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Tiago Lomba Ferreira 9b

Eu trouxe ao mundo coisas que meu insignificante


cérebro humanoide não conseguiria suportar.
Decidi encarar minha criação, em direção ao meu quarto passei pelos antes
acolhedores corredores, que agora invocam paranoia e ansiedade. Ao chegar
ao quarto dei conta de que a criatura não estava mais lá, mas em seu lugar
arranhões e manchas de sangue que cobriam as paredes, pegadas
ensanguentadas que sujavam o chão do quarto e seguiam aos outros
cômodos.
Seguindo as pegadas cheguei ao laboratório e ao observar a sala vi a minha
cria deitada na mesma mesa em que a havia concebido. Relutante analisei
seu corpo e pulso em busca de algum sinal de vida, estava frio e sem sinal de
batimentos.
Suspirei com certo alivio e decepção, “Eu trouxe vida ao mundo, mas
falhando em mantê-la teria eu realmente sucedido em meu objetivo?” - pensei
comigo mesmo. Fechei os olhos do cadáver e o cobri com o mesmo lençol
ensanguentado que havia usado para limpar meus utensílios, por fim dirigi-me
ao canto da sala onde sentei no chão para refletir sobre o que fiz.
Dentre reflexões, pensamentos e memórias passavam em minha mente como
linhas insignificantes em um livro desinteressante, pensei sobre o tempo que
perdi apenas para criar algo tão desgostoso e decepcionante. De repente,
quebrando qualquer raciocínio, uma voz súbita interrompeu meus
pensamentos e ecoou em minha mente:
- Victor. - olhei para o cadáver com medo, ele estava imóvel e ainda deitado,
comecei a pensar na possibilidade de estar enlouquecendo.
- Devo agradece-lo por sua criação. - A voz disse - Eu não sou seu monstro
ou sua decepção, sou além disso.
- Quem está falando? - disse.
- Eu sou a destruição Victor, só resta escuridão a você e morte para o seu
povo, você criou o receptáculo perfeito para minha vinda, e não sou único,
cedo ou tarde outros como eu virão, nós, antigos, somos apenas o começo.
Você porém tem a oportunidade de alcançar a salvação, basta apenas
obedecer-me.
Aterrorizado levantei, dirigi-me ao corpo e puxei o lençol que o cobria. Estava
em decomposição, larvas comiam sua carne e emergiam à superfície, seu
rosto estava ainda mais desfigurado que antes, o corpo putrificava-se em
velocidade estridente, as poucas larvas que habitavam os orifícios da besta se
multiplicavam e morriam em instantes, baratas e moscas escalavam suas
orelhas e escondiam-se em suas rugas. Com nojo, olhei ao lado e não
consegui segurar meu vômito.
Eu trouxe ao mundo coisas que meu insignificante cérebro humanoide não
conseguiria suportar.

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