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Barramento

DOCENTE (S):
Engº. Fernando H. Chachaia
Engº. Anancleto Joao Albino

1
Barramento
• Entende-se por barramento, um ou grupo de condutores que serve de
conexão comum para dois ou mais circuitos. Os condutores de um
barramento, tem normalmente a forma de uma barra.

• No ambito das instalações eléctricas, no qual se incluem as subestações,


conceitua-se os barramentos como sendo um ou grupo de condutores
eléctricos, normalmente nus, pintados ou não, eventualmente
encapsulados, destinados a permitir o transporte de altas correntes entre
dois pontos, ou a proporcionar uma distribuição de correntes com varias
alimentações e múltiplas saídas.(FONSECA, 2009)
Barramento
Podem ser classificados como:
Rígidos
• Basicamente perfis fabricados em material condutor de cobre e alumínio, podendo
tomar várias formas, mas sendo o perfil tubular o mais utilizado nas subestações;
• Utilizados quando a optimização do espaço ou fatores estéticos são os principais
parâmetros.

Flexíveis
• Utiliza-se normalmente o cabo nú cobre e alumínio e são encontrados
principalmente nas subestaçỡes de grandes dimensões.
• Sendo constituidos por material maleável, estão mais sujeitos a esforços
eletrodinámicos e oscilações provenientes do vento ou chuva o que fara com que
seja necessário aumentar a distância entre fases de modo a garantir a segurança.
• Utilizados quando o fator económico é o mais importante na escolha do
barramento.(FONSECA, 2009)
Estrutura dos barramentos Rígidos e Flexiveis

(TISOTT, 2011)
Barramentos Rígidos
Para barramentos rigidos em subestações podem ser usados os seguintes
tipos de perfis:

• Vergalhões: secções circulares macicas. Usados para baixas correntes em


pequenas subestações. Eram usados em pequenas subestações e
cubículos de baixa tensão.

(TERMOMECÂNICA, 2021)
Barramentos Rígidos
Tubos: possuem melhor refrigeração do que os vergalhões devido ao maior perímetro,
portanto são melhores para transportar mais altas correntes. Alem disso, a forma
tubular apresenta melhor comportamento mecânico do que a forma macica. São
frequentemente usados para subestacoes de até 138kV.

(TERMOMECÂNICA, 2021)
Barramentos Rígidos
Barras chatas: podem ter secções retangulares ou possuirem formas em U, em V ou
em C. Possuem a vantagem de ter uma grande superfície de resfriamento.
Barramentos Flexiveis
Em barramentos flexíveis sao usado normalmente cabos de cobre e aluminio:
AAC (All Aluminum Conductor):
• Tem uma alta relação peso-condutividade. Utiliza fios de aluminio do tipo 1350-
H19 e possui uma condutividade de 61,2% IACS (International Annealed Copper
Standards), a mais alta entre todos os condutores utilizados em linhas aéreas.
• As subestações, em geral possuem vãos curtos, o que reduz a necessidade de
cabos com alta resistência mecânica. Por este motivo, os cabos AAC são os mais
utilizados.

(LUME, 2021)
Barramentos Flexiveis
Em barramentos flexíveis são usado normalmente cabos de cobre e aluminio:

• ACSR (Aluminum Conductor, Stell Reinforced): Possui uma alta resistência


mecânica.
ACSR (Aluminum Conductor, Stell Reinforced):

• Em comparação com um cabo ACSR de mesmo diametro, o cabo AAAC tem um


nivel térmico semelhante, relação peso-resistência mecânica maior, menores
perdas eléctricas e resistência a corrosao superior

ACAR (Aluminum Conductor, Alloy Reinforced):


• Condutor de alumínio, reforçado com fios de liga de aluminio.
• Consiste de uma mistura de fios de aluminio apresentando uma excelente
resistência a corrosão
Selecção de Barramento
São fatores que influenciam na escolha da configuração dos barramentos:

• Utilização: pode ser destinado a transporte de energia eléctrica entre


dois pontos ou a distribuição de energia, seja em subestações abrigadas
ou expostas ao tempo.

• Ambiente: pode ser usado nas zonas costeiras onde há problemas de


oxidação nos condutores ou em ambientes expostos a muita poluição.
Neste caso, ligas de aluminio devem ser utilizadas.

• Corrente: a corrente nominal e de curto-circuito que podera ser


conduzida, são os principais índices para a escolha da forma das barras
e para o dimensionamento do barramento. (FARIA, 2009)
Dimensionamento de barramentos
O método de dimensionamento de barramento pode ser
dividido, apos a definição inicial dos dados da instalação e da
rede eléctrica que consistem na verificação de um barramento
ser ou não adequado a uma determinada instalação numa
subestação seguindo as etapas abaixo mencionadas:

• Em função da condição de aquecimento em regime


permanente;
• Em função da resistência mecânica ao curto-circuito;
• Em função dos esforços térmicos devidos ao curto-circuito
• Em função da condição de ressonância.
Dimensionamento de barramentos
Para que se possa iniciar o procedimento relativo ao
dimensionamento do barramento, é necessário definir a prior as
características tanto da subestação em causa como da rede
eléctrica como mostra a tabela abaixo:

(FARIA, 2009)
Dimensionamento de barramentos
1. Capacidade de condução de corrente em regime
permanentemente

A verificação da condição de aquecimento é feita atréves da


simples comparação entre a corrente de serviço da instalação em
questão, e a corrente máxima admissível pelo barramento
escolhido. A corrente máxima admissível no barramento pode ser
obtida através de uma tabela de consulta.
Condutores de cobre de seccão tubular

(FARIA, 2009)
2. Resistência Mecânica ao Curto-Circuito

Neste ponto, avalia-se a especificação do barramento escolhido em função


dos esforços electrodinâmicos a que poderá ser sujeito e caso de curto-
circuito.(FARIA, 2009)

Para isso deve-se determinar: A corrente de Choque, A força


Electromagnética, o momento flector e o modulo de flexão.
Dimensionamento de barramentos
Corrente de Choque ( Ich): Máxima corrente que o barramento terá que
suportar em caso de curto-circuito.

𝐼𝑐ℎ = 𝑥 ∗ 2 ∗ 𝐼𝐶𝐶 " 1

Onde:
𝐼𝑐ℎ : corrente de choque ( A ou Ka)
𝑥: factor adimensional que traduz o decrescimo da componente continua da
corrente de curto-circuito;
𝐼𝐶𝐶 " :Corrente de curto-circuito inicial ( A ou kA)
Dimensionamento de barramentos
Força electromagnética ( Fe): força exercida entre perfis, percorridos pela
corrente de choque aquando da ocorrencia de um curto-circuito.

𝜇0 𝐼1 ∗ 𝐼2 2
𝑙
𝐹𝑒 = ∗ ∗ 𝑙 = 0.2 ∗ 𝐼𝑠 ∗ 2
2𝜋 𝑎 𝑎

Onde:
𝐹𝑒 : força electromagnetica (N)
𝐼𝑐ℎ : corrente de choque ( A ou Ka)
𝑙: distância entre dois apois ( suporte dos barramentos) consecutivos.
𝑎: distância entre fases adjacentes.
Dimensionamento de barramentos
Momento flector( 𝑚𝑓) dado por:

𝐹𝑒 ∗ 𝑙 3
𝑚𝑓 =
16

Sendo assim, o momento flector máximo admitido por um perfil de modulo


de flexão=w é dado por:
4
𝑚𝑓 = 𝑊 ∗ 𝜎

Onde:
𝑘𝑔𝑓
𝑚𝑓: 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑙𝑒𝑐𝑡𝑜𝑟 ( )
𝑐𝑚
W: modulo de flexão (𝑐𝑚3 )
kgf
𝜎: carga de segurança a flexão do material escolhido ( 2 )
𝑐𝑚
O mesmo será dizer, uma vez que o momento flector que actuara sobre o
perfil já calculado e o material do perfil já definido, deve ser escolhido um
perfil que respeite a seguinte condição

𝑚𝑓
𝑊≥ 5
𝜎
Onde:
𝑘𝑔𝑓
𝑚𝑓: 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑓𝑙𝑒𝑐𝑡𝑜𝑟 ( )
𝑐𝑚
W: modulo de flexão (𝑐𝑚3 )
kgf
𝜎: carga de segurança a flexão do material escolhido ( 2 )
𝑐𝑚

Caso esta condição não se verifique é necessario escolher outro tubo que
verifique a condição. Quando for encontrado um perfil que verifique a
condição, está concluído o cálculo da resistência mecânica ao curto-circuito.
Dimensionamento de barramentos
3. Esforços térmicos devidos ao Curto-Circuito

Baseiado no calculo do tempo de fadiga térmica do condutor, que é o tempo


durante o qual o condutor pode suportar a corrente de curto circuito.

𝑆
𝑡=𝑘∗ 6
𝐼𝑡ℎ
Onde:
𝑡: tempo de fadiga termica do condutor (s);
𝑘: factor relativo as propriedades termicas do condutor;
𝐼𝑡ℎ : Corrente termica em (A)

Opta-se por assumir o tempo de fadiga térmica como sendo igual ao tempo
de actuação das protecções e procura-se garantir que o condutor tem uma
secção tal, que não entre em fadiga térmica antes de as protecções
actuarem. Essa secção e facilmente encontrada resolvendo em ordem a S
como mostra a expressão seguinte:
Esforços térmicos devidos ao Curto-Circuito

Onde:
𝑡:tempo de actuacao das proteccoes
𝑆𝑚𝑖𝑛 = sessão mínima que o condutor deve ter para não entrar em fadiga
térmica em caso de CC.

No entanto é ainda necessário conhecer os paramentros k (factor


adimencional) e 𝐼𝑡ℎ (corrente termica)

(FARIA, 2009)
A corrente térmica é o valor da corrente instantânea que produz a mesma
quantidade de calor, que a corrente real de curto circuito, de componentes
continua e alternada, desde que aconteça o defeito ate que se extingue,
pode ser obtida por:

𝐼𝑡ℎ = 𝐼𝑐𝑐 𝑥 𝑚 + 𝑛 8

Onde:
𝐼𝑡ℎ = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 (𝐴)
𝐼𝑐𝑐 = corrente de curto circuito ( A)
m= factor adimensional
n= factor adimensional;

Os valores de m e n são fasores que quantificam o efeito térmico da corente


de curto circuito podendo ser obtidas apartir dos gráficos a seguir
respectivamente:
Factor m

(FARIA, 2009)
Factor n

(FARIA, 2009)
Para consultar os gráficos anteriores é necessario, relativamente ao factor m, o
conhecimento do factor X (decréscimo da componente continua) , bem como
do tempo de actuação das protecções.

No que diz respeito ao factor n, é necessario conhecer, além do tempo de


actuação das protecções, o cator 𝐼𝑐 ′′/𝐼𝑝 . Este factor é também um paramento
análogo a rede, mas por sua vez, quantifica o decréscimo da corrente
alternada da corrente de curto circuito.
Dimensionamento de barramentos
4: Condição de ressonância

Porcura-se garantir que aquando da ocorrência de um curto circuito, a


frequência de ressonância própria do barramento, não se encontre
perigisamente proxima da frequencia eléctrica da instalação.

Para tal, começa-se por consultar três parametros inerentes ao barramento


escolhido nomeadamente:

• Modulo de elasticidade (E)


• Momento de inércia (J)
• Peso linear (p)
O modulo de elasticidade quantifica a rigidez de uma material sόlido,
dependendo do tipo de material a ser usado, este modulo pode assumir
diferentes valores , como mostra a tabela abaixo:

(FARIA, 2009)
O momento de inercia é a grandeza que mede a distribuição de massa de
um corpo em torno do seu eixo de rotação, bem como do mesmo para
manter o movimento (ou ausência dele) que possui.

O peso linar é o pesos do perfil por unidade de comprimento e depende


tanto da forma e dimensões do perfil escolhido como do material pelo qual é
constituído, mas concretamente sua densidade.
Determinados os valores anteriores, procede-se o calculo da frequência
própria de oscilação do barramento, dada por:

𝐸𝑥𝐽
𝑓0 = 112 9
𝑝𝑥𝑙 4

O valor resultante do calculo devera estar suficientemente (entende-se 10%)


afastado do valor da frequência eléctrica da instalação e seus múltiplos.

Como tal o valor da frequência de oscilações deve situar-se fora do seguinte


intervalo:
f − 0,1f + 0,1f U 2𝑓 − 0,1𝑥2𝑓; 2𝑓 + 0,1𝑥2𝑓 10

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