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Projeto Semeando o Bioma Cerrado

Edifício Finatec, Bloco “H” - Campus UnB


Cep: 70.910-900 - Brasília/DF
Telefone: (61) 3348-0423
E-mail: redecerrado@finatec.org.br

CARTILHA
Seleção e marcação
www.rededesementesdocerrado.org.br
de árvores matrizes
Diretoria da Rede de Sementes do Cerrado (2010 – 2012)

Presidente
Maria Magaly Velloso da Silva Wetzel

Vice-Presidente
Celúlia Maria R. F. Maury

Secretária
Regina Célia Fernandes

Tesoureira
Carmen Regina M. A. Correa

Conselho Consultivo
Ana Palmira Silva
Manoel Cláudio da Silva Júnior
Alba Evangelista Ramos
José Carlos Sousa Silva

Conselho Fiscal
Sarah Christina Caldas Oliveira
Germana Maria Cavalcanti Lemos Reis
Antonieta Nassif Salomão
Luiz Cláudio Siqueira Jorge

Coordenador do Projeto “Semeando o Bioma Cerrado”


José Rozalvo Andrigueto

Equipe Técnica
Alba Orli de Oliveira Cordeiro - Bióloga
Pedro Henrique Nunes Rabelo – Engenheiro Florestal

Fotos
Equipe do Projeto “Semeando o Bioma Cerrado”

Projeto Gráfico, diagramação e ilustrações


Ct. Comunicação

Direitos autorais reservados à Rede de Sementes do Cerrado.


Permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte.
CARTILHA
Seleção e marcação
de árvores matrizes

Brasília, 2011
sumário

Apresentação 4

Introdução 5

Escolha da Área de Coleta de Sementes (ACS) 8

Marcação de Matrizes 11

Escolha das matrizes para coleta de sementes 12

Mapeamento e Georreferencimento das matrizes 17


APRESENTAÇÃO

A Rede de Sementes do Cerrado é uma instituição jurídica de direito privado, sem


fins lucrativos - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, re-
gida por estatuto próprio e sediada em Brasília. Tem por finalidade a conservação,
o manejo, a recuperação, a promoção de estudos e pesquisas e divulgação de
informações técnicas e científicas do Bioma Cerrado.
A Rede de Sementes do Cerrado mantém contratos de cooperação e colabo-
ração com a Embrapa, IBRAM, Oca Brasil, CRAD/UnB, UFG, SEAPA, IFB, Eco
Câmara, entre outros.
Nestes últimos anos a Rede tem desenvolvido os seguintes projetos: capacitação
de pequenos agricultores da Bahia - MMA; levantamento de dados secundários
do Rio São Francisco- MMA; XIII Feira de Sementes dos Índios Kraôs - USAID;
recuperação de nascentes do DF- IBRAM/SEAPA e, no ano de 2011, iniciou o Pro-
jeto Semeando o Bioma Cerrado, patrocinado pela Petrobras dentro do Programa
da Petrobras Ambiental.
Dentro deste projeto está prevista a realização de 24 cursos visando a capaci-
tação de 360 pessoas para o exercício das atividades em seis áreas temáticas:
identificação de árvores do Bioma Cerrado; seleção e marcação de árvores ma-
trizes; coleta e manejo de sementes, beneficiamento, embalagem e armazena-
mento de sementes; produção de mudas de espécies florestais; viveiros: projetos,
instalação, manejo e comercialização. Para cada curso realizado está prevista a
elaboração de uma cartilha com as informações básicas dos temas.

Maria Magaly V. da Silva Wetzel


Presidente da Rede de Sementes do Cerrado

José Rozalvo Andrigueto


Coordenador do Projeto

Semeando o Bioma Cerrado 4


Introdução
Diante da situação de degradação ambiental que vivemos hoje é possível notar
que diversos esforços de conservação vêm sendo adotados por diferentes entida-
des, tais como associações, governos, ONGs e até mesmo iniciativas individuais
que se tornam fundamentais.
Neste contexto, uma das mais importantes estratégias para o retorno do equilíbrio
dos ambientes naturais através de ações de restauração em ambientes degrada-
dos é o estimulo a utilização racional e equilibrada da vegetação nativa como fontes
de sementes. Este importante recurso natural pode ainda ser utilizado em benefício
das comunidades rurais que buscam manter os fragmentos florestais conservados.
Visando estimular a pratica de coleta de sementes, algumas informações e de-
terminações foram reunidas nesta cartilha, integrando resultados de pesquisa, a
prática utilizada pela Rede de Sementes do Cerrado, bem como, as normas legais
para regularização do processo de comercialização das sementes.

Vamos conhecer algumas delas...

O Seu Antônio coletou essas sementes e está querendo vendê-las.

Figura 1 - Frutos e sementes de Magonia pubescens.

Mas....
Da onde elas são? Quem coletou?
Que espécie é essa?

5 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Agora, pra fazer isso corretamente, o seu Antônio precisa seguir a legislação que
rege a produção e comercialização de sementes, a Lei das Sementes ou Lei nº
10.711 de 2003, que está sob a responsabilidade do MAPA (Ministério da Agricul-
tura Pecuária e Abastecimento).

Precisa informar ao MAPA a procedência das sementes


a serem comercializadas.

Como produtor de
sementes florestais o
seu Antônio precisa se
inscrever no Registro
Nacional de Sementes e
Mudas - RENASEM.

RENASEM

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Vamos ver como fazemos isso seguindo o Decreto 5.153 de 2004.

Art. 7º Para credenciamento no RENASEM, o interessado deverá apresentar ao


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento os seguintes documentos:
I - requerimento, por meio de formulário próprio, assinado pelo interessado ou seu
representante legal, constando as atividades para as quais requer a inscrição;
II - comprovante do pagamento da taxa correspondente;
III - relação das espécies para as quais pretenda o credenciamento, quando for
o caso;
IV - cópia do contrato social registrado na Junta Comercial, ou documento equiva-
lente, quando pessoa jurídica, constando dentre as atividades da empresa aque-
las para as quais requer o credenciamento;
V - cópia do CNPJ atualizado ou CPF, conforme o caso;
VI - cópia da inscrição estadual ou documento equivalente, conforme o caso; e
VII - declaração do interessado de que está adimplente junto ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 149. Para o credenciamento no RENASEM, além das exigências previstas no
art. 7º deste Regulamento, as pessoas físicas ou jurídicas deverão apresentar os
seguintes documentos ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento:
III - quando coletor de sementes: qualificação técnica para efetuar coleta, amos-
tragem e conservação da capacidade produtiva da área demarcada, reconhecida
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

7 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Escolha da Área de Coleta de Sementes (ACS)

A primeira atividade é definir a Área de Coleta de Sementes.

Mas muita atenção!!!

Devido à grande devastação das florestas brasileiras, alguns ambientes naturais


são legalmente protegidos. Nesses ambientes a coleta de semente não é permiti-
da e o não cumprimento da lei pode ser considerado crime.
É importante conhecer o local que pretendemos coletar as sementes e solici-
tar aos órgãos ambientais, informações para o pedido de licença de coleta e/ou
autorização do proprietário da terra.

Não é permitido É possível coletar sementes em:


coletar
- Reserva Legal (1)
sementes em: - Remanescentes Florestais
- Unidades de Conservação de Uso Sustentável (2)
- Unidades de - Reservas Particulares do Patrimônio Natural (3)
- Áreas indígenas
Conservação - Assentamentos rurais
de Proteção - Hortos Florestais
Integral - Área de Preservação Permanente (4)

(1) Reserva Legal - é área preservada, localizada no interior de uma propriedade


ou posse rural, excetuada a de uso para preservação permanente.
(2) Unidades de Conservação - são áreas consagradas à proteção e manutenção
da diversidade biológica, assim como dos recursos naturais e patrimônio as-
sociados e geridas através de meios jurídicos, ou outros meios eficazes.

Semeando o Bioma Cerrado 8


(3) Reservas Particulares do Patrimônio Natural - é uma categoria de unidade de
conservação criada pela vontade do proprietário rural.
(4) Área de Preservação Permanente - são áreas de grande importância ecológi-
ca, cobertas ou não por vegetação nativa, que têm como função preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das po-
pulações humanas. A coleta de sementes em área de preservação permanen-
te é permitida mediante autorização prévia do órgão ambiental competente.

Fonte: Preservação e Recuperação de Nascentes - Comitê


das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. 2004)

Figura 2 – Exemplo de área de preservação permanente.

9 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Depois de se certificar de que é permitido coletar na área escolhida, sugerimos
alguns cuidados.

 As Áreas de Coleta de Sementes (ACS) devem ter um mínimo de 10 ha.

Área de coleta
de sementes

Figura 3 – Exemplo de área de coleta de sementes – ACS.

 Estas áreas devem ser cadastradas no MAPA.


 Verificação do tipo de vegetação, ou seja, se
é Cerrado, Mata Atlântica, Mata Seca, área de
transição etc.
 Se for um fragmento da vegetação, preferir áre-
as que possuam outros fragmentos próximos.
 Deve-se verificar se a área apresenta condi-
ções de se coletar as sementes sem prejudicar
a sobrevivência das espécies existentes no lo-
cal e a própria comunidade. Afinal, as plantas
servem de recurso alimentar para outros seres
vivos.

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Marcação de Matrizes

As matrizes
precisam ser
marcadas e
registradas no
Mapa via

RENAM
Art. 158. No caso de espécies nativas, é obrigatório o registro no RENAM das ma-
trizes das Área Natural de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas - ACS-NM,
Área Alterada de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas - ACS-AM e Área
de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas - ACS-MS.
Área Natural de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas - ACS-NM: popu-
lação vegetal natural, com marcação e registro individual de matrizes, das quais
são coletadas sementes ou outros materiais de propagação.
Área Alterada de Coleta de Sementes com Matrizes Marcadas - ACS-AM: po-
pulação vegetal, nativa ou exótica, natural antropizada ou plantada, com marca-
ção e registro individual de matrizes, das quais são coletadas sementes ou outro
material de propagação.
Área de Coleta de Sementes com Matrizes Selecionadas - ACS-MS: população
vegetal, nativa ou exótica, natural ou plantada, selecionada, onde são coletadas
sementes ou outro material de propagação, de matrizes selecionadas, devendo-
se informar o critério de seleção.

11 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Escolha das matrizes para coleta de sementes
Cada um de nós apresenta características próprias, como altura, cor da pele,
forma física, predisposição a doenças etc. De forma semelhante, ocorre com as
espécies vegetais. Na mata podemos observar que algumas árvores de uma mes-
ma espécie apresentam copa vistosa e sadia, outras sofrem ataque de insetos,
outras apresentam as folhas amareladas e secas.
Como o nosso objetivo é produzir sementes de qualidade, devemos selecionar
os indivíduos que apresentam as melhores características. Esses indivíduos são
chamados de matrizes ou porta-sementes. Assim, quando selecionamos deter-
minada matriz, esperamos obter das suas sementes indivíduos com característi-
cas semelhantes à árvore-mãe.
Os critérios para seleção das características podem variar de acordo com o uso
que se quer dar para as plantas, por exemplo:
1. Para restauração ambiental, várias matrizes de uma mesma espécie com ca-
racterísticas diferentes para formas de copa, de tronco, de frutos, de semen-
tes, espécies com frutas comestíveis para fauna, espécies com crescimento
rápido sob sol e também sob sombra;
2. Espécies para uso de madeira, as matrizes devem ter fuste alto, copa com
poucos galhos ou bifurcações;
3. Espécies frutíferas, as matrizes devem ter frutos com cor de polpa bonita, sabo-
rosa, aroma agradável, tamanho adequado para consumo.

Para fins madeireiros:


Para fins de restauração ambiental:
Neste caso, os indivíduos
Neste caso, os indivíduos devem apresentar maior
selecionados deverão
variabilidade, rusticidade, capacidade de sobreviver
apresentar o caule mais ereto,
às variações ambientais e ter boa germinação.
fuste alto ou sem ramificações
na base e de madeira pesada.

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Por mais que tenhamos o cuidado de escolher boas matrizes nem sempre a esco-
lha dá certo. No geral, devemos selecionar as árvores que aparentam:
 Aspecto sadio e resistência a pragas e doenças;
 Ser boa produtora de sementes;
 Apresentar boa superfície de exposição solar.

Árvores isoladas
devem ser evitadas
para coleta de
sementes.

 Apresentar variabilidade genética. Vamos entender melhor isso.

13 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Cada ser vivo apresenta uma constituição genética única, e os indivíduos apa-
rentados apresentam essa constituição genética semelhante. É assim que, em
alguns casos, irmãos são parecidos entre si apesar de apresentarem diferenças.
Assim ocorre com as sementes produzidas por uma única árvore, essas sementes
apresentarão constituição genética semelhante.

Parentesco próximo = pouca variabilidade genética

Se coletar sementes desses


3 indivíduos aparentados, es-
taremos coletando sementes
de material genético muito
parecido. Isto reduz a vari-
abilidade genética que afeta a
perpetuação das espécies no
ambiente.

Para evitar esse tipo de problema, as coletas devem ser realizadas em diferentes
Áreas de Coleta de Sementes (ACS) e em pelo menos 15 matrizes diferentes de
cada espécie, distanciadas em no mínimo 100 metros uma das outras. Pode-se
escolher árvores próximas se tiverem características bastante distintas como flo-
ração em épocas diferentes, cor da flor ou fruto distinto por exemplo.

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Matriz 1

100 m

Matriz 2

Escolhidas as matrizes, elas devem ser marcadas e georreferenciadas. A marca-


ção pode ser realizada com plaquetas de alumínio numeradas e o georreferencia-
mento através de um aparelho de GPS.

Figura 4 – Plaquetas de alumínio para marcação das matrizes.

15 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Todas estas informações de cada matriz deverão ser fornecidas ao MAPA para a
regularização da comercialização de sementes. Para facilitar o trabalho, devemos
levar uma ficha de campo para preenchimento no momento da marcação das
matrizes.
Exemplo de ficha de campo para marcação de matrizes usada pelo Departamen-
to de Engenharia Florestal da ESALQ (Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”):

Figura 5 – Modelo de ficha de Marcação de Matrizes da ESALQ/USP.

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Mapeamento e Georreferencimento
das matrizes
Para a regularização do processo de produção
de sementes de espécies florestais nativas é ne-
cessário que seja produzido um mapa das Áreas
de Coleta de Sementes (ACS) e das matrizes ge-
orreferenciadas.
Para o georeferenciamento das matrizes é utili-
zado um equipamento de GPS (Global Position
System). Com ele conseguimos obter as coorde-
nadas (latitude e longitude) geográficas, ou seja,
localizar o ponto da árvore matriz na superfície
do planeta e com isso, qualquer pessoa pode Figura 5 – Equipamento de GPS
encontrá-la, conhecer e coletar mais sementes. (Global System Position).

Figura 6 – Marcação de árvore matriz com o GPS.

17 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Com o mesmo equipamento de GPS, delimitamos a Área de Coleta de Sementes
(ACS) percorrendo o perímetro marcando pontos de referência.

Figura 7 – Poligonal da área de coleta de sementes (ACS).

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Figura 8 – Poligonal da área de coleta de sementes (ACS) e árvores matrizes georreferenciadas.

19 Seleção e Marcação de Árvores Matrizes


Notas

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