O documento discute a representação da mulher na poesia de Camões, influenciada pelos modelos petrarquistas de beleza idealizada e inatingível. A mulher é retratada por seus atributos físicos perfeitos e temperamento sereno, como uma personificação da harmonia natural. Dois sonetos exemplificam a descrição camoniana da amada em termos platônicos de contemplação espiritual e admiração estética distante.
O documento discute a representação da mulher na poesia de Camões, influenciada pelos modelos petrarquistas de beleza idealizada e inatingível. A mulher é retratada por seus atributos físicos perfeitos e temperamento sereno, como uma personificação da harmonia natural. Dois sonetos exemplificam a descrição camoniana da amada em termos platônicos de contemplação espiritual e admiração estética distante.
O documento discute a representação da mulher na poesia de Camões, influenciada pelos modelos petrarquistas de beleza idealizada e inatingível. A mulher é retratada por seus atributos físicos perfeitos e temperamento sereno, como uma personificação da harmonia natural. Dois sonetos exemplificam a descrição camoniana da amada em termos platônicos de contemplação espiritual e admiração estética distante.
Francesco Petrarca (1304-1374), poeta italiano –
modelo para muitos escritores renascentistas.
Cantou o amor-paixão, o amor ideal, entendido
como contemplação espiritual que exclui a sensualidade, o desejo ou até mesmo a presença física da amada – amor platónico.
Mulher amada como representação de um ideal de
Beleza e Perfeição.
Filosofia amorosa que induz contradições no ser
humano: prazer e sofrimento, esperança e desespero.
Camões retratou a mulher nos mesmos moldes que
Petrarca: longos cabelos «de ouro», ondulados, pele branca e delicada, olhos claros e cintilantes, a refletirem um temperamento sereno e uma alegria discreta.
Mulher perfeita e inatingível que se enquadra
na harmonia da natureza. SONETOS Um mover d’ olhos, brando e piadoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quase forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso; um despejo quieto e vergonhoso; um repouso gravíssimo e modesto; ũa pura bondade, manifesto indício da alma, limpo e gracioso; um encolhido ousar; ũa brandura; um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento; esta foi a celeste fermosura da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento. Luís Camões
Ondados fios de ouro reluzente,
Que agora da mão bela recolhidos, Agora sobre as rosas estendidos Fazeis que sua graça se acrecente; Olhos, que vos moveis tão docemente, Em mil divinos raios encendidos, Se de cá me levais alma e sentidos, Que fora, se de vós não fora ausente? Honesto riso, que entre a mor fineza De perlas e corais nace e parece, Se n’ alma em doces ecos não o ouvisse! Se imaginando só tanta beleza, De si, em nova glória, a alma se esquece, Que será quando a vir? Ah! quem a visse! Luís Camões