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Cibernéticas Proletárias
Haveria possibilidade aqui de uma guinada a um comunismo
cibernético através do desenvolvimento das cibernéticas proletárias,
ao invés de termos que aguardar a implementação de um novo sistema
por uma tecnocracia vermelha?
25/04/2023
Não há notícias de que o ano de dois mil e dezenove tenha presenciado uma
rebelião de seres conhecidos como “replicantes”, uma espécie de androide,
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Em 2023 ainda não é possível dizer que as máquinas tenham sido tornadas
humanas, ainda que há muito tempo o ser humano tenha se tornado apêndice
de máquinas. Ainda assim, o chamado Vale do Silício na Califórnia
estadunidense tem sido alvo de especulações a fim de avaliar até que ponto o
desenvolvimento de uma Inteligência Artificial (IA) pode ser perigosa para a
vida humana na terra. Em um texto publicado em fevereiro de 2018, chamado
Inteligência Artificial e Capital [1] , o teórico polonês Tomasz Konicz, próximo
do pensamento ligado ao grupo Krisis [2], descreve como poderia se dar essa
possibilidade de mudança de polos em que a IA ultrapassaria em muito a
capacidade intelectual humana, se colocando de forma autônoma e em posição
de dominância. Konicz cita o matemático Vernor Vinge, criador do termo
singularidade, que entende ser possível e mesmo inevitável que a formação da
inteligência artificial supere o potencial intelectual dos seres humanos em
todas as áreas relevantes, levando em consideração, inclusive, a extinção física
da humanidade.
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Nesse cenário a singularidade deste software não poderia mais ser controlada
e, devida a sua capacidade intelectual muito superior a humana, poderia
assumir o controle do processo de civilização. Seria nesse momento em que a
anunciada Matrix se faria verdadeira, ou seja, o tempo histórico em que ao
contrário de as máquinas-humanas serem controladas e escravizadas em
função da sobrevivência humana, seriam os seres humanos escravizados em
função de produzir energia para o funcionamento das maquinas inteligentes?
Este software singular seria então a “mente” dominante que levaria adiante,
se necessário fosse, uma guerra física contra seres humanos rebeldes, afim de
manter a dominação política e social, como aquele desenhado na película das
irmãs Wachowski?
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Konicz, ainda que adepto de uma certa teoria do colapso, não acredita muito
nessa espécie de fantasia hollywoodiana, na medida em que destaca que a
ironia contida nessa transformação tecnológica é o fato de que estaríamos
vivendo o tempo em que supostamente veríamos ser cumprida a “profecia” ou
a “fantasia” do “sujeito automático” de Marx lá nos Grundrisse. Neste
cenário, muito mais realista do que o dos filmes, Konicz entende que
justamente a IA daria vida ao “Sujeito automático”, por meio do movimento
social global, cegamente desmedido, em busca da valorização do Kapital:
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entendeu, durante quase um século, que a unidade operária que se dava nas
fábricas por meio de um desenvolvimento continuo das forças produtivas
poderia levar a uma “unidade real”. Como pode ser constatado num breve
percurso pela história do movimento operário, não foi isso que aconteceu [6].
Mas como se deu esse processo em que a cibernética teria despontado como
grande inimigo dos seres humanos? De acordo com Tiqqun, ela teria surgido
sob a abordagem inofensiva de uma simples teoria da informação, uma
informação sem origem precisa que poderia estar já no ambiente de qualquer
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Qual a alternativa que esse grupo ativista propõe a essa forma social
organizada em torno e pela cibernética? Sabemos que eles dizem ser
necessário não apenas criticá-la, mas combatê-la. Combater a cibernética
antes de ser um “cibernético crítico”, repetem eles. Mas como se daria esse
combate? Para Tiqqun, o combate à “hipótese cibernética” pode ser dar
através do pânico, visto que a cibernética tem obsessão pela organização de
sistema controláveis, o pânico deve ser entendido como uma mudança no
estado do sistema autorregulador.
A linha ofensiva de Tiqqun segue pela intersecção do pânico com o caos e pelo
irromper de uma suposta “revolta invisível” que, por meio de uma “guerrilha
difusa”, na forma de luta que deve produzir tal invisibilidade aos olhos do
inimigo, poderia propagar uma guerra civil contra o Kapital e sua cibernética.
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“A revolta invisível, a guerrilha difusa, não sancionam uma injustiça, criam um mundo
possível. Na linguagem da hipótese cibernética, sei como criar a revolta invisível ou a
guerrilha difusa, ao nível molecular, de duas maneiras. Primeiro gesto, eu fabrico algo de
real, desarticulo e me desequilibro desarticulando. Toda sabotagem começa aí. O que
meu comportamento representa naquele momento não existe para o dispositivo que está
desequilibrado sobre mim. Nem 0 nem 1, sou o terceiro absoluto. Meu gozo ultrapassa o
dispositivo. Segundo gesto, não respondo aos loops retroativos humanos ou das
máquinas que tentam me cercar, como Bartleby “prefiro não”, fico fora disso, não entro
no espaço dos fluxos, não me conecto, Eu fico e descanso. Eu uso minha passividade
como um poder contra os dispositivos. Nem 0 nem 1, sou nada absoluto. Primeiro tempo:
gozo perversamente. Segundo tempo: me reservo. Mais Além. Mais aquém. Curto-
circuito e desconexão. Em ambos os casos não há feedback, há uma linha de fuga. Linha
externa de fuga de um lado que parece vir de mim; linha interna de fuga do outro lado
que conduz a mim mesmo. Todas as formas de distorção partem desses dois gestos:
linhas externas e internas de fuga, sabotagem e recuo, busca de formas de luta e
assunção de formas-de-vida. O problema revolucionário de agora em diante consistirá
em combinar esses dois momentos” [13].
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Podemos perceber que tanto Konicz, ligado à Crítica do Valor, como o grupo da
revista Tiqqun de perspectivas insurrecionalistas, compartilham de uma
mesma perspectiva crítica sobre a Cibernética. Em última instância, como
técnica apurada de dominação, a cibernética tenderia a subjugar a humanidade
até o ponto de sua possível eliminação. Não podemos discordar desse sentido
geral da crítica, compreendemos que as técnicas desenvolvidas pelo Kapital,
ainda que por acaso ou de forma espontânea, tendem a tornar-se
instrumentos de organização social no sentido de impulsionar a valorização do
valor, ao mesmo tempo em que forjam novas formas, cada vez mais eficazes,
de controle dos seres humanos e da natureza. No entanto, não nos parece que o
combate a cibernética se dê apenas com o alarmismo de uma denúncia como
faz Konicz ou, em pior caso, como abstrações distantes da realidade cotidiana
dos trabalhadores como faz a revista Tiqqun. Pensemos, em que medida,
diante dos processos de trabalho e de organização social pressupostos pela
cibernética, poderíamos incentivar as pessoas em geral e os trabalhadores em
particular a promover o “pânico”. Ou em que medida poderíamos pensar que
pessoas que dependem da sua sobrevivência mediada por um aplicativo
algorítmico possam apenas decidir “descansar” e se isentar de participar da
lógica 0 e 1, pressionando o “sistema” com a ideia de ser um “nada-absoluto”
na busca por provocar um curto-circuito e uma desconexão?
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Para além dos mercados, logo após Segunda Guerra Mundial, surgiu a
perspectiva de um socialismo cibernético. Esse pensamento se apoia em
alguns exemplos históricos como o projeto cibernético de Victor Glushkov na
União Soviética (que não chegou à implementação) e o projeto Cybersyn de
Stafford Beer no Chile durante o governo de Salvador Allende, nos anos 1970.
Tais experiências são retomadas, como por exemplo por Paul Cockshott e Allin
Cottrell no livro Towards a New Socialism, de 1993, que centra-se no debate
em torno do cálculo econômico socialista para defender o uso de
computadores para a criação de uma economia socialista planificada
complexa. Em O problema de escala do anarquismo e o caso do comunismo
cibernético [23] , Aurora Apolito apresenta os desafios do anarquismo para
generalizar suas experiências de nível micro, elevando-as a um nível macro.
Na sequência, a autora descreve as experiências do que ela chamou de
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Somos confrontados com uma contradição: ao mesmo tempo que essas redes
operam na unidade-em-separação, elas também possibilitam a união das
insatisfações que superam a separação e promovem uma verdadeira união –
uma unidade-no-conflito. Não temos nenhuma esperança no Wechat, no
Facebook, no Whatsapp, etc, mas entendemos que essas ferramentas
cumpriram e ainda cumprem importantes funções na organização das lutas
sociais simplesmente porque elas existem e são populares, de fácil acesso, o
que leva a quase todas as pessoas que conhecemos estarem lá e se expressarem
através delas. No entanto, ao cumprirem suas funções para as lutas, elas
também impõem suas dinâmicas aos movimentos, determinando o alcance, os
tipos de materiais e até mesmo a longevidade das organizações virtuais (não
são raros os casos de movimentos e grupos políticos que têm suas redes
tiradas do ar pelas plataformas), ou seja, em certa medida elas podem
controlar e limitar a extensão do conflito. A dependência que as redes sociais e
os mensageiros instantâneos nos causaram é tanta que a internet mesmo se
mostra limitada – seja por opção, seja por determinação [35] – e o tráfego
virtual hoje em dia concentra-se cada vez mais em uns poucos sites, bem
diferente daquela perspectiva de descentralização e florescimento de mídias
livres na internet até o começo dos anos 2000 que uma vez fez surgir uma
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As redes sociais não podem ser disputadas. Elas podem ser usadas, sim, para
determinados fins como propaganda e agitação, e já são, mas suas lógicas
impõem limitações às expressões criativas das lutas sociais, levando-as a se
comporem virtualmente sempre de forma tolhida. A criatividade, é claro, não
se aguenta, pula o muro e tenta se impor – sem êxito – fazendo com que as
formas sejam adaptadas aos instrumentos disponíveis – se expressando em
conteúdo radical nas formas capitalistas das redes sociais. Há todavia aqueles
que acreditam que a disputa das redes é papel essencial do combate ao espectro
“fascista” crescente que já pode ser identificado como tendência global. E se a
linguagem da histeria faz sucesso na internet, não é por acaso que o apelo ao
irracional potencializa as ideias e os sujeitos mais execráveis. Mas como seria o
combate ao populismo digital [36] crescente propiciado por uma internet cada
vez mais ilhada, cada vez mais centralizada, cada vez mais personalista? A
resposta para alguns parece ser o próprio problema: a adesão ao populismo
digital. A adesão ao populismo digital vem com o intuito de “inversão dos
polos”. Nas eleições de 2022 essa estratégia ficou mais clara com o chamado
“Janonismo Cultural” [37], o que nada mais era do que a aproximação do PT de
uma estratégia digital populista, que o deputado André Janones conhece e da
qual soube utilizar muito bem no passado, tanto com a greve dos
caminhoneiros (o que garantiu sua eleição), como em relação ao auxílio
emergencial durante a pandemia (o que o tornou uma celebridade durante a
crise sanitária, principalmente entre aqueles que mais dependiam do auxílio,
levando-o inclusive a bater recorde com suas lives no Facebook [38]). Os
populistas digitais de esquerda, se jogam assim na aceleração da cacofonia
informacional das redes sociais para “combater a desinformação”, mas as
suas estratégias digitais se tornam cada vez mais parecidas com as dos que
buscam combater.
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A internet, tal qual a vida, é uma estrutura colossal sustentada por muita
paixão e trabalho não remunerado. Um conhecido meme dos profissionais de
tecnologia da informação é a realidade material das infraestruturas digitais
modernas. Casos como o de zloirock – desenvolvedor do core-js, biblioteca
muito popular do javascript que encontra-se em sites como yahoo, microsoft,
twitter, facebook, tiktok, etc. e que possui números estrondosos como 9
bilhões de downloads via npm e 19 milhões de repositórios do GitHub
dependentes [39] – que começou a pedir doações na internet por mal ter
dinheiro para comprar comida não são raros. Outro caso que explicitou toda a
importância desse trabalho não remunerado foi o de Azer Koçulu, entusiasta
de código-livre, que devido à confrontos legais com um mensageiro
instantâneo que tinha o mesmo nome de sua biblioteca, em conjunto com a
decisão da empresa npm, Inc. de mudar o nome de seu pacote em prol de
interesses comerciais da empresa responsável pelo mensageiro instantâneo, o
levou a apagar todos os seus projetos armazenados no npm [40]. Koçulu
apagou inclusive um código simples de apenas 11 linhas, mas que era
fundamental para tantas outras bibliotecas, sendo o suficiente para quebrar
diversos sistemas e impedir o trabalho de uma quantidade monstruosa de
desenvolvedores (incluindo, ironicamente, os do mensageiro instantâneo Kik).
Em meio ao caos, a empresa que rege o npm decidiu retornar o código de 11
linhas, desfazendo a ação de Koçulu e mostrando que trabalho não-
remunerado não significa liberdade (embora tenha feito isso colocando o
nome da defesa da comunidade e dos valores do open-source [41]). O sonho
socialista do trabalho coletivo e não alienado que certa vez encontrou na
internet e nas comunidades de software livre sua realização agora mostra a
face perversa dos trabalhos precários fundantes dos maiores sistemas digitais
do mundo.
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Tudo o que dizemos até aqui, e sobretudo esses breves pontos acima, não são
propostas fechadas, muito menos um programa. São uma tentativa de pensar
um processo em permanente construção através de reflexões que fazemos
sobre as lutas que nos envolvemos ou tivemos conhecimento. São apostas.
Apostas em formas criativas e coletivas futuras baseadas em formas criativas e
coletivas do presente, muitas delas já utilizadas fragmentariamente e de forma
intermitente pelos trabalhadores em seus tempos cotidianos e de conflito
contra o Kapital utilizando ferramentas que estão à disposição mesmo não
orientadas a esses fins. São, portanto, apostas que já estão nesse jogo, mas
ainda assim apostas.
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Notas:
[1] http://www.obeco-online.org/tomasz_konicz9.htm
[2] Grupo de intelectuais alemães, reunidos em um grupo chamado Initiative
Marxistiche Kritik, que a partir do final dos anos 1980, buscou desenvolver o
que chamaram de “crítica fundamental do valor”, mais tarde conhecida
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apenas por “crítica do valor”. Robert Kurz, autor de livros como o Colapso da
Modernização e Últimos Combates é o autor mais conhecido e proeminente do
grupo que ficou famoso mundialmente ao publicar em 1999 o Manifesto contra
o trabalho. Krisis foi a revista que reuniu esses ativistas durante todos os anos
1990 e início dos anos 2000. Em 2004, depois de uma cisão devido a
divergências teóricas, Kurz e outros autores criaram uma nova associação e
passaram a publicar a revista Exit!.
[3] http://www.obeco-online.org/tomasz_konicz9.htm
[4] Idem.
[5] Esse movimento da unidade-em-separação também foi observado,
digamos, no nível “cultural” pelo movimento Situacionista em especial por
Guy Debord no seu A sociedade do Espetáculo: “A própria separação faz parte
da unidade do mundo, da práxis social global que se cindiu em realidade e
imagem. A prática social, perante a qual se põe o espetáculo autônomo, é
também a totalidade real que contém o espetáculo”.
[6] Para uma crítica da separação no movimento operário ver: A history of
separation. https://endnotes.org.uk/issues/4
[7] TIQQUN foi uma revista francesa autodesignada “órgão consciente do
Partido Imaginário”, foi publicada entre 1999 e 2001. Seus diálogos críticos
com a filosofia política abarcam um amplo espectro, que vai do movimento
okupa a Giorgio Agamben, de Georges Bataille à Autonomia, de Michel
Foucault à Internacional Situacionista. O Comitê Invisível, por sua vez é uma
espécie de pseudônimo de um autor ou de autores anônimos que publicaram
livros e textos de intervenção contra o Kapital, como A Insurreição que vem
(2007) e Aos Nossos Amigos, Crise e Insurreição (2014). A identidade do
Comitê Invisível foi associada aos Nove Tarnac, um grupo de pessoas que
incluía Julien Coupat, que foram presos “sob a alegação de que deveriam ter
participado da sabotagem de linhas elétricas aéreas nas ferrovias nacionais da
França”. O grupo sempre negou a participação na sabotagem e também que
fizesse parte do Comitê Invisível.
[8] https://tiqqunim.blogspot.com/2013/01/cibernetica.html
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de conteúdos publicados por amigos, seus grupos, etc. Essa mudança, segundo
o autor, garantiu sucesso aos Coletes Amarelos uma vez que ao entrar em dois
ou três grupos do movimento “80% do feed de notícias do usuário passa a ser
composto por publicações desse grupo”, além de colocar os dois membros
mais proeminentes do movimento em contato através da identificação de
interesses comuns e proximidade espacial. Os problemas relativos a toda essa
capacidade de manipulação involuntária mediada por algoritmos são claros e
já se provaram em outros momentos. O Facebook poderia facilmente cruzar e
vender esses dados para qualquer ator político que queira atingir os
participantes desse movimento, como fez a Cambridge Analytica na campanha
de Donald Trump e no Brexit.
[35] O caso dos angolanos com acesso limitado à internet e que usam o
facebook para buscar coisas, ao invés do google devido aos limites de banda
(https://caixadeferramentas.org/por-que-os-angolanos-estao-nos-grupos-
brasileiros-de-facebook/) e que é também uma realidade no Brasil entre os
mais pobres, que aderem a planos de internet limitada a alguns aplicativo
(como Whatsapp e Facebook) via operadora, prática essa conhecida como Zero
Rating.
[36] Segundo Leticia Cesariano, populismo digital “refere-se tanto a um
aparato (digital) quanto a um mecanismo (de mobilização) e uma tática
(política) de construção de hegemonia.” –
https://www.academia.edu/38061666/Populismo_digital_roteiro_inicial_pa
ra_um_conceito_a_partir_de_um_estudo_de_caso_da_campanha_eleito
ral_de_2018_manuscrito_
[37] O “Janonismo Cultural” ganhou esse nome nas eleições de 2022, quando o
deputado federal André Janones começou a “usar as armas dos bolsonaristas
contra eles mesmos”. Há aqui alguns questionamentos sobre seus métodos,
seguidos de sua defesa https://www.youtube.com/watch?v=wXzI9oLEB68 e
aqui podemos ver o deputado utilizando algo como um semiótica vulgar para
espalhar o que parece ser mais uma fake (observação no “fontes não
OFICIAIS”, por exemplo)
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https://twitter.com/AndreJanonesAdv/status/1643704641442525189
[38] https://exame.com/brasil/deputado-bate-recorde-de-marilia-
mendonca-em-live-sobre-auxilio-de-r-600/
[39] https://github.com/zloirock/core-js/blob/master/docs/2023-02-14-so-
whats-next.md
[40]
https://web.archive.org/web/20160330050734/https://medium.com/@azerbik
e/i-ve-just-liberated-my-modules-9045c06be67c
[41] Para os defensores do Software Livre na realidade a própria ideia do Open-
Source (Código Aberto) já é um desvio das ideias de defesa da liberdade dos
usuários, priorizando as vantagens práticas e se aliando aos que cada vez mais
cerceiam a liberdade na internet. Conferir aqui
https://www.gnu.org/philosophy/open-source-misses-the-point.html e aqui
https://www.anahuac.eu/2019/02/05/libre-software/
[42] Por exemplo: Enquanto algum jovem militante da organização mais
revolucionária do último minuto diagrama muito bem um panfleto com o
intuito de “dialogar com a classe trabalhadora”, conseguindo atingir um
número impressionante de treze pessoas, do outro lado da cidade uma
organização de trabalhadores sem conhecimento em design necessita de uma
arte para próxima manifestação. Uma simples plataforma de
compartilhamento de recursos poderia suprir tanto a necessidade do jovem
ultra revolucionário de estar conectado com a classe trabalhadores e fomentar
“a luta revolucionária” quanto a necessidade daquele grupo de trabalhadores
que planejam se manifestar pelo aumento do VR – e quem sabe essa união
momentânea não possa se desenvolver em algo mais interessante no futuro?
[43] É claro que não é apenas no desenvolvimento dos aplicativos, por assim
dizer, que devemos focar nossas energias. Repensar as formas da
infraestrutura de redes desses sistemas é uma questão essencial para tomar de
volta a liberdade nas redes – principalmente resgatar aquele potencial
subversivo e descentralizado que uma vez dominou a internet. Nesse sentido,
experimentar novas infraestruturas de rede, levantar servidores ativistas na
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construção do nosso terreno é essencial, e deve partir não apenas através dos
softwares, mas também dos hardwares. Para aprofundar mais as questões,
sugerimos a série “Construir o nosso terreno”
(https://passapalavra.info/2021/04/137355/) que levanta outras questões que
não tratamos nesse texto mas que julgamos ser igualmente interessantes e
necessárias.
[44] https://logicmag.io/commons/how-to-make-a-pencil/
[45] https://digilabour.com.br/automacao-e-futuro-do-trabalho-entrevista-
com-aaron-benanav/
[46] “The process of actually transforming the economy to a fully socialist
economy cannot be done too rapidly, because you need to first put in place an
alternative planning system. You have to set up a shadow planning system
first.” https://transversal.at/transversal/0805/cockshott/en – aqui há uma
referência aos ‘shadow systems’ (Shadow IT ou TI Invisível), que são sistemas
ou aplicações paralelas em uso e que não se encontram sob jurisdição de uma
departamento de TI em uma empresa, ficando em geral a cargo dos
trabalhadores. São muitas das vezes, de certa maneira, formas de contestação
– via produtividade – da gestão principal de TI de uma empresa pelo conforto
e praticidade dos trabalhadores. Por “shadow planning system” o que Paul
Cockshott quer dizer é que necessita-se a criação de um sistema de
planejamento paralelo, clandestino, uma dualidade de poder a nível
econômico.
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