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Guia de Estudos da Bíblia Satânica

Biblia Satanica, o guia de leituraO Guia de Estudos da Bíblia Satânica foi concebido para ser uma obra
de pesquisa profunda básica da filosofia do movimento Satânico. Trata-se de uma compilação de uma
série de anotações e complementos feitas pelos sacerdotes do Templo e Satã, a saber Rev. Obito e este
que vos escreve, sobre diversos aspectos importantes da obra máxima de Anton Szandor LaVey.

Este estudo deve ser feito obviamente em conjunto da leitura do texto original. Sugerimos que as
capelas regionais se organizem para estudos semanais de forma que em cada encontro um membro
apresente em suas próprias palavras um dos capítulo aos demais participantes incluindo nessa
apresentação suas próprias críticas e comentários. Ao termino do livro é interessante que o próprio
grupo trace novos assuntos para serem palestrados através das discussões que surgirem.

A Bíblia Satânica não é a tábua da lei e deve ser usada mais como provocadora de discussões do que
como a palavra final sobre qualquer assunto. Entretanto, caso o grupo ou o estudante individual tenha
os meios e a oportunidade não temos como enfatizar o suficiente a importância de ler o texto original
em inglês. Traduções podem ser boas e chegarem perto da perfeição mas nada substitui um texto
primo.

Shemhamforash!

Morbitvs Vividvs

Templo de Satã

XLIII Anno Satanas

janeiro de 2009
Índice

Dedicatória da Bíblia Satânica

Introdução de Michael A. Aquino

Introdução de Burton W. Holfe

Introdução de Rev. Obito do Templo de Satã

Prefácio

Prólogo

As Nove Declarações Satânicas

(FOGO)

-LIVRO DE SATÃ-
A Diatribe Infernal

I. Intróito Diabólico

II. A Inversão de valores

III. Lex Talionis

IV. A Vida Mundana

V. Bênçãos e Maldições Satânicas


(AR)

-LIVRO DE LÚCIFER-
A Iluminação

I. Procura-se Deus - Vivo ou Morto

II. O Deus Que Você SALVA Pode Ser Você Mesmo

III. Algumas Evidências De Uma Nova Era Satânica

IV. Inferno, O Diabo e Como Vender Sua Alma

V. Amor e Ódio

VI. Sexo Satânico

VII. Nem Todos os Vampiros Sugam Sangue

VIII. Indulgência... NÃO Compulsão

IX. Sobre a Escolha de um Sacrifício Humano

X. Vida após a Morte Através da Satisfação do Ego

XI. Feriados Religiosos

XII. A Missa Negra

(TERRA)

-O LIVRO DE BELIAL-
A Autoridade Sobre a Terra
I. Teoria e Prática da Magia Satânica

II. Os Três Tipos de Rituais Satânicos

III. A Câmara Ritual ou de “Descompressão Intelectual”

IV. Os Ingredientes Usados na Execução da Magia Satânica

V. O Ritual Satânico

(ÁGUA)

-O LIVRO DE LEVIATÃ-

O Mar em Fúria

I. Invocação a Satã

II. Os Nomes Infernais

III. Invocação à Luxúria

IV. Invocação à Destruição

V. Invocação à Compaixão

VI. As Chaves Enoquianas


YANKEE ROSE

Apêndices

I. Os Nove Pecados Satânicos

II. As Onze Regras Satânicas da Terra

Notas e considerações do Templo de Satã

Dedicatória da Bíblia Satânica

PARA DIANE....
Até 1980 todas as impressões da Bíblia Satânica incluíam uma página de abertura com uma extensa lista
de dedicatórias, contudo após esse ano tudo o que se lia ao abrir o livro negro era um simples "Para
Diane." , referente a Diane Hegarty, primeira esposa de LaVey. Aparentemente, após ter se separado de
Diane, LaVey instruiu a editora Avon Books que apagasse sua dedicatória. Evidentemente os editores
interpretaram que todos os nomes deveriam ser retirados, exceto o de Diane!

Foi uma verdadeira perda pois nestas páginas haviam muitas dicas de conteúdo e referências que LaVey
utilizou para escrever sua obra.

É essencial para entendermos a natureza da Bíblia Satânica que tenhamos acesso às vidas e trabalhos
que moldaram e influenciaram os pensamentos e ações de seu autor. Desde 1969 Anton LaVey nos
deixava uma boa pista deste tesouro escondido em todas as impressões da Bíblia Satânica, pois estas
incluíam uma página de abertura com uma extensiva lista de dedicatórias.

Felizmente a essência deste material foi publicado novamente em 1997 no livro "Lords of the Left Hand
Path” de Stephen E. Flowers que resgatamos neste primeiro anexo de nossa tradução para o português.
Nesta lista aparecem 19 dedicatórias principais, e 20 outras menções honrosas, incluindo um animal,
Togare, suas amantes e os Nove Desconhecidos.

Detalhar a influencia e importância de cada um destes nomes resultaria numa verdadeira enciclopédia,
e talvez desestimularia o Satanista a visitar algumas bibliotecas e pesquisar por conta própria. Por este
motivo vamos nos limitar a citar cada um do 39 homenageados e fazer uma breve descrição dos 19
principais:

Os 19 nomes principais são, segundo a ordem do autor:

Bernardino Nogara

Karl Haushofer

Grigory Yefimovitch Rasputin

Sir Basil Zaharoff

Alessandro Cagliostro
Barnabas Saul

Ragnar Redbeard

William Mortensen

Hans Brick

Max Reinhardt

Orrin Klapp

Fritz Lang

Friedrich Nietzsche

William Claude Dukinfield

Phineas Taylor Barnum

Hans Poelzig

Reginald Marsh

Wilhelm Reich

Mark Twain

As vinte menções honrosas são, na ordem em que LaVey as listou:

Howard Hughes

James Mood
Marcello Truzzi

Adrian Claude Frazier

Marilyn Monroe

Wesley Mather

Willian Lindsay Gresharn

Hugi Zacchinni

Jayne Mansfield

Frederick Goerner

C.Huntley

Nathaniel West

Horatio Alger

Robert E Howard

George Orwell

H.P Lovecraft

Tuesday Weld

H.G Wells

Sister Marie Koven

Harry Hounini

Togare

Os Nove Desconhecidos.

Esta pequena lista fornece valiosas pistas sobre a formação da filosofia e estilo de vida do satanismo
proposto por LaVey. Além destes poderíamos citar outras influencias implícitas, mas claramente
identificáveis na Bíblia Satânica com o por exemplo: Ayn Rand, Gustav Jung, Sigmund Freud, Austin
Osman Spare, Aleister Crowley, Alfred Kinsey, entre outros.
Que muitas das idéias de LaVey não são completamente originais é algo amplamente conhecido mesmo
por quem conhece pouco sobre o Satanismo, e justamente por isto esta é uma acusação comum entre
os detratores do trabalho do Papa Negro. Mas isso é algo que pode ser dito também de quaisquer
outras pessoas que tenham criado uma religião. Seja Gautama Buddha e sua releitura do hinduismo ou
Gerald Gardner e sua releitura do paganismo, todos aqueles que inauguraram um sistema serviram-se
de idéias, descobertas e tradições anteriores.

Introdução de Michael A. Aquino


Michael A. Aquino IV[1]

Cada era do desenvolvimento ético e cultural da humanidade faz emergir seu manifesto literário - um
argumento desafiando as normas e propondo uma nova aproximação aos persistentes dilemas da
civilização. Não é incomum o caso das realidades políticas nacionais, moldadas pelo idealismo extra-
nacional produzido pelo que hoje cautelosamente chamamos de existencialismo. Trabalhos pertinentes
podem incluir a República de Platão, a Política de Aristóteles, o Príncipe de Maquiavel e as obras de
Nietzsche, Hobes, Locke, Marx e Sartre.

Este é o livro de nossa era.

O amanhecer da Era Satânica foi celebrado em 30 de abril de 1966, o Ano Um. Nesta data Anton
Szandor LaVey consagrou a Igreja de Satã na cidade de São Francisco e assumiu seu posto como
primeiro Alto Sacerdote. O que havia começado anos antes como um fórum intelectual dedicado à
investigação e estudos das Artes Negras expandiu-se desde então para se tornar um movimento
filosófico internacional de primeira magnitude. O Satanismo, antes isolado na clandestinidade e na
excentricidade radical havia agora se tornado uma séria alternativa para as doutrinas do teísmo
fundamentalista e do materialismo puro. Na conquista da indulgência ao invés de abstinência, a Igreja
de Satã rejeitou a noção de que o progresso humano fosse inseparável da aceitação de uma moralidade
auto-imposta. O Julgamento deriva da comparação e resolução dos opostos que os Satanistas mantém e
ninguém pode presumir ser justo honrando um único padrão de comportamento.

A aproximação empírica da moralidade não é uma invenção recente: teóricos como Pitágoras, Hegel,
Spencer e Compte contribuíram com grandes avanços para a independência intelectual do homem
frente à ordem natural das coisas. E apesar destes conceitos invariavelmente terem provocado reações
adversas nas instituições mantenedoras do status quo, jamais foram tidas como pontos de vistas
insubstanciais. As pessoas só precisam constatar os espasmódicos cataclismas da história para
testemunhar o quão inadequadamente os Homo Sapiens cooperam entre si.

Sozinha, contudo, toda teoria é inconsistente. Até agora os únicos a advogarem uma moralidade
subjetiva foram catedráticos abstracionistas e ocasionalmente os desorientados e desorganizados
devotos da "magia branca" tradicional. Estes últimos tímidos diletantes gozam ainda de uma
notoriedade imerecida, no quesito livre pensamento, uma vez que proclamam uma moralidade liberal
mas se refugiam em apelos de correção social. Estes aficionados pelo oculto são mais bem aceitos pelas
massas que dizem ter superado, quando professam uma pública rejeição a Magia Negra ou ao
Satanismo, que denunciam como sendo maléficos moralmente degenerados e materialmente abusivos.

Por sua vez, os Satanistas consideram a bruxaria popular como uma reação meramente neurótica contra
a religião estabelecida pela cultura paterna. A adoração de qualquer divindade, seja de que natureza for,
é repulsiva para um mago negro, que considera qualquer prostração de fé ou crença em proteções
sobrenaturais como uma humilhante demonstração de covardia e insegurança emocional. Satanismo
não pode ser confundido com “adoração do diabo”, pois na verdade constitui uma forte e clara rejeição
a todas as formas de adoração e considera isso um importante componente da personalidade. É tanto
uma anti-religião que rebate todas as crenças vulgares adotadas pelas massas, quanto uma não-religião
no sentido que não se compromete com nenhum misticismo insubstancial. E isso representa uma
ameaça muito mais séria para as teologias organizadas do que o arcaico modelo da antiga demonologia.

Ritual e fantasia tem um papel importante dentro das atividades de uma Igreja Satânica, pois é
assumido que a experiência, o controle mental e mesmo a irracionalidade da metafísica são necessárias
para o fortalecimento da psique. Portanto um esforço dobrado é feito para evitar o que pode ser
considerado o calcanhar de Aquiles das escolas de evolução psicológica de Gurdjieff-Ouspensky: seus
primeiros discípulos postularam que toda sensação não-material representava na verdade um perigo
para a coerência do estudante. É assim crucial no conceito de Ritual Satânico que haja uma apreciação
de suas qualidades, estéticas, ilustrativas e inspiradoras sem necessariamente desbancar em uma
realidade inflexível.

O Satanismo pode ser mais apuradamente identificado como uma disposição do que com uma religião,
pois uma vez que lida com todas as facetas da existência humana e não somente com os assim chamado
aspectos espirituais. Aqueles que alegam que Satanismo é perigoso para a justiça e a ordem não tem
noção do que falam. Satanismo é pela liberdade irrestrita, mas só na extensão em que a liberdade de
um não bloqueie a liberdade de outro. Deve ser notado que o Satanismo é uma filosofia de indivíduos e
não de massas. Não existem mandamentos políticos coletivos, salvo algo que seria semelhante a famosa
incursão de Crowley: "Auto-restrição é o maior de todos os pecados."

Enquanto a maior parte da população pode instintivamente se inclinar para a "adoração do diabo" as
precauções de uma Igreja Satânica genuína não são para os irresponsáveis. Não existem missionários
satânicos, e para entrar em um grupo é preciso ter certas qualidades bem definidas. Inexperiência não é
desonrosa, mas pretensão e hipocrisia são tratadas com o escárnio que merecem. Satanismo não é
menos uma arte do que uma ciência, e não há “nenhum padrão de medida deificado.”

Dr. LaVey está mais do que preparado para ser o autor do Novo Diabolismo. Americano de descendência
georgiana, alsaciana com ancestrais ciganos romenos, ele foi rápido em adotar as características de seu
sangue nômade e sua inusitada simpatia por sua terra e assuntos arcanos. Um prematuro interesse
pelas ciências militares o levou a ler diversas publicações sobre a Segunda Guerra Mundial, apenas para
descobrir que as orgulhosas visões da glória marcial que entreteram a primeira grande guerra foi
exatamente o que abriu caminho para o mercenário realismo da segunda. Suas experiências como
estudante jamais puderam desviar seu gosto pelo cinismo humano e assim LaVey cresceu impaciente no
estéril regime de uma educação convencional até que sua busca pelo estranho o levou ao surrealista
mundo do Circo. Ele trabalhou no circo Clyde Beatty como treinador de animais selvagens e lá
desenvolveu uma forte afinidade com os felinos de grande porte, o que marcou sua personalidade de
uma maneira bastante curiosa. Todos os seres animados são basicamente bestiais, ele ponderou, e
mesmo as mais refinadas ordens sociais não pode mais do que forçar uma ínfima supressão nesta inata
selvageria. Do Circo ele passou para os parques onde as luzes dos espetáculos de arte diariamente
marcavam sua rotina. Aqui LaVey trabalhou em um coadjuvante porém digno mundo dos bastidores dos
shows de aberrações, e espetáculos sensacionalistas, e aqui aprendeu os truques dos palcos, cujo
sucesso depende de fascinar e distrair a atenção da platéia. Friamente ele testemunhou a fascinação
que os homens "normais" têm por seus camaradas deformados - uma maliciosa satisfação em visitar a
desgraça alheia ao invés da própria. Tornando-se gradativamente mais interessado neste cruel atributo
licantrópico da natureza humana, ele estudou criminologia e eventualmente começou a trabalhar como
fotógrafo no Departamento de Polícia de São Francisco.

Como profissional do circo ele conheceu o ser humano carnal de seu lado mais artístico; agora ele
conhecia seu lado mais terrível. Dois anos de brutalidade, violência, abusos e de toda miséria que
permeia a subcultura do crime deixaram ele doente, desiludido e avido por romper com a hipocrisia da
educada sociedade. Ele tornou-se tocador de órgãos em boates a cabarés para sobreviver e devotou
grande parte de seus esforços a aquilo que se tornou o trabalho de sua vida - As Artes Obscuras.

Há muito LaVey já rejeitara os tratados estereotipados de feitiçaria cerimonial como histéricos produtos
da imaginação medieval. A "Antiga Arte" com suas superstições, maneirismos afetados e barroquismos
infantis não eram para ele: o que ele buscava era uma psicologia que cuidasse do homem intelectual
apenas depois de ter aprendido a lidar com sua origem brutal e animal. E assim, finalmente ele foi até o
Bode de Mendes.

Satã é de longe a figura mais enigmática da literatura clássica. Possuidor de riquezas inconcebíveis e o
mais poderoso dos Arcanjos, ele abdicou sua exaltada aliança em vista de proclamar sua independência
de toda patronagem paradisíaca. Ainda que condenado aos mais profundos domínios, ao Inferno
totalmente incendiado pela divindade, ele enfrentou estas privações como a queima de suas
prerrogativas intelectuais. Em seu Império Infernal podia agora ser impunemente indulgente com seus
mais extraordinários gostos e ainda assim, rodeado de toda essa licenciosidade o Diabo conseguiu
manter sua nobreza peculiar. Foram estas elusivas qualidades que Anton LaVey propôs-se a se
identificar.

Depois de longos anos de pesquisa e experimento, ele anunciou a linha guia do Satanismo: os assuntos
humanos baseiam-se não na unidade, mas na dualidade. É somente após a síntese desta podemos
decidir nossos valores: a aceitação de uma concepção única é portanto sempre insignificante.
As teorias desconcertantes e as operações bizarras de LaVey quanto a Magia Negra eventualmente
atrairiam pessoas de mentes semelhantes a dele. Deste pequeno círculo nasceria a Igreja de Satã, que
de acordo com as palavras de seu fundador, deveria apresentar sua mensagem de modo mais efetivo se
pudesse seguir a receita de "nove partes de respeitabilidade social por uma parte de ultraje.”

O impacto social e espetacular crescimento da Igreja tornaram-se lendas por si mesmas, mas formaram
uma parte essencial da convicção de Lavey de que o papel de sua instituição era principalmente o de
um cataclisma. A civilização contemporânea provou ser interdependente demais para permitir qualquer
luxúria de isolamento monástico. O Satanismo deveria, portanto assumir a liberdade de seus membros e
ser acessível a diferentes pessoas em diferentes lugares. Foi com este intento que a Bíblia Satânica foi
escrita.

A Bíblia Satânica é um documento cativante. Algumas pessoas são fortemente tentadas a compará-la ao
obscuro, maléfico e mitológico "Rei de Amarelo", uma obra tão psicologicamente perturbadora que
supostamente poderia levar seus leitores a loucura e a danação. Por mais civilizada e coloquial que a
Bíblia Satânica possa parecer num primeiro relance, este não é um volume pelo qual podemos passar
impunemente. Ele é produto de nosso tempo, não apenas porque este livro - assim com seu autor - teria
sido eliminado em uma era anterior, mas porque sua criação foi uma inevitabilidade evolucionária, uma
conseqüência inevitável da época em que vivemos.

Você leitor, está prestes a ser empalado pelos afiados chifres de um dilema Satânico. Se aceitar as
proposições deste livro, estará condenando seus mais festejados santuários à aniquilação. Em troca
você despertará - no mais temido dos infernos. Rejeite, contudo estes argumentos, e estará
condenando a si mesmo a uma cancerígena desintegração daquilo que ainda resta de seu senso de
identidade. Não é difícil imaginar porque o legado do arquirival tem ganhado até hoje tantos inimigos!

Qualquer que seja sua decisão, ela não pode mais ser adiada. A Bíblia Satânica, finalmente articula
aquilo que a humanidade instintivamente anseia proclamar: a de que ela é afinal de contas
potencialmente divina.

[1] Michael Aquino liderou a primeira segmentação do movimento satânico ao fundar o Templo de
Set, uma dissidência da Igreja de Satã em 1975. Esta Introdução no entanto foi escrita enquanto Aquino
era Sacerdote da Igreja de Satã e aparece na versão em capa dura da Bíblia Satânica, em 1972 da Editora
Wehman Brothers e na versão da Avon Books de 1972 à 1976

Introdução de Burton W. Holfe


Burton H. Wolfe*[1]
Numa noite de inverno de 1967, dirigi rumo a São Francisco para ouvir uma palestra de Anton Szandor
LaVey em um evento aberto da Liga pela Liberdade Sexual. Fui atraído pelos artigos de jornais
descrevendo-o como o “Papa Negro” de uma igreja satânica onde o casamento, o batismo e as
cerimônias de funerais eram dedicados ao Diabo. Na época eu era um escritor free-lance e senti que
havia uma boa história em LaVey e seu paganismo contemporâneo, pois o Diabo sempre rendeu boas
histórias como se diz nas redações dos jornais.

Não era a prática das artes negras que eu considerava o quente da história, porque isso é notícia velha.
Adoradores do diabo, e cultos voodoos existiam mesmo antes dos cristãos. No século dezoito o Hell-Fire
Club da Inglaterra e suas conexões com a colônia americana por meio de Benjamin Franklin ganhou boa
notoriedade. Durante a primeira parte do século vinte a imprensa já alardeava Aleister Crowley como o
“homem mais perverso do mundo”. E houve ainda os picos dos anos vinte e trinta com a Ordem Negra
na Alemanha.

Para esta velha história LaVey e sua organização de faustianos contemporâneos ofereceu dois
impressionantes novos capítulos. Primeiramente apresentaram-se de forma blasfema como uma Igreja,
um termo até então exclusivamente cristão, no lugar do tradicional coven de bruxas e Satanistas. Em
segundo lugar eles praticavam agora suas artes negras abertamente ao invés de escondidos nas
sombras e nos subterrâneos.

Antes de arranjar uma entrevista com LaVey sobre suas inovações heréticas, minha primeira etapa
habitual de pesquisa foi ouvir com atenção sua palestra como um membro não identificado da platéia.
Em alguns jornais ele já havia sido descrito como um treinador de leões e picareta que representava
agora o papel de representante do diabo na terra, e eu queria antes de qualquer coisa descobrir se ele
era um verdadeiro Satanista ou só mais um enganador. Eu já havia encontrado pessoas sob os holofotes
antes no mundo do ocultismo; de fato tive um caso com Jeane Dixon e pude escrever sobre ela antes de
Ruth Montgomery. Contudo eu considerava todos os ocultistas, malandros, hipócritas e estelionatários,
e não gastaria sequer cinco minutos escrevendo sobre suas várias formas de hocus pocus.

Todos os ocultistas que eu já havia encontrado eram magos brancos, adivinhos, mediums e bruxas que
alegavam que seus poderes místicos e comunicações espirituais eram de uma forma ou outra
abençoados pela divindade. LaVey parecia rir destes e desprezá-los e pelo que eu pude ler nos jornais
baseava seu trabalho no lado negro da natureza e no lado carnal da humanidade. Parecia de fato não
haver nada de espiritual em sua Igreja.

Enquanto escutava LaVey falar pela primeira vez eu percebi que não havia nada que ligasse ele aos
negócios do ocultismo. Ele sequer poderia ser descrito como um metafísico. Sua oratória era
brutalmente franca, pragmática, relativista e acima de tudo racional. Isso sim era não ortodoxo, uma
explosão na religiosidade estabelecida, na repressão da natureza carnal do ser humano e na piedade
enquanto vivemos nesta existência material baseada no cão-come-cão. Era também cheio de humor
sardônico em relação à estupidez humana. Mas o mais importante de tudo era que sua conversa era
lógica. LaVey não estava oferecendo a platéia um show de mágica, mas bom senso baseado nas
realidades da vida.

Depois que me convenci da sinceridade de LaVey, tive que convencer ele de que pretendia fazer uma
pesquisa séria e não uma simples entrevista sobre a Igreja de Satã como um novo tipo de show de
aberrações. Fui fundo então no Satanismo, discuti sua história e raciocínios com LaVey e presenciei a
alguns rituais na antiga mansão vitoriana que já fora o quartel general da Igreja de Satã. Com tudo isso
escrevi um sério artigo, apenas para descobrir que não era o que os editores respeitáveis queriam
publicar. Eles estavam mesmo interessados em um show de aberrações. Finalmente a revista masculina
Knight publicou, em setembro de 1968, o primeiro artigo definitivo sobre a moderna filosofia e prática
do Satanismo, que todos os seguidores e imitadores usam agora como modelo, guia ou mesmo como
sua bíblia.

Meu artigo de revista foi um começo e não um fim (como havia sido com meus outros artigos já
escritos), de uma longa e intima associação. Dela veio a primeira biografia de LaVey, The Devil’s
Avenger, publicada pela Pyramid em 1974. Depois que o livro foi publicado, eu me tornei um membro
de carteirinha e consequentemente um sacerdote da Igreja de Satã, um título que eu orgulhosamente
dividi com muitas pessoas célebres. As discussões depois da meia noite que tive com LaVey em 1967
continuam até hoje, uma década depois, adicionada as vezes por uma bela bruxa satânica ou por um
pouco da música com ele no órgão e eu na bateria, em um cabaré bizarro povoado por humanóides
super-realistas criados por LaVey.

Tudo no passado de LaVey parecia prepará-lo para este papel. Ele é um descendente de avós
georgianos, romenos e alsacianos, incluindo uma avó cigana que o criou em meio a lendas de bruxas e
vampiros de sua terra natal, a Transilvânia. Aos cinco anos, LaVey lia revistas de terror, e livros como o
Frankestein de Mary Shelley e Drácula de Brans Stoker. Apesar de ser diferente das outras crianças era
desde cedo apontado como o líder para as paradas e marchas cívicas.

Em 1942, quando LaVey tinha doze anos, sua fascinação eram os soldadinhos de brinquedo da Segunda
Guerra Mundial. Ele se debruçava em manuais militares e descobria que os arsenais e equipamentos
bélicos podiam ser comprados como doces em supermercados para conquistar outras nações. A idéia
tomou forma em sua mente então de que ao contrário do que a bíblia cristã lhe ensinava o mundo não
poderia ser herdado pelos fracos, mas sim pelos poderosos.

No colégio, LaVey se revelou como uma criança prodígio alternativa. Reservando seus estudos mais
sérios para fora do horário de aula, dedicava-se a música, metafísica, e aos mistérios do oculto. Aos
quinze anos foi o segundo oboísta na orquestra sinfônica de São Franscisco. Entediado com suas aulas,
LaVey abandonou os estudos, saiu de casa e juntou-se ao Clyde Beatty Circus, como tratador de tigres e
leões. O treinador de animais Bratty percebeu então que LaVey sentia-se confortável trabalhando com
felinos de grande porte e convidou-o então a tornar-se seu assistente.

Dotado desde a infância pela paixão as artes e cultura, LaVey não contentou-se em meramente com a
excitação de treinar bestas selvagens e trabalhar no picadeiro como substituto de Bratty. Aos dez anos
ele aprendeu sozinho a tocar piano e ouvido e isso mostrou-se muito útil quando o tocador de calliope
do circo chegou bêbado logo antes de uma apresentação, incapaz de fazer o acompanhamento musical.
LaVey ofereceu-se para tocar no lugar dele, confiante de que poderia lidar com aquele estranho teclado
para fornecer o fundo musical necessário. Ficou obvio então que na verdade ele conhecia mais música
e tocava melhor do que o tocador de calliope original, de modo que Beatty dispensou o bêbado e
colocou LaVey em seu lugar. Ele acompanhava então o “Bala Humana”, Hugo Zachia e o número de
equilíbrio dos Wallendas[2], entre outros.

Quando LaVey tinha dezoito anos, largou o circo e juntou-se a um parque de diversões. Lá tornou-se
assistente de mágico, aprendeu hipnose e estudou mais sobre ocultismo. Era uma combinação curiosa.
De um lado ele trabalhava em uma atmosfera de vida bastante intensa, de música terrena, cheiro de
animais e poeira, onde um segundo perdido poderia significar um acidente ou mesmo a morte.
Apresentações que exigiam força e juventude, um mundo de excitação física de atrações mágicas. Por
outro lado trabalhava com magia e o lado negro do cérebro. Provavelmente esta estranha combinação
influenciou a maneira com que ele começou a ver a humanidade enquanto tocava órgão para as
apresentações do parque.

"Nas noites de sábado”, lembrava LaVey em uma de nossas longas conversas. “...eu via homens
desejando as mulheres exóticas que dançavam semi-nuas em algumas das tendas do parque e na manhã
seguinte, no domingo, enquanto tocava órgão para os evangelistas em uma de suas tendas no outro
extremo do parque, eu via esses mesmos homens sentados lá dentro, com suas esposas e filhos,
pedindo para que Deus os perdoassem e os limpassem de seus desejos carnais. E na próxima noite de
Sábado lá estavam eles novamente nas tendas das dançarinas ou em outro local de indulgências. Eu
soube então que a Igreja Cristã prospera em hipocrisia, e que a natureza carnal do homem sempre
prevalecerá!”

Apesar de não se aperceber disso, LaVey estava no caminho de formular uma religião que serviria de
antítese à cristandade e sua herança judaica. Era uma religião antiga, mais antiga que o Cristianismo ou
o Judaísmo, mas que nunca havia sido formalizada, e arrumada em forma de doutrina e ritual. Este era o
papel de LaVey na civilização do século vinte.

Depois de tornar-se um homem casado em 1951, aos vinte e um anos, ele abandonou o fantasioso
mundo dos parques e iniciou uma carreira mais condizente para um pai de família. Ele foi contratado
como criminologista. Este foi seu primeiro trabalho conformista, fotógrafo para o departamento de
polícia de São Francisco. Conforme percebeu depois, este trabalho seria especialmente importante, mais
do que qualquer outro para o desenvolvimento do Satanismo como um modo de vida.

”Eu vi o lado mais sangrento e nefasto da natureza humana...”, recordou LaVey em uma das entrevistas
em que relembrava sua vida passada. “Pessoas baleadas por malucos, esfaqueadas por amigos, crianças
pequenas com as tripas de for a atropeladas por motoristas anônimos. Era nojento e deprimente. Eu me
perguntava: “Onde está Deus?”. Eu passei então a detestar a atitude santificada das pessoas frente a
violência, sempre dizendo que ‘era a vontade de Deus.’”

Assim, ele largou com nojo a função após três anos como fotógrafo criminal e retornou para o seu
órgão, desta vez tocando em casas noturnas e teatros para ganhara vida enquanto continuava seus
estudos sobre a paixão de sua vida: as artes negras. Uma vez por semana passou a dar palestras sobre
tópicos arcanos, como assombrações, Percepção Extra-Sensorial, sonhos, vampiros, lobisomens,
divinação, magia cerimonial, etc... Isso atraiu muitas pessoas que eram ou tinham sido bem conhecidas
seja campo das artes, das ciências, ou dos negócios. Eventualmente, um “Circulo Mágico” evoluiu deste
grupo.

O propósito maior do Círculo era o de se reunir para a execução de rituais mágicos que LaVey havia
descoberto e desenvolvido após ter acumulado uma vasta biblioteca de trabalhos descrevendo Missas
Negras e outras cerimônias infames de grupos como os Cavaleiros Templários da Franca do Século XIV
ou do Hell-Fire-Club e da Golden Dawn, do século XVIII e XIX na Inglaterra. O objetivo de algumas destas
ordens secretas era o de blasfemar e parodiar a Igreja Cristã, de forma que se voltavam para o Diabo
como uma deidade antropoformica que representava o inverso de Deus. Mas na visão de LaVey, o Diabo
não era isso, mas sim uma força negra e escondida na natureza, responsável pelo funcionamento das
coisas terrenas, uma força que nem a ciência nem a religião tinham uma explicação. O Satã de LaVey é o
“espírito do progresso, que inspirou todos os grandes movimentos que contribuíram com o
desenvolvimento da civilização e o avanço da humanidade. Ele é o espírito da revolta que conduz a
liberdade, a personificação de todas as heresias que libertam.”

Na última noite de Abril de 1966, Walpurgisnacht, o mais importante festival no campo da magia e da
bruxaria, LaVey ritualisticamente raspou o cabelo de acordo com a tradição mágica e anunciou a
formação da Igreja de Satã. Para uma identificação de seu ministério adotou um colarinho de padre, que
lhe dava uma imagem santificada. Mas sua cabeça raspada como a de Genghis Khan, seu Mefistófilico
cavanhaque e seus olhos desafiadores davam a ele o necessário aspecto demoníaco para um sacerdote
da Igreja do Diabo na terra.

“De certo modo,” explicou LaVey, “... chamar isso de uma Igreja me permite seguir a fórmula mágica de
uma parte de ultraje e nove partes de respeitabilidade social que é necessária para o sucesso. Mas o
propósito maior era unir um grupo de indivíduos em sintonia que com suas energias combinadas podem
invocar a energia obscura da natureza chamada Satã.”

Como LaVey mostrou, todas as outras Igrejas são baseadas na adoração do espírito e na negação da
carne e do intelecto. Ele enxergou então a necessidade de uma igreja que retomasse a mente humana e
os desejos casuais como objetos de celebração. O Interesse próprio racional seria encorajado e a saúde
do ego conquistada. Ele percebeu então que o antigo conceito de Missa Negra e sátira à cristandade
estavam fora de contexto, ou como ele mesmo disse equivalia a “chutar um cavalo morto”. Na Igreja de
Satã LaVey inaugurou então alguns psicodramas que substituíram o serviço de crítica cristã, pois
equivaliam a um exorcismo das repressões e inibições impostos pelas religiões da luz branca.

Havia na época uma revolução na própria Igreja Cristã contra os rituais ortodoxos e às tradições. O
conceito de “Deus está morto” tornava-se popular. Assim, os rituais alternativos de LaVey funcionavam
mantendo algumas das antigas cerimônias ao mesmo tempo que mudava a simples paródia para formas
positivas de celebração e purgação: Casamentos Satânicos consagravam as delicias da carne, funerais
quebravam padrões santificados, rituais de luxúria ajudavam indivíduos a satisfazerem seus desejos
sexuais e rituais de destruição habilitavam os membros da Igreja Satânica a triunfarem sobre seus
inimigos.

Em ocasiões especiais como batismos e funerais em nome do Diabo, a cobertura de imprensa, apesar de
não solicitada era fenomenal. Em 1967 os jornais que enviaram repórteres para escreverem sobre a
Igreja de Satã iam de São Franscisco, pelo Pacífico até Tokyo e pelo Atlântico até Paris. Uma foto de uma
mulher nua parcialmente coberta por uma pele de leopardo servindo de altar para LaVey em uma
cerimônia matrimonial foi transmitida pela mídia em toda parte, ilustrando inclusive a primeira página
de publicações como o Times de Los Angeles. Como resultado da publicidade, capelas filiadas a Igreja de
Satã espalharam-se pelo mundo, provando uma das principais mensagens de LaVey: “O diabo está vivo
e está em alta.”

É claro que LaVey ensinava para qualquer um disposto a ouvir que o Diabo, para ele e seus seguidores
não era aquele estereotipo avermelhado, com chifres, rabo e tridente, mas a sombria força natural para
a qual os seres humanos estão começando a se conscientizar. Como LaVey justificava esta definição,
frente a suas próprias aparições públicas com chifres e tridente? Ele responde: “As pessoas precisam de
rituais, com símbolos como os que podemos encontrar em uma partida de baseball, nas igrejas ou nos
exércitos, como veículos que expressam as emoções elas podem canalizar o que sentem e entender a si
próprias.” Contudo, o próprio LaVey em breve se revelaria cansado de brincadeiras.

Ouve um histórico quanto a isso. Em primeiro lugar, os vizinhos de LaVey começaram a reclamar do leão
adulto que ele criava como um animal de estimação, e eventualmente o felino foi doado ao zoológico
local, e então a morte de uma das bruxas mais devotadas de LaVey, Jayne Mansfield, causada por uma
maldição que ele mesmo havia lançado em Sam Brody, o advogado e amante de Mansfield, pelas razões
explicadas no livro Devil’s Avenger. LaVey a havia alertado insistentemente para se afastar de Brody e
sentiu-se deprimido depois de sua morte. Esta era a segunda morte de um estrela de Hollywood,
símbolo sexual com a qual ele esteve envolvido: a outra foi Marilyn Monroe, que teve uma breve mais
crucial relação com LaVey em 1948 no período em que ele havia abandonado os parques, mas ainda
acompanhava com o órgão as strippers de Los Angeles.

Além de tudo isso, LaVey estava cansado de organizar entretenimento e rituais de purgação para os
membros da Igreja. Ele havia entrado em contado com os últimos remanescentes vivos das
fraternidades ocultas da Europa pré-guerra, mas estava ocupado demais para estudar sua filosofia e
rituais da era pré-hitleriana de modo que precisava de mais tempo para seus interesses pessoais, para
escrever e trabalhar novos conceitos. Ele já havia experimentado e aplicado princípios de geometria
oculta que nos seus próprios termos chamava de “A Lei do Trapezóide” (e de fato, ele lamentava a moda
da época daqueles que “procuravam nas pirâmides erradas”). Ele também havia se tornado um
convidado bem conhecido em programas de rádio e televisão e trabalhava as vezes como produtor e
conselheiro técnico para filmes e documentários de temáticas satânicas. Em raros momentos também
trabalhava como ator. Como apontou o sociólogo Clinton R. Sanders: “… nenhum ocultista teve tanto
impacto na representação cinematográfica do Satanismo do que Anton Sazandor Lavey. A ritualística e o
simbolismo esotérico eram elementos centrais na igreja de LaVey e os filmes que assessorou continham
retratos fieis dos rituais satânicos e dos tradicionais símbolos ocultos. A ênfase nos rituais da Igreja de
Satã, tinham a “intenção de focar o poder emocional dentro de cada indivíduo.” Da mesma forma o
ritualismo ornamental central nos filmes com a participação de LaVey podem ser vistos como
mecanismos que envolvem e focam a experiência emocional da platéia.

Por fim, LaVey decidiu transferir a responsabilidade dos rituais e da organização de outras atividades
para as capelas da Igreja de Satã espalhadas pelo mundo, a escrever, palestrar e ensinar os conceitos
mais profundos do Satanismo e a sua família: sua esposa Diane, uma bela loira que ocupava o cargo de
Alta Sacerdotisa da Igreja, sua filha Karla, agora com vinte anos, uma criminologista ainda mais brilhante
do que seu pai que viajava pelo país expondo o satanismo para platéias de diversas universidades, e
finalmente Zeena, sempre lembrada por sua famosa foto do primeiro batismo satânico da história, mas
que agora havia se transformado em uma magnífica e atraente adolescente.

Deste período de relativo sossego surgiram seus livros pioneiros e amplamente lidos: Em primeiro lugar
a Bíblia Satânica, que hoje já passa de sua vigésima edição. Depois veio Os Rituais Satânicos, que cobre
muito do vasto material prático recolhido e desenvolvido por LaVey. Em terceiro lugar “A Bruxa
Satânica” um bestseller na Itália mas ainda pouco conhecido do público norte-americano[3].

Dedicando-se em desenvolver seus livros e a filosofia satânica e descentralizando a organização de sua


Igreja, LaVey contribuiu ainda mais para a expansão e filiação a Igreja de Satã. O Satanismo cresceu em
popularidade e foi então naturalmente acompanhado de histórias de grupos que protestavam contra a
presença da bíblia Satânica nas lojas e nos campus das universidades, pois isso contribuía para que a
juventude “desse as costas para Deus”. É de se suspeitar se o Papa João Paulo não tinha LaVey em
mente quando disse dois anos atrás que o Diabo “está vivo em pessoa”, um vivente habitante do fogo
espalhando o mal pela Terra. Lavey concordava que o mau está vivo e que deveria ser desfrutado,
respondendo ao papa e outros religiosos da seguinte forma:

“Pessoas, organizações e nações estão fazendo milhões de dólares graças a nós. O que eles fariam sem a
gente? Sem a Igreja de Satã eles não teriam ninguém a quem odiar e culpar por todas as coisas terríveis
que estão acontecendo no mundo. Senão as pessoas teriam que acreditar que eles são realmente
charlatões, de modo que devem estar no fundo bastante felizes de nos ter por perto para nos explorar.
Nós somos um commodity de alto valor hoje em dia. Nós somos bons para os negócios, fazemos a
economia fluir e alguns dos milhões que geramos vão parar em bolsos cristãos. Nós provamos muitas
vezes a Nona Declaração Satânica de que a Igreja, e incontáveis indivíduos não poderiam existir sem o
Diabo.”

Mas por isso as igrejas cristãs devem pagar um preço. Os eventos que LaVey predisse na primeira edição
da Bíblia Satânica já estão acontecendo a todo redor. Pessoas reprimidas levantam sua voz. O Sexo
explodiu, e a libido coletiva esta estampada em filmes e revistas, nas ruas e nas casas. As pessoas
dançam de topless e “bottomless”. Freiras têm abandonado seus antigos hábitos, exposto suas pernas e
dançado a versão heavy metal da missa solene[4] que LaVey havia sugerido como piada. Há uma
demanda universal por entretenimento, boa comida, vinho, diversão e desfrute da vida aqui e agora. A
humanidade como um todo não quer mais esperar as a recompenses que supostamente vêem depois da
vida. Há uma tendência ao neo-paganismo e ao hedonismo, e enquanto a massa vive a vida terrena dela
tem emergido uma boa variedade de indivíduos brilhantes: médicos, atores, advogados, engenheiros,
professores, escritores, acionistas, políticos, atores e publicitários e comunicadores (para citar algumas
poucas categoriais de Satanistas) interessados em formalizar e perpetuar esta onipresente religião e
modo de vida.

Não é uma religião simples de adotar em um sociedade dominada a tanto tempo por uma ética
puritana. Não existe falso altruísmo, nem mandamento para amar o seu vizinho nesta religião.
Satanismo uma filosofia brutal, a descaradamente egoísta e cruelmente sincera. É baseada na crença de
que o seres humanos são criaturas egoístas e violentas, que a vida é um campo darwiniano de
sobrevivência do mais apto, que só os mais fortes sobrevivem e que a terra é regida por aqueles que
lutam para vencer esta disputa sem fim que existe em todas as selvas incluindo aquelas feitas de vidro e
concreto.

Você é livre para abominar esta visão se quiser; ela é baseada no que tem sido a humanidade por
séculos e nas reais condições que existem no mundo que habitamos ao invés de naquela terra de leite e
mel que encontramos na Bíblia Cristã. Na Bíblia Satânica, Anton LaVey explica a filosofia do Satanismo
mais profundamente do que qualquer um de seus antecessores do Reino das Trevas, ele descreve em
detalhes seus inovadores rituais e dispositivos desenvolvidos para a criação de uma igreja de pessoas
realistas. Está claro desde a primeira edição que muitas pessoas leram este livro para aprender como
manter grupos satânicos e realizar rituais de magia negra. A Bíblia Satânica e os Rituais Satânicos são os
únicos livros que têm demonstrado até hoje de maneira autêntica a relevante como isso tudo pode ser
feito. Houve muitos imitadores que jamais mencionaram a fonte original, e isso fizeram com uma boa
razão: uma vez que o despreparo e leviandade dos imitadores são comparados com o os trabalhos
pioneiros e LaVey, eles passam a ser vistos como simples e incapazes plagiadores.

A evidência é clara para qualquer um que puder comparar: Anton LaVey trouxe Satã para fora do
armário e a Igreja de Satã foi a fonte de onde jorrou o Satanismo contemporâneo. Este livro reúne sua
mensagem e serve de desafio e inspiração, tanto hoje como no tempo em que foi escrito.

SÃO FRANSCISCO

25 de Dezembro de 1976 (XI Anno Satanas)

[1] Burton H Wolfe, foi o primeiro repórter a cobrir seriamente o movimento satânico. Filiou-se a Igreja
de Satã em 1974 após uma série de entrevistas que fez com LaVey. Esta introdução aparece na Bíblia
Satânica editada pela Avon Books desde 1976
[2] Uma das mais tradicionais e conhecidas famílias de equilibristas do mundo. Detentoras de inúmeros
prêmios e récordes mundiais de travessia na corda bamba sem rede de proteção.

[3] Lançado no Brasil pela editora Madras.

[4] Missa solene é a missa cantada em que o celebrante é auxiliado pelo diácono e subdiácono.

Introdução de Rev. Obito do Templo de Satã

Já faz mais de 30 anos que a versão original deste livro foi escrita e apresentada para o grande público.
De lá para cá o Satanismo tomou rumos que talvez espantassem o próprio LaVey. Sua Igreja acabou
dando origem a outras “concorrentes”, a religião que professava originou outras contemporâneas e
tirou das sombras pessoas que diziam seguir versões mais antigas dela. LaVey foi chamado de fraude,
mentiroso, aproveitador. A sede da Igreja de Satã não é mais em São Francisco, na Casa Negra que foi
demolida, mas em Nova Iorque, hoje, enquanto escrevo esta introdução LaVey está morto há XX anos, e
o Satanismo continua atual como nunca.

Não importa se LaVey foi ou não domador de leões ou tocador de órgão em parques de diversões. A
crença que ele organizou e difundiu continua forte. Nos Estados Unidos o Satanismo deu origem ao
Luciferianismo, ao culto a Set, antiga deidade egípcia, grupos que cultuam vampiros e muitos outros que
hoje discutem o que seria o Verdadeiro Satanismo. Grupos perdem tempo procurando no passado de
LaVey e da Igreja de Satã falhas ou mentiras que possam usar para justificar suas próprias verdades,
para, montados sobre seu cadáver, se mostrarem autênticos, são cães disputando entre si pedaços de
carne. O Verdadeiro Satanismo não estava em LaVey, que organizou e escreveu este livro, às vezes se
inspirando ou mesmo plagiando outros. O Verdadeiro Satanismo não está na Igreja que ele criou ou
naqueles que a dirigem hoje, nem nos grupos que se originaram dela.

O Satanismo é um caminho pessoal e único. Este livro não é um livro de respostas ou de auto ajuda para
você se encontrar, nem tampouco um manual “passo a passo” para você se tornar um Satanista. A
Religião Satânica é um conjunto de ideologias, uma base filosófica, que pode ou não ter afinidade com
as suas. Você não se converte ao Satanismo mas quando começa a estudar e praticar a crença descobre
que sempre foi um, apenas não havia encontrado ainda outras pessoas que tivessem a mesma visão que
você tem do mundo. O Verdadeiro Satanismo existe dentro do coração e da mente de cada Satanista,
ele se reflete em seus atos e não em livros ou sermões. Este livro, esta Bíblia Satânica, é apenas a
primeira expressão impressa desse modo de lidar com o mundo no dia a dia. Esperamos que através da
leitura e do estudo deste livro você se descubra de uma maneira nova e isso te leve a novos patamares
de sua existência.

Se ao terminar de ler este livro perceber que finalmente encontrou algo que resume tudo aquilo que
você pensa e sente, sentir que algo dentro de você despertou e começa a rugir não se espante: você não
está sozinho! Pessoas têm encontrado no Satanismo, um ótimo meio de classificar seu modo de vida
humano, terreno e cruelmente sincero desde 1966.

Dizer que o Satanismo não existe no Brasil ou que está apenas engatinhando é ser, no mínimo, ingênuo.
Hoje existem muitos grupos pequenos afastados, praticantes solitários sérios, iniciantes que não
descobriram como encontrar outros; mas isso não quer dizer que não existamos, apenas não nos
organizamos ainda. Em 1997 formou-se o primeiro grupo satânico organizado em terras tupiniquins, a
Igreja de Lúcifer, ele teve vida curta mas muitos de seus membros ainda estão ativos.

Hoje o Templo de Satã busca criar bases mais sólidas e organizar organizados apareçam erguendo a
bandeira negra com o Sigilo de Baphomet, reunindo irmãos e irmãs que hoje se encontram dispersos e
oferecendo auxílio para os que ainda estão no início de sua jornada pela senda sinistra. Esperamos que a
tradução e divulgação deste livro seja apenas mais um passo para que isso se realize.

São Paulo

21 de abril de 2004

(XXXIX Anno Satanas)

Prefácio

Este livro foi escrito porque com raras exceções todos os tratados e documentos mágicos, cada grimório
“secreto”, todos os “grandes trabalhos”, não passam de fraudes santarronas[1] – incoerências
inspiradas pela culpa e baboseiras esotéricas escritas por cronistas de uma erudição mágica incapazes
ou sem vontade de apresentar uma visão objetiva do subjetivo. Escritor após escritor no afã de exprimir
os princípios da “magia branca ou negra” conseguiu obscurecer completamente o assunto de tal
maneira que a pessoa que deseja se tornar uma estudante de magia encontra um destino estúpido, com
os dedos sobre uma prancha numa tábua de Ouija[2], ficando de pé no centro de um pentagrama
esperando que um demônio apareça, jogando I-Ching de maneira hesitante da mesma forma que
muitos atiram moedas para mendigos, embaralhando cartas para prever um futuro que perdeu
qualquer significado que pudesse ter, atendendo a seminários que acabam com seus egos – e com o
dinheiro dentro de suas carteiras – e por via de regra acabam fazendo papel de bobo aos olhos daqueles
que realmente sabem!

O verdadeiro mago sabe que as livrarias de ocultismo estão repletas de frágeis relíquias vindas de
mentes apavoradas e corpos estéreis, diários metafísicos de auto engano e manuais constipados sobre
misticismo Oriental. Por muito tempo os trabalhos sobre Magia e Filosofia Satânica foram escritos por
articulistas que trilham o Caminho da Mão Direita com seus olhos arregalados pelo terror.

A velha literatura é o subproduto de mentes ulceradas pelo medo e pela derrota, escritos buscando a
ajuda inconsciente daqueles que realmente dominam o mundo e que, sentados em seus tronos
infernais, gargalham com nociva alegria.

As chamas do Inferno queimam mais fortes e brilhantes inflamadas por esses respeitáveis volumes de
desinformação e falsas profecias.

Neste livro você encontrará a verdade – e fantasia. Uma é necessária para que a outra exista; mas
ambas devem ser reconhecidas pelo o que são. O que você encontrar aqui pode não ser sempre
agradável; mas você encontrará!

Aqui está o pensamento Satânico por um ponto de vista verdadeiramente Satânico.

Anton Szandor LaVey

Igreja de Satã

São Francisco, Walpurgisnacht 1968

[1] Samuel Butler (1835 - 1902), ex- pastor anglicano que começou a questionar sua fé apos constatar
que o batismo não fazia qualquer diferença no comportamento moral de seus diletos, faz um apelo
semelhante ao surgimento de uma obra como a Bíblia Satânica. Diz ele em “The Note-Books of Samuel
Butler”: “Devemos desculpas ao diabo: lembremos que até hoje nós só demos ouvidos a um dos lados
da história. Deus tem escrito todos os livros.”
[2] A Tábua de Ouija é a versão de tabuleiro do “jogo do copo”. Consiste em um tabuleiro de papelão ou
madeira que tem na parte superior as letras do alfabeto, na inferior números de 1 a 0 e localizadas no
centro da tábua nos cantos opostos a palavra SIM e NÃO. O praticante usa uma prancha triangular com
uma lente no centro. Supostamente espíritos movem a prancha em resposta a perguntas feitas pelo
operador até que a lente fique sobre uma letra ou número, formando assim palavras, datas, etc.

Prólogo

Os deuses do caminho da mão direita brigaram e lutaram entre si por uma era inteira da Terra. Cada
uma dessas deidades e seus respectivos sacerdotes e ministros tentaram encontrar sabedoria em suas
próprias mentiras. A era glacial do pensamento religioso não pode durar mais do que um curto tempo
neste grande esquema da existência humana. Os deuses daqueles de sabedoria maculada já viveram
suas sagas, e seus milênios se tornaram realidade. Cada um, com seu próprio caminho “sagrado”
levando ao paraíso, tendo acusado ao outro de heresia e inconsideração religiosa. O Anel de
Nibelungo[1] de fato traz consigo uma maldição eterna, mas apenas porque aqueles que o buscam
vivem em termos de “Bem” e “Mal” – estando eles mesmos sempre do lado do “Bem”. Os deuses do
passado acabaram se transformando em demônios, exatamente iguais àqueles que combatiam, para
poder continuar vivendo. Débeis, seus ministros jogam o jogo do diabo para manterem seus relicários
cheios e a hipoteca de seus templos paga.

Ah!, por quanto tempo eles estudaram os caminhos da “virtude”, e que exemplares medíocres e
incompetentes de diabos eles se tornaram. Então tomados por grande desespero todos eles dão as
mãos em uma união “fraternal” e se dirigem ao Valhalla[2] para realizar seu último grande conselho
ecumênico. “Se aproxima o brilho do crepúsculo dos deuses”. Os corvos da noite já partiram em seu vôo
para convocar Loki, que incendeia Valhalla com seu incandescente tridente infernal. O crepúsculo
terminou. O brilho de uma nova luz nasce da noite e Lúcifer ergue-se mais uma vez para proclamar:
“Esta é a era de Satã! Satã governa a Terra!”. Os deuses dos injustos estão mortos. Este é o alvorecer da
magia e da sabedoria imaculada. A CARNE prevalece e uma grande Igreja se erguerá e será consagrada
em seu nome. A salvação do homem não dependerá mais de sua própria negação e todos saberão que o
evangelho da carne e da vida será a maior preparação para todo e qualquer deleite eterno.

REGIE SATANAS!
AVE SATANAS!

HAIL SATAN!

SALVE SATÃ!

[1] O Anel de Nibelungo: (DER RING DES NIBELUNGEN) Tetralogia operística de Richard Wagner. A
primeira ópera intitula-se "Das Rheingold" (O Ouro do Reno), conta a história sobre o anel mágico que é
capaz de dar a quem o possuir imenso poder, o anel é amaldiçoado por seu dono quando Wotan (Odin)
e Loki o tomam daquele que o confeccionou, o anão Alberich. Logo em seguida Erda, a deusa da Terra,
faz a predição do fim dos deuses no Ragnarok. Os deuses então, tendo ouvido sobre seu destino, sobem
pela Ponte do Arco-Íris em direção a Asgard.

[2] O correto talvez fosse evocar aqui Asgard e não o Valhalla.

As Nove Declarações Satânicas

1. Satã representa indulgencia ao invés de abstinência!

2. Satã representa a vida ao invés ilusões espirituais!

3. Satã representa a sabedoria livre de preconceitos ao invés da auto ilusão hipócrita!


4. Satã representa bondade para aqueles que a merecem ao invés de amor desperdiçado com
ingratos!

5. Satã representa vingança ao invés de oferecer a outra face!

6. Satã representa responsabilidade para o responsável ao invés de tempo gasto com vampiros
psíquicos!

7. Satã representa o homem como qualquer outro animal, às vezes melhor, mas
freqüentemente pior do que aqueles que caminham em quatro patas, e que graças ao seu
"desenvolvimento intelectual e espiritual divino” se tornou o animal mais corrupto e cruel de
todos!

8. Satã representa todos os assim chamados pecados, pois todos levam à gratificação física,
mental e emocional!

9. Satã é o melhor amigo que a igreja jamais teve, pois é graças a ele que ela se manteve
funcionando por todos esses anos!

O Livro de Satã

Complementos ao Livro de Satã:

Might is Right, Ragnar Redbeard


Mein Kampf, Adolf Hitler

Arte da Guerra, Sun Tzu

O Anticristo, Nietzsche

Citação chave: "O primeiro livro da Bíblia Satânica não foi concebido como uma grande blasfêmia mas
sim como um manifesto daquilo que pode ser chamado de “indignação diabólica”. O Diabo tem sido
atacado de forma implacável e ininterrupta pelos homens de Deus e, excluindo-se algumas obras de
ficção, nunca houve uma oportunidade para que o Príncipe das Trevas pudesse se pronunciar da mesma
forma que os porta-vozes do Senhor dos Justos. No passado, os ruminantes clericais tiveram a liberdade
de definir “bem” e “mal” como bem entenderam e alegremente atiraram para o esquecimento todos
aqueles que discordaram de suas mentiras – verbalmente e algumas vezes fisicamente também. (...)
Agora os enfadonhos manuais da hipocrisia não são mais necessários: para reaprendermos a Lei da
Selva precisaremos apenas de uma pequena e esbelta diatribe. Cada verso é um inferno. Cada palavra
uma língua de fogo. As chamas do Inferno queimam ferozes... e purificam! Comece a leitura e aprenda a
Lei."

Considerações:

O Livro de Satan, A Diatribe Infernal é simbolicamente associado ao elemento fogo, versa sobre o
comportamento do forte e a Lei da Natureza e apresenta satanismo de modo literário por meio de
versos divididos em V atos.

É o livro de origem mais polêmica da Bíblia Satânica. Tudo indica que de fato seus versos são plágio de
um obscuro tratado escrito em 1896, sob o titulo “Might is Right” por Ragnar Redbeard (possivelmente
um dos pseudônimos de Jack London), que por sua vez foi inspirado no reboliço causado por Nietzsche e
Darwin no século 19.

LaVey plagiou os versos diretamente escolhendo segmentos de diferentes seções do livro original e
fazendo leves mudanças nos versos para corrifir o que ele considerou erros na lógica e consistência de
Might is Right. Hoje o Livro de Satã também é recitado em diversas cerimônias satânicas seja em parte
ou na íntegra.

A palavra 'Lei' está capitalizada no final do prefácio do Livro de Satã, e seja proposital ou por acaso, isso
não é irrelevante, sendo possivelmente uma referência velada ao trabalho de Aleister Crowley.
Realmente, a Lei de Thelema reflete-se na Lei do forte e na alegria do mundo, entre outras similaridades
encontradas com o Livro de Satã. Curiosamente o Livro concebido por Aleister Crowley também tem
uma autoria controversa.

A Diatribe Inferna

Ato I, o Intróito Diabólico

Citação Chave: "Nesta árida desolação de aço e concreto eu ergo minha voz para que você possa
ouvir. Eu gesticulo para o Ocidente e para o Oriente. Para o Norte e para o Sul eu faço um sinal
proclamando: Morte aos fracos, prosperidade para os fortes! (...) Eu demando razões que justifiquem
sua regra de ouro e questiono os porquês e as utilidades de seus dez mandamentos. (...) Eu encaro os
olhos apáticos de seu temível Jeová e o arrasto pelas barbas; ergo então um machado e parto em dois
seu crânio devorado por vermes! Eu lanço aos ares os conteúdos espectrais de sepulcros filosóficos
insignificantes e gargalho cheio de sarcasmo e ira."

Considerações:

A cosmovisão do Livro de Satã, e consequentemente de todo o Satanismo é essencialmente espartana e


isso fica bastante claro logo no primeiro verso do Livro de Satã. Desconhecendo o ideal da
individualidade, Esparta tinha como seu principal objetivo fazer de seus cidadãos soldados, bem
treinados, corajosos e obedientes às autoridades e capazes de manter a segurança da cidade. No
Satanismo onde não há autoridade externa, o indivíduo é ele mesmo a cidade que deve defender, o
governador que decide e o soldado que esta sempre pronto para lutar. Portanto, entende-se que
pesquisar e conhecer um pouco da vida em Esparta, assim como quaisquer outras filosofias de vida
militares pode ser de grande valia para os Satanista.

Mas será que isso contradiz o hedonismo sugerido mais para frente por LaVey? Afinal, como o
militarismo espartano pode conviver com a indulgência e o hedonismo? Veremos que tudo se explica
quando entendermos mais a frente que Hedonismo não é esperar que a vida seja só prazer, mas é sim
saber lidar tanto com o prazer como com a dor da melhor maneira possível. A vida afaga e machuca a
todos indiscriminadamente. Assim, quem não está preparado para suportar as batalhas que ela
apresenta perecerá e não terá mais oportunidade de desfrutar dos momentos bons que viriam no
futuro. A Alegria portanto vem de mãos dadas com a Força.

O objetivo de todo o Livro de Satã é expurgar qualquer mentalidade abraamica da psique do satanista.
Compare os versos da citação com a seguinte passagem do Livro da Lei, de Aleister Crowley:

III

51. Com minha cabeça de Falcão eu bico os olhos de Jesus enquanto suspenso na cruz.

52. Eu bato minhas asas na face de Mohammed & o cego.

53. Com minhas garras Eu arranco a carne do Hindu e do Budista, Mongol e Din.

54. Bahlasti! Ompehda! Eu cuspo em seus credos crápulas.

55. Que Maria inviolada seja despedaçada sobre rodas: que por amor a ela todas as mulheres castas
sejam desprezadas entre vós.

A motivação e caráter da Biblia Satânica é o mesmo, pois declaram uma mesma Lei da qual nasceu ma
nova religiosidade que só é possivel após o completo abandono dos credos, dogmas e medos
anteriores.

Inversão de Valores
2. Eu questiono a todas as coisas. Enquanto fico diante das fachadas ulceradas e ardilosas de seus
arrogantes dogmas morais, escrevo sobre elas com letras ardendo de escárnio: Olhem e vejam! Tudo
isto é mentira!

3. Agrupem-se ao meu redor, Oh! desafiadores da morte, e a terra será de vocês, para ser usada e
usufruída.

4. Durante muito tempo foi permitido que mãos mortas esterilizassem pensamentos vivos![2]

5. Durante muito tempo certo e errado, bom e mal foram pervertidos por falsos profetas!

6. Nenhuma crença deve ser aceita tendo como autoridade uma natureza “divina”. Religiões devem ser
questionadas. Nenhum dogma moral deve ser aceito como verdadeiro – nenhum padrão de medida
deificado. O sagrado não é inerente a códigos morais. Assim como os ídolos de madeira do passado eles
também foram criados por mãos humanas, e o que o homem faz ele pode destruir!

7. Aquele que é cauteloso em acreditar em qualquer e todo tipo de coisa possui um grande
conhecimento, pois acreditar em um princípio falso é o início de toda a tolice.

8. Toda nova era tem como a mais importante das tarefas criar novos homens para determinar

seus novos horizontes, para liderá-la ao sucesso material – para despedaçar os cadeados e correntes de
costumes mortos, enferrujados pelo tempo, que reprimem sua expansão saudável. Teorias e idéias que
podem ter significado vida e esperança e liberdade para nossos antepassados podem significar
destruição, escravidão e desonra para nós hoje!

9. Quando o mundo muda nenhum ideal humano permanece certo![3]


10. Então sempre que uma mentira criar um trono para sim mesma, deixe que seja atacada sem piedade
ou culpa, pois sob o domínio de uma hipocrisia indecente ninguém pode prosperar.

11. Deixe que os sofismas estabelecidos sejam destronados, desarraigados, queimados e destruídos pois
são uma ameaça real para toda forma verdadeira de ação nobre e pensamentos dignos!

12. Que sempre que se provarem através da prática que uma alegada “verdade” não passa de ficção,
deixe que a atirem sem cerimônias no grande vazio, junto com os outros deuses mortos, impérios
mortos, filósofos mortos e escombros e destroços sem utilidade![4]

13. A mais perigosa de todas as mentiras entronadas é a sagrada, a santa, a mentira privilegiada – a
mentira que todos acreditam ser uma verdade modelo. Ela é a mãe fértil de todos os outros erros e
desilusões. É uma árvore de insensatez com centenas de galhos e milhares de raízes. É um câncer social!

14. A mentira que todos sabem ser uma mentira já está a meio caminho de ser erradicada, mas a
mentira que é aceita como verdade até por pessoas inteligentes – a mentira que foi inculcada em uma
criança nos joelhos de sua mãe[5] – é um inimigo mais perigoso de se enfrentar do que uma pestilência
que se aproxima lentamente!

15. As mentiras populares sempre foram as mais poderosas inimigas da liberdade pessoal. Existe apenas
uma maneira de lidar com elas: Extirpá-las, como se fossem um câncer. Exterminá-las a partir da raiz até
não restar um galho que seja. Aniquile-as ou elas nos aniquilarão!

[1] No começo do segundo ato do Livro de Satã, o autor ironiza a cristandade: "Observem o crucifixo; o
que ele simboliza? Incompetência inerte dependurada em uma árvore.". É claro que outras abordagens
cristãs são possíveis, por isso é importante deixar claro que o cristianismo que está sendo aqui criticado
é aquele que combate a própria vivencia terrena. O cristianismo que proíbe as galas do mundo com sua
moral e foge das misérias do mundo com sua metafísica. Em muitos sentidos o cristianismo paulino é a
negação da própria vida, não é a toa que seu maior símbolo seja o de um instrumento de tortura e o seu
maior ícone seja o de um executado. A natureza material e os desejos carnais são por ele vistos como
inimigos a serem sempre combatidos ou superados até o inevitável desfecho. Ora qual não é o fim
daquele que combate sua própria vida senão sua própria morte? É por isso que Nietzsche afirma
categoricamente em O Anticristo que: “O Evangelho morreu na cruz.” .

[2] É um engano pensar que a negação da vida material e terrena começou com o cristianismo de Paulo
de Tarso. A negação do prazer, e a sublimação da dor atingiu sua plenitude com o domínio da Igreja
Romana, mas existe antes disso toda uma história de fuga do mundo com ingredientes que vão do
dualismo zoroástrico a escatologia judaica. Conhecer todas estas fontes das quais beberam a
decadência, é uma obrigação para o Satanista, na medida em que não se pode combater aquilo que não
se conhece. Um destaque em especial é devido a herança recebida da metafísica platônica: “As
matrizes socráticas, as quais construíram o homem teórico, moral, ansioso por uma verdade absoluta e
as fundamentações platônicas, que transformaram esse homem teórico em ideal de ser humano, mas
para viver num mundo perfeito, fora de suas sensações ‘enganosas’, tornaram o mundo concreto do
presente em um peso. O mundo foi substituído por uma fábula e a vida tornou-se algo que cansa os
homens”. – Nietzsche, o Anticristo.

[3] Não há moral eterna e imutável. As doutrinas religiosas e idealistas que falam dos princípios "eternos
e irremovíveis" são ingênuas e inexatas. "As idéias do bem e do mal - dizia Engels - diferem de povo para
povo, de geração para geração, e, não poucas vezes, chegam a se contradizer abertamente". Os jesuítas
que chegaram ao Brasil com Tomé de Souza em 1549 e daqui sairiam por expulsão em 1759 (M.de
Pombal), segundo a opinião expressa pelo Padre Nóbrega, os nativos brasileiros eram pecadores
inveterados. "Cometiam todos os pecados e não obedeciam um só mandamento de Deus e muito
menos da Igreja. Talvez nem mesmo tivessem alma. Surgiu então a crença generalizada de que "não
existia pecado ao sul do Equador.”

No livro Teoria Materialista da História de F. V. Konstantinov lemos que nas sociedades primitivas, onde
as forças produtivas era muito baixas, a fome crônica obrigava o homem a matar, e, às vezes, a devorar
os velhos e as crianças. Nada disso era imoral na época. Durante a escravidão o domínio entre senhores
e escravos era plenamente aceito e foi uma regra de convívio que regeu muitas sociedades durantes
séculos. No feudalismo, a fidelidade e a honra de se manter os contratos com os senhores feudais era o
mais alto valor moral e a vida de orgias, o parasitismo e a ociosidade da nobreza era considerados como
perfeitamente lícitas. Foi só a burguesia posterior dos séculos XVI, XVII e XVIII que imbuída do espírito
empreendedor, olhou com desprezo os vícios feudais, de esbanjamento, indolência, ociosidade, e
pregava como alternativa a moral puritana, da parcimônia e a laboriosidade. Mais tarde, porém, a
mesma burguesia, ao converter-se ao poder mudou também os seus princípios morais. Hoje o ócio e o
parasitismo já não são considerados vícios, mas privilégios.
Na sociedade do consumo em massa o imoral não é ir contra a Igreja, a nobreza, ou os senhores feudais,
mas sim discordar da moda, das propagandas e da televisão. O novo poder está nas mãos da mídia que
determina tanto quem será eleito como no que as pessoas devem acreditar. Hoje em dia alguém quem
não assiste televisão e não consome da maneira indicada, quem vai contra as informações, as
“verdades” difundidas, é visto com a mesma estranheza com que era visto um aldeão medieval que
não participasse da eucaristia.

A moral de uma sociedade é definida pela classe dominante. E assim como o poder muda de mão em
mão também as certezas de conduta anteriores passam a ser questionadas. Como foi bem dito no
Manifesto Comunista, tudo o que era sagrado é profanado, tudo o que era sólido se desmancha no ar.

[4] “Honestidade não é um dever social, não é um sacrifício pelos outros, mas uma das virtudes mais
egoistas que um homem pode praticar; trata-se de rejeitar sacrificar a realidade da existência em prol
das ilusões de consciencia dos outros.” - Atlas Strugged, Ayn Rand

[5] A mais brilhante técnica de propaganda mostrar-se a inútil ao menos que um princípio fundamental
seja mantido em mente – tudo deve ser simplificado a uns poucos pontos que devem ser repetidos de
novo e de novo. Propaganda deve portanto ser simples e repetitiva. (...) Uma mentira repetida o
suficiente transforma-se em verdade. Se você diz uma grande mentira e persiste em repeti-la, as
pessoas eventualmente acreditarão nela. - Joseph Goebbels, Ministro de Propaganda do Terceiro Reich

Ato III, Lex Talionis


Citação Chave: “Por que eu não deveria odiar meus inimigos – se amá-los não fará com que sintam
compaixão por mim? É natural que inimigos façam o bem um ao outro – e O QUE É O BEM? Pode a
vítima ferida e ensangüentada “amar” as mandíbulas encharcadas de sangue que a despedaça,
membro por membro?" (...) Odeie seus inimigos, com todo o seu coração, e se um homem lhe bater em
uma das faces ESMURRE ele na outra! Acerte-o com força e sem piedade, pois a auto preservação é a
maior de todas as leis! Aquele que oferece a outra face é um cão covarde!"

Considerações:

O terceiro ato do livro de Satã, versa sobre a Lei de Talião contraponto a reciprocidade ao perdão e
questionando os conceitos pupulares de bem e o mal. De modo semelhante a rápida menção no Livro
de Satã, o biólogo Charles Darwin, testemunhou a amoralidade na vida selvagem e igualmente concluiu,
como qualquer outro observador da natureza que realmente existe "muita miséria no mundo". Em suas
próprias palavras: "Não consigo persuadir-me de que um Deus de bondade e onipotência tivesse criado
deliberadamente as Ichneumonidae [vespas que capturam lagartas e as paralisam para que suas larvas
vivam nelas como parasitas e finalmente as matem] com a intenção expressa delas se alimentarem do
corpo de lagartas vivas, ou tivesse criado gatos para perseguirem ratos."

A indignação do autor se expressa na frase "Ama teus inimigos e faz o bem para aqueles que te odeiam
e te usam – esta não é a desprezível filosofia dos servos que sorriem sempre que levam um tapa?" Sobre
isso é Rita Nakashima e Rebecca Ann Parker, respectivamente uma professora universitária e uma
pastora metodista doutoradas na Episcopal Divinity School of Harvard, publicaram em seu estupendo
artigo, “Podem estes Ossos Viver? Críticas Feministas a Redenção”. Por muito tempo os teólogos tem
prendido suas vítimas em ciclos seguidos de violência e dor, por representar o sofrimento e a
vitimização como uma necessidade moral e espiritual. Segundo as autoras a teologia da redenção faz
isso de diversas maneiras:

1 - Ela valoriza o silêncio ao invés do protesto

2 - Valoriza a obediência ao invés da resistência à autoridade injusta

3 - Cultiva a passividade e posterga a mudança ao nos pedir que submetamos a violência agora, com
recompensas em uma vida futura.
4 - Privilegiam aqueles que infligem e se beneficiam da violência , porque a redenção dos pecadores é
mais importante do que o inocente que sofre.

5 - Eleva a inocência ao nível de grande virtude moral, ao invés do discernimento moral consciente,
baseado na sabedoria e na reflexão e

6 - Protege os perpetuadores do mal ao louvar as vitimas como redimidas e subordinando-as ao drama


da salvação.

É animador o fato de os próprios cristãos começarem a discutir as conseqüências da teologia da


redenção. Mas é ainda mais animador inverter estes seis atestados e perceber que assim chegamos a
algo bastante próximo as Nove Declarações Satânicas.

Essa postura de ódio aos inimigos é a mesma criticada com propriedade em uma entrevista em 1963,
Malcolm X onde falou sobre política de não violência: “Todo o negro que ensina o outro negro
oferecer a outra face, desarma-o. Todo negro que ensina o outro a oferecer a outra face diante do
ataque rouba-lhe o direito divino, seu direito moral, seu direito natural, o direito natural à defesa. Todos
os seres de natureza têm esse direito e têm razão de exercê-lo. Homens como King têm por profissão
ensinar os negros a ‘não reagir’. Ele não lhe diz para ‘não lutarem entre si’. ‘Não reajam contra o homem
branco’ é a essência de sua pregação, pois adeptos de King matar-se-ão entre si, mas nada farão em
defesa própria contra os ataques do homem branco. (...) Nós não somos pela violência. Somos pela paz.
Todavia, as pessoas que combatemos empregam a violência. E não se pede ser pacífico diante dessa
gente.”

Ou seja, umasta postura é bem diferente da de Martin Luther King que defendia a não-violência e
resistência pacifica. Mas de qualquer forma pouco depois desta entrevista ambos os líderes negros
foram assassinatos assim como diversos militantes dos ‘Panteras Negras’. Isso empurrou o movimento
afro-americano para a despolitização conformista, não tanto para eliminar os negros - muito úteis
ocupando o grande número de empregos sub-remunerados – mas simplesmente controlando-os,
aterrorizando-os, discriminando-os e sugerindo-lhe outras vias de "contestação". Disso resulta a posição
atual dos negros americanos e consequentemente no resto do mundo todo. A lição de reação ensinada
por Malcolm X foi esquecida e os negros aprenderam a viver e tolerar a discriminação. E assim vai ser
até que os negros parem de dar a outra face e tratem os indivíduos que os maltratam da forma como
eles realmente merecem.

Mesmo a não violência e desobediência civil pregada por Gandhi era uma forma de violência contra seus
agressores ingleses. Gandhi alertava a todos que o seguiam que muitos poderiam ser torturados e
mortos e quando lhe indagaram sobre a melhor forma de combater a violência física ele respondeu que
contra a violência física existe apenas uma resposta, a violência espiritual e que a maior violência que se
pode oferecer é o amor. Os ingleses que executavam os indianos ficavam tão chocados que
abandonavam seus postos ao ver que eles simplesmente marchavam para a morte sem reagirem.
Mesmo ai é interessante notar que a outra face não era oferecida esta forma “pacífica” de protesto era
apenas uma forma de se opor contra um inimigo comum muito mais poderoso e não uma forma de
conformismo.

Vida Mundana

Citação Chave: "A vida é a grande indulgência – a morte a grande abstinência. Então aproveite ao
máximo a vida – AQUI E AGORA! Não existe um paraíso de glorioso esplendor ou um inferno onde os
pecadores queimam. Aqui e agora é nosso local de tormento! Aqui e agora nosso momento de alegria!
Aqui e agora é nossa oportunidade! Escolha então este dia, esta hora, pois nenhum redentor jamais
viveu! Diga a seu próprio coração: “Eu sou meu próprio redentor”."

Comentário:

O assunto dominante deste ato é a Vida Mundana. Ou seja, a vida do mundo, a vida terrena e
contraposição a vida do além e as promessas de todas as outras religiões. Resumindo, o Satanismo não
devota tempo ou material demasiado para a possibilidade de uma existência após a vida, ele deixa essa
possibilidade ou impossibilidade, aberta para a crença pessoal de cada Satanista. Seja qual for esta visão
do pós-morte o Satanista encarará a vida que vive como a única vida que ele tem agora, por isso fará de
tudo para a levar de maneira satisfatória.
O quarto ato do Livro de Satã também fala sobre o conceito da indulgência satânica, que mais tarde será
intelecualizado por LaVeu no capítulo "Indulgência... NÃO Compulsão" do Livro de Lúcifer." Em poucas
palavras para o satanista o temro Indulgência tem a mesma significação que Verdadeira Vontade tinha
para Aleister Crowley, no Manual do Satanista Morbitvs Vividvs elucida:

A Verdadeira Vontade não tem nada haver com compulsão muito menos abstinência, pois é a medida
verdadeira de toda a estrela. O desejo advindo da compulsão é um risível capricho do id, o
comportamento oriundo da abstinência é mera sujeição á sociedade. Em contrapartida, indulgência é a
sublime manifestação de Baphomet (Logos/Cosmos) no indivíduo. A indulgência é a articulação de
quando as coisas acontecem no momento em que os indivíduos se articulam ao movimento natural das
coisas, como um animal do campo ou um bebê.

Ato V, Bençãos e Maldições Satânicas

Citação Chave: "Abençoados são os forte, pois eles conquistarão a Terra – Amaldiçoados são os fracos,
pois herdarão a escravidão! (...) Abençoados são os vitoriosos, pois a vitória é a base de tudo que é certo
– Amaldiçoados são os derrotados, pois serão vassalos eternos! (...) Três vezes amaldiçoados sejam os
fracos cuja insegurança os tornam vis, pois eles servirão e sofrerão! O anjo da auto ilusão está
acampado na alma dos “justos” – A chama eterna do poder através da alegria habita na carne do
Satanista!"

Comentário: O último ato do Livro de Satã é uma série de benções e Maldições que visam parodiar e
corrigir os conceitos do Sermão da Montanha, encontrado nos evangelho cristão. O conceito do direito
natural dos fortes que é proclamado foi compreendido por todos os grandes líderes militares da história.
Adolf Hitler, em seu livro “Mein Kampf”, no terceiro capítulo escreveu: “Se na luta pelos seus direitos
uma raça é subjugada, significa isso que ela pesou muito pouco na balança do destino para ter a
felicidade de continuar a existir neste mundo terrestre, pois quem não é capaz de lutar pela vida tem o
seu fim decretado pela providência. O mundo não foi feito para os povos covardes.” O satanismo não
lida com povos, mas com indivíduos, mas o mesmo pode ser dito quanto a eles.
"Abençoados são os vitoriosos, pois a vitória é a base de tudo que é certo". Este é outro verso
importante, pois guarda a mesma temática do titulo original “Might is Right”, em outras palavras, o
“forte está sempre certo”. São os poderosos os únicos capazes de dizer o que é certo e errado na
prática. Certamente teríamos uma visão bem diferente do que foi o III Reich se Hitler tivesse sido
vitorioso. Nas palavras de Al Capone, “você consegue muito mais, com uma palavra amável e um
revólver do que somente com uma palavra amável.” Stalin dizia que os comunistas jamais
reconheceriam nenhuma lei moral que prejudicasse os planos da revolução. Hoje entendemos que,
Hitler é um monstro, Capone um criminoso e Stalin um facínora, mas isso só reforça o antigo ditado
militar que ensina que “a história é contada pelos vencedores.”

Os padrões de bem e mal, moral e imoral, justo e injusto são definidos por aqueles que sobreviveram
aos conflitos, derrotaram seus inimigos e conquistaram poder, dinheiro e domínio sobre as massas e
criam os métodos de punição para aqueles que se opõe a eles. Nenhuma lei guiou a humanidade até
hoje senão a Lei do mais forte. Nos primórdios da história quando os homens se submetiam à força
bruta de seus líderes, esta relação era mais clara e óbvia. Hoje se submetem à lei oficial de seus países,
que nada mais é do que esta mesma força mascarada.

"Três vezes amaldiçoados sejam os fracos cuja insegurança os tornam vis". Esta passagem, por fim pode
nos remeter diretamente à teoria do ressentimento dos vencidos, da moral dos escravos proposta por
Friedrich Nietzsche. O modelo em que a hierarquia social nasce de um duelo onde o vencido para se
manter vivo aceita ser escravo e reconhece no vencedor o seu senhor já fora identificado por Hegel.
Nietzsche contudo extrai deste duelo outras conseqüências. Em dado momento da história, mais
especificamente na Palestina durante a destruição do segundo Templo de Salomão, um povo foi mais
uma vez vencido por outro, mas desta vez, mais do que em qualquer momento anterior destilou-se o
veneno do ressentimento. Tudo aquilo que era associado aos vencedores romanos, o que quer que
fosse forte, nobre, altivo, saudável, corajoso, passou a ser denunciado como "mau". E tudo o que era
vil, fraco, vencido, ferido e covarde, começou a aparecer como sendo "bom". Os escravos, não podendo
ganhar a batalha, mudam os próprios valores. Séculos mais tarde, esta artimanha acabou por transferir-
se e ser institucionalizada aos próprios romanos, curiosamente no seu período de maior decadência.

Livro de Lúcifer
Complementos ao Livro de Lúcifer:

Atlas Shrugged, Ayn Rand

Biografia do Diabo, Cousté

Poder do Mito, Campbell

Satanomicon, Lord Ahriman

Citação Chave: "O deus Romano Lúcifer era o portador da luz, o espírito do ar, a personificação da
iluminação. (...) A simples verdade nunca tornou ninguém livre. É a DÚVIDA que traz a emancipação da
mente. (...) Se é para se acreditar nestas acusações teológicas de que o Diabo representa a hipocrisia,
então a conclusão lógica é que ELE, E NÃO DEUS, ESTABELECEU TODAS AS RELIGIÕES ESPIRITUAIS E
ESCREVEU TODAS AS BÍBLIAS SAGRADAS! Quando uma dúvida é seguida por outra a bolha já enorme,
graças ao acúmulo de falácias sem fim, ameaça estourar. Para aqueles que já duvidam dessas supostas
verdades este livro é uma revelação. Então Lúcifer terá se erguido. Agora é o momento para dúvidas! A
bolha da hipocrisia está estourando e soa como o rugido do mundo!"

Considerações:

O Livro de Lúcifer: a Iluminação é o segundo livro da Bíblia Satânica e é simbolicamente associado ao


elemento Ar. Depois do forte apelo emocional do livro anterior LaVey baixa o tom e trata o satanismo
de um ponto de vista racional. embora todo momento apele a iconografia e a estética diabólica. O Livro
de Lúcifer busca traçar logicalmete uma filosofia de vida baseada no egoísmo e no materialismo e é por
assim dizer o grande manifesto intelectual de LaVey. Impossível não enxegar os paralelos com a filosofia
nietzchiana e o objetivismo. O livro é dividido em vinte ensaios, cada um apresentando um componente
vital da arquitetura ideológica do satanismo.

A Iluminação

Procura-se Deus Vivo ou Morto


Citação Chave: "O conceito de “Deus”, da forma que é interpretada pelo homem, já sofreu tantas
mudanças durante os séculos, desde que foi criada, que o Satanista simplesmente aceita a definição que
melhor lhe convém. O homem sempre criou seus deuses e não o contrário. Para alguns Deus é benigno
– para outros atemorizante. Para o Satanista “Deus” – seja como for chamado ou mesmo se não tiver
nome algum – é um fator de equilíbrio da natureza e não algo preocupado com o sofrimento. Esta força
poderosa que permeia e equilibra todo o universo é impessoal demais para se importar com a alegria ou
a desgraça das criaturas feitas de carne e sangue que habitam este amontoado de pedras e terra que
flutua no espaço."

Considerações:

Neste capítulo Lavey propõe uma aproximação do Satanismo quanto a problemática da existênciae
natureza da divindade. O resultado é uma aproximação utilitarista da abordagem junquiana de Deus.
Carls Gustav em "A vida simbólica" afirma que “Encontramos muitas representações de Deus, mas o
original ninguém consegue encontrar. Para mim não há dúvida que o original se esconde atrás de nossas
representações, mas ele nos é inacessível. Jamais estaríamos em condições de perceber o original,
porque deveria ser antes de mais nada traduzido em categorias psíquicas para tornar-se de alguma
forma perceptível. E presumo que a diferença entre o ser humano e o criador de todas as coisas é
incomensuravelmente maior do que entre um ser humano e uma barata. Porque seriamos tão
imodestos a ponto de supor que poderíamos encerrar um ser universal dentro dos estreitos limites de
nossa linguagem?”

O principal argumento sobre a inexistência do Deus Vulgar apresentado pelas demais religiões
formulado por Hume é brevemente citado. Hume foi a primeira figura de destaque na história
intelectual moderna a fazer um ataque devastador sobre a religião e a teologia. No décimo capítulo de
seus Diálogos encontramos este argumento, que está resumido e esquematizado abaixo:

1 - Deus seria um ser onipotente, onisciente e infinitamente bom.

2 - Um ser onipotente e onisciente pode eliminar todo mal e sofrimento do mundo, e sabe como fazê-lo.
3 - Um ser infinitamente bom deseja eliminar todo o mal e sofrimento do mundo

4 - Se Deus existe, não há mal e sofrimento no mundo

5 - No mundo há mal e sofrimento

6 - Consequentemente Deus não existe.

A lógica irrefutável e os golpes intelectuais de Hume foram tais que as religiões, em especial para a
cristandade que até hoje seus adeptos mais cultos sentem seus efeitos. Depois dele a única opção dos
teístas foi aceitar que não há justificação racional para crenças religiosas populares, como fez Hume ou
então tentar a todo custo refutar estas críticas como tem tentado os teólogos de todas as linhas desde
então.

“Deus está morto”. A referência à Nietzsche é clara. Uma leitura de Gaia e a Ciência (125) seria bem
sadia para esta reflexão. Resumidamente, Deus não pode estar morto se jamais esteve vivo. O que está
morta é a representação passada que a humanidade tinha de Deus, a “idéia de Deus” é que está
morrendo. Contrastando com a mentalidade dos séculos anteriores onde a divindade patriarca-criadora-
abrahâmica era o centro do mundo, agora ao menos o ocidente começou a descobrir um novo modo de
viver e pensar sobre a vida. Deixando de lado os antigos valores e crenças a humanidade “matou" o
Deus dos séculos passados. De fato ele ainda perturba, como Nietzsche disse, “por séculos ainda
veremos sua sombra”. Mas LaVey está certo também, Sua saúde não é mais a mesma.

No entanto, Michael Aquino, fundador do Templo de Set alerta em seu livro “Church of Satan”: “Se o
Satanista vê a si mesmo como deus, então eu perguntaria, onde foi parar Satã?” Deve ele ser
considerado um mero símbolo? Num senso vulgar, sim. Não haveria sentido para o Satanista livrar-se de
Deus simplesmente para colocar outro Deus no seu lugar, tenha ele ou não chifres. Mesmo num sentido
alegórico esta seria tanto a destruição de Deus como a destruição dos próprios princípios satânicos

Não deve apenas o Satanista evitar que o Diabo tome o trono de Deus, mas deve também fazer questão
de que ele mesmo fará isso. Ele deve se livrar de Deus, mas simultaneamente deve preservar a
inocência de espírito que permitiu em primeiro lugar reconhecer os horrores que um deus externo pode
fazer.

Satã é o símbolo de tudo aquilo que o Satanismo busca e representa. Mas este simbolismo é apenas
uma parte da verdade. Já que o ser humano pode agir e pensar contra este "fator de equilíbrio"
identificado por muitos como Deus, precisamos identificar qual é a fonte para esta nossa habilidade.
Este é um dos “segredos” da Igreja de Satã que foram expostos pelo Templo de Set, e relaciona-se
perfeitamente com a visão teosófica do Diabo. Para Michael Aquino esta fonte é o que faz do
Satanismo algo muito maior do que um simples exercício psicodramático de narcisismo. É a inteligência
da humanidade que personifica o príncipe das Trevas - não como um símbolo ou alegoria, mas como um
ser que toma consciência e adquire uma mente que se destaca e se reconhece dentro do universo. Para
H. P. Blavatsky “está provado que Satã, ou o Dragão Vermelho... e Lúcifer, ou “O Portador da Luz” estão
em nós: é a nossa Mente. Nossas mentes que são como luzes brilhando até onde podem numa
escuridão infinita. Como se fossemos estrelas. Como portadores de luz. Como luciferes.

Em harmonia a isso, Friedrich Nietzsche, em "Para Além do Bem e do Mal", declara nos parágrafos 9 e
37 de sue livro “Ó nobres estóicos, quereis viver “de acordo com a natureza”? Que falsas palavras!
Imaginai um ser como a natureza, pródigo o mais possível, o mais possível indiferente, sem intenções
nem considerações para com ninguém, sem piedade nem justiça, fecundo e árido e incerto ao mesmo
tempo, imaginai a própria indiferença como força. Como poderíeis viver segundo essa indiferença? Viver
não é precisamente um querer-ser-diferente dessa natureza? Viver não consiste em querer avaliar,
preferir, em ser parcial, limitado, diferente? (...) Mas como? No falar coloquial isso não quereria dizer:
Deus está refutado – mas não o Diabo? Pelo contrário! Pelo contrário meus amigo! E, que diabo, quem
vos obriga a falar em linguagem coloquial?”

Equilibrando-se entre o ateísmo e o agnósticismo LaVey continua o capítulo e de cara acusa as orações
judaico-cristãs de serem hipócritas e fantasiosas. É preciso no entanto entender o contexto religioso em
que estamos inseridos. O Protestantismo é a corrente do Cristianismo que surgiu com a Reforma
Protestante, no século XVI, iniciada pelo teólogo alemão Martinho Lutero. A proposta defendida por
Lutero era a separação da Fé Cristã com a Igreja Católica e a reaproximação com o Cristianismo
Primitivo. Condenando a venda de indulgências pela igreja e a degradação moral do clero ele fixa na
porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, no seminário onde lecionava, 95 teses questionando dogmas,
preceitos e práticas adotados pelo Vaticano. Essas teses são consideradas heréticas pela Igreja Católica e
em 1519 Lutero corta laços com o catolicismo ao negar o primado do Papa. Em 1521 é excomungado. As
teses de Lutero encontram receptividade em outros países da Europa e acabam por gerar um
movimento pela reforma da Igreja. O nome protestante é atribuído, na época, aos partidários da
reforma que protestam contra a Dieta (assembléia convocada pelos reis) de Espira, em 1529.

Apesar de perseguido pelo Vaticano, Lutero é amparado pela aristocracia, traduz a Bíblia para o alemão
e funda uma nova igreja. Ele abole a confissão obrigatória, o culto aos santos e à Virgem Maria, o jejum
e o celibato clerical. Dos sete sacramentos católicos, ele só aceita os do batismo e da eucaristia. Nem
todas as suas teses, porém, são aceitas por seus aliados em outros países e, em razão disso, o
protestantismo dá origem a diferentes correntes de pensamento teológico e ao nascimento de novas
igrejas cristãs, como a dos seguidores do francês João Calvino e do inglês John Wesley.

Diz-se que Lutero era arrogante em relação a quem quer que o contradissesse, chegando a agredir o
opositor com o mesmo turpilóquio do qual se servia para exorcizar os demônios, deixando
escandalizados alguns dos mais tolerantes, livres e despreconceituosos intelectuais da Europa. Erasmo
de Roterdã descreve a pregação de Lutero com as seguintes palavras: “Gritam sem parar: Evangelho!
Evangelho! Mas gostaria de ver explicado só esse. [...] Vejo novos hipócritas, novos tiranos, mas não
vejo uma centelha de espírito evangélico.”

Thomas Morus, autor de Utopia, escreve: “Lutero só fala de Latrinas, de esterco e de lama, usando a
língua nos modos mais ultrajantes. Se continuar a servir-se dessa linguagem da prostituição, e a encher a
boca de água suja, urina e defecação, outros poderão adequar-se ao seu estilo ou fazer até pior.” Dois
séculos mais tarde Voltaire escreve que: “Não se pode ler sem um sorriso de piedade o modo como
Lutero trata com a maior rudeza seus adversários, principalmente o Papa.”

Os protestantes, também chamados de evangélicos, dividem-se atualmente em inúmeros grupos: Igreja


Luterana, Igreja Presbiteriana, Igreja Episcopal Anglicana, Igreja Batista, Igreja Metodista, os
Pentecostais como a Congregação Cristã, Assembléia de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular, os
NeoPentecostais como a Igreja Universal do Reino de Deus, Sara Nossa Terra e Renascer em Cristo além
da Igreja Adventista, da Mórmon (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) e das Testemunhas
de Jeová.

Não importa sua religião, sempre haveram muitas pessoas dispostas a dizer que você está errado e deve
pagar com dor por isso. Nas palavras de Ayn rand em Atlas Shrugged, "Danação é o começo de sua
moralidade; destruição é seu propósito, seu meio e seu fim. Seu código começa condenando o homem
como mal, e então demanda que ele pratique o bem, já definido como impossível. Exige então como sua
primeira prova de virtude que ele reconheça sua própria depravação sem ter qualquer provas para isso.
Demanda que comece não com um padrão de valor mas com um padrão do mal, que é ele mesmo, por
meios quais ele deve alcançar o bem, o bem que não ele não é."

Não será difícil ainda para qualquer leitor encontrar discrepâncias na Bíblia Cristã, especialmente entre o
Antigo e o Novo Testamento. Pudera, este livro foi escrito por quarenta homens diferentes num período
que se estende por mais de 1.600 anos só atingindo sua atual forma após o Concilio de Trento,
organizado pela Igreja Católica em 1546. Sendo o assunto aqui a incoerência na discussão religiosa vale
lembrar que não há divergências entre católicos e protestantes quando ao cânon do Novo Testamento.
Ou seja, o conceito de Sola Scriptura dos protestantes é em parte herdeiro direto dos ditames da
tradição romana, e eles enfrentam o Catolicismo usando os mesmos versículos que foram selecionados
pela tradição católica dentre tantos possíveis apócrifos até o século XVI.

Apesar de todas estas divisões, com uma religião mandando a outrapara o inferno, a história é clara:
quando em dúvida o Diabo fica com o judeu. “Tendes por pai o Diabo, e só fazeis a vontade de vosso
Pai” João 8,44. Foi no Novo testamento que se deu o inicio do processo de diabolização do povo judeu.
Sendo os assassinos do salvador, foram durante toda a Idade Média, acusados de assassinato, missas
negras, infanticídio, blasfêmia, feitiçaria e pactos infernais. O último judeu queimado na Inquisição
morreu em 1826 mas de lá para cá não é exagero afirmar que não se passou uma década sequer sem
que alguém desse aos judeus o nome do Diabo. Dos progrons da Rússia e Polônia ao genocídio de
Auschwitz, da forja dos afamados “Protocolos dos Sábios de Sião” ao crescente odio árabe. Os
comunistas diabolizaram o judeu por sua economia, os nazistas por sua raça, os muçulmanos por sua
religião.

O capítulo todo revela portanto porque o verdadeiro Satanista apesar de dever conhecer as artimanhas
das outras religiões não perder seu tempo combatendo o cristianismo ou qualquer outra religião. A
cristandade já está morrendo, ao menos na medida em que a lagarta deve morrer para nascer a
borboleta. As transformações sociais e nos indivíduos estão fazendo antigos dogmas serem revistos e
novas praticas serem adotadas. O melhor mesmo é deixar o cristianismo morrer de morte natural. Não
há necessidade de se profanar templos, pois uma coisa só pode ser profanada se for sagrada. E na Nova
Era Satânica nada mais o é.

O Deus que você salva pode ser você mesmo

Citação-chave: "Todas as religiões de natureza espiritual são invenções do ser humano. Ele criou um
sistema inteiro de deuses usando nada mais nada menos do que seu cérebro carnal. Só porque ele
possui um ego e não pode aceitá-lo acaba exteriorizando-o na forma de um grande ardil espiritual
batizado por ele mesmo de “Deus”. Deus pode fazer tudo aquilo que o ser humano é proibido de fazer –
como por exemplo matar outras pessoas, realizar milagres para gratificar a própria vontade, controlar
sem ter nenhuma responsabilidade aparente, etc. Se o ser humano precisa de um deus assim e
reconhece esse deus então está adorando uma entidade criada por outro ser humano. Então, pela
lógica, ELE ESTÁ ADORANDO A PESSOA QUE INVENTOU DEUS. Não seria muito mais sensato então que
este mesmo ser humano adorasse a um deus que tivesse sido criado por ele mesmo ou ela mesma, um
deus em harmonia com suas próprias necessidades emocionais – um deus que represente da melhor
forma possível o ser físico, feito de carne e osso, que possui o poder mental capaz de criar um deus em
primeiro lugar?"

Considerações:

Seguindo o conceito de "Eu sou meu próprio deus" com uma completa explicação da visão de mundo
satânica este capítulo declara que todos os deuses foram criações da mente humana, e adorar um deus
externo é adorar o outro ser humano que o criou por tabela. Assim a conclusão de LaVey é que
deveriamos criar nossos próprios deuses, a sabe nos mesmos, e então adorá-lo. O resultado obviamente
é enxergar a si mesmo como o mais importante de todos os seres e adotar uma visão e comportamento
centrados em si mesmo.

Contra uma tendência antiga da sociologia de reduzir todo o aspecto religioso a coerção social
(Durkheim) ou as ilusões da superestrutura (Marx), temos em Carl Gustav Jung, a primeira defesa séria
de que o dogma é mais uma resposta cultural a uma necessidade interna do que uma resposta interna a
uma necessidade cultural. Ou como nas palavras de LaVey, o dogma é uma necessidade. Em ‘Psicologia
e Religião’ Carl Gustav Jung expõe que o dogma é uma ferramenta do aparato mental humano, que
pode ser observada em todos os indivíduos e povos. Exatamente como os sonhos o dogma reflete a
atividade espontânea e autônoma da psique objetiva, isto e do inconsciente. Uma fidelidade tranqüila e
relaxada as categorias religiosas pode nos resguardar de uma dinâmica dissolutiva prejudicial a
integração com o Self.

Sobre a importância do dogma, basta ver os grandes movimentos sociais do século XX, o romantismo do
século XIX e os fenômenos religiosos de todos os séculos anteriores. Quando a isso a leitura de Gustave
Le Bon, em "As Opiniões e as Crenças” é reveladora. Segundo ele a fé num dogma qualquer é, sem
dúvida, de um modo geral, apenas uma ilusão. Cumpre, contudo, não a desdenhar. Graças à sua mágica
pujança, o irreal torna-se mais forte do que o real. Uma crença aceite dá a um povo uma comunhão de
pensamentos que originam a sua unidade e a sua força. Sendo o domínio do conhecimento muito
diverso do terreno da crença, opô-los um ao outro é tarefa inútil, embora diariamente tentada.
As leis que regem a psicologia da crença não se aplicam somente às grandes convicções fundamentais,
que deixam uma marca indelével na trama da história. São também aplicáveis à maior parte das nossas
opiniões quotidianas relativamente aos seres e às coisas que nos cercam.

A observação mostra que, na sua maioria, essas opiniões não têm por sustentáculos elementos
racionais, porém elementos afetivos ou místicos, em geral de origem inconsciente. Se nós as vemos
discutidas com tanto ardor, é precisamente porque elas pertencem ao domínio da crença e são
formadas do mesmo modo. As opiniões representam geralmente pequenas crenças, mais ou menos
transitórias.

Seria, pois, um erro supor que se sai do terreno da crença, quando se renuncia às convicções ancestrais.
Teremos ensejo de mostrar que, as mais das vezes, ainda mais se aprofundou nesse domínio. Sendo as
questões suscitadas pela gênese das opiniões da mesma natureza que as relativas à crença, devem ser
estudadas de modo análogo. Muitas vezes distintas nos seus esforços, crenças e opiniões pertencem, no
entanto, à mesma família, ao passo que o conhecimento faz parte de um mundo inteiramente diverso.

Um dogma e seus casos específicos como Deus, Sobrenatural, Tão, Mística, Magia e realidades últimas
em geral, portanto não são simplesmente um fenômeno da cultura para aqueles que nele crê, mas uma
demanda feita ao entendimento humano que vem de sua própria orientação biológica.

O Satanista deve contudo entender que isso não implica na veracidade de qualquer dogma, mas apenas
reconhece sua existência e importância em nossa configuração psíquica. Novamente em ‘Psicologia e
Religião’ Jung escreve: “Incorreria em erro lamentável quem considere minhas observações como uma
espécie de demonstração da existência de Deus. Elas demonstram somente a existência de uma imagem
arquetípica de Deus e, na minha opnião isso é tudo o que se pode dizer psicologicamente cerca de
Deus.”

Segundo Carls Gustav Jung, todos os deuses já adorados e temidos pelo homem são de fato projeções
coletivas de algo que existe previamente dentro da mente humana. Os chamados arquétipos carregam
em si as mesmas grandes aspirações e problemas enfrentados pela psique humana. Refletindo uma
mesma realidade psíquica, eventualmente os povos criaram formas semelhantes de arquétipos, o que
levou Jung a chamá-los também de Imagens Primordiais. Cada época e cada povo aprenderia contudo a
trabalhar com estes arquétipos a seu próprio modo, mas Jung identificou que em todos os períodos
sempre existiram indivíduos capazes de lidar com os arquétipos de modo mais “identificante”, íntimo e
pessoal. Os trabalhos do místico no real sentido da palavra é uma das propostas do Satanismo.

Uma afirmação interessante neste capítulo é que, por mais cética e ateísta que uma pessoa seja, a
necessidade de dogmas e rituais será sempre uma constante. Jean Baudrillard, em A moral dos
objetos confirma isso ao lembrar que “para as massas, o Reino de Deus sempre esteve sobre a terra, na
imanência pagã das imagens, no espetáculo que a Igreja lhes oferecia. Desvio fantástico do princípio
religioso. As massas absorveram a religião na prática sacrílega e espetacular que adotaram. Nenhuma
força pode converte-las à seriedade dos conteúdos, nem mesmo à seriedade do código, isso não lhes
importa, elas querem apenas signos, elas idolatram o jogo dos signos e de estereótipos desde que eles
se transformem numa seqüência espetacular...” LaVey conhecia essa necessidade de espetáculo e
ritual, por isso arquitetou uma série de cerimônias que os satanistas poderiam se dedicar sem desviar
sua atenção para mentiras metafísicas.

Nada obriga uma pessoa a satisfazer estas necessidades adorando um deus externo. Se reconhecermos
que os rituais e cerimônias foram artifícios importantes que as religiões utilizam para manter sua fé em
uma mentira, então segundo LaVey o mesmo tipo de ritual poderá agora manter sua fé na verdade.
Voltando a Jung, os rituais encontrados em todas as expressões culturais da humanidade são, em sua
grande maioria, formas de interagir e se aprofundar no relacionamento com os arquétipos de cada
civilização. De fato, como propõe LaVey, nada impede, que isso seja feito de maneira consciente e esta
é inclusive a chave para diversas terapias psicanalíticas baseadas no trabalho de Jacob Levy Moreno e
outros alunos de Freud.

Algumas Evidências de uma Nova Era Satânica

Citação-chave: "Os tempos mudaram. Líderes religiosos não pregam mais que nossos atos naturais são
pecaminosos. Nós não achamos mais que sexo é algo sujo – ou que nos orgulharmos de nós mesmos é
algo vergonhoso – ou que desejar algo que outra pessoa possui é errado.” (...) Quando um potro atinge
a maturidade se torna um cavalo; quando o gelo derrete é chamado de água; quando o período de doze
meses chega ao fim nós seguimos um novo calendário correspondente a este novo período cronológico;
quando a “magia” se torna um fato científico nós a chamamos de medicina, astronomia, etc. Quando
um nome não é mais apropriado para designar determinada coisa é apenas lógico mudar para um novo
que seja mais conveniente. Então por que não seguir a lógica quando o assunto é religião? (...) Por que
não ter uma religião baseada na indulgência? Certamente é muito mais condizente com a natureza da
besta. Nós não somos mais fracos suplicantes, tremendo de medo diante de um “Deus” impiedoso que
não se importa se vivemos ou morremos. Nós somos pessoas com respeito próprio e orgulhosas de nós
mesmas – nós somos Satanistas!"

Considerações:

Esta capítulo é mais longo do que os dois anteriores dedicados a denúncia das religiões tradicionais
como hipócritas e auto-destruidoras. Por sua vez este capítulo começa a oferecer o satanismo como
uma alternativa real para satisfazer as necessidades humanas. Ele se inicia fazendo uma abordagem
revolucionaria dos Pecados Capitais. “Capitais”, à título de informação, vem do latim caput, “cabeça”, ou
seja, os pecados capitais seriam aqueles que supostamente encabeçariam todos os outros pecados
conseqüentes. Estas sete graves faltas só foram listadas sob os auspícios do Papa Gregório Magno, no
século VI.

LaVey sugere que os Pecados Capitais são na verdade os instintos humanos naturais e nada tem de
pecaminosos. Que se traram de necessidades humanas inegáveis cuidadosamente identificadas pelo
cristianismo para garantir que todo ser humano seja inevitavelmente um pecador e que portanto não
tem escolha senão implorar o perdão de Deus, garantindo assim o poderio da Igreja sobre as pessoas
por séculos a fio. Como se o Pecado Original já não bastasse para sujar condição humana, agora o
simples fato de estar acordado já serviria para completar o trabalho. E ai dos preguiçosos que
preferissem ficar na cama para evitar este problema!

Por sua vez LaVey declara que todos estes pecados capitais são o comportamento humano natural e que
deveriam ao contrário ser considerados virtudes. Esta visão é muito semelhante a apresentada por Ayn
Rand em Atlas Shrugged: “Qual é a natureza da culpa que seus professores chamam de Pecado Original?
Qual é o mal que o homem adquire quando cai do estado que eles consideravam perfeito? Seus mitos
declaram que ele mordeu o fruto do conhecimento - que ele adquiriu uma mente e se tornou racional. É
adquiriu o conhecimento do bem e do mal, tornou-se um ser moral. E ele foi sentenciado a ganhar o
próprio pão com seu trabalho e se tornar um ser produtivo. Ele foi ainda sentenciado a experimentar o
desejo e adquiriu capacidade do desfrute sexual. Oras, o mal que ele adquiriu foi a razão, a moralidade,
a criatividade e o prazer - valores cardeais da existência.”

O próximo alvo da B[íblia Satânica é até então intocável, Regra de Ouro: Faça aos outros o que gostaria
que fizessem com você. LaVey demonstra que dar a outra face é uma estratégia fadada ao fracasso.
Segundo matéria publicada na Revista Época nº 362, por Tânia Nogueira um estudo feito do professor
Dominique de Quervain, da Universidade de Zurique, mostra que quando uma pessoa pune alguém há
um aumento de fluxo-sanguíneo no estriado dorsal. Essa região, também conhecida como cérebro
reptiliano, é uma das mais antigas na história da evolução de nossa espécie e nela se localiza uma série
de sensações ligadas a satisfação de necessidades básicas, corrigir uma injustiça daria prazer, assim
como matar a fome. (...) A vingança serve para coibir atos indesejados. Isso aumenta as chances de
sobrevivência do grupo, explica Paulo Henrique Bertolucci, chefe do setor de Neurologia do
Comportamento da Universidade Federal de São Paulo. Pagar com a mesma moeda pode parecer
primário mas era a base da justiça dos homens. Veja-se a lei de talião, do código de hamurabi, da
Babilonia, no século XVIII a.c, que pregava o olho por olho, dente por dente. Mesmo assim o estado
ainda hoje não consegue legislar sobre a vida privada. Entre amigos e inimigos, a vingança pessoal ainda
é a lei. Contudo, o fato de uma região mais primitiva do cérebro ser acionada num primeiro momento
não significa que a vingança é um ato inteiramente impensado. "O estriado dorsal está subordinado as
estruturas mais evoluídas do cérebro", diz Bertolucci. "O córtex frontal é que decide entre o certo e o
errado." por maior que seja a fome de vingança, seres racionais sabem que tem de pesar prós e contras
de suas atitudes para não cometer atos dos quais podem se arrepender.

A lógica da reciprocidade é bem simples, e já foi inclusive comprovada em laboratórios. Programas


computadorizados, que reproduzem o algoritmo evolucionário simulando formas de vida que tentam
sobreviver e se reproduzir revelaram que os vencedores após milhares de gerações são sempre aqueles
que, depois de uma primeira rodada apostando na cooperação, retribuí na próxima rodada
generosidade com cooperação e exploração com vingança. Este script simples evita-se que o ente seja
injustiçados duas vezes, se protegendo e se defendendo ao mesmo tempo que permite manter alianças
com aqueles suficientemente colaborativos. Essa programação natural pode parecer ‘corrupta’ para
uma mentalidade que estimula a aceitação passiva de agressões e injustiças e cruel para os organismos
que depois de iniciar o conflito são por ela eliminados. Corrupto e cruel guarde estas palavras.

O fato é que a reciprocidade é extremamente bem sucedida em termos evolucionários, por mais que as
religiões da luz branca tentem apagá-la. Mas além dela o ser humano graças ao seu desenvolvimento
intelectual pode inclusive superar este script básico de sucesso. Enquanto serem racionais temos a
chance única de analisar o contexto de cada interação com o ambiente e perceber quando uma
vingança pode ser prejudicial e quando uma colaboração pode não ser benéfica, nos tornamos assim
como diz LaVey, o animal mais “corrupto e cruel de todos”.

Nem sempre é benéfico para um soldado responder a altura um general, e nem sempre dar uma esmola
a um mendigo será recompensador. Assim, mesmo a reciprocidade deve passar pelo crivo da razão, e
mesmo a nossa ‘lei de ouro’ não vale mais do que uma moeda de prata se comparada à mente e juízo
pessoal de um Satanista.

O capítulo continua, dessa vez mostrando como os próprios religiosos tiveram que reinterpretar seus
livros sagrados frente a esse estranho novo espírtio que acordou nos anos 60. LaVey demonsra como
gradualmente os sacerdotes se tornam mais indulgentes com os desejos humanos. E de fato, foi em
1959 que o Papa fez, pela primeira vez, o uso da palavra “aggiornamento”: adaptação. Isso refletia uma
necessidade que ficaria cada vez mais evidente até o II Concilio do Vaticano em 1962-1965. O assunto
oficial do concilio ficou bem claro na encíclica inaugural Ad Petri cathedran: “a renovação da vida cristã e
a adaptação da disciplina eclesiástica às exigências da época presente”. Este período iniciaria na Igreja
Católica o processo de adaptação ao mundo que já estava em andamento nas igreja protestantes desde
longa data.

Os cultos neo-pentecostais ainda que sejam uma rentável máquina de alienação popular já representam
uma evolução se comparada ao sofrível cristianismo medieval. A controversa Teologia da Prosperidade,
já promete a felicidade, a prosperidade e a abundância para agora, não mais para o além. Os rituais
possuem apelos cada vez mais emocionais e menos espiritualizados e a cura física é mais aclamada do
que a absolvição dos pecados. A Igreja Universal do Reino de Deus é emblemática quanto a isso, pois já
fornece tanto a “Terapia do Amor”, onde solitários podem dar vazão a seus anseios e encontrar
parceiros, como a “Vigília dos Empresários”, onde homens de negócios se reúnem em busca da
abundância material. Ou seja, guardadas as devidas proporções já temos um ritual de Luxúria e um de
Compaixão, não temos ainda nenhum rito de Destruição, mas as “Seções de Descarrego” já
transformaram o exorcismo num exercício de catarse espetacular, com direito ao medo e a curiosidade
de ouvir o “demo” falar na televisão.
Monique Evans surpreendeu ao assumir sua identidade evangélica, e passando a freqüentar os cultos na
Igreja Sara Nossa Terra, sem abrir mão do topless e da minissaia. “É possível aceitar Jesus sem ter que
mudar nosso jeito de ser. (...) O topless é uma coisa natural em outros países e o importante é que
nunca mais me senti sozinha e alguns milagres vêm acontecendo seguidamente em minha vida.” (Fonte:
site da apresentadora). A sensualidade evangélica, é de fato, um fenômeno nacional e um destes termos
contraditórios que marca o fim da cristandade tal como a conhecíamos neste inicio da Nova Era
Satânica. Evangélicas famosas, como Baby do Brasil e Simony já posaram em capas de revistas
masculinas, sem serem expulsas ou castigadas pelas Igrejas que freqüentam, na certeza de que
“acredito muito em Jesus, e sei que ele nunca vai me julgar.” A cantora Greetchen exempifica muito
bem o caso, considerando que fala maravilhas sobre o evangelho em programas de entrevistas, para
logo depois estar novamente posando nua para revistas masculinas, incentivando suas filhas a fazerem
o mesmo e lançando CD’s com o impagável título, “Piripiri de Jesus”.

Difícil ainda prever nos idos anos 60 o fenômeno do rock cristão que se desenvolveu nas décadas
seguintes. Mas aquilo que LaVey conjeturou com escárnio, hoje muitos cristãos celebram com alegria.
Nos idos dos anos 80 bandas como Agape, Love Song, Petra, Ressurection Band, e especialmente Stryper
revolucionariam a musicalidade nas igrejas criando os primeiros estágios do rock cristão. Estas bandas
encarregaram-se de rebelar-se contra preconceitos religiosos e culminaram na formação do White
Metal como veículo novo e eficiente para a celebração cristã. Keith Green um dos principais músicos
evangélicos internacionais, fundador do ministério “Last Days Ministries”, faz um mea culpa em nome
da cristandade atual: "Para ser franco, tenho me sentido tão ofendido pela maioria daquilo que tenho
visto e ouvido quanto uma doce vovozinha crente que, acidentalmente, acaba entrando num show de
rock evangélico... não é o som que me desagrada, nem mesmo o volume, Deus sabe que não é a letra - é
o espírito com que é feito. Trata-se da atitude do tipo "olha para mim!" que tenho presenciado em
repetidos programas do gênero e também na síndrome do "será que vocês não percebem que somos
tão bons quanto os roqueiros do mundo?", que tenho encontrado repetidamente nos discos
evangélicos". Hoje, o espetáculo presente na musicalidade cristã é evidente. Showmissas e Marchas
para Jesus unem fiéis e astros gospels para além do rock, todos os ritmos, do funk à lambada, são
aceitos pelas congregações cada vez mais liberais, engrandecendo o ego e as contas bancárias daqueles
que são justamente conhecidos pelas duas palavras: artistas evangélicos. Palavras estas em evidente
ordem de importância.

Por fim, há tempos as Igrejas deixaram de ser os pontos centrais das cidades mesmo que ainda estejam
presentes transformadas em pontos turisicos ou sucateadas. Hoje, shoppings, parques e centros de
lazer são os destaques que levantam verdadeiros monumentos a indulgência humana. Observando
assim o mundo a sua volta LaVey chega a conclusão de que as antigas crenças se adaptaram tanto,
mudaram tanto que se tornaram obsoletas e que deveriam ser descartadas inteiramente e substituidas
por uma religião verdadeiramente compromissada com as necessidades da carne. Satanismo é o nome
desta religião;

Inferno, o diabo e como vender sua alma

Citação-chave: Satã tem sido indubitavelmente o melhor amigo que a igreja jamais teve, uma vez que foi
ele que a manteve funcionando durante todos esses anos. (...) O significado semântico de Satã é o
“adversário”, o “opositor” ou o “acusador”. A palavra “demônio” se originou do latim daemon, que por
sua vez veio da palavra grega daimon que significa “deus”. Satã representa a oposição a todas as
religiões que são contrárias ao ser humano e o condenam por seus instintos naturais. Ele apenas
recebeu o papel de vilão porque representa os aspectos carnais, mundanos e materialistas da vida. (..) A
maioria dos Satanistas não aceitam Satã como uma entidade antropomórfica com cascos fendidos,
cauda pontuda e chifres. Ele simplesmente representa uma força da natureza – os assim chamados
“poderes das trevas”, que receberam este nome porque nenhuma religião foi capaz de tirá-los dessas
trevas e nem a ciência foi capaz de aplicar um termo técnico para designá-los. Ele é um imenso
reservatório intocado ao qual poucos tem acesso graças à habilidade que possuem de saber usar uma
ferramenta sem antes ter que desmontá-la e então classificar cada uma das partes que a faz funcionar.
(...) Satã como um deus, semi-deus, salvador pessoal ou seja lá como você prefere chamá-lo, foi
inventado pelos criadores de cada uma das religiões da face da terra com um único propósito – para
presidir sobre cada uma das atividades e ações tidas como pecaminosas realizadas pelos seres humanos
aqui na terra. Consequentemente tudo que resultasse em gratificação física ou mental foi definido como
pecaminoso – garantindo assim uma vida de culpa injustificada para todos! Então se foi de pecadores
que nos chamaram, pecadores nós seremos – grande coisa! A Era Satânica está sobre nós! Porque não
tirar vantagem disso e VIVER![20]

Considerações:

Neste capítulo LaVey se dedica a explicar uma pergunta essencial para quem já conhece e concorda com
os pontos dos capítulos anteriores. A saber, "Se o ele não acredita nos conceitos tradicionais de deus e
do diabo, por que chama a si mesmo de Satanista?"
Inicialmente é preciso purgar a mente de toda falsa concepção do que realmente é o diabo.H.P
Blavatsky em A Doutrina Secreta escreveu que a Teologia, repetindo a famosa decisão de Trento,
procura convencer as massas que: “Desde a queda do homem até o seu batismo, o Demônio exerce
pleno poder sobre ele, e o possui de direito.

A isso responde a Filosofia Oculta: “Primeiro provai a existência do Diabo como entidade, e então
poderemos crer em semelhante possessão congênita.” Uma dose mínima de observação e de
conhecimento da natureza humana será o suficiente para demonstrar a falsidade desse dogma
teológico. Se Satã tivesse alguma realidade no mundo objetivo ou mesmo no mundo subjetivo (no
sentido eclesiástico), seria o pobre Diabo quem sofreria uma obsessão crônica por parte dos maus – isso
é, pela grande massa da humanidade. Foi a humanidade - e especialmente o clero, conduzido pela
arrogante, pouco escrupulosae intolerante Igreja de Roma - que concebeu o Maligno, lhe deu
nascimento e o criou com amor."

Um parênteses em relação ao Inferno tão apregoado pelas religiões do caminho da mão direita. Como
mostra LaVey o inferno é uma idéia que se desenvolveu com o tempo. E na verdade o Antigo
Testamento possui uma descrição bem superficial para não dizer indiferente de como seria a vida após
a morte. Sheol não era o castigo de fogo eterno dos cristãos, mas o buraco onde seriam colocados todos
aqueles que não tem um lugar para serem sepultados. Na antiguidade não havia um estado preocupado
em enterrar seus mortos, conseguir um túmulo não era para qualquer um. Assim, todo agrupamento de
pessoas cavava um Sheol, um vale para serem jogados ou depositados os corpos dos indigentes,
forasteiros e malfeitores.

Gradativamente Sheol deixou de ser uma cova onde os corpos de uma cidade habitam e passou a ser à
sepultura comum da humanidade morta. Lemos na Enciclopédia da Vida após a morte , de James R.
Lewis que os antigos hebreus enfatizavam a importância da vida presente em detrimento da pós-vida.
Assim como os antigos gregos e mesopotâmicos, a pós-vida, se é que lhe foi dada qualquer
consideração era concebida como uma pálida sombra da vida terrena, bem parecida como Hades
grego. Também similar ao Hades grego, na pós vida hebraica não há distinção entre o tratamento dado
aos justos e aos iníquos após a morte. Pelo contrário, recompensas e punições era ajustadas na vida
presente, talvez por isso o sofredor Jó tenha orado para ser levado ao Sheol (Jó 14:13).

Uma das poucas histórias que mencionam o pós-vida é a da chamada Bruxa de Endor. O rei Saul tinha
banido, sob ameaça de morte, todos aqueles que contatavam fantasmas e espíritos. Entretanto diante
de um exército superior e sem receber respostas de Jeová, Saul disfarçado consulta uma necromante.
Essa mulher , que morava em Endor, convocou o espírito do profeta Samuel do Sheol. Quando Samuel
chegou disse a Saul que este estava a beira da derrota e além do mais que “amanhã tu e teus filhos
estarão comigo” (I Samuel 28:19). Ao afirmar que a Alma de Saul logo estaria residindo no lugar no
mesmo lugar de repouso, aclara implicação é que as distinções morais não influenciam a sina pós-vida –
os bons e justos (Samuel) e os moralmente maus (Saul) terminam ambos no mesmo lugar,
presumivelmente sob as mesmas condições.

As escrituras hebraicas usam a palavra Sheol de diversas significando "a sepultura", "o mundo dos
mortos", “lugar de silêncio”, etc. e assim por diante. Para não ter de dar maiores explicações a
cristandade eliminou as diferenças semânticas e todas as vezes que a palavra Sheol aparece na Bíblia,
ela é simplesmente traduzida como “Inferno”.

A imagem do Inferno e do Diabo foram e ainda são usadas como ferramentas políticas. Hitler como um
profundo conhecedor da psicologia das massas reconheceu e usou ele mesmo este ardil como podemos
ler no capítulo 3 de seu “Mein Kampf”:

“Os chefes (do movimento pan-germânico) deviam saber que para conseguir êxito não se deve nunca
mostrar para as massas dois ou mais adversários por considerações puramente psíquicas, pois isso só
conduziria de outra maneira ao desagregamento da força combativa. Quem não consegue isso, não
deve ter a pretensão de ser um chefe político. A arte de todos os grandes condutores de povos, em
todas as épocas, consiste, em primeira linha, em não dispersar a atenção de um povo, e sim em
concentrá-la contra um único adversário. Quanto mais concentrada for a vontade combativa de um
povo, tanto melhor será a atração magnética de seus movimento e mais formidável o ímpeto de seus
golpes.”
LaVey explica a origem da palavra "Satan" como um termo para designar "adversário" e não
especificamente destinado a uma criatura sobrenatural ou a qualquer inimigo especificamente. Na
versão original LaVey escreve que a palavra inglesa “devil” (diabo), se teria sua origem na palavra
indiana devi, que significa “deus”, no entanto o dicionário Collins Concise dictionary Plus – Glasgow,
1989, afirma que a origem semântica da palavra “devil” é, assim como “diabo” em português, a
palavra latina diabolus, que se derivou da palavra grega diabolos, que significa “inimigo, acusador,
caluniador”, contudo, existe também a possibilidade da origem estar no verbo grego diaballo, cujo
significado é jogar no meio, atravessar o caminho ou metaforicamente, separar, dividir, fazer tropeçar e
cair. A palavra “devi” a qual LaVey se refere é uma deusa Hindu, a personificação da energia feminina de
Shiva. A palavra “devi” tem origem na palavra sânscrita Deva, que significa “brilhante” e é usada para
descrever cada um dos deuses da teogonia bramânica.

A mesma publicação aponta que a origem da palavra inglêsa “demon” assim como o seu equivalente em
português “demônio” é a palavra grega daimon, que significa “espírito”, “deidade”, “destino”.

Entre os hebreus Satã era originalmente o adversário dos homens pois era aquele que tentava e testava
sua fé. Contudo não era a princípio inimigo de Deus e sim um de seus filhos, um dos bene haelohim,
nome este que mais tarde foi posto no singular pelos tradutores bíblicos para ocultar o fato de que os
primeiros judeus eram politeístas.

Ele segue então com uma descrição mitológica e literaria sobre o significado de Satan, a começar pelo
deus grego pã. O leitor deve entender que durante o processo de catequisação dos povos pagãos, uma
das estratégias da Igreja Cristã era identificar as Trindades nos deuses locais ou relaciona-los a alguns de
seus numerosos anjos e santos. Contudo vez por outra o clero se deparava com alguns personagens que
simplesmente não podiam se encaixar na visão Cristã do mundo, senão como inimigo. Estes foram aos
poucos enriquecendo o imaginário popular sobre como o Diabo deveria ser, e neste sentido, nenhum
antigo deus contribuiu tanto como o venerável Pã.

Pã nasceu com chifres, rabo, cascos de bode e com o corpo parcialmente coberto de pelos. Com sua
barbicha e rodeado de seus filhos igualmente animalescos, Pã parecia-se exatamente com a atual figura
popularizada do Diabo. Representando a natureza e o desejo sexual, foi imediatamente identificado
pelos olhos cristãos como um digno representante do mal.

A seguir trata-se da figura do bode expiatório usado para aliviar os homens de seus pecados no dia de
Reconciliação, em hebraico Iom Hakkippurim, também chamado de Dies Expiationum e ainda Dies
Propitiationis. Os rituais seguidos no Dia de Reconciliação estão explicados integralmente no capítulo 16
do Levítico. Era um dia solene de jejum, quando nenhum tipo de alimento podia ser ingerido e trabalhos
servis eram proibidos. Era celebrado no décimo nono dia do Tischri, que caia em Setembro/Outubro.
Nesse dia eram sacrificados um bezerro, um carneiro e sete ovelhas, mas a cerimônia mais distinta do
dia era a oferenda dos dois bodes. Quanto a isso no artigo “O Bode é ou não é a figura do diabo?
publicado no periódico "O Berro - no. 49 - Maio/Junho 2002" é de espetacular interesse:

“Por que o bode é apontado como o diabo? Bom, isso faz parte da mitologia humana, vem lá dos
tempos em que as tribos nômades habitavam a Eurásia. A História diz que deve ter sido por volta de
6.000 anos atrás, mas pode ser muito mais. Naquele tempo, os primitivos seres humanos juntavam gado
selvagem e o criavam, geralmente dentro de buracos imensos no chão, ou em cercados naturais.

“Já nesse tempo, esses pastores-caçadores-criadores cultuavam um deus-touro, porque era símbolo da
força, da masculinidade e do poder. O primeiro nome registrado na história para uma Deus-Touro é do
Deus Mithra. Por que um touro? Essas comunidades, por se alimentarem regularmente de carne,
destacaram-se entre as tribos vizinhas. A necessidade de pastos novos os transformavam em guerreiros
e fazia deles expansionistas por natureza e, no início da era cristã, eles já tinham se espalhado da Índia
até Portugal. O consumo de carne os fazia diferentes dos demais e, então, acreditavam que essa força
ou energia vinha do touro.

“Assim, o culto a Mithra tornou-se muito popular no Império Romano. Em outros reinos, também
haviam deuses com cabeça de touro.
“A Igreja Cristã, logo no início, tinha que derrubar o culto ao Deus Mithra mas não era fácil. Então
transformou o dia de Mithra - 25 de dezembro - em dia do nascimento de Cristo. Pronto! Haveria uma
festa geral: no início, metade festejava Mithra e outra metade festejava Cristo mas, com o tempo, o
cristianismo foi ganhando impulso e o culto a Mithra apagou-se na História. Venceu o Dia de Natal, ou o
Cristianismo.

“Mas a Igreja Cristã precisava de muito mais, precisava dar um corpo e uma fisionomia para o Diabo,
pois ela dizia que havia um Deus do Bem e um do Mal. Ora, o Deus do Bem estava lá no céu e o deus do
Mal estava aqui, no planeta terra, capturando almas para levar para o Inferno. No Céu estava um santo
velhinho bondoso e na terra, ou no inferno, deveria estar um monstrengo feioso, de dar horror às
criancinhas. Os ensinamentos persistentes sobre o Diabo foram tão intensos que os bispos cristãos
resolveram estabelecer, durante o Concílio de Toledo, no ano de 447, a primeira descrição oficial do
Diabo. Ele era a própria encarnação do mal: um ser imenso e escuro, com chifres na cabeça. Por que os
chifres? Na verdade, os bispos quiseram sepultar, de uma vez, o deus Mithra, desenhando o Diabo com
chifres de touro. Tentaram matar o antigo Deus transformando-o em Diabo.

“Os bispos, no entanto, erraram o tiro e quem pagou o pato foi o bode. O Diabo, devido à sua leveza,
ardilosidade, esperteza, ladinice, etc. acabou sendo cada vez mais associado ao Bode e não ao touro
Mithra. Afinal, não era fácil descrever um feiticeiro montado num touro diabólico mas era muito fácil
descrever uma feiticeira voando pelos céus montada em bode infernal. Também não era fácil descrever
um touro promovendo orgia em um dia de Sabá, mas era fácil para um bode. Para a Igreja isso não
importava, pois ela queria um Diabo em oposição ao Bem, e também o sepultamento do antigo Deus
milenar Mithra. Ademais, estava começando o período dos encantamentos e das bruxarias denominado
como Idade Negra, em que a Igreja iria perseguir todos que fizessem qualquer pacto com o Diabo
personificado sempre em um bode. Assim, a Igreja cristã foi conplacente e deixou que o bode assumisse
o lugar do touro, ou seja, do deus Mithra. O inocente bode continua pagando o pato até hoje.

“Foi assim que, mesmo sem querer, o Bode transformou-se na figura do mal, no pr-prio Diabo,
conforme consta em milhares de ilustrações e iluminuras da Idade Média. Pobre bode que sempre se
interessou apenas por um punhado de folhas secas para garantir sua refeição.”
Azazel aparece no Dicionário Judaico de Lendas e Tradições de Alan Uterman como o destino do bode
expiatório que carregava os pecados de Israel para o deserto no Iom Kipur.

"Deitando sortes sobre os dois bodes, para ver qual deles será imolado ao Senhor , e qual será o bode
emissário." E, para expiar o santuário das impurezas dos filhos de Israel, das suas prevaricações contra a
lei, e de todos os seus pecados "(Lev. 6,8-34).

Dois bodes idênticos eram selecionados para o ritual. Um era escolhido, por sorteio, como oferenda a
Deus, e o outro era enviado para Azazel, no deserto, para ser lançado de um penhasco. O sumo
sacerdote recitava para o povo uma confissão de pecados sobre a cabeça do bode expiatório, e uma
linha escarlate era enrolada, parte em volta de seus chifres, parte em volta de uma rocha no topo do
penhasco. Quando o bode caía, a linha tornava-se branca, indicando que os pecados do povo haviam
sido perdoados. Embora a palavra Azazel possa se referia a um lugar, ou ao bode, também foi explicada
como sendo o nome de um demônio. Os pecados de Israel estariam, pois, sendo devolvidos à sua fonte
de impureza. Os cabalistas viam no bode um suborno às forças do mal, para que Satã não acusasse Israel
e, ao contrário, falasse em sua defesa. Azazel é também o nome de um anjo caído.

O nome de Azazel (como poder sobrenatural) significa "deus-bode". Na demonologia mulçumana,


Azazel é a contraparte do demônio que refusou a adorar Adão ou reconhecer a supremacia de Deus. Seu
nome foi mudado para Iblis (Eblis), que significa "desespero". Em Paraíso Perdido (I, 534), Milton usa o
nome para o porta bandeiras dos anjos rebeldes.

LaVey segue com uma breve explicação da figura do diabo em diversos povos. segundo o Dicionário de
Símbolos - Jean Chevalier & Alain Gheerbrant, editora José Olympio & Satã o Príncipe das Trevas – Joan
O’Grady, editora Mercuryo Baal, significava “Senhor”, era uma das maneiras à qual os semitas se
dirigiam a uma das divindades locais. Baal era o consorte de Belit, ambos deuses adorados pelos
semitas, Baal como deus do furacão e da fecundidade e Belit como deusa da fecundidade, sobretudo
agrária. Os profetas judeus que anunciavam em Jeová um Deus de concepção mais elevada, opuseram-
se a esses cultos antigos que renasciam incessantemente e que celebravam, ao ponto da exacerbação e
do monstruoso, a sacralidade da vida orgânica, as forças elementares do sangue, da sexualidade e da
fecundidade. O culto de Baal chegou mesmo a simbolizar a presença ou o retorno periódico, em toda
civilização, de uma tendência a exaltar as forças instintivas. O culto jeovista salientava a sacralidade de
uma maneira mais integral, santificava a vida sem desencadear as forças elementares..., revelava uma
regra espiritual em que a vida do homem e seu destino se outorgavam novos valores; facilitava uma
experiência religiosa mais rica, uma comunhão divina mais pura e mais completa.

Já Belzebu seria uma derivação de Baal, Senhor, e Zebub, moscas. O nome de Baal Zebub é mencionado
apenas no Velho Testamento, em 2Reis 1, o rei de Israel manda mensageiros para perguntar a Baal
Zebub, o deus de Acaron, se ele se recuperaria de sua enfermidade. O anjo do Senhor diz a Elias que vá
ao encontro dos mensageiros do rei e lhes diga: “Porventura não há um Deus em Israel, para irdes
consultar Baal Zebub, rei de Acaron? Por isso... com certeza morrereis”. Portanto Baal Zebub poderia
representar o Baal para quem as moscas são sagradas – o Senhor das Moscas. Hoje se sabe que a
divinização por intermédio das moscas era praticada na Babilônia.

Ainda relativo aos nomes do diabo há de se complementar que o povo brasileiro é certamente um dos
povos que mais tem nomes para o Diabo, mas por um motivo bem distinto da variedade de nomes
vindos da Europa. Enquanto no velho continente os antigos deuses viraram nomes para o demônio, aqui
o Diabo ganhou uma imensidão de novos apelidos. No nordeste colonial o demônio era respeitado e
temido sendo o personagem central de diversas lendas e crendices. Uma destas crendices trazidas pelos
portugueses era que se alguém pronunciasse o nome de Satanás, ele poderia aparecer. Para que isso
não acontecesse, os cristãos da nova terra inventaram uma imensidão de apelidos para o Diabo que
assim não poderia se reconhecer quando invocado.

Estes apelidos surgiram do imaginário português, africano e indígena e resultaram em uma rica coleção
de nomes que Satã ganhou desde então: Anjo Safado, Anjo Mau, Anhangá, Atentado, Afuleimado,
Arrenegado, Amaldiçoado, Azucrim, Beiçudo, Bicho, Bicho-Preto, Bute, Barzabu, Bruxo, Bode-Preto,
Cafuçu, Cafute, Caneco, Canheta, Canhoto, Canhim, Cão, Cão-Miudo, Cão-Preto, Cão-Tinhoso, Capeta,
Capete, Capiroto, Capirocho, Careca, Carocho, Capa Verde, Chifrudo, Compra-barulho, Cifé, Coisa, Coisa
à Toa, Coisa Má, Coisa Ruim, Contra, Coxo, Cujo, Diá, Demo, Diacho, Diangas, Dianho, Diogo, Diale,
Dedo, Debo, Decho, Diabro, Diale, Dialho, Droga, Dubá, Ele, Esmolambado, Excomungado, Feio, Figura,
Feiticeiro, Ferrabrás, Fute, Futrico, Futriqueiro, Galhardo, Gato-Preto, Gato-Tinhoso, Horrível, Homão,
Indivíduo, Imundo, Inimigo, Jumento, Judiento, Jurupari, Lazarento, Mafarrico, Maioral, Mequetrefe,
Mal-Encarado, Maldito, Mofento, Maligno, Malino, Malvado, Mau, Moleque, Não-Sei-Que-Diga,
Negrão, Nojento, Orgulhoso, Pé de Cabra, Pé de Pato, Príncipe, Pé Cascudo, Pé de Gancho, Pé de
Peia, Peitica, Pedro Botelho, Porco, Porco-Sujo, Que Diga, Rabão, Rabudo, Rapaz, Romãozinho, Sapucaio,
Surrão, Sujo, Sapucaio, Sarnento, Sete Peles, Surrão, Temba, Tentação, Tendeiro, Tição, Tisnado,
Tinhoso, Urubu, Urué, Vadio, Viciado, Visagem, Zinho, etc... Que outro lugar deu tantos títulos ao
príncipe das trevas?

Avançando na história do arquétipo do Mal, vale dizer que com relação a Divida Comédia que Dante
Alighiere tinha um fascínio e conhecimento considerável sobre as tradições islâmicas e delas extraiu
muito de sua obra com especial destaque para o episódio de al-isrá ual miraj, a ascenção a descrição dos
céus e do inferno feita pelas sagradas tradições segundo as quais o Profeta Mohammad foi levado
corporeamente para conhecer e relatar as maravilhas dos céus e os castigos do inferno. Ocidente deve
muito de sua visão metafísica as narrativas islâmicas. Se a cristandade introduziu a idéia de um Inferno o
islamismo levou esta idéia até suas últimas conseqüências. Mulheres suspensas em correntes pelos
seios, homens obrigados a continuamente engolir bolas de fogo que saiam pelo anus, pessoas
imobilizadas por suas barrigas do tamanho de casas e que sem poder fugir eram eternamente
pisoteadas pelas multidões que fugiam do fogo, etc.. Suas descrições são extensas, detalhadas e
especialmente amedrontadoras, e se provaram bastante eficientes em manter o status quo islamico.

Chegamos então a lenda de Fausto. Uma tentativa de se satanizar o próprio progresso. A palavra
ciência, que significa literalmente conhecimento só começou a ser usada popularmente como nós a
conhecemos após o século XIX. Na época não havia distinção entre magia e a filosofia natural. Na
Inglaterra do séc. XVI pessoas chegavam a ser presas acusadas do crime de "calcular". Nesta época a
matemática era considerada uma forma de possessão de poderes mágicos, as autoridades "queimavam
livros de matemática como se fossem livros de evocação".

A personagem conhecida como Dr. Faustus apareceu pela primeira vez em 1587 num impresso que
reuniu diversos contos da tradição oral conhecidos na Alemanha. Como LaVey escreveu, a história
central é a de um brilhante estudioso que fez um pacto com o Diabo em uma floresta próxima de
Wittenberg. No pacto, o Diabo serviria Dr. Faustus realizando todos os seus desejos até a morte e
dando-lhe conhecimento preciso sobre qualquer coisa, sem nunca mentir. Do outro lado Dr. Faustus
renunciaria sua fé cristã e abdicaria de seu corpo e alma 24 anos depois. Todos os seus desejos foram
concedidos e ele usufruiu de luxo, fartura e lindas mulheres, incluindo Helena de Tróia, que fez
reaparecer dos mortos. O Diabo o ajudou a viajar desde as profundidades da terra até as mais distantes
estrelas sempre acompanhado de vasto conhecimento e precisas profecias. A figura ganhou vida no
imaginário alemão e entre outras lendas conta-se que fez aparecer um pomar florido em pleno
inverno e que teria ido até Roma, invisível, importunar o Papa. Voava em barris de vinho pelos céus e
criava ilusões como parreiras que surgiam do nada e que surpreendiam os incautos que tentassem
colher uvas quando percebiam que estavam apertando os narizes uns dos outros. Estas estórias
fantásticas que hoje poderiam ser contadas à crianças para seu divertimento foram levadas muito a
sério por Martinho Lutero e demais líderes da reforma protestante, sendo uma das narrativas prediletas
do povo alemão incluindo autores de peso como Goethe, Klaus Mann e Thomas Mann.

Finalmente neste capítulo LaVey afirma que Satan e todos os demônios são representações perfeitas da
natureza carnal do homem e oposição a toda conformidade servil a deuses externos. Satan como
arquétipo é o símbolo ideal para uma religião que exalta a independência filosofíca e a natureza carnal,
históricamente tida como pecaminosa. Como conclui Vilém Flusser em "A história do diabo": “A
evolução do diabo e a evolução da vida são pelo menos paralelas. O réptil é perfeitamente identificável
no diabo sofisticado da nossa época elegante. Uma das teses deste livro será, com efeito, a afirmativa de
que a evolução da vida não passa de encarnação da evolução do diabo. O leitor que refreie a sua
indignação justa. Terá oportunidade, no curso do livro, de dar vazão livre a ela. O que pretendo neste
instante é apenas semear o germe da dúvida seguinte: quem está mais possesso pelo diabo, o
protoplasma quase inerte das épocas imemoriais, com sua paciência humilde, ou a formiga devoradora
e a humanidade especulante?”

Amor e Ódio

Citação-chave:

Você não pode amar todo mundo; é ridículo acreditar que você pode. Se você ama a todos e a tudo você
perde o seu senso natural de discernimento e acaba se tornando um péssimo juiz de caráter e de
qualidade. Qualquer coisa que é usada a torto e direito perde seu significado real. Por isso o Satanista
acredita que se deve amar intensamente e completamente aqueles que merecem o seu amor, mas
nunca oferecer a outra face para os seus inimigos! (...) Só porque um Satanista admite que ele é capaz
de sentir e expressar tanto amor quanto ódio todos afirmam que ele é rancoroso, quando deveria ser
justamente o contrário! Por ser capaz de dar vazão ao seu ódio de uma forma saudável ele possui muito
mais capacidade de amar – de exprimir o tipo mais profundo e sincero de amor. Só reconhecendo de
forma sincera tanto o ódio quanto o amor que se sente é que se torna impossível confundir uma
emoção com a outra. Se você não é capaz de experienciar uma dessas emoções nunca vai ser capaz de
experienciar de forma plena a outra.

Considerações:

Um capítulo relativamente curto, mas extremamente importante dentro da Bíblia satânica. Aqui LaVey
explica com exatidão a maneira pela qual os atansiats vivênciam os dois sentimentos mais fortes que um
ser humano pode experimentar: o amor e o ódio.

Fica óbvio ao leitor que apesar do satanismo ser de fato uma religião baseada no individualismo e no
egoismo, esse egoísmo está sempre de acordo com o que o indivíduo realmente quer. Assim, se uma
pessoa realmente se importa com outra e quer expressar seu amor, então deve abrir seu coração e fazê-
lo, pois nao sabe se haverá outra vida e oportunidade para fazê-lo.

Da mesma maneira o ódio é um sentimento natural, que deve ser guardado para momentos e pessoas
especiais, e não desperdiçado gratuitamente. Tanto o amor como o ódio devem ser verdadeiros, e não
ideológicos. Citar o as atrocidades cometidas pelo Cristianismo, supostamente fundado no amor ao
próximo seria redundante a esta altura da leitura. Será mais proveitoso comentar o igualmente
emblemático caso do Comunismo. Suas idéias utópicas, românticas e idealistas, atraem os jovens até os
dias de hoje, contudo sua prática resultou na morte de 25 milhões de pessoas na União Soviética, 65
milhões na China e 1,7 milhão no Camboja segundo o computo do sociólogo italiano Ignazio Silone.
Aproveitando a nota, é interessante lembrar que os indianos que apoiaram o movimento da não-
violência de Gandhi foram os mesmos que após conseguir a independência da Índia armaram-se
pesadamente contra o Paquistão. Vinte anos depois, a Índia explodiria simbolicamente sua primeira
bomba atômica qualificando a então chamada "explosão nuclear pacífica".
Sexo Satânico

Citação-chave:

O ponto de vista Satânico sobre o “amor livre” sempre foi responsável por inúmeras controvérsias. As
pessoas freqüentemente pensam que o sexo é o elemento mais importante na religião Satânica e que a
pré disposição para participar de orgias é um dos pré requisitos para se tornar Satanista. Isto está muito
longe da verdade! Os oportunistas que não buscam nada além dos aspectos sexuais da crença Satânica
são enfaticamente intimidados a procurarem outra forma de “diversão”. O Satanismo defende a
liberdade sexual, mas apenas no sentido real da palavra. Amor livre no Satanismo significa exatamente
isso – liberdade para ser fiel a uma pessoa ou para dar vazão a seus desejos sexuais com quantas
pessoas você quiser até satisfazer todas as suas necessidades carnais.

Considerações:

Fica claro neste capítulo o repúdio do Satanista ao estupro e abuso infantil, assim como a qualquer
outra atividade sexual que não respeite a Vontade alheia. A regra é simples: Faça o que quiser, com
quem quiser fazer com você. Toda sorte de fetichismo e tara que respeite a individualidade é então
lícita.

O fetichismo não é uma prática exclusiva dos humanos, mas também é muito praticado pelos animais. O
fetiche é um ingrediente integral da vida sexual dos animais. O odor sexual, por exemplo, é necessário
para que um animal se torne sexualmente atraído por outro. Testes em laboratório mostraram que
quando um animal é cientificamente tratado para não exalar nenhum odor ele perde a atração sexual
que exercia nos outros animais. O estímulo causado pelos odores sexuais também é muito apreciado
pelas pessoas, embora muitas neguem isso. (Nota de LaVey)

LaVey trata brevemente do que, no jargão psicanalítico, é chamado de “sublimação”: O mecanismo


pelos quais as excitações sexuais encontram escoamento e emprego em outros campos, resultando num
aumento significativo da eficiência psíquica. Ela ocorre sempre que a pulsão da libido deriva para um
alvo não-sexual, como a produção cientifica, a criação artística, o engajamento político, a prática
esportiva, conquistas militares, etc.
“O que se descreve como instinto sexual mostra ser de uma natureza altamente complexa e sujeita a
decompor-se novamente em seus instintos componentes. (...). Cada um deles possui, ademais, como
aspectos distinguíveis, um objeto e um objetivo. O objetivo é sempre a descarga acompanhada pela
satisfação, mas é capaz de ser mudado da atividade para a passividade. O objeto acha-se menos
estreitamente ligado ao instinto do que se supôs a princípio; é facilmente trocado por outro e, além
disso, um instinto que possuía um objeto externo pode ser voltado para o próprio eu do sujeito. (...) A
vicissitude mais importante que um instinto pode experimentar parece ser a sublimação; aqui, tanto o
objeto quanto o objetivo são modificados; assim, o que originalmente era um instinto sexual encontra
satisfação em alguma realização que não é mais sexual, mas de uma valorização social ou ética
superior.”

- Sigmund Freud, Além do princípio de prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos

Eduardo Pinheiro trata brevemente do assunto em seu tomo “Ciberxamanismo”, segundo ele qualquer
forma de sexo que não vise a reprodução é simplesmente uma maneira de ativar experiências hedônicas
e isso inclui a abstinência, que é uma maneira de perverter a libido tão válida quanto a falação, por
exemplo. Esse fato a Igreja Católica sempre conheceu muito bem e todas as práticas cenobitas de
flagelo, ascetismo, enflamar-se em oração utilizam a energia sexual. E assim certas pessoas dentro do
sistema cristão, geralmente chamadas de “Santos”, conseguiram acionar circuitos elevados de
consciência dentro do seu sistema de crenças.

Mas a castidade cristã é só um pequeno exemplo de sublimação, várias culturas, incluindo os budistas,
os yogues e os maias conheceram uma minoria praticamente assexuada que identificava na abstinência
sexual um mecanismo de auto-controle é uma forma de acumular poder. Em “Leonardo da Vinci e uma
Lembrança de sua Infância” Freud, analisa a criatividade, o poderoso instinto de pesquisa e a atrofia de
sua vida sexual do artista (restrita a homossexualidade idealizada [sublimada]) e proclama Leonardo da
Vinci como o modelo ideal de sublimação.

A sublimação é ainda segundo Freud, muito mais comum do que se imagina porque afinal ela acontece
sempre que há um excesso libidinal, uma reserva que não é usada para fins diretamente sexuais e
portanto é de alguma maneira reaproveitada. Sem sublimação não há cultura nem civilização.

É interessante lembrar que o “tabu”, entre outras coisas significa qualquer coisa que se proíbe
supersticiosamente, por ignorância ou hipocrisia. Considere o comportamento sexual na Europa
Renascentista: "As relações sexuais eram normatizadas: havia o momento certo, o local correto e a
maneira correta. As épocas em que as relações sexuais não eram lícitas incluíam o Domingo, a
Quaresma, o dia em que se recebia a comunhão, durante a menstruação, durante a gravidez, durante o
aleitamento. (...) Além disso as relações sexuais deveriam ser realizadas face a face sem o uso de mãos
ou boca, sem obcenindade ou nudez visível, nem violência ou insulto. Os locais permitidos eram apenas
os orgãos propriamente reprodutores, "ordenados por Deus para este fim". - A mulher do renascimento,
Margareth King.

Mesmo as práticas modernas de fecundação in vitro ainda não substituíram completamente as práticas
sexuais, por mais “assépticas” que sejam pelo menos um dos lados ainda tem que ter um orgasmo. Por
outro lado a inseminação artificial e desenvolvimento da criação de bebês de proveta deixam claro que
nem mesmo a necessidade biológica de ter filhos impede as pessoas de levarem uma vida sexual
satisfatória, a cada dia o sexo biológico se torna mais distante do prazer sexual, passando a ser apenas
uma qualidade do indivíduo.

“O Papa Sirício, 391DC foi um dos muitos marcos de uma longa história que transformou o cristianismo
de lugar de experiência individual do amor a Deus aberto a todos como deveria ter sido no reino de uma
casta de solteiros que legisla sobre uma massa de pessoas, na maioria casadas e tratadas como seres
inferiores. Essa foi a perversão da obra daquele homem de quem os cristãos derivam seu nome. Face a
face com um senhor da Igreja que não mais revela a proximidade de Deus aos homens e às mulheres e
tampouco sua compaixão por eles – porque foi transformado no Cristo dos inspetores de alcovas e da
polícia conjugal, que se mostra indiferente e odeia os prazeres da carne – a pessoa humana não mais
consegue reconhecer a si mesma como alguém a quem Deus ama, mas só como um ser impuro e
merecedor da condenção.” - HEINEMANN, Uta Ranke. Eunucos pelo reino de Deus – mulheres e
sexualidade e a Igreja Católica.

Até os dias de hoje, quase meio século após este texto ter sido escrito a masturbação ainda é um
assunto delicado. Muitos homens se sentem inseguros se tem que constantemente se entregar à
masturbação, prova “cabal” de sua incompetência em conseguir mulheres, ou ainda de saber que suas
parceiras se masturbam, o que indicaria que eles não estão conseguindo “dar no couro” como deveriam.

A Revista da Folha, do jornal a Folha de São Paulo, de 14 de novembro de 2004, ano 13 no. 64, traz a
matéria Sexo in the box, sobre a multiplicação de acessórios eróticos femininos e como isso vem
afetando os relacionamentos dos casais modernos. Existem boutiques femininas, versões
contemporâneas de sex shops para mulheres, onde se vendem novos modelos de vibradores,
estimuladores clitorianos e até prestam o serviço de “sexual trainers”, que visam reeducar mulheres
para a busca do prazer apenas pelo prazer em si. Por um lado é bom ver esse tipo de emancipação
sexual feminina, muito diferente dos movimentos feministas do passado, mas por outro lado vemos
inúmeros relatos como o da médica de 32 anos, contando como o namorado se tornou inseguro ao
descobrir seu vibrador, após meses de briga ele a obrigou a se desfazer do aparelho, ela acabou
comprando outro para usar escondido. Depois de se separar dele teve outro namorado que descobriu o
aparelho e tranformou o assunto num inferno. Ela diz que todos os namorados se sentiam ameaçados
pelo objeto, e o usa hoje escondida.

Ainda encontramos o relato de outro casal de mente mais aberta, mas que mesmo assim, dentre seus
brinquedos sexuais, dispensa aqueles que lembrem um pênis pois por mais que o marido seja “cabeça
aberta“ se sentiria constrangido de ver a mulher usando algo que considere um concorrente. Os dias de
hoje estão presenciando um número enorme de mulheres aprendendo (ou re-aprendendo) a se
masturbar prazerosamente mas tendo que fazer isso às escondidas para não abalarem a masculinidade
dos namorados e maridos mais inseguros.

LaVey testemunhava a “revolução sexual” dos anos 60 ao escrever a Bíblia Satânica, o que basicamente
significa que viveu em uma época em que cada vez mais pessoas tinham orgasmos sentindo-se cada vez
menos culpadas por isso. As pessoas estavam satisfeitas... com muito pouco - deve ter pensado o papa
negro. Hoje em dia educação sexual é cada vez mais difundida nas escolas embora os entraves religiosos
ainda existam, mas o alvo ainda não é o prazer em si mas práticas anti-concepcionais e geralmente de
forma extremamente sanitarizada. Assuntos como fetichismo, travestismo, fantasia e escravidão
voluntária são diluídos em questionários superficiais do tipo “Você é um amante Imaginativo?”. O
sado-masoquismo genuíno ainda não aparece nas revistas populares e o sexo grupal ainda não é
discutido em sala de aula. Basta ver a homofobia escancarada nos programas de humor da TV para
constatar que a “revolução sexual” ainda não acabou e de fato está apenas começando.

Nem todos os vampiros chupam sangue

Citação chave: Existem muitas pessoas mundo afora que praticam a refinada arte de fazer com que os
outros se sintam responsáveis ou até mesmo em débito com elas por nenhum motivo. O Satanismo
enxerga essas sanguessugas como elas realmente são. Vampiros psíquicos são indivíduos que drenam a
energia vital daqueles que os cercam. Este tipo de pessoa pode ser encontrado em todos os meios
sociais. Eles não servem a nenhum propósito útil em nossas vidas, nem são objetos de amor ou
tampouco amigos reais. Ainda assim nos sentimos responsáveis por eles sem saber o porquê. (...) E se
você for um vampiro psíquico – aja com muita cautela! Cuidado com os Satanistas – eles estão prontos e
ansiosos para cravar a estaca proverbial através de seu coração!

Considerações:

Um dos ensaios mais famosos da Bíblia Satânica é este no qual Lavey cunha o termo "Vampiro
Psíquico", que anos mais tarde seria abraçado pela Psicologia. A saber, um vampíro psíquico é alguém
que manipula psicologicamente os outros fazendo o papel de vítima e coitado. Pessoas que
conseguem fazer a culpa dos outros trabaklhar sistematicamente em favor delas. LaVey afirma que estas
pessoas drenam psicologicamente suas presas e devem ser tratadas semmisericórdia e descartadas
antes que tomem o controle completo da vida alheia.

Disse o espiritualmente incorreto Osho em O Último Testamento, vol. 1: "Essas pessoas como a Madre
Teresa, que têm ajudado os pobres por séculos, são, na realidade, a causa da continuidade da pobreza.
O pobre não pode ser ajudado da maneira que Madre Teresa está ajudando. Isso não é ajuda. Isso é
política porque todos aqueles órfãos que ela ajuda são convertidos em católicos. De fato, a Madre
Teresa seria só uma desempregada se não houvesse órfãos na Índia. Ela precisa de mais órfãos. Essa é
a razão pela qual todos eles são contra o controle de natalidade, contra o aborto. Do contrário, de onde
você obterá os órfãos? Eles precisam de pessoas pobres porque, sem os pobres, a quem você irá servir?
E sem o servir você não pode alcançar o céu. Isso é uma simples estratégia para alcançar o céu.

Agora, imagine um mundo onde ninguém precisa do serviço de ninguém; todos estão felizes, saudáveis,
confortáveis, luxuriantes. O que acontecerá aos grandes servidores e santos cristãos? Eles simplesmente
estarão desempregados. Eles precisam da pobreza para continuar. Essa é a própria fonte para se
tornarem santos, mais sagrados do que você.

Eu não digo ao meu povo, "Vão e sirvam o pobres." Serviço, para mim, não é uma palavra bonita.
Eu digo ao meu povo, "Se vocês tem alguma coisa, compartilhem. Mas lembrem-se de uma coisa: não
existe recompensa além disso. Compartilhem, aproveitem – essa é a recompensa. Se você puxa alguém
que está se afogando num poço, isso é uma grande alegria. Que recompensa mais você quer? Você
salvou uma vida; deveria estar imensamente feliz. A recompensa está no próprio ato e a punição está no
próprio ato também. Elas não são extrínsecas, são intrínsecas."

Mas todas estas religiões têm dito às pessoas que a recompensa está distante, em algum lugar - além da
morte, e a punição também. Isso não pode ser provado nem pode ser negado; por isso o negócio deles
continua sempre em frente e as pessoas medíocres continuam seguindo isso. Se todas essas religiões
desaparecessem os pobres iriam morrer por causa da pobreza... A Etiópia desapareceria. E então? - é
melhor a Etiópia desaparecer do que milhares de pessoas ficarem ano a ano morrendo de fome. Isso
não ajuda. Simplesmente vai salvar uns poucos etíopes que irão produzir mais etíopes.”

Isso sem contar os casos onde convencem outras pessoas a doar seu tempo pela causa que representam
e assim apenas administram essas “boas almas” que se dedicam a ajudar os necessitados. Algo que
ajuda esses vampiros a sobreviver é o Ciclo de Culpa que alimenta nossa sociedade, onde os indivíduos
não apenas evitam assumir a própria responsabilidade pela situação miserável que vivem como são
educados para não fazer isso desde pequenos.

Como a culpa de nossa situação é sempre de alguém (chefe, governo, potências estrangeiras, castigo ou
inefabilidade divina, etc...) todos somos sempre “vítimas”, logo pobres inocentes incapazes de reagir às
mandíbulas dos monstros que se aproveitam de nós.

As pessoas acreditam que se envolver com esse tipo de causa, ajudando os desafortunados, comprovam
o seu espírito “bom e justo”, e é justamente essa necessidade de se mostrar, e de se sentir, justo e bom
que os tornam vítimas perfeitas. Lembrando a cartilha dos maiores golpistas: os patos perfeitos são
sempre aqueles que descobrem uma maneira fácil de se dar bem em cima da necessidade dos outros.
Um exemplo é o golpe onde um anel sem valor é “perdido” perto de um grupo de pessoas, então surge
o dono desesperado dizendo que está disposto a pagar uma generosa recompensa para quem lhe
devolver o bem perdido, deixando um telefone para que entrem em contato. Em seguida surge um
“pedestre desavisado” que literalmente cai em cima do anel, e sem saber da recompensa o mostra às
pessoas em volta perguntando se é de alguém, vendo a chance de receber um dinheiro fácil as vítimas
chegam a pagar pelo anel (uma quantia muito inferior à suposta recompensa) e depois ficam surpresas
ao perceber que o telefone que tem não existe. Outros golpes nesta linha são aqueles onde uma pessoa
por problemas de saúde tem que se desfazer de objetos de ouro ou terrenos supostamente de grande
valor por uma ninharia, pois a urgência é grande, a pessoa “de sorte” abordada em tais casos se sente
útil por ajudar alguém em necessidade e de quebra conseguir uma fortuna em jóias ou terrenos por uma
fração de seu valor, é engraçado como se sentem roubadas ao descobrir que as jóias não tem valor ou
que os documentos do terreno são falsos.

Essa necessidade que as pessoas tem de “lavar as mãos”, de mostrar que elas fazem sim a sua parte
para tornar o mundo um lugar melhor e que por isso são gente de bem é que as torna o melhor
combustível para esses aproveitadores.

Os vampíros psíquicos não estão apenas em semáforos nos cruzamentos ou batendo de porta em porta,
quantas vezes não vemos grandes empresas promovendo ações de caridade onde o maior beneficiário
são crianças abandonadas, doentes, feridas, sempre necessitadas de ajuda e para que essa ajuda
aconteça você apenas tem que consumir o que eles estão vendendo ou se tornar mais um número no
ibope do canal deles para encarecer o tempo durante os comerciais para as empresas que desejam
anunciar em seus canais.

Aqui cabe um parênteses muito importante: cuidado ao rotular alguém como vampiro psíquico! Hoje
em dia é muito mais fácil alguém de personalidade fraca, facilmente influenciada por outros se colocar
no eterno papel de vítima de um vampiro psíquico inescrupuloso e sem coração. Chefes nervosos,
namorados ou namoradas possessivas, todos que precisam controlar aqueles que os cercam recebem
este rótulo sem o merecer. Ao fazer isso a vítima dá ao suposto vampiro um enorme poder ao mesmo
tempo que cria uma situação de conformismo muito conveniente, já que o outro é um monstro
controlador, um vampiro psíquico não há nada que se possa fazer para mudar a situação, ao invés de
buscar forças para mudar esse quadro que está sendo prejudicial como procurar um novo emprego,
terminar o relacionamento ou mesmo responder no mesmo tom para aquele que está tornando sua
vida um inferno a pessoa usa sua fraqueza como um escudo para permanecer nessa situação. A inércia é
confortável, mas deve ser combatida, nenhuma situação desconfortável deve ser ignorada, elas drenam
sua força e sua vontade.

Um vampiro psíquico pode não ser difícil de se encontrar, mas hoje parecem estar nascendo às pencas.
Programas de televisão dedicam seu tempo a eles, revistas fazem matérias, conversas informais servem
de conforto já que todos parecem conhecer um caso de vampirismo psíquico. Isso só torna mais fácil
que todos sejam controlados já que incentiva o conformismo como uma resposta legítima, e todo
conformismo, principalmente aquele que te põe no papel de vítima é extremamente prejudicial, a não
ser que seu desejo seja ser a eterna vítima. Lembre-se que na grande maioria dos casos “Os grandes não
nos parecem grandes, senão porque estamos de joelhos” (lema do jornal Les Révolutions de Paris,
publicado a partir do séc XVIII).
Indulgência... não compulsão

Citação-chave:

O PONTO MAIS ALTO DA EVOLUÇÃO HUMANA É A CONSCIÊNCIA DA PRÓPRIA CARNE! O Satanismo


encoraja seus seguidores a darem vazão a todos seus desejos naturais. Apenas fazendo isso você pode
ser uma pessoa completamente satisfeita sem nenhuma frustração prejudicial a você ou àqueles que te
cercam. Por isso a descrição mais simples e direta da Crença Satânica é: INDULGÊNCIA AO INVÉS DE
ABSTINÊNCIA. (...) O lema do Satanismo é INDULGÊNCIA ao invés de “abstinência” ... mas NUNCA
compulsão.

Considerações:

O dicionário Michaelis de Português define indulgência como: 1.Qualidade de indulgente. 2.Clemência.


3.Condescendência, tolerância. Ou seja ceder espontaneamente; anuir ao desejo. O mesmo dicionário
definie ainda compulsão como: 1.Ato de compelir. 2.Constranger, forçar, obrigar. Assim sendo fica claro
entender a diferença de indulgência e compulsão como foi explcada por Morbitvs Vividvs em Lex
Satanicus, o Manual do Satanista

“Abstinência é para os Satanistas a privação voluntária e imposta, é não fazer algo que a vontade exige.
Nesta definição encaixa-se desde o Padre que reprime seus anseios escondidos sob sua batina, passando
pela garotinha que não se diverte como quer porque a sociedade em que vive diz que karate não é
esporte de meninas, ou mesmo o senhor que não vive os prazeres da vida por ter sido levado a acreditar
que já passou da idade de fazer certas coisas. Quando nos abstemos reprimimos nossa vontade e
trancafiamos a nós mesmos em uma prisão onde somos ambos carrasco e condenado. Tudo o que é
reprimido em nossa mente explode em conseqüências incontroláveis. Todo deus renegado se converte
em um demônio. A natureza se vinga, essa é uma de suas leis. E a vingança pela abstinência se traduz
em compulsão.

Compulsão no nosso contexto é fazer algo mesmo não sendo a sua vontade, é o extremo oposto da
abstinência, sendo ambas igualmente imundas para a divindade pessoal. As vontades reprimidas nos
atos de abstinência explodem descontroladamente em Compulsão. O estupro, as explosões de raiva aos
que não merecem, o afogar-se na própria comida, a fuga para as drogas e até mesmo a depressão são
roupagens freqüentes da compulsão. O que ocorre é semelhante a uma situação de afogamento:
imagine que prenderam a sua cabeça embaixo da água por um tempo considerável. Quando te soltam
você então vai subir e puxar o máximo de ar no lugar de respirar normalmente, da mesma forma, sua
vontade reprimida se manifestará em uma forma incontrolável e muitas vezes prejudiciais a ti. Outra
metáfora análoga é a da criança que proibida de comer doces se enche de biscoitos até ficar doente, na
primeira oportunidade. Por não agir de forma coerente em sua vontade, explosões de comportamento
ocorrem numa clássica tentativa de compensação. A compulsão também ocorre quando nos deixamos
levar pelos outros e/ou tomamos a vontade alheia como nossa. Por exemplo, quando milhares de
pessoas são levadas, dia após dia, a sentar-se na frente da T.V para ver novela, quando ao atingir a meia
idade alguém se culpa por ainda não ter casado, ou quando o adolescente pensa que têm algo errado
com ele quando não age como os seus amigos. Existem muitos outros exemplos de compulsão e o leitor
certamente encontrará outras ilustrações se observar bem o mundo a sua volta.

Resumindo abstinência é deixar de fazer algo que lhe seria coerente. Compulsão é fazer algo incoerente
para com a sua vontade. Na maioria das vezes abstinência é imposta pela sociedade e a compulsão uma
resposta desmedida do próprio corpo contra esta imposição. Esta é a sabedoria grega contida na relação
Hybris/ Nemesis. Hybris é a desmedida humana e Nemesis o ciúme divino punição da injustiça praticada.
Quando o homem ultrapassava o métron, a medida interior definida pelos próprios deuses vivem em
nossa mente, então arrisca-se a trair seus desígnios para agradar aos outros e comete Hybris. O castigo
vem do Olimpo tão rápido como um raio e é uma deusa cega toma conta do infeliz mortal que caminha
então irracionalmente para o penhasco mais próximo.”

Outra forma de entender o conceito satânico de indulgência é pelo "Kraft durch Freude", ou "Força
atravás da Alegria", um dos lemas do Partido Nazista e o nome de uma organização vinculada ao
movimento sindical fiel ao partido. Pocurava promover a imagem de pessoas gostando daquilo que
fazem e por isso fazendo bem feito. Buscava-se assim criar um circulo virtuoso onde quem gosta do seu
trabalho trabalha bem e quem trabalha bem gosta do seu trabalho. Ou seja, quebrava-se a dicotomia
entre obrigação e diversão e confrontava assim a ideia dominante socialista de sacrificio pelo dever que
via todo esforço como algo ruim, mas que devia ser feito em prol de um bem maior.
O Satanismo está longe de ser um movimento sindical, mas busca trazer a "Força através da Alegria"
para a esfera da autonomia individual. O Satanista, portanto gosta das aptidões que a natureza lhes deu
e de tudo aaquilo que o faz progredir e avançar rumo a seus objetivos e por isso seu próprio esforço e
dedicação para consigo mesmo já lhe é gratificante. Na vitória é glorioso e na derrota nunca se entrega
porque é de fato da luta em si que tira sua alegria.

Considerando que no Satanismo o maior pecado é aquele que cometemos contra nós mesmos, então
podemos concluir que o maior pecado é aquele que cometemos contra nossos próprios corpos. É por
isso que o Satanista adota um estilo sensato de vida, não se mutilam em cerimônias a este ou aquele
deus, não buscam enfraquecer o corpo, não se privam de alimento para se livrarem de um sentimento
de remorso como propunha a antiga religiosidade. Muito pelo contrário, os filhos de Satã buscam
sempre dotar o próprio corpo, e isso inclui a própria mente, de mais saúde e poder e alegria. Um corpo
forte e sadio é a vida por definição e é verdadeiramente mágico pois é fator indispensável para
interagirmos no mundo em que vivemos e fazermos dele uma manifestação de nossa vontade.
Deixemos então que os cultuadores do espírito continuem a cultuando e a falência do corpo e a morte.
De fato seria bom que se entregassem definitivamente a seu objeto de culto e fossem fazer companhia
aos anjos abandonando de vez os seus “invólucros terrenos“.

Com o objetivo de aumentar sua identificação com a matéria e o auto-culto carnal algumas sugestões
podem ser bastante úteis para uma vida satânica. Transforme o cuidado como próprio corpo em um
verdadeiro ato sagrado. Os momentos de alimentação, higiene e exercícios devem ter sua importância
reconhecida visto que são os instantes em que literalmente o corpo presta homenagem a si mesmo. A
matéria mostra seu amor pela matéria nestes atos de pura religiosidade. Um bom banho expressa
melhor adoração a si mesmo do que horas e horas de meditação sobre o Self.

Basta ligar a televisão e assistir às propagandas. O sexo é usado para vender desodorantes, cremes
dentais, roupas, sobremesas, cerveja, etc.. Os programas de reality show aqui do Brasil hoje servem
apenas como cardápios, para mostrar quem serão as próximas “caras” a aparecerem em revistas de
nudez. Grandes feiras de automóveis, informática ou qualquer produto são famosas pelas modelos que
enfeitam todos os Stands. Até empresas de telemarketing preferem contratar garotas com vozes
sensuais para lidar direto com o público. Mas é irônico como o assunto “sexo”, numa sociedade como
essas, ainda é tabu. As propagandas mais comportadas ainda são as de preservativos, por exemplo.

Talvez pela constante repressão que a sociedade submete seus indivíduos em relação ao sexo, ao
mesmo tempo em que se utiliza do desejo sexual como combustível para estimular o consumo (e o
trabalho necessário para se conseguir os meios para se consumir), sempre que surge o assunto
Satanismo o aspecto da sexualidade desvairada também surge. Se o Satanismo se opõe às normas
sociais deve encorajar tudo o que é proibido e obsceno, e dentre todas as coisas proibidas e obscenas o
sexo parece ser a que todos mais desejam.

Quando eram entrevistados sobre LaVey seus vizinhos não hesitavam em descrevê-lo como alguém
agradável que causava uma impressão muito boa mas que não podia ser confiada: "Naquela casa tem
mulheres que andam sem as roupas, estão nuas!", relata a moradora da casa ao lado da Black House.

Quando foi batizada por seus pais a foto de Zeena apareceu em todos os jornais causando indignação
em muitos, não por ter tido um batismo satânico, mas pelo fato do altar do batizado ser uma mulher
nua. Revistas masculinas da época sempre traziam notícias sobra a Igreja de Satã e seus rituais sempre
focando na "garota pelada" do altar. Muitas das pessoas que se filiavam à Igreja estavam em busca de
orgias ou de parceiras ou parceiros tão devassos quanto a própria imaginação.

Ainda hoje o tópico de orgias satânicas surge com frequência em conversas com pessoas que não são
Satanistas, como se a única vantagem de se filiar à religião fosse encontrar uma mulher voluptuosa
vestida de couro sedenta para realizar todas as fantasias do membro apenas pelo fato dele ser agora um
Satanista.

Foram poucas as matérias que não desejassem apenas material sensasionalista quando escreviam sobre
LaVey, como Burton Wolfe. O que muitas pessoas não compreendem é que o Satanismo trabalha com o
estímulo sensual de seus indivíduos, mas não como um fim em si e sim como parte de um trabalho de
auto descobrimento e auto desenvolvimento.

Sobre a Escolha de um Sacrifício Humano


Citação-chave:

Supostamente o objetivo de se realizar um sacrifício ritual é o de se conseguir a energia do sangue da


vítima abatida para intensificar ainda mais a atmosfera do trabalho mágico, e assim aumentar
exponencialmente a chance do mago de obter sucesso em sua empreitada. Os magos “brancos”
acreditam que, sendo a força vital de uma pessoa, não existe melhor maneira de se satisfazer deuses ou
demônios do que lhes oferecer grandes quantidades de sangue. Junte a isto fato de que uma criatura
moribunda está despendendo uma superabundância de adrenalina e outras energias bioquímicas e
você tem o que parece ser uma combinação imbatível.

Considerações:

Este é outro capítulo que Lavey dedica a desmistificar erros comuns sobre o satanismo ao mesmo tempo
que expõe a hipocrisia do caminho da mão direita, ou magia branca. Satanicamente falando a cor da
magia só existe na hipocrisia de quem a pratica. Magia Branca, Magia Negra, Magia Rosa ou Vermelha, é
tudo magia. Designar cores para elas não é nada além de se criar uma maneira de praticar magia de
forma mesquinha mas sem precisar assumir isso. Dizem que a Magia Vermelha é a magia do amor, que
são feitiços para se conquistar alguém que se ame, oras e isso não é uma forma de conseguir para você
algo que lhe dará enorme prazer? O problema é que muitas pessoas podem ter problemas para aceitar
que talvez para conquistar uma pessoa elas tenham que prejudicar outra, se a pessoa que você ama vive
com outra essa outra vai ter que sair de campo para que a feiticeira ou o mago conquistem o alvo de seu
desejo. Influenciar uma pessoa é algo pesado e exige responsabilidade daquela pessoa que está
realizando o ritual e a grande maioria das pessoas não está pronta para assumir essa responsabilidade,
por isso não lidam com magia que manipula e induz, lidam com a magia do “amor”.
Os magos “brancos” são aqueles que por algum motivo se colocam acima de todas as outras pessoas,
seja por sua vontade, seus atos, seu amor, se consideram mais puros e os únicos que quando não são
donos da Verdade ao menos trilham seu caminho Verdadeiro. Magos Brancos não são apenas os que se
dizem servos do Deus do Amor e da Verdade, são aqueles que de uma forma ou de outra acreditam em
uma forma superior ao ser humano e colocam seus serviços e seu poder à vontade dessa Forma
Superior, fazendo rituais que visam o Bem de todos (mesmo que esse bem não seja o que muitos
desejam para si). A sua maneira são tão castrados e limitados quanto aqueles que fantasiam combater.

No Satanismo, como veremos nos próximos capítulos, a magia é simplesmente uma forma de se
manipular a própria energia e a energia que nos cerca, e se usamos a nossa vontade para realizar essa
magia então não interessa dizer que servimos a uma vontade maior ou externa, o que importa é que é a
nossa vontade, a vontade do indivíduo em ação.

Especificamente neste ensaio ele conclui que a pratica de sacrificar animais em rituais é uma grande
insanidade. Ferir um animal inocente, não é apenas uma injustiça degenerada, mas é também
magicamente inútil. Diferentemente, portanto de antigas culturas que sacrificavam animais e outros
seres humanos para aplacar a fúria dos deuses, há dentro da filosofia satânica o conceito de que não há
deus nenhum nem no céu nem na terra que mereça uma gota sequer de sangue terreno. Não temos
duvidas de que um animal estará mais a salvo na casa de um Satanista do que qualquer novilho já esteve
ao visitar o Templo de Salomão e que uma criança estara definitivamente mais segura nos braços
amigos de um Satanista do que no colo reprimido de um padre protegido pelo direito clerical.

Mata animais é coisa de dementes. Mas matar deuses sim, é um ato heróico. Hoje temos basicamente
três aspectos da deidade existindo em várias religiões. Aquelas que buscam resgatar uma ancestralidade
se agarram a uma versão feminina do Criador. A Grande Mãe, Gaia, etc... Já as religiões patriarcais se
fixam a uma visão masculina da divindade. Muitos desses seguidores de deus talvez não estejam
cientes, mas muitas das visões primitivas da deidade não apontavam apenas para um sexo ou outro. Um
exemplo gritante pode ser encontrado no Deus de Abrahão, que deu origem ao Deus Judeu, ao Deus
Muçulmano, ao Deus Católico e ao Deus Cristão (e a todas as versões de Deus que existem em religiões
derivadas dessas): Deus criou o homem à sua imagem, os textos judaicos apontam que a primeira
criação de Deus não foi exatamente um homem e sim um ser híbrido. Possuía dois pares de braços, dois
pares de pernas, dois ventres, dois conjuntos de órgãos sexuais e duas cabeças. Criou este ser do barro e
quando os separou os chamou de Adão e Lilith. Se Deus os fez a sua imagem está ai uma idéia
interessante a se desenvolver.

O mesmo paralelo pode ser traçado no mito da criação encontrado no Alcorão, como narra Irsha Manji:
“Quem foi que Deus criou primeiro? Adão ou Eva? O alcorão não tem uma única palavra a respeito
dessa dinstinção. Deus insuflou vida “numa alma” e a partir dessa alma “criou seu cônjuge”. Quem é a
alma e quem é o cônjuge? É irrelevante.

Além disso Deus aparece nesses mesmos textos sendo chamado de Jehovah, que é um título masculino,
e Elohim, que é um título feminino. Com a tradução do pentateuco para outras línguas, os futuros
cristãos traduziram o Elohim feminino apenas como El, masculino. No mesmo sentido a palavra árabe
para Deus, ou seja Alllah, não aceita plural e tão pouco gênero.

Agora surge o ponto de fato interessante, a terceira forma da deidade. Crowley quanto anunciou o novo
Aeon, a nova Era a batizou como o Aeon de Hórus, o filho de Isis e Osiris. Este novo Aeon era dedicado
não ao Pai ou à Mãe e sim a seus filhos que tem em si qualidades de ambos os sexos, o resultado da
união dos Deuses é a retomada da pureza divina original e o recomeço de um ciclo. No entanto, como
notou LaVey, se o humanidade é a imagem e semelhança da divindade é ainda extremamente difícil
para ela se reconhecer em um Deus sem sexo, sem rótulos e absolutamente livre. Não é a toa que
um dos primeiros partos do novo Deus tenha terminado absolutamente corrompido pela história e
abortado numa cruz.
Saindo um pouco do divino e voltando ao mundo real, Freud em um de seus trabalhos afirma que um
filho para crescer deve matar aos pais (metaforicamente é claro). Para se tornar adulta a criança
necessita se desfazer de qualquer elo com seu período de desenvolvimento, deve se tornar responsável
pelos próprios atos e pela própria vida, deixar de depender do peito da mãe e do abrigo do pai. Ele
então deixa seus progenitores para trás e caminha com os próprios pés. E aqui entram as religiões desta
terceira Era, do Aeon de Hórus. Nós não desejamos continuar presos a deuses, nós desejamos sim matar
esses criadores e assumir nossos destinos. Depois de alguns meses o bezerro que nasceu fruto da
relação de um boi e uma vaca se torna um boi, o pintinho se torna como seus pais ou um galo ou uma
galinha, o potro se torna um cavalo. Qual o caminho natural para aqueles que vem de um mundo
gerado por deuses?

Mesmo sabendo da importância de enxergar além das aparências o Satanista sabe o valor que a
sociedade dá para a fama e a reputação de algo ou alguém. Atacar a imagem de algo ou construir a
própria imagem de forma a impressionar de maneira positiva ou negativa aqueles que te cercam é um
dos exercícios mais importantes da Baixa Magia Satânica, também chamada de Magia Social. O Satanista
não é hipócrita a ponto de acreditar que existe de fato diferença entre um sacrifício simbólico e um real.
Para chegar ao ponto de realizar um ritual de destruição o Satanista tem que ter em mente que ele deve
odiar a sua vítima a ponto de realmente matá-la, seu ódio deve ser algo real. Mesmo num sacrifício
Satânico deve existir a responsabilidade para distinguir um inimigo real ou a incapacidade do Satanista
de lidar com algo. Se a cada problema que surge em sua vida (sua namorada o troca por outro, o assédio
de seu patrão a impede de progredir na carreira profissional, um vizinho ou parente que sente prazer
em menosprezá-lo ou tornar sua vida um inferno, um professor que pega no pé, um colega ou uma
colega de estudos gosta de espalhar boatos, etc...) o Satanista realiza um ritual de destruição pode ter
descoberto apenas uma nova forma de alienação, ele se coloca num papel de vítima e através de seu
ódio pensa que é superior à pessoa que o atormenta. Muitas vezes essas pessoas são ótimos exercícios
para se desenvolver e se fortalecer ainda mais. Um ritual de destruição, um sacrifício simbólico deve ser
enxergado como uma arma carregada, use-a com sabedoria e nos momentos certos, não desperdice
munição à toa. Usar uma arma para matar um pernilongo em sua perna pode acabar como inseto que te
incomoda, mas vai destruir a sua perna no processo.
Vida após a Morte através da realização do Ego

Citação-chave:

A morte, na maioria das religiões, é vendida como um grande despertar espiritual, buscado durante
toda a vida do indivíduo. Esta idéia tem um apelo quase irresistível para uma pessoa que não viveu uma
vida satisfatória, mas para aqueles que experimentaram todas as alegrias que a vida pode oferecer a
morte traz muitos receios. E é assim que deve ser. É esta paixão pela vida que fará com que a Pessoa
vital continue a existir após a morte de seu manto de carne. (...)

A vida é a maior das indulgências; a morte, a maior das abstinências. Para uma pessoa satisfeita com a
própria existência terrena, a vida é uma grande festa – e ninguém gosta de sair no meio de uma boa
festa. Da mesma forma, se uma pessoa está se divertindo aqui na terra ela dificilmente trocará a própria
vida pela promessa de uma vida após a morte da qual não sabe nada a respeito.

Considerações:

Indo mais fundo na sua visão não-espiritual de mundo neste capítulo a Bíblia Satânica trata do conceito
satanista de vida e morte. Basicamente nem tudo que anda e fala estão vivos e nem todos os que jazem
estão mortos. Uma pessoa que deixa a vida passar comos e fosse uma pedra ou um robô, não está
plenamente viva, está apenas ocupando espaço e gastando ar. Por outro lado uma pessoa já falecida,
mas cujas palavras e atos ainda reverberam pelo mundo pode ser vista como muito mais viva do que
muitas outras adeptas da mediocridade. Nesse sentido Jesus cristo está sim plenamente vivo. Assim
como Budah, Hitler e Che Ghevara.

Almejar uma vida após a morte num sentido metafisico é a opção dos que não realizam nada e além
disso, uma suposição perigosa. Segundo LaVey o aqui e agora deve ser exaltado e a vida terrena não
deve ser desvalorizada em prol de realidades imaginárias. Portanto, ele recomenda que os satanistas
cultuem e preservem suas próprias vidas o máximo de puderem e fortemente critica as prática religiosa
do martírio. Um satanista jamais daria a própria vida pelo satanismo, pois perderia a primeira e negaria
o segundo. LaVey diz ainda que as circunstâncias nas quais um satanista livremente daria a própria vida
são extremamente raras. Entre estas circunstancias está por exemplo a defesa a vida daqueles que ama
profundamente, como a esposa, marido e filhos.

A defesa de seus amados é um instinto natural em todos os animais. Rotular esse ato de egoísta ou
altruísta é simples semântica, mas vale lembrar que todo ato que protege o genoma de ser é em última
instância um ato de amor próprio. Nesse sentido é recomendada a leitura complementar do livro "O
Gene Egoísta" de Richard Dawkins.

LaVey condena também o suicídio mas abre exceção para a circunstâncias onde a própria vida se tornou
uma forma de abstinência e a morte uma solução indulgente, como no caso de uma doença terminal
dolorosa ou em casos onde a vida não pode fornecer mais qualquer alegria e a agonia pode ser
superada por um fim rápido e indolor. vale lembrar que no Brasil, devido a nossa herança cristã na
composição das leia a eutanásia é crime, caracterizado como homicídio doloso.

Assim sendo, ninguém deve procurar a própria glória no nirvana ou no paraíso. Honra e glória devem ser
buscados aqui nesta existência que na qual sofremos e temos prazer de fato. A imortalidade que o
satanismo propõe é de outro tipo, atingida por fazer seu nome durar pelos séculos através de seus
feitos.

Em mais de uma entrevista Lavey disse que ler um livro antigo é como invocar um defunto de volta a
vida. Qualquer pessoa que assiste uma peça de Shakespeare, lê Dante ou ouve Beethoveen reafirma a
existência deles novamente no nosso mundo. Enquanto puderem lembrar de você, sua influência na
terra não será nula. Extremamente salutar seria ao adepto se aprofundar na imortalidade conseguida
pelos heróis da mitologia grega, como Aquiles por exemplo.

Feriados Religiosos
Citação Chave:

O maior e mais importante dia santo da religião Satânica é o dia do nascimento do Satanista. (...) O
Satanista pensa da seguinte forma: “Vamos ser honestos. Se é para criar um deus à nossa imagem e
semelhança então por que não concebê-lo exatamente como você mesmo?”. Cada pessoa é um deus ou
uma deusa se decidir se enxergar desta forma. Por isso o Satanista celebra o próprio nascimento, o dia
mais sagrado do ano.

Considerações:

Neste capítulo LaVey articula brevemente sobre os feriados religiosos satânicos, sendo que com larga
vantagem o mais importante de todos é o próprio aniversário de cada satanista, o dia do nascimento do
deus pessoal de cada um. Para um satanista o ser mais importante do universo é ele mesmo e não uma
figura pública ou um herói mitológico qualquer e celebrar o próprio aniversário, da maneira que quiser e
achar certa é a forma de honrar sua própria existência carnal.

A Encyclopœdia Britannica confirma as proposições de Lavey ao informar que tanto na época dos celtas
como dos anglo-saxões o dia 31 de outubro era também a véspera do ano novo e um dos antigo
festivais do fogo. Desde muito antes da influência cristã já era esta uma data reservada aos aspectos
sombrios da vida devido ao fato de que novembro dá início ao semestre mais obscuro e mais infrutífero
do ano, o chamado festival do outono assume sempre um significado sinistro, com fantasmas,
maldições, bruxas, duendes, fadas e demônios de toda sorte vagando por toda parte.

O festival era realizado em honra a Samhaim, senhor celta dos mortos, que, segundo se acreditava,
permitia que as almas dos que haviam morrido no ano precedente voltassem à sua casa naquela noite.
As festividades incluíam fazer enormes fogueiras ao ar livre para espantar as bruxas e os demônios.
Sacrifícios na forma de safras, animais e até mesmo de humanos eram feitos para aplacar as almas dos
falecidos. As pessoas se empenhavam também em tirar a sorte e vestiam-se de roupas feitas de cabeças
e de peles de animais. Os romanos também contribuíram alguns de seus rituais pagãos aos costumes
dos celtas que foram conquistados por eles. Um dos seus festivais do outono, realizado em honra a
Pomona, divindade dos frutos e dos jardins, é provavelmente responsável pelo notório uso de maçãs
nas festividades do "Halloween" até o dia de hoje como por exemplo, o costume de se pegar maçãs com
os dentes de dentro de uma bacia cheia de água e de morder uma maçã suspensa na ponta de um fio de
barbante.

Por séculos, os romanos conservaram as festividades que se concentraram no templo dedicado à deusa
Cibele e a outras deidades romanas. Por volta de 610 E.C., o Imperador Focas deu de presente o templo
ao Papa Bonifácio IV, que o rededicou a Maria e aos mártires da Igreja no dia 13 de maio, data de um
feriado da Igreja em honra a seus mártires. Daí em diante, os conversos romanos podiam ir ao mesmo
templo para orar pelos seus mortos, só que daí para frente em nome de Maria e dos mártires, ao invés
de em nome das deidades pagãs. Por 200 anos, o aniversário da dedicação se tornou a principal
celebração no Panteão "cristianizado", e esta observância, segundo acreditam muitas autoridades no
assunto, tornou-se precursora do Dia de Todos os Santos.

O elo de ligação que faltava foi suprido pela conquista romana dos celtas, que subseqüentemente se
tornaram cristãos. Entretanto, persistiram em seguir muitos de seus costumes, inclusive seu festival
pelos finados, em 31 de outubro. Portanto, em 837 E.C., o Papa Gregório IV, segundo a praxe da Igreja
de absorver e "cristianizar" os costumes dos conversos, ao invés de aboli-los, ordenou que o dia 1.° de
novembro fosse observado em toda a Igreja como um dia para todos os "santos". Assim, num só golpe
de diplomacia eclesiástica, uma festa totalmente pagã, com todos os seus acessórios intatos, foi
acasalada com o costume de há séculos da própria Igreja de cultuar os mortos.

Cate Lineberry, da National Geographic nos lembra que as Montanhas de Harz, na Alemanha, um reino
encantado de picos pontiagudos, ravinas íngremes e florestas luxuriantes, sempre estiveram embebidas
de lendas de bruxedos e magias. No calendário das estações do ano Walpurgisnacht marca a noite do
pólo oposto ao Halloween - o auge da primavera, quando acreditavam os germanos, os deuses Wotan e
Freya espantavam os duendes as bruxas e festejavam a primavera. Já os celtas festejavam na noite de
30.04 o casamento de Belenos, senhor do sol, com a deusa da vegetação. Os romanos tb festejavam
essa noite em homenagem a Maia (mês de maio), que simbolizava o auge da fertilidade na natureza. É
enfim uma grande festa da primavera, segundo tradição de vários povos europeus da era pré-cristã
sempre remetendo a valores da sexualidade, da fertilidade e da alegria de viver.

Depois de a cristandade chegar à região, na Idade Média, o clero batizou essa noite de
“Walpurgisnacht”, em honra de São Walpurga, um missionário inglês do século VIII, e reformulou-a
como uma celebração para afugentar maus espíritos, a moralidade cristã imposta manteve a identidade
sexual da data, mas a pintou com as cores mais dantescas possíveis. Foi então que nasceu a lenda de
que na noite de Wallpurgisnacht as bruxas se reuniam no alto da montanha de Broken, na região de
Harz para manter relações sexuais ininterruptas entre si, com homens devassos, com animais e
sobretudo com o próprio Diabo que se materializava em toda sua força para satisfazer cada uma das
feiticeiras até a exaustão.

Posteriormente com o declínio do poderio cristão, a noite tem sido lembrada por eruditos e poetas do
mundo todo como uma noite a ser dedicada a lascívia e aos prazeres da luxúria. Goethe consagrou essa
noite na sua obra ‘Fausto’, quando em certa altura da narrativa Mephisto conduz Fausto até a montanha
de Broken, para ele se entregar aos prazeres da carne.

As festividades em Brocken foram proibidas quando a zona passou a pertencer à Alemanha Oriental,
mas na última década, milhares de pessoas deslocaram-se todos os anos ao topo da montanha, para
dançar em celebração da “Walpurgisnacht”, da maneira apropriada.

Por fim, LaVey enfatiza a importância da celebração dos solstícios e equinócios a moda dos antigos
pagãos. Sendo o satanismo a mais natural de todas as religiões é esperado que as datas de importância
geológica das estações retomem seu ancentral significado universal. A tradução exata do texto seria:

“Existem solstícios no verão e no inverno, os equinócios ocorrem no outono e na primavera. O solstício


de verão acontece em junho e o de inverno em dezembro. O equinócio de outono é em Setembro e o de
primavera em Março”

É importante lembrar que LaVey viveu no hemisfério Norte onde as estações do anos são o inverso na
nossa, em Dezembro temos o verão no hemisfério Sul, assim como em Setembro temos o anúncio da
primavera que está por vir. Por isso a tradução que usamos está atualizada com o nosso clima. Essa
diferença de estações entre os hemisférios até hoje é motivo de controvérsia no meio pagão onde
existem os entusiastas da roda do ano do hemisfério norte e acabam realizando as comemorações de
inverno em dias que chegam a ter 40 graus, de céu azul e limpo aqui no Brasil enquanto aqueles que
defendem a roda do ano do hemisfério sul realizam as comemorações de verão.

Cada família, templo ou capela satânica possuem suas próprias tradições para celebrar todos estes
feriados, mas sempre lembrando que o gosto pessoal e infinitamente mais importante do que os
ditames das tradições.
Missa Negra

Citação Chave:

Na idade média blasfemar a igreja sagrada era chocante. Hoje, entretanto, a igreja não tem a mesma
imagem que possuia durante a inquisição. A missa negra tradicional não é mais o mesmo espetáculo
ultrajante que foi no passado para o diletante ou para o sacerdote renegado. Se o Satanista deseja criar
um ritual para blasfemar uma isntituição aceita, com o propósito de psicodrama, ele toma cuidado para
não escolher uma que já esteja sendo parodiada. Desta forma ele de fato está chutando uma vaca
sagrada. Uma missa negra hoje em dia consistiria na blasfêmia desses tópicos “sagrados” como por
exemplo o misticismo ocidental, a psiquiatria, o movimento psicodélico, o ultra-liberalismo, etc. O
patriotismo seria exaltado por todos, as drogas e aqueles que pregam a seu favor seriam profanados,
militantes aculturais seriam deificados e a decadência da teologia clerical poderia até receber um
empurrãozinho satânico. O mago Satânico sempre foi um catalisador para a dicotomia que é necessária
para se moldar as crenças populares e neste caso uma cerimônia como a missa negra acaba servindo a
um propósito mágico mais amplo.

Considerações:

O último capítulo do Livro de Lúcifer é o começo da transição do racionalismo puro para a via mágica
experimental. Nele LaVey conta a breve história das Missas Negras inicialmente como uma simples
invenção cristã para assustar os leigos. A partir do século IV, o cristianismo se tornou religião oficial em
Roma. Apesar disto, muitos continuaram fiéis ao seus deuses e deusas. Os habitantes do campo eram
chamados “paganus” e por não terem aderido ao cristianismo passaram a serem perseguidos a forçados
a conversão. A partir desta época todo aquele que não fosse cristão era considerado “pagão”. A
transição da Antiga Religião Pagã para a Religião Cristã, aconteceu durante um longo período. Nenhum
pagão tornou-se cristão do dia para a noite. Os aristocratas foram menos resistentes, porque percebiam
o poder da nova crença, mas os habitantes dos campos (paganus), recusaram-se a aceitar a nova fé.
Durante um período, houve uma fé dupla: acreditavam no novo Deus cristão, mas não abandonavam
suas crenças. A Igreja Cristã nunca conseguiu extinguir, de fato, as crenças classificadas por ela como
pagãs. No final do século XIV, começou a temporada da perseguição aos pagãos, às Bruxas e a tudo que
era contrário às crenças cristãs. Durante quase 400 anos, muitas pessoas morreram acusadas de prática
de bruxaria e missas negras.

Mais tarde, com a Igreja perdendo poder e influência, não demorou a aparecer interessados em
participar das Missas Negras que por tanto tempo habitaram o imaginário pupular. isso era em geral
realizado por ricos e nobresexcêntricos para afirmar sua independência das igrejas e satisfazer suas
vontades reprimidas.

Este ato libertário foi usado pela própria Church of Satan nos primeiros anos de sua fundação, mas
posteriormante LaVey admitiu que não havia mais qualquer necessidade de se continuar com isso. Não
há mais nada a se blasfemar visto que nada mais é respeitado. Não há sentido em profanar o que não é
mais sagrado.

Esta talvez seja uma das propostas mais radicais de LaVeY, observando as rápidas mudanças sociais e
comportamentais de seu tempo, o autor advoga que a transformação que está ocorrendo e tão grande
que pode ser usada como um divisor de águas naquilo que conhecemos como História Universal.
Segundo ele nesta nova era satânica, as pessoas não precisam mais se desculpar por serem humanas,
não precisam disfarçar seus anseios animais e sua aspiração divina e podem orgulhosamente e sem
restrições reconhecerem que carregam em si mesmas todos os valores que por milênios foram tidos
como errados, proibidos ou em outras palavras, satânicos

A última ressalva de LaVey sobre as Missas Negras é que elas podem ser mais do que uma simples
paródia. O mesmo contexto ritual pode ser usado de forma inteligênte e útil. Um psicodrama bem
montado possui tremendas consequências emocionais e pode ser usado de maneira proveitosa como
um meio de descompressão, diverssão e motivaçãoemocional se feito da maneira apropriada. Este será
o tema da próxima parte da Bíblia Satânica, o Livro de Belial.

Livro de Belial
Leituras Complementares ao Livro de Belial:

Lex Satanis, Morbitvs Vividvs

Liber Null, P.J. Carroll

(terra)

O maior apelo da magia não se encontra em sua prática mas sim em seus meandros esotéricos. O
elemento de mistério que envolve de forma tão sufocante a prática das artes negras tem sido cultivado,
de forma deliberada ou por pura ignorância, por aqueles que geralmente reivindicam possuir o maior
conhecimento dessas artes. Se a menor distância entre dois pontos é uma linha reta, podemos dizer que
os ocultistas de renome fariam muito sucesso como criadores de labirintos. Os princípios básicos da
magia cerimonial foram relegados a pedaços infinitamente restritos de informação mística destinada a
estudiosos por tanto tempo que o aprendiz de feiticeiro se torna vítima da arte que ele próprio, e mais
ninguém, deveria fazer uso! Podemos fazer uma analogia com o estudante de psicologia aplicada que,
apesar de conhecer todas as respostas, não consegue fazer amigos.

De que adianta estudar mentiras a não ser que todo mundo acredite em mentiras? É claro que muitos
acreditam DE FATO em mentiras, mas ainda AGEM de acordo com a lei natural. É sobre esta premissa
que a magia Satânica se baseia.[1] Você tem em mãos agora um texto elementar, básico, sobre magia
materialista. Este é um Bê-a-Bá Satânico.

Belial significa “sem mestre” e simboliza independência verdadeira, auto suficiência e realização pessoal.
Belial representa o elemento da terra e aqui será encontrada magia com ambos pés plantados
firmemente no chão – práticas mágicas reais e cruas - e não banalidades místicas destituídas de uma
razão objetiva. Cesse suas buscas. Aqui está a essência!

[1] Em seu livro 'The Screwtape Letters' o autor cristão C.S Lewis diz que existem duas maneiras de
agradar os demõnios. A primeira é negando a existência deles, a segunda é pedindo sua ajuda,
acreditando e sentindo um interesse enorme sobre eles. Ambas agradariam muitíssimo as hordas
infernais, e em um futuro próximo ambas seriam levado ao extremo na figura do Mago Materialista.
Em uma das cartas enviadas á um demônio aprendiz está escrito: "Tenho grandes esperanças de que
poderemos em breve colocar emoção e mitologia no âmago da ciência, de maneira poderemos levá-la
para além do que atualmente é. Com efeito faremos a crença em nós (ainda que por um outro nome) se
perpetuar enquanto a mente humana se negará a crer no seu inimigo. Uma vez produzirmos nosso
perfeito Mago Materialista, o homem, não apenas usando, mas verdadeiramente adorando o que ele
chama de 'Forças da Natureza" enquanto nega a existência de espíritos, e então saberemos que o fim de
nossa guerra está realmente próximo.

O Domínio da Terra

Teoria e Prática da Magia Satânica

Citação-chave:

A definição de magia, como é usada neste livro, é: “A mudança de situações ou eventos de acordo com
a própria vontade, mudanças estas que, se utilizando de métodos normais e aceitos, não aconteceriam.”
Isto deixa propositadamente uma margem enorme para interpretação pessoal. Muitos dirão que essas
instruções e processos não são nada além de psicologia aplicada ou fatos científicos, descritos com
terminologia “mágica” – até que cheguem à passagem no texto que diz “baseados em nenhuma base
científica conhecida”. É por esta razão que não foi realizada nenhuma tentativa de limitar as explicações
que serão dadas a uma determinada nomenclatura. Magia nunca é completamente explicada pela
ciência, mas ciência sempre foi, num determinado momento, considerada magia.

Considerações:
A Magia Satânica é a Magia Materialista, e de fato, muito do que acontece nas cerimônias e após elas
pode ser explicado pelo atual conhecimento científico. Nos rituais satânicos é sempre seguido um
preceito de que "Não há nada de sobrenatural." O que existem são fenômenos e tipos de energia que
formam os fundamentos da autentica magia satânica. A verdadeira magia Satânica é baseada em
fenômenos naturais alguns já amplamente explicados pela ciência moderna, outros em fase de pesquisa
e estudo e outros ainda que ainda não foram satisfatoriamente explicados. Muitos de seus efeitos
podem ser explicados em termos de Hipnose, Neurolinguística, Teatroterapia, Auto-sugestão,
Ferormônios, expressão não verbal, etc... contudo outros efeitos permanecem desconhecimento da
ciência moderna, e nem por isso são menos efetivos. Assim LaVey pegou tudo o que havia sido escrito
sobre Magia até então: usou o que era útil, eliminou o que era inútil e modificou o que deveria ser
modificado. Qualquer grimorio escrito antes de 1966 é para o satanista no mínimo uma curiosidade
histórica e no máximo um tratado de referência a ser criticamente analisado.” – Morbitvs Vividvs,
Manual do Satanista

Os três tipos de Rituais Satânicos

Citação-chave:

UMA PALAVRA DE ADVERTÊNCIA! PARA AQUELES QUE DESEJAREM PRATICAR ESTAS ARTES

Concernente ao Sexo ou Luxuria:

Tome plena vantagem da fascinação ou charme neste trabalho; se você for um homem, mergulhe o seu
membro ereto dentro dela com lascivo deleite; se você for uma mulher, abra extensamente seus
quadris em lasciva antecipação.

Concernente a Compaixão:

Esteja decidido e certo de que você não terá nenhum arrependimento no dispêndio de ajuda que tenha
dado aos outros, bênçãos recém - descobertas colocariam um obstáculo em seu caminho. Seja grato
pelas coisas que lhe vierem através do uso da magica.

Concernente a Destruição:

Esteja certo de que NÃO terá preocupação ou arrependimento se sua vitima vive ou morre, antes de
lançar sua maldição, e tendo causado a sua destruição, divirta-se, antes que sinta remorso.

CUIDE BEM DESTAS REGRAS - OU EM CADA CASO VOCÊ VERÁ O REVERSO DOS SEUS DESEJOS
ACONTECER E ELES IRÃO LHE FERIR AO INVÉZ DE LHE FORNECER AJUDA!

Câmara Ritual ou da "Descompressão Intelectual"

Citação-chave:

Não ha lugar para constrangimento na câmara do ritual, a menos que o próprio constrangimento seja
uma parte integrante do papel a ser jogado, e possa ser usado com grande vantagem - i. e.: a vergonha
sentida por uma mulher prudente servindo como um altar, que, através do seu embaraço, sente
estimulação sexual.(...) A “câmara de descompressão intelectual” do templo satânico pode ser
considerada uma arena de treinamento para ignorância temporária, assim como é em todas as religiões!
A diferença e que o satanista sabe que ele esta praticando uma forma de ignorância planejada de
maneira a expandir a sua vontade.

Os Ingredientes Usados na Execução da Magia Satânica


Citação-chave:

Uma das maiores armas magicas e o conhecer a si mesmo; seus talentos, habilidades, atrações e
defeitos físicos etc. e quando, onde e com quem utiliza-los! O homem com nada a oferecer, que se
aproxima do homem que e bem sucedido com o grandioso conselho e promessa de grande
prosperidade, tem a vivacidade da pulga trepando na perna do elefante com a intenção de rapto!

A aspirante a bruxa que se ilude em pensar que um trabalho magico suficientemente poderoso sempre
terá sucesso, apesar do desequilíbrio magico, esta esquecendo uma regra essencial: MAGIA E COMO A
PRÓPRIA NATUREZA, E SUCESSO EM MAGIA REQUER O TRABALHO EM HARMONIA COM A NATUREZA, E
NÃO CONTRA ELA.

O Ritual Satânico

Citação-chave:

Baphomet representa os Poderes das Trevas combinados com a fertilidade procriadora da cabra. Em sua
forma pura o pentagrama e mostrado circundando a figura de um homem nos cinco pontos da estrela -
três pontos em cima e dois pontos embaixo - simbolizando a natureza espiritual do homem. No
satanismo o pentagrama também e usado, mas desde que o satanismo representa os instintos carnais
do homem, ou o oposto da sua natureza espiritual, o pentagrama e invertido para acomodar
perfeitamente a cabeça da cabra - seus chifres, representando dualidade, impelidos para a frente em
desafio; os outros três pontos invertidos, ou a trindade negada. As figuras hebraicas em torno do circulo
do símbolo, no exterior, que suporta os ensinamentos mágicos da Cabala, esclarece perfeitamente
Leviatan, a serpente do abismo das águas, e identificado com Satã. Estas figuras correspondem aos cinco
pontos da estrela invertida. O símbolo de Baphomet e colocado na parede acima do altar.
Considerações:

O último segmento do livro de Belial contêm instruções detalhadas sobre como executar e conduzir um
ritual, seja individual ou coletivamente. Qualquer tentativa nossa de resumí-lo resultaria em perdas. De
tal forma que utilizaremos esse espaço para discutir, porque afinal o satanismo precisa de rituais.

A primeira coisa a se lembrar é que LaVey não criou uma escola filosofica ou um partido político. Ele
criou uma religião. E mais de uma vez ele deixou isso claro em sua obra. Não é a toa que nosso livro
máximo é a Bíblia Satânica e não o Manifesto Satanista ou algo assim. Isso acontece porque a religião
preenche uma lacuna que nenhuma outra forma de conhecimento pode preencher. Ela não é baseada
apenas em seco racionalismo, mas satisfaz também necessidades emocionais naturais ao ser humano.

A grande denuncia do satanismo é que por milênios a religião foi usada para manipular as massas e
controlar as pessoas. E a grande proposta do satanismo não é jogar o bebê fora com a água suja do
banho, mas jogar a água fora e salvar o bebê. Ao invéz de renunciar a religião e suas ferramentas, o
satanismo reinvindica seu domínio sobre elas, e usará ele mesmo e em seu próprio beneício os mesmos
recursos que antes eram controlados por sacerdotes.

Satanismo possui componentes de rituais esclarecidos e dogmas controlados no contexto ritual


justamente porque sua proposta é ir além do simples humanismo. Um ritual satânico é uma bolha de
espaço e tempo onde a credulidade é usada para que seus participantes lidem e controlem suas
próprias emoções e desejos. É um laboratório emocional para exercícios mentais, relaxamento e
realização de fantasias.

Quantas mais barreiras quebrarmos, mais claramente poderemos ver. Assim, se você é o tipo de
satanista que acha que os rituais satãnicos são embaraçosos, essa é uma barreira com a qual você
poderia viver sem. É um processo de alquimia negra interior, é uma afirmação material de sua ideologia
e basicamente é também uma forma de diversão.

Nesta porção do livro LaVey inclui ainda descrições do que considerou artefatos mínimos para a
realização de uma operação mágica:
Roupas cerimoniais

Altar

Símbolo da Baphomet

Velas

Sino

Elixir

Espada

Falo

Gongo

Pergaminho

Livro de Leviatan

Citação-chave:

"Talvez a falha mais evidente nas conjurações magicas produzidas no passado e a falta de emoção
desenvolvida no relato delas. Um velho feiticeiro conhecido pelo autor, que estava uma vez
empregando uma auto invocação tranqüila de grande significado pessoal na luz de seus mágicos
desejos, esgotou as palavras justamente quando o seu ritual estava próximo da sua culminação bem
sucedida. Cônscio da necessidade de guardar a produção da sua resposta emocional, ele rapidamente
improvisou as primeiras palavras provocadoras de emoção que lhe vieram à mente - umas poucas
divisões de um poema de Rudyard Kipling! Deste modo, com este final transbordante de repleta
adrenalina, estava capaz de finalizar um trabalho efetivo!"

Considerações:
O Livro de Leviathan é a parte poética da Bíblia Satânica na qual o satanista poderá encontrar as
conjurações e invocações necessárias para a execução do ritua satânico. A experiência mostrou que uma
das primeiras coisas que o satanista deve fazer é reescrevê-las.

Isso acontece porque as palavras proferidas no ritual devem brotar do íntimo de cada adepto e não ser
simplesmente repetidas como palavras mágicas ou orações sem sentido. É recomendado portanto que o
satanista leia os textos originais de LaVey e posteriormente coloque em suas próprias palavras o sentido
maior por trás delas.

Não apenas isso, mas se no momento máximo de uma invocação outras palavras brotarem da boca dos
adeptos, isso deveria ser bem vindo. Comomostado no Livro de Belial o momento de racionalização não
deve invadir a câmara de descompressão, onde as pessoas deveriam estar mais livres possiveis para
falar o que o que o canhão de seus corações estiverem prontos para disparar.

Como ilustração, neste Guia de Leitura, não colocaremos exatamente a tradução de Anton LaVey, mas
sim uma versão modificada utilizada pelo Templo de Satã afim de de satisfazer necessidades específicas
do grupo e exemplificar como as respectivas invocações de amor, ódio e compaixão podem ser
expressas de forma mais genuína por cada um.

O MAR DE FÚRIA

Invocação à Satan

In nomine Dei nostri Satanas Luciferi excelsi!

Eu invoco o nome de Satã, Soberano da terra, Rei do mundo, mestre do sangue e da carne.
Eu comando as forcas das Trevas para derramarem seus poderes gloriosos sobre mim!

Que os portais do inferno sejam amplamente abertos e que seus mestres venham até a mim para me
saudar como seu irmão (irmã) e amigo!

Concedam-me as indulgencias de que falo!

Eu aceitei o nome de Satã como o meu próprio nome!

Eu vivo como as bestas dos campos e amo a minha vida material!

Eu favoreço o justo e amaldiçôo o corrupto!

Por todos os deuses do Inferno eu ordeno que tudo o diga se torne real!

Venham até mim seres do abismo sem fim e atendam esse chamado para a realização dos meus
desejos!

OH! ESCUTEM OS NOMES!

(Segue a Leitura dos nomes infernais)

Os Nomes Infernais
Abaddon

Adramelech

Ahpuch

Ahriman

Amon

Apollyn

Asmodeus

Astaroth

Azazel

Baalberith

Balaam

Baphomet
Bast

Beelzebub

Behemoth

Beherit

Bilé

Chemosh

Cimeries

Coyote

Dagon

Damballa

Demogorgon

Diabolus
Dracula

Emma-O

Euronymous

Fenriz

Gorgo

Haborym

Hecate

Ishtar

Kali

Lilith

Loki
Mammon

Mania

Mantus

Marduk

Mastema

MelekTaus

Mephistopheles

Metzli

Mictian

Midgard

Milcom

Moloch

Mormo
Naamah

Nergal

Nihasa

Nija

O-Yama

Pan

Pluto

Preserpine

Pwcca

Rimmon

Sabazios
Sammael

Samnu

Sedit

Sekhmet

Set

Shaitan

Shamad

Shiva

Supay

T’an-mo

Tchort

Tezcatlipoca
Thamuz

Thoth

Tunrida

Typhon

Yaotzin

Yen-lo-Wang

Considerações:

Conforme aponta o autor, não existe a necessidade de serem recitados todos os nomes infernais em
todos os rituais. A tradição escolheu fazê-lo apenas em rituais solenes e datas especiais. Quando isso é
feito, recomenda-se que os nomes sejam proferidos na exata ordem em que estão, pois tal disposição
foi criada para buscar um resultado foneticamente mais interessante.

Apenas um estudo aprofundado sobre as diversas mitologia poderá indicar qual nome infernal é
apropriado para cada caso específico. Contudo é bem aceito que Pan, Lilith, Hecate, Azazel, Damballa e
Beherit são nomes apropriados a invocação de Luxúria, Abadon, Kali, Set, Sekmet, Dagon, Emma-o,
Fenriz, Dracula, Ahriman nome apropriados para maldições de destruição enquanto que Amon,
Baphomet, Ishtar, Shiva, Thoth, Taotzin, Moloch são usualmente dedicados a ritos de compaixão e
prosperidade.

Não pode ser enfatizada o bastante a importância de uma pesquisa individual de cada um desses
personagens. O estudo da demonologia moderna não é apenas uma forma de enriquecimento cultural e
libertação da monotonia do monoteísmo, mas também importante durante os rituais pois cada nome
infernal é um atalho psicológico para todo um universo de significados.

Invocação à Lúxúria

Venha a mim grande cria do abismo e faça a sua presença manifesta. Meus pensamentos gotejam de
sua boca profana e eu tenho posto minha vontade sobre o pináculo de chamas. Minha luxuria cresce
fervente em uma expansão incontrolável.

Seja o mensageiro de minhas delicias sexuais e faça com que as obscenidades de meus desejos carnais
tomem forma.

Da torre de Satan erguida sobre o mais profundo abismo vira um sinal que ligará carne e carne e
prensará os corpos com os sabores de minha requisição.

Aqui eu reuni os meus símbolos e aqui preparo meus ornamentos daquilo que é para acontecer e a
imagem da minha criação espreita como um dragão agitado aguardando a sua liberdade.

Saiam no vazio da noite e penetrem esta mente que respondera com pensamentos que levarão aos
caminhos do luxurioso abandono...

(HOMEM)
Meu pau está sedento. Guiado pelos gemidos a forca de penetração do meu veneno quebrara a
santidade da mente que for estéril à luxuria; e assim que a semente cair, então seus vapores serão
espalhados dentro da cérebro adormecido paralisando-a até que seja impossível se controlar quando
não de acordo com o meu desejo! Em nome do grande deus Pan, permita que os meus pensamentos
secretos cheguem fundo no movimento desta carne que tanto desejo! Que minha luxúria seja
consumada!

Shemhamforash! Salve Satan!

(MULHER)

Meus quadris estão em chamas. O derramamento do néctar da minha fenda ansiosa agira como pólen
para o cérebro,e a mente que não sentir luxuria e então meu desejo explodira com um louco impulso. E
quando a minha poderosa onda o atingir novas perambulações começarão e esta carne que eu desejo
vira até mim. Em nome das grandes prostitutas da Babilônia e de Lilith e de Hecade! Que minha luxuria
seja consumada.

Shemhamforash! Salve Satan!

Invocação à Destruição

Eu chamo os Monstros do fogo. Os grandes predadores da escuridão. Eu convoco os Mercenários do


exército de Satã. Marchem e apareçam!

As poderosas vozes da minha vingança arruinarão a calmaria do ar e se manterão como monolitos de


fúria mortal sobre um solo de serpentes retorcidas. Eu me torno uma monstruosa maquina de
aniquilação para aqueles fragmentos ulcerosos do corpo daquele (daquela) que tentou deter-me.
Não me arrependerei que minha invocação viaje pelas asas do vento e que multiplique a dor causada
pela minha crueldade; e uma grande e horrenda forma negra e subira do inferno sombrio e vomitara
sua pestilência dentro da boca deste (desta) imbecil.

Eu invoco os mensageiros da destruição para cortar com suas lâminas frias e com repugnante deleite a
vitima que eu escolhi. Quieto é o pássaro sem canto que se alimenta da polpa do cérebro daquele
(daquela) que me atormentou, e a agonia será sustentada por ele nos gritos agudos causados pela
dor, apenas para dar sinais de advertência para aqueles que pensam em me ofender.

Sim! Venha adiante pelo nome de Abaddon e destrua ele (ela) cujo nome eu dei como sinal.

Oh grandes irmãos da noite, vocês que me encheram de conforto, que habitam dentro das asas quentes
do Inferno, que vivem na pompa do demônio, Venham e apareçam! Apresentem-se a ele (ela) e a este
miserável sustentem a podridão da mente que move a fala inarticulada deste (desta) que zomba do
justo e do forte!; Exponham suas línguas cancerígenas e lambam e infectem a sua genitália . Oh Kali!
Penetre seus pulmões com a ferroada dos escorpiões. Oh Azazel! Penetre na sorte dele (dela) e o leve a
miserável decadência. Oh poderoso Dagon! Penetre por suas narinas a noite e arranhe e sangre seu
estômago por dentro. Oh Sekhmet

Eu infinco a bífida lâmina infernal e em suas magníficas pontas derrama-se as manchas de sangue do
meu sacrifício de vingança mortal!

Shemhamforash! Salve Satan!

Invocação à Compaixão
Com a cólera da tortura e a ira da extinção, eu despejo a minha voz, protegida no ribombar do trovão, a
fim de que você possa me escutar!

Sim! Grandes espreitadores da escuridão, guardiões do caminho, favoritos do poder de Thoth! Movam-
se e apareçam! Apresentem-se a nós em seu benigno poder, em benefício de alguém que acredita e está
acometido de tormento.

Isole-o no baluarte da sua proteção, pois ele não merece a tortura e não a deseja.

Deixe que os que se conduzem contra ele sejam enfraquecidos e destituídos de substância.

Assista-o através do fogo e água, terra e ar, e garantam que ele recupere o que perdeu.

Torne forte através do fogo o cérebro do nosso amigo e companheiro, nosso confrade do caminho da
mão esquerda.

Através do poder de Satan deixe a terra e os seus prazeres reentrarem o seu ser.

Permita que suas forcas vitais fluam livremente, que ele possa saborear os néctares carnais dos seus
vindouros desejos.

Inflija o silencio ao seu adversário, com ou sem forma, a fim de que seu protegido possa emergir alegre
e forte daquilo que o aflige.

Não permita que nenhum infortúnio atinja o seu caminho, pois ele e um de nós, e por isso deve ser
cuidado.
Restaure o seu poder, para se alegrar, para o domínio interminável dos reveses que lhe tenham
atacados.

Construa em volta e dentro dele o brilho exultante que introduzira solenemente sua emergência do
marasmo estagnador que o engole.

Isto eu invoco em nome de Satan, cujas mercês florescerão e cujo amparo prevalecera!

Assim como Satan reina, Reinará aquele cujo o nome é este som: (nome). Sim! O protegido e
privilegiado cuja a carne é como o mundo; vida eterna, mundo sem fim!

Shemhamforash! Salve Satan!

Linguagem Enoquiana

Citação-chave:

Por muitos anos, as Chaves Enoquianas, ou Convocações, tem sido encobertas em segredo. Os poucos
impressos que existiram eliminaram completamente as redações corretas, assim as traduções
apropriadas foram disfarçadas através do uso de eufemismos, e somente designada para lançar o
magico inepto ou o inquisidor aspirante fora do caminho. Apócrifos e como eles se tornaram (e quem
conta que a realidade inflexível provoca a fantasia), as Chaves Enoquianas são os elogios satânicos da fé.
Dispensando certos equívocos que uma vez foram pragmáticos; termos como “santo” e “angélico”, e
grupos arbitrariamente escolhidos de membros, o propósito deles foram apenas agir como substitutos
para palavras blasfemicas - aqui, então, estão as VERDADEIRAS Chaves Enoquianas, como recebidas de
uma mão desconhecida.*
Considerações:

As Chaves Enoquianas fornecem uma das abordagens mais flexiveis do sistema enoquiano de magia.
Cada uma delas é, sozinha, uma invocação poderosa a ser usada em momentos aprópriados pelo
magista. Elas devem ser lidar no idioma enoquiano, seguindo a pronûncia correta desta linguágem, mas
sempre carregada cmo um forte aspecto emocional do operador que entende e vive a mensagem
expressa por cada uma delas.

Elas são usadas para encerrar os três rituais satânicos, assim como são usadas como conjurações e
maldições em si mesmas, usadas em diferentes contextos como sigilos, pragas, e mantras de poder.
Lemos em "As Sementes de LaVey": "Os satanistas usam as chaves durante os rituais como se fosse uma
verdadeira revelação satânica trazida aos homens pelos próprios seres do inferno. O importante não é a
origem histórica desta língua, que provavelmente foi inventada e não descoberta por John Dee e
compania. O que realmente importa é que os usos das chaves enoquianas potencializam o resultado do
ritual satânico. Cada chave é a sublimação de um significado para se atingir a mente subconsciente,
exatamente como nos sigilos caoistas.

Na edição de junho de 1970 do periódico The Cloven Hoof, LaVey sugere que as seguintes chaves sejam
usadas para as seguites ocasiões e cerimônias:

Vingança e Destruição: Chaves 12, 14, 17

Luxúria e Casamentos: Chave 2, 7, 13

Funerais: Chave 11

Compaixão: Chaves 16, 18,

Poder e Prosperidade: Chaves 1, 3, 8

Missas Negras: Chaves 5, 15

Orgulho e Alegria Chave 18


YANKEE ROSE

YANKEE ROSE[1]

[1] LaVey termina seu livro com as enigmáticas palavras "Yankee Rose", deixando-as propositalmente
sem quaisquer explicação. Somente muito mais tarde sua filha Zeena Schreck elucidou o mistério...
Quando LaVey tocava orgão nas casa noturnas, gostava de terminar todas as suas apresentações com
uma obscura canção popular de 1920 chamada "Yankee Rose".

Esta música foi inclusive gravada por ele no seu álbum “Satan Takes a Holiday”, lançado pela Amarillo
Records e nela não há nada de especificamente satânico nem em suas palavras nem em sua melodia.
Esta expressão era simplesmente uma maneira que Anton decidiu assinar seu livro e assim fechar o
maior de seus espetáculos, como costumava fazer com seu repertório nas casas noturnas.

Contudo, antes e depois desta explicação não faltaram estranhas teorias explicando sentidos ocultos
nestas palavras. Mesmo não havendo nenhum, isso mostrou o talento da imaginação e a ânsia humana
pelo fantástico, mesmo dentro de uma religião materialista como o Satanismo. A capacidade de
encontrar significados ocultos em tudo certamente deve ter sido motivo de boas risadas para o autor e
seus amigos próximos.

Os Nove Pecados Satânicos


Por anos as pessoas têm perguntado aos representantes da Igreja de Satã: "Muito bem: sua filosofia é
baseada na indulgência dos instintos humanos mas vocês tem alguma espécie de pecados como outras
religiões?". Categoricamente, nossa resposta tem sido: "Não". Mas é chegado o momento de melhorar
esta resposta. Após 21 anos[1] de forte crescimento achamos ser apropriado traçar algumas diretrizes,
não somente daquilo que somos a favor, mas também sobre aquilo que trabalhamos para evitar e que
desaprovamos. A diferença é que diferente das outras religiões , que desenvolvem pecados que as
pessoas não podem evitar, nós consideramos "pecaminosas" apenas algumas coisas que as pessoas
certamente podem evitar se trabalharem um pouco.

I. ESTUPIDEZ

O primeiro de todos os Pecados Satânicos. O Pecado Capital do Satanismo. É uma pena que a
estupidez não seja dolorosa. Ignorância é uma coisa, mas nossa sociedade prospera graças à estupidez.
Ela cresce e se alimenta das pessoas que simplesmente aceitam tudo o que lhes é imposto sem nenhum
questionamento. A mídia cultiva a estupidez como uma postura que não é apenas aceitável mas
louvável. Satanistas precisam aprender a enxergar além dessa superficialidade e não podem se dar ao
luxo de serem estúpidos.

II. PRETENSÃO

Uma postura vazia pode ser muito irritante além de ir contra todas as regras da Baixa Magia. Quanto o
assunto é aquilo que mantém o dinheiro circulando hoje em dia a pretensão está em pé de igualdade
com a estupidez. Fazem todos se sentirem muito importantes, independente da capacidade de cada um
de arcar com as conseqüências de seus próprios atos.

III. SOLIPSISMO

Pode ser muito perigoso para o Satanista. É a doutrina segundo a qual a única realidade no mundo é o
eu. Projetar suas reações, respostas e sentimentos em alguém que provavelmente não está tão
sintonizado com você quanto você pensa. É o erro de esperar que os outros demonstrem por você a
mesma consideração, a mesma cortesia e respeito que você demonstra naturalmente por eles. Eles
simplesmente não o farão. Por isso Satanistas devem se empenhar em viver pela máxima: "Trate os
outros como eles tratam você!" Para muitos de nós isso é uma tarefa difícil e demanda muita atenção, a
não ser que você caia em um estado confortável e ilusão em que todo mundo é como você. Como já foi
dito, algumas utopias seriam os ideais em uma nação de filósofos, mas infelizmente (ou talvez
felizmente, de um ponto de vista Maquiavélico) nós estamos muito longe disso.

IV. AUTO ENGANO

Está presente nas "Nove Declarações Satânicas" mas merece ser repetido aqui. Outro pecado capital.
Nós não devemos prestar homenagem a nenhuma das vacas sagradas que nos são apresentadas,
incluindo as do papeis que representamos para nós mesmos. O único tipo de auto-engano aceitável é
aquele que nos diverte, e somente quando temos plena consciência de sua natureza. Mas então já não é
auto engano!

V. CONFORMISMO

Isto é obvio do ponto de vista Satânico. Não há problemas em se submeter à vontade de uma pessoa se
isto lhe trouxer benefícios. Mas apenas os tolos se satisfazem sendo parte do rebanho, aceitando ser
guiados por uma entidade impessoal. O segredo é escolher sabiamente um mestre ao invés de ser
escravizado pelo capricho da multidão.

VI. FALTA DE PERSPECTIVA

Esta é outra falta que pode resultar em um monte de desgosto para o Satanista. Você nunca deve
perder o rumo, nunca se esquecer de quem você é e do que você é, e da ameaça que você pode se
tornar simplesmente por existir. Nós estamos escrevendo a história neste momento, a cada novo dia.
Sempre tenha em mente todo o quadro histórico e social. Este é um dos segredos mais importantes
para prática da Alta e da Baixa Magia. Enxergue os padrões e os combine as peças para que as coisas se
encaixarem. Não se deixe influenciar pelas limitações da grande massa - saiba que você está
trabalhando em um nível completamente diferente do resto do mundo.

VII. NEGLIGÊNCIA ÀS ORTODOXIAS DO PASSADO


Eis aqui uma das melhores formas de se fazer lavagem cerebral nas pessoas, esteja avisado! É quando
algo que já foi amplamente conhecido e aceito recebe uma nova roupagem e é apresentado como
inovador e diferente. Um novo gênio é adorado ao passo que o criador original cai no esquecimento.
Este é o caminho para se criar uma sociedade descartável.

VIII. ORGULHO CONTRA PRODUTIVO

A segunda palavra é muito importante aqui. O orgulho é uma ferramenta muito importante desde que
você não comece a entornar a água suja do banho se esquecendo de tirar o bebê de dentro de sua
banheirinha. A regra do Satanismo é: se funciona com você, ótimo! Mas quando para de funcionar,
quando você se colocou em uma sinuca de bico e a única maneira de sair da complicação for dizer "Me
desculpe, eu pisei na bola, eu sinceramente espero que possamos de alguma forma nos entender",
então diga!

IX. FALTA DE SENSO DE ESTÉTICA

Esta é a aplicação física do Fator de Equilíbrio. O senso de estética é muito importante na Baixa Magia e
deveria ser cultivado. É óbvio que ninguém consegue mais ganhar tanto dinheiro explorando os padrões
clássicos de forma e de beleza, então eles são desencorajados em uma sociedade consumista, mas saber
identificar a beleza e o equilíbrio é uma importante ferramenta Satânica e deve ser utilizada para se
atingir resultados mágicos cada vez mais eficazes. Não se trata do que deveria ser agradável - é o que é
agradável de fato! Senso de estética é algo pessoal, um reflexo da natureza de cada indivíduo, mas
existem combinações que são universalmente agradáveis e harmoniosas e elas não deveriam ser
negadas.

Esta foi a primeira proclamação doutrinal em mais de uma década e traça algumas regras importantes
para as práticas Satânicas. Deveria ser entendido que de forma alguma substitui as Nove Declarações
Satânicas ou as Onze Regras Satânicas da Terra, mas que do contrário, explora seus princípios um pouco
mais profundamente.

[1] LaVey escreveu este texto em 1987.


As Onze Regras Satânicas da Terra

I. Não dê opiniões ou conselhos a menos que lhe sejam pedidos.

II. Não conte teus problemas pessoais para outras pessoas a menos que

tenha certeza de que elas desejem ouvi-los.

III. Quando no lar de outrem demonstre respeito, ou então não vá lá.[1]

IV. Se um convidado te ofende e irrita em teu lar trate-o cruelmente e sem piedade.

V. Não faça avanços sexuais a não ser que tua vontade seja correspondida.

VI. Não apanhe aquilo que não te pertence a não ser que seja um fardo para a outra pessoa e
ela rogue para ser aliviada.

VII. Acredite no poder da magia se a tens utilizado com sucesso para realizar teus desejos. Se o
negar após tê-lo empregado com êxito, perderá tudo o que conseguiu.

VIII. Não reclame de coisa alguma à qual você não tenha que se sujeitar.
IX. Não moleste crianças.

X. Não mate animais não humanos a não ser que você seja atacado por eles ou precise deles
para se alimentar.

XI. Quando caminhando em território aberto não incomode ninguém. Se for incomodado peça
para que a pessoa pare. Se não ela parar destrua-a. [2]

[1] Isso inclui obviamente, os templos e espaços sagrados de outras religiões.

[2] A destruição mencionada na chave não se refere necessariamente à destruição física, a não ser que
tal seja imperativo para a própria sobrevivência. (Lord Ahriman)

sobre laguns nomes citados :

William Mortensen

Fotógrafo, escritor e professor americano que liderou o movimento pictorialista em 1930. A obra que
impactou LaVey foi certamente um manual de fotografia entitulado "The Command to Look" escrito em
1937. Sua teoria psico-ótica foi de grande influência nos avanços de LaVey no ramo da arte e da mente
humana.

que olhou... e viu.

Wilhelm Reich

Psiquiatra alemão (1898-1954) que defendia haver uma força material chamada "orgone", que estaria
entre outras coisas por trás do orgasmo humano. Esta força poderia ser coletada em "cabines"
chamadas "acumuladores de orgone". Autor de “A função do Orgasmo” e “O Assassinato de Cristo”.

que sabia mais do que construir uma cabine

W.C Fields

Foi o nome artístico do comediante William C Gukinfield (1990-1946). Serviu de inspiração para o
sarcasmo, cinismo e humor negro que Anton LaVey fazia questão de transparecer para o publico.

que me poupou uma viagem ao Tibet


Sir Basil Zaharoff

basil.jpgFoi a inspiração de Lavey para o que ele posteriormente chamou de "terceira via satânica", a
recusa a responder questões restritas de múltiplas escolhas. Sir. Basil é imagem perfeita do conspirador
que evita os dois lados do campo de batalha enquanto prospera com o desentendimento dos campos
opostos. Sir Basil Zaharoff (1850-1936), foi um mercador de armas que vendia e incentivava seus
consumidores a usar seus artefatos bélicos, enquanto não só enriquecia mas também se tornava
cavaleiro nomeado pelo Rei da Inglaterra.

um cavalheiro

Satã

Hebreu: o adversário, o opositor, o acusador, Senhor do Fogo

Elemento: as Chamas do Inferno

Direção: Sul

Texto tirado do livro "Antes que os demônios voltem" Edições Loyola- pág. 279 a 281:

É provável que haja relação da palavra hebraica satã com a posterior palavra árabe shaitan, que
originalmente – ao que opinam alguns – significava serpente. Alguns povos vizinhos de Israel
representavam seus ídolos sob a forma de serpente. Satã, serpente, ídolo seriam sinônimos. A serpente
do paraíso seria assim compreendida de outro ângulo: representação de um ídolo, uma divindade.

A palavra satã nada tem a ver com os anjos caídos, ou demônios no conceito clássico cristão.

Em 15 oportunidades – dependendo das versões – aparece o termo satã no antigo testamento:

Com referência a Davi diziam os príncipes filisteus: "Não se volte contra nós no combate" . de acordo
com o original hebraico seria: "Não se torne satã (inimigo) nosso no combate" (1Sm 29,4)

Davi aplica o termo satã aos homens que se opõem à vontade de Deus tentando o rei para que mate o
benjaminita que o injuriou. Satã significa a oposição humana a Deus. A Bíblia de Jerusalém traduz por
adversários do próprio Davi, no sentido de tentadores: "Davi disse: ‘Que tenho eu convosco filhos de
Sarvia, para que vos torneis hoje meus adversários? Poderia ser alguém condenado à morte hoje em
Israel?’ " (2Sm 19,23)

A Bíblia de Jerusalém traduz simplesmente por adversário onde o original hebraico diz satã; Salomão
afirma que "agora não tenho satã nem infortúnio" (1Rs 5,18 ou 5,4 da Vulgata)

Pouco depois já há dois satãs para Salomão. A palavra satã aparece três vezes. A Bíblia de Jerusalém
volta a substituir satãs pelas palavras adversário e inimigo (1Rs 11,14.23.25)

No primeiro livro dos Reis (21,13) o termo satã qualifica duas falsas testemunhas. A Bíblia de Jerusalém
traduz sua atitude em satã, por inescrupulosos.

O salmo 108 (ou 107, 12-13) chama de satã os inimigos em geral e o acusador no julgamento. A Bíblia de
Jerusalém emprega as palavras rejeição e opressão.

Igualmente satã é para o salmista,mais uma vez, um acusador no julgamento: "Designa um ímpio contra
ele, que um acusador (satã) se poste à sua direita" (Sl 109,6)
Depois do exílio, satã personifica o promotor que no tribunal divino é encarregado de acusar. Iahweh
"me fez ver Josué, sumo sacerdote, que estava de pé diante do Anjo de Iahweh e Satã que estava de pé
à sua direita para acusá-lo..." (Zc 3,1s). Imagina-se o Supremo Juiz como um rei terreno rodeado de sua
corte. Dentre os servidores, um deles tem o cargo de satã, de acusador. Satã é um cargo, não uma
pessoa. Não é um nome próprio, é um título.

O livro de Jó (1,6) refere que um dos filhos de Deus se apresenta diante do trono de Iahweh. O nome
que lhe é dado é satã. O nome comum representa o cargo de acusar, e também a adversidade, a
inimizade, a oposição que é permitida ou sancionada por Iahweh.

No Eclesiástico, emprega-se a palavra satã no sentido de alguma espécie de inimigo. Trata-se


provavelmente do próprio instinto mau interior: "Quando o ímpio maldiz Satã, ele maldiz a si próprio"
(Eclo 21, 27)

Em Habacuc (2,5), Satã designa a peste. Na Bíblia de Jerusalém é traduzido por Xeol, o lugar da morte.

No primeiro livro dos Macabeus, designa-se com o termo satã, a "gente ímpia" e os "homens perversos"
(1Mc 1,34). A Bíblia de Jerusalém traduz o termo satã por adversário maléfico: "Aquilo era uma
emboscada para o lugar santo, um adversário maléfico para Israel constantemente" (1Mc 1,36)

O termo satã é aplicado a um ser sobrenatural no Livro dos Números: é a oposição feita por Iahweh. O
texto diz que o anjo de Iahweh, mensageiro de Iahweh, isto é, o próprio Iahweh, se interpõe no caminho
de Balaão. "Sou Eu que vim barrar-te a passagem", segundo a Bíblia de Jerusalém. No original em
hebraico é: "Sou eu que que vim contra ti em satã" = em oposição (Nm 22,32).

Como em Jó e em Números, o Satã das crônicas (1Cor21,1) é representante de Deus.

O Livro da Sabedoria foi escrito em grego, ignoramos qual seria a palavra escolhida pelo autor sagrado
se escrevesse em hebraico. O autor utiliza a palavra grega diábolos, termo com a qual os Setenta
normalmente traduzem a palavra hebraica satã: "É por inveja do Diabo que a morte entrou no mundo"
(Sb 2,24). Como Paulo (Rm5,12) ensina que pelo pecado de Adão entrou a morte no mundo e o pecado
pela tentação da serpente, o termo satã designaria aqui a serpente do Paraíso.

Portanto, no Antigo Testamento satã não representa um ser que possamos considerar um demônio no
sentido cultural cristão de um ser sobre-humano e perverso. O nome Satã, ou Satãás, no Antigo
Testamento personifica a inimizade, dificuldade, contradição.

A palavra satã, na sua forma verbal, stn em hebraico, aparece seis vezes no Antigo Testamento (Zc 3,1;
Sl 38,21; Sl 71,13; Sl 109,4; Sl 120,29). Poderíamos traduzi-lo por "Satãizar". Os Setenta (Estudiosos que
traduziram o Antigo Testamento antes de Cristo) geralmente traduzem o verbo stn por endiabállo, em
grego; caluniar nas línguas vernáculas (e o substantivo satã, os Setenta geralmente o traduzem por
diábolos, que significa caluniador). A Bíblia de Jerusalém geralmente traduz por acusar.

Reginald Marsh

Ilustrador, cenografista e pintor de estranhas cenas urbanas bastante admirado por LaVey que se tornou
ele mesmo também pintor de cenas atipicas. Viveu entre os anos de 1898 e 1954

um grande artista

Rasputim
rasputim.gifFoi bastante admirado por LaVey que enxergou no "monge louco" da Rússia um fabuloso
manipulador de pessoas (e especialmente de mulheres). O Talento de Rasputim (1872-1916) para unir o
sagrado e o Profano foi uma das fortes inspirações para o surgimento do satanismo.

LaVey provavelmente teve contato com este personagem historico a partir do filme "Rasputim: The Mad
Monk” de 1965.

Morte Súbita inc. possui uma análise detalhada da vida e obra de Rasputim

que soube a magia de uma criança

Ragnar Redbeard

Ragnar Redbeard (1842?-1926?) foi provavelmente um pseudônimo como qual Jack London escreveu o
livro “Might is Right”. LaVey usou literalmente trechos da obra para escrever a primeira porção da Biblia
Satânica intitulada: "Livro de Satã"

para quem poder era direito

P.T Barnum
Foi um showman americano que viveu entre 1810 e 1891, famoso por seu talento no mundo dos
espetáculos. Inventor do concurso de beleza e do show de aberrações tornando-se o homem mais rico
da América e estabelecendo as bases da arte circense moderna. Supostamente a filosofia básica de
Barnum - "Nasce um trouxa por minuto" foi usada por LaVey para compor sua visão de mundo,
especialmente quando percebeu que muitas pessoas não entendiam o que ele escrevia e estavam
apenas procurando uma igreja diferente a qual seguir.

outro grande guru

Orrin Klapp

Sociólogo cujos trabalhos "Heroes Villains and Fools" (1962) e "The Collective Search for Identity" (1969)
foram de grande influencia nas idéias de LaVey quanto as mudanças e movimentos sociais.

o homem que anda

Max Reinhard

Nascido na Áustria com o nome de Max Goldman, tornou-se um famoso dramaturgo e diretor
especializado em encantar as platéias com estonteantes espetáculos morrendo em 1943.
um construtor de sonhos

Mark Twain

Era o pseudônimo de Samuel Langhorn Clemens (1835-1910), um grande escritor americano. LaVey
admirava Twain por seus trabalhos "Letters from Earth " (1962) e The Mysterious Stranger (1969). Em
um documento dos primórdios da Igreja de Satã, LaVey brada Twain como "um dos grandes advogados
do Diabo que a história conheceu." e "a mais nobre das encarnações do Satanista.

Um homem muito valente

Sobre Lúcifer

Romano: o portador da luz, iluminação

Elemento: o Ar, a estrela da manhã


Direção: Leste

A Verdadeira história de Lúcifer, por Tezcat.

Lúcifer, a simples menção de seu nome parece evocar o odor do enxofre. O imaginam como o anjo mais
belo de toda a criação e também como o personagem responsável pelo maior drama cósmico jamais
visto. Conta a lenda que, seduzido pelo próprio orgulho, arrastou consigo uma grande parte dos anjos
que adoravam a Deus, provocando uma rebelião cujas últimas conseqüências são a existência da dor, da
maldade e da morte no mundo. Lúcifer é considerado, desde então, como o ideólogo do mal, o
instigador do lado obscuro do ser humano, o primeiro de todos o tentadores. Mas sua história está
cheia de contradições e uma delas é a ausência de uma verdadeira história.

Porque um acontecimento de tal magnitude, de tamanha transcendência para o seu humano não
poderia passar desapercebido para os autores da Bíblia. Em suas páginas deveríamos encontrar um
relato pormenorizado do evento e de suas causas.

Mas isso não acontece. De fato o nome Lúcifer já não aparece em mais nenhuma Bíblia Moderna, ainda
que esteja presente nas antigas. Ele foi apagado da história mas não das lendas. Na verdade todo o mito
moderno de Lúcifer se originou de um engano, um simples erro de tradução.

"Lúcifer" é uma palavra Latina que significa "portador da luz". Foi usada por São Jerônimo na elaboração
da Vulgata, a versão em latim da Bíblia, para traduzir a palavra hebraica "Helel", que significa
literalmente "resplandecente", "brilhante", de um texto de Isaias. Foi uma escolha ponderada, que
buscava conciliar os significados confusos que, segundo algumas pessoas, o texto em hebraico parecia
ter. E acontece que, naquela época, alguns padres da igreja acreditaram ter encontrado naquelas
palavras a descrição da queda de Satãás!

Até aquele momento Lúcifer também era conhecido como Heósforo, um deus menor da mitologia
greco-romana, o filho da deusa Aurora que nada tinha a ver com as tradições judaicas ou cristãs. Sua
condição de descendente dos deuses foi decisiva na escolha de São Jerônimo.

Mas sobre o que dizia realmente o texto de Isaias? O profeta compilou a seguinte sátira, composta por
IHVH, evocando a derrota de seu inimigo, o rei da Babilônia:

"Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da aurora! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de El exaltarei o
meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Safon; subirei acima das
mais altas nuvens e serei semelhante a Elion (o Altíssimo). Contudo, serás precipitado para o reino dos
mortos, no mais profundo do abismo." Is. 14, 12-15

A Vulgata usou a palávra Lúcifer na tradução da primeira frase:


Quomodo cecidisti de coelo, Lucifer qui mane oriebaris... As sucessivas versões nas línguas vernáculas
permaneceriam sem tradução para esta palavra latina: "Como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da
aurora!..." Deste então Lúcifer foi considerado um nome próprio. Havia nascido a lenda do anjo rebelde,
o mito greco-romano ressurgia, a lenda pagã se cristalizava e a origem do mal no mundo havia sido, por
fim, inventado. Haviam sido criados um novo nome e um novo personagem.

O mito sobreviveria ao longo dos anos e muitas lendas medievais se nutririam destas raízes ancestrais,
criando relatos de grande beleza e simbolismo, mas Isaias - seu criador - conhecia muito pouco de
mitologia clássica. Suas crenças pertenciam a um âmbito cultural muito diferente e o fundo de suas
palavras refletiam um drama que nada tinha a ver com batalhas cósmicas entre anjos, mas sim com
lutas entre deusas. Ou pelo menos, entre os filhos dos deuses...

A Família de IHVH

A Bíblia contém muitas surpresas. Seu estudo detalhado revela circunstâncias que batem de frente com
os dogmas estabelecidos ao longo dos séculos. Uma delas se refere às primeiras crenças do povo Judeu.
Mesmo que poucos saibam, no início Israel aceitava a existência de outros deuses que eram submetidos
à autoridade de IHVH. Esta concepção coincidia em muitos aspectos com a dos cananeos, o povo que
habitava grande parte das terras que logo seriam conquistadas por Israel. A principal diferença entre os
dois povos consistia em que para os Judeus o Deus principal era IHVH enquanto que para os cananeos
era Baal.
Mas Baal era o filho de outro deus chamado El, a quem substituiu sucedeu ao trono. Curiosamente IHVH
manifesta numerosas vezes nas escrituras seu ódio visceral contra Baal, mas nunca contra seu
progenitor. É surpreendente como um deus ciumento como IHVH permitiu que posteriormente os
Judeus usassem essa mesma palavra "El" para designar sua pessoa, como podemos observar em
numerosas passagens da Bíblia.

Por que essa exceção com o deus de seus inimigos, os cananeos? Por acaso se tratava de um deus
diferente? Estas contradições levaram alguns exegetas a insinuar que esse Deus dos cananeos e seu
homônimo hebreu - também conhecido como IHVH - poderiam na realidade se tratar do mesmo deus.
Existe um texto chave no capítulo 14 do Gênesis que parece confirmar tal hipótese. Ali encontramos
dois personagens, um Judeu - Abrahão - e outro cananeo - Melquisedeque - que se saúdam
mutuamente, ambos invocando o mesmo deus: El-Elion, nome composto com o do deus cananeo e o
superlativo "Elion" (o Altíssimo). O fato do nome que tanto Melquisedeque quanto Abrahão usam em
suas saudações ser o mesmo não deixa dúvidas: ambos adoravam o mesmo Deus. IHVH não era senão o
nome pelo qual os Judeus conheciam o antigo deus dos cananeos e a partir deste momento o título de
"o Altíssimo", usado até então apenas pelos cananeos, passaria também a ser usado pelos israelitas para
se referirem a seu deus.

E se ambos os deuses na verdade eram o mesmo então as "lendas" dos textos cananeos podem ser
aplicadas a IHVH. Assim, por exemplo, se conta que das relações entre esse deus com algumas
mulheres nasceram vários filhos. Um deles, chamado Sahar (aurora) tem uma relação direta com a
história de nosso personagem, pois no texto de Isaias Lúcifer é chamado de Helel ban Sahar pelo próprio
IHVH ao dizer "Estrela da manhã (Lúcifer, astro brilhante), filho da Aurora". E aqui nos deparamos com o
paradoxo de que - com base neste título, e segundo a mitologia cananea - Lúcifer poderia ser
descendente direto, mesmo que não reconhecido, de IHVH.

Antes de refutar de imediato esta idéia tão heterodoxa deveríamos retornar ao texto de Isaias. Ali
comprovaremos como Lúcifer desejou "subir ao céu e colocar seu trono acima das estrelas de El". É dito
que na Bíblia as estrelas simbolizam os membros da corte de IHVH. Mas o texto menciona algo mais:
Lúcifer ambicionava "sentar-se no monte da congregação, nas extremidades do Safon". "Safon" em
hebraico significa "norte", mas para os cananeos o Safon era justamente a montanha onde morava a
divindade. Não distante dali se encontrava "o monte da congregação", local onde os deuses realizavam
suas assembléias. A idéia é quase universal: os gregos falavam do Monte Olimpo, em cujo pico mais alto
vivia Zeus que em sua morada convocava as reuniões com outros deuses; os hindus mencionavam o
monte Meru e a cidade dourada de Brahma que existia em seu cume, que era ponto de encontro dos
deuses. Tais idéias, longe de serem alheias ao pensamento hebreu, se encontram ramificadas em
inúmeros pontos das Escrituras, resistindo a "correções" posteriores mais de acordo com a ortodoxia
monoteísta dos séculos mais recentes do Judaísmo. Mas o que acontecia na privacidade das reuniões de
IHVH com os outros deuses?

O Livro dos Salmos é bem conhecido, mas quase nunca se dão atenção no conteúdo revelador do salmo
82. Nele se fala de um IHVH orgulhoso, que ostenta novamente o "cargo" de chefe dos deuses, disposto
a colocar ordem nas coisas. Assim diz o texto:

"Elohim assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento. Até quando
julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios? Fazei justiça ao fraco e ao órfão,
procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das
mãos dos ímpios. Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam todos os fundamentos
da terra. Eu disse: sois deuses, sois todos filhos de Elyon. Todavia, como homens, morrereis e, como
qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir."

Sois deuses, e filhos de Elyon! O texto não dá lugar a dúvidas: os deuses julgados, aqueles a quem IHVH
havia confiado cargos distintos, são seus próprios filhos, e o texto pertence à Bíblia. Pois bem, que
cargos ocupavam os filhos de Elyon? Encontramos a resposta no livro Deuteronômio:
"Quando Elyon distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos dos homens uns dos outros,
fixou os limites dos povos, segundo o número dos Sene'El (os filhos de El), Porque a porção do SENHOR
é o seu povo."

Deut. 32, 8-9

Ou seja, quando IHVH começou a ter descendentes dividiu seu reino entre seus filhos, reservando para
si uma parte do território: o que foi ocupado primeiro pelos cananeos e logo depois por Israel. Esta pode
ser a origem de muitas das monarquias daquela região. Mas com o tempo esses reis deixaram de ser
leais e questionaram a supremacia de IHVH. Inclusive seu próprio filho Baal chegaria a lhe tomar o
trono. Esta foi a razão pela qual IHVH planejou a invasão do território cananeo pelo povo de Abrahão:
necessitava que um novo povo fiel ocupasse seu antigo território, lhe rendesse culto e lhe elegesse o
novo deus do lugar. Com ele recuperaria além do trono daquela região o título que havia perdido de
"Deus dos deuses" (Jos. 22). E quanto a esses outros deuses, IHVH não teve dúvidas quanto a acabar
com eles quando julgou necessário. Isso lhes garantiu belas palavras que recordam sua antiga
magnificência como, por exemplo, aconteceu com o rei de Tiro:

"Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e diz-lhe: Assim diz o SENHOR Deus: Tu
és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Elohim; de todas as
pedras preciosas te cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira, o
carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos; no dia em que foste
criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no
monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em
que foste criado até que se achou iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu
interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Elohim e te farei
perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras."
A Queda de Lúcifer

O rei de uma nação vizinha convidado ao jardim de Elohim? Naturalmente! Tal era a prerrogativa dos
deuses-reis. E entre eles não podia faltar o faraó do Egito, "creme de la creme", quem - segundo IHVH -
se destacava sobre todos os demais como o maior e mais belo cedro de seu jardim: "Os cedros no jardim
de Elohim não lhe eram rivais; os ciprestes não igualavam os seus ramos, e os plátanos não tinham
renovos como os seus; nenhuma árvore no jardim de Elohim se assemelhava a ele na sua formosura".
Mas, vítima de seu própria orgulho se fez merecedor do castigo divino: "Como sobremaneira se elevou,
e se levantou o seu topo no meio dos espessos ramos, e o seu coração se exalçou na sua altura,
entreguei-o nas mãos de um poderoso das nações, que o tratará como merece sua malignidade e o
destruirá"(Ez. 31).

Vendo os acontecidos assim não é de se estranhar que caiu também Lúcifer, o rei da babilônia. Mas
existe algo que não se encaixa: por que ele não era admitido na congregação dos deuses? Por acaso era
diferente dos demais? Parece que sim. A maioria das dinastias da antigüidade proclamavam ser
descendentes diretas dos deuses que viviam no céu. É o que afirmam, por exemplo, os primeiros faraós,
os reis da babilônia e os imperadores chineses, mas não era o caso dos reis assírios. E esse parece ser o
caso de Lúcifer. Quando Isaias escreveu seu poema a Babilônia se encontrava precisamente governada
por reis assírios. E eles, diferente de seus predecessores, nunca afirmaram que sua linhagem tivesse
origem divina.

Sem embargo, após a morte, Salamanasar é sucedido por um rei de origem obscura chamado Sargon II.
Não era filho de seu predecessor. Se vangloriava de possuir uma linhagem muito mais nobre. Se gabava
de contar com 350 reis entre seus antepassados, dentre os quais o assírio Elu-bani (?-691 a.C.), filho do
mítico rei conquistador Adasi. Com esta atitude não é de se estranhar que ele reclamasse pelo mesmo
tratamento que recebiam os outros reis-deuses, mas suas exigências nunca foram aceitas. Talvez por
isso tenha jurado ódio eterno a IHVH que era amparado pela força de "seus senhores, os grandes
deuses"- reza um texto desenterrado em Nínive - Sargon II arrasou a cidade de Samaria, vencendo assim
IHVH e os deuses que o apoiavam. Todo o reino do Norte (as dez tribos de Israel) caiu sob seu domínio.
E se o rei do Sul (Judá) sobreviveu outros cem anos mais foi graças a uma misteriosa, porém oportuna,
intervenção do Anjo de IHVH, que conseguiu exterminar em apenas uma noite 185.000 assírios (2R. 19,
35). A ação, todavia, chegou demasiado tarde para os 27.290 habitantes da Samaria que, junto com o
resto dos Israelitas, capturados já haviam sido exilados e dispersados entre outros povos. Essas foram as
famosas tribos perdidas de Israel.

Quanto a Sargon II sofre - e como não - a morte que fez por merecer. As crônicas assírias não
mencionam nada a respeito, a não ser que "não foi enterrado em sua casa". Mas os documentos
indicam uma morte pouco heróica em batalha, o que combinaria perfeitamente com a descrição da
Bíblia: "Todos os reis das nações, todos repousam com glória, cada um no seu túmulo; mas tu és lançado
fora da tua sepultura, como um renovo bastardo, coberto de mortos traspassados à espada, cujo
cadáver desce à cova e é pisado de pedras. Com eles não te reunirás na sepultura, porque destruíste a
tua terra e mataste o teu povo; a descendência dos malignos jamais será nomeada." (ls. 14, 18-20)

Este foi, muito provavelmente, o fim de Lúcifer, o rei rancoroso que conquistou tudo em sua vida menos
o título de Filho do Céu. Apenas teve a glória de arrebatar de IHVH um de seus reinos e pode
demonstrar assim, perante todos, a vulnerabilidade do "Deus dos deuses". Mas quem era esse IHVH,
cujo poder foi posto em xeque por um simples mortal?

Se tratava de um "Deus de raça", ligado a um território e a um povo. Um dos muitos que "controlavam",
para o bem ou para o mal, o destino dos países. Ostentava o cargo de "deus supremo" nas assembléias
que os deuses realizavam periodicamente para tratar de assuntos de estado. E seu status foi contestado.
Primeiro foi seu próprio filho Baal que usurpou seu trono, e logo seria o rei da Babilônia que aspiraria
tirá-lo de seu lugar. Eis ai o Lúcifer histórico, aquele a quem o tempo e as lendas transformariam no
"anjo que quis ser Deus". Mas nem IHVH nem "seus filhos" eram realmente deuses.

Para princípio de conversa a mais que confusa história de Sargon só parece fazer sentido sob a luz da
antiga crença suméria segundo a qual certas "figuras" sobreviveriam à morte física e era possível
identificá-las após terem tomado um novo corpo recuperando então a mesmo posição social que
possuíam anteriormente. Segundo a teoria que poderia se derivar disso, os deuses caídos do céu que
dominaram a terra em um passado remoto - e que a tradição judaico-cristã recorda como os Nefilim,
Filhos de Deus ou Anjos Caídos - não só tiveram descendentes como também provavelmente acabaram
reencarnando nesta estirpe celeste, dotada de qualidades especiais, e estabeleceram as monarquias
hereditárias de origem divina como uma forma de perpetuar seu poder na terra (para mais detalhes
sobre este mito ler o Livro de Enoque).

Algumas escolas esotéricas se se opões a esta visão, referindo-se aos espíritos Luciferianos como anjos
que se rebelaram contra o deus criador de nosso sistema solar ou de nossa zona do Universo, sendo
precipitados por ele a um nível inferior, no qual "trouxeram a luz" ao ser humano, ensinando-o como se
converter em seu próprio dono e senhor, deixando de ser um escravo dos deuses. Esses seres
incorpóreos representados em diversas tradições como serpentes, fizeram isso com o propósito de
utilizar o cérebro do homem para adquirir conhecimento, despertando nele a individualidade e
consciência, mas atirando-o, ao mesmo tempo, nos braços do sofrimento e da doença.

Para as mais diversas correntes metafísicas e esotéricas o nome Lúcifer personifica uma poderosa
realidade invisível que transcende seu estrito significado etimológico e encarna o espírito da rebelião.
Outras correntes vão mais além, afirmando que estes seres estavam dotados - ao menos
temporariamente - de corpos físicos capazes, ao mesmo tempo, de atuar em outros planos mais sutis
que eram inalcansáveis aos seres humanos. A este último acrescentam que desde a famosa expulsão do
Paraíso, o acesso a tais planos está limitado apenas a uns poucos seres chamados de "iniciados", e que
no dia que a raça humana tenha plena consciência desses planos, o poder dos "deuses" sobre nós terá
terminado. Uma idéia bastante intrigante, mas que não deixa de ser um mito.
Karl Haushofer

Karl_Haushofer.jpg Fundador da teoria geopolítica e professor de geografia na Universidade de


Munique. Foi um dos mentores ocultos das primeiras projeções internacionais do nazismo e teve entre
seus alunos Rudolf Hess e o próprio Adolf Hitler. Concebeu o mundo loteado em blocos sob domínio de
potências econômico-culturais que teriam o direito “natural” de domínio.

A admiração de LaVey provavelmente surgiu com o livro "O Despertar dos Mágicos" onde existem
alguns relatos de Karl Haushofer (1869-1946), no Tibet e com a famosa Sociedade Thule.

um professor sem uma sala de aula

Hans Poelzig

Foi um arquiteto alemão que se especializou em estruturas imaginativas e grandiosas. Um exemplo é o


Grande Teatro de Berlim, também chamado de Max Reinhardt Theather (1919). Também foi o criador
do "Golem" ( Deutsche Bioscop, 1914)

que conhecia todos os angulos

Hans Brick
Escreveu um livro chamado "The Nature of the Beast" sobre a psicologia animal em 1960 que teve um
forte impacto na filosofia social de LaVey especialmente no tocante da retomada da Lex Talionis e das
11 Regras Satânicas da Terra

que conhecia a lei

Fritz Lang

Um dos expoentes do expressionismo alemão nasceu na Áustria e morreu na Califórnia. Fritz estudou
brevemente arquitetura na Universidade Técnica de Viena mas consagrou-se como diretor de clássicos
como Metropolis (1926) e M (1930)

que animou os projetos

Friedrich Nietzche

Filósofo alemão que viveu entre 1844 e1900. Suas idéias de Superhumanidade e Vontade de Poder,
assim como sua concepção da existência natural de "senhores" e "escravos" foram abundantemente
admiradas por LaVey.
um realista

Cagliostro

cagliostro.jpgSendo um dos nomes a quem a Bíblia Satânica de Lavey foi dedicado, Caglistro viveu de
1743 a 1791. Assumiu o nome de um mago e alquimista italiano chamado Guiseppe Balsamo e deu a si
mesmo o título de "Conde" e Grande Khophta da Loja Egipcia". Alegava poderes mágicos e idade
milenar e foi por conta de seus negócios fraudulentos expulso de vários reinados até se acomodar na
frança. Ele era popular entre o povo e apoiava a revolução, mas acabou a vida preso na masmorra do
Papa Pio VI.

um charlatão

Bernardino Nogara

BernardinonogarEra um verdadeiro gênio das finanças responsável pelo dinheiro e investimentos feitos
pelo tesouro do Vaticano. Falando dele o Cardeal Spellman de Nova Iorque disse: “Depois de Jesus
Cristo, a melhor coisa que aconteceu para a Igreja Católica foi Bernardino Nogara.”.

Entre suas façanhas Nogara antecipou a preparação Européia para a II Guerra Mundial e investiu
pesadamente na industria bélica, o que rendeu enormes dividendos à Santa Sé quando Mussolini
invadiu a Abissínia.
"que sabia o valor do dinheiro"

Belial

Hebreu: o sem mestre

Elemento: torpeza da terra, independência

Direção: Norte

Do hebraico BELLHHARAR, que quer dizer "inútil", sem valor. Seu nome também aparece significando
Rebelde e/ou Desobediente, existem também especulações de que seu nome se derivaria da frase beli
ya 'al que significaria "sem valor".

Encontrado freqüentemente como um nome próprio na Vulgata e varias outras traduções da bíblia é
comum ser usado como sinônimo de Satã, ou a personificação do mal. Esta idéia surgiu do texto
presente em II Cor. 6,15 onde Belial, ou sua versão grega Beliar, aparece como o príncipe das trevas e é
comparado com Cristo, a Luz. Isto fica claro na Vulgata e na tradução de III Reis 21, 10-13, onde a
mesma palavra em hebraico é traduzida uma vez como Belial e duas como "O diabo".

Entretanto, nos textos Hebreus, a palavra não é um nome próprio e sim um pronome que
freqüentemente significa "perversidade" ou "extrema maldade", dai "filhos de Belial" ser traduzido
como "gente péssima" ou "vis patifes" em Juizes 19,22. Nos Salmos Belial parece significar "destruição",
"ruína" ou então “morte” e “Sheol”, alguns traduzem o nome como “destruição” outros como “Abismo”.
A etimologia da palavra é duvidosa, o mais aceito é mesmo a combinação que significa “sem valor”,
“indigno”. Ainda existem algumas outras interpretações da palavra que sugerem o significado de “aquilo
de onde ninguém nasce/nada cresce”; São Jerônimo usa a etimologia “sem mestre” que é contrária à
filologia hebraica. A palavra Belial, usada com o significado de “perversidade” e “Sheol” poderia acabar
se desenvolvendo em um nome usado para descrever o príncipe das trevas como de fato aconteceu no
princípio de nossa era. Sob o nome de Beliar e Berial ele tem um importante papel na literatura apócrifa
como “A Ascensão de Isaias”, “Os Oráculos Sibilinos” e o “Testamento dos Doze Patriarcas”, onde surge
como o Príncipe Deste Mundo e futuramente como o Anticristo, seu nome já foi dado a Nero, que teria
o significado, também, de Anticristo.

Barnabas Saul

Foi o primeiro médium contratado pelo mago elisabetano John Dee (1527-1608). Barnabas Saul, usava
um cristal, uma pedra dada a Dee por um "amigo" e relatou as palavras dos anjos Annael e Micael. Mais
tarde, depois de trabalhar por meses com Dee, por medo de conjúrio negou ter tido qualquer visão.

um adivinho

Notas finais

O Fator de Equilíbrio
O fator de equilíbrio e um ingrediente empregado na pratica do ritual magico que se aplica no
lançamento das cerimonias de luxuria e compaixão mais do que no lançamento de uma maldição. Este
ingrediente e pequeno, mas extremamente importante.

Um completo conhecimento e consciência desse fator e uma habilidade que poucas bruxas e feiticeiros
alcançaram. Isto e simplificadamente conhecer o tipo adequado do indivíduo e situação para trabalhar
sua magica mais facilmente e com melhores resultados. Conhecer as próprias limitações de alguém e
antes uma singular qualidade de introspeção, poderia parecer, para a pessoa que deveria ser capaz de
realizar o impossível; mas sob muitas condições pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Se, na tentativa de alcançar a sua meta através da magica superior ou inferior, você se encontra
falhando constantemente, pense nestas coisas: Tem você sido vitima de um direcionamento errado, de
um ego inchado que o tenha induzido esperar por algo ou alguém quando as chances são virtualmente
inexistentes? E você alguém sem talento, incapaz de distinguir caminhos místicos que esta tentando,
através da magica, receber grande aclamação por sua voz desafinada? E você uma bruxa simples, sem
glamour, com enormes pés, nariz e ego, combinado com um avançado caso de acne, que esta lançando
fascínio de amor para agarrar um lindo e jovem astro de cinema? E você um vagabundo gordo, cheio de
protuberâncias, de fala indecente, dente quebrado, que esta desejoso de uma deliciosa e jovem
stripper? Se e assim, você deveria aprender melhor a usar o fator de equilíbrio, ou do contrario esperar
falhar constantemente!

Ser capaz de se ajustar a própria capacidade e um grande talento, e muitas pessoas falham em
compreender que se elas são incapazes de alcançar o máximo, “meio pão pode ser melhor do que
nenhum”. O perdedor crônico e sempre o homem que, não tendo nada, se incapaz de fazer um milhão
de dólares, rejeitara qualquer chance de fazer cinqüenta mil com um desprezo descontente.

Uma das maiores armas magicas e o conhecer a si mesmo; seus talentos, habilidades, atrações e
defeitos físicos etc. e quando, onde e com quem utiliza-los! O homem com nada a oferecer, que se
aproxima do homem que e bem sucedido com o grandioso conselho e promessa de grande
prosperidade, tem a vivacidade da pulga trepando na perna do elefante com a intenção de rapto!

A aspirante a bruxa que se ilude em pensar que um trabalho magico suficientemente poderoso sempre
terá sucesso, apesar do desequilíbrio magico, esta esquecendo uma regra essencial: MAGICA E COMO A
PRÓPRIA NATUREZA, E SUCESSO EM MAGICA REQUER O TRABALHO EM HARMONIA COM A NATUREZA,
E NÃO CONTRA ELA.
A Missa Negra

Nenhuma simples invenção tem sido tão associada ao satanismo quanto a missa negra. Para dizer que a
maior blasfêmia de todas as cerimonias religiosas e nada mais do que uma invenção literária e
certamente uma declaração que necessita esclarecimento - mas nada poderia ser mais verdadeiro.

O conceito popular da missa negra e assim: um padre depravado permanece em pé diante de um altar
consistindo numa mulher nua, seus pernas numa posição de asas de águia e vagina fortemente aberta,
em cada uma delas estendidas sôfregas se amoldando uma vela negra feita da gordura de bebes sem
batismo, e um cálice contendo a urina de uma prostituta (ou sangue) repousando sobre a sua barriga.
Uma cruz invertida suspensa acima do altar e hóstias triangulares de pão de centeio pesado ou nabo
manchado de negro eram metodicamente benzidos quando o padre obsequiosamente colocava-os
dentro e fora do altar formado pelos lábios genitais da dama. Então, como nos narramos, uma
invocação de Satan e vários demônios era seguida por um conjunto de rezas e salmos cantados para trás
e intercalados com obscenidades... tudo realizado dentro dos limites do desenho de um pentagrama
protetor no solo. Se o demônio aparecia era invariavelmente na forma de um homem zeloso com a
cabeça de cabra negra sobre os ombros. Então seguia um potpourri de flagelação, da queima de um
livro sagrado, cunilingua, falação, e beijos gerais nas nádegas - tudo feito atras de recitações chulas da
Bíblia Sagrada e cuspições audíveis sobre a cruz! Se um bebe podia ser fragelizado durante o ritual,
então muito melhor; como todos sabem, este e o esporte favorito do satanista!

Se isto soa repugnante, dai o sucesso das informações da missa negra, em guardar o devoto na igreja, e
fácil de entender. Nenhuma pessoa decente podia falhar ao lado dos inquisidores quando eles contavam
estas blasfêmias. Os propagandistas da igreja fizeram bem o seu trabalho, informando ao publico uma
historia ou outra das heresias e atos abomináveis dos Pagãos, Cataros, Bogomils, Templários e outros
que, por causa da sua filosofia dualística e algumas lógicas satânicas, tiveram de ser erradicados.

A historia de bebês sem batismo sendo seqüestrados por satanistas para uso na missa foram não
somente uma propaganda efetiva extensa, mas também supriu uma constante fonte de renda para a
Igreja, na forma de pagamento dos batismos. Nenhuma mãe crista poderia, ao ouvir destes diabólicos
seqüestradores, deixar de dar o apropriado batismo ao seu filho, rapidamente.
Outra faceta da natureza humana foi manifestada no fato de que o escritor ou artista com pensamentos
lascivos podia exercitar suas predileções mais obscenas na representação das atividades dos heréticos.
O censor que examina toda pornografia na condição de saber o que advertir aos outros e o equivalente
moderno do cronista medieval das obras obscenas dos satanistas (e, e claro, de seus modernos
jornalistas adversários). Acredita-se que a mais completa livraria de pornografia no mundo esta
guardada no Vaticano.

O beijo no traseiro do demônio durante a missa negra tradicional e facilmente reconhecida como o
precursor do termo moderno usado para descrever alguém que, através do apelo ao outro ego, ganhara
materialmente dele. Todas as cerimônias satânicas foram realizadas em direção a muitas metas
verdadeiras e materiais, o oscularum infame (ou beijo da vergonha) foi considerado um requisito
simbólico em direção ao sucesso material, antes do que ao espiritual.

A suposição usual e que a cerimônia ou ritual satânico e sempre denominado missa negra. Uma missa
negra não e a cerimônia mágica praticada pelo satanismo. O satanista poderia empregar o uso de uma
missa negra como uma forma de psicodrama. Alem disso, uma missa negra não implica necessariamente
que os realizadores são satanistas. Uma missa negra e essencialmente uma parodia dos rituais religiosos
da Igreja Romana Católica, mas pode ser livremente aplicada para satirizar qualquer cerimônia religiosa.

Para o satanista, a missa negra, em sua blasfêmia dos ritos ortodoxos, nada mais e do que uma
redundância. Os ritos de todas as religiões estabelecidas são atualmente parodias de rituais antigos
realizados pelos adoradores da terra e da carne. Na tentativa de assexuar e tirar o aspecto humano dos
credos pagãos, mais tarde o homem de fé espiritual ocultou os significados honestos por detrás dos
rituais, através de suaves eufemismos agora considerados a "verdadeira missa". Mesmo se o satanista
fosse gastar cada noite realizando uma missa negra, ele não estaria realizando uma caricatura mais do
que o devoto paroquiano que inconscientemente assiste sua própria "missa negra" - sua trapaça ao
honesto e emocionalmente sonoro ritos da antigüidade pagã.

Qualquer cerimônia considerada missa negra deve efetivamente chocar e ultrajar, pois isto parece ser a
medida do seu sucesso. Na Idade Media, blasfemar a santa igreja era terrível. Agora, de qualquer modo,
a igreja não apresenta uma imagem inspirando a reverencia feita durante a inquisição. A tradicional
missa negra não e mais do que um ultrajante espetáculo para o padre diletante ou renegado que uma
vez foi. Se o satanista deseja criar um ritual para blasfemar uma instituição aceita, para o propósito de
psicodrama, ele e cuidadoso em escolher um que não esta em voga para parodiar. Deste modo, ele esta
verdadeiramente trilhando a vaca sagrada.
Uma missa negra, atualmente, consistiria da blasfêmia de tópicos sagrados como misticismo oriental,
psiquiatria, movimentos psicodelicos, ultraliberalismo etc. Patriotismo seria vitorioso, drogas e seus
gurus seriam corrompidos, militantes aculturais seriam deificados, e a decadência das teologias
eclesiásticas poderiam igualmente serem dados ao auxilio satânico.

O mago satânico foi sempre o catalisador da dicotomia necessária para modelar os credos populares e,
neste caso, uma cerimonia da natureza da missa negra pode servir como um propósito magico de alta
influencia.

No ano de 1666, alguns interessantes eventos ocorreram na Franca. Com a morte de Francois Mansart,
o arquiteto do trapezoide, cuja geometria se tornou o protótipo das casas assombradas, o Palácio de
Versales estava sendo construído de acordo com seus planos. A ultima das fascinantes sacerdotisas de
Satan, Jeanne-Marie Bouvier (Madame Guyon) estava para ser ofuscada pela oportunista astuta e
endurecida mulher de negócios conhecida como Catherine Deshayes, também conhecida por LaVoisin.
Neste lugar estava uma embelezadora do passado que, enquanto driblava entre abortos e fornecimento
dos mais eficientes venenos para as damas desejosas de eliminar maridos ou amantes indesejados,
encontrou nas relatos luxuriosos das "messes noir" uma proverbial solução.

E seguro dizer que 1666 foi o ano da primeira missa negra comercial! Na região sul de St. Denis, que e
chamada agora LaGarenne, uma grande casa murada foi comprada por LaVoisin e adaptada com
dispensários, celas, laboratórios e.... uma capela. Tão logo se tornou de rigueur para a realeza e
diletantes inferiores comparecer e participar de qualquer tipo de ritual mencionado de madrugada na
capela. A fraude organizada perpetrada nestas cerimonias se tornou a marca indelevel na história como
a "verdadeira missa negra".

Quando LaVoisin foi presa em 13 de março de 1679 (na Igreja da Nossa Senhora Abençoadas das Boas
Novas, incidentalmente), a morte já tinha sido lançada. As atividades degradadas de LaVoisin
suprimiram a majestade do satanismo por muitos anos vindouros.

A moda do satanismo para diversão e jogos apareceu na Inglaterra no meio do século dezoito na forma
da ordem de Sir Francis Dashwood dos "Medmanham Franciscans", popularmente conhecido como The
Hell-Fire Club. Enquanto eliminou o sangue, chifre e velas de gordura de criança das missas dos séculos
anteriores, Sir Francis orientou a condução de rituais repletos de diversão bem suja, e certamente o
proveu de um colorido e inofensivo psicodrama para muitos guias espirituais do período. Uma
interessante peculiaridade de Sir Francis, que emprestou um vestígio de mistério ao clima do Hell-Fire
Club, foi um grupo chamado Dilletanti Club, do qual ele foi o fundador.

Foi o século dezenove que trouxe confusão ao satanismo, na fraca tentativa de magos brancos tentarem
realizar a magia negra. Este foi um período muito paradoxal para o satanismo, com escritores como
Baudelaire e Huysmans que, apesar de sua aparente obsessão com o demônio, dando uma boa
impressão de seguidores. O demônio desenvolveu sua personalidade luciferiana para o publico ver e,
gradualmente, se desenvolveu numa espécie de sala de visitas de cavalheiros. Esta era a época dos
experts em artes negras, como Eliphas Levi e incontáveis médiuns em transe que, cuidadosamente,
delimitava espíritos e demônios, tendo também sucesso em vincular as mentes de muitos que se
denominaram parapsicólogos até hoje.

Tão longe quanto o satanismo fosse interessante, os sinais mais externos dele foram os ritos neo-pagãos
conduzidos por MacGregor Mathers da Hermetic Order of the Golden Dawn e Aleister Crowley na
posterior Order of the Silver Star (A. A. - Argentinum Astrum) e Order of Oriental Templars (O. T. O.),*
que paranoicamente condenou qualquer associação com o satanismo, apesar de Crowley se auto-
imposto a imagem da revelação da besta. Ao par de algumas poesias charmosas e conhecimento
superficial de antigos objetos mágicos, quando não escalava montanhas Crowley gastava a maior parte
do seu tempo como um posudo por excelência e trabalhava extraordinariamente em atos pecaminosos.
Como seu contemporâneo, Rev. (?) Montague Summers, Crowley obviamente gastou uma grande parte
da sua vida com sua língua firmemente enrolada na sua bochecha, mas seus seguidores, hoje, estão de
algum modo capazes de ler significados esotéricos dentro de cada palavra.

Permanentemente em concorrência com estas sociedades forma os clubes de sexo usando o satanismo
como racional - que persiste hoje em dia, para os quais os escritores de jornais populares tem sido
gratos.

Se parece que a missa negra desenvolvida da invenção literária da igreja, para o comercio depravado da
realidade, para um psicodrama de diletantes e iconoclastas, para um ás no buraco da mídia popular...
então onde se encontra a verdadeira natureza do satanismo - e quem estava praticando magica satânica
naqueles anos depois de 1666?

A resposta deste enigma se assenta em outro. E geralmente a pessoa considerada ser um satanista
realmente praticando satanismo em seu verdadeiro senso, ou antes do ponto de vista tomado pelos
fazedores de opinião da persuasão celestial? Tem sido freqüentemente dito, e certamente e, que todos
os livros sobre o demônio tem sido escritos pelos agentes de Deus. E, além disso, completamente fácil
entender como uma certa espécie de adoradores do demônio foi criada através das invenções dos
teólogos. O vocábulo equivocado "evil" não e necessariamente pratica do verdadeiro satanismo. Nem e
ele a vivida incorporação do elemento do orgulho irrestrito ou majestade de si que lhe deu o mundo
pos-pagão a definição sacerdotal de "evil". Ele é o produto pelo qual se elaborou posterior e mais
propaganda.

O pseudo-satanista sempre dirigiu seu aparecimento através da historia moderna, com missas negras de
variados graus de blasfêmia; mas o real satanista não e totalmente fácil de ser reconhecido como um.

Seria uma excessiva simplificação dizer que todo homem e mulher cheio de sucesso na terra e, sem
saber disto, um satanista praticante; mas a sede do sucesso terreno e a realização do seu objetivo são
certamente o terreno para Saint Peter sair do túmulo. Se a entrada do homem rico no céu parece tão
difícil quanto o camelo passar pelo olho de uma agulha, então devemos pelo menos assumir que o
homem mais poderoso da terra seja o maior satanista. Isto se aplica a financeiros, industriais, papas,
poetas, ditadores, e todas os variados fazedores de opinião e marechais de campo das atividades
mundiais.

Ocasionalmente, através de vazamentos, um destes homens ou mulheres enigmáticos da terra serão


encontrados tendo feito artes negras. Estes, e claro, são trazidos a luz como homens misteriosos da
historia. Nomes como Rasputin, Zaharoff, Cagliostro, Rosenberg e suas espécies são elos - indícios, assim
dizendo, do verdadeiro legado de Satan... um legado que transcende as diferenças éticas, raciais e
econômicas e as ideologias temporais muito bem. O satanista sempre regeu a terra... e sempre o fará,
por qualquer nome que ele seja chamado.

Uma coisa permanece certa: os padrões, filosofia e praticas assentadas nestas paginas são aquelas
empregadas pelos homens mais auto-realizados e poderosos da terra. No segredo do pensamento de
cada homem ou mulher, ainda motivado pelas mentes sadias e sem nevoas, reside o potencial do
satanista, como sempre tem sido. O sinal dos chifres deve aparecer para muitos, agora, melhor que
poucos; e o magico seguira adiante para que possa ser reconhecido.

Bíblia Satânica
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Antigamente queimaram livros e torturaram pessoas. Hoje podemos dizer que os meios são mais
limpos. E porque não dizer? Também mais hipócritas.

Em 1996 fomos o primeiro site a fornecer este conteúdo, mas crescemos e começamos a incomodar.
Assim, é com grande pesar que a equipe Morte Súbita inc. informa que por forças legais não mais
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Vamos retirar de nosso servidor todo o conteúdo do livro, ainda que a tradução tenha sido feita por
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Por Anton Szandor LaVey

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