“A música “Adorável chip novo”, da cantora Pitty, revela uma sociedade
tão permeada pela tecnologia que descobre ser parte robô a observar que possui “engrenagens no lugar de articulações”. Fora do meio musical, porém, essa mecanização dos indivíduos aparenta ser cada vez mais real. Dessa maneira, o homem contemporâneo renega sua essência ao praticar a tecnofilia e, assim, colocar em risco tanto sua subjetividade, quanto a dinâmica de trabalho.” Desenvolvimento 1:
“Inicialmente, nota-se que, quando o indivíduo está em imerso em
uma esfera que se pauta pela tecnologia em todos os setores sociais, ela passa a ser parte integrante dessa pessoa. Na teoria de “Moral de Rebanho”, Nietzche defende que a sociedade, devido à ignorância da irreflexão, segue as ideologias dominantes no meio de convívio. Nesse contexto, a população age como uma manada ao se afundar no uso perene de celulares e computadores, submetendo-se à exposição a uma “tsunami” de anúncios online, que influenciam no modo de pensar e agir. Consequentemente, a subjetividade fica em risco, dado que ele deixa de ser dono do próprio pensar e adota uma postura de submissão aos artefatos tecnológicos.” Desenvolvimento 2:
“Cabe ressaltar, ainda, que a presença exagerada da tecnologia afeta
também a dinâmica de trabalho utilizada na atualidade. Segundo Karl Marx, o “Fetichismo da Mercadoria” consiste na prática da adesão de produtos apenas pela ostentação e pelo “status” relacionado a eles. Devido a esse comportamento de consumo irresponsável, a demanda de produção sofreu um aumento significativo, cenário que levou as indústrias a substituírem a mão de obra pela mecanizada, com o intuito de otimizar o potencial de produção. Dessa forma, o sustento da população é colocado em risco, uma vez que a necessidade de uma ocupação laborial é negligenciada pelos donos de grandes empresas cegos pelo brilho metálico das máquinas.” Conclusão:
“Portanto, a tecnofilia ameaça a essência do homem contemporâneo.
Isso ocorre pois o uso excessivo da tecnologia afeta a subjetividade e a dinâmica de trabalho. Assim, o ser humano, ao perceber que, assim como em “Admirável Chip Novo”, está se tornando um ser feito de engrenagens, fica a deriva em um mar de telas e, a ele, só resta buscar fôlego para não se afogar.” Dualidade utópica
Segundo a ficção de Isaac Asimov “Eu robô”, a humanidade
desenvolveu-se ao ponto de construir robôs para o auxílio no cotidiano. No decorrer da história, o protagonista encontra-se com um autônomo defeituoso, que estava criando consciência própria e que começou a questionar a pela qual seus irmãos de Silício eram tratados como escravos. Nessa ótica, revela se a importância da preocupação da humanidade no desenvolvimento de tecnologias capazes de superar o homem, visto que elas podem revoltar. Dessa maneira, cabe avaliar não somente o risco para a existência da humanidade apresentado pelas tecnologias, bem como o acorrentamento que elas fornecem aos indivíduos. Sob uma ótica inicial, é importante analisar que, assim como exposto na música “Cérebro eletrônico”, de Gilberto Gil, a máquina não é capaz de expressar sentimentos não está viva. De acordo conceito de Simulacro sugerido por Platão, observa-se na sociedade a tentativa de padrões e valores que se assemelham à perfeição. Entretanto, o homem é imperfeito e, portanto, incapaz de atingir tal estado. Nessa perspectiva, nota-se a Esperança depositada pelo ser humano nas tecnologias, uma vez que acredita-se que elas possuem a capacidade de levar a espécie para o caminho dessa perfeição. Nesse sentido, cria-se na humanidade o sentimento fragilidade em relação as máquinas. Desse modo, percebe-se o perigo crescente para a raça humana, já que com o desenvolvimento tecnológico, os cérebros eletrônicos podem virar-se contra a humanidade. Cabe ressaltar ainda que, mesmo controlada, a tecnologia pode ser vista como forma de fragilização das relações humanas, como retratado na obra “Modernidade Líquida”, de Zygmunt Bauman. Esse fator é evidenciado no conceito de sociedade do espetáculo, haja vista que as redes sociais são utilizadas para compartilhar vídeos e conteúdos violentos e desumanos. Dessa forma, gera-se na sociedade a crescente falta de empatia dos indivíduos com seus semelhantes, tornando as pessoas menos unidas e cada vez mais individualistas. Assim, entende-se que apesar dos benefícios fornecidos pelas tecnologias como ferramentas para comunicação ou produção de alimentos, elas devem ser evoluídas aos poucos e com o método correto. Dessa maneira, o homem pode buscar meios com que não desperte a revolta das máquinas com o desenvolvimento das inteligências artificiais mais avançadas. Logo, nota-se a linha tênue entre a capacidade das tecnologias levarem a humanidade para a ruína ou para a utopia.