Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Psicologia, Área das Ciências da Saúde e da Vida, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em
Psicologia.
2
Acadêmica do 10o período do curso de Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
styburskimichelli@gmail.com
3
Professor, Mestre e Orientador do curso de Psicologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC).
matias.trevisol@unoesc.edu.br
2
method used by the company, is achieving the satisfactory results, in order to subsidize actions,
aimed at improving and enhancing the use of the tool. A quantitative and qualitative research
was then carried out under the method of exploratory study, to achieved its objectives. The data
were collected through an interview with a semi- structured script with twelve employees from
all the sectors and currently in the company, being a representative member per sector. For
the understanding of the data, we shall make use of Laurence Bardin’s content analysis and
simple statistic. Thus, it is considered there are factors to be evaluated about the applicability
of the tool in the study environment.
1 INTRODUÇÃO
Apesar das dificuldades, muitas empresas estão buscando, mediante pesquisas e análise
do clima, formas de melhorar as relações entre os empregados e com os empregados,
procurando compreender essas relações visando incentivar, motivar e poder proporcionar
satisfação no ambiente de trabalho. O objetivo da melhoria das relações é aumentar o
desempenho das equipes, das áreas e da organização como um todo, aumentando, assim, a
produtividade e, em consequência, melhorando o desempenho financeiro das empresas para
que possam se manter competitivas e sobreviver no mercado em que atuam. Desta forma, fica
claro que o problema que busca se resolver diante do exposto é, como a metodologia de pesquisa
de clima utilizada atualmente pela empresa metalúrgica do extremo oeste catarinense, atende
os indicadores de clima organizacional?
Diante do exposto, o objetivo geral da presente pesquisa é analisar a metodologia de
pesquisa de clima organizacional desenvolvida em uma empresa metalúrgica do extremo Oeste
de Santa Catarina. Para tanto, foram delineados os seguintes objetivos específicos: identificar
a percepção dos empregados e gestores quanto aos indicadores de clima; verificar a
aplicabilidade dos resultados das pesquisas de clima anteriores; propor ações de melhoria a
partir dos resultados da pesquisa de clima organizacional. Pretendeu-se com essa pesquisa
analisar a ferramenta utilizada pelo objeto de estudo e o impacto que está gera no ambiente
organizacional, buscando identificar a compreensão que os colaboradores tem desta ferramenta
e sua utilidade no contexto diário de trabalho.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A cultura pode ser um bem ou uma obrigação. Pode ser vantagem porque as crenças
compartilhadas facilitam e poupam as comunicações, e contribuem para tomada de
decisões. Os valores compartilhados facilitam também a motivação, a cooperação e o
compromisso. Isso conduz à eficiência da organização. No entanto, uma cultura forte
que não é apropriada para um meio organizacional e uma estratégia básica podem ser
ineficientes. É importante haver uma harmonia entre a cultura, a estratégia e o estilo
administrativo (DIAS, 2013, pg. 67).
Seguindo esta linha de raciocínio, fica claro a necessidade de delinear nesta seção o
conceito de cultura, para que haja entendimento e compreensão do quanto este fator pode
influenciar nas práticas organizacionais e até mesmo definir padrões e normativas de
comportamentos. Há uma diversidade de definições do conceito, algumas restritas outras muito
amplas, de qualquer modo, o conceito de cultura organizacional está́ intrinsecamente ligado ao
de cultura, assim como este apresenta várias definições que de modo geral coincidem em vários
aspectos (DIAS, 2013, pg. 80).
Como um dos mais importantes pesquisadores da cultura organizacional, Edgar Schein
a define como o “sistema de ações, valores e crenças compartilhado que se desenvolve numa
organização e orienta o comportamento dos seus membros. Ainda, de acordo com Schein
(2000), a cultura organizacional pode ser analisada em muitos níveis diferentes, onde o termo
nível se refere ao grau no qual o fenômeno cultural é visível ao observador, sendo eles:
Artefatos: processos e estruturas visíveis da organização; Valores: estratégias, objetivos,
filosofias; Pressupostos básicos: inconsciente, crenças estabelecidas, percepções, reflexos e
sentimentos” (DIAS, 2013 pg. 82 e 85).
Por meio desta definição, o autor manifesta que a cultura é de caráter dinâmico, mutável
e aprendido para a cultura. Todavia, uma cultura bem esclarecida e objetiva contribui para a
união da organização, assim os funcionários se sentem seguros, com autonomia e com
satisfação em exercerem suas funções. Normalmente empresas com uma cultura forte atraem e
retêm seu quadro de funcionários, valorizando o capital humano (DIAS, 2013).
Além disso, a valorização humana é fundamental para o bom relacionamento e
desenvolvimento dos colaboradores. Dessa forma, é importante que as organizações possuam
uma cultura bem definida para que os valores compartilhados sejam capazes de nortear o
comportamento organizacional, assim todos os colaboradores estarão engajados para alcançar
o mesmo propósito e objetivo que a organização anseia (CHIAVENATO, 2010; DIAS, 2013).
Por conseguinte, a cultura de uma determinada organização irá influenciar de forma
significativa no comportamento de seus colaboradores, o modo como ela é inserida, repassada
e integrada reflete no seu desenvolvimento como formas de pensamento, sentimentos e reações
5
que guiam a tomada de decisão e as ações perante os conflitos que emergem dentro do ambiente
interno da organização (SCHEIN, 2000; DIAS, 2013).
Diante deste contexto, é importante refletir quem são as pessoas dentro da organização
que dissipam a informação e conhecimento, deste modo é imprescindível pensar em liderança
quando abordado sobre cultura, pois o líder tem um papel fundamental na concepção de cultura.
Uma das questões importantes de ser abordada nos estudos de cultura organizacional e
destacada por vários autores é o papel do líder na sua formação, manutenção e mudança. Ou
seja, a liderança é fundamental em todas as etapas de desenvolvimento da cultura nas
organizações (DIAS, 2013).
De acordo com Bergamini (1994, p. 88) o conceito de liderança pode variar de autor
para autor, e dentro das organizações podem ter alguns significados diferentes. Constata-se que
a maior parte dos autores conceitua liderança como processo de influência de um indivíduo
sobre outro indivíduo ou grupo, com vistas à realização de objetivos em uma situação dada
(PEREIRA, 2014).
Pereira apud Moota (1997, p.206) define liderança como:
O clima organizacional pode ser abordado como um conceito que descreve o ambiente
de trabalho como uma variável organizacional, mensurada através das percepções dos
indivíduos sobre o local de trabalho. Diferentemente do clima, do ponto de vista
meteorológicos, o clima social é importante porque influencia as pessoas em seu
comportamento e em seus sentimentos (DIAS, 2013).
Ele influência diretamente na qualidade dos produtos e serviços, no rendimento e na
produtividade de uma empresa. Esse clima pode ser percebido na maneira e nos modos das
pessoas se tratarem no ambiente de trabalho: se há cooperação ou não, no gesto de entregar um
objeto ou documento; como se tratam no restaurante, no intervalo do cafezinho (com hostilidade
ou não); o nível de interesse ou apatia diante dos assuntos que dizem respeito à empresa etc.
Isso acontece porque o clima tem efeito direto sobre a satisfação e a motivação para o trabalho,
neste aspecto o clima organizacional pode ser definido como o conjunto de percepções
subjetivas e sentimentos que os funcionários têm sobre a divisão do trabalho, a
7
clima e outras variáveis, tais como estrutura, estilos de liderança, desempenho, satisfação no
trabalho (SANTOS, 2021).
O estudo do clima faz uso de instrumentos que objetivam realizar “um levantamento de
opiniões que caracteriza uma representação da realidade organizacional consciente.” (CODA,
1997, p. 99). Os modelos mais disseminados na literatura são: Modelo de ( Litwin e Stringer,
1968; Modelo de Schneider, 1975; La Follete Sims, 1975; Modelo de Sbragia, 1983; Modelo
de Kolb et. al., 1986; Modelo de Rizzatti, 1995; Modelo de Coda, 1997; Modelo de Colossi,
1991; Modelo de Rubbo, 2002; Modelo de Martins et al., 2004 Modelo de Bispo, 2006;
BIZARRIA et al., 2016).
Com relação ao grau de confiabilidade e validade dos instrumentos de medida,
Muchinsky (1976) declara que deve ser muito difícil chegar a algum instrumento de clima
padronizado, com escalas de alta validade e confiabilidade, por meio de diferentes
organizações. Assim, pode ser viável desenvolver um questionário de clima confiável para uso
de organizações homogêneas, mas parece ser improvável a validade e a confiabilidade de
escalas específicas de clima aplicadas a diferentes tipos ou organizações heterogêneas. A
confiabilidade dos instrumentos, em geral, é estabelecida por meio de análise fatorial, sendo
frequente o uso do coeficiente alfa para medir a consistência interna dos fatores da escala
(SANTOS, 2021).
Os temas discutidos acima, abordam uma relação muito importante para fundamentar a
construção e percepção de clima organizacional, e todos os fatores que a compõem. É
importante discutir seus conceitos e definições para que a percepção sobre o tema fique clara e
objetiva, e também para instigar o senso crítico quanto a ferramenta utilizada pelo objeto de
estudo.
3 MÉTODO
empresa, tempo de empresa dos colaboradores participantes, dentre outros que contemplarem
o estudo, através de conversas e análises junto com o membro representativo.
A pesquisa de campo foi realizada em uma empresa metalúrgica do extremo oeste
Catarinense coletando dados com gestores e colaboradores desta empresa. No ato da pesquisa
faziam parte do quadro colaborativo quarenta e quatro funcionários. O primeiro contato deu-se
através de mensagem via WhatsApp com o administrador da empresa, pois este fazia parte do
vínculo profissional da pesquisadora, onde, foi brevemente foi dialogada a proposta de pesquisa
e sobre o interesse em a empresa estar participando desta. Quando aceito, foi alinhado com o
gestor, data e horário de sua preferência, para estar conversando sobre a organização e etapas
da pesquisa, bem como sobre a participação de outros colaboradores. No primeiro dia após
alinhado estas demandas, fora aplicada o primeiro questionário com o gestor, e na sequência
ele deu os encaminhamentos para responsável pelo setor de recursos humanos, onde está ajustou
com a pesquisadora, dias e horários para aplicação das próximas entrevistas.
As entrevistas ocorreram dentro do ambiente colaborativo, em uma sala cedida pela
empresa. Fizeram parte da seleção treze indivíduos, e a seleção ocorreu de forma a buscar-se
um representante por setor. Para critérios de participação, foi levado em consideração: 1) estar
na empresa a mais de seis meses; 2) Ter conhecimento do questionário, não necessariamente
ter respondido; 3) Ter aceitado participar da pesquisa.
As entrevistas foram feitas no período de 31 de agosto a 06 de setembro do ano de 2022,
após apreciação e aprovação do comitê de ética (CAEE 59360822.6.0000.5367). A
pesquisadora foi a empresa matriz no primeiro dia onde foi recebida pelos gestores que seriam
entrevistados, no segundo dia deslocou-se até a filial onde foi recebida e orientada pelo gerente
da unidade e no último dia, foi recebida e orientada pela colaboradora do administrativo.
No momento da entrevista, foi explicitado aos participantes os objetivos da pesquisa e
os cuidados adotados frente a covid-19. Para a pesquisa, foi apresentado o termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), este esclarece os objetivos da pesquisa, riscos e
benefícios provenientes desta. O TCLE impreterivelmente precisou ser lido, concordado e
assinado pelas partes para dar prosseguimento a pesquisa. E acerca dos cuidados sanitários, foi
dada prioridade às medidas de segurança. Estas medidas envolvem o uso de máscaras de
proteção facial e o distanciamento social entre entrevistador e entrevistado, bem como a
higienização com álcool 70% no local da entrevista. Se houvessem sintomas gripais entre os
envolvidos, a entrevista seria cancelada e marcada nova data, respeitando o resguardo
necessário frente ao risco de transmissão da covid-19. As entrevistas foram gravadas em áudio,
com autorização prévia através do Termo de Autorização para Gravação de Voz.
10
“Este tipo de empresas tem revelado uma grande tendência para a mortalidade
precoce, constatando-se que o seu tempo de vida é de cerca de 24 anos (Martins,
1999). De acordo com Gallo e Ribeiro (1996), a esperança de vida média é
11
Neste sentido é importante observar fatores que possam influenciar este modelo
gerencial, e se estes estão afetando as relações de trabalho. Dentre estes fatores influenciáveis,
podemos citar alguns:
Desta forma vale considerar que todos estes fatores, influenciam diretamente na
satisfação, engajamento e valores dos colaboradores, que em um efeito sucessivo afetam o
clima da empresa, que pode determinar o sucesso de uma empresa. Ainda sobre este
apontamento, vale considerar que o objeto de estudo está enquadrado em um grupo de empresas
administradas por uma Holding, que dentre muitos conceitos é definida como:
“Rincaweski (2012), a Holding nada mais é que uma organização que comanda uma
ou mais sociedades, pode ser constituída por vários proprietários, e pode reunir
herdeiros de um fundador, com distintas participações societárias (GUERINI;
MATTJE, 2018, pg. 26)”.
E além disso, dar suporte no que tange a carência decorrente desta situação de trabalho,
sabendo que o serviço prestado a empresa em estudo restringe ações de acompanhamento, cabe
ao profissional prestador dar suporte e encaminhar adequadamente as demandas, para que de
fato este cumpra com seu papel profissional:
Dados confirmam que a mão-de-obra menos qualificada roda muito mais de empresa
em empresa do que a mais qualificada. O grau de rotatividade aumenta com o grau de
qualificação para níveis baixos de qualificação, menores do que a oitava série incompleta. A
partir daí, claramente, quanto mais anos de estudo tiver o trabalhador, menor é a probabilidade
de que ele tenha menos de dois anos de tempo de serviço. Quanto maior o nível de educação,
maior é a capacidade de aprendizado, e maiores são os retornos de investimento em treinamento
de atividades específicas. Logo, maior é o tempo esperado da relação de trabalho (GONZAGA
1998).
Weisbrod (1962) mostra que a educação de um trabalhador influencia na produtividade
dos demais trabalhadores, ampliando os efeitos externos e benefícios da educação. Essa
interdependência é justificada pela suposição de que a educação, além do conhecimento e
habilidades, também desenvolve propriedades de flexibilidade e adaptabilidade (WEISBROD,
1962). Logo, os próprios empregadores, ao se conscientizarem desses benefícios, também
podem ter interesse financeiro na educação e no treinamento de seus empregados (CAMPOS,
2022).
A satisfação também está relacionada a saúde do trabalhador, neste sentido vale
considerar que o objeto de estudo se caracteriza na sua maioria, por cargos e funções de trabalho
físico pesado e de altas temperaturas. Segundo Chiavenato (1999), o conceito de Qualidade de
Vida no Trabalho (QVT) está ligado a preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos
trabalhadores no desempenho de suas atividades. Neste momento, envolve tanto os aspectos
físicos e ambientais, como também os aspectos psicológicos que um espaço de trabalho possa
ofertar a um funcionário.
É importante considerar, pois trata-se de uma condição física que pode interferir no
parâmetro de avaliação da satisfação, trazendo aspectos negativos em relação ao clima
organizacional, no decorrer das entrevistas fora destacado sobre estas condições e que estariam
sendo consideradas, porém trata-se de um processo mais dificultoso quanto a aplicabilidade.
Identificar os aspectos característicos de uma empresa, é muito importante para compreensão
da dinâmica organizacional, pois sabe-se que estes fatores influenciam diretamente na gestão,
comunicação e avaliação da empresa.
“Entrevistado C: ...eu sinto porque por exemplo, falando da área em que eu trabalho,
não foi reunido e pedido pelo gestor, “gente, respondam, participem, é importante”,
então veio muito do RH, mas o RH não é quem faz gestão de pessoas, é o líder, então
este engajamento do líder, este instigar do líder, este pedir para participar, então o
líder parceiro do RH nos projetos como um todo...”
Porém explanou-se em outras entrevistas, que os líderes naquele contexto não são
designados esta função, e que para alguns respondentes da pesquisa, não representam um papel
na gestão. A exemplo de quando perguntado a um dos entrevistados sobre as etapas em que a
ferramenta era aplicada, ele citou que, na etapa de apresentação de resultado, estes eram feitos
para os gestores, e quando perguntado quem seriam os gestores, por este entrevistado, não foi
citado os líderes, firmando quando perguntado se ele seria o único gestor ativo na unidade
diariamente, o entrevistado respondeu, “Entrevistado D: Isso, aqui da unidade sim”.
De acordo com Coda apud Ferreira (1997, p. 99):
Entrevistado J: Acho que no meu ponto de vista a empresa usa para fazer essas
melhorias necessárias, para saber como é o funcionamento aqui em baixo, porque às
vezes o “Sr. Proprietário” 4não está presente, então é um meio deles ter acesso ao
funcionamento.
Fazendo uma análise do relato, não significa que este sistema não existe na empresa,
mas a ausência destas figuras, ou então da definição de um sistema de gestão pode estar gerando
esta sensação nos colaboradores. Conforme apontado anteriormente, diariamente existe
somente a figura do gerente da unidade ativamente na empresa, o serviço de recursos humanos
e psicóloga é terceirizado, e o gestor, não é uma figura presente. Este desenho de gestão, pode
estar afetando o clima e percepção dos trabalhadores. A falta de acompanhamento de pessoas
e processos pode fragilizar ou determinar uma cultura e influenciar diretamente no clima da
organização, conforme abordado pelo entrevistado K, quando perguntado se ele acreditava que
as perguntas traduziam suas necessidades do dia a dia:
4
Atribuição fictícia para reservar os dados de identificação dos participantes.
16
Desta forma, somente comunicar não é suficiente, é importante saber como, o ambiente
corporativo é complexo e indica diversas possibilidades de análise e interpretação de algo que
é comunicado. Entender os vários aspectos que compõem esse ambiente e envolvem a
percepção das pessoas é importante para uma comunicação assertiva. A exemplo da
importância na comunicação, segue a compreensão que os colaboradores tem, da ferramenta de
análise de clima que o objeto de estudo utiliza:
Entrevistado F: Na verdade eu não sei responder estas perguntas... Serve para saber o
que o funcionário pensa, ajuda os dois lados né, o da empresa e do funcionário,
esclarece as dúvidas né, serve para entender os dois lados, o da empresa e do
funcionário.
As informações devem fluir com clareza e transparência dentro das empresas. Pessoas
bem informadas conscientes do processo na qual participam, produzem mais, criam menos
problemas e permanecem motivadas. Além de tudo o processo de comunicação deve garantir
que as informações cheguem até seus destinatários sem perder seu conteúdo, pois um pequeno
desvio de informação, podem acarretar prejuízos imensos, de dinheiro e tempo (SOUZA et. al,
2009).
Outro fator que se identifica como falha na comunicação, torna-se sobre a forma que a
empresa divulga os resultados e faz o acompanhamento após a aplicação do questionário,
percebeu-se por exemplo que o responder estava implicado a uma ação de melhoria de aspecto
pessoal, a exemplo de quando perguntado ao entrevistado E, se ele percebia se a empresa
trabalhava em cima dos resultados da pesquisa:
Entrevistado E: Na época eu não lembro o que eu, no caso o que eu queria de melhoria,
mas tem bastante melhoria, pelo menos os últimos dois meses, tá acontecendo muita
melhoria, só melhoria, questão de pátio, internamente, estrutura, então acredito que a
partir daí, chegue minha hora do que eu perguntei, mas no geral, com certeza outros
funcionários foram pedindo estas coisas, e está sendo feita.
Entrevistado K: Eu acho que seria interessante eles falar né, dar um retorno, até para,
porque eu não sei o que os meus companheiros pensam, o que eles colocaram lá, seria
interessante a gente ter uma avaliação vinda de todos os resultados, de todas as
perguntas, de todos os funcionários.
Ou ainda:
Entrevistado M: É que tipo assim, eles divulgando resultado, eles estão mostrando
para nós que estão escutando a gente, então acredito que não só eu, como todo o
restante gostaria de ver o que foi aplicado, eu acho isso pelo menos.
Dar entendimento e clareza sobre o uso da ferramenta, fazendo com que o colaborador
se sinta parte integrante do processo, colabora para potencializar o uso da ferramenta. Vale
destacar que, o corpo gerencial com dificuldade em incentivar as pessoas que trabalham diante
da sua coordenação, lidando com a informação como estratégia de manutenção do poder,
assumindo atitude de filtrar aquilo que deveria ser do conhecimento coletivo, produz um estilo
de chefia que aliena seus subordinados, e não estimula o crescimento individual e,
consequentemente, organizacional.
Geralmente, o estudo de clima na empresa eleva bastante o índice de motivação dos
funcionários, pois se sentem participantes, ouvidos e respeitados em suas opiniões. Assim, a
crença na empresa se eleva sensivelmente. Contudo, se nada for feito com os resultados, a
pesquisa terá efeito inverso: a descrença na empresa tenderá a aumentar e a relação dos
colaboradores com a empresa passará a ser de grande desconfiança. (VIANA 1999 apud
TANIGUCHI; COSTA, 2010).
Como afirma Luz (2001) a Pesquisa de Clima Organizacional pode ser entendida como
instrumento que, ao ser aplicado de modo consciencioso e metódico é capaz de garantir
consistência em praticamente todas as mudanças das organizações que procuram eficiência,
eficácia e qualidade (OLIVEIRA et. al, 2012).
Uma pesquisa de clima bem elaborada, permite identificar a maneira como cada um se
sente em relação à empresa onde trabalha. Para se tornar efetiva, tal pesquisa deve resultar da
decisão política por parte da alta direção quanto aos objetivos, itens a serem somados, forma
como será anunciada na empresa, e acima de tudo, como serão gerenciados os resultados. A
pesquisa de clima, quando bem feita, deve sempre estar coerente com o planejamento
estratégico da organização pesquisada, propondo sempre, em seu fechamento, um plano de
ação, que traçará as principais diretrizes de ação frente aos dados obtidos. Esse plano será,
portanto, específico, uma vez que todas as variáveis já estarão claramente definidas pelo
levantamento realizado (TANIGUCHI E COSTA, 2010).
Outro ponto discutido e pautado pelos entrevistados foi referente a regularidade da
aplicação e utilização de outras ferramentas como apoio e mensuração de satisfação no trabalho:
Entrevistado C: a gente optou por colocar está do NPS junto, mas também colocar
algumas direcionadas, para que a gente possa trabalhar, e aí é um amadurecimento a
questão de pesquisa...
Entrevistado A: Ela melhorou, mas não estamos satisfeitos, por que ela não está sendo
aplicada integralmente e assiduamente.
Segundo Mayo (2003) as pesquisas devem ser aplicadas uma vez ao ano e no caso de
um programa específico de mudança de cultura, pesquisas devem ser realizadas antes, durante
e após a mudança. Minicucci (1995) argumenta que é necessário cuidado ao se analisar, medir
a satisfação no trabalho, a fim de que se possa obter dados fiéis, pois, se as pessoas podem
21
responder satisfatoriamente por medo de serem despedidas ou por medo de sofrerem qualquer
outra retaliação, o que pode mascarar a pesquisa.
Portanto, assiduidade ou utilização de outras ferramentas, não necessariamente devem
serem vistas como resolução das fragilidades que a ferramenta possui hoje, avaliar opiniões,
acompanhar, dar continuidade no serviço que já é feito, integrar o colaborador em todo o
processo desde a construção aos resultados, podem acarretar em resultados mais eficazes para
a organização.
O ser humano não deve ser tratado apenas como um número, portanto, trabalhar as
pessoas e seus anseios quando se deseja quebrar paradigmas, inserir novas culturas ou novos
métodos é fundamental para se aumentar a eficiência dos programas a serem implementados
pela empresa. Contudo, apenas a garantia de que todos os colaboradores tenham acesso e
participem das atividades não é condição suficiente para que se obtenha sucesso, pois, sem o
comprometimento, as atitudes e comportamentos tornam-se um mero “cumprir de regras”. O
comprometimento leva ao envolvimento, advindo daí, a melhoria (TANIGUCHI; COSTA,
2010).
A combinação dos recursos disponíveis com a gestão dos mesmos resulta no
desempenho organizacional. Para que uma organização alcance bons resultados, não basta
dispor dos recursos necessários, é preciso que as pessoas que nela trabalham saibam geri-los,
queiram e possam fazê-lo. Um ambiente de trabalho saudável e motivador é o que todos os
colaboradores almejam. E esse desejo por um ambiente tranquilo pode ser buscado por gestores
que almejam novas maneiras de reter pessoas (LUZ, 2001).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
clima, verificar a aplicabilidade dos resultados das pesquisas de clima anteriores, e propor ações
de melhoria a partir dos resultados da pesquisa de clima organizacional.
Verificou-se que o objetivo foi atendido e que a ferramenta possui grande potencial de
uso, porém é importante ater-se a outros detalhes que fogem do plano metodológico e que
também impactam na qualidade da ferramenta, a exemplo da autonomia e comunicação.
A autonomia compreendida requer melhorias quanto à tomada de decisões pela
empresa, publicação de resultados e divulgação de dados, já que a maioria do entrevistados
demonstram insatisfação no quesito de participação, informação e envolvimento, isso pode
decorrer pelo modelo de gestão adotado, onde, conforme apontado, as decisões são tomadas no
nível de gestores e coordenadores.
Segundo Luz (2003), a autonomia significa o colaborador ter liberdade para realizar e
decidir qualquer questão que envolva o seu trabalho, ou mudanças na organização, se o
colaborador não possui autonomia ele pode não ser criativo, proativo e comprometido com a
empresa. O ideal é a empresa estimular a participação desses profissionais nas tomadas de
decisão, adotar uma administração participativa, assim os colaboradores poderão expor sua
visão do clima, podendo sugerir melhorias no ambiente de trabalho.
Ainda sobre os aspectos de melhorias, é importante considerar e rever o processo de
comunicação do objeto de estudo, identificando como está o repasse de informação e alcance
dos colaboradores, pois essa variável apareceu como um aspecto considerável para o
conhecimento e informação da ferramenta. Alguns entrevistados identificaram não saber o real
motivo do uso da ferramenta, outros trouxeram perspectivas desconectas, e alguns até
colocaram não se sentirem seguros para expor suas opiniões, algo também identificado no
ambiente nos dias das aplicações. Segundo Argenti (2006), a comunicação não é somente usada
para passar informações de um serviço a ser realizado mas também para possuir um clima
harmonioso com os colaboradores, a comunicação tem como função motivar, informar e
permitir a expressão emocional dos empregados, se ela não for realizada da melhor forma, pode
haver muitos problemas. Sendo assim a empresa precisa ouvir e aceitar as críticas e elogios dos
colaboradores. Os objetivos e metas também devem ser mais claros, pois um número grande
afirma que não sabem claramente os objetivos e metas a serem alcançados, isso mostra uma
séria falta de comunicação.
Diante da metodologia proposta, percebe-se que o trabalho poderia ser mais amplo, pois
a pesquisa proporcionou a verificação de outras demandas, que vão além do instrumento de
análise de clima utilizado pela empresa. Foi importante porque permitiu reflexões sobre outros
fatores que também influenciam na qualidade e aplicabilidade da ferramenta, permitindo
23
reflexões e ações de melhoria, considerando que as informações presentes neste estudo podem
servir de base para que os gestores possam melhor gerir o potencial de seu quadro de
funcionários.
É importante refletir também que, o que não se mede não se gerencia, portanto, é
necessário trabalhar com fatos e dados. Avaliar o clima permite identificar as percepções de
seus empregados sobre diferentes aspectos que influenciam o seu bem-estar no trabalho,
permite aprimorar continuamente a qualidade do ambiente de trabalho e, consequentemente, a
qualidade de vida no trabalho. Considerar estes aspectos para a construção de novos olhares e
percepções resultara na progressão e crescimento colaborativo e empresarial.
REFERÊNCIAS
BIZARRIA, Fabiana Pinto et al. Estudo de clima organizacional no setor industrial. Rio de
Janeiro, 2016. Disponível em: < https://www.redalyc.org/pdf/4417/441749113007.pdf >.
Acesso em mar. 2022.
CAMPOS, Larissa Couto. Capital humano das organizações brasileiras: uma relação
entre escolaridade, geração de riqueza e valor da empresa. Tese de Pós Graduação (Pós
Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade federal de Uberlândia. 2022. Disponível
em:<
https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/35285/5/CapitalHumanoOrganiza%c3%a7%c3
%b5es.pdf>. Acesso em 16 set. 2022.
FREITAS, Ernani Cesar de; BARTH, Mauricio. De pai para filho: A complexidade e os
desafios da gestão de empresas familiares. Rev. Adm. Santa Maria, v. 5, P. 549-568, dez.
24
GUERARD, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de Pesquisa. 1 ed. Porto
Alegre: Editora da UFRGS, 2009. Disponível em: <
http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf>. Acesso em mar. 2022.
LUZ, Janine Pacheco. Metodologia para análise de clima organizacional: um estudo de caso
para o banco do estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2001. Disponível em:
<file:///D:/Downloads/184951.pdf>. Acesso em: abr. 2022.
LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. 143p.
ISBN 9788573037371.
SANTOS, Neusa Maria Bastos. Clima organizacional: pesquisa e diagnóstico. 2.ed. São
Paulo: Saint Paul.2021. Disponível em:
<https://play.google.com/books/reader?id=ZnBKEAAAQBAJ&pg=GBS.PT3.w.0.0.0>.
Acesso em mar. 2022.
SCHEIN, E. H. Sense and nonsense about culture and climate. Handbook of organizational
climate and culture. ASHKANASY, Neal M.; WILDEROM, Celeste P. M.; PETERSON,
Mark E. (Ed.). Thousand Oaks, CA: Sage, 2000. p. XXXIII-XXX.
~::~~~=;!z;:;~"-~
m
Orientador: o.:.rLÚb -(W.A.& ~
íw,"~
Local edata,~
I Esta classificação poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à
Coordenação do Curso. Todo resumo estará disponível para reprodução, conforme Regulamento do Programa de Pós-graduação da
Unoesc.
2 Texto (PDF); imagem (JPG OU GIF); som (WAV, MPEG, AIFF, SND); vídeo (MPEG,AVI,QT), outros (específico da área).
Os dados pessoais solicitados neste formulário serão utilizados apenas no processo de publicação eletrônica
da biblioteca digital da Unoesc.
A qualquer momento, o titular dos dados poderá consultar os dados pessoais tratados bem como os prazos
legais para armazenamento dos mesmos, mediante solicitação por e-mail ou por escrito remetido ao
Encarregado de Proteção de dados, conforme artigo 8°, §5, da Lei n° 13.709/18 (LGPD).