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ANÁLISE DE REDAÇÃO

Professora Giulia Chianello


Introdução:

“A música “Adorável chip novo”, da cantora Pitty, revela uma sociedade


tão permeada pela tecnologia que descobre ser parte robô a observar que
possui “engrenagens no lugar de articulações”. Fora do meio musical,
porém, essa mecanização dos indivíduos aparenta ser cada vez mais real.
Dessa maneira, o homem contemporâneo renega sua essência ao praticar a
tecnofilia e, assim, colocar em risco tanto sua subjetividade, quanto a
dinâmica de trabalho.”
Desenvolvimento 1:

“Inicialmente, nota-se que, quando o indivíduo está em imerso em


uma esfera que se pauta pela tecnologia em todos os setores sociais, ela
passa a ser parte integrante dessa pessoa. Na teoria de “Moral de
Rebanho”, Nietzche defende que a sociedade, devido à ignorância da
irreflexão, segue as ideologias dominantes no meio de convívio. Nesse
contexto, a população age como uma manada ao se afundar no uso
perene de celulares e computadores, submetendo-se à exposição a uma
“tsunami” de anúncios online, que influenciam no modo de pensar e agir.
Consequentemente, a subjetividade fica em risco, dado que ele deixa de
ser dono do próprio pensar e adota uma postura de submissão aos
artefatos tecnológicos.”
Desenvolvimento 2:

“Cabe ressaltar, ainda, que a presença exagerada da tecnologia afeta


também a dinâmica de trabalho utilizada na atualidade. Segundo Karl
Marx, o “Fetichismo da Mercadoria” consiste na prática da adesão de
produtos apenas pela ostentação e pelo “status” relacionado a eles. Devido
a esse comportamento de consumo irresponsável, a demanda de produção
sofreu um aumento significativo, cenário que levou as indústrias a
substituírem a mão de obra pela mecanizada, com o intuito de otimizar o
potencial de produção. Dessa forma, o sustento da população é colocado
em risco, uma vez que a necessidade de uma ocupação laborial é
negligenciada pelos donos de grandes empresas cegos pelo brilho metálico
das máquinas.”
Conclusão:

“Portanto, a tecnofilia ameaça a essência do homem contemporâneo.


Isso ocorre pois o uso excessivo da tecnologia afeta a subjetividade e a
dinâmica de trabalho. Assim, o ser humano, ao perceber que, assim como
em “Admirável Chip Novo”, está se tornando um ser feito de
engrenagens, fica a deriva em um mar de telas e, a ele, só resta buscar
fôlego para não se afogar.”
Dualidade utópica

Segundo a ficção de Isaac Asimov “Eu robô”, a humanidade


desenvolveu-se ao ponto de construir robôs para o auxílio no
cotidiano. No decorrer da história, o protagonista encontra-se com
um autônomo defeituoso, que estava criando consciência própria e
que começou a questionar a pela qual seus irmãos de Silício eram
tratados como escravos. Nessa ótica, revela se a importância da
preocupação da humanidade no desenvolvimento de tecnologias
capazes de superar o homem, visto que elas podem revoltar.
Dessa maneira, cabe avaliar não somente o risco para a existência
da humanidade apresentado pelas tecnologias, bem como o
acorrentamento que elas fornecem aos indivíduos.
Sob uma ótica inicial, é importante analisar que, assim como
exposto na música “Cérebro eletrônico”, de Gilberto Gil, a máquina
não é capaz de expressar sentimentos não está viva. De acordo
conceito de Simulacro sugerido por Platão, observa-se na sociedade
a tentativa de padrões e valores que se assemelham à perfeição.
Entretanto, o homem é imperfeito e, portanto, incapaz de atingir tal
estado. Nessa perspectiva, nota-se a Esperança depositada pelo ser
humano nas tecnologias, uma vez que acredita-se que elas possuem
a capacidade de levar a espécie para o caminho dessa perfeição.
Nesse sentido, cria-se na humanidade o sentimento fragilidade em
relação as máquinas. Desse modo, percebe-se o perigo crescente
para a raça humana, já que com o desenvolvimento tecnológico, os
cérebros eletrônicos podem virar-se contra a humanidade.
Cabe ressaltar ainda que, mesmo controlada, a tecnologia pode
ser vista como forma de fragilização das relações humanas, como
retratado na obra “Modernidade Líquida”, de Zygmunt Bauman.
Esse fator é evidenciado no conceito de sociedade do espetáculo,
haja vista que as redes sociais são utilizadas para compartilhar
vídeos e conteúdos violentos e desumanos. Dessa forma, gera-se
na sociedade a crescente falta de empatia dos indivíduos com seus
semelhantes, tornando as pessoas menos unidas e cada vez mais
individualistas.
Assim, entende-se que apesar dos benefícios fornecidos pelas
tecnologias como ferramentas para comunicação ou produção de
alimentos, elas devem ser evoluídas aos poucos e com o método
correto. Dessa maneira, o homem pode buscar meios com que
não desperte a revolta das máquinas com o desenvolvimento das
inteligências artificiais mais avançadas. Logo, nota-se a linha
tênue entre a capacidade das tecnologias levarem a humanidade
para a ruína ou para a utopia.

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