâmica) fora da posição determinada nesta S30 S60 S90 C
portaria conforme modelo.
Armazenamento de dados e imagens em ambiente
UGC 15 não-seguro ou com suspeita de desvio de A S30 S60 C
informações.
Deixar de cumprir quaisquer das
UGC 16 especificações/critérios comprovadamente desta A S30 S60 C
portaria.
Detecção comprovada de irregularidades pela
UGC 17 Certificadora por meio de auditoria prévia A S30 S60 C
anunciada ao DENATRAN.
Deixar de apresentar e manter atualizada
UGC 13 A S30 S60 C
documentação de credenciamento.
Não cumprimento de quaisquer das exigências de
UGC 18 consultas à BIN constantes em portarias A S30 S60 C
específicas da legislação vigente.
ECV
Não observância do termo de sigilo e
e 14 C
confidencialidade
UGC
Legenda:
A Advertência
S15 Suspensão da licença por 15 dias
S30 Suspensão da licença por 30 dias
S60 Suspensão da licença por 60 dias
S90 Suspensão da licença por 90 dias
C Cassação da licença

Vagner Pedroso Caovila 151


PORTARIA Nº 130, DE 25 DE AGOSTO DE 2014

Estabelece requisitos técnicos e procedimentos


operacionais para acesso ao Sistema Nacional de
Controle e Emissão de Certificado de Segurança
Veicular e Vistoria (SISCSV), pelos órgãos e
entidades executivos de trânsito dos Estados e do
LEGISLAÇÃO - Portaria 130/2014

Distrito Federal e dá outras providências.

O Diretor do DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN, no uso das


atribuições que lhe foram conferidas pelo artigo 19, incisos I, IX e XIV, da Lei n° 9.503, de 23 de
setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro - CTB;

Considerando a necessidade de uniformizar a disseminação e o controle de informações e de


disciplinar os procedimentos para fornecimento de dados do Sistema Nacional de Controle e
Emissão de Certificado de Segurança Veicular e Vistoria (SISCSV) e seus subsistemas;

Considerando que o banco de dados do SISCSV e seus subsistemas são de propriedade do


DENATRAN, observadas as disposições legais sobre a guarda de informações, em especial o que
estabelece a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Art 5º, XII e ainda, o art. 10 da
Lei nº 12.527/2011, que regulamento o acesso a informações;

Considerando o disposto no art. 124, inciso V e no art.125 do CTB, bem como o disposto no
art. 311 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, que institui o Código Penal Brasileiro;

Considerando o disposto na Resolução CONTRAN nº 466, de 11 de dezembro de 2013;

Considerando o que consta do processo administrativo nº 80000.021054/2014-51,

RESOLVE:

Do Âmbito e Finalidade

Art. 1º Estabelecer os requisitos técnicos e os procedimentos operacionais para acesso ao


Sistema Nacional de Controle e Emissão de Certificado de Segurança Veicular e Vistoria (SISCSV)
e seus subsistemas, de propriedade do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), pelos
órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, nos termos da
Resolução CONTRAN nº 466, de 11 de dezembro de 2013.

Art. 2º Ficam sujeitos às obrigações previstas nesta Portaria os órgãos e entidades executivos
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal e as pessoas jurídicas de direito público ou privado
habilitadas para o exercício da atividade de vistoria de identificação veicular prevista na Resolução
CONTRAN nº 466, de 2013.

Dos Requisitos Técnicos

Art. 3º Constituem requisitos técnicos e funcionais para o controle informatizado, para a


emissão do laudo único padronizado pelo SISCSV:

I - comunicação redundante com os sistemas de emissão de Documento Eletrônico


localizados nas empresas habilitadas pelos órgãos executivos de trânsito;

152 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam
II - sistema local, instalado em desktop, com módulos restritos de comunicação web;
III - garantia de integridade, disponibilidade e confidencialidade das informações;
IV - armazenamento dos dados dos documentos eletrônicos emitidos;
V - armazenamento das imagens;
VI - guarda do backup mensal das filmagens panorâmicas de cada empresa;
VII - gravação dos resumos das imagens capturadas (MD5);
VIII - disponibilização de acesso remoto aos sistemas locais das empresas;

LEGISLAÇÃO - Portaria 130/2014


IX - controle do cadastramento dos usuários do sistema através de biometria;
X - cadastro de veículos que não passaram na vistoria (não conformidades) no DENATRAN
via WebService;
XI - comunicação com a base DENATRAN via WebService na relação 1,1 x 1 (consulta x
documento);
XII - utilização de Data Center para backup;
XIII - capacidade de operação 24h x 7d;
XIV - servidor espelhado no local;
XV - redundância dos links de comunicação;
XVI - geração obrigatória de relatórios.

Art. 4º Para efeito de disponibilização no sítio eletrônico do DENATRAN, os órgãos e


entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal deverão encaminhar,
mensalmente, relação atualizada das pessoas jurídicas habilitadas para a prestação do serviço de
vistoria de identificação veicular.

§ 1º A relação de que trata o caput deste artigo deverá ser elaborada em planilha eletrônica,
devidamente preenchida com nome, endereço, telefones para contato, CNPJ, área geográfica de
atuação, ato administrativo de habilitação e prazo de vigência, nome do preposto responsável e
encaminhada ao endereço eletrônico a ser divulgado pelo DENATRAN.

§ 2º A identificação das pessoas jurídicas de direito público ou privado devidamente


habilitadas nos Estados e no Distrito Federal poderá ser acessada pela internet, no sítio eletrônico do
DENATRAN.

Dos Procedimentos Operacionais

Art. 5º Os órgãos e entidades executivos de trânsito interessados em obter a disponibilização


de acesso ao banco de dados do SISCSV e seus subsistemas deverão encaminhar requerimento ao
DENATRAN, acompanhado dos documentos abaixo relacionados:

I - ato de nomeação ou termo de posse do responsável pelo órgão solicitante;

II - cédula de identidade e Cadastro de Pessoa Física - CPF do responsável pelo órgão;

III - declaração de que dispõe de equipamentos, infraestrutura e capacidade técnica


necessária à operação e ao funcionamento do SISCSV, e de que possui, no seu quadro permanente,
profissionais qualificados para execução ou manutenção das ações previstas no acesso ao sistema;

IV - diagrama funcional do sistema e modelo de dados.

Do Pagamento ou Ressarcimento de Custos e Despesas

Vagner Pedroso Caovila 153


Art. 6º Nos termos do disposto no § 1º, do art. 3º, da Resolução CONTRAN nº 466, de 2013,
os custos e as despesas referentes aos acessos à base de dados do Registro Nacional de Veículos
Automotores – RENAVAM, pelo SISCSV, serão ressarcidos ao DENATRAN pelos órgãos e
entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, conforme tabela abaixo:
LEGISLAÇÃO - Portaria 130/2014

Valor da transação Número de transações


R$ 0,15 Qualquer número

Ou

Tipo de serviço Unidade de medida Valor por unidade


Vistoria veicular Laudo emitido R$ 0,45

Parágrafo único. O DENATRAN apurará mensalmente os valores a serem pagos ou


ressarcidos e apresentará cobrança aos órgãos e entidades que utilizaram os serviços de que trata
este normativo.

Art. 7º Os valores recebidos pelos serviços prestados com base nesta Portaria são
classificados como Receita de Serviços e deverão ser recolhidos à Unidade Gestora/Gestão
200012/0001 - Departamento Nacional de Trânsito, no código de recolhimento 28820-9 - Serviços
de Comercialização de Processamento de Dados e Material de Informática, exclusivamente por
Guia de Recolhimento da União (GRU) do tipo Simples ou Cobrança.

Art. 8º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9º Ficam revogadas as Portarias DENATRAN no 131, de 23 de dezembro de 2008, nº


312, de 27 de abril de 2010 e nº 1334, de 29 de dezembro de 2010.

MORVAM COTRIM DUARTE

154 Vistoria Veicular


Evolução da Legislação de Trânsito e os Aspectos Polêmicos que a Cercam

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