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Projeto Mecânico de

Linhas de Transmissão

Conceitos Básicos
Introdução

• O projeto de Linhas de Transmissão (LTs) envolve:


 Eng. Elétrica: potência a ser transmitida, nível de tensão,
perdas de energia, etc.
 Eng. Civil: aspectos topográficos para escolher o traçado da
linha, fundação das torres
 Eng. Mecânica: projeto de torres, vibrações devido ao vento
 Eng. Ambiental: travessia de áreas de florestas, pastagens
ou lavouras, impacto ambiental
 Eng. Econômica: escolha dos parâmetros eletro-mecânicos
para atender o objetivo da LT com o menor custo dentro de
um período de retorno
Projeto de LTs

• No Brasil deve obedecer à NBR 5422 (1984) Projeto de


Linhas Aéreas de Transmissão de Energia Elétrica, que
normatiza:
 Parâmetros meteorológicos e correções
 Cabos condutores e pára-raios
 Isoladores e ferragens
 Suportes e fundações
 Esforços mecânicos
 Distâncias de segurança
 Travessias
 etc.
Projeto Mecânico
Primeira etapa

• Levantamento topográfico
• Definição do traçado a partir da localização da fonte e
da carga
 Características topográficas do terreno e uso do solo:

Mapa topográfico fornecido em formato digital (CAD)


Projeto Mecânico
Táticas para resolver o problema

• Para o caminhamento da linha é preciso conciliar a menor


distância com o menor custo.
• Táticas bem definidas vão permitir decidir como estabelecer
um caminhamento para a linha. Respondendo perguntas do
tipo :
 É melhor atravessar morros ou contorná-los?
 Usar torres altas ou baixas?
 Quais são as alturas mínimas?

• Tais características vão definir o tipo de torre:


 Sustentação: mais simples e barata
 Ancoragem: mais robusta e cara
Torre
Suspensão

 Exerce apenas força vertical sobre os cabos.


 Os cabos dos dois vãos adjacentes a este tipo de torre
exercem sobre ela a mesma tração, mantendo-a
equilibrada.
 Por esta razão, a estrutura das torres de sustentação é
menos resistente e mais barata.
 Não permite mudança de direção da linha junto a torre.
Torre
Ancoragem

 Usadas para mudança de direção horizontal ou vertical.


 Podem suportar a tração dos cabos em ambos os lados.
 Os cabos de uma LT só podem ser emendados
mecanicamente junto a torres de ancoragem
Projeto Mecânico
Táticas para resolver o problema

• As características elétricas afetam os requisitos


mecânicos
 nível de tensão  nº de isoladores, altura mínima, faixa
de passagem
 tipo e quantidade de condutores por fase  ferragens,
treliça da torre, fundações

• Para minimizar o uso de torres, um cabo com mais


filamentos de aço é necessário

• O custo total da LT depende em boa parte do projeto


mecânico
Caminhamento da LT

• O caminhamento da LT projetada é uma linha traçada no


mapa topográfico mostrando o caminho que a linha deve
seguir no terreno, ligando os pontos extremos

• Sobre esta linha será posteriormente marcada a posição de


cada torre
Perfil topográfico e locação de torres

• O perfil topográfico mostra um corte vertical do terreno


ao longo do caminhamento retificado, com indicação
das torres (localização, altura em escala, código e tipo),
cabos (somente o central), mudanças de direção da
linha (com indicação do ângulo), uso do solo,
obstáculos (estradas, ferrovias) e acidentes
geográficos

• Para permitir visualização adequada, a escala vertical


do perfil geralmente é 10 vezes maior que a horizontal
 tipicamente, escala vertical 1:250 e horizontal 1:2500
Perfil topográfico e locação de torres

Trecho de perfil topográfico com alocação de torres e cabos

• Além de características mecânicas é preciso considerar:


 comprimento útil de cabo por bobina
 custo de cada bobina de cabo
NBR 5422/1984
Distâncias de Segurança

• As distâncias de segurança são os afastamentos


mínimos recomendados do condutor e seus acessórios
energizados e quaisquer partes, energizadas ou não.
NBR 5422/1984
Distâncias Mínimas

• As distâncias de segurança devem ser verificadas nas


condições de flecha máxima levando em conta:
 Corrente máxima
 Temperatura máxima
 Vento de 1 m/s
 Alongamento devido a fluência num período de 10 anos
• A distância de segurança é calculada pela fórmula:
NBR 5422/1984
Distâncias Mínimas

• Parâmetro a:
Exemplo
Distâncias Mínimas

• Qual a altura mínima admitida para os condutores de:


(a) uma linha de 138/145kV sobre terreno agriculturável.
(b) uma linha de 500/550kV sobre o mesmo terreno.
Isoladores

• Os cabos são suportados pelas estruturas através dos isoladores,


que os mantêm isolados eletricamente das mesmas
Devem resistir tanto às solicitações mecânicas como às elétricas
• Isolador de pino
A – distância de descarga a seco
B – distância de descarga sob chuva
C – distância de escoamento

• Isolador de disco

• Cadeias de suspensão
Isoladores

• As solicitações mecânicas que lhes são transmitidas


pelos cabos condutores são de três tipos:

 forças verticais: devidas ao próprio peso dos condutores


 forças horizontais axiais: no sentido dos eixos
longitudinais das linhas
 forças horizontais transversais: em sentido ortogonal
aos eixos longitudinais das linhas, devidas à ação da
pressão do vento sobre os próprios cabos

• Esses esforços são transmitidos pelos isoladores às


estruturas, que devem absorvê-los
Isoladores

• Carga máxima de uso permanente


 é o máximo esforço contínuo aplicado ao isolador, tensão
de instalação do cabo, computadas as decomposições
angulares dos esforços

• Carga máxima de uso temporário


 superimposição dos esforços transitórios, tais como
balanços do cabo, pressão de vento, frio intenso e
conjunção desses e de outros esforços similares,
simultâneos
Isoladores

• Em função das cargas máximas pode ser necessário o


emprego de cadeias paralelas, principalmente nos pontos
de ancoragem
Cálculo do Número de Isoladores
(Cadeia de suspensão)

• O número de isoladores de uma cadeia varia bastante


em LTs de mesma classe de tensão.

• Critério de escolha:
 Tensão nominal da linha
 Nível ceráunico (número de dias por ano nos quais se
registram descargas atmosféricas na região)
 Grau de proteção desejado contra as descargas
Cálculo do Número de Isoladores

U máx ⋅ 1, 05 ⋅ de
ni =
3 ⋅ di
Cálculo do Número de Isoladores

• Suspensão ou Passagem – Cadeia de isoladores na


vertical:
Máxima tensão em regime permanente

Tensão de Surto da linha (kV de fase)


nis  1
Tensão de Isolação (kV)

• Ancoragem – Cadeia de isoladores na horizontal:


Máxima tensão em regime permanente

Tensão de Surto da linha (kV de fase)


nia  2
Tensão de Isolação (kV)
Manutenção de isoladores em LTs

Cadeia de isoladores queimada


por descarga atmosférica.

Casos especiais: Inversão de


isoladores com âng superiores
a 3º em torres de ancoragem
Manutenção de isoladores em LTs

Casos especiais: Inversão das cadeias de isoladores com ângulos superiores a 3º


(torres de ancoragem)
Efeito Corona

• Conceito: Descargas que se formam na superfície do condutor


quando o valor do gradiente de potencial aí existente excede o valor
do gradiente crítico disruptivo do ar  30 kV
Depende:
 Pressão do ar;
 Presença de vapor d’água.

• Principais consequências:
 Ruído de rádio (interferência em circuitos de comunicação)
 Ruído acústico audível
 Aumento das perdas de energia
 Vibração do condutor

• São usados Anéis distribuidores de potencial


Anéis de Corona

• É um toróide de material
condutor, normalmente de
metal, que está ligado a um
terminal do equipamento de
alta tensão.
Anéis de Corona

Os anéis de corona, são colocados lateralmente às ferragens


de suspensão, a fim de:
 distribuir o gradiente do campo elétrico
 reduzir a concentração de potenciais nas angulosidades e
arestas das ferragens de suspensão
Emendas dos cabos

• Emendas deverão assegurar continuidade elétrica ao


circuito e também resistir aos esforços de tração a que
ficam submetidos os cabos.

• Existem três tipos:


a. Emenda do tipo torção

b. Emenda do tipo compressão


Emendas dos cabos

c. Emenda do tipo pré-formada


Estruturas
Classificação quanto a forma de resistir

• Autoportante
 Transmitem todos os esforços diretamente para as suas
fundações. Podem ser:
(a) Rígidas (b) Flexíveis (c) Mistas ou semi-rígidas
Estruturas Autoportantes

• Rígidas
 Mesmo sob a ação das maiores solicitações, não apresentam
deformações elásticas perceptíveis em qualquer direção. São,
portanto mais volumosas e reforçadas.

• Flexíveis
 Sob ações de maior intensidade, apresentam deformações
sensíveis, que, por serem elásticas, desaparecem ao cessar a
solicitação

• Mistas ou semi-rígidas
 rígidas em uma direção e flexíveis em outra, sendo estruturas
assimétricas, com dimensões maiores na direção em que são
rígidas e menores na outra
Estruturas
Classificação quanto a forma de resistir

• Estaiada
 São empregados tirantes ou estais que absorvem parte dos
esforços horizontais e longitudinais
Materiais para Estruturas

• Os materiais usuais para a fabricação das estruturas das LT


são a madeira, o concreto e os metais, podendo haver
soluções mistas

• Madeira (no Brasil, até 230kV – na forma de pórticos ou postes)


 para ser empregada em LTs deve possuir características
especiais, capazes de satisfazer as seguintes exigências:
• elevada resistência mecânica
• boa resistência às intempéries
• indeformabilidade com o decorrer do tempo
• boa resistência ao ataque de micro-organismos
que levam à sua destruição
Materiais para Estruturas

• Madeira
 Aroeiras; Massaranduba; Copaíba (óleo-vermelho)
Materiais para Estruturas

• Concreto Armado (até 500kV)


 fabricação em série de peças grandes, melhorando e
uniformizando sua qualidade, ao mesmo tempo em que seu
custo é reduzido
 maior durabilidade e ausência total de manutenção
 montagem relativamente simples, podendo, em grande
parte, ser executada com pessoal recrutado e treinado
rapidamente no local da obra, o que reduz o seu custo
 a principal desvantagem está nas dificuldades de transporte
no campo, principalmente em terrenos acidentados e de
difícil acesso por meios tradicionais.
Materiais para Estruturas

• Estruturas Metálicas
 são construídas normalmente de aços-carbono normais
ou de alta resistência, em perfilados ou tubos, podendo
ser obtidas as mais variadas formas e dimensões
 existem casos do emprego de alumínio ($$ elevado)
 dada a versatilidade do aço como material de
construção, podem ser fabricadas em grandes séries,
sendo compostas de peças relativamente pequenas e
leves, podem ser transportadas com bastante facilidade
a qualquer ponto, para sua montagem no local
 também se usa o recurso de pré-montagem e transporte
com helicóptero
Como Escolher?

• Requisitos técnicos
 altura mínima
 resistência (kg/cm2)

• Custo
 disponibilidade do material
 transporte
 tempo de execução / montagem
 vida útil
MATERIAL DE APOIO E REFERÊNCIA PARA ESTA
APRESENTAÇÃO:

• P.R. Labegalini, J. Labegalini, R. Fuchs, M. Almeida


“Projetos mecânicos das linhas aéreas de
transmissão”, 2ª Ed., Edgard Blücher, 1992.

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