Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
O artigo procurou ressaltar o papel da Presidência e dos centros de governo na instauração de
padrões de coordenação governamental em países da América Latina, após as reformas dos anos
90. A hipótese central que orientou o trabalho, foi a de que quanto mais personalistas são os
estilos presidenciais, mais centralizados e instáveis são os modelos de coordenação
governamental e menos institucionalizados os centros de governo e a Presidência,
comprometendo a capacidade estatal de retomar o desenvolvimento. Como objeto comparação
foram selecionados governos do Uruguai, Argentina e Chile. O trabalho procurou identificar
possíveis conexões entre as características da trajetória política desses países, o estilo
presidencial e os padrões político-organizacionais do processo de coordenação governamental.
Ao final, foi possível estabelecer algumas similaridades e diferenças entre os países pesquisados,
a partir da vigência de padrões de coordenação mais institucionalizados ou mais personalizados e
centralizados diretamente em instâncias da Presidência.
Palavras-chave: Presidência, Coordenação, Capacidade Estatal, Desenvolvimento
ABSTRACT
The paper highlights the role of the Presidency and govern centers at establishing govern
coordination standards in Latin America countries after the reforms of the 1990s. The main
hypothesis that guides this paper is that the more personal are the presidential styles, more
centralized and unstable are the models of govern coordination and less institutionalized are the
centers of govern and the Presidency, compromising the State capacity to re-engage
development. Governments of Uruguay, Argentina, and Chile were selected as objects of
comparison. The paper has identified possible connections between the characteristics of political
path, the presidential style and the political-organizational patterns of govern coordination.
Finally, it was possible to establish similarities and differences between the countries, from the
perspective of the establishment of more institutionalized or more personal and centralized
through instances of the Presidency.
Keywords: Presidency, Coordination, State Capacity, Development.
1
Esse artigo apresenta aspectos parciais de uma pesquisa de pós-doutoramento, realizada em 2017, na
Universidade de Salamanca, mas ainda inédita em sua quase totalidade. Originalmente a pesquisa empírica
envolveu Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia e México, além de parcialmente o Brasil. As fontes de
informações originais foram artigos acadêmicos, documentos governamentais, leis sobre a organização e
funcionamento do Executivo e partes das constituições desses países.
2
2
Salientamos que partes referentes à Argentina e ao Chile, foram apresentadas em uma versão modificada
e com objetivos distintos, no 12º Encontro da ABCP, realizado em 2020, em João Pessoa-Paraíba.
3
Johnson (1974) definiu três tipos básicos de coordenação: no modelo hierárquico e centralizado, os
presidentes gerenciam e controlam pessoalmente os processos de tomada de decisão. No tipo competitivo,
os presidentes distribuem tarefas similares e de forma simultânea a diferentes grupos de assessores e
agências, com o objetivo de ampliar as fontes de informações e de aumentar a eficiência decisória do
núcleo de governo por meio da competição. E no tipo colegiado, os presidentes coordenam grupos e
colegiados de assessores que discutem os cursos alternativos de ação de forma descentralizada, com o
objetivo de assegurar informações mais amplas e alternativas seguras. Mas o próprio autor ressaltou que os
presidentes tendem a transitar entre os três tipos de acordo com a conjuntura e as áreas de políticas.
5
2002). Com os trabalhos de Terry Moe (1993; 2009) os estudos sobre a Presidência
transitaram de recortes focados nos estilos presidenciais para tratar a Presidência como
uma dimensão institucional. Na perspectiva deste autor, a Presidência é uma instituição
sujeita aos incentivos e condicionantes do sistema político, por isso os padrões de
comportamento dos presidentes não expressam apenas características pessoais, pois esses
condicionantes institucionais são endógenos ao próprio papel exercido pelos presidentes
no sistema político. Mas apesar das dimensões institucionais, Rockman (2009) salienta
que é impossível eliminar os fatores pessoais na dinâmica da Presidência, pois os
condicionantes institucionais não explicam porque diferentes presidentes reagem de
forma distinta sob situações semelhantes.
Na América Latina, os estudos sobre a Presidência apresentaram um
desenvolvimento tardio em relação às pesquisas sobre as relações Executivo Legislativo
(BONVECCHI e SARTASCINI, 2011; ALESSANDRO, 2013; BONVECCHI, 2012;
COUTINHO, 2013; LANZARO, 2018). Em parte, essa incipiência deriva das
dificuldades de identificar a Presidência como um objeto próprio, em contextos
caracterizados por informalidade institucional, instabilidade política e a existência de
múltiplas estratégias de relacionamento com o Legislativo. Como salienta Inácio (2006)
para o caso brasileiro, a estrutura do conflito político reconfigura a organização da
Presidência e de seu entorno. Quanto mais ampla e coesa a coalizão, mais os presidentes
tendem para formas compartilhadas e politizadas de coordenação no Executivo.
Inversamente, quanto mais restritas e frágeis as coalizões e mais competitivas as
oposições, mais se fazem presentes tendências de centralização na Presidência (INÁCIO,
2006). Esse pêndulo contingente entre politização e centralização, agrava o quadro de
instabilidade organizacional e administrativa dos governos e criam dificuldades para a
implantação de estratégias de desenvolvimento. Além de incrementar a ineficiência das
respostas estatais, transformando crises pontuais em sistêmicas, desgasta a legitimidade
do sistema partidário, que perde o monopólio da representação política para organizações
políticas, como tem acontecido na Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela (ANASTASIA;
MELO; SANTOS; 2004).
A Argentina, o Chile e o Uruguai não adotam governos de coalizão ampliada e
possuem sólidos sistemas partidários, se distinguindo da instabilidade partidária dos
países andinos (SÁEZ e FREIDEBERG, 2002). Mas a dinâmica governo versus oposição
6
4
A atual Constituição argentina é de 1853, com as reformas ocorridas nos anos 1860, 1866, 1898, 1957 e
1994. Trata- se de um arranjo político formalmente liberal, originalmente adequado à uma sociedade do
século XIX, mas que não deu respostas aos sucessivos conflitos que ocorreram desde então. Acessar em:
https://observatoriolegislativocele.com/pt/Constitui%C3%A7%C3%A3o-da-Na%C3%A7%C3%A3o-Argentina/
7
5
Aqui, ressaltamos que se trata de uma tipologia político-organizacional que pode ser articulada com a
clássica tipologia de estilos presidenciais de Johnson (1974), gerando possibilidades de construção de uma
matriz analítica articulando as dimensões organizacionais e administrativas com a dimensão política do
estilo presidencial e sua projeção sobre a organização central de governo.
6
Estes foram os exemplos de Maria Julia Alsogaray nas privatizações e de Miguel Roig, do grupo Bunge y
Born, para o Ministério da Economia, posteriormente sucedido por Herman Gonzáles. Essa delegação da
política econômica se aprofundou com a nomeação de Domingo Cavallo para o Ministério da Economia,
em abril de 1991, após dois anos de desmonte caótico das empresas estatais, desemprego e inflação
10
O Chile apresenta uma trajetória histórica que oscilou entre um liberalismo jurídico
de base urbana e um autoritarismo oligárquico e centralista de base agrária. Superada a
fase inicial dos violentos conflitos entre os grupos oligárquicos após a independência, o
país se configurou como um Estado politicamente centralizado, visto que os vencedores
foram os centralistas, principais responsáveis pela Constituição de 1833, situação que
gerou sucessivos conflitos entre liberais e conservadores no século XIX, até a vitória de
centralistas e militares cristalizada na Constituição de 1925. Apesar disso, entre os anos
30 e 40 surgiu um sistema multipartidário diversificado, só extinto com o golpe militar
de 1973 (SÁEZ, 2013). E como não havia um forte sistema estatal corporativista, que
dispusesse de organizações descentralizadas de poder, o centralismo político chileno não
se defrontou com resistências sistêmicas durante o século XX. Contrariamente, a tradição
de forte e centralizado presidencialismo no Chile sobreviveu ao fim da ditadura de
Pinochet, por meio de regras constitucionais que têm possibilitado aos presidentes
reconfigurarem a organização do Executivo, mas sem ultrapassar os limites estabelecidos
pelas coalizões de governo e os pactos políticos vigentes na transição democrática.
12
Sob esse quadro político e constitucional conservador, Siavelis (2004 2012; 2013)
considera que o modelo chileno funcionou de forma relativamente estável sob a
Concertación. E uma das causas dessa longeva estabilidade, foi o êxito dos presidentes
em estruturarem relações com as organizações políticas e os partidos por meio de
instituições informais adaptativas no âmbito do Executivo, como forma de contornar os
limites da herança constitucional imposta pelos militares. O perfil político-administrativo
da Presidência e do centro de governo no pós-ditadura deve ser compreendido neste
contexto, que durante um tempo associou conservadorismo institucionalizado com
governos baseados em amplas coalizões. Com isso, os presidentes puderam consolidar
um centro de governo amplo, mas dispondo de um núcleo de poder na Presidência
adaptado aos diferentes estilos presidenciais (SIAVELIS, 2004; 2012; 2013). Permeando
a dinâmica organizacional, se disseminou uma concepção gerencial de governo,
disseminada principalmente por instituições como o BIRD e o BID, este último com
influência doutrinária e organizacional na estruturação do centro de governo chileno
(BID, 2013; 2014)7.
No contexto dessa tradição centralista, desde os anos 30 o governo do Chile iniciou
sua experiência com o planejamento como atividade de Estado, e em março 1939, foi
criada a Corporación de Fomento de la Producción Nacional (Corfo), instituição
orientada para o planejamento econômico nacional e responsável, em 1961, pelo
Programa Nacional de Desarrollo Económico (1961-1970), até então o maior plano
nacional de desenvolvimento abrangente. De acordo com Lavalle (2010), sob o
presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970), foi criada a Oficina de Planificación na
Presidência da República, com a função e prestar assessoria ao presidente com o apoio da
CORFO. Em 1967 essa Oficina foi transformada em órgão descentralizado, mas com
vínculo institucional direto com a Presidência, a Odeplan. Sob o governo de Salvador
Allende (1970-1973), o sistema de planejamento foi ampliado e a Odeplan passou a
dispor de uma rede de unidades de planejamento regional, uma inovação no Estado
chileno. E em que pese a tradição de centralismo político, no período de 1971-1976, além
do plano nacional, foram produzidos 12 planos regionais de desenvolvimento. A
7
As informações empíricas sobre as transformações organizacionais da Presidência e do centro de Governo
no Chile foram coletas principalmente nos relatórios do projeto do BID, realizado em parceria com
governos da América Latina, “El Rol del Centro de Gobierno en América Latina y el Caribe”, publicados
em 2013 e 2014.
13
Ordeplan sobreviveu ao golpe militar de 1973, mas como integrante do Sistema Nacional
de Investimentos, dedicado ao planejamento orçamentário, com destaque para a sua
participação na mudança geral da institucionalidade do regime militar e no processo de
privatizações (LAVALLE, 2010).
Com o fim da ditadura militar, durante o governo do democrata-cristão Patrício
Aylwin (1990-1994), o centro de governo passou a ser integrado efetivamente pela
Secretaria Geral da Presidência (SEGPRES), a Secretaria Geral de Governo
(SEGEGOB), - ambas com status ministerial -, o Ministério da Fazenda, e o recém criado
Ministério de Planejamento e Cooperação (MIDEPLAN), instituição substituta da
Ordeplan, mas sem o papel do órgão anterior. De acordo com Lavalle (2010), as funções
da SEGPRES não possuíam precedentes históricos na coordenação governamental
chilena, visto que era o órgão encarregado simultaneamente de propiciar coerência
política e administrativa ao governo, incluindo as relações com os partidos e as
organizações importantes da sociedade civil. A SEGPRES passou a coordenar, em 1991,
o Sistema de Metas Ministeriais, mecanismo de coordenação e planejamento
intersetorial, que possibilitava monitorar as ações dos ministérios, por meio de sua
participação como Secretaria Técnica nos Comitês Interministeriais, criados em 1990.
Foram criados cinco Comitês agregando grandes áreas intersetoriais de políticas
públicas: Político, Econômico, Social, Infraestrutura e Desenvolvimento Produtivo.
Enfim, sem se envolver diretamente em atividades executivas, a SEGEPRES passou a
exercer funções de direção, coordenação e controle estratégico, (LAVALLE, 2010; BID,
2013; 2014).
Governando com a liberdade propiciada pelas condições políticas de formação
organizacional de um novo regime, Aylwin estabeleceu uma significativa concentração
de funções na Presidência, dispondo de um governo coeso e com uma assessoria
presidencial na SEGPRES como núcleo de coordenação governamental, em um quadro
político de baixo conflito. Os quatro titulares dos ministérios presidenciais permaneceram
em seus cargos durante todo o período (SIAVELIS, 2013; 2018; FERNÁNDEZ e
RIVERA, 2012; BID, 2013, 2014).
Sob a presidência de Eduardo Frei Ruiz (1994-2000), esse consenso conservador
assumiu formas político-administrativas fragmentadas. Inicialmente foi instaurada uma
equipe politicamente inábil e tecnicamente frágil na Presidência, com muitas funções
14
transferidas para o Ministério da Fazenda (MF), mas sem que a equipe presidencial
pudesse coordenar as decisões da Fazenda. Dispondo de significativa autonomia no
governo, a Diretoria de Orçamento (DIPRES) da Fazenda, mais sensível às demandas do
mercado, estruturou seu próprio sistema de monitoramento e avaliação, esvaziando o
papel de coordenação da Presidência (BID, 2013, 2014). Com esse impulso
descentralizador, começaram a emergir projetos próprios de ministros e burocratas
vinculados à coalizão política do governo. Era sintoma de que a coalizão começava a
apresentar uma fragmentação antes inexistente no governo de Aylwin, resultado do estilo
de liderança de Frei, baseado em uma ampla delegação administrativa aos ministérios,
mas sem ancoragem em um centro de coordenação na Presidência. Frei iniciou seu
governo com um reduzido quadro de pessoas de confiança na Presidência e com um
centro de governo fragmentado. Mas com o surgimento dos problemas de coordenação
econômica no contexto da crise asiática de 1998, e com o partidarismo incrementando a
fragmentação política dos ministérios, houve uma inflexão no estilo político e
administrativo do presidente, que nomeou para a Presidência um círculo de assessores
com forte apoio político e capacidade técnica, quanto as funções de coordenação
interministerial retornaram do MF para a Presidência. Nessa inflexão centralista,
lideranças políticas partidárias históricas se tornaram secundárias dentro do governo, e o
próprio presidente se situou menos aberto a consultas políticas, um risco no contexto da
configuração política abrangente assumida pela Concertación (SIAVELIS, 2013; 2012;
2004; FERNÁNDEZ e RIVERA, 2012).
Com a eleição de Ricardo Lagos (2000-2004), a SEGPRES continuou exercendo
seu papel estratégico na institucionalidade do governo chileno, mas não a Secretaria
Geral de Governo (SEGEGOB), visto que com a criação da Unidade de Assessoria
Presidencial (UAP), esta assumiu um papel político central e esvaziou as funções
políticas da SEGEGOB. A UAP representou o reconhecimento da importância da gestão
política do governo, espaço onde foi agregado um poderoso staff de assessores
presidenciais, estruturando o centro de governo sobre o Ministério da Fazenda, a
SEGEPRESS e a UAP, além do Ministério do Interior no desenvolvimento de projetos
estratégicos. A UAP se instituiu como um colegiado integrado por técnicos qualificados e
manteve um papel proeminente no governo até o período inicial do primeiro mandato de
Michelle Bachelet (2006-2010). O pertencimento a um think tank se apresentava como
15
um requisito importante para que algum pretendente ao cargo fosse incorporado como
assessor presidencial na UAP (BID, 2013;2014). Lagos não alijou os partidos da ampla
coalizão na formação do governo, mas para resolver problemas de controle da delegação,
nomeou círculos de assessores técnicos de sua confiança para coordenar políticas
setoriais a partir da UAP-SEGPRESS na Presidência, com prerrogativas para
supervisionar as atividades dos ministros. Além de reforçar as prerrogativas da
Presidência frente aos ministérios, Lagos nomeou pessoas de confiança para os
ministérios da Fazenda e do Interior e reduziu o poder dos demais ministérios setoriais,
concentrando as funções de coordenação estratégica na UAP-SEGEPRES, a grande
inovação em termos de coordenação centralizada após o regime militar (SIAVELIS,
2012; 2013; FERNÁNDEZ e RIVERA, 2012).
Ricardo Lagos assumiu de fato uma estratégia organizacional centralizadora de
natureza sistêmica, mas dotada de mecanismos que separavam as funções de
coordenação política estratégica, sob responsabilidade da UAP-SEGEPRES na
Presidência, das funções de coordenação e monitoramento da gestão das políticas
setoriais, sob responsabilidade dos comitês interministeriais coordenados pela Diretoria
de Orçamento da Fazenda (DIPRES). Com isso, estruturou dois sistemas interligados, um
dedicado ao controle do programa estratégico de governo, e outro orientado para a gestão
técnica e orçamentaria das políticas setoriais. O presidente concentrou funções nas
assessorias da Presidência e nos ministérios estratégicos, configurando um centro de
governo ampliado pelo reforço do papel de monitoramento administrativo financeiro do
Ministério da Fazenda. Portanto, tratava-se de um modelo de coordenação centralizado e
hierárquico, mas dispondo dos Comitês Interministeriais como mecanismo colegiado
com funções de monitoramento (SIAVELIS, 2012; 2013; 2018; FERNÁNDEZ e
RIVERA, 2012).
Distintamente do estilo de governo de Lagos e sob uma conjuntura política
distinta, Bachelet (2006-2010) se candidatou em um contexto de esgotamento parcial da
aliança da Concertación, e por isso se propôs a nomear novos quadros para compor seu
gabinete. Com isso anulou a potencial expertise do núcleo de assessores presidenciais do
governo Lagos, o que se expressou no fracasso da execução de projetos estratégicos do
governo e na redução da capacidade técnica e no grau de insulamento político da UAP.
Com a crise administrativa resultante dessa estratégia, que incidiu no estratégico projeto
16
militar liderado por Juan Maria Bordaberry (1972-1973), em 1973 (COELHO, 2011). A
existência dessas regras indica que a Constituição de 1966 tentou manter a tradição
consociativa que caracterizou as relações entre as elites desde as primeiras décadas do
século XX. Mas como observa Saéz (2013), elas afetam o presidencialismo uruguaio,
principalmente porque os presidentes devem indicar ministros que disponham de apoio
parlamentar para ser chancelado no cargo (Art. 147 da Constituição). Além disso, as
limitações dos poderes presidenciais se expressam na necessidade de aprovação do
Legislativo para a criação e a denominação dos ministérios, embora o presidente tenha a
liberdade de redistribuir funções entre ministérios existentes. Como contraponto, o
presidente pode comunicar à Assembleia que membros do Conselho de Ministros
carecem de respaldo parlamentar, e com isso substituir ministros e demitir diretores de
órgãos descentralizados vinculados aos ministérios (Art. 175). Liberdade condicionada à
anuência do Senado para a nomeação de novos diretores de órgãos e serviços
descentralizados, o que limita mudanças organizacionais pretendidas pela Presidência.
O Vice-Presidente integra o Conselho de Ministros e é o Presidente do
Congresso, uma fórmula que associa os poderes legislativo e executivo em um único
cargo. Do Conselho de Ministros também participam o Diretor da Oficina de
Planejamento e Orçamento (OPP), nexo Da Presidência com o sistema de planejamento
do Executivo. O colegiado se reúne sob convocação do presidente, a quem está
submetido, o que torna o seu papel político dependente dos objetivos de cada governo.
Esse perfil constitucional consensual torna as relações entre o Executivo e o Legislativo
extremamente complexas, pois caracteriza um presidencialismo mitigado pelo sistema de
vetos vigentes no Legislativo e pelo conservadorismo político herdado do tradicional
sistema partidário.
Entre 1990 e 2005 os governos uruguaios passaram a se constituir sob a forma de
governos de coalizão, modificando o tradicional bipartidarismo. Com essa mudança, a
Frente Ampla, agregado de forças de esquerda, também passou a administrar o país
dentro de uma dinâmica política típica de governos multipartidários. O processo de
redemocratização transformou o tradicional bipartidarismo em um multipartidarismo
moderado, e o processo governamental tem transcorrido sob a forma de constantes
negociações entre o Legislativo e o Executivo (SÁEZ, 2013; LANZARO, 2018).
20
Com as reformas dos anos 90, a organização do centro de governo sob o modelo
consociativo passou por uma significativa ampliação, integrado pela Presidência, Vice-
Presidência, Conselho de Ministros, Ministério de Economia e Finanças (MEF), a
Oficina de Planejamento e Orçamento (OPP) e a Oficina Nacional do Serviço Civil
(ONSC), ambas com status ministerial e inseridas na Presidência. O tripé formado pelo
Banco Central (BC), o MEF e a OPP, são os pilares da política econômica e financeira do
governo e apresentam proeminência sobre demais ministérios (LANZARO, 2015;2018;
MILANESI e TISCORNEA, 2016). O Banco Central, a OPP e a ONCS são instituições
consolidadas, originárias da fase cepalina do sistema de planejamento uruguaio, enquanto
o perfil do MEF seguiu os fluxos das mudanças políticas que ocorreram no Uruguai nas
últimas quatro décadas. A OPP está diretamente vinculada ao presidente e exerce funções
de coordenação orçamentária e administrativa, além de assessorar o presidente na
elaboração do orçamento e no processo anual de prestação de contas (Art. 230 da
Constituição). Por sua inserção e papel institucional, também é um órgão que assume
funções políticas e programas estratégicos de governo, visto que sua estrutura é integrada
por uma comissão interministerial. Assim como a OPP, a ONCS é um órgão com funções
administrativas vinculadas diretamente à Presidência da República, e suas prerrogativas
envolvem iniciativas referentes ao processo de reforma do Estado e à política de recursos
humanos dos Poderes Executivo e Judiciário (Art. 59 e 60 da Constituição).
Esse desenho político-administrativo revela uma significativa centralização
institucionalizada na Presidência, que se situa como mecanismos de articulação política e
coordenação governamental o conjunto do Executivo. Trata-se de um contrapeso
organizacional ao modelo político consociativo, mas trata-se de um centro decisório que
funciona sob limitações institucionais. Por isso, as mudanças de funções tendem a
ocorrer mais no interior da Presidência e nos seus mecanismos de coordenação que nas
estruturas ministeriais, expressando mais uma lógica institucional do sistema de governo
do que o estilo presidencial de cada governante. Os presidentes exercem poder e
influência, mas circunscritos à Presidência e o centro de governo e ao estilo pessoal de
administrar. Uma comparação sucinta entre dois governos com perfis políticos distintos -
Jorge Batlle (2000-2005) e Tabaré Vázquez (2005-2010) -, pode contribuir para elucidar
essas características.
21
Secretaria Geral da Presidência. A OPP passou a ser integrada pela Área de Gestão e
Avaliação de Estado (AGEV), com o objetivo de acompanhar as mudanças
administrativas e o funcionamento do governo após as reformas realizadas durante o
governo anterior (LANZARO, 2013; 2018; MILANESI e TISCORNEA, 2016))
A Secretaria da Presidência foi reforçada significativamente sob seu governo. A
tradição anterior da Secretaria situava as funções de coordenação centrada
principalmente em seus titulares. Mas ela passou a dispor de uma base institucionalizada
e possuía um papel ativo no Conselho de Ministros, integrando a coordenação dos
Gabinetes Setoriais como instâncias de intercâmbio transversal dentro de cada área, o que
propiciou capilaridade e eficiência ao sistema de coordenação da Presidência. Além
disso, ela incorporou órgãos administrativos e de coordenação setorial, como a Direção
Geral de Serviços, a Secretaria de Comunicação Institucional, a Unidade Nacional de
Segurança Viária, a Agência para o Desenvolvimento do Governo Eletrônico, a
Sociedade da Informação (AGESIC), além da incorporação do principal plano
educacional, CEIBAL, passando por um significativo processo de institucionalização e
fortalecimento político (LANZARO, 2013; MILANESI e TISCORNEA, 2016).
De forma geral, o presidente reforçou o poder político-administrativo da
Presidência e da OPP em assuntos estratégicos e reduziu o espaço político da Fazenda,
que manteve suas funções financeiras e orçamentários. Tabaré adotou um estilo
presidencial forte e centralizador, mas deixando margem de manobra para o Conselho de
Ministros, tendo em vista que detinha maioria no Congresso e era o líder da Frente
Ampla. Com esse poder, o presidente assumiu o papel de árbitro em várias questões
políticas de Estado, como direitos humanos, forças armadas e relações internacionais
(LANZARO, 2018; COELHO, 2011). O exercício desse duplo papel de árbitro e líder do
governo, contou com o reforço da Secretaria da Presidência como instância de
coordenação e intermediação das relações com os ministérios. Nesse sentido, com um
modelo de coordenação que conjugava os papéis políticos dos Gabinetes Setoriais do
Conselho de Ministros e da Secretaria da Presidência, e dispondo da base técnica e
logística da OPP e do MEF, a tendência foi a de reforçar a Presidência sob formas mais
institucionalizadas, mas contando com o Conselho de Ministros.
Em parte, esse padrão emergiu porque o presidente e seu círculo político
possuíam uma concepção mais institucional e menos personalista de governo que Batlle,
23
mas também porque a Frente Ampla era um agregado de partidos, não havendo espaço
para um estilo presidencial excessivamente personalista. A esses fatores políticos,
agregava-se a natureza fortemente consociativa do sistema político uruguaio, que tinha
seu nexo governamental no Conselho de Ministros. Trata-se de um modelo que
conjugava centralização na Presidência com formas colegiadas no Executivo, um perfil
mais próximo do modelo chileno do que do argentino.
Mas mesmo se observarmos conjuntamente a organização do centro de governo
da Presidência nos governos de Batlle e Tabaré, podemos considerar que ambos
ocorreram sob um processo de relativa estabilização institucionalizada do centro de
governo. O estilo mais centralizado e personalista do presidente Batlle, não modifica
substantivamente essa característica, pois a diferença se situou principalmente no reforço
das assessorias pessoais na Presidência. Dessa forma, o exercício de governo se situou
entre presidentes condicionados pelas instituições e um colegiado de ministros sob um
duplo escrutínio político.
3. Considerações Finais
antigas e novas elites, os presidentes foram limitados pelos arranjos institucionais que
surgiram desses pactos. O exemplo da Argentina foi o oposto, visto que a transição por
ruptura em um contexto de profunda crise política, não possibilitou arranjos
institucionais consociativos e estáveis. E sob uma tradição caracterizada por polarização
partidária, lideranças personalistas e forte federalismo, a reforma constitucional
consociativa de 1994 não estabilizou o sistema político e nem limitou os padrões
contingentes de exercício do poder dos presidentes, que continuaram projetando suas
oscilantes estratégias de centralização e politização sobre a organização do Executivo.
Quanto à trajetória histórica de seus sistemas políticos, Chile e Uruguai possuem
tradição de estados unitários que envolve apenas formas de descentralização
administrativa, e esse centralismo político ajudou a limitar os efeitos dos conflitos
oligárquicos na organização do Executivo. Com essa trajetória, após as transições seus
governos puderam manter sistemas de coordenação institucionalizados e centralizados,
mas que dispunham de mecanismos colegiados de articulação entre a Presidência e as
estruturas ministeriais. Por outro lado, a tradição Argentina de federalismo regionalista e
conflitos oligárquicos, impulsionou os presidentes para modos de centralização e
politização contingente no Executivo, o que impediu a institucionalização e a
estabilização de mecanismos de coordenação e planejamento governamental.
Sem desconsiderar a influência exercida por tradições técnicas e comunidades
burocráticas e profissionais, essas dimensões ajudam a compreender a existência de
padrões de coordenação que se apresentam integrados e dotados de um perfil sistêmico,
que contribuem para consolidar capacidades estatais em torno de projetos de
desenvolvimento. Ou, contrariamente, a vigência de padrões mais personalizados e
centralizados diretamente em instâncias da Presidência, mais vinculados ao gabinete
presidencial e organizacionalmente mais instáveis, desestabilizando potenciais processos
de institucionalização dos sistemas de planejamento e coordenação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALESSANDRO, Martin e Andrés GILIO. Cuando el origen importa: los presidentes y los
congresos en la creación de organismos descentralizados (1983-2009). In: ALESSANDRO
Martin e GILIO, Andrés. (Orgs.) La dinámica del poder ejecutivo en América: estudios
comparados sobre la institución presidencial. Buenos Aires: INAP, 2013, p. 211-238.
25
EVANS, Peter- O Estado como Problema e Solução. In: Lua Nova, nº 28-29, Abril 1993
FERNANDEZ, M. A.; LOS ÁNGELES, Maria; E. RIVERA. La Trastienda del Gobierno: el
eslabión perdido em la modernización del estado chileno. In: Revista Enfoques, Vol. XI, nº 19,
2012, p. 169-172. Santiago, Catalónia, 2012
GAITÁN, Flávio e BOCHI, Renato - Estado, Atores Predominantes e Coalizões Para o
Desenvolvimento: Brasil e Argentina em Perspectiva Comparada. In: Texto para Discussão
n.2098. Brasília: IPEA, 2015
GAITÁN, Flávio. O Desenvolvimento Esquivo e as Tensões do Desenvolvimento. In: Bochi,
Renato R. (Org.), Variedades de Capitalismo e Desenvolvimento na América Latina. Belo
Horizonte: UFMG, 2011. pp. 56-86
GRUN, Robert – A Evolução Recente do Espaço Financeiro no Brasil e Alguns Reflexos na
Cena Política. In: DADOS – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Vol. 47, no 1, 2004, pp.
5 a 47
GRUN, Robert – A Dominação Financeira no Brasil Contemporâneo. In: Tempo Socia., Revista
de Sociologia da USP, v. 25, n. 1, jun-2013, pp.179-213
HOWELL, W. G. e LEWIS, D. Agencies by Presidential Design. In: Journal of Politics 64
(4):1095-114, 2002. Southern Political Science Associaton. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1468-2508.00164.
HOWELL, W.G. Power Without Persuasion. Rethinking Foundations of Executive Influence.
In: Readings Presidential Politics. Ed. G. Edwards: 2005, p. 109-133
IBARRA, David. O Neoliberalismo na América Latina. In: Revista de Economia Política, vol.
31, nº 2 (122), pp. 238-248 abril-junho, 2011
INÁCIO, M. Entre presidir e coordenar: Presidência e gabinetes multipartidários no Brasil. In:
3º Congresso Latino-Americano de Ciência Política; setembro de 2006. Campinas: ALACIP,
2006. Disponível em:
file:///C:/Users/Valdemar/Downloads/Inacio_Entre_coordenar_e_presidir%20(1).pdf
JOHNSON, Richard Tanner. Managing the White House: an intimate study of the presidency.
Nova York: Harper e Row, 1974, 270 p.
LANZARA, Arnaldo Provasi- Estados de Bem-Estar e as Dinâmicas do Desenvolvimento
Social; In: BOCHI, Renato (Org.): Variedades de Capitalismo, Política e Desenvolvimento na
América Latina. Belo Horizonte, UFMG, 2011. pp. 86-120.
LAVALLE, Jorge Leiva. Instituciones e instrumentos para el planeamiento gubernamental en
América Latina. Textos para Discussão CEPAL-IPEA, 5. Brasília: CEPAL-Escritório no Brasil-
IPEA, 2010. 164 p.
LANZARO, Jorge. Centro Presidencial: Estudio Sobre Alto Gobierno en Uruguay. Instituto de
Ciencia Política. Universidad de la República-CLACSO, Documento de Trabajo. Montevidéo,
2013. Disponível em http://biblioteca.clacso.edu.ar/Uruguay/icp-
unr/20170217025953/pdf_577.pdf
__________________ El Centro Presidencial en Uruguay. In: LANZARO, Jorge (Org.), El
Centro Presidencial. Presidencias y Centros de Gobierno en América Latina, Estados Unidos
y Europa. Madrid: Tecnos, 2018. pp.297-328
____________________ Uruguay: presidencialismo pluralista y alternativas mayoritarias. In:
LANZARO, Jorge (Ed.) Presidencialismo y Parlamentarismo: América Latina y Europa
Meridional. Madri: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales-ROAL, 2012. p. 187-212.
LINDBLOM, Charles. O Processo de Decisão Política. Brasília: Editora da UNB, 1981.
LEWIS, D. E. Staffing Alone Unilateral Action and the Politicization of the Executive Office of
the President 1988-2004. In: Presidential Studies Quartely, 35(3): 496-514, 2005. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/toc/17415705/2005/35/3
Lei dos Ministérios, 22.590 de 1992 – Acessado em
http://servicios.infoleg.gob.ar/infolegInternet/anexos/45000-49999/48853/texact.htm
27
LEWIS, D. E. Staffing Alone Unilateral Action and the Politicization of the Executive Office of
the President 1988-2004. In: Presidential Studies Quartely, 35(3): 496-514, 2005. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/toc/17415705/2005/35/3
LIJPHART, Arend - Modelos de Democracia: desempenho e padrões de governo em 36 países.
São Paulo: Civilização Brasileira, 2003. 389 p.
MOE, Terry Presidents, institutions and theory. In: George C. Edwards, John H. Kessel and Bert
A. Rockman (Org.), Researching the Presidency. Vital Questions, New Approaches. Pittsburg:
University of Pittsburg Press, p. 337-386, 1993.
______________ The revolutions in Presidential Studies”. In: Presidential Studies Quarterly,
vol. 39, n. 4, Hoboken, New Jersey: Willey-Blackwell, 2009, p. 701-724. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs. Acesso: 03/03/2020
NEUSTADT, Richard. Poder Presidencial e os Presidentes Modernos. A política de liderança
de Roosevelt a Reagan. Brasília: ENAP, 2008.
MILANESI, Alejandro; TISCORNEA, Victoria Gadea. El centro de gobierno en Uruguay: su
evolución y caminos para su fortalecimento. In: XXI Congreso Internacional del CLAD sobre la
Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santiago, Chile, novembro de 2016.
Disponível em:
https://www2.congreso.gob.pe/sicr/cendocbib/con4_uibd.nsf/7B13679524C1F11F052581450062
5D8F/$FILE/milalej.pdf
MANN, M. The autonomous power of the state: its origins, mechanisms and results. European
Journal of Sociology, v. 25, n. 2, p. 185-213, 1984. Disponível em:
http://commons.princeton.edu/wp-content/uploads/sites/39/2017/09/Mann-Autonomous-
Power.pdf
MAAR, Wolgang Leo - Luta de Classes na socialização capitalista: Estado privatizado e
construção privada da esfera pública. In: André Singer e Isabel Loureiro (Orgs.), As contradições
do lulismo: a que ponto chegamos? São Paulo: Boitempo, 2016. pp.219-250
MOE, Terry. Presidents, institutions and theory. In: George C. Edwards, John H. Kessel and Bert
A. Rockman (Org.), Researching the Presidency. Vital Questions, New Approaches. Pittsburg:
University of Pittsburg Press, p. 337-386, 1993.
MOE, Terry .The revolutions in Presidential Studies”. In: Presidential Studies Quarterly, vol. 39,
n. 4, Hoboken, New Jersey: Willey-Blackwell, 2009, p. 701-724. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs.
MUNCK, Gerardo L. e LEFF, Carol Skalnik. Modos de Transição em Perspectiva Comparada.
In: Lua Nova, São Paulo, n. 40/41, 1997.
NOBRE, Marcos –Imobilismo em Movimento: da abertura democrática ao governo Dilma. São
Paulo São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 204 p.
NEUSTADT, Richard. Poder Presidencial e os Presidentes Modernos. A política de liderança
de Roosevelt a Reagan. Brasília: ENAP, 2008.
O'DONNEL, G. e SCHMITTER, P. - Transições do regime autoritário: primeiras conclusões.
São Paulo: Vértice, 1988.
ROCKMAN, Bert. Does the Revolution in Presidential Studies Mean. Off With the President's
Head?. In: Presidential Studies Quarterly. vol. 39, n. 4, p. 786-794, 2009. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/toc/17415705/39/4
SANTANA, Carlos Henrique Vieira- Conjuntura Crítica, Legados Institucionais e Comunidades
Epistêmicas. In, BOCHI, Renato (Org.): Variedades de Capitalismo, Política e Desenvolvimento
na América Latina. Belo Horizonte, UFMG, 2011. pp. 121-1631
SINGER, André – A (falta de) base política para o ensaio desenvolvimentista. In: SINGER,
André e LOUREIRO, Isabel (Orgs.) As contradições do lulismo: a que ponto chegamos? São
Paulo: Boitempo, 2016.
STEPAN, Alfred. Estado, Corporativismo e Autoritarismo. Rio de Janeiro: Ed Paz e Terra, 1980
28