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Eliana Albuquerque
Disciplinas LTA 109 (Of. de Redação para Rádio) e LTA 765 (Rádio)
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MACHADO, Arlindo. A televisão levada à sério. SP:Summus, 2001.
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BARBOSA FILHO, André, Gêneros Radiofônicos. SP: Paulinas, 2003.
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Programação radiofônica é o conjunto de programas ou produtos radiofônicos
apresentados de forma sequencial e cronológica.
Feitas essas ressalvas, serão trabalhadas as classificações de gêneros propostas
por Marques de Melo e endossadas por Barbosa Filho, para quem “os gêneros
radiofônicos estão relacionados em razão da função específica que eles possuem em
face das expectativas da audiência”, sendo eles:
Gêneros jornalísticos;
Educativos-culturais;
De entretenimento;
Publicitário;
De serviço;
Gêneros especiais.
Vale ressaltar que há outras classificações, proposta por outros autores, e
nenhuma delas é correta ou incorreta, mas apenas diferente.
1. OS GÊNEROS JORNALÍSTICOS
Nos gêneros jornalísticos para rádio – ou radiojornalismo – são utilizados um
volume grande de recursos escritos e outros, sonoros, para compor a oralidade. Por quê?
A resposta é simples: porque o radiojornalismo vive da notícia, da informação, da verdade
factual, da dinâmica gerada pelos fatos. Dinâmica essa que precisa ser passada para o
ouvinte, fazendo com que ele a “sinta” e “veja” a informação, criando a imagem mental
dos fatos.
Logo, para compor corretamente a informação, é preciso criar mecanismos
adequados não só para sua captação, como também para seu tratamento técnico e
posterior divulgação, de maneira que a informação seja o mais clara, verdadeira e objetiva
possível – e consiga despertar e prender a atenção do ouvinte. É isso o que o
radiojornalismo procura/deve fazer.
O gênero jornalístico no rádio apresenta-se em diversos formatos, interligados por
um vocabulário peculiar: lauda, pauta, lead, retranca e outros termos que serão vistos em
profundidade na disciplina Radiojornalismo. Por enquanto, basta saber que:
a) Lauda é o nome utilizado para designar cada página de um texto;
Em linhas gerais, cada lauda tem 12 linhas de 65 toques, que devem ser
digitadas em espaço dois para facilitar as correções que porventura sejam necessárias;
Cada linha (com 65 toques) corresponde a uma locução de 4 a 5 segundos.
Assim uma lauda (com 12 linhas) terá uma locução de, aproximadamente, 1 minuto.
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1 linha = 65 toques = 4 a 5” ------------- 1 lauda = 12 linhas = +/- 1 minuto = 60”
c) Lead é uma palavra da língua inglesa que quer dizer conduzir, dirigir, guiar. E
isso já diz tudo. O lide de rádio, assim como o de jornal e TV, deve guiar a matéria que vai
ser apresentada, conduzindo o interesse do público e despertando a vontade de receber
aquela informação.
A forma mais usada para o lide é a mesma em todos os veículos: o da pirâmide
invertida, onde as informações principais, capazes de prender a atenção do público, estão
no primeiro parágrafo. Em seguida vêm os detalhes, em ordem decrescente de
importância, até o fechamento da informação principal. Mas isto pode ser flexibilizado. Um
detalhe importante pode ser usado para encerrar a matéria. Um dado interessante pode
ser colocado no meio, se isso puder enriquecer a audição.
O que não pode ser omitido em qualquer informação são as perguntas básicas
que faz o público: o que aconteceu? quem estava envolvido? onde foi? quando foi? como
foi? porque foi? E isso é o que deve estar contido no lide.
No caso do rádio, o quando pode ser descartado na maioria das vezes porque
está subentendido que, pela agilidade do veículo, o fato ocorreu há pouco.
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Feitas estas observações, vamos aos gêneros jornalísticos que Ferraretto (2000),
classifica como sendo, basicamente, três:
Informativo (o fato com os detalhes necessários à compreensão, sem a
presença do “eu”),
Opinativo (permite o julgamento próprio a respeito de algum assunto. Há a
presença do “eu” pessoal ou institucional)
Interpretativo (busca situar o ouvinte dentro do acontecimento, oferecendo-lhe,
para isso, informações adicionais, não apresentadas no gênero informativo. Há a
valorização do “isto”).
Dentro desses três gêneros, estão diversos formatos, como boletins, comentários,
entrevistas e outros.
Já Barbosa Filho (2003), dialogando com Marques de Melo (1992), considera que,
no gênero radiojornalístico há dois principais formatos - a nota e a notícia – que são
usadas de diversas formas como em boletins, flashes, sínteses etc.
Marques de Melo (op.cit.)3 explica que nota é o relato simplificado de um
acontecimento que ainda está em fase de configuração, em andamento. É um informe
sintético sobre um fato atual, concluído parcialmente ou ainda inconcluso. Tem de 30 a 40
segundos de duração e usa frases diretas, quase telegráficas.
(Ex: Justiça do Trabalho na Bahia garante direito de greve dos professores nas
universidades públicas do Estado. O governo baiano está recorrendo ao Supremo
Tribunal do Trabalho, que pode mudar a decisão).
Já a notícia é “o relato integral de um fato que já eclodiu no organismo social”
(loc.cit, p.49). Notícia, assim, não é tudo que acontece, mas sim o que repercute e trás
desdobramentos para a sociedade.
(Ex: as folhas caem das árvores todos os dias e isso não é noticia, é fato. Um fato
tão corriqueiro que ninguém noticia. Mas, se este simples fato trouxer consequências
danosas para uma pessoa, casa, rua, cidade, ele merece se tornar uma notícia).
A notícia é o básico da informação. Seu tempo de exposição é curto (de 1 minuto a 1
minuto e meio cada uma), podendo ser apresentada em mais de um bloco e na voz de
mais de um locutor.
Partindo desses pressupostos, vemos que há alguma divergência entre os autores
no que se refere ao ângulo de observação, mas todos caminham, na essência do
conceito, na mesma direção.
3
MARQUES DE MELO, José. Gêneros Jornalísticos na Folha de São Paulo. SP: FTD, 1992
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Para efeito de classificação, distinguem-se como formatos do gênero radiojornalístico
o boletim, o flash; a reportagem, a entrevista; o comentário; o editorial; a crônica; o
noticiário (ou radiojornal); o documentário; as mesas redondas/debates/painéis; os
programas especializados (esportivos e outros); a síntese noticiosa; a edição
extraordinária, que usam, na sua elaboração, textos manchetados e corridos. Vamos
entender um a um:
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em que ele está acontecendo, a custos baixos (como através de um telefone). Isso
redobra a responsabilidade do repórter e a necessidade dele possuir percepção aguçada
e conceitos éticos apurados. Porque, em rádio, não há uma segunda chance de contar a
mesma história, apagando o que já foi dito. E se é dever do radialista divulgar todos os
fatos que sejam de interesse do público, é também seu dever respeitar o direito à
privacidade que têm outros cidadãos. Equilibrar os direitos e deveres é o grande segredo
de uma boa reportagem.
Uma reportagem começa de várias maneiras. Através de uma pauta, de uma fonte
identificada ou de uma denúncia anônima, não importa muito sua origem. Importa sim, o
que vai se fazer a partir daí.
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PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo da Jovem Pan, 3ª ed. SP:Ática, 1993
.
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Marques de Melo (op.cit.), diz que cabe ao editorial “perceber as reivindicações da
coletividade e expressá-las a quem de direito” e reconhece que “significa muito mais um
trabalho de ´coação` ao Estado para defesa de interesses de segmentos empresariais e
financeiros que (as emissoras) representam” (loc.cit., p. 82).
1.7 A crônica - A crônica radiofônica obedece aos mesmos padrões jornalísticos
utilizados em outros meios como impressos e TV: tem relação direta com a atualidade e
ligação com uma circunstância favorável; transita entre o jornalismo e a literatura,
diferenciando-se desta por sua objetividade (característica do jornalismo).
Marques de Melo (ibidem), diz que “a crônica radiofônica [...] permanece cingida à
estrutura da crônica para o jornal: trata-se de um texto escrito para ser lido, cuja emissão
combina a entonação do locutor e os recursos de sonoplastia, criando ambientação
especial para sensibilizar o ouvinte” (opcit, p.118).
1.8 O noticiário (ou radiojornal) - Para Barbosa Filho (op.cit.), este é o formato
“que congrega e produz outros formatos, como as notas, notícias, reportagens,
entrevistas, comentários e crônicas” (loc.cit, p.100). É constituído por diversas seções
como a de cultura e artes, esportes, serviços, polícia, notícias locais, nacionais,
internacionais etc.
É um programa diário, veiculado em horário fixo e com tempo de duração
determinado e constante (sempre dura o mesmo tempo a cada apresentação). Esta
constância contribui para dar credibilidade aos conteúdos transmitidos e para fixar o
público.
Para Ortriwano (1985)5, este formato deve ser chamado apenas de jornal ou jornal-
falado, uma vez que obedece aos mesmos critérios, estrutura e princípios dos jornais
diários. Segundo esta autora, “apresenta assuntos de todos os campos de atividade,
estruturados em editorias”.
Os radiojornais têm duração variável “de quinze minutos à uma hora, havendo, hoje
em dia, jornais com até duas horas e meia duração...” (opcit, p.93).
Barbosa Filho (loc.cit.) cita Sampaio (1971) para dizer que “os programas de maior
duração devem seguir o esquema da pirâmide invertida”, obedecendo à ordem
decrescente de importância das notícias (da mais próxima e significativa para os ouvintes
a menos próxima e menos significativa) e das diversas procedências dos blocos de
notícia (locais, nacionais e internacionais). Assim, em um bloco de notícias locais, é mais
importante dizer que os transportes coletivos vão aumentar que anunciar o preço da
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ORTRIWANO, Gisela. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação de conteúdos.
SP:Summus, 1985.
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arroba de cacau. Apesar de ambos os assuntos serem de interesse local, o primeiro
abrange uma quantidade maior de pessoas que o segundo. Logo, é mais importante e
urgente.
1.9 O documentário - O documentário radiofônico “aborda um determinado
tema em profundidade, baseando-se em pesquisa de dados e de arquivos sonoros,
reconstituindo ou analisando um fato importante”. Inclui sonoplastia, montagens e roteiro
prévio (Ferraretto, 2000).
Conta com a participação de um repórter condutor (ou âncora) e mescla a pesquisa
documental com a medição dos fatos no local, comentários de especialistas e envolvidos
com o fato. Este deve ter conotação atual e não artística.
Ortriwano (1985) define o documentário radiofônico como sendo um “informativo
especial” que deve ser produzido sempre que houver um fato ou data que o justifique,
mas reconhece que, a depender da vontade da emissora, pode ser produzido
regularmente, em dias e horários determinados, criando um hábito de audição.
1.10 Mesas redondas/debates/painéis - É um programa opinativo, onde
convidados e participantes, mediados por um âncora, aprofundam um tema da atualidade,
interpretando-os.
Segundo Ferraretto(2000), pode ser de dois modos: painel ou debate. Sendo painel,
cada integrante da mesa expõe seu ponto de vista, com uns complementando os outros.
Caso haja divergência, o mediador conduz de forma a encadear a discussão permitindo
que o ouvinte forme um quadro mental completo, de toda a discussão/opinião
No caso do debate, a produção do programa busca pessoas com pontos de vista
contrários, colocando-as para debatê-los – também com presença de um mediador - até
configurar o conflito de opiniões. O objetivo é deixar que o ouvinte, dali, forme sua própria
opinião.
1.11 O especializado (esportivo, tecnocientífico, policial etc) - É veiculado em
formatos de notícias, comentários, reportagens, entrevistas, mesas redondas, radiojornais
ou programas permanentes. Há ainda as transmissões ao vivo, diretamente do palco do
acontecimento, onde há a narrativa “quente”, ao vivo, o comentário, a entrevista e outros
formatos utilizados para dar a dinâmica exata e necessária à transmissão.
É comum se ver, por exemplo, em estádios de futebol, o torcedor assistindo ao jogo
com o rádio no ouvido. Isto reflete bem o impacto desse tipo de transmissão.
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Especificamente sobre o rádio esportivo, tão vigoroso no Brasil, vale destacar o
trabalho de Wilby e Conroy (1994)6 que, analisando o exemplo inglês, aproximam-se
muito da realidade brasileira quando dizem que há quatro tipos de programação esportiva:
os boletins; os programas em estúdio; as coberturas ao vivo e o placar esportivo.
Os boletins, assim como quaisquer boletins de notícia, aparecem durante a
programação e possui, no máximo, 5 minutos. Têm notícias, reportagens curtas,
entrevistas e comentários sobre os esportes;
Os programas de estúdio têm periodicidade e duração fixas (de 15 minutos à uma
hora), com as mesmas características do radiojornal. É chamado de “radiojornal
esportivo”.
As coberturas ao vivo são realizadas diretamente do palco da competição e
possuem dinâmicas próprias, envolvendo comentários, narrativas, pequenas entrevistas e
outros recursos que fazem delas a grande atração para o torcedor, mesmo para aquele
que está presente no palco do acontecimento. É, sem dúvida, um espetáculo à parte.
O placar esportivo, por sua vez, arremata esta programação. É onde se divulga o
resultado dos eventos esportivos, numa espécie de balanço geral das atividades da
semana. Contém entrevistas, reportagens, comentários e outros recursos que são,
geralmente, copiados para a TV.
1.12 A síntese noticiosa - Koplin e Ferraretto (1992) dizem que “a síntese é um
tipo de informativo onde as notícias são resumidas e hierarquizadas por ordem de
importância. Cada acontecimento corresponde a uma nota, redigida em lauda única. No
Brasil, este tipo de noticiário foi introduzido em 1941, pela United Press International,
Esso Brasileira de Petróleo e Rádio Nacional do Rio de Janeiro, através do Repórter
Esso. Cada síntese tem duração de 3 a 10 minutos e são apresentadas a cada 30
minutos ou uma hora, mas isto pode variar de emissora para emissora...” (ibidem, p. 31).
A maioria das emissoras redige suas sínteses em formato que lembram uma
ampulheta. Começam com as manchetes, passam para as notícias de destaque, que vão
diminuindo de importância para, logo depois, crescerem novamente até se chegar ao fato
principal. A idéia é criar expectativa no ouvinte e fazer com que ele fique sintonizado na
emissora para ouvir a notícia final. Dá certo. O tamanho do texto em cada notícia da
síntese segue a regra geral: fica em torno de 3 a 6 linhas, podendo chegar a 8 linhas, nos
casos em que isso seja absolutamente necessário. Mas quanto menor e mais completa
for cada informação, tanto melhor!
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WILBY, Pete & CONROY, Andy. The radio handbook. London: Rotledge, 1994, p.199.
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1.13 A edição extraordinária - A estrutura de texto para a edição extraordinária é
simples. É preciso contextualizar o fato (dizer o que está ocorrendo, onde, com quem,
como e porque – omitindo o quando porque, se a edição é extraordinária, significa dizer
que o fato acabou de ocorrer); encerrar (contar as suas proporções, as consequências
visíveis ou prováveis) e assinar (nome do repórter, a hora e local de onde está falando).
O tempo de duração da edição extraordinária geralmente varia de 30 segundos a 1
minuto e meio, dependendo da extensão, complexidade e gravidade do fato a ser
narrado. E ela, a edição extra, tem o privilégio de poder interromper qualquer
programação. É também muito importante o trabalho sonoplástico neste caso, quando
deve refletir a dimensão e gravidade do problema a ser divulgado.
Alguns formatos textuais são bem definidos por Koplin e Ferraretto (opcit),
devendo ser citados. São o texto corrido e o texto manchetado.
a) O texto corrido:
Como o nome denuncia, é aquele onde as informações vêm sequenciadas, frase
por frase, obedecendo a técnica do lead, por ordem de importância. Sua característica
principal é que não há o convencional ponto parágrafo com o novo texto começando na
outra linha. E por isso ele é corrido. Porque as frases vêm uma depois da outra,
emendadas. A pontuação é indicada por sinais já vistos de / (para ponto de seguimento) e
// para ponto parágrafo. O objetivo disto é facilitar a narrativa do locutor e a contagem do
tempo para a edição.
b) O texto manchetado
Nada mais é do que um lide enxutíssimo, sem muitos complementos. As principais
informações estão redigidas em uma frase – ou manchete – que será lida por dois ou três
locutores, conforme a vontade da emissora e algumas regras básicas:
Usar em torno de 8 manchetes por texto, com uma linha e meia cada uma
delas.
Contar o tempo mentalmente para não estourar a locução. Para contar certo,
basta “emendar” mentalmente as linhas que não estiverem completas e contar como uma.
Identificar, no lado esquerdo da lauda, qual o locutor que vai ler cada
manchete
Não esquecer das marcações para a entonação do locutor. Usar reticências,
dois pontos, travessões, interrogações e exclamações. Não esquecer de, quando
necessário, colocá-los também no início do texto, à espanhola.
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Também não se deve esquecer das regras básicas para que o texto tenha força:
sujeito + verbo + complemento; voz ativa; tempo presente; no singular...
Cada manchete deve apresentar apenas uma informação, que deve estar
completa. Quando a informação contiver dois elementos fortes – e principalmente
numéricos – pode ser dividida em duas manchetes. Ex: “Dois mil agricultores protestam
ocupando o Palácio Paranaguá, em Ilhéus”. Na outra manchete: “Trezentas mulheres
também fizeram parte do protesto”
Enxugar o texto ao máximo, mas não retirar dele nenhum elemento
fundamental. Senão ele fica sem sentido e/ou incompleto. Ex: Fogo destrói feira livre de
Paraguaçu (onde fica Paraguaçu?);
Indicar com o sinal + o início de cada manchete, que deve ser redigida
SEMPRE em caixa alta.
2. GÊNERO EDUCATIVO-CULTURAL
Quando se fala em gênero educativo-cultural, geralmente se tem a idéia de é algo
apenas destinado às emissões especializadas, que visam a alfabetização e a difusão de
conhecimentos básicos. Esta visão, apesar de comum em muitas rádios especialmente do
interior dos estados brasileiros, hoje está mais ampliada, tratando-se de todas as
transmissões que procuram resgatar valores humanos, “promovendo o desenvolvimento
integral do indivíduo e da comunidade” em que este vive, propondo-se a “elevar o nível de
consciência, estimular a reflexão e converter cada homem em um agente ativo da
transformação do seu meio natural, econômico e social” (Kaplun, 1978)7.
A função educativo-cultural do rádio já foi muito utilizada no passado, através,
principalmente, do trabalho pioneiro de Roquette Pinto, considerado o fundador da
radiodifusão brasileira e responsável por esta concepção do meio. Hoje, ainda que de
forma diferente, há as rádios educativas e algumas rádios comunitárias que se dedicam a
esta tarefa.
Barbosa Filho (2003) diz que, neste gênero, podem ser classificados os formatos:
programa instrucional; audiobiografia; documentário e programa temático.
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sonoras são, geralmente, acompanhadas de cartilhas e outros materiais didáticos
impressos, que servem como apoio e complementação das informações.
3. GÊNEROS DE ENTRETENIMENTO
Extremamente ligado ao imaginário, este gênero – que durante muito tempo ficou
relegado a um plano secundário – passou a despertar o interesse de pesquisadores nos
últimos anos. Não por acaso. Percebeu-se que, como lida diretamente com o imaginário e
este tem limites inatingíveis, os gêneros de entretenimento têm o poder de causar
proximidade e empatia entre a mensagem e o ouvinte, o que não pode ser desprezado.
O entretenimento, diz Barbosa Filho (opcit) “é a própria essência da linguagem
radiofônica, cuja contribuição vai do real à ficção”, percebendo-se que a linha que separa
uma da outra é cada vez mais tênue (vide os Big Brothers e os docudramas).
Em linhas gerais, os gêneros de entretenimento são os que encontram mais
facilidade para passar sentimentos ao receptor, gerar impulsos e comportamentos.
Porque mexe exatamente com o emocional de cada um.
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3.1 Programa Musical - Com conteúdo e plástica diferenciados, abre espaço
para a difusão de obras musicais de diferentes gêneros, tendo se consolidado com a
emergência das emissoras de FM.
Nesse formato cabe tudo em se tratando de música: dos programas sertanejos que
acontecem às cinco horas da madrugada até os especiais de música clássica, roc, reggae
ou MPB, além de performances de artistas e a discussão de tendências musicais do
momento ou do passado, a depender do público que se objetiva entreter.
É comum ainda a participação de artistas ao vivo ou através de gravações que, em
processo de edição, são posteriormente montadas de acordo com o “desenho” do
programa, que pode durar de cinco minutos a até uma hora ou duas, como já ocorreu em
se tratando de especiais.
3.3 Programa ficcional (ou radiodramaturgia) - Estes formatos têm como base a
interpretação, a sonoplastia, os efeitos sonoros e a música. Foram muito difundidos a
partir da década de 40, quando a Rádio Nacional do Rio de Janeiro investiu numa
infraestrutura invejável, contratando radioatores e atrizes, orquestras, maestros, técnicos,
sonoplastas etc. A partir daí outras rádios investiram nestes formatos.
Os programas ficcionais podem ser de dois tipos: drama ou humor. O drama é uma
expressão da representação do real, do cotidiano e caracteriza-se no rádio pela
radiofonização, ou seja, pela tradução de textos originais ou adaptados as literatura,
teatro, cinema e vídeo para a linguagem radiofônica. Além disso, conta ainda com os
textos especialmente escritos para o rádio.
Os roteiristas, neste caso em especial, cumprem o papel principal: prevêem as
situações psicológicas que envolvem a ação dos personagens, indicam as posturas
necessárias para formar a clima adequado à cena, cuidam da entonação, da
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emocionalidade dos personagens e da composição de ambientes que são “construídos”
através da sonoplastia e efeitos sonoros ao vivo (via contra-regras) ou pré-gravados e
com músicas: trilhas sonoras, passagens, aberturas, músicas-temas e outras que sejam
necessárias para “criar o clima”.
Os programas ficcionais, segundo Ferraretto (2000) podem ser curtos e unitários
(sketch); médios e seriados (novelas) ou mais longos e também unitário (radioteatro).
3.4 Drops (ou pequeno programa artístico) - Com tempo de inserção não superior
a três minutos, os drops têm estrutura ágil, poder de síntese, fluência e objetividade no
texto. Seu diferencial principal é o conteúdo que diz respeito a temas artísticos e pode ser
apresentado como entrevistas, comentários, informações, músicas, horóscopos, dicas e
outros que a criatividade permitir.
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no espetáculo, como a realização de pequenas entrevistas e depoimentos, a inclusão de
textos, vinhetas, comerciais etc, além de requerer uma conexão direta entre o palco da
ação e o estúdio. Um exemplo disso é o carnaval de Ilhéus, que é transmitido ao vivo pela
maioria das rádios locais e algumas estaduais, como a Sociedade da Bahia, que dá
flashes da festa.
4. GÊNERO PUBLICITÁRIO
Também chamado de gênero comercial, o publicitário tem por objetivo divulgar
e/ou vender produtos ou serviços.
4.1. Spot (ou espote) - É o texto gravado e editado previamente, utilizando música,
vozes, efeitos sonoro e outro recurso criativo, com minutagem definida, para ser veiculado
várias vezes durante a programação normal da rádio. Sua mensagem deve estar toda
contida em tempo pré-definido (7 segundos, 15 segundos, 30 segundos, 45 segundos, 1
minuto...).
O conteúdo é variável, a depender do alvo ao qual se destina, mas o formato é o
mesmo: mensagens curtas, objetivas, geralmente procurando levar o ouvinte a uma ação.
4.2. Jingle - Texto musicado, também com minutagem estabelecida (30 segundos,
em média), através do qual são passadas mensagens específicas a serem veiculadas na
programação normal. O jingle pode estar contido em um spot ou em outros formatos. É
muito utilizado na propaganda e sua função é facilitar e estimular a retenção da
mensagem pelo ouvinte. Daí porque geralmente é curto e tem melodia simples e fácil de
ser gravada na mente. Às vezes, mesmo sem que o ouvinte queira, a musiquinha fica lá,
martelando...
4.3. Chamada - É o texto curto, de uma a três linhas no máximo, que anuncia algo a
ser veiculado em seguida ou em determinado horário. Ex: a chamada da radionovela das
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6 horas; a chamada da transmissão ao vivo de um jogo de futebol que será realizado à
noite.
4.5. Teaser - Gravado pelo próprio locutor do horário, o teaser é o texto que anuncia
o próprio programa, criando a expectativa sobre o que vem contido nele. Curto, tem de 10
a 15 segundos, podendo ultrapassar este tempo se necessário.
5. GÊNERO DE SERVIÇO
São informativos destinados ao apoio às necessidades reais e imediatas da
população (toda ou parte) que o sinal da transmissão pode alcançar. Se distingue da
informação jornalística pelo seu caráter mais transitório, de vida breve, geralmente
referindo-se ao trânsito, acidentes, metereologia, movimentos, eventos que estão
ocorrendo, prazo máximo para pagamentos de taxas, mudanças no fornecimento de
serviços, ou seja, coisas que devem provocar no receptor uma manifestação imediata,
reagindo à mensagem.
Segundo Barbosa Filho (2003), “nos grandes centros há emissoras que mantém
programação voltada exclusivamente para o serviço”. Porchat (1989) concorda com ele e
diz que a Jovem Pan tem um público que vê a rádio como uma espécie de secretária, que
lembra a agenda de compromissos. Assim a rádio lembra do pagamento dos carnês de
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impostos, da vacinação dos filhos e do cachorro, do aumento previsto de gasolina, da
mudança na temperatura etc.
Os formatos deste gênero apresentam a seguinte caracterização:
5.1. Nota de Utilidade Pública – de curta duração (como qualquer nota), tem por
objetivo auxiliar e alertar o ouvinte para os prazos de pagamento, acontecimentos
importantes que interfiram diretamente na vida do ouvinte como mudanças nas linhas de
coletivos, falta de luz ou água e outros. Normalmente a locução é seca, formal, sem fundo
musical ou efeitos sonoplásticos.
6. GÊNERO ESPECIAL
Barbosa Filho (ibidem) diz que este é um formato híbrido, daí a denominação de
“especial”. Segundo o autor, o formato “não possui função específica, como os outros
gêneros, mas sim apresenta várias funções concomitantes”, formando um “gênero
multifuncional” (opcit, p. 138). Fazem parte deste gênero:
6.1. Programa Infantil – deve ter a função de educar, informar e divertir e poderia
ser muito melhor utilizado pelo rádio do que é. Segundo Barbosa Filho (ibidem) “um
número ínfimo de programas infantis foi apresentado no rádio brasileiro ultimamente. O
último a que se tem notícia, em São Paulo, foi o Quintal Encantado, exibido entre 1985 e
1986”. O programa tinha uma hora de duração e seus quadros misturavam em doses
certas brincadeira, conhecimento, fantasia e realidade.
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Alguns projetos temporários aparecem às vésperas do dia das crianças,
geralmente conduzido para fins de consumo de produtos direcionados ao público
específico. Ou seja, seu caráter é, antes de tudo, comercial.
Referências usadas:
BARBOSA FILHO, André, Gêneros Radiofônicos. SP: Paulinas, 2003.
FERRARETTO, Luis Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. Porto Alegre: Sagra-
Luzzatto, 2ª ed., 2001.
KAPLUN, Mario. Producción de programas de radio: el guión-la realización. Quito:
Ciespal, 1978.
MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. SP:Summus, 2001.
ORTRIWANO, Gisela. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação de
conteúdos. SP:Summus, 1985
PORCHAT, Maria Elisa. Manual de Radiojornalismo da Jovem Pan, 3ª ed. SP:Ática, 1993
WILBY, Pete & CONROY, Andy. The radio handbook. London: Rotledge, 1994.
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