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Introdução
O presente trabalho analisa a trajetória das famílias de imigrantes italianos Pandolfo,
Bernardi, Lunardi e suas ramificações, tendo como fio condutor e elo de interligação a família
Busato. Esses imigrantes italianos, originários de áreas urbanas do Vêneto, fixaram-se na região
nordeste do Rio Grande do Sul no início do século XX, onde estabeleceram uma complexa rede
de comércio, inicialmente na colônia era Guaporé, favorecidos pelo porto de Muçum (usado
para o escoamento da produção agrícola da colônia). Ao traçar as trajetórias familiares
encontram-se indícios sobre alianças e estratégias que estes comerciantes utilizaram no período
de 1906 a 1970 para montar uma consistente rede de comércio, permitindo-lhes ascensão social
e projeção econômica e política. A análise teórica e metodológica segue a linha da micro-
história italiana e o uso de fontes orais. A redução de escala de análise, o método indiciário e a
exploração exaustiva das fontes permitiram traçar as trajetórias familiares desse grupo de
comerciantes.
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Para elaboração deste artigo, foram retiradas informações da dissertação de mestrado de Marinilse
Marina Busato (título, introdução e capítulo II). Defendida em junho de 2017, em Passo Fundo – UPF,
tendo como orientadora da pesquisa a professora Doutora Rosane Márcia Neumann.
*
Doutoranda em História pela UPF. Bolsista FAPERGS.
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Trecho da entrevista do imigrante italiano Girolamo Busato registrado no livro do Cinquantenario della
colonizzazione italiana nel Rio Grande del Sud, vol I, 1875-1925: la cooperazione degli italiani al
progresso civile ed economico del Rio Grande del Sud. Porto Alegre: Barcellos, Bertaso e Cia.; Livraria
do Globo, 1925, p. 61 (apud BENEDUZZI, 2011, p. 142).
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A micro-história, nasceu na Itália nos anos setenta, graças às insatisfações com as produções limitadas
da história. O desenvolvimento da micro-história italiana ocorreu inicialmente em torno da revista
Quaderni Storici, fundada em Ancona, na Itália, por Alberto Caracciolo. Foi nessa revista que os
primeiros trabalhos a se aproximarem do que definimos hoje como micro-história começaram a ser
publicados, posteriormente tal revista passou a ser editada em Bologna, onde contou com o apoio de
importantes estudiosos italianos, como Carlo Poni, Edoardo Grendi, Carlo Ginzburg e Giovanni Levi,
elaborando uma coleção com diversos trabalhos que foram publicados, e receberam o nome de
microstorie. Henrique Espada Lima (2006), por meio de seu livro A micro-história italiana, escalas,
indícios e singularidades, mostra as origens da micro-história, analisando os escritos dos historiadores
considerados pioneiros dessa área, chamada de micro-história madre, conceitos estes que são
considerados os pilares da micro-história.
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Em função da delimitação do artigo, recortamos partes mais significativas para esta análise. Na
dissertação de mestrado encontra-se trabalho completo.
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O emprego dos termos cadeias e redes, em suas acepções mais restritas ou abrangentes, procura
sublinhar a circunstância de que muitos decidiam emigrar após informarem-se previamente das
oportunidades (e dificuldades) com imigrantes anteriores, seja por carta, seja quando retornavam. Estes
podiam prover tanto informações, no tocante às perspectivas de emprego e alojamento iniciais, como
recursos, por meio de remessas monetárias, que pudessem financiar e assim viabilizar a viagem. Cabe,
nesse sentido, sublinhar o papel ativo dos emigrados na sociedade de origem, de modo a influenciar o
comportamento de novos migrantes potenciais, estimulando ou refreando projetos, expectativas e
investimentos futuros (TRUZZI, 2008, p. 203).
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Sabemos que desde os tempos mais remotos a questão dos casamentos era vista
como uma espécie de trampolim para obter melhores condições de vida, mas em nosso
estudo, de maneira alguma, buscamos julgar se os matrimônios ocorreram de forma
espontânea ou arranjada, menos ainda se havia amor ou não nessas relações, pois
consideramos um campo de subjetividades que vai além de nossa alçada. Nosso
objetivo é demonstrar como esses enlaces matrimoniais, que se iniciaram ainda com a
primeira geração de italianos no Brasil, permaneceram comuns entre os mesmos grupos
até a sua terceira geração, impulsionando a economia no nordeste do Rio Grande do Sul,
centrado na colônia de Guaporé, e criando um monopólio comercial.
Nas obras Cinquantenario della colonizzazione italiana nel Rio Grand del Sud:
1875-1925 vol.II, Álbum comemorativo do 75º aniversário da colonização italiana no
Rio Grande do Sul: 1950, e Centenário da imigração italiana: 1875-1975, essas
famílias são citadas como exponenciais comerciantes, responsáveis pelo progresso da
região. Assim, expandiram-se por outros territórios, através da fundação ou ampliação
de negócios, tendo nos matrimônios a base das estratégias que uniram os imigrantes
italianos situados na ex-colônia Guaporé.
As famílias Bernardi, Pandolfo, Lunardi e Busato são todas oriundas da mesma
região italiana (Vêneto) e provém do mesmo quadro pintado pela pobreza, mas também
ascenderam socialmente, especialmente com casas comerciais ou de negócio, como
eram popularmente chamadas nas colônias italianas. Esses grupos que se entrecruzaram
principalmente pelos matrimônios, e se fortaleceram por diversas associações
comerciais, empresariais, políticas e posteriormente industriais, tiveram como ponto de
partida o comércio que girava em torno da colônia de Guaporé, já que a sede do distrito
funcionava como parada para descanso dos carreteiros e demais negociantes que tinham
como destino o porto de Muçum, principal via para o escoamento dos produtos
agrícolas cultivados pelos colonos, e entrada de mercadorias que não eram produzidas
na colônia. Partindo desse pressuposto, nota-se que Guaporé não era somente uma via
de passagem, mas significava um “pequeno grande mundo” (TEDESCO, 2001, p. 1) de
relações tecidas entre grupos de italianos que se especializaram como negociantes, e
construíram fortes laços de confiabilidade, aproveitando sua localização e porto para
ampliar seus negócios.
Para demonstrar minunciosamente como se teciam essas relações, reconstituímos
as estruturas familiares analisadas. Note-se que nem todos os matrimônios aconteceram
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entre os tradicionais grupos, todavia, isto não significa que deixavam de ser
interessantes no todo, já que as peças “vindas de fora” eram filhos de importantes
políticos da região de colonização italiana, como Agilberto Atílio Maia e Manoel
Francisco Guerreiro.
Além das sólidas estruturas familiares, nossos personagens ampliaram os fios de
relações através de compadrios com outras figuras importantes para a organização do
terceiro período da colonização, como Vespasiano Corrêa e Lucano Conedera, que
foram os responsáveis no estado pela organização e estruturação da colônia de Guaporé,
criada no início da década de 1890. Conforme afirma Maíra Ines Vendrame (2016, p.
30), “os italianos também se guiavam por uma racionalidade própria, estabelecendo
estratégias de reprodução socioculturais, padrões e normas”.
As associações da família Busato com a sua rede ampliou seus negócios para
além do comércio, formando uma ampla teia de negócios centrada em Guaporé,
abrangendo os seus distritos, e posteriormente a cidade de Passo Fundo e o oeste do
estado de Santa Catarina.
Família Busato
A trajetória do tronco da família Busato começa com o patriarca Girolamo
Busato, após sua chegada no Brasil no final do século XIX. Girolamo nasceu em 29 de
abril de 1835, em Brusaporco, atual comuna de Castelfranco, província de Treviso,
localizada na região do Vêneto, filho de Francesco Busato e Maria Bianco. Sabemos
que a família Busato possuía indústria de tecelagem na Itália, e que Girolamo era
alfaiate, o que nos leva a supor que além da indústria, a família possuía loja com
atendimento de alfaiataria, e provavelmente sociedade. Girolamo casou-se em 26 de
junho de 1868 com Giovanna Marangoni, nascida em 19 de dezembro de 1846 na
comuna de San Martinho de Lupari, província de Pádua, também pertencente ao
Vêneto.
As evidências sobre empresa de tecelagem na Itália, a compra de quatro lotes de
terras, a instalação de diversas casas comerciais pelo interior do Rio Grande do Sul, e a
extensa família (16 filhos 66), nos leva a crer que a família Busato veio com Girolamo
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Girolamo Busato cita em seu depoimento no livro do Cinquentenário da imigração italiana Vol. I, que
quando chegaram ao Brasil (19/12/1888), estavam em 11 pessoas (família), mas essa informação não
confere com os documentos analisados que registram que o casal teve 16 filhos, sendo que somente
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Olinda (*02/02/1890) seria brasileira. Assim supomos que alguns filhos permaneceram, ou então
faleceram na Itália.
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Em função da delimitação de espaço do presente artigo, iremos trabalhar essas relações de forma
sucinta.
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que restava para obter ascensão social, estabilidade e proteção, ao menos perante os
pais, era um bom casamento. Sabemos que nem sempre se passava dessa forma, mas
perante a sociedade alguns matrimônios representavam estabilidade econômica.
MARIA LAURA
OCTAVIO COMÉRCIO
PANDOLFO
SERVIÇOS
IRMA MARIA
OLINTO NILO (HOTEL
ZONATTO
FARROUPILHA)
CARGO PÚBLICO
HERMÍNIO
ITALIA FEDERAL E
MIONI TISSIANI
INDUSTRIALISTA
HILÁRIO
ALMERINDA INDUSTRIALISTA
TRONCO ALBINO TROMBETTA
& AMÁLIA
BUSATO ANACLETO
CONTADOR E
ALBERTINA MATHIAS
INDUSTRIALISTA
ROMAN
DOSOLINA
JOÃO INDUSTRIALISTA
MIONI
MODESTA
GUERINO COMÉRCIO
CAMILOTTI
NEUSE
BENEDITO TEREZINHA COMÉRCIO
PICOLLI
ANGELINA
ALEXANDRE COMÉRCIO
NEGRETTO
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O tronco da família de Albino Alberico Busato nos mostra que o casal teve 12
filhos, dos quais quatro casaram-se com comerciantes, e cinco com industrialistas, que
também ocupavam cargos públicos. Já um dos filhos casou-se com filha de proprietários
de hotel, lembrando que para o período isso significava status social. Salientamos que
em nosso estudo todos os cônjuges tiveram significativa importância para a economia,
mas no presente artigo, iremos destacar por questões de simplificações e melhor
entendimento do recorte escolhido somente alguns matrimônios.
Itália contraiu matrimônio com Hermínio Mioni Tissiani, parente próximo do
sócio Antônio Mioni, em abril de 1938, no distrito de Casca. Hermínio
ocupou cargo público federal, foi presidente do Instituto Nacional Do Pinho,
industrialista na cidade de Chapecó e um dos fundadores da Cooperalfa no
estado de Santa Catarina;
Octavio Busato, nascido em 04-06-1916, e falecido em 05-11-2012, casou-se
com Maria Laura Bernardi Pandolfo, nascida em 05-11-1918 e falecida em
23-08-1970. O matrimônio ocorreu em 25 de junho de 1938, no distrito de
Casca. Maria Laura era filha de Severino Pandolfo, comerciante e
industrialista na Colônia de Guaporé e posteriormente em Nova Prata.
Buscamos, então, demonstrar que apesar de todo o caminho traçado da Itália para
o Brasil, muitos descendentes italianos casavam com outros do mesmo grupo, pois “o
isolamento no espaço e no trabalho, somado ao rígido sistema de vigilância mantido na
família e manifesto na comunidade, entre outras, acabava por determinar a redução de
oportunidades de encontro e de escolhas” (TEDESCO, 2001, p. 54).
Mas conforme aponta a pesquisa, esse padrão poderia facilmente ser alterado
quando se tratava de matrimônios que elevavam o status do grupo perante a sociedade,
ou seja, a busca por matrimônios da mesma etnia era importante, mas o essencial era
obter “um bom partido”, não necessariamente de origem italiana. Aline Matté, ressalta:
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Família Bernardi
A família Bernardi, originária da região vêneta, fixou-se na Colônia de Guaporé,
tendo como patriarcas Firmo e Rosa Bernardi. Dedicaram-se ao comércio e
prosperaram, sendo que seus filhos contraíram matrimônios com outras famílias de
imigrantes, também ligadas aos setores comercial e empresarial da Colônia de Guaporé.
Infiltraram-se, por consequência, em diversas esferas, principalmente a política e a
industrial. Entre esses laços que se formaram por vias matrimoniais estão incluídas
diversas famílias, das quais nos interessa para análise de estudo, as famílias Pandolfo,
Lunardi e Busato, e a partir desses enlaces, alcançaremos outras famílias e analisaremos
a grande estrutura econômica e social que se formou no Rio Grande do Sul e
impulsionou a economia por décadas. A partir das informações sobre as redes de
parentela, estruturamos o tronco da família Bernardi, e seguimos o curso de seus galhos,
chegando ao esquema das redes que se formaram desde os patriarcas no Brasil até o
ramo da 4º geração.
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ELVIRA
NELSON COMÉRCIO
BRANDÃO
DORACI
ALCIDES FAZENDEIRA
AZEREDO
SEVERINO
VIRGÍNIA COMÉRCIO ANTONIO MARIA BEN CARPINTARIA
PANDOLFO
OLISSE BANCO
ANECI FARINA
ERNESTO INDUSTRIAL
TELÊMACO
HAYDEÊ LUIZA COMÉRCIO
VANINI
ONDINA SÍLVIO
EXÉRCITO
CATARINA FERREIRA
BRENO
NILSE LÍBERA COMÉRCIO
BERTOLOZZO
OTÁVIO
MARIA LAURA COMÉRCIO
BUSATO
ANTÔNIA
ERNESTO COMÉRCIO
BORDIGNON
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O casal Firmo e Rosa Bernardi teve o total de sete filhos, sendo que cinco
casaram-se com pessoas que provinham de famílias de comerciantes. Dos sete filhos do
casal, iremos nos deter nos ramos dos filhos Hermínio, Cândida e Virgínia, que
consideramos mais significativos para a pesquisa.
Hermínio Bernardi e Ida Magnabosco tiveram quatro filhos que vieram a se casar
com pessoas ligadas ao comércio, à política e à agronomia. Enquanto que Cândida
Bernardi e Albino Lunardi tiveram sete filhos, que oficializaram alianças com demais
industrialistas e comerciantes. Unindo os laços que se criaram através das relações
matrimoniais dos ramos dos irmãos Hermínio e Cândida, iremos perceber que eram a
sólida base da economia e política da ex-colônia de Guaporé, mas ao soma-los aos
matrimônios dos filhos da irmã, Virgínia, nota-se uma expansão para outras localidades
e alianças.
Dessa forma, podemos afirmar que os matrimônios e/ou profissões dos vinte e
dois netos de Firmo e Rosa Bernardi, impulsionaram a economia da região em diversos
sentidos. Eram a base da ex-colônia de Guaporé como um todo, já que formaram uma
grande família que se uniu em associações, e se expandiram para além dos laços criados
pelos primos de primeiro grau, estendendo-se para famílias ligadas ao grupo, e criando
uma rede que preenchia todas os espaços sociais, desde o político, o comercial, o
industrial, o bancária e o agrícola. Portanto, defendemos que os sobrenomes: Busato,
Bernardi, Pandolfo e Lunardi, além de laços de amizade e consanguinidade,
constituíram uma grande estrutura que se protegia e associava, sendo que através desse
apoio contínuo e mútuo conseguiram se impulsionar interna e externamente, alastrando-
se para outros estados, mas sempre ligados ao mesmo grupo do início da colonização.
Portanto iremos arrolar sobre os matrimônios que são mais relevantes para a análise.
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Família Lunardi
É explícito que as famílias Bernardi e Pandolfo se interligam com diversas outras
famílias devido aos casamentos dos irmãos Bernardi. Relembrando que nossos galhos
centrais de análise até o momento foram dos matrimônios dos irmãos Bernardi
(Hermínio Bernardi com Ida Magnabosco, Cândida Bernardi com Albino Lunardi e
Virgínia Bernardi com Severino Pandolfo) que irão se interligar com a família Busato.
A breve análise da família Lunardi é interessante por terem sido os primeiros
imigrantes estabelecidos em Guaporé. Antes da colônia tornar-se município com o
território agregado a Lajeado e Passo Fundo, por volta de 1893, a localidade recebeu
seus primeiros moradores, os imigrantes italianos Marietta Menegon e Lúcio Lunardi,
com seu filho Luís recém-nascido, ambos emigraram com seus pais para o Brasil, em
1884.
Marietta e Lúcio tiveram doze filhos, entre eles Albino Lunardi, que desposou
Cândida Bernardi. Instalaram em sua residência um armazém de secos e molhados, e
posteriormente, ao lado do casarão, uma olaria, produzindo tijolos artesanais, que
supriam a demanda da época de material para a construção civil. Guaporé era passagem
entre as regiões de Passo Fundo, Lajeado, Caxias do Sul e Porto Alegre, o que levou o
casal a instalar uma paragem, que servia de alojamento para os viajantes e comerciantes
que transitavam com suas carroças e ternos de mulas, principalmente outros
comerciantes com destino ao porto de Muçum. Além disso, Lúcio Lunardi (pai de
Albino) era irmão de Giácomo Lunardi, importante figura na colonização do oeste
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Segundo a autora, em 1920, quando a subcolonizadora Irmãos Lunardi adquire a fazenda Rodeio
Bonito da Bertaso, Maia & Cia Ltda, estabeleceu-se que os responsáveis pela indenização das terras dos
caboclos seriam os vendedores, assim o território da Fazenda Rodeio Bonito foi palco de interesses
políticos, econômicos e sociais, além de impasses sobre a questão das indenizações.
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INP – Instituto Nacional do Pinho.
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empreenderam nos mais diversos setores. Seguimos para nossa próxima estrutura, que
também servirá como nó para prosseguir amarrando nossa teia.
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Os cinco filhos do casal, com seus matrimônios, mostraram uma conexão que se
entrelaçou com as outras famílias do ramo comercial, além disso, novamente surge a
união endogâmica. Seguindo esses fios, encontramos:
Primo Pandolfo casou-se com Palmira Salvadori, em 26 de janeiro de 1910,
em Guaporé;
Secondo Pandolfo casou-se com Giuseppina Salvadori, em 26 de abril de
1911, em Guaporé;
Severino Pandolfo casou-se com Virgínia Bernardi, filha dos comerciantes
Bernardi, em de 26 de junho de 1916, em Guaporé;
Luiz Pandolfo casou-se com Lavínia Guerreiro, filha do Intendente da ex-
colônia de Guaporé Manoel Francisco Guerreiro, em 15 de setembro de
1934;
José Pandolfo casou-se com Edwiges Menegon, filha de industrialista e
parente de Marietta Menegon e Lúcio Lunardi.
Palmira e Giuseppina Salvadori eram ambas filhas do carreteiro de confiança da
família Pandolfo, que posteriormente tornou-se comerciante em Guaporé. Sendo
explícito, nessa rede de relacionamentos, que as pessoas se conheciam desde os mais
tenros anos, o enlace com Lavínia Guerreiro, certamente “abriu portas” para a entrada
dos comerciantes na política, ou no mínimo proporcionou uma certa notoriedade à
família Pandolfo. É significativo acompanhar as ramificações da família de Severino
Pandolfo, pela sua significação, traçada pelos casamentos de seus filhos.
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Desse modo tecemos os fios que se entrelaçam com a família Busato, já que “os
Bernardi”, com suas diversas ramificações, nos levam ao encontro das famílias Lunardi,
Pandolfo, Busato e Termignoni em nossa rede. Os empreendimentos, especialmente na
década de 1940, montados e ampliados a partir dos casamentos das famílias Busato,
Bernardi, Pandolfo, Termignoni e Lunardi, com suas associações, que ocorreram em
Guaporé, estavam interligados às casas de comércio. Conforme podemos analisar no
diagrama, com destaque no ano de 1924, quando os irmãos Busato obtiveram
notoriedade em outras regiões do Rio Grande do Sul.
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Considerações finais
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Com indústrias na cidade de Passo Fundo.
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Fontes primárias
Referências
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GINZBURG, C.; PONI, C. O nome e o como: troca desigual e mercado historiográfico. In:
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VENDRAME, Maíra Ines. O poder na aldeia: redes sociais, honra familiar e práticas de justiça
entre os camponeses italianos (Brasil/Itália). São Leopoldo: Oikos; Porto Alegre: ANPUH-RS,
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