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Apesar de ser rotineiro, o custo com pedágio é muito importante no final

do mês. No entanto, é comum que quem trabalha com transporte


rodoviário tenha dúvidas sobre quem deve pagá-lo e, ainda, como é
possível realizar o cálculo de pedágio de caminhão corretamente.

Até 2013, dos 211.468 km de rodovias pavimentadas no país, apenas 7,31


estavam pedagiadas. Esse número parece pouco? Bem, mas saiba que ele
torna o Brasil o país com a maior extensão de rodovias com concessão em
todo o mundo.

Além disso, vale saber também que muitas dessas rodovias sob concessão
se localizam no eixo São Paulo – Paraná, por onde passam os caminhões da
maioria das transportadoras do país. Assim, não é difícil perceber o por que
desse custo inspirar cuidados: não deixá-lo afetar a rentabilidade do
negócio.

Este artigo faz parte da nossa série sobre cálculo de frete. Nele, você vai
conhecer as variáveis acerca desse custo e vai entender como trabalhar
com ele da forma certa. Confira!

Guia rápido
 Pedágio: Acompanhe tudo sobre o assunto
 Pedágio e o transporte rodoviário
 Quem deve pagar pelo pedágio?
 Modelo 1: Cobrança por fração de 100 kg
 Modelo 2: Recebimento adiantado ou reembolso dos já pagos
 Tarifas de pedágio praticadas no mercado
 Vale-pedágio
 Evasão de pedágio
 Pedágio: Rotas alternativas
 Pedágio: Considerações finais

Pedágio: Acompanhe tudo sobre o assunto


Continue lendo este artigo para saber mais sobre:

 Quem deve pagar o pedágio? Embarcador, transportadora ou


autônomo?
 Modelo 1 de cobrança do pedágio: Valor do pedágio a cada fração
de 100 kg
 Modelo 2 de cobrança do pedágio: Reembolso dos pedágios já
pagos
 Quais as tarifas praticadas no mercado atualmente? Como estar
sempre atualizado?
 Relação de empresas concessionárias
 Vale pedágio: o que é e como funciona?
 Evasão de pedágio? Por que muitos caminhoneiros fazem isso e
quais as consequências?
 Existem rotas alternativas para baratear o custo?

Pedágio e o transporte rodoviário


Meu papel aqui nunca será de defender ou acusar as concessionárias pelas
tarifas cobradas, mas é interessante parar e pensar como seria se não
tivéssemos as estradas sob concessão.

Em um mercado como o de transporte rodoviário, em que o ganho está


realmente nos detalhes, eu prefiro pensar num custo previsível como o
pedágio, do que correr o risco de atrasar entregas por:

 Rodovias em péssimas condições;


 Manutenção ainda mais constante da frota.
E você? Será mesmo que vale a pena continuar apenas reclamando que
tem que pagar o pedágio? Ou será que dá para aceitar que este fato não vai
mudar, e que devemos é olhar em volta e avaliar onde moram as
oportunidades?

Quem deve pagar pelo pedágio?

Antes de mais nada, eu quero falar aqui da responsabilidade pelo


pagamento do pedágio, o que diz a lei e também o mercado, já que muitas
vezes o que está no papel não acontece necessariamente na prática.

Em 2001 foi instituído o vale pedágio, através da lei nº 10.209, fruto de


constantes reivindicações de caminhoneiros autônomos que precisavam
descontar, do valor do frete, os custos com pedágio.

Com a lei, foi definido que a responsabilidade pelo custo com pedágio é
do embarcador, ou seja, aquele que contrata o transporte da carga e
normalmente é o dono da mercadoria.

Se a responsabilidade pelo pedágio é do embarcador, então nem a


transportadora nem o caminhoneiro autônomo deveriam tirar um tostão
do bolso para tal custo.
Na prática, isso ainda acontece de forma diferente

A verdade é que é comum o embarcador considerar o valor de frete pedido


pelo transportador, já com o pedágio embutido.

Por exemplo: Se um autônomo cobra por um frete o valor de R$ 2.000,00,


e sabe que vai gastar R$ 200,00 de pedágio, ele na verdade está cobrando
R$ 1.800,00 pelo frete, porque a maioria dos embarcadores não irá pagar o
valor que seria justo, ou seja, R$ 2.200,00.

Então o que fazer?

Nunca diga o valor do frete sem pedágio, já considere antes o valor que
você irá gastar em cada parada nos postos de cobrança, e assim
o embarcador não enxergará tal custo em separado.

Apesar de parecer uma omissão o que estou sugerindo aqui, na verdade é


um direito instituído por lei, que protege quem transporta.

Modelo 1: Cobrança por fração de 100 kg

Ok, agora que você já sabe de quem é a responsabilidade pela cobrança ,


eu vou te mostrar duas formas pelas quais você pode fazer o cálculo de
pedágio.

Normalmente usado por quem puxa cargas fracionadas, o pedágio


calculado por fração de 100 kg tem o objetivo de dividir o custo entre os
embarcadores cujas mercadorias estão sendo transportadas dentro do
mesmo caminhão.

Para calcular pedágio, basta que você tenha em mãos quantos kg de carga
cada embarcador está levando dentro do veículo.

Exemplo de cobrança por fração

Suponhamos que um caminhão trucado, com capacidade para 10.000 kg,


esteja transportando para 4 embarcadores, nos seguintes pesos:

 1º Embarcador: 3.933 kg
 2º Embarcador: 2.105 kg
 3º Embarcador: 0.580 kg
 4º Embarcador: 3.208 kg
Totalizando 9.826 kg, o veículo está dentro do PBT permitido, que é de 23
toneladas (peso da carga + o veículo).

O cálculo de pedágio por fração de 100 kg funciona da seguinte forma:

 1º Embarcador: 3.933 kg / 100 = 39,33


 2º Embarcador: 2.105 kg / 100 = 21,05
 3º Embarcador: 0.580 kg / 100 = 5,80
 4º Embarcador: 3.208 kg / 100 = 32,08
Arredondando para cima as frações, temos:

 1º Embarcador: 39,33 = 40 frações


 2º Embarcador: 21,05 = 22 frações
 3º Embarcador: 5,80 = 06 frações
 4º Embarcador: 32,08 = 33 frações
Multiplicando cada fração por um preço de tabela temos:

 1º Embarcador: 40 frações x R$ 4,84 = R$ 193,60


 2º Embarcador: 22 frações x R$ 4,84 = R$ 106,48
 3º Embarcador: 06 frações x R$ 4,84 = R$ 29,04
 4º Embarcador: 33 frações x R$ 4,84 = R$ 159,72
No total, você poderá cobrar R$ 488,84 como custo de pedágio, mesmo que
este valor seja maior que o seu custo efetivo. Caso o seu gasto seja maior
que o calculado, então o preço de tabela (por fração), hoje cotado em R$
4,84, pode estar defasado.

Modelo 2: Recebimento adiantado ou


reembolso dos já pagos
O modelo clássico, também usado na maioria dos casos, é o cálculo de
pedágio considerando o valor exato a ser gasto com pedágio durante uma
viagem.

Existem meios bastante práticos hoje em dia para fazer este cálculo de
pedágio, bastando apenas você ter os endereços de saída e chegada.

Para facilitar o seu trabalho com estes cálculos, tente usar uma das
ferramentas abaixo:

 Mapeia: você tem quatro opções de preenchimento (origem, destino,


R$ por litro, Km por litro), e com isso você poderá determinar parte
dos custos da viagem (combustível + pedágio)
 QualP: além das funções do Mapeia, é possível informar o número
de eixos, mais de um destino, e se tem a viagem de volta.
 Sem Parar: um pouco mais burocrático, permite que você escolha
entre uma rota mais rápida e uma rota mais curta.
Não esqueça que, por lei, o embarcador precisa pagar adiantado pelos
valores de pedágio (exceto quando forem cargas fracionadas).

Tarifas de pedágio praticadas no mercado

Além dos serviços citados acima, você pode se atualizar sobre tarifas de
pedágio através dos seguintes serviços, oferecidos gratuitamente:

 ABCR: Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, no site


você pode filtrar pelo nome da concessionária e também pelo nome
da rodovia.
 ARTESP: Agência de Transportes do Estado de São Paulo, no site você
pode conferir as tarifas dos pedágios das rodovias concedidas do
Estado de São Paulo – Vigente a partir de 1º de julho de 2016.

Vale-pedágio
O vale-pedágio, como o próprio nome diz, é um “vale”, como se diz no
popular, dado antecipadamente ao transportador, para pagamento do
pedágio.

Quando foi instituído em 2001, tornou obrigatório o pagamento do vale-


pedágio por parte do embarcador. Dessa maneira, desde 2001 está na lei
que o embarcador (dono da mercadoria) deve pagar pelo pedágio gasto
pelo transportador.

Nestes 15 anos muita coisa evoluiu, e de lá para cá o famoso pagamento


em dinheiro deu lugar a formas mais modernas, com o uso de cartões
magnéticos.

Quem regula o mercado de vale pedágios é a ANTT, e as empresas que


atualmente estão habilitadas para atuar neste segmento são:
Evasão de pedágio

O que leva alguém a evadir o pedágio?

Eu acredito que tudo depende da índole da pessoa, pois se ela chega neste
nível é porque não tem escrúpulos e não deveria representar a classe de
caminhoneiros.

Por outro lado, a crise econômica que assola o país faz com que muitas
vezes o caminhoneiro veja nessa prática a única forma de viabilizar um
frete.

Além da irregularidade cometida, existe ainda o risco à segurança dos


outros motoristas, e também daqueles que trabalham na praça de pedágio.

Quase sempre, quando um motorista está evadindo o pedágio, passa pela


cancela em alta velocidade, o que pode gerar uma colisão traseira ou até
mesmo um atropelamento.

Consequências da evasão de pedágio

Evasão de pedágio é infração grave, estabelecida no código de trânsito


brasileiro, a multa é de R$ 127 e acarreta 5 pontos na Carteira Nacional de
Habilitação (CNH).

Para fugir destas infrações, alguns motoristas chegam a adulterar ou


esconder as placas, o que é um crime, inclusive previsto no Código Penal.
Seu artigo 311 diz o seguinte:

“Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de


veículo automotor, de seu componente ou equipamento.”

 Pena: reclusão, de três a seis anos, e multa.

Pedágio: Rotas alternativas


A maneira mais prática, na minha visão, de você conhecer rotas
alternativas, que não passam por praças de pedágio, é usando o aplicativo
do Google Maps.

Veja como é fácil de usar:


Passo 1

Pesquise pelo seu destino e toque sobre o ícone do carro, no canto inferior
direito da tela. Caso necessário, faça os ajustes no ponto inicial e final do
trajeto.

Por padrão, o Google Maps usar a sua localização atual e o resultado da


busca como, respectivamente, ponto de partida e destino.

Após definir esses detalhes, toque em “Opções”.

Passo 2

Escolha o que deseja evitar – rodovias, pedágios ou balsas – e toque sobre a


seta, no canto superior esquerdo da tela, para voltar aos trajetos
disponíveis.

Feito isso, o Google Maps apresentará as opções para evitar os itens


selecionados.

Por fim, logo abaixo do trajeto desejado, toque em “Iniciar navegação”.

Pronto!

Dessa forma, você poderá evitar passar por pedágios, rodovias ou


atravessar rios com balsa.

Entretanto, cabe a você saber se o acréscimo na distância e tempo de


viagem valerão a pena.

Pedágio: Considerações finais

Talvez muito do que eu relacionei aqui neste artigo sobre pedágio já fosse
do seu conhecimento, mas alguma coisa sempre fica para reflexão.

Mesmo que você ache este tema fácil, não subestime este custo, pois ele é
representativo na sua tabela de custos de frete.

Avalie com cautela se realmente não existe nenhuma oportunidade de


redução deste custo, seja pelo:

 Repasse do valor ao embarcador;


 Escolha de rotas alternativas em algumas viagens;
 Otimização de rotas.
Série: Cálculo de fretes

Já leu os demais artigos da série? Veja abaixo a lista de artigos, e não perca
a oportunidade de se aprofundar hoje mesmo no assunto.

 [01/17] – Como fazer o cálculo de fretes sem perder dinheiro.


 [02/17] – Por que você pode perder dinheiro se não calcular
a cubagem?
 [03/17] – 7 motivos para você considerar a depreciação no seu
cálculo de fretes.
 [04/17] – Por que o custo de oportunidade não pode ficar de fora da
sua planilha?
 [05/17] – Como calcular seu custo fixo por dia?
 [06/17] – Quais as vantagens de saber o custo variável por km
rodado?
 [07/17] – 7 fatos que talvez você não saiba sobre custo direto.
 [08/17] – Por que normalmente os autônomos se esquecem do custo
indireto?
 [09/17] – Qual a maneira correta de calcular o Ad Valorem?
 [10/17] – Qual o percentual correto deve ser utilizado no GRIS?
 [11/17] – Tabela completa com todas as generalidades cobradas no
mercado.
 [12/17] – Como fazer o cálculo de pedágio usando mais de um
formato?
 [13/17] – A carga tributária que você paga atualmente está correta?
 [14/17] – Qual margem de lucro devo usar no mercado de
transportes?
 [15/17] – Como colocar corretamente os ingredientes para
a formação do preço do frete?
 [16/17] – Qual é o ponto de equilíbrio de uma viagem?
 [17/17] – Planilha de frete, que automatiza o processo de cálculo de
fretes.
Gostou das dicas? Conhece alguma outra estratégia ou dica quando o
assunto é o pedágio? Se sim, deixe um comentário aqui embaixo. Vamos
adorar saber a sua opinião.

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