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MODELO DE PROPOSTA DE FILMAGEM

Título do projeto: A Arte tá na Rua!


Formato: Documentário
Diretor: Letícia França | Negalê
Diretor de fotografia:
Operador de áudio:
Editor:
Outros: (função)

1. Hipótese de trabalho e interpretação. Quais as suas expectativas sobre


o universo que você irá mostrar no filme, o argumento principal.
Procuro trazer à tona o universo do movimento Hip-Hop da Grande Aracaju
muito além dos estereótipos da marginalização da cultura negra: através de
debates entre os personagens, documentos de arquivos e filmagens realizadas
de eventos do movimento, revelar a força que o hip-hop tem como ferramenta
educadora, formadora de identidade e subjetividade, como funciona enquanto
espaço de socialização da juventude e seu potencial impulsionador para
independência financeira de seus agentes culturais.

2. Tema e exposição do tema. Qual o assunto do filme? Quais


informações necessárias para que o espectador possa ter acesso a esse
universo e como essas informações serão transmitidas a ele?
O assunto trazido é o hip-hop e seu impacto transformador para a juventude.
Abordaremos esse tema através de diálogos entre os personagens
convidados, tendo também o espaço/território e o som como personagens no
filme, a fim de situar e impactar o espectador através de quebras de
expectativa e informações não só trazidas pelas falas dos personagens mas
demonstrando, através de imagens de arquivo ou de diárias de gravações,
como o movimento funciona. O cenário urbano, seja ele central ou periférico,
contará junto com essas falas e os sons da cidade (sejam ruídos ou produções
musicais) a história desse movimento.

3. Sequências de ação. Escrever um breve parágrafo resumindo aquelas


que poderão ser as sequências que mostram ação (ou atividade) dos
personagens envolvidos no filme.

Introdução: escuro, a porta de uma garagem se abre, superexposição de uma luz que
vem de dentro. há uma transição para um live paint em cima de uma tela com várias
tags de pixadores, com uma trilha sonora do Artigo 163, intercalados com uma
coreografia freestyle de Jhully.

4. Personagens principais. Um breve parágrafo para descrever cada


personagem e seus respectivos papéis no documentário.
Ará: o território. As cenas urbanas - centrais ou periféricas - situando a
realidade, a ocupação e intervenção desse espaço através da arte marginal. É
ora silenciosa, imponente, fria, caótica e metálica; ora ruidosa - ocupada com
poesia, barulho de tinta spray, bicicleta, beats, graves, risadas, cores, gritos de
guerra de quem se mantém firme, e nesse momento ela conversa e se integra
aos outros personagens que ocupam ela.
Trilha: como uma das interpretações da palavra, a trilha é o que vai encaminhar
as sensações. É o som ou a falta dele, orgânico ou produzido (?), conversa
com Ará pra ambientar os discursos trazidos pelos outros personagens. São
sons de corrente de bicicleta, de carros, de latinha de spray, de risos, de beats,
músicas, poesias, gritos de coletivos, enfim, tudo aquilo que emite som e faz
parte do cenário urbano e marginal.
Os elementos: Dentro do movimento, os elementos não são apenas um
conceito. São pessoas que atuam muitas vezes em mais de um. No
documentário, eles serão representados pelas visões e vivências de cada uma
das pessoas convidadas a partilharem de sua caminhada.

5. Conflito. Se por acaso houver, quais os conflitos a serem explorados


pelo documentário?

Dentro dos temas e eixos abordados, nós nos deparamos com alguns
pensamentos e vivências conflitantes:
- Do tema sobre a arte: o conflito entre quantos e quais são os elementos; se
existe de fato uma invisibilização do eixo norte-nordeste e o que provoca isso,
seja num aspecto regional (fortalecimento do movimento regional) ou nacional;
sobre a violência policial e o estigma social, o porquê da associação do
movimento com o crime e se existe algum tipo de diálogo entre o hip-hop e a
polícia e outros aparelhos do Estado, inclusive da área da cultura;

- Do tema sobre a socialização na juventude: qual a experiência em escolas,


oficinas e outros movimentos para educação de jovens através do hip-hop?
existe a possibilidade de seu método ser incluído na grade escolar? e para a
ressocialização de egressos do sistema prisional? o movimento só reforça o
estigma ou de fato oferece outras possibilidades para essas pessoas?; existe
algum tipo de conflito nos espaços que são ocupados para eventos do
movimento? é simplesmente “ocupar e resistir”? os moradores e outras
pessoas de fora do movimento sempre fortalecem essas ocupações?; até que
ponto o movimento influencia um fortalecimento de uma subjetividade e de
autoafirmação? existe preconceito de gênero, sexualidade, classe ou raça?;

- Do tema da profissionalização dos jovens: existe algum tipo de privilégio


dentro do próprio movimento para chegar ao caminho da profissionalização dos
artistas?; as maiores dificuldades desses jovens para lidar com as burocracias
desse enredo e poder sobreviver do que fazem; existe alguma possibilidade de
entrar no mercado de trabalho sem necessariamente ser autônomo?

6. Público alvo e expectativa de resposta dessa audiência. Qual o público


alvo? Qual a ideia pré-concebida que se imagina que esse público possa
ter do assunto abordado e como o documentário irá lidar com essa ideia?

O primeiro público-alvo que imaginamos são os próprios produtores e


consumidores do movimento hip-hop sergipano. Para que se vejam, que vejam
o impacto que podem causar na sociedade e que assim possam abrir ainda
mais o olhar e perspectivas para aquilo que fazem. O documentário, para
esses jovens já inseridos no movimento, precisa causar orgulho, afirmação e
uma força impulsionadora para que seja ainda mais consumida, propagada e
disseminada através de um impacto transformador em cada quebrada.
O segundo nicho que procuramos impactar são aqueles jovens que querem
entrar no movimento, que estão chegando agora, e as crianças de periferia que
tem perspectivas podadas pela realidade. Oferecer, através do que é trazido no
filme, uma expansão de possibilidade criativa para eles e um olhar mais
maduro sobre o que é, de onde vem e para onde deve ir o movimento.
O terceiro, último e não menos importante, é justamente a classe que está do
lado de fora do movimento, que aponta, julga, limita e exclui aqueles que fazem
parte dele. O documentário, para essas pessoas, vem como uma punch-line
para quebrar expectativas e preconceitos - ou pelo menos causar uma irritação
àqueles que subjugam tudo que provém da periferia e da cultura negra.

7. Entrevistas. Lista descritiva dos entrevistados.

https://docs.google.com/spreadsheets/d/1GwDsxzn_XjKcbRXapXUhaA2HTbqZCJ74J8
jMVvnxxAU/edit#gid=1817680046

8. Estrutura. Um breve parágrafo sobre como o filme irá trabalhar sua


estrutura narrativa, de forma linear, não-linear, possíveis macetes
narrativos a serem empregados, curva de tensão dramática, como serão
intercaladas as entrevistas com a ação do filme, etc.
Estrutura não-linear, com uma narrativa que levam à curva de tensão como no
ritmo do boombap, através de cortes, imagens e sons. As entrevistas serão
intercaladas às imagens de ação, utilizando da voz em off. Exploraremos não
somente imagens de entrevistas, arquivos e ações, mas fotografias, prints, e
outras imagens estáticas em estilo de sobreposição com Ará (o território, o
cenário urbano) e imagens de arquivos/ações. Além disso, na abordagem de
cada tema, introduziremos com freestyle de alguns MC’s: a poesia como linha
que une os temas e eixos do documentário.

9. Estilo. Considerações sobre estilo de filmagem e edição, iluminação.

Estilo performático - os personagens contarão suas perspectivas sobre o


assunto não somente através da fala, mas através da arte. Unir, simbólica e
efetivamente, os elementos do movimento em cada etapa do documentário. é
interessante a edição fazer um freestyle de imagens em cima do boombap: o
ritmo do documentário precisa ser intenso, diferente, com suas pausas para as
entrevistas e viradas para os pontos de conflito. Imagens externas, tanto pelo
dia quanto pela noite. Pelo dia, focamos naquilo que é exposto à sociedade: as
paredes já grafitadas e a cidade interagindo com ela, os mutirões de graffiti, “a
vida comum” dos personagens, os planejamentos e preparativos para uma
ação, o cotidiano de trabalho dessas pessoas. À noite mostramos a ação dos
personagens: as rodas de rima, de freestyle, de dança, os ataques de pixo, o
povo da rua.

10. Resolução. Um breve parágrafo sobre como se imagina que será o


final: em aberto, conclusivo?

Assim como o próprio movimento, o foco é um final em aberto: iremos expor,


levantar debates, a partir de um outro olhar, mas não resumir o movimento
àquilo que temos como concepção dele. Mas, a partir do que é exibido, abrir
possibilidades de reflexão e criação para o espectador.

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