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Disciplina: Por uma Ontologia do Fenômeno Erótico.

Desejo e Amor na
Fenomenologia
Discente: Yan Lázaro Santos
Atividade: Relatório de leitura: A experiência do outro numa fenomenologia da
vida

Neste curto trecho Henry discute a questão da alteridade – do outro – e como ela
se apresenta na fenomenologia. Para tanto, parte de como o pensamento clássico trata a
questão da possibilidade de comunicação:

No pensamento clássico a possibilidade de uma comunicação entre os


homens depende da presença, neles, de uma mesma Razão. (...) eles (os
indivíduos) pensam a mesma coisa e compreendem as mesmas verdades na
medida em que uma mesma Razão pensa neles. Para dizer a verdade, não são
apenas as mesmas verdades – no sentido de verdades racionais – que eles têm
em comum: é um único e mesmo mundo a que eles estão abertos, de maneira
que é, afinal, essa abertura ao mundo (...) que os reúne.

A possibilidade de comunicação dentre os homens suscita questões relativas à


relação com o outro. As investigações ao redor desta questão estabelecem um aspecto
central da constituição epistemológica de uma dada área, ou de um dado pensamento.
Dentre o pensamento clássico, subentende-se que os sujeitos – dados aqui como
indivíduos – adquirem noções e percepções compatíveis por possuírem uma mesma
Razão, um mesmo “sistema de organização de conceitos” perante a abertura a um
mesmo mundo.
Dito isso, tal questão impõe à fenomenologia não apenas a questão do encontro
ao outro mas também o papel da subjetividade na constatação estrutural do mundo.
Assim, para discutir esta questão Henry parte de críticas estabelecidas por Heiddeger ao
Husserl em relação à noção de intencionalidade.
Para Heiddeger a intencionalidade de Husserl aloca o “sujeito encarnado” como
atuante, realizando assim a manutenção de uma subjetividade bipartida, bastante
comuns ao espírito do tempo em que surge. De tal forma, prevalece na fenomenologia
da intencionalidade a constituição de uma individualidade.
Neste sentido, a organização da ontologia de Heiddeger me remeteu a uma
explicação realizada pelo professor Furlan: Sua teoria foi construída através do
investimento cuidadoso em “estratos”. Neste espírito, a fim de dispersar a questão da
individualidade sua ontologia desenvolve os conceitos de Dasein e ente. O Dasein, “ser-
no-mundo” conceitualiza o agente perceptivo como “no-mundo”, extraindo de si o papel
instrumental de “personalizá-lo” ou ainda de estar “com o mundo”.
Frente a isso, suscita-se a questão do amor erótico – frequentemente alinhado à
fenomenologia da carne – através do questionamento do contato; qual a qualidade desse
contato? Tratam-se de entes ou de “estar-com-o-mundo”? Por essa via a questão do
“estar com” e “estar no” adquirem relevância à questão, pois definem como existem e
atuam na constituição das relações.

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