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AVALIAÇÃO– 1º TRIMESTRE
Disciplina: Literatura Professor: Jorge Alessandro Data: Prova: 01 – 2º Trimestre
Tema: Literatura Brasileira do século XIX (Prosa) Valor: Turma: 3º Ano

Nome:_______________________________________________________________ Nota:

Orientações:
 O preenchimento da prova deverá ser feito à CANETA esferográfica na cor AZUL ou PRETA.
 Não é permitido o uso de equipamentos eletrônicos durante a realização da prova, como: celulares, tablet, fones de ouvido, etc.
 Não é permitida a comunicação entre alunos durante a realização da prova, podendo caracterizar como cola.
 O aluno que for surpreendido colando terá sua prova confiscada e será atribuída nota ZERO.
 Questões de múltipla escolha que forem rasuradas serão anuladas.

01. ANALISE os elementos visuais da obra Os quebradores de pedra, de Gustave Coubert, e indique elementos do
Realismo que podem ser identificados:
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— Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é… filho de uma escrava.
— Eu?
— O senhor é um homem de cor!… Infelizmente esta é a verdade…
Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um silêncio:
— Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher
sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma
asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!
… Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha
sogra, de não dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!
AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008
02. Influenciada pelo ideário cientificista do Naturalismo, a obra destaca o modo como o mulato era visto pela sociedade
de fins do século XIX. Nesse trecho, Manoel traduz uma concepção em que a
a) miscigenação racial desqualificava o indivíduo.
b) condição econômica anulava os conflitos raciais.
c) discriminação racial era condenada pela sociedade.
d) escravidão negava o direito da negra à maternidade.
e) união entre mestiços era um risco à hegemonia dos brancos.
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e
caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam
vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de
toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outra
notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos
gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais
convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer,
fazendo estalar de gozo.
AZEVEDO, A. O Cortiço . São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).
03. No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos
caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e
portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois
a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
b) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.
c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.

Texto I: Vocês mulheres têm isso de comum com as flores, que umas são filhas da sombra e abrem com a noite, e outras
são filhas da luz e carecem do Sol. Aurélia é como estas; nasceu para a riqueza. Quando admirava a sua formosura
naquela salinha térrea de Santa Tereza, parecia-me que ela vivia ali exilada. Faltava o diadema, o trono, as galas, a
multidão submissa; mas a rainha ali estava em todo o seu esplendor. Deus a destinara à opulência. (Senhora, José de
Alencar)

Texto II: “A alvura de sua tez fresca e pura escurecia o mais fino jaspe [...] A seiva dessa mocidade, o viço dessa alma
não se expandia no rubor da cútis, mas no olhar ardente e esplêndido dos grandes olhos negros e no sorriso mimoso dos
lábios que eram um primor da natureza.” (A escrava Isaura. Bernardo Guimarães)

04. Dos textos, depreende-se que


a) romances românticos regionalistas, como Senhora, exaltam a beleza natural feminina.
b) os romances realistas de Aluísio Azevedo denunciam o artificialismo da beleza feminina.
c) as obras modernistas têm, entre outros, o objetivo de criticar a submissão da mulher à riqueza material.
d) a linguagem descritiva dos escritores naturalistas caracteriza a sensualidade e a espiritualidade da mulher.
e) a personagem feminina foi caracterizada sob a perspectiva idealizadora típica dos autores românticos.

“O vestido de Aurélia encheu a carruagem e submergiu o marido; o que lhe aparecia do semblante e do busto ficava
inteiramente ofuscado [...]. Ninguém o via...”
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: DCL, 2005. p. 96. (Grandes Nomes da Literatura)
05. Considerando-se o personagem referido - Fernando, o marido de Aurélia -, é CORRETO afirmar que a passagem
transcrita contém a imagem
a) da anulação de sua individualidade, transformado que fora, como marido, em objeto ou mercadoria.
b) da sua tomada de consciência da futilidade da sociedade, que preza sobretudo a beleza física e a riqueza.
c) do ciúme exacerbado, ainda que secreto, que sente da esposa, por duvidar de que ela realmente o ame.
d) do orgulho que sente da beleza deslumbrante da esposa, ressaltada nessa ocasião por seus trajes luxuosos.
e) da honra assumida pelo herói romântico que se aculta na humildade para que a amada se destaque.
Os poetas do nosso Romantismo atestam diferentes estações do nosso nacionalismo e das ideias, dominantes ou
libertárias, que vicejaram ao longo do século XIX. Há em Gonçalves Dias uma exaltação do índio, que não hesitou em
dotar de algumas virtudes aristocráticas caprichosamente combinadas com as da vida natural; há em Castro Alves o voo
de condor para ideais humanistas, em combate aos horrores da escravidão. Mesmo o lirismo intimista de um Álvares de
Azevedo não deixa de ecoar algo dos mestres europeus que, como Byron ou Victor Hugo, ampliam os contornos da vida
subjetiva para que ela venha a ocupar o centro de um palco público, interpretando sentimentos e aspirações da época.
(DOMIGUES, Alaor, inédito)

06. O que, nesse texto, se afirma sobre Gonçalves Dias é extensivo à prosa de
a) Manuel Antônio de Almeida, quando se pensa na inflexão histórica que este deu à sua obra.
b) Machado de Assis, em cujos livros expandiu-se igualmente o anseio de afirmação nacional.
c) José de Alencar, quando se pensa em sua ficção voltada para os mitos fundadores e para a natureza.
d) Raul Pompeia, por conta do caráter intimista e autobiográfico de seu principal romance.
e) Bernardo Guimarães, tendo em vista a dura análise que fez este dos costumes burgueses.

Leia o trecho a seguir do romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, escritor do realismo brasileiro.
“Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o Morro do Castelo, por mais que ouvissem
falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o
mal calçado da ladeira mortificavam os pés às duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se fosse
penitência, devagarinho, cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças
que desciam ou subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos olhavam
espantados para elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um donaire que se não perde, e não era
vulgar naquelas alturas. A mesma lentidão do andar, comparada à rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era
a primeira vez que ali iam. Uma crioula perguntou a um sargento: ‘Você quer ver que elas vão à cabocla?’ E ambos
pararam a distância, tomados daquele invencível desejo de conhecer a vida alheia, que é muita vez toda a necessidade
humana” (ASSIS, Machado, 1904).

07. Com base no trecho lido, assinale a alternativa que contém uma característica do movimento realista.
a) A maior subjetividade possível, exaltando aspectos pessoais e sentimentais das personagens, em um cenário muitas
vezes caótico.
b) Crítica social, com ênfase no estilo de vida burguês que enaltece os hábitos de vida da aristocracia, que vive a vida ao
seu máximo.
c) Objetividade, com grande ênfase nos aspectos científicos e positivistas, que analisam e destrincham o comportamento
humano.
d) Objetividade e crítica social, rejeitando o estilo de vida burguês ao centralizar personagens populares em seus
espaços, hábitos e pensamentos.
e) Enfoque nas mudanças sociais, criticando o avanço das máquinas e as alterações no tempo, no estilo de vida e no
trabalho.

08. Na cronologia da sucessão dos movimentos artísticos, o Realismo é


caracterizado por sua oposição ao Romantismo. Na obra de Almeida Junior (A
amolação interrompida), tal oposição é evidente através do(a)
a) fidelidade do retrato social.
b) tom pessimista da realidade.
c) crueza da vida endinheirada.
d) inspiração na natureza concreta.
e) rompimento com a estética europeia.
Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a
curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto.
Machado de Assis, em ‘A semana’na Gazeta de Notícias, Rio de
Janeiro, 11 de novembro 1900

09. Machado de Assis é o principal nome do Realismo brasileiro e sua produção inclui grande variedade de gêneros
literários. Acerca da prosa machadiana e da provocação da frase destacada, é correto indicar como sua principal
característica:
a) o estilo, com certo rebuscamento formal e excessivo emprego de figuras de linguagem.
b) o desenvolvimento de temas voltados à criação de uma identidade nacional brasileira.
c) personagens construídos por meio da análise psicológica, com foco em conflitos interiores.
d) enredos lineares, marcados por amores impossíveis, muitas peripécias e final feliz.
e) desenvolvimento de experiências narrativas conhecidas como fluxo de consciência e epifania.
1
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os 2 dias acentuava-se; já se não destacavam vozes
dispersas, mas 3 um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a 4 fazer compras na venda;
ensarilhavam-se* discussões e 5 rezingas**; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, 6 gritava-se. Sentia-se
naquela fermentação sanguínea, naquela 7 gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés 8 vigorosos na lama
preta e nutriente da vida, o prazer animal de 9 existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
10
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham 11 como formigas; fazendo compras.
12
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a 13 Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da
casa.
14
– Nhá Dunga! gritou ela para baixo, a sacudir um pano 15 de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, bata na
porta, ouviu?
16

Aluísio Azevedo, O cortiço.


* ensarilhar-se: emaranhar-se.
** rezinga: resmungo.

10. Uma característica do Naturalismo presente no texto é:


a) forte apelo aos sentidos.
b) idealização do espaço.
c) exaltação da natureza.
d) realce de aspectos raciais.
e) ênfase nas individualidades.

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