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Preceitos Básicos dos Estudos Literários – Parte 01

MAIS LITERAL

Tópicos Básicos

• Conotação X Denotação.
• Gêneros narrativos.
• Elementos da narrativas.
MAIS INTERPRETATIVO

Conotação X Denotação

(ENEM) O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de
comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está
sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete; Se estão a pensar
em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm,
Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada.
Porque diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os
soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido
dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país.
(SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras. 1995.)

A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo,
a violação de determinadas regras de pontuação
a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero
romance.
b) provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança.
c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico.
d) representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica.
e) colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado.
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Conotação

• Linguagem caracterizada pelo uso de palavras com sentido figurado, que vai além do sentido
literal e dicionarizado.
• É mais livre para múltiplas interpretações, porque pode transmitir diversas mensagens ao
mesmo tempo ou até diferentes mensagens, dependendo da compreensão de quem acessa
seu conteúdo.

Denotação

• Linguagem caracterizada pelo uso de palavras com sentido literal. É o tipo de linguagem
comumente usado em mensagens objetivas e em discursos que visam à transmissão precisa
de fatos, opiniões ou argumentos.
• A linguagem denotativa permeia alguns gêneros jornalísticos, materiais didáticos e científicos,
manuais, entre outros materiais que exigem linguagem literal e objetiva.

A SEGUIR, TRECHOS DA CRÔNICA “O SUÉTER”, DE CLARICE LISPECTOR:

Aconteceu-me ganhar um suéter.

Estou escrevendo antes de sair de casa, e com o suéter. (...) E estarei pronta para enfrentar o frio não
só o real como os outros.

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(ENEM) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus
textos:
"FALO SOMENTE COMO O QUE FALO: a linguagem enxuta, contato denso; FALO SOMENTE DO QUE
FALO: a vida seca, áspera e clara do sertão; FALO SOMENTE POR QUEM FALO: o homem sertanejo
sobrevivendo na adversidade e na míngua. FALO SOMENTE PARA QUEM FALO: para os que precisam
ser alertados para a situação da miséria no Nordeste."

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,


a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para
determinados leitores.
b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu
texto seja lido.
c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos
os leitores.
e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o
leitor.

A questão toma por base um texto de Millôr Fernandes.

Os donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os donos da
comunicação duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a imprensa, os presidentes xingam a
TV e os reis da Espanha cassam o rádio, mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicação
ainda tão por cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moças fofinhas que
querem aparecer nos shows dos horários nobres e mandam no society que morre se o nome não
aparecer nas colunas.
Todo mundo fala mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles
por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome e sua cara nos “veículos”
deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é
muito justo porque os donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver o seguinte: nós, pra
sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é mesmo? Pois é; tem gente que
faz greve, faz revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho, é falar mal
de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu terrorismo sai em corpo 6 e se você morre
vai lá pro fundo do jornal em quatro linhas.

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(Unesp) Millôr Fernandes emprega com conotação irônica o termo inglês society, para referir-se a
a) pessoas dedicadas ao desenvolvimento da sociedade.
b) pessoas que fazem caridade apenas para aparecer nos jornais.
c) sociedades de atores de teatro, cinema e televisão.
d) norte-americanos ou ingleses muito importantes, residentes no país.
e) indivíduos presunçosos da chamada alta sociedade.

Anotações:

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