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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - CCSO


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
DISCIPLINA: EXPERIÊNCIA ARTÍSTICA E CULTURA MODERNA
CURSO DE RÁDIO E TV
SEMESTRE 2022.1
PROF. JUNERLEI LUIS DIAS
DISCENTE: RAFAELLE DOS SANTOS SOUSA

ÁNALISE ESTÉTICA DO FILME MATRIX

O filme Matrix, de 1999 é um leque que possui diversas estéticas e simbologias por trás
de sua mensagem principal. O enredo conta a aventura de Neo, um jovem hacker que é
chamado para o movimento de resistência liderado por Morpheus, na luta contra a
dominação dos humanos pelas máquinas. Morpheus lhe oferece dois comprimidos de
cores diferentes: com um continuará na ilusão, com outro descobrirá a verdade. O
protagonista escolhe o comprimido vermelho e acorda em uma cápsula, descobrindo
que a raça humana está dominada pelas inteligências artificiais, presa num programa de
computador, servindo apenas como fonte de energia. Neo descobre que a resistência
acredita que ele é o Escolhido, um Messias que virá libertar a humanidade da escravidão
da Matrix. Embora duvide do seu destino ao longo de todo o percurso, ele aprende a
contornar as regras da simulação. Acaba conseguindo salvar Morpheus que tinha sido
sequestrado e derrotar o Agente Smith depois de um duelo onde prova o seu valor como
guerreiro e confirma que é o Escolhido.

Essa nova realidade possui também uma estética futurista onde podemos observar as
seguintes características: alta tecnologia, baixa qualidade social, cidades em decadência
onde as máquinas tomam conta de tudo. Consequentemente, o visual de Matrix é
marcado por esta estética em todas as suas cenas; desde os figurinos até os cenários. O
filme passa sua mensagem por trás das cores, por exemplo, a cor verde, combinada com
preto e é utilizada em todos os frames do filme transmitindo ao público um ar de um
mundo artificial, como se fosse visto por meio de uma tela de computador. Quando
retornamos ao mundo do Neo, são utilizados núcleos mais básicos, como azul, cinza e
bege para representar a mediocridade e simplicidade do mundo que enxergava antes de
“abrir seus olhos”. Assim, a teoria das cores verde (no cenário) e preta (nos figurinos)
traz um significado mais “tóxico” e “alerta” para a cor verde, tratando o cenário como
algo irreal e artificial.
Há também diversos símbolos caracterizados pelos códigos e números em diversas
cenas de Matrix, remetendo-se à tecnologia dos computadores e à essa estética futurista
de um mundo extremamente tecnológico e ao mesmo tempo, socialmente precário, em
busca de uma nova possibilidade. A obra pode então ser interpretada do movimento
Matrix também aos modelos futuristas, como uma representação de uma sociedade
ilusória que alterou as formas de expressão artística 2000.

Esse filme marcou a época, não só pelos efeitos especiais e cenas de luta coreografadas
na perfeição, mas, principalmente, pela sua temática. Matrix é uma distopia, ou seja,
uma narrativa passada em um universo opressivo, totalitário, onde o indivíduo não tem
liberdade nem controle sobre si mesmo. Na obra, a humanidade está aprisionada por
uma simulação, embora não tenha consciência disso. Essa realidade virtual, chamada "A
Matriz" (o modelo), foi criada pelas máquinas para manter a população humana sob seu
domínio e sugar a sua energia.

O filme tem uma componente de crítica à sociedade contemporânea, mostrando os seus


defeitos como uma lente de aumento. Lançado em 1999, nas vésperas do tão temido
"bug do milênio" que nunca aconteceu, Matrix exprime as preocupações e angústias de
uma sociedade em plena transformação. Durante a década de 90, a venda de
computadores aumentou de forma considerável nos países mais desenvolvidos e o
acesso à internet se tornou parte do cotidiano de grande parte da população. A entrada
nesse novo mundo, aliada ao progresso tecnológico galopante, veio abrir
questionamentos acerca do futuro da humanidade. No filme, os humanos também se
tornaram tão dependentes das máquinas que acabaram sendo subjugados por elas,
virando meras "pilhas" que geram energia para alimentá-las. Pior ainda, a sua alienação
é tanta que não reparam que vivem presos.

Um dos aspectos interessantes do filme é o fato de nos levar a refletir sobre a nossa
conduta enquanto espécie. Embora a resistência surja simbolizando o bem, a libertação
da espécie humana, o discurso de Smith aponta os efeitos devastadores que a nossa
espécie deixou na Terra. Assim, a narrativa ajuda a relativizar essa divisão positivista
entre o bem e o mal. No final, podemos ver uma mensagem cibernética enviada por
Neo, com o objetivo de libertar novas mentes. Vemos o Escolhido caminhando na rua,
colocando seus óculos escuros e depois voando.

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