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O ÂNGULO DO COMPASSO NA MAÇONARIA

Kennyo Ismail

Um leitor enviou um interessante questionamento:

“Qual o ângulo em que deve ser aberto o Compasso e por quê?”

Antes de tratar do tema especificamente, devemos nos lembrar que


os símbolos não são fórmulas fixas, variando de formas e
significados conforme o tempo e as culturas e, no caso maçônico,
também conforme os “achismos” dos ritualistas e autores. Por
esse motivo, pode-se encontrar significados e explicações
diferentes para um determinado símbolo maçônico conforme
variações de país, obediência, rito, época, etc.

No caso do ângulo de abertura do Compasso, você encontrará por


aí várias opções, cada uma com sua respectiva teoria e seus
defensores:

- O compasso aberto em 45° nos três graus simbólicos;

- O compasso aberto em 60° nos três graus simbólicos;

- O compasso aberto em 72° nos três graus simbólicos.

- O compasso aberto em 30° no Ap, em 45° no Comp, e em 60° no


Mestre;

- O compasso aberto em 30° no Ap, em 60° no Comp, e em 90° no


Mestre;

Veja que os ângulos variam entre 30° e 90°. Será que há algum
motivo oculto para isso? Nenhum, além do fato que em menos de
30° ou mais de 90° o desenho do Compasso com o Esquadro fica um
tanto quanto desarmônico!

Você poderá encontrar vários diferentes significados para o(s)


ângulo(s) do Compasso. Segue os mais comuns:

1
- Teoria dos “30°, 45°, 60°”: representa o alcance do
conhecimento humano. O Maçom aumenta seu intelecto conforme o
grau, mas nunca ultrapassa 1/6 (60° em 360°), que seria o
“limite humano”. – Em resumo, chamam o Aprendiz de retardado
mental;

- Teoria dos “30°, 60°, 90°”: representa a relação do espírito


com a matéria, em que o Aprendiz começa com o Compasso mais
fechado, mostrando que a matéria está prevalecendo, e o Compasso
vai se abrindo a cada grau, mas chegando ao máximo no ângulo da
matéria (esquadro), de 90°. – Será que se abrir mais do que 90°,
o maçom morre?!?;

- Teoria dos “72°”: representa o ângulo interno das pontas do


Pentagrama, símbolo presente na Estrela Flamígera e desvendado
por Pitágoras. - Mas o Esquadro e o Compasso não têm juntos 06
pontas?.

Das teorias do Compasso com ângulo fixo nos três graus, a teoria
de 60° é a mais forte, presente na maioria dos rituais e
gravuras atuais. Essa teoria se reforça nas seguintes questões:

- É comum relacionar o símbolo do Esquadro e Compasso com o do


Hexagrama (estrela de seis pontas), ou melhor, a Estrela de
Davi, que é um símbolo muitas vezes relacionado ao GADU e ao
Templo de Salomão. As 06 pontas do exagrama possuem o ângulo
interno de 60°.

- O triângulo perfeito, que seria o símbolo maior da Maçonaria,


com 3 lados iguais, é composto por 3 ângulos internos de 60°.

- Considerando o Esquadro como símbolo da retidão e o Compasso


como símbolo da perfeição, o Esquadro forma o triângulo-
retângulo, 90° (retidão), e o Compasso em 60° forma o triângulo-
perfeito (perfeição).

Porém, apesar de mais coerente e comum, a teoria do ângulo de


60° não é a correta. Aliás, nenhuma pode ser considerada como a
verdadeira, a original.

2
Infelizmente, vê-se na Maçonaria uma tendência em adicionar à
nossa simbologia significados extras, ocultos, inexistentes. O
Compasso é apenas mais um típico exemplo disso. Uma breve
análise de gravuras maçônicas de Esquadro e Compasso do século
XVIII e XIX, quando do nascimento das primeiras Obediências e
Ritos, é o bastante para comprovar que não havia uma
conformidade no ângulo de abertura do Compasso. O símbolo era
sempre composto de um Compasso aberto e um Esquadro, mas pouco
importando o ângulo do compasso que, conforme as gravuras, era
sempre inexato: 32°, 44°, 56°, 64°, etc.

Enfim, essa preocupação “numerológica” é coisa bem mais recente,


apenas outro “enxerto” em nossos rituais.
...
Fonte: http://www.noesquadro.com.br

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