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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE

FORTALEZA VICE-REITORIA DE PÓS-


GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM
ADMINISTRAÇÃO

PRIORIZAÇÃO DAS ORDENS DE SERVIÇOS DA


MANUTENÇÃO EM UMA USINA TÉRMICA: UMA
APLICAÇÃO DO MODELO EM MULTICRITERIO

Sidney José Meireles de Andrade

Fortaleza - Ceará
2021
SIDNEY JOSÉ MEIRELES DE ANDRADE

PRIORIZAÇÃO DAS ORDENS DE SERVIÇOS DA


MANUTENÇÃO EM UMA USINA TÉRMICA: UMA
APLICAÇÃO DO MODELO EM MULTICRITERIO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado


Profissional em Administração (MPA), da
Universidade de Fortaleza como requisito parcial
para obtenção do Título de Mestre em
Administração de Empresas.
Orientador: Prof. Dr. Plácido Rogério Pinheiro

Fortaleza – Ceará
2021
Ficha catalográfica
SIDNEY JOSÉ MEIRELES DE ANDRADE

PRIORIZAÇÃO DAS ORDENS DE SERVIÇOS DA MANUTENÇÃO EM UMA


USINA TÉRMICA: UMA APLICAÇÃO DO MODELO EM MULTICRITERIO

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________
Professor Dr. Plácido Rogério Pinheiro
Universidade de Fortaleza – Unifor

____________________________________________
Professor Dr. João Batista Furlan Duarte
Universidade de Fortaleza – Unifor

____________________________________________
Professor Dr. Paulo Alberto Melo Barbosa
Instituto Federal de Educação do Ceará

Aprovada em: 19/11/2021


Dedico esta obra especialmente para a
ótima profissional e excelente esposa, a
Assistente Social Maybi Sales de Andrade,
pela parceria, cumplicidade e por todo amor
que nos uniu nos momentos mais árduos da
vida. Dedico também a minha amada mãe,
Aimê Andrade, por todo esforço para nos
educar e aos meus filhos Vinícius Andrade e
Luíza Andrade, meu amor eterno e
incondicional.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela sua eterna misericórdia, por ter me dado saúde e bênçãos em
toda minha trajetória de vida profissional e acadêmica de ter permitido chegar neste
momento tão importante da minha jornada acadêmica, aos meus pais Osvaldo Andrade
(Em memória) e Aimê Andrade por toda educação que recebi.
Agradeço a minha esposa e companheira Maybi Sales de Andrade, por sua
compreensão em momentos que estive ausente, dedicado a esse objetivo e tantas vezes
ficou acordada para me dar incentivo e acreditar que todo esforço em educação e
crescimento profissional tem o seu retorno.
Agradeço muito ao meu filho Vinícius Sales de Andrade pela sua contribuição nesta
dissertação com as análises do Macbeth e Luiza Andrade minha caçula, por terem me dado
muita atenção e ajuda em revisões de texto e apoio e incentivo, formatação de planilhas.
Agradeço aos Professores Milton Sousa e André Teixeira que foram grandes
referências durante as aulas e a jornada do Mestrado Profissional em Administração
(MPA).
Agradeço a toda turma 5 do MPA pelos excelentes profissionais e seres humanos que
tive a honra e oportunidade de conhecer. Companhias agradáveis, boas conversas nos
almoços aos sábados, pelas trocas de experiências e conhecimentos em sala de aula.
Ressaltando em especial a parceria de sucesso, trabalhos em equipe, dos churrascos e das
risadas com os amigos: Milson Nunes, Rafael Bandeira, Thiago Viana, Uiraquitan Tadeu,
Victor Dias.
Agradecimento muito especial ao meu orientador Professor Plácido Pinheiro, pelos
valiosos esclarecimentos sobre os pontos relevantes a serem abordados em um modelo
multicritério com seu vasto conhecimento, mas sobretudo pelo incentivo em momentos
delicados que passei com as perdas de entes queridos neste momento de pandemia mundial
em que estamos vivendo.
Agradeço aos gestores da UTE Pecém, representados por Lourival Teixeira e James
Cambuhy. Liderar é dirigir as pessoas, inspirá-las e influenciar a ter comportamentos na
direção sempre de bons resultados.
À equipe de Operação da UTE Pecém I, representada pelos colegas Cayo Moraes,
Marcos Elias, Ivo Rolim e José Luis.
Aos colegas da EDP e do MPA05, em especial a Cayo Moraes pelo apoio e
incentivo e contribuições e ao Daywison Santos, pela honra da convivência e aprendizados
juntos dentro da usina e na jornada acadêmica.
Agradeço aos Professores membros da banca examinadora da qualificação, Profs.
João Batista Furlan Duarte (Universidade de Fortaleza) e Prof. Paulo Alberto Melo
Barbosa (Instituto Federal de Educação do Ceará) por suas importantes participações na
banca de qualificação com dicas e instruções relevantes que contribuíram para melhoria da
pesquisa e na qualidade geral da dissertação.
Por fim, extremamente importante, meus agradecimentos a todos os especialistas e
colegas da área de O&M ( Operação e Manutenção ) da UTE Porto do Pecém Geração de
Energia e de outras usinas térmicas no Brasil e colegas da EDP Produção em Portugal em
especial ao Carlos Lopes , pois foram fundamentais para realização desta pesquisa e para
construção do modelo multicritério de avaliação, meu especial agradecimento aos colegas
dos departamentos do Planejamento de Manutenção e Engenharia ; Guilherme Oliveira,
Glauber Narciso, João Bandeira , Eduardo Riedel e José Tarcísio.
Uma homenagem de agradecimento à EDP.

Meus sinceros agradecimentos pelo incentivo ao


autodesenvolvimento dos seus colaboradores que a
Energias de Portugal nestes seus mais de vinte anos de
operação aqui no Brasil, gerando valor em toda cadeira
do setor elétrico brasileiro. Me sinto muito honrado em
fazer parte desta equipe e contribuir para usar nossa
energia para cuidar sempre melhor, mudando o amanhã
agora.
10

RESUMO

A presente pesquisa busca demonstrar como o método “Measuring Attractiveness by a


Category Based Evaluation Technique (MACBETH)” pode ser aplicado ao desenvolvimento
de um modelo de múltiplos critérios para apoiar a tomada de decisão no ordenamento da
criticidade das ordens de serviços de uma usina termelétricas, a fim de propor novas
metodologias de execução de rotinas, visando aumentar a produtividade e eficiência do
atendimento da equipe de manutenção nas ordens de serviço solicitados pela operação . De
acordo com os resultados da matriz de julgamento, a proposta de ordenação permitirá uma
nova estratégia para a execução do planejamento de manutenção, redefinindo criticidade das
ordens de serviço de acordo com o julgamento com base nos critérios e subcritérios, deste
modo aplicando os recursos adequadamente e atendendo o que é mais crítico para a planta.

Palavras-chave: Energia, Usina Termelétrica, Metodologia Multicritério,


Planejamento, Operação & Manutenção, Confiabilidade, Disponibilidade, MACBETH
11

ABSTRACT

This research seeks to demonstrate how the method "Measuring Attractiveness by a Category
Based Evaluation Technique (MACBETH)" can be applied to the development of a criteria
model to support decision making in ordering the criticality of the service orders of a
thermoelectric power plant, to propose new methodologies for the execution of routines, it
increases the productivity and efficiency of the maintenance team's service in the service
orders requested by the operation. According to the results of the judgment matrix, an
ordering proposal will allow a new strategy for the execution of the maintenance planning,
redefining the criticality of the work orders according to the judgment based on the criteria
and sub criteria, thus applying the resources separated and considering what is most critical
for the plant.

Keywords: Energy, Thermoelectric Plant, Multicriteria Methodology, Planning, Operation &


Maintenance, Reliability, Availability, MACBETH
12

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Mapa de Processos - Planejamento Integrado da Manutenção


(PIM) – TD.001.PLA-R02

Figura 02: Construção da UTE Porto do Pecém

Figura 03 Investimento Absoluto Acumulado dos Estados Brasileiros


(2008-2018), em milhões

Figura 04 Turbogerador

Figura 05 Turbogerador

Figura 06 Usina termelétrica Porto do Pecém geração de Energia S.A.

Figura 07 Usina termelétrica Porto do Pecém geração de Energia S.A;

Figura 08 Tela de nota de serviço (NS) do Sistema de gestão de


manutenção SAP

Figura 09 Fluxograma da estrutura da pesquisa.

Figura 10 Métodos de manutenção.

Figura 11 Etapas da atividade de manutenção corretiva não planejada.

Figura 12 Histórico de manutenção preventiva e corretiva em determinado


período.

Figura 13 Curva P-
13

Figura 14 Planta de termelétrica a vapor e seus principais sistemas

Figura 15 Matriz energética mundial em 2018

Figura 16 Matriz energética brasileira em 2019.

Figura 17 Processo de controle de poluentes de uma usina termelétrica a


carvão.

Figura 18 Processo de geração de energia elétrica a partir da combustão do


carvão mineral.

Figura 19 Processo de geração de energia elétrica a partir da combustão do


carvão mineral.

Figura 20 Problemáticas de apoio à decisão.

Figura 21 Metodologia Multicritérios de Apoio à Decisão

Figura 22 Fases do processo MACBETH de apoio multicritério à decisão

Figura 23 Processo genérico de uma aplicação Delphi

Figura 24 Etapas práticas na fase de estruturação

Figura 25 Etapas práticas na fase de estruturação

Figura 26 Fluxo desde a sua detecção pela Operação e resolução de falhas


pela manutenção.

Figura 27 Processo de análise de decisão

Figura 28 Etapas de cada fase do modelo multicritério


14

Figura 29 Árvore de valor do modelo multicritério de avaliação

Figura 30 Árvore de valor MACBETH

Figura 31 ela do software MACBETH: PVE 1.1 - Impacto na geração de


energia

Figura 32 Demonstração esquemática dos Níveis de Impacto (NI) bom e


neutro

Figura 33 Tela do software MACBETH: PVE 1.1 - Impacto na geração de


Energia

Figura 34 Visão dos nós e os seus respectivos pesos

Figura 35 Subcritérios ponderados - Macbeth

Figura 36 Escala Ponderada utilizada pelo Macbeth

Figura 37 Configuração de opções MACBETH

Figura 38 Análise dos pesos atribuídos a cada aspecto pelos especialistas


da UTE e especialista em Térmicas no Brasil e em Portugal!

Figura 39 Janela do M-MACBETH

Figura 40 Visualização dos nós com critérios em destaque na cor vermelha


do modelo multicritério para priorização de ordens de serviço
para manutenção.

Figura 41 Análise de robustez apenas sem influência da diferença de


atratividade entre os KKS´s e Ordens de Serviços (OS´s)
15

Figura 42 Análise dos pesos atribuídos a cada aspecto pelos especialistas


da UTE e especialista em Térmicas no Brasil e em Portugal

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Escala ordinal semântica utilizado pelo MACBETH


16

LISTA DE ABREVIATURAS

EPA Elementos Primários de Avaliação

MCDA Multiple-Criteria Decision Analysis

NS Notas de Serviço

O&M Operação e Manutenção

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

OS Ordens de Serviço

PCM Planejamento e Controle de Manutenção

PVF Pontos de Vistas Fundamentais

UTE Usina Termelétrica

CCM Centro de controle de motores


17

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Janela do M-MACBETH com resultados da avaliação da ordem de


priorização para atendimento das ordens de serviço.

Gráfico 2 Análise de sensibilidade do critério impacto segurança ocupacional

Gráfico 3 Análise de sensibilidade do critério impacto geração de energia

Gráfico 4 Análise de sensibilidade do critério impacto geração de energia

Gráfico 5 Análise de sensibilidade do critério SLA de atendimento à Ordem de


Serviço
18

LISTA TABELAS

Tabela 1 Stakeholders envolvidos no processo


Tabela 2 Critérios e subcritérios
Tabela 3 Critérios e subcritérios
Tabela 4 Descritores com Níveis de Impacto (NI) e referência
Tabela 5 NI de um mesmo descritor
Tabela 6 Funções de Valor (FV) do PVE 1.1 - Impacto na geração de energia
Tabela 7 NI de um mesmo descritor
Tabela 8 Funções de Valor (FV) do PVE 1.1 - Impacto na geração de Energia
Tabela 9 Funções de ancoragem do PVE 1.1 - Impacto à geração
Tabela 10 Criterios e Subcritérios e pesos de acordo com o Macbeth
Tabela 11 KKS e Anomalias nos principais sistemas críticos da UTE utilizados nesta
pesquisa
Tabela 12 Pontuações do M-Macbeth
Tabela 13 priorização de ordens de serviço para manutenção.
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................
1.1 Contextualização...............................................................................................................................
1.2 Problematização................................................................................................................................
1.3 Objetivo Geral...................................................................................................................................
1.4 Objetivos Específicos.......................................................................................................................
1.5 Justificativas....................................................................................................................................
1.6 Estrutura Da Dissertação...................................................................................................
2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................................
2.1 A Evolução da Manutenção..............................................................................................................
2.1.1 A primeira geração..........................................................................................................................................................
2.1.2 A segunda geração..........................................................................................................................................................
2.1.3 A terceira geração...........................................................................................................................................................
2.1.4 A quarta geração.............................................................................................................................................................
2.1.5 A quinta geração.............................................................................................................................................................
2.2 Tipos de Manutenção........................................................................................................................
2.2.1 Manutenção Corretiva não Planejada.............................................................................................................................
2.2.2 Manutenção Preventiva...................................................................................................................................................
2.2.3 Manutenção Preditiva.....................................................................................................................................................
2.2.4 Manutenção Detectiva....................................................................................................................................................
2.2.5 Manutenção Corretiva Planejada....................................................................................................................................
2.2.6 Engenharia De Manutenção............................................................................................................................................
2.3 Usinas Termelétricas.........................................................................................................................
2.3.1 Funcionamento de uma Usina Termoelétrica a Carvão..................................................................................................
2.4 Apoio Multicritério a Tomada de Decisão.......................................................................................
2.4.1 Conceitos de Apoio Multicritério à Decisão...................................................................................................................
2.4.2 Fases Do Processo De Apoio À Decisão........................................................................................................................
2.4.3 Abordagem Macbeth.......................................................................................................................................................
2.4.4 Software M-Macbeth......................................................................................................................................................
2.4.5 Análise de Sensibilidade e Robustez..............................................................................................................................
3 METODOLOGIA DA PESQUISA.....................................................................................................
3.1 Caracterização Da Pesquisa..............................................................................................................
3.2 Fase Informativa................................................................................................................................................................
3.3 FASE DE ESTRUTURAÇÃO.........................................................................................................
3.4 Fase de Aplicação.............................................................................................................................
4 ESTRUTURAÇÃO DO MODELO DE AVALIAÇÃO.....................................................................
4.1 Identificação do Contexto Decisório................................................................................................
4.2 Construção do Modelo......................................................................................................................
4.2.1 Definição do Rótulo........................................................................................................................................................
4.2.2 Identificação dos Atores.................................................................................................................................................
4.2.3 Identificação dos Elementos de Avaliação: Critérios de Avaliação...............................................................................
4.2.4 Construção da Árvore de Valor......................................................................................................................................
4.2.5 Descritores......................................................................................................................................................................
4.2.6 Funções de Valor (FV)..................................................................................................................................................
5 APLICAÇÃO DO MODELO MULTICRITÉRIO.............................................................................
5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................................................................................................
5.2 Análise de Sensibilidade e Robustez................................................................................................
6 CONCLUSÃO......................................................................................................................................
20

REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................
APÊNDICE A.......................................................................................................................................
APÊNDICE B.......................................................................................................................................
APÊNDICE C.......................................................................................................................................
APÊNDICE D.......................................................................................................................................

1. INTRODUÇÃO

No meio corporativo as empresas têm buscado oportunidades de melhorias, de modo a


conseguir maior eficiência dos processos internos, visando a redução de custos e otimização
dos recursos.
No atual contexto dos negócios, um dos maiores desafios das empresas é buscar gerir
o seu capital humano e seus recursos financeiros de modo a maximizar seus lucros. Os
recursos são a base da estratégia e, os grupos exclusivos de recursos geram vantagens
competitivas que levam à criação de riquezas (HOSKISSON et al., 2011). A gestão correta
desses recursos é fundamental para a sobrevivência e estabelecimento num mercado global,
em que a competição acirrada e o ambiente econômico turbulento geram um futuro de pouca
previsibilidade.
Diante disso, a economia global atual retrata um mercado cada vez mais competitivo
entre as companhias, acompanhada de uma maior demanda e exigência de seus clientes por
melhores produtos e serviços. Tal cenário tem impulsionado empresas a buscarem novas
formas de gerenciamento que as direcionam para se manterem vivas no mercado, investindo
em estudos e aplicações de ferramentas orientadas à melhoria do processo produtivo, levando
este a um melhor desempenho técnico e operacional. (PINTO; XAVIER, 2005)
No caso das plantas industriais, busca-se máxima otimização na utilização dos
equipamentos que realizam funções vitais para a produção e que ao falharem podem
interromper parcial ou totalmente a produção. Para isso, a alta administração tem buscado
melhorar a gestão da manutenção, por meio do uso de melhores práticas necessárias para
alcançar a máxima disponibilidade dos seus equipamentos.

1.1 Contextualização
21

A manutenção é uma das atividades que mais cresceu e vem crescendo no meio
industrial, visto que a sua aplicação deixou de se limitar apenas a pequenos reparos
rotineiros e passou a se tornar um setor chave para o planejamento estratégico da empresa.
A norma ABNT NBR 5462 - Confiabilidade e mantenabilidade (1994) considera que
a manutenção seja uma combinação de ações técnicas e administrativas cujo objetivo seja
manter ou recolocar um item no estado em que possa desempenhar a função requerida, o que
eventualmente exige modificações de engenharia.
A manutenção tem deixado de ser um departamento que faz somente o trabalho de
reparo, tendo uma função muito importante se tornando parte da estratégia das empresas
para alcançar metas e resultados. Devido a isso, é cada vez mais importante a função da
manutenção, principalmente em empresas de classe mundial, nas quais a elevação dos
investimentos indica a maturidade e visão de gestão do ativo desta organização.
No caso das usinas termelétricas a manutenção tem um papel crucial, visto que elas
não operam continuamente, mas somente quando são solicitadas pelo Operador Nacional do
Sistema Elétrica (ONS) de modo a complementar a geração proveniente das fontes
renováveis como as hidroelétricas, eólicas e solar. Diante disso, diariamente são realizadas
inspeções pela equipe de operação com o objetivo de avaliar a condição dos equipamentos e
os riscos ao processo de geração de modo a mitigar a ocorrência de falhas que tragam
indisponibilidade de geração. No caso de identificação de alguma anomalia, a mesma será
tratada pela equipe de manutenção por meio da abertura de notas de serviço (N. S´s).
Para garantir alta confiabilidade e disponibilidade dos equipamentos, faz-se
necessária a correta priorização de execução das ordens de serviços da manutenção, sendo
esta priorização realizada pelo departamento de Planejamento e Controle de Manutenção
(PCM). Essa priorização busca atender a criticidade dos equipamentos, que precisam ser
determinados com base em critérios de engenharia e também avaliados os riscos aos
processos operacionais.
A indisponibilidade de um equipamento pode levar a uma redução da produção na
operação de uma indústria em geral, e no caso de usinas térmicas a falha que impacta na
indisponibilidade de um ativo ou equipamento pode causar a redução da carga gerada, além
do risco da ocorrência de acidentes. Essa situação, inerente aos processos industriais, destaca
a manutenção como setor fundamental para reduzir essa probabilidade de ocorrência de
falhas. Além disso, em caso de os equipamentos possuírem maior criticidade no processo
pode vir a causar paradas indesejadas e indisponibilidade parcial ou total. Assim, a
22

criticidade das atividades a serem realizadas e a sua correta priorização, deve ser tratada
dentro do processo de gestão da manutenção como ponto de partida para o planejamento.
Hijes e Cartagena (2005) destacam que qualquer ação de manutenção tem como
objetivo inicial garantir o funcionamento do sistema e a disponibilidade do mesmo, através
da garantia da confiabilidade e da observação de que quanto mais crítico equipamento ou
sistema, maior deve ser a preocupação do planejamento de manutenção para atender as
falhas ou anomalias apresentadas durante a sua operação.
A IEC 60518 (2006) define a criticidade de um sistema como o impacto ou a
importância de um modo de falha, que exige controle e redução, e objetiva quantificar a
amplitude relativa ao efeito de cada falha, a fim de auxiliar na tomada de decisão.
O foco da análise de criticidade consiste na identificação do impacto na
indisponibilidade que os equipamentos ou sistemas causam durante determinado período de
tempo, observando as interações entre processos, modelos de confiabilidade, variações dos
parâmetros e características operacionais de cada processo (CAROT & SANZ, 2000;
TOMAIDIS & PISTIKOPOULOS, 2004).
A literatura apresenta diversos métodos já criados e estudados para análise de
criticidade, tais como: Árvore de Falhas, Avaliação de Risco, Análise Crítica dos Modos de
Falha e Efeitos (FMEA) (TOMAIDIS & PISTIKOPOULOS, 2004). Em abordagens
quantitativas, alguns indicadores são utilizados, tais como: taxa de falha, taxa de efeitos das
falhas e índices de manutenção (MIL-1629, 1980; IEC 60812, 14.2006). Em abordagens
qualitativas existem critérios operacionais específicos, baseados na experiência dos
avaliadores e especialistas (MOUBRAY, 1997; SIQUEIRA, 2009).
No entanto, os métodos quantitativos apresentam uma deficiência em comum: não
consideram as características inerentes de cada processo e sistema, assim como as suas
interações, além dos critérios operacionais específicos, tais como os critérios econômicos,
segurança e meio ambiente (TENG & HO, 2000; TOMAIDIS & PISTIKOPOULOS, 2004;
GILCHRIST, 1996). Siqueira (2009) destaca que grande parte das instalações em operação
não possuem dados matemáticos ou históricos de falhas de seus sistemas, restando a esses
uma abordagem qualitativa tradicional, a qual pode ser influenciada pela visão específica do
analista, o que pode não refletir a real necessidade de manutenção desses sistemas.
Conforme observam Zammori e Gabbrielli (2011) em circunstâncias normais de
operação, a criticidade de um sistema não resulta apenas de um fator, mas sim de vários
fatores inter-relacionados, avaliados e analisados mediante a sua importância dentro do
processo.
23

As rotas de rotinas de inspeção operacionais realizadas diuturnamente em processos


e sistemas da usina termelétrica (UTE) Pecém são essenciais para o processo de gestão dos
ativos e a garantia da geração e segurança dos equipamentos e pessoas. As observações
permitem a identificação de falhas precoces através da utilização dos cinco sentidos
humanos, e formam a base das informações para a criação das notas de serviços para
manutenção com riqueza de detalhes que permitem dar uma maior agilidade e assertividade
à solução do problema pela manutenção.

1.2 Problematização

A correta hierarquia para a priorização de resoluções de problemas a serem tratados


pela equipe da manutenção, que surgem diariamente durante a operação de uma usina
termelétrica é um fator de sucesso para o resultado do planejamento e programação das
atividades diárias de manutenção.
Neste sentido a manutenção e operação com frequência se deparam com problemas de
decisão. Como alguns desses problemas são complexos, que envolvem riscos e incertezas,
necessitando de opinião de vários especialistas, o processo deve ser estruturado, consistente e
com uma metodologia clara e objetiva. Dessa forma, o uso de métodos de tomada de decisão
com múltiplos critérios são valiosos (SHIMIZU, 2006).
O processo de gerenciamento dos recursos disponíveis para serem utilizados pela
manutenção , tais como pessoas, materiais, serviços de terceiros, recursos de caminhão
munck, guindaste, andaimes, são concentrados e geridos pela equipe de Planejamento de
Manutenção que possui uma carteira de backlog de atividades de manutenção , ou seja,
Ordens de Serviços (OS), que são em sua maioria , oriundas da inspeção em campo realizada
pelo operador que utilizando-se de inspeção sensitiva e detectiva ( utilizando os 5 cinco
sentidos do ser humano) registra suas observações nas Notas de Serviços ( NS´s) que se
transformam em OS´s após avaliação da equipe da manutenção e preparação dos recursos
necessários para resolver o problema indicado pela operação.
Diariamente são avaliados através da reunião diária, atividades que na visão da
operação são emergenciais devido ao seu elevado risco a geração, ou segurança e meio
ambiente. Sendo que o número de emergências declarada é um indicador de manutenção, pois
revela a necessidade de a Engenharia rever algum plano de manutenção ou até mesmo a sua
criação caso o mesmo não exista.
24
Início

Áreas Requisitates SAP


Identificam Falha, Dano e/ou Anomalia Gera automaticamente as demandas de
e regista NS (Nota de Serviço) no SAP Preventiva e Preditiva conforme Planos

NÃO
Planejamento
É emergência?

SIM

Planejamento
SIM
Criação da O.S e NÃO Enquadra-se no
Planejamento
alteração do status perrfil de aglutinação
Insere atividade em ordem existente
para “PEND AGFA” sistêmica?

Planejamento
Prepara O.S e altera o status para
"PROG"

A NÃO Operação SIM


Planejamento
O.S foi atendida? Altera status para "EXEC"
Insere O.S no PIM
RETRABALHO

Planejamento Planejamento
Disponibiliza a Programação para Altera o status da O.S para
Execução "ENTE"

A Execução realiza o Fim


serviço da OS A

NÃO ATENDIMENTO NÃO


AO PIM Planejamento SIM
O.S foi executada? Altera status para "CONC"
• Caso não executada por falta de material, altera o status
da OS para "AREC" e aguarda aquisição para reprogramar

Figura 01 - Mapa de Processos - Planejamento Integrado da Manutenção (PIM) – TD.001.PLA-R02


Fonte: Autor

A organização da manutenção deve estar voltada para a gestão e solução dos


problemas da produção, de modo que a empresa seja competitiva, deste modo dever ser uma
atividade reestruturada da empresa, integrada às demais atividades, que fornece soluções
buscando maximizar os resultados. (KARDEC/ALAN, 2019). A figura 01 demonstra como
ocorre o planejamento integrado da manutenção (PIM).
Para o PCM (Planejamento e Controle de Manutenção), torna-se complexo decidir
somente com os critérios de Engenharia, com a visão do equipamento somente, qual atividade
deveria ser priorizada em relação a outra, devido a uma diversidade de áreas, sistemas,
equipamentos e suas especificidades e criticidade em relação ao processo e aos riscos e
impactos envolvidos.
Diante do exposto, visualiza-se o seguinte problema da pesquisa: Como estabelecer
uma priorização eficiente das ordens de serviço de manutenção em uma usina
termelétrica?

1.3 Objetivo Geral

Propor um modelo em múltiplos critérios de apoio à decisão para priorização das


ordens de serviços da manutenção de uma usina termelétrica de modo a maximizar a
25

eficiência do atendimento das manutenções planejadas do Plano Integrado de Manutenção


(PIM), minimizando os riscos à segurança, o meio ambiente e os impactos ao processo de
geração.

1.4 Objetivos Específicos

A fim de alcançar o objetivo geral, definiu-se os seguintes objetivos específicos:

1) Identificar junto às equipes de Operação e Manutenção (O&M) as etapas e fases


utilizadas na classificação das ordens de serviços (OS´s) solicitados pela operação;

2) Desenvolver uma matriz de programação das Ordens de Serviço de manutenção com


base nos critérios e subcritérios priorizados, observando-se os riscos e consequências
associadas a falhas ou anomalias observadas nas rotas de operação;

3) Aplicar a metodologia de apoio de tomada de decisão de modo a avaliar as opções tendo


em vista os múltiplos critérios, utilizando o software M-MACBETH e propor uma
metodologia de priorização das Ordens de serviço de modo a manter a confiabilidade da
Usina Termelétrica (UTE)

1.5 Justificativas

Esta pesquisa tem como justificativas fatores de relevância socioeconômicas, pois


trata-se da busca pela melhoria contínua dos processos de manutenção e operação numa
indústria de base para o desenvolvimento socioeconômico que é a geração de energia
elétrica.
A UTE Porto do Pecém Geração de Energia S.A., é uma empresa do grupo EDP,
localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no município de São
Gonçalo do Amarante do estado do Ceará (CE), com capacidade de geração total de 720
megawatts de potência ativa, o que equivale à metade do parque gerador instalado de
energia do Ceará.
26

O objetivo desta usina é atender ao constante crescimento da demanda de energia


elétrica do Ceará, da região Nordeste e do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo
concebida a partir de um projeto que prevê a minimização dos impactos ambientais, além
do uso de alta tecnologia para tornar o processo mais limpo e eficiente
A UTE Porto do Pecém foi uma das diversas obras do governo brasileiro como parte
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sendo iniciada sua construção em julho
de 2008. O Empreendimento recebeu um investimento total de R$ 3 bilhões e contou com
o financiamento de R$ 1,4 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) e R$ 556 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A
figura 02 demonstra a quantidade de recursos de pessoas e equipamentos envolvidos na
construção deste empreendimento.

Figura 02: Construção da UTE Porto do Pecém


Fonte: https://www.bmpremoldados.com.br/obras/1-obras-industriais.html;

Durante a construção desta UTE, o empreendimento gerou no total cerca de cinco mil
empregos diretos e 11 mil postos de trabalhos indiretos, gerando um impacto relevante para o
desenvolvimento do estado do Ceará e de negócios com impacto direto no PIB, contribuindo
para elevar os investimentos no estado, conforme figura 02, e a figura 03 demonstra o
investimento absoluto Acumulado dos estados brasileiros entre os de 2008 a 2018.
27

Figura 03 - Investimento Absoluto Acumulado dos Estados Brasileiros (2008-2018), em milhões


Fonte: http://observatorio.seplag.ce.gov.br/observatorio/index.php/2019/11/26/ceara-obteve-o-4o-maior-volume-acumulado-de-
investimentos-do-pais-o-que-esta-por-tras-desse-resultado/

A unidade geradora 01 da UTE Porto do Pecém recebeu autorização de operação


comercial pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 01 de dezembro de 2012
com capacidade de geração instalada de 360 MW.
A unidade geradora 02, também com capacidade de geração instalada de 360 MW, foi
autorizada a operar comercialmente pela Aneel em 10 de maio de 2013.
A usina termelétrica Energia Pecém possui capacidade máxima de geração de energia
de cerca de 5.500 gigawatts-hora, o que é suficiente para fornecer energia elétrica a uma
cidade com aproximadamente 5,6 milhões de habitantes.
A energia gerada pela UTE é transferida para o (SIN) Sistema Interligado Nacional
por uma linha de transmissão que se conecta à rede elétrica básica por meio de uma
subestação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) a dois quilômetros de
distância da usina.
Em relação as questões de meio ambiente, vale ressaltar que cerca de 30% (trinta por
cento) de orçamento foi investido em equipamentos para controle ambiental, com redução das
emissões de modo substancial e dos resíduos do processo de produção de energia.
28

As unidades geradoras são compostas por caldeiras ou geradores de vapor, além de


geradores que são acionados por turbinas de fabricação da Siemens conforme figura 04.

Figura 04 – Turbogerador
Fonte: O Autor

O carvão mineral, é o combustível utilizado na transformação de energia química


em elétrica tendo a Colômbia como principal fornecedor. Depois de descarregado, no Porto
do Pecém, conforme figura 05, o carvão mineral é transportado pela correia do tipo tubular,
com extensão de aproximadamente 12,5 km, até a Usina.
A correia opera a uma velocidade média de quatro metros por segundo, com
capacidade de transportar 2.400 toneladas de carvão mineral por hora.
Na usina, o carvão é armazenado em um pátio e recebe uma série de cuidados
especiais, evitando a contaminação do lençol freático da região. As pilhas de carvão são
umedecidas através de um processo que tem o objetivo de evitar a dispersão de partículas
sólidas no ar.
29

Figura 05 – Turbogerador
Fonte: https://pecem.brasil.edp.com/pt-br/power-plant

A operação da usina termelétrica permitiu que o estado do Ceará aumentasse sua


produção de energia, passando da posição de importador para exportador de energia.
A usina Termelétrica do Pecém significou a chegada de investimentos e empregos,
consequentemente melhoria na qualidade de vida da população. Hoje a UTE conta com uma
equipe própria de cerca de 370 colaboradores próprios e cerca de 500 parceiros de negócios.
A manutenção é uma área estratégica do negócio, pois tem como objetivo manter os
ativos em operação segura, aplicando ferramentas e técnicas de engenharia de modo a
maximizar sua vida útil com a maior disponibilidade possível, realizando as melhores técnicas
de manutenção com o menor custo.
Atualmente na UTE Pecém, para manter seu funcionamento, existem 05 (cinco)
equipes de operação que trabalham em regime de revezamento de turnos de trabalho num
regime 6 x 4, ou seja, tem-se operadores na UTE 24 horas por dia nos 7 dias da semana.
Durante o processo de operação da UTE, a equipe realiza as inspeções através de rotas que
foram definidas através de um modelo multicritério de forma priorizada, a figura 06 e 07
apresentam a UTE em operação normal com produção de energia conforme previsto pelo
plano de geração do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro).
30

Figura 06 - Usina termelétrica Porto do Pecém geração de Energia S.A.


Fonte: https://pecem.brasil.edp.com/pt-br/institucional em 02/11/2022.

Figura 07 - Usina termelétrica Porto do Pecém geração de Energia S.A;


Fonte: Autor.

Durante as inspeções de campo (rotas) de operação as falhas e anomalias são


identificadas pelos operadores através das observações detalhadas dos equipamentos,
utilizando quatro dos cinco sentidos do ser humano (visão; audição e olfato).
Segundo Kardec e Nasciff (2012), a rota de inspeção do operador é uma das etapas da
manutenção autônoma onde os operadores de campo possuem o autogerenciamento e
controle, liberdade de ação, elaboração e cumprimento de padrões. A rota de inspeção do
operador existe para que os mesmos obedeçam às condições de uso das máquinas e operem os
equipamentos dentro das condições e limites estabelecidos, ainda segundo o mesmo autor.
Segundo Soeiro et al. (2017) os planos de inspeção definem os roteiros de inspeção,
por meio das linhas de processo, orientados por equipamentos, por similaridade, por tempo de
operação, por criticidade do equipamento na linha de processo.
31

As inspeções visuais são de extrema utilidade, pois apresentam características


importantes, como ser de simples execução, não requerer instrumentação, ter respostas
rápidas, anteceder a todas as demais intervenções de manutenção, ter potencial de prevenir o
agravamento da ocorrência, ser de fácil treinamento, sendo a experiência do profissional de
inspeção ou mesmo do operador um diferencial significativo. (Soeiro et al. 2017).
A periodicidade e a frequência da inspeção visual capacitam a sensibilidade do
inspetor ou operador na observação de alterações, por mínimas que possam ser, pois, durante
a inspeção, é possível observar padrões de ruídos, vibrações fora do esperado, identificar
temperaturas fora de padrão, ocorrência de vazamentos e o estado geral de conservação do
equipamento e instalação. (Soeiro et al. 2017).
Estas observações são anotadas em campo e posteriormente abertas as notas de
serviços (N.S) no sistema de gestão da manutenção (SAP) e estas quando abertas são
classificadas como emergente, prioritário e programável, conforme Figura 08.

Figura 08: Tela de nota de serviço (NS) do Sistema de gestão de manutenção SAP

As notas de serviços (NS) abertas pela operação são classificadas no momento da sua
criação quanto a prioridade do seu atendimento e possuem o SLA de atendimento definidos.
As Ordens de Serviços (OS) classificadas como emergentes são aquelas que devem
ser atendidas e tratada, executadas pela equipe da manutenção num prazo (SLA) de 24 horas,
a NS Emergencial leva em consideração os riscos e impactos a disponibilidade, emissões,
segurança ocupacional e meio ambiente. Seguem alguns de Notas de Serviço que a operação
considera emergenciais:

● Vazamentos de hidrogênio e óleo diesel que não podem ser isolados, vazamento de carvão

pulverizado em qualquer intensidade, falha de equipamentos importantes que possibilitam


32

a quebra parcial ou total dos mesmos e que não é possível minimizar o risco em operação,
como equipamentos que não desligam em local ou remoto, travamentos de sopradores de
vapor inseridos.

● Vazamentos de óleo de intensidade significativa (risco de incêndio/impacto ambiental);

● Vazamentos de cinza de intensidade significativa (impacto ambiental);

● Falha de equipamentos importantes na disponibilidade da planta (qualquer equipamento

que está impedindo ou poderá impedir se não for normalizado o mais rápido o possível a
disponibilidade total ou parcial da planta).

● Falha de equipamentos importantes no controle de emissões de particulado e óxidos de

enxofre (qualquer equipamento que está impedindo ou poderá impedir se não for
normalizado o mais rápido o possível o controle das emissões ambientais dentro dos
limites normativos).
As Notas de Serviços que são classificadas pela operação como prioritárias são
aquelas que devem ser tratadas e executadas pela manutenção entre 1 e 7 dias, segue
exemplos de falhas e anomalias que:

● Falhas em equipamentos redundantes ou de backup (toda falha que aumenta o risco de

perda de disponibilidade da planta por redução da redundância de equipamento);

● Falhas que causam perda de eficiência (Desvios que não afetam na disponibilidade da

planta mais acarretam desperdício de recursos ou aumento de consumo específico da


planta aumentando os custos operacionais);

● Falhas que podem evoluir para um desvio emergente (por exemplo: um gotejamento de

óleo num skid hidráulico que pode ser resolvido com um reaperto de conexão, mas que irá
aumentar, e quando aumentar será necessário desligamento do equipamento para correção,
gerando perda de disponibilidade).
As Notas de Serviço que são classificadas como programáveis são aquelas que
entram numa programação sequencial do planejamento da manutenção, como:

● Falhas que necessitam da unidade, ou de um equipamento fora de operação (não viável no

momento) para serem tratadas, como a manutenção em centros de comando de motores


(CCM).
33

● Falhas que não afetam a disponibilidade, controle de emissões, desperdício de recursos e

perda de eficiência (por exemplo: calibração periódica de equipamento, lubrificação de


rotina, etc.).
Este modelo de priorização nem sempre consegue definir a correta priorização, pois
depende da visão e experiência de cada equipe de operação, bem como da condição de
operação da usina.
No PIM (Planejamento Integrado de Manutenção) existem uma pilha de OS´s a serem
executadas pela manutenção, chamado de backlog, bem como as OS que são decorrentes das
inspeções diárias das rotas de operação e manutenções preventivas cadastradas no sistema
SAP.
Dentro do processo do PIM é previsto uma reunião semanal com o objetivo de realizar
um alinhamento entre o PCM e operação com o objetivo de consolidar a lista de atividades
que será realizada na programação da próxima semana.
A equipe do PCM avalia diariamente todas as notas abertas pela operação, a fim de
atender aos critérios de prioridade e solicitações decorrentes das reuniões diárias que ocorrem
para reforçar temas críticos e que afetam ou colocam em risco em curto ou médio prazo a
geração da UTE. Essa avaliação é decorrente da origem das OS, seguindo a seguinte
sequência como uma priorização para o PIM semanalmente;

1.º Ordens de G4, que são aquelas que envolvem risco à segurança dos colaboradores.

2.º Atividades solicitadas pela operação e da própria manutenção.

3.º Backlog Geral.

Dentro de cada uma dessas divisões, ainda se tem uma priorização quanto a criticidade
solicitada pela operação, que é determinada no ato de abertura da NS, podendo ser;

1.º Emergente.

2.º Prioritário.

3.º Programável.

Antes da transformação de uma NS em OS a equipe de planejamento observa os


seguintes pontos:
34

 Verificar se já existem NS´s já abertas para a mesma atividade.

 Verificar se o local de instalação (TAG ou KKS) está preenchido corretamente.

 Verificar se a priorização está preenchida corretamente.

Em caso de divergências, devolve-se para o emissor da NS e solicitam-se os ajustes


ou cancelamento da mesma.
Com base nisso, procura-se manter um equilíbrio de distribuição dessas OS dentro das
programações semanais, de modo a se obter um número equalizado entre as OS emergentes,
prioritárias e programadas.

1.6 Estrutura Da Dissertação


35

Figura 09 - Fluxograma da estrutura da pesquisa.


Fonte: Autor

A proposta da pesquisa foi estruturada, conforme Figura 09, na sequência a seguir:


36

 Na seção um apresenta-se a introdução do trabalho a ser realizado, contextualização e


problematização do tema, bem como explanação dos objetivos e justificativas que
levaram ao desenvolvimento da pesquisa;

 O Referencial teórico com os conceitos mais importantes, além das definições e


abordagens sobre a manutenção, com enfoque no PCM e gestão de ativos, como também
a fundamentação teórica e metodológica sobre Multiple-criteria decision analysis
(MCDA) e das etapas do processo de apoio à tomada de decisão é apresentado na seção
2;

 Por outro lado, a metodologia da pesquisa é apresando na seção 3, que contém a


caracterização, bem como as fases informativas, de estruturação do modelo e
desenvolvimento dos critérios e subcritérios.

 Seção 4: Estruturação do modelo de avaliação, contendo todas as etapas nas fases de


definição dos critérios, subcritérios e parâmetros de avaliação.

 Seção 5: Aplicação do modelo e resultados e discussões da aplicação da metodologia


escolhida,

 Seção 6: Conclusão da pesquisa realizada, bem como demonstração das referências


bibliográficas e apêndices.
.
37

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Evolução da Manutenção

A atividade de manutenção é empregada desde os primórdios das civilizações, com a


conservação de pequenos objetos e reparo de ferramentas utilizadas nas atividades diárias.
Entretanto, foi a partir da revolução industrial que a manutenção começou a ser empregada
nas indústrias e desde então vem se desenvolvendo cada vez mais rápido (COSTA, 2013).
No início dos tempos industriais, a manutenção era vista como um mal necessário.
Contudo, à medida que os processos industriais foram se desenvolvendo, era cada vez mais
nítida a sua importância. Com isso, a manutenção foi se tornando um setor indispensável para
a sobrevivência e o crescimento de qualquer companhia, visto que seus efeitos apresentam
uma implicação direta quanto ao ambiente, performance e segurança dos processos industriais
(DHILLON, 2002).
Esse desenvolvimento é relatado por Viana (2002, p.1) da seguinte maneira:
A presença de equipamentos cada vez mais sofisticados e de alta produtividade fez a
exigência de disponibilidade ir às alturas, os custos de inatividade ou subatividade se
tornaram altos, bem altos. Então, não basta se ter instrumentos de produção, é
preciso saber usá-los de forma racional e produtiva. Baseadas nesta ideia, as técnicas
de organização, planejamento e controle nas empresas sofreram uma tremenda
evolução. (VIANA, 2002, p.1)

A evolução da atividade de manutenção foi tão significativa que pode ser classificada
em cinco gerações. Para Siqueira (2016), cada fase tem sua peculiaridade, dependendo
diretamente do desenvolvimento e necessidade da produção e das políticas de gestão de cada
época.

2.1.1 A primeira geração

A primeira geração se inicia a partir de 1930, antes do período da Segunda Guerra


Mundial, quando as indústrias ainda eram pouco desenvolvidas, possuindo equipamentos
simples e superdimensionados.
Além disso, acordo com Xavier 2012, a produtividade não era tratada como uma
prioridade, visto que a demanda era maior que a capacidade produtiva, em regra geral, e,
assim, a manutenção não tinha um grande destaque. Desse modo, as manutenções sistemáticas
não eram muito utilizadas, limitando-se apenas às atividades de lubrificação e limpeza dos
equipamentos.
38

A visão da época em relação às falhas era que todos os equipamentos, com o passar
dos anos, estavam fadados ao desgaste, não ocorrendo nenhum tipo de intervenção para
prevenir isso. Com isso, a quantidade de quebra de equipamentos durante a produção era
muito alta e a principal técnica empregada era a manutenção corretiva não planejada.

2.1.2 A segunda geração

A segunda geração se passa entre os anos de 1950 e 1970, após a Segunda Guerra
Mundial. Após o período de guerra, a demanda pelos mais diversos tipos de produtos
industriais cresceu significativamente, ao mesmo tempo que a quantidade de mão de obra
disponível havia reduzido drasticamente. Consequentemente, passou-se por um forte período
de mecanização, complexidade das instalações industriais, além da necessidade de uma maior
disponibilidade dos processos em busca de maior produtividade, para atender a esta demanda
(PINTO; XAVIER, 2012).
A partir disso, passou-se a ter um maior controle das atividades de manutenção, visto
que o modelo da primeira geração, que era improdutivo e com altos custos de para o processo,
não atendia mais. Com isso, surgiu o Planejamento e Controle da Manutenção (PCM),
presente até os dias de hoje, e a manutenção preventiva baseada no tempo de operação
(SOUZA, 2009). Além disso, foi desenvolvido o conceito de manutenção preventiva, como
medida para reduzir a quebra de equipamento durante o processo produtivo (DESHPANDE;
MODAK, 2002).

2.1.3 A terceira geração

A terceira geração se inicia na década de 70, a qual teve o sistema produtivo marcado
por um grande processo de mudanças. Neste período houve o crescimento do sistema just-in-
time (JIT), originário do Japão, em 1950, nas fábricas da Toyota, e se difundiu por todo o
mundo.
O JIT representou mudanças bruscas nos sistemas de produção da época, sendo as
principais delas a produção enxuta, ou seja, diferente dos sistemas de produção em massa,
passou-se a produzir apenas o que era demandado pelo cliente. Com isso, eliminou-se a alta
quantidade de estoque de produtos acabados e matéria prima presentes nas fábricas. Além
disso, a busca pela melhoria contínua, o controle de qualidade, a estabilização de processos e
a eliminação de desperdícios se tornaram algo crucial na rotina das empresas (DENNIS,
39

2008). Ademais, esse método de produção impulsionou o crescimento da automação e


mecanização das máquinas e equipamentos.
Diante desse cenário, a importância da manutenção era cada vez mais nítida, visto que,
levando em consideração o JIT, paradas inesperadas nas linhas de produção devido às falhas
nos equipamentos acarreta atrasos na produção e, consequentemente, na entrega dos produtos
acabados aos clientes, perda do controle de qualidade, aumento nos custos para recuperação
do processo e redução dos lucros.
Assim, de acordo com Siqueira (2016), a Terceira Geração da manutenção foi marcada
pelos seguintes fatores:
● Desenvolvimento da manutenção preditiva;
● Utilização de computadores mais velozes e desenvolvimento de softwares em apoio ao
PCM;
● O conceito de confiabilidade cada vez mais empregado;
● Surgimento da manutenção centrada na confiabilidade ou Reliability Centered
Maintenance (RCM) como forma de melhorar a confiabilidade dos equipamentos;
● Surgimento da Manutenção Produtiva Total ou Total Productive Maintenance (TPM).
● A elaboração de novos projetos buscando maior confiabilidade. Este fator não se
desenvolveu tanto nessa geração, pois ainda existia uma falta de interação entre os setores
de engenharia, manutenção e operação.
● A busca da terceirização em serviços de manutenção.

2.1.4 A quarta geração

Muitos dos conceitos introduzidos e trabalhados na terceira geração continua sendo


utilizados. Na quarta geração, ocorre a consolidação da Engenharia de Manutenção, que tem
na melhoria dos indicadores de confiabilidade, disponibilidade e manutenibilidade as maiores
justificativas de sua existência. Ademais, a prática de análise de falhas se torna uma técnica
avançada para o melhorar o desenvolvimento do equipamento, do processo e,
consequentemente, da empresa (PINTO; XAVIER, 2012).
A busca por projetos que garantissem maior confiabilidade e disponibilidade foi
possível graças a maior interação entre os setores de manutenção, engenharia e operação. Vale
destacar o desenvolvimento da manutenção preditiva e monitoramento das condições. Pinto e
Xavier (2012 p.4) ratificam essa informação com a seguinte passagem:
40

Com o objetivo de intervir cada vez menos na planta as práticas de manutenção


preditiva e monitoramento de condição de equipamentos e processos são cada vez
mais utilizadas. Em consequência, há uma tendência de redução na aplicação de
manutenção preventiva ou programada, desde que ela promove a paralisação dos
equipamentos e sistemas impactando negativamente a produção. O mesmo acontece
em relação à manutenção corretiva não planejada, que se torna um indicador de
ineficácia da manutenção. (PINTO; XAVIER, 2012).

Por fim, uma das maiores mudanças nessa geração foi o aprimoramento da
terceirização em atividades de manutenção, passando-se a adotar contrato de longo prazo,
impondo metas de resultados e realizando a medição de performance através de indicadores
(NETO; SCARPIM, 2014).

2.1.5 A quinta geração

Nessa geração, as práticas adotadas na geração anterior continuam sendo mantidas e


aprimoradas, como por exemplo: aumento da manutenção preditiva e monitoramento da
condição, consolidação da terceirização por resultados, buscar por excelência da engenharia
de manutenção, implementação de melhorias das análises buscando redução de falhas, entre
outras. Como grande novidade, tem-se o enfoque nos resultados empresariais, obtidos através
do conjunto entre todas as áreas pela sistemática da Gestão de Ativos (PINTO; XAVIER,
2012).
Ativo é algo que tenha valor real, ou potencial, para uma organização. A definição
de valor pode variar entre diferentes tipos de organização e seus públicos de
interesse. Pode ser tangível, ou intangível, financeiro, ou não financeiro. Para muitas
organizações, ativos físicos costumam referir-se a equipamentos, inventários,
propriedades de posse da organização e contrapõem-se aos ativos intangíveis, não
físicos, como aluguéis, marcas, ativos digitais, propriedades intelectuais, licenças de
uso, reputação e acordos (ABRAMAN).
De acordo com a ISO 55000, o controle efetivo e governança dos ativos é fundamental
para se obter valor através do gerenciamento de riscos e oportunidades, com o intuito de
alcançar o equilíbrio desejado entre custo, risco e desempenho.
De acordo com Kardec et al. (2014), essa metodologia visa garantir o melhor
aproveitamento dos ativos, por meio de uma participação mais efetiva dos setores em todo o
seu ciclo de vida. Esse ciclo é formado pelas áreas de projeto, aquisição, instalação,
comissionamento, operação e manutenção.

2.2 Tipos de Manutenção

A ABNT NBR 5462 - Confiabilidade e mantenabilidade (1994) descreve a tarefa de


manutenção como: “Combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de
41

supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual posso


desempenhar uma função requerida”.
Analisando a história da manutenção, percebe-se que várias técnicas foram criadas
com o intuito de garantir disponibilidade, confiabilidade e máxima produtividade aos
equipamentos e processos, alinhado com a redução de custos operacionais.
De acordo com Pinto e Xavier (2012), as atividades de manutenção podem ser
classificadas em reativas, proativas e melhoria, Figura 05.

Figura 10 – Métodos de manutenção.


Fonte: Adaptado de Pinto e Xavier, (2012).

A manutenção reativa é aquela que atua após a falha do equipamento e tem como
objetivo recolocar o mesmo em funcionamento o mais rápido possível, chamado de
atendimento emergencial. Já as manutenções proativas são aquelas que agem antes que a falha
ocorra e podem trabalhar em conjunto de modo analisar a condição do equipamento a fim de
indicar qual o melhor momento para uma possível intervenção. Por fim, tem-se as atividades
de melhoria, as quais têm como objetivo otimizar as demais técnicas, por meio da análise
indicadores, desenvolvimento de projetos, terceirizações, aquisições de materiais, retrofits,
entre outros (PINTO; XAVIER, 2013).

2.2.1 Manutenção Corretiva não Planejada

De acordo com Almeida (2014), manutenção corretiva não planejada, esquematizada


na Figura 11, trata-se de uma atividade que não foi prevista anteriormente, sendo uma técnica
reativa, que atua para sanar a falha de um equipamento que está causando parada total ou
42

parcial do processo produtivo, podendo ainda apresentar riscos de acidentes aos trabalhadores
envolvidos ou danos ao meio ambiente.

Figura 11 – Etapas da atividade de manutenção corretiva não planejada.


Fonte: Dhillon (2002).

Mobley (2004) afirma que essa técnica apresenta altos custos para as empresas devido
aos seguintes pontos:
● Alta quantidade de materiais sobressalentes;
● Alta realização de horas extraordinárias;
● Baixa disponibilidade da produção.
O grande volume do estoque ocorre, visto que não se tem ideia de quando a falha irá
ocorrer e muitas vezes alguns materiais possuem um alto lead time de aquisição. Sendo assim,
é necessário sempre estar de posse dos mesmos para que no momento que a emergência
43

ocorra a equipe de manutenção possa atuar de maneira imediata. A alta quantidade de horas
extras ocorre porque, em geral, as atividades emergenciais costumam demandar maior tempo
de reparo, desde a identificação da falha até reparo do equipamento. Por fim, a parada do
sistema de maneira não prevista acaba tendo impacto direto no processo produtivo, reduzindo
a quantidade de itens fabricados e, com isso, a quantidade de vendas.
A fim de aumentar a quantidade de produtos fabricados, as empresas optam por
realizar horas extras de produção e terceirizar mão de obra, o que eleva bastante o custo de
fabricação.

2.2.2 Manutenção Preventiva

Conforme a ABNT NBR 5462 (1994 p.7), “Manutenção efetuada em intervalos


predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de
falha ou a degradação do funcionamento de um item”.
A manutenção preventiva é decorrente da análise do histórico de falhas de
determinado equipamento, bem como por recomendações do fabricante. A partir da análise
desses dados, faz-se um plano de intervenções planejadas, baseadas no tempo ou condição de
operação, a fim de prevenir a ocorrência de falhas.
De acordo com Bloom (2005), as manutenções preventivas suportam revisões
completas, restaurações e substituições de componentes em determinado intervalo de tempo
ou ciclo. Vale destacar que para este tipo de atuação, faz-se necessária a parada do
equipamento.
Para determinar os intervalos dessas atividades, deve-se levar em consideração alguns
aspectos, como custo operacional, segurança dos colaboradores e os impactos ao meio
ambiente (MOBLEY, 2008).
Na Figura 12 é possível verificar a execução das manutenções preventivas, analisando
parâmetros de desempenho do equipamento e tempo de paralisação, além de realizar um
comparativo com uma atividade corretiva não programada. A partir dessa comparação,
percebe-se que as preventivas demandam um tempo menor de parada do equipamento que as
corretivas, além de se tratar de interrupções previstas.
44

Figura 12 – Histórico de manutenção preventiva e corretiva em determinado período.


Fonte: Adaptado de Pinto e Xavier (2012).

A manutenção preventiva, se possível, deve ser realizada durante um período de


parada programada da produção, ou seja, por oportunidade. Com isso, reduz-se, futuramente,
uma nova parada no equipamento para a realização dessa atividade, além de reduzir a
ocorrência de manutenções corretivas não planejadas, gerando redução dos custos produtivos
e maior disponibilidade operacional (MOBLEY, 2004).

2.2.3 Manutenção Preditiva

Manutenção preditiva é a técnica que intervém no equipamento on-line, em


funcionamento, por meio de inspeções rotineiras com o intuito de verificar a condição
individual dos componentes e, consequentemente, do equipamento. Essa análise é feita por
meio da verificação de alguns parâmetros, como temperatura, corrente elétrica, voltagem,
vibração, desgaste de espessura, entre outros (DUTRA, 2019).
Essa técnica surgiu da necessidade de se obter maior disponibilidade e aumentar a
produtividade dos processos produtivos, os quais estavam sendo impactados pela grande
quantidade de paradas dos equipamentos, muitas das quais eram feitas de maneira
equivocada. (RAZA; ULANSKY, 2017)
A Figura 8, chamada de Curva P-F, demonstra como é o procedimento de
identificação e acompanhamento da deterioração do componente.
45

Figura 13 – Curva P-
Fonte: Teles (2019).

De acordo com Moubray (1997), essa curva tem início no ponto em que é possível
identificar a queda de desempenho do componente, provavelmente causado pela deterioração
do mesmo, chamado de falha potencial (Ponto P). A partir daí o desempenho cai de maneira
acelerada até chegar ao final da curva, chamado de falha funcional (Ponto F).
O intervalo P-F, ponto de identificação da falha potencial até a falha funcional, pode
variar, dependendo do tipo de equipamento e das condições as quais ele está sujeito.
Geralmente, determina-se o tempo desse período pelo histórico de análises
realizadas e pela experiência da equipe de preditiva (PINTO; XAVIER, 2013).

Desse modo, é possível realizar a programação da atividade, de modo a comprometer


minimamente o setor produtivo. Além disso, os custos de reparo são reduzidos, visto que é
possível eliminar danos secundários causados pela falha funcional do componente, além de
reduzir as horas extraordinárias. Por fim, obtém-se uma intervenção mais segura, partindo do
princípio que com o alerta de falha é possível realizar o desligamento do sistema e retirada
das pessoas, antes que a situação se torne perigosa (MOUBRAY, 1997).
De acordo com Almeida (2015), a utilização das técnicas preditivas pode trazer as
seguintes vantagens:

● Planejamento mais assertivo por parte do PCM, reduzindo a drasticamente a quantidade

de paradas de equipamento;

● Maior disponibilidade do processo produtivo;

● Melhor aproveitamento da vida útil dos componentes;

● Maior assertividade nas de aquisições de materiais;

● Redução dos custos de reparo;

● Maior segurança na execução das tarefas;


46

● Aumento na qualidade de produtos e serviços.

2.2.4 Manutenção Detectiva

Manutenção detectiva é a técnica utilizada em sistemas de proteção, comando e


controle, que visa detectar a presença de falhas ocultas. Esses sistemas, conhecidos como trip
ou shut-down, não operam continuamente, sendo atuados somente quando ocorre alguma
variação no processo que possa vir a comprometer a integridade dos equipamentos, o meio
ambiente ou a segurança dos envolvidos (PINTO; XAVIER, 2012).
Devido à falta de manutenção detectiva é possível que processos operem por longos
períodos com seus sistemas de proteção sem funcionar e que tais falhas só sejam identificadas
no momento de necessidade de atuação.
Por outro lado, a atuação indevida desses sistemas também traz consequência, como
relatado. A atuação indevida de um sistema de trip ocasiona, obviamente, a parada
do equipamento e, consequentemente, a cessação da produção, na maioria dos casos.
O que se segue imediatamente à ocorrência (indevida) do trip é um estado de
ansiedade generalizada para entender a ocorrência. Isso normalmente leva algum
tempo, pois vários checks devem ser feitos. O ideal seria não colocar uma máquina,
um sistema ou uma unidade para operar sem que as razões que levaram à ocorrência
do trip sejam descobertas e/ou confirmadas. (PINTO; XAVIER, p. 66).

2.2.5 Manutenção Corretiva Planejada

Esta técnica se trata de uma atividade programada que visa corrigir uma anomalia no
equipamento de maneira prematura antes que o mesmo venha a falhar, causando redução ou
parada total da produção. (PINTO; XAVIER, 2012). Bandeira (2019 p.23), complementa esta
atividade com a seguinte afirmação:
A aplicação dessa metodologia permite ao PCM programar a parada do equipamento
no momento mais apropriado, de modo a comprometer minimamente a produção.
Além disso, reduz-se os riscos de acidentes ao meio ambiente e à segurança dos
colaboradores. (BANDEIRA,2019 p.23
O segredo do sucesso da manutenção corretiva planejada está diretamente relacionado
às técnicas de inspeção, uma vez que somente de posse da condição das máquinas é possível
realizar a intervenção programada (PINTO; XAVIER, 2013).

2.2.6 Engenharia De Manutenção

A engenharia de manutenção veio como uma mudança de paradigma em relação às


demais, visto que não se trata de uma técnica exequível, mas sim um suporte técnico que visa
47

estudar e solucionar problemas mais complexos que demandem maior conhecimento por parte
do corpo técnico, permitindo que sejam implantadas e consolidadas ferramentas que garantam
maior produtividade e facilitem o dia-a-dia dos envolvidos nos processos produtivos
(BANDEIRA, 2019).
De acordo com Pinto e Xavier (2012), as principais atribuições pertinentes à
engenharia de manutenção são:

● Melhorar indicadores como confiabilidade, disponibilidade e manutenibilidade de

equipamentos e sistemas;

● Eliminar problemas crônicos e tecnológicos;

● Gerir materiais, sobressalentes e contratações;

● Desenvolver, em conjuntos com outros setores, novos projetos de melhoria;

● Elaborar planos de manutenção e inspeção, bem como realizar suas análises

periodicamente;

● Acompanhar indicadores de manutenção;

● Fornecer suporte técnico às equipes de execução;

● Melhorar capacitação das equipes;

● Realizar análise de falhas;

● Aumentar a segurança do processo.

2.3 Usinas Termelétricas

As usinas termelétricas são aquelas que fazem uso da energia liberada por algum
produto e, dessa maneira, conseguem gerar energia elétrica, operando segundo o ciclo
Rankine ou Brayton (ÇENGEL; BOLES, 2013).
A energia necessária para a operação dessas plantas se dá pelas mais diversas fontes,
como combustíveis fósseis, geotérmica, nuclear, solar, biomassa, incineração de resíduos,
48

entre outros (BORGES NETO; CARVALHO, 2012). Dentre os diversos meios utilizados,
faz-se grande uso dos combustíveis fósseis, sendo o carvão um dos mais tradicionais.
Conforme Moran e Shapiro (2013), os principais sistemas que constituem uma planta
termelétrica a combustível fóssil, presentes na Figura 14, são:

● Sistema de geração de vapor de água por meio da combustão de um energético, no interior da

caldeira;

● Sistema de geração de energia, formado pelo conjunto turbo gerador;

● Sistema de condensação de vapor, formado pelo condensador, torres de resfriamento e

bombas de água de reposição;

● Sistema de alimentação de água da caldeira, composto pelas bombas de alimentação.

Figura 14 – Planta de termelétrica a vapor e seus principais sistemas


Fonte: Moran e Shapiro (2013).
Mesmo com todo o apelo ambiental referente à redução da utilização dos combustíveis
fósseis e o incentivo cada vez maior às fontes renováveis, o carvão continua apresentando
uma posição de destaque no cenário energético mundial, conforme verificado na Figura 10.
49

Figura 15 – Matriz energética mundial em 2018


Fonte: EPE (2020).

Contudo no Brasil o cenário energético é bem diferente do restante do mundo, visto


que, mesmo a maior parte da energia sendo proveniente dos combustíveis fósseis, o uso de
fontes renováveis possui grande destaque, como mostra a Figura 11, o qual tende a crescer
bastante ao longo dos próximos anos.

Figura 16 – Matriz energética brasileira em 2019.


Fonte: EPE (2020).
50

Conforme a Figura 16, é possível perceber que o consumo energético a partir do


carvão mineral tem pouca relevância no cenário nacional, respondendo por apenas 5,3% de
toda a energia gerada no país.

2.3.1 Funcionamento de uma Usina Termoelétrica a Carvão

Inicialmente, o carvão armazenado no pátio é transportado até os silos dos


alimentadores dos moinhos. Dentro dos moinhos, ocorre a moagem do carvão até que o
mesmo atinja a granulometria ideal de combustão antes de ir para a caldeira. A fim de garantir
que só passe carvão pulverizado na granulometria ideal os moinhos contam com
classificadores dinâmicos. Após sair dos moinhos, o carvão pulverizado, antes de entrar na
caldeira, é pré-aquecido pelo ar proveniente dos ventiladores primários. Esses ventiladores
conduzem o ar até o carvão que está sendo transportado até a caldeira. Essa etapa, além de
aumentar a energia térmica presente no processo, garante que o carvão esteja seco e pronto
para a combustão. (BARROSO, 2018).
No interior da caldeira, o carvão pulverizado é misturado com o ar de combustão
fornecido pelos ventiladores de ar forçado e com ajuda a dos queimadores, por meio do
processo de ignição, passa pelo processo de combustão, gerando energia térmica para a
produção de vapor que vai para as turbinas e gases provenientes do processo de combustão.
Esses gases são retirados da caldeira pelos ventiladores induzidos e conduzidos até a chaminé
(BARROSO, 2018).
Contudo, antes de serem liberados na atmosfera, os gases de combustão precisam
passar por um tratamento a fim de controlar as emissões de poluentes como óxidos de
enxofre, nitrogênio, carbono e cinzas leves. Para isso, esses gases passam pelo sistema de
filtração de gases de combustão, mais conhecido como Flue Gas Desulfurization (FGD), que
pode ser verificado na Figura 17.
Após serem retirados da caldeira, os gases de combustão vão em direção ao Spray
Dryer Absorber (SDA) onde entram em contato com um absorvente altamente reativo que é
atomizado pelo atomizador rotativo. O contato dessas substâncias resulta na neutralização dos
ácidos presentes nos gases de combustão, além de reduzir sua temperatura. Enquanto a reação
ocorre, a água presente no absorvente evapora e forma-se um pó seco, do qual uma parte se
deposita no fundo da câmara do absorvedor onde será descartada (GEA, 2021).
Após sair do SDA, os gases de combustão, agora resfriados, passam pelos filtros de
mangas que removem as cinzas leves presentes e o restante do pó seco produzido no SDA.
51

Depois desse processo, os gases de combustão com concentração reduzida de poluentes, de


acordo com padrões estabelecidos pelos órgãos ambientais, são expelidos pela chaminé
(GEA, 2021).

Figura 17: Processo de controle de poluentes de uma usina termelétrica a carvão.


Fonte: GEA (2021).

O vapor superaquecido produzido na caldeira é conduzido até a turbina onde sofre o


processo de expansão, convertendo energia térmica em mecânica, a partir da rotação do eixo
da turbina. Acoplado ao eixo desse equipamento, existe um gerador elétrico que converte a
energia mecânica, proveniente da rotação do eixo, em elétrica (ÇENGEL; BOLES, 2013).
Após essa etapa, o vapor, agora a baixa temperatura e pressão, é conduzido até o
condensador, onde é condensado devido à troca térmica com a água vinda da torre de
refrigeração. Essa água recebe calor do vapor e volta para a torre de refrigeração, onde é
resfriada para retornar ao sistema de circulação, o qual é garantido a partir do funcionamento
das bombas de água de circulação (ÇENGEL; BOLES, 2013).
Após esse processo, a água presente no condensador vai para o desaerador, por meio
das bombas de extração de condensado. No desaerador ocorre a eliminação de gases não
dissolvidos na água, a fim de evitar a corrosão do sistema. Após a filtração, a água é levada
até a caldeira pelas bombas de água de alimentação, onde receberá energia térmica
proveniente da combustão do carvão pulverizado (STUCHI; TACONELLI; LANGHI, 2015).
Todos os processos mencionados anteriormente, responsáveis pela continuidade do
ciclo Rankine, podem ser verificados na Figura 13.
52

Figura 18: Processo de geração de energia elétrica a partir da combustão do carvão mineral.
Fonte: Drbal, Boston e Westra (1996).

2.4 Apoio Multicritério a Tomada de Decisão

Quando se trata do método multicritério de tomada de decisão, é necessário


compreender a base teórica da tomada de decisão que está na base do método Multiple-
Criteria Decision Analysis (MCDA).
Considerando as mais diversas perspectivas como forma específica de avaliação, a
tomada de decisões que envolvem o cotidiano das pessoas pode ser muito complexa, o que
pode levar a um conjunto de alternativas que podem considerar múltiplos padrões conflitantes
(GOMES (2007 e MORAIS, 2006).
Almeida (2013) confirmou que, em problemas envolvendo múltiplas perspectivas,
duas alternativas a serem escolhidas são influenciadas por múltiplos critérios, muitas vezes
conflitantes entre si.
Gomes (2007) destacou que a tomada de decisão leva direta ou indiretamente à
escolha de uma das diferentes alternativas que podem ser aplicadas para a resolução de um
problema específico.
53

Gomes e Gomes (2014) enfatizam que é sempre necessário enfrentar um problema


com múltiplas soluções antes de tomar uma decisão. Desta forma, a teoria da decisão é
determinada como a previsão de possíveis situações sob uma série de procedimentos e
métodos analíticos que podem garantir a consistência, eficácia e eficiência das decisões
tomadas frente às informações disponíveis.
De acordo com a pesquisa de Bana e Costa (2012), a tomada de decisão das
organizações públicas e privadas depende da atividade humana, e nela o julgamento dos
gestores tem papel fundamental. Portanto, integrar a tecnologia da informação à tomada de
decisão humana por meio do uso de tecnologias e ferramentas de suporte à decisão é
suficiente para responder à questão principal de como representar esse juízo de valor em
números.
De acordo com GOMES et al (2006), o suporte multicritério à decisão é um campo
dinâmico de conhecimento e pesquisa que visa apoiar tomadores de decisão e negociadores,
ajudando na resolução de problemas, possibilitando a ampliação de argumentos e ampliação
de capacidades de aprendizagem e compreensão.
A abordagem multicritério para o suporte à decisão envolve a integração da
inteligência humana, tecnologia da informação e software (SPRAGUE JR e WATSON,
1991).

2.4.1 Conceitos de Apoio Multicritério à Decisão

Os métodos de suporte à decisão de vários critérios são projetados para avaliar


situações mais complexas, com base em um conjunto diferente de indicadores quantitativos e
qualitativos incluindo indicadores físicos, financeiros, de entrada, de produto, de processo e
de resultado), que podem ser usados para fornecer suporte como técnicas de análise
(SILVEIRA JR, 2016).
De acordo com Huang, Keisler e Linkov (2011), os métodos de tomada de decisão
envolvendo multicritério podem avaliar várias opções, porque em processos de tomada de
decisão mais complexos, os critérios de decisão para classificar, selecionar ou descrever um
conjunto de alternativas são diferentes.
Cavalcanti (2007) e Pinheiro, Souza e Castro (2008) ratificam que a MCDA auxilia na
tomada de decisão nos seguintes aspectos: seleção, ordenação ou classificação de ações
visando a análise de questões para tomadas de decisões mais complexas e polêmicas, com o
54

objetivo de escolher as melhores alternativas, levando em consideração vários padrões e


estruturas existentes, agregando os julgamentos de valor dos agentes.
Os métodos multicritério visando apoiar a tomada de decisão são ferramentas
utilizadas para escolher, classificar ou descrever em detalhes as alternativas que apoiam a
tomada de decisão, ou podem também realizar a análise e avaliação de situações existenciais
originadas de decisões anteriores (GOMES, 2007).
Segundo Gomes (2007), os métodos multicritérios de apoio à decisão são bastante
versáteis, podendo ser utilizados em diversas áreas do conhecimento, levando em
consideração a capacidade de trabalhar tanto com aspectos quantitativos quanto qualitativos.

2.4.2 Fases Do Processo De Apoio À Decisão

De acordo com Bana e Costa, Meza e Oliveira (2013) o processo de apoio à


decisão possui três principais fases, conforme mostra a Figura 14:

Figura 19: Processo de geração de energia elétrica a partir da combustão do carvão mineral.
Fonte: Adaptado de Ensslin (2010)

1. Estruturação: trata-se da formulação do problema e identificação dos objetivos, além de


fazer uma análise qualitativa das opções e seus impactos;
2. Avaliação: trata-se da elaboração de um modelo para tomada de decisão, levantando a
importância dos critérios definidos, conforme informações anteriormente levantadas.
3. Recomendação: trata-se da aplicação do modelo proposto na fase anterior, utilizando-se a
ponderação dos critérios sugeridos para apoiar a decisão. Adiante, são realizadas as
55

análises de robustez e sensibilidade.


A análise do contexto de tomada de decisão deve ser seguida pelas fases de
estruturação, avaliação e recomendações (BANA et al., 2013).
Conforme Silveira (2007), as fases devem seguir uma sequência diferente, sendo a
estruturação do modelo a primeira fase do processo, visto que nela o problema está
contextualizado e identificado, além de estabelecer o rótulo, os EPAs, orientação dos EPAs e
a justificativa da área, bem como a confecção dos mapas de relações meios e fins, os clusters,
determinação dos pontos fundamentais (PVF) e os descritores.
É preciso estudar detalhadamente a problemática para posterior estruturação do
modelo. De acordo com Gomes, Araya e Carignano (2011), há quatro abordagens de
problemáticas, conforme Figura 14.
1. Problemática de descrição (P.δ) - abordagem em que é realizada a descrição das
alternativas;
2. Problemática de classificação (P.β) - abordagem em que é realizada a classificação das
alternativas;
3. Problemática de ordenação (P.γ) - abordagem em que é gerada a ordenação das
alternativas;
4. Problemática de escolha (P.α) - abordagem em que são escolhidas as melhores
alternativas.

Figura 20 - Problemáticas de apoio à decisão.


Fonte: Castro (2008)
56

Corrobora Reichert (2012) que a fase de estruturação é extremamente importante na


criação do modelo de multicritério para apoio à tomada de decisão, sendo nesta fase a
definição do problema, os atores, identificação e operacionalização dos elementos.
Segundo Silveira (2007), a avaliação como segunda etapa do processo decisório, é
formada pelas taxas de substituição, funções de valor, perfil de impacto das ações potenciais,
análise de sensibilidade e fórmula de agregação aditiva.
Ainda de acordo com Silveira (2007), a terceira fase é a sugestão do modelo, a qual
permite fazer últimas considerações sobre o modelo, gerando recursos para desenvolvimento
de um plano de ação, com intuito de contribuir para a melhoria do processo. Silva (2017)
destaca que esta fase se enquadra como uma medida de suporte que assiste o decisor na
melhor compreensão do problema por meio da ponderação dos critérios, aumentando a
confiança no momento da decisão.

2.4.3 Abordagem Macbeth

Dentre as diversas abordagens utilizadas na metodologia multicritério para apoio à


decisão, uma das mais importantes é a MACBETH, a qual permite analisar opções,
considerando os múltiplos critérios. Este método se difere dos outros, pois é baseado em
critérios ponderados e nas alternativas existentes validadas qualitativamente (BANA E
COSTA; MEZA; OLIVEIRA, 2013).
Idealizado no começo da década 90 pelos professores Dr. Carlos Bana e Costa e Dr.
Jean Claude Vansnick, o MACBETH é acrônimo de Measuring Attractiveness by a Category
Based Evaluation Technique (ou medir a atratividade por uma técnica de avaliação baseada
em categorias), é uma metodologia que ocorre da utilização de categorias semânticas de
diferença de atratividade, fazendo-se a medição da atratividade por meio uma técnica de
avaliação categórica, em outras palavras, a técnica propõe o comparativo de duas opções e a
definição da diferença de atratividade entre elas, considerando as seguintes opções: nula,
muito fraca, moderada, forte, muito forte ou extrema (BANA et al., 2011).
Essa é uma característica do MACBETH que facilita o processo ao decisor, que em
muitos casos tem dificuldade em atribuir uma nota aos níveis de impacto das alternativas e
aos critérios de avaliação (MAGALHÃES et al CASTRONEVES., 2016).
Na Figura 21, observam-se diversas metodologias de apoio à decisão baseado em
multicritérios, com destaque para o MACBETH, que fará parte deste estudo.
57

Figura 21 - Metodologia Multicritérios de Apoio à Decisão


Fonte: Adaptado de Figueira, Greco e Ehrgott (2005)

O MACBETH transforma escalas ordinais em cardinais, baseando-se em juízos


absolutos sobre a diferença de atratividade entre os níveis de escala ordinal. (ENSSLIN et al.,
2011).

Figura 22 – Fases do processo MACBETH de apoio multicritério à decisão


Fonte: Bana e Costa et al., (2013)

Conforme Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001, p. 195) “o MACBETH faz uso
de um procedimento que consiste em questionar os decisores para que expressem verbalmente
a diferença de atratividade entre duas ações potenciais a e b (com a mais atrativa que b)”. O
MACBETH faz uso de uma escala semântica de diferenças de atratividade, composta por sete
categorias:
1) C0 – nenhuma diferença de atratividade (indiferença);
2) C1 – diferença de atratividade muito fraca;
58

3) C2 – diferença de atratividade fraca;


4) C3 – diferença de atratividade moderada;
5) C4 – diferença de atratividade forte;
6) C5 – diferença de atratividade muito forte;
7) C6 – diferença de atratividade extrema.
Martins, Ensslin e Ensslin (2018) afirmam que, quando da transformação das escalas
ordinais em escalas cardinais, o valor zero é atribuído ao nível neutro e 100 ao nível bom. O
grau de diferença de atratividade entre os níveis acima, abaixo ou entre os níveis de referência
é realizado pelo julgamento semântico, por meio de verificação par a par, utilizando-se o
software M-MACBETH. Adiante, são verificadas as taxas de compensações que informam
relativamente à importância de cada critério para o modelo, as quais também são definidas
pelo software por meio do julgamento semântico para obtenção dos resultados.

2.4.4 Software M-Macbeth

Para os decisores, a avaliação de alternativas envolvendo critérios múltiplos possui


um grau de dificuldade no momento de atribuir diretamente um valor numérico
considerando o grau de impacto dos critérios.
O MACBETH é um método de julgamento semântico, onde as funções de valor são
obtidas através de julgamentos semânticos feitos por meio da comparação da diferença de
atratividade entre duas linhas de ação, sempre aos pares, facilitando, desta forma, o decisor
estabelecer o julgamento. Para manter a coerência mediante um aumento na quantidade de
alternativas e critérios, Bana e Costa et al., (2001) desenvolveram o software M-MACBETH
que é um programa computacional de apoio à decisão multicritério, o qual faz análise de
coerência cardinal em semântica, sugerindo, se preciso, como confrontá-la. Atuando de
maneira interativa, o programa constrói uma escala cardinal de valor sobre o conjunto de
opções após a elaboração dos julgamentos sobre as diferenças de atratividade.
De acordo com Bana Consulting (2005), M-MACBETH é um sistema multicritério
de apoio à tomada de decisão, concebido para ser utilizado por um facilitador ou analista,
sempre guiado pelo princípio construtivista.
59

No construtivismo, enquanto paradigma orientador da metodologia MCDA, o


processo decisório ocorre por meio da interação entre os diversos atores envolvidos na
criação de aprendizagem, considerando-se os aspectos subjetivos desses atores, como,
objetivos, valores critérios, cultura, aspirações, intuição, preferências, entre outros
(GOMES, 2007).

2.4.5 Análise de Sensibilidade e Robustez

De acordo com Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001), os decisores constroem


duas preferências de forma coletiva a seus juízos de valores, não podendo ser mensurados
facilmente em termos cognitivos, de igual modo que seus parâmetros não podem ser
verificados como valores exatos, mas sim, por um intervalo de valores que são retratados no
modelo por um ponto.
A análise de sensibilidade de um modelo, possibilita a identificação de qual ponto é
mais sensível à mudança de valores, provocando distintas propostas para as variáveis.
Diante disso, avalia-se quais as maneiras para fortalecer os parâmetros ou dados
sensíveis do modelo (ALMEIDA, 2013).
Segundo Belton e Stewart (2002), a análise de sensibilidade serve para detectar se as
conclusões realizadas preliminarmente de um modelo são robustas ou sensíveis a alterações.
Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001) comentam sobre algumas fontes
geradoras de imprecisão passíveis de ocorrência em modelos multicritérios de avaliação, as
quais justificam a execução da análise de sensibilidade para validar sua robustez, sendo, se
necessário, realizar os devidos ajustes.
Ainda de acordo com Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001), as principais fontes
de imprecisão são as seguintes:
● Devido à complexidade do contexto decisório, às vezes, os decisores definem modelos
que em sua essência, não fornecem bases adequadas para a devida avaliação;
● Às vezes, os modelos definidos baseiam-se tão somente no presente, ou em situações
passadas, de modo que podem não serem aderentes a situações futuras;
● Alguns modelos preocupam-se com medidas exatas e apresentam indecisão quanto ao que
se deve medir, de modo a desconsiderar a essência de tais modelos, principalmente o fato
de que as representações numéricas devem ser apenas “ordens de magnitude” e não
quantidades exatas; e
● Sendo a metodologia calçada no paradigma construtivista, segundo o qual as preferências
são construídas, e não descobertas, o facilitador desavisado pode influenciar as respostas
60

dos decisores e, com isso, desvirtuar a versão final do modelo.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Nesta etapa da pesquisa objetivou-se a descrição dos aspectos metodológicos


necessários para se atingir os objetivos que foram propostos, descrevendo as características da
pesquisa nas suas etapas de construção: informativa, estruturação, desenvolvimento e
aplicação.

3.1 Caracterização Da Pesquisa

De acordo com Kauark, Manhães e Medeiros (2010), a classificação dos tipos de


pesquisa é a base da metodologia da estratégia de pesquisa, havendo múltiplas formas de
classificação de acordo com a natureza da abordagem (assunto), do propósito (objetivo) e dos
procedimentos efetivados para alcançar os dados (meio).
Com relação aos objetivos, a pesquisa se apresenta como descritiva e parte como
exploratória, pois, segundo Gil (2007), pesquisa descritiva envolve o uso de técnicas
61

padronizadas de coleta de dados: questionários e observações sistemáticas. Por meio da


investigação, descreve as características de um determinado fenômeno, ou seja, o
estabelecimento de relações entre variáveis. A pesquisa exploratória inclui pesquisa
bibliográfica e entrevistas com pessoas que têm experiência prática com a questão de
pesquisa.
Segundo Silva e Menezes (2005), uma pesquisa de natureza aplicada gera
conhecimento para aplicações práticas e visa resolver problemas específicos e envolve os
interesses dos participantes da pesquisa. Para Vergara (2016), a motivação para a pesquisa
aplicada é a curiosidade do pesquisador e seu nível de especulação em encontrar a resposta
real para o problema.
Por outro lado, Oliveira et al. (2012), quanto à abordagem do problema a pesquisa,
pode ser:
a) Pesquisa qualitativa: existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,
um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode
ser traduzido em números. Geralmente os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente;
b) Pesquisa quantitativa: baseada no fato que tudo pode ser quantificável, ou seja, deve se
traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, com auxílio
de métodos estatísticos.
Neste contexto, essa dissertação é uma pesquisa de caráter quali-quantitativa, com a
participação de um grupo de especialistas em operação de usina termelétrica onde, num
primeiro momento, serão desenvolvidas as árvores e tabelas funcionais dos sistemas e pontos
monitorados de um processo de produção de energia elétrica de uma termelétrica, por meio de
um brainstorming, que é uma conferência de criatividade, com o propósito de criar uma lista
de ideais que buscam a solução de determinado problema e, posteriormente, estas ideias
podem ser avaliadas e tratadas (OSBORN, 1987). Ainda dentro da fase de coleta de dados,
será realizada etapa de validação das árvores e tabelas funcionais dos sistemas e pontos
monitorado, bem como definição dos critérios e subcritérios para avaliação de criticidade por
grupo de especialistas em operação de usina termelétrica.
Numa segunda etapa, será utilizado o método Delphi como técnica de investigação em
duas rodadas, tendo em vista a complexidade da avaliação e os impactos de falhas no
processo de geração de energia elétrica, onde serão possíveis a criação de um ranking de
critérios e subcritérios e a obtenção maior grau de consenso atingido pelos especialistas.
62

Para Linstone e Turoff (2002) o método Delphi é definido como “um método para
estruturar um processo de comunicação coletiva de modo que este seja efetivo, ao permitir a
um grupo de indivíduos, como um todo, lidar com um problema complexo”. Assim, a partir
desse desenvolvimento metodológico, o Delphi é considerado uma técnica sistemática para
coletar as opiniões, válidas cientificamente, de especialistas sobre determinado assunto
(DALKEY, 1969).
Marques e Freitas (2018) enfatizam outra potencialidade do Delphi: a identificação de
saberes, competências ou habilidades de um determinado profissional. Observam-se na Figura
5 as etapas genéricas para desenvolvimento de um estudo Delphi.

Figura 23 – Processo genérico de uma aplicação Delphi


Fonte: Autoria própria (2021).

De acordo com Vieira, Oliveira e Bana e Costa (2019), vários estudos encontrados na
literatura têm utilizado o método Delphi em apoio ao Modelo de Estruturação da Análise
Multicritério de Decisão (MCDA), para selecionar e definir os critérios de avaliação.
Após a etapa qualitativa, será utilizada a metodologia multicritério MACBETH para
apoio na determinação de pesos para os critérios e a ordenação dos pontos monitorados,
trazendo um caráter quantitativo para o estudo.

3.2 Fase Informativa

O plano de trabalho detalhando todas as etapas a serem utilizadas faz parte da primeira
fase desta pesquisa científica, que também inclui a seleção de temas, formulação de
problemas, especificação de objetivos, estabelecimento de hipóteses e aplicação de métodos.
Gerhardt e Silveira (2009) enfatizam que o desenvolvimento da pesquisa científica, o
esclarecimento de fenômenos ou fatos depende da coleta de dados realizada pelos
pesquisadores. Segundo o autor, as técnicas de coleta de dados ou ferramentas de coleta de
dados são: pesquisa bibliográfica, pesquisa de literatura, pesquisa eletrônica, questionários,
formulários, entrevistas, observações e diários de campo/notas de campo.
63

Esta pesquisa consiste em três instrumentos de coleta de dados: entrevistas, pesquisa


bibliográfica e levantamento por questionário. Para Lakatos e Marconi (1996), a pesquisa
bibliográfica visa expor os pesquisadores a todos os conteúdos sobre o assunto.
A pesquisa foi do tipo caso participante, realizada em uma usina termelétrica a carvão
com 02 (duas) unidades geradoras de 360 MW, totalizando 720MW, onde as equipes de
manutenção realizam os diversos tipos de manutenção preditiva, preventiva e corretiva nos
equipamentos a fim de manter a disponibilidade da operação da UTE.
Conforme estudo realizado, utilizando-se de uma abordagem qualitativa e quantitativa
(quali-quanti), pois como característica qualitativa tem-se a participação de um grupo de
especialistas das áreas de O&M, que através da realização de um brainstorming, criaram
critérios e subcritérios como forma de priorizar as ordens de serviços da manutenção,
posteriormente validados e ordenados os mais relevantes por um grupo maior de especialistas
através de uma pesquisa.
Após a realização da etapa qualitativa, com a utilização da caracterização de um
modelo de critérios e subcritérios resultados da participação de um grupo maior de
participantes da Operação e Manutenção do Brasil e Portugal, os quais irão avaliar a
priorização de ordens de serviço da manutenção, será utilizado o método Macbeth de apoio à
decisão que permite avaliar opções levando em conta múltiplos critérios.
A ferramenta ou técnica de brainstorming combina a associação de ideias com a
liberação da imaginação, de modo promover a criatividade e a inovação com associação de
ideias para resolver um problema, tendo o caráter qualitativo e como ferramenta aplicada na
fase de planejamento da pesquisa.
Conforme seu criador, o brainstorming, é uma conferência de criatividade, com o
propósito de criar uma lista de ideias que buscam a solução de determinado problema e
posteriormente estas ideias podem ser avaliadas e tratadas (OSBORN, 1987).
Com o objetivo de dar relevância e consistência na etapa de coleta de dados, após a
aplicação da técnica do brainstorming com seis especialistas, será utilizado formulário de
pesquisa utilizando o Web Delphi, utilizando-se das informações dos especialistas do Brasil e
Portugal, de modo a dar credibilidade à pesquisa.
Com o intuito da qualificação dos dados desta pesquisa científica, foi realizada coletas
de dados com a utilização de ferramentas de coleta, através de pesquisa bibliográfica,
observações de campo, pesquisa documental, pesquisa eletrônica, questionário e entrevistas.
Com base no conteúdo da bibliografia e pesquisa documental do referencial teórico
encontrado sobre o tema em questão, onde foi realizada revisão da literatura. Utilizou-se uma
64

seleção de artigos de periódicos, dissertações de mestrados, livros e normas técnicas que


possuem alguma contribuição relevante à pesquisa.
Em relação a fase de pesquisa eletrônica e web pode se destacar os sites relacionados a
Manutenção: GOOGLE SCHOLAR, CAPES PERIÓDICOS, ABNT, ABRAMAN, SCIELO,
EBSCO, e, com as palavras chaves “modelos multicritérios", “critério e subcritérios” e
“Priorização de Manutenção”, utilizando os seus respectivos nomes na língua inglesa

3.3 FASE DE ESTRUTURAÇÃO


Esta fase iniciou-se com as entrevistas junto aos especialistas da área de O&M, em
reuniões utilizando a técnica de brainstorming. “O propósito da pesquisa através da entrevista
visa explorar as experiências dos atores inseridos no contexto organizacional. (Oliveira,
Martins e Vasconcelos (2009)
A fase de estruturação foi constituída nas etapas abaixo:
a) Etapa 1 - Entrevista com especialistas de O&M (Primeiro Ciclo)
Foram realizadas entrevistas com 10 (dez) profissionais especialistas que atuam em cargos de
coordenação, supervisão e engenharia nas áreas de Operação e Manutenção da UTE.
Através da utilização da técnica de brainstorming os participantes da reunião
debateram sobre a relevância e aplicação do tema na problemática cotidiana dos trabalhos
rotineiros de manutenção , relacionando os critérios e subcritérios para uma eficiente
categorização na opinião do grupo, os mais relevantes para uma avaliação da criticidade para
melhor priorização do atendimento pela manutenção, levando em consideração os impactos
que uma falha pode trazer a segurança & meio ambiente e ao processo de geração de energia
elétrica.
Inicialmente avaliou-se os conceitos relacionados a seleção dos itens mais importantes
que impactam na segurança das pessoas e processos, na operação contínua dos equipamentos
a disponibilidade dos mesmos, depois foram abordados alguns pontos mais importantes na
visão dos mesmos com o objetivo de categorizar quais os critérios e subcritérios são
considerados mais importantes e adequados no processo.
Nesta etapa as opiniões foram diversas, com vistas à complexidade de avaliação e a
gama de possibilidades de modos falhas dos equipamentos. Deste modo, a categorização dos
critérios e subcritérios desenvolvidos, foram validados, classificados e ordenados como os
mais adequados por outros especialistas através da pesquisa Web Delphi, de acordo com a
próxima etapa.
65

b) Etapa 2 - Questionário - Web Delphi (Segundo Ciclo)


Objetivando uma maior consistência na categorização dos critérios e subcritérios mais
relevantes, aplicou-se um questionário direcionado a um grupo de 15 especialistas, que atuam
em UTE`s do grupo EDP no Brasil e em Portugal, utilizando os critérios e subcritérios
contidos no Apêndice A deste trabalho. Para desenvolver um ranking de critérios e
subcritérios, considerados pelo grupo como os mais importantes avaliar a criticidade dos
sistemas e pontos monitorados nas Ordens de Serviço analisadas.
c) Etapa 3 - Questionário - Web Delphi (Terceiro Ciclo)
Neste ciclo será realizada mais uma rodada após a avaliação e análise das respostas
obtidas do segundo ciclo e de acordo com a opinião dos participantes da área de O&M no
Brasil e Portugal, com o objetivo de se obter um consenso geral em relação aos critérios e
subcritérios assim como o peso de cada um para uma priorização de ordem de serviço da
manutenção (OS). Deste modo, será possível obter uma definição dos mais importantes e
relevantes critérios e subcritérios para priorização das Ordens de Serviço da Manutenção.
66

Figura 24 – Etapas práticas na fase de estruturação


Fonte: Autoria própria (2021).

3.4 Fase de Aplicação

Como ferramenta e método para a criação de um modelo de avaliação para a


priorização das Ordens de Serviços (O.S) da Manutenção, adotou-se a metodologia Multiple
Criteria Decision Analisys (MCDA), conforme já descrito na seção 2.2 - Metodologia
Multicritério.
A metodologia de múltiplos critérios tem o propósito de auxiliar em tomadas de
decisões complexas que exigem a análise simultânea de vários critérios e subcritérios,
explicitando a importância relativa a cada um deles sob a perspectiva individual do avaliador
ou de um grupo de avaliadores. Permitindo um processo de decisões mais racionais,
justificáveis e explicáveis, podendo lidar com conjunto de dados mistos, quantitativos e
qualitativos (BELTON; STEWART, 2002).
Com os critérios e subcritérios devidamente validados e ordenados na fase de
estruturação e considerados os mais importantes pelos especialistas, aplicou-se um
questionário, utilizando-se de técnicas de estudo de confiabilidade para definição das árvores
e tabelas funcionais dos sistemas e pontos monitorados de um processo de produção de
energia elétrica de uma termelétrica, por intermédio da ferramenta Google Formulários com a
participação de 16 (dezesseis) profissionais da área de O&M de usinas do grupo EDP no
Brasil e em Portugal, objetivando a busca mais próxima do consenso e ordenação de forma
coletiva da criticidade dos sistemas e pontos para avaliação de uma (OS) Ordem de Serviço.
Os dados relativos às respostas dos participantes foram tabulados em Excel, utilizando a
Tabela 11 no Apêndice B, a partir do modelo desenvolvido no estudo, adaptado pelo autor a
partir de Souza (2002), no intuito de gerar entrada para o modelo multicritério para realização
dos cálculos de avaliações dos critérios e global, com as verificações das análises de
sensibilidade e robustez. A categorização dos profissionais de O&M, em termos de
localização e experiência em usinas Termelétricas são apresentadas no gráfico na figura 25:
67

Figura 25 – Etapas práticas na fase de estruturação


Fonte: Autoria Própria (2021)

Os resultados da pesquisa serão tratados por meio da aplicação da abordagem M-


MACBETH, que permite a transformação de avaliações qualitativas em quantitativas. A
análise servirá de base para a configuração do software M-MACBETH para elaboração e
aplicação da matriz de julgamento dos critérios estudados.
Com os critérios e subcritérios devidamente validados e considerados os mais
importantes e relevantes pelos especialistas, foram aplicados um questionário Web Delphi,
com a participação de cerca de 30 (trinta) profissionais da área de Operação e Manutenção das
Unidades de Negócio da área de geração de Energia do grupo EDP no Brasil e em Portugal.
O formulário no modelo de questionário foi estruturado nas etapas abaixo:
1. Caracterização dos Riscos as Pessoas e Meio ambiente;
2. Caracterização dos Riscos ao processo e consequente indisponibilidade;
3. Custos de indisponibilidade de Geração
4. Custos de Manutenção
5. Redundância de equipamentos.
Em uma análise realizada por Bana e Costa e Chagas (2004), a distinção fundamental
entre MACBETH e outros métodos multicritério é que esta demanda apenas julgamentos
qualitativos sobre as diferenças de afinidade entre os elementos, para gerar pontuações das
opções em cada critério, ponderando os mesmos.
A construção das funções de valor pelo método de julgamento semântico, é
considerado o mais adequado para auxiliar o decisor na articulação de suas preferências,
durante a avaliação das ações potenciais em um determinado ponto de vista (QUIRINO,
2002).
No questionário foram abordadas vinte e quatro questões, onde o entrevistado teve que
escolher uma das alternativas para realizar sua avaliação. Estas alternativas estão relacionadas
ao peso conforme as categorias constantes da escala ordinal semântica utilizada pelo modelo
MACBETH, de acordo com o Quadro 01.
68

Descrição Escala
Nenhuma diferença de atratividade (indiferença) Nula
Diferença de atratividade muito fraca Muito
fraca
Diferença de atratividade fraca Fraca
Diferença de atratividade moderada Moderad
a
Diferença de atratividade forte Forte
Diferença de atratividade muito forte Muito
forte
Diferença de atratividade extrema Extrema
Quadro 01 – Escala ordinal semântica utilizado pelo MACBETH.
Fonte: MACBETH

Os resultados do questionário serão tratados por meio da aplicação da abordagem


MACBETH, que permite a transformação de avaliações qualitativas em quantitativas. As
análises foram base para a parametrização do software M-MACBETH na criação da matriz
de julgamento de cada um dos critérios e subcritérios estudados.

4 ESTRUTURAÇÃO DO MODELO DE AVALIAÇÃO

Esta seção da pesquisa discorre sobre a construção dos fundamentos práticos e


teóricos do modelo multicritério, para avaliar os critério e subcritérios para uma
priorização eficiente das ordens de serviço da manutenção em uma termelétrica à carvão
mineral, dentro da metodologia de análise do Fator de Risco (F.R), embasado nas três
principais fases do processo de apoio à decisão: estruturação, avaliação e recomendações.

4.1 Identificação do Contexto Decisório


69

A disponibilidade e a confiabilidade dos equipamentos em uma Usina de geração de


Energia Termelétrica é o fator crítico de sucesso para as organizações visando garantir os
compromissos contratuais estabelecidos nos leilões de energia. Neste contexto, a manutenção
tem a função de realizar as ações necessárias para manter, ou restabelecer, um equipamento
ou sistema ao estado no qual ele pode executar a função que projetado ou do sistema, de
forma a reduzir as falhas que indisponibilizem os equipamentos e de modo a permitir a
continuidade do processo de geração sem que haja interrupção da geração ou redução na
produção.
O fluxo resumido do processo de manutenção desde a detecção da anomalia ou falha,
identificada pela operação, sua priorização e execução dos serviços necessários para a
normalização da falha pela manutenção são tratados numa usina termelétrica conforme a
Figura 10 a seguir:

Figura 26 – Fluxo desde a sua detecção pela Operação e resolução de falhas pela manutenção.
Fonte: Autoria própria (2021).

A manutenção tem papel fundamental dentro do processo de garantia da


disponibilidade e minimização de falhas numa usina de geração de energia elétrica
termelétrica. Neste sentido, além de realizar a manutenção dos equipamentos, é papel do
mantenedor desenvolver ações proativas de forma a garantir a realização das manutenções,
com base em métodos, técnicas, e planos de preventiva oriundos dos processos de
planejamento e engenharia de forma a aplicar todos os recursos e ferramentas que permitam a
melhoria contínua das rotinas de manutenção.
A ordenação de criticidade dos sistemas, subsistemas e falhas que são identificadas
pela operação que compõem o backlog de OS´s da manutenção, deve ser priorizada quanto
aos impactos que uma falha pode acarretar, sendo que estas informações devem ser de
conhecimento dos mantenedores envolvidos na execução da manutenção.
70

Desta forma, diante da complexa definição de quais Ordens de Serviços (O. S´s)
devem ser prioritariamente atendidas pela manutenção, o fator de risco para avaliar o grau de
impacto e relevância para o atendimento destas ordens, é que se introduz a metodologia
multicritério para apoiar a decisão. Ressaltando que o Fator de Risco (FR) considera os
impactos sob alguns aspectos, sendo considerados os diversos critérios que podem ser
considerados.

4.2 Construção do Modelo

O processo de análise de decisão é um método sistemático para raciocinar sobre


problemas complexos e tomar decisões sábias (CLEMEN; REILLY, 2001). De acordo com o
modelo citado pelo autor, um dos pilares da metodologia multicritério de apoio à decisão
(MCDA) relatado por Roy (1993, 1996). O construtivismo foi adotado como paradigma
central e apoiado por dois objetivos: o processo de selecionar, classificar ou organizar
alternativas e fornecer a um tomador de decisão uma ferramenta que pode ajudá-lo a resolver
problemas de tomada de decisão, muitos critérios frequentemente conflitantes devem ser
considerados. Neste sentido, a Figura 22 resume o processo de análise de decisão.
71

Figura 27 – Processo de análise de decisão


Fonte: Clemen e Reilly (2001).

Como pode ser visto, o processo começa com a identificação do contexto de decisão e
a compreensão de seus objetivos. Esses objetivos devem ser (FRANCO; MONTIBELLER,
2011):
a) Essencial, considerando as motivações e preocupações do problema de decisão;
b) Compreensível, com significado claro e inequívoco;
c) Operacional, permitindo a quantificação e avaliação de desempenhos;
d) Sucinto, não há redundância de objetivos;
e) Conciso, considerando o mínimo de objetivos possível;
f) De preferência independente, o que significa que a avaliação de desempenho em um
objetivo não depende das avaliações no outro.
Esta primeira etapa moldará o problema de decisão e determinará as opções a serem
avaliadas para que possa desempenhar um papel importante (HAMMOND et al., 1999). Para
a construção do modelo de avaliação, Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001)
enfatizaram as seguintes etapas:
a) Definição do rótulo do problema;
72

b) Identificação dos atores envolvidos no processo de avaliação;


c) Identificação dos elementos de avaliação (critérios);
d) Construção da árvore de valor;
e) Construção dos descritores;
f) Construção das Funções de Valor;
g) Determinação das taxas de substituição (pesos).
Na Figura 28 demonstra-se todas as etapas, dentro de cada fase do modelo
multicritério de avaliação.

Fonte: Adaptada pelo autor (2021) a partir de Salazar (2020).

4.2.1 Definição do Rótulo

Como o objetivo desta pesquisa é propor uma priorização eficiente das Ordens de
Serviço utilizando um modelo multicritério de apoio à decisão para avaliação dos aspectos
críticos para garantia da disponibilidade de uma termelétrica à carvão mineral, deste modo foi
definido o seguinte rótulo:

a) Priorização das Ordens de Serviço da Manutenção de usinas termelétricas.


73

4.2.2 Identificação dos Atores

Segundo Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001), na construção do modelo,


alguns atores participam direta ou indiretamente do processo de tomada de decisão, que pode
ser dividido em duas categorias: Agidos e Intervenientes.
Os agidos são atores que não estão diretamente envolvidos no processo de tomada de
decisão, mas serão afetados pela decisão tomada e poderão exercer pressão sobre a parte
interveniente.
Os intervenientes constituem-se por três tipos de atores:
a) Decisores – possuem poder de decisão;
b) Representantes – representam os decisores por meio de designação;
c) Facilitadores – especialista que conduz o processo de decisão ou de avaliação.
Diante do exposto, para estabelecer o modelo mais adequado para o estudo, foram
considerados os seguintes atores:
a) Agidos: São os mantenedores da usina, responsáveis pela realização das atividades de
manutenção e inspeção;
b) Intervenientes:
̶ Decisores: São os especialistas em O&M de usinas termelétricas, que possuem
conhecimentos técnico sobre a criticidade e impactos de falhas nos sistemas e subsistemas
da planta e participaram da construção do modelo;
̶ Facilitador: autor da dissertação.
Na Tabela 2 a seguir, apresenta-se os Stakeholders participantes nesta pesquisa.

Tabela 1 – Stakeholders envolvidos no processo


Fonte: Autoria própria (2021).

4.2.3 Identificação dos Elementos de Avaliação: Critérios de Avaliação


74

A base para o processo avaliativo, está amparada por um conjunto de passos para
identificação dos elementos de avaliação (ENSSLIN; MONTIBELLER NETO; NORONHA,
2001), quais sejam:
a) Identificação dos Elementos Primários de Avaliação (EPAs);
b) Construção de Mapas Cognitivos;
c) Identificação dos Pontos de Vistas Fundamentais (PVF).
Segundo Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001), a identificação do elemento
principal de avaliação (EPA) é necessária para a posterior construção do mapa cognitivo, de
forma que o ponto de vista básico (PVF) possa ser identificado.
As etapas de identificação dos EPAs e elaboração do mapa cognitivo se deram por
meio da aplicação do web-Delphi com os especialistas que atuam na O&M de usina
termelétrica à carvão, conforme detalhado na subseção 3.2.1 - Fase de estruturação.
Por intermédio da análise das respostas das rodadas do web-dephi, chegou-se a 3 (três)
critérios e 9 (nove) subcritérios mais relevantes na opinião dos especialistas para avaliação
dos sistemas e pontos monitorados de uma termelétrica à carvão mineral, quanto a sua
criticidade, conforme detalhado na tabela 3:

Tabela 2 – Critérios e subcritérios


Fonte: Autoria própria (2021).

De acordo com as observações, o processo de avaliação divide-se em três eixos


principais, que são definidos como pontos de vista básicos da pesquisa. Segundo Bana e Costa
(1992), é chamada de família PVF e é utilizada como pilar inicial para a construção de um
modelo de avaliação multicritério.
PVF 1 – Aspectos operacionais;
PVF 2 – Segurança e meio ambiente;
PVF 3 – Manutenção.
75

Após a definição dos PVFs, foram realizadas as devidas decomposições criando-se os


Pontos de Vistas Elementares (PVE), sendo ambos, a estrutura básica do modelo multicritério
de avaliação (QUIRINO, 2002). Destaca-se que a decomposição dos PVFs (critérios) e dos
PVEs (subcritérios), validada pelos stakeholders participantes da pesquisa web-Delphi.
PVF 1 – Aspectos Operacionais
PVE 1.1 – Disponibilidade Operacional;
PVE 1.2 – Redundância de Equipamentos;
PVF 2 – Saúde Segurança e Meio Ambiente
PVE 2.1 – Impacto segurança ocupacional;
PVE 2.2 – Impacto ambiental;
PVF 3 – Manutenção
PVE 3.1 – Custos médio de reparo;
PVE 3.2 – Mean Time to Repair (MTTR);
PVE 3.3 – SLA de atendimento.

4.2.4 Construção da Árvore de Valor

Com a definição da estrutura básica do modelo de avaliação, criou-se a árvore de


valor, composto pelos elementos indicados a seguir, devidamente representados na Figura 13.
a) Um objetivo estratégico (cor azul);
b) Três PVFs ou critérios (cor verde);
c) Sete PVEs ou subcritérios (cor amarela).
76

Figura 29– Árvore de valor do modelo multicritério de avaliação


Fonte: Autoria própria (2021).
A Figura 23apresenta uma árvore MACBETH que foi construída para o modelo multicritério
objeto da pesquisa. Os nós que se encontram abaixo do nó inicial (Global), correspondem ao
ponto de vista que foram considerados pelos especialistas como mais relevantes para a
ordenação de criticidades de sistemas, subsistemas e pontos monitorados.

Figura 30 – Árvore de valor MACBETH


Fonte: Autoria própria (2021).

Segundo Salazar (2020), finalizada a árvore de valor do modelo multicritério de


avaliação, as etapas seguintes referem-se à estruturação dos aspectos internos, de natureza
mensurável das ações potenciais que serão avaliadas. Conforme Quirino (2002), que destaca
77

os fundamentos teóricos e epistemológicos, tais aspectos são os descritores, as FV e as taxas


de substituições.

4.2.5 Descritores

Após a definição dos PVFs (três) e PVEs (sete), para mensuração das ações potenciais
se faz necessário a construção de um critério (Ensslin et al. 2001), sendo este constituído por
duas ferramentas: um descritor e uma função de valor.
Segundo Ensslin et al. (2001), os descritores promovem o entendimento do que será
medido, e a função valor mostra informações relacionadas à diferença de atratividade entre os
NI dos descritores.
Um descritor corresponde a um conjunto de NI, relatando o desempenho das
operações potenciais para cada PVF (BANA E COSTA, 1992). Neste estudo, foram utilizados
quatro NI, um para cada descritor.
O nível de impacto é classificado por preferência, em ordem decrescente: as mais
atraentes correspondem às ações de melhor desempenho e as menos atraentes correspondem
às ações de pior desempenho (ENSSLIN et al., 2001).
No presente estudo, cada estado possível do descritor foi associado a um nível de
impacto Nj, onde j corresponde à ordem decrescente de preferência do decisor, ou seja:
a) N4 – Nível de impacto com maior atratividade (limite superior);
b) N3 – Nível de impacto com atratividade imediatamente inferior;
c) N2 – Nível de impacto com atratividade intermediária;
d) N1 – Nível de impacto com menor nível de atratividade (limite inferior).
De acordo com Enslin et al. (2001), Bana e Costa e Vansnick (1997) e Bana e Costa et
al. (1999) definiram dois níveis de referência para a criticidade do monitoramento: alto nível
(A) e baixo nível (B), o que facilita o entendimento dos descritores e permite a identificação
durante o processo de tomada de decisão, facilitando sua operação: com nível alto de
criticidade/monitoramento crítico (localizadas acima do nível alto);
a) com nível médio de criticidade/monitoramento moderado (localizadas entre os
níveis alto e baixo);
b) com nível baixo de criticidade/monitoramento normal (situadas abaixo ou no
nível baixo), de acordo com a percepção dos decisores.
78

Na Tabela 4 a seguir, apresenta-se os descritores com os respectivos NI e níveis de


referência, elaborado pelo facilitador e ratificado com os decisores

Tabela 3 – Critérios e subcritérios

Tabela 4 – Descritores com Níveis de Impacto (NI) e referência

Tabela 5 – NI de um mesmo descritor


79

Tabela 6 – Funções de Valor (FV) do PVE 1.1 - Impacto na geração de energia


Fonte: Adaptado pelo autor (2021) a partir de Souza (2002) e Salazar (2009).

4.2.6 Funções de Valor (FV)


Segundo Quirino (2002), o método mais adequado para a construção de uma função de
valor é o julgamento semântico, pois pode ajudar os tomadores de decisão a determinar suas
preferências no processo de avaliação de ações potenciais a partir de uma determinada
perspectiva. Nesse sentido, utiliza-se o método Measuring Attractiveness by a Categorical
Base Evaluation Technique (MACBETH), conforme visto na subseção 3.2.5 – Abordagem
MACBETH.
Segundo Salazar (2020), baseando-se nas categorias semânticas, constrói-se uma
matriz semântica, contendo as diferenças de atratividade, onde os decisores devem escolher
uma das categorias constante na escala ordinal, utilizada pelo MACBETH, a partir da
comparação par a par dos NI de um mesmo descritor, de acordo com a Tabela 5.

Tabela 7 – NI de um mesmo descritor


Fonte: Autoria própria (2021).

De acordo com Bana e Costa et al. (2013), a comparação entre as opções é sempre
realizada aos pares, avaliando qualitativamente a diferença de atratividade entre elas,
escolhendo uma das categorias MACBETH ou várias categorias de hesitação ou divergência.
Quando o avaliador emite julgamentos e entradas qualitativas, o software verifica
automaticamente sua consistência e fornece sugestões para eliminá-los ao encontrar
inconsistências.
80

Para que uma matriz de julgamentos seja consistente, deve ser possível deduzir, a
partir deles, pontuações tais que: 1) opções igualmente atraentes obtêm a mesma pontuação;
2) uma opção mais atrativa obtém uma pontuação mais alta; e 3) Se a diferença de
atratividade entre duas opções (por exemplo, forte) é maior do que a diferença de atratividade
entre as outras duas opções (por exemplo, médio), então a opção deve ser pontuada de forma
que a diferença entre as pontuações das duas opções seja as duas primeiras. entre pontuações
superiores às outras duas (condições de consistência ordinal) (BANA E COSTA et al., 2012).
Segundo Quirino (2002), função valor deve ser determinada e os atributos devem ser
consistentes, caso contrário, se houver incompatibilidade no sistema de equações lineares, o
próprio software indicará que precisa ser ajustada.
Na Tabela 6, apresenta-se as FV do PVE 1.1 - Impacto na geração de Energia,
construída com a utilização do MACBETH.

Tabela 8 – Funções de Valor (FV) do PVE 1.1 - Impacto na geração de Energia


Fonte: Autoria própria (2021).
Na Figura 15 tem-se a tela do software MACBETH com a matriz semântica relativa à
construção da função de valor desse PVE1.1.

Figura 31 – Tela do software MACBETH: PVE 1.1 - Impacto na geração de energia


Fonte: Autoria própria (2021).

De acordo com Quirino (2002), se faz necessário a transformação das escalas das
funções de valores dos descritores, de forma que o nível bom fique ancorado na escala 100
(cem) e o nível neutro, na escala 0 (zero). Esta transformação numérica é denominada função
transformada ou funções de ancoragem.
81

Todos os descritores devem ter em comum um intervalo de criação entre o nível de


impacto mais preferido (bom) e menos preferido (neutro), conforme a Figura 16.

Figura 32 – Demonstração esquemática dos Níveis de Impacto (NI) bom e neutro


Fonte: Quirino (2002).

A transformação da função de valor (não ancorada) para a função de ancoragem,


ocorre por meio de procedimentos matemáticos de transformação linear, feito com a
utilização do software M-MACBETH (QUIRINO, 2002).

Na Figura 17 demonstra-se a tela do software MACBETH com as funções de


ancoragem desse PVE.

Figura 33 – Tela do software MACBETH: PVE 1.1 - Impacto na geração de Energia


Fonte: Autoria própria (2021).

Na Tabela 7, apresentam-se as funções de ancoragem do PVE 1.1 - Impacto à geração,


definidas pelo MACBETH.

Tabela 9 – Funções de ancoragem do PVE 1.1 - Impacto à geração


Fonte: Autoria própria (2021).

As taxas de substituições expressam a perda de desempenho que uma ação potencial


deve sofrer em um critério para compensar o ganho em outro, de tal forma que seu valor
82

global permaneça inalterado, conforme Bouyssou (1986), Keeney (1992), Keeney e Raifa
(1993) e Roy (1996). As taxas de substituições são também conhecidas por “pesos” (weights).
Ao final, o decisor deve verificar e validar os pesos obtidos, para garantir que refletem
sua opinião e chega-se a uma lista de critérios e subcritérios, ordenados e ponderados quanto
o grau de impacto, obtidos por meio do julgamento multicritério resultado das opiniões dos
profissionais especialistas quanto os critérios inseridos no MACBETH e convertidas em
valores necessários para avaliação da criticidade de sistemas, subsistemas e pontos
monitorados em rotas de inspeção operacional. Apresenta-se na Tabela 8 e Figura 18, as taxas
de substituições dos critérios e subcritérios.

Tabela 10 – Criterios e Subcritérios e pesos de acordo com o Macbeth


Fonte: Autoria própria (2021)

Figura 34 – Visão dos nós e os seus respectivos pesos


Fonte: Autoria própria (2021)
83

Figura 35 – Subcritérios ponderados - Macbeth


Fonte: Autoria própria (2021)

Figura 36 – Escala Ponderada utilizada pelo Macbeth


Fonte: Autoria própria (2021)
84

5 APLICAÇÃO DO MODELO MULTICRITÉRIO

O estudo de caso ilustra um processo de análise de decisão aplicado a ordens de


serviço da manutenção, que são falhas reais identificadas pela equipe de operação e lançadas
no sistema de gestão SAP. Estas atividades deverão ser atendidas e tratadas as falhas pela
equipe de manutenção, porém, para otimização de recursos e visando melhoria da
produtividade da equipe de manutenção, se faz necessária uma estratégia de avaliação destas
ordens de serviço dos sistemas, subsistemas de uma termelétrica utilizando critérios objetivos,
baseados na experiência e no conhecimento adquirido da planta pelo time de O&M.
Nesse contexto, é necessário priorizar e selecionar as atividades, tomando como base
sua criticidade para o processo e o impacto que a falha pode gerar na geração, de modo a
estabelecer estratégias de atendimento para que o planejamento indique à equipe da execução
de manutenção realizar estas atividades de acordo com a priorização. Do conjunto de ordens
de serviços avaliadas, deve-se derivar o benefício máximo, em termos das preferências do
tomador de decisão.
Na terceira etapa são selecionados e definidos os sistemas e subsistemas monitorados
(opções) para avaliação de criticidade e ordenação por meio do modelo multicritério,
conforme exemplo na Tabela 11 e Figura 37, onde consta a configuração das opções no
MACBETH.

..
85

Tabela 11 – KKS e Anomalias nos principais sistemas críticos da UTE utilizados nesta pesquisa
Fonte: Autoria própria (2021).
86

Figura 37 – Configuração de opções MACBETH


Fonte: Autoria própria (2021).

A pesquisa foi estruturada em três eixos, atribuídos como os PVF. A fim de se obter
maior precisão na mensuração, realizou o desmembramento de cada eixo em três PVE,
totalizando sete, de acordo com o modelo multicritério de avaliação desenvolvido no estudo.
Um modelo de valor aditivo simples foi usado para avaliar cada opção. Este modelo
fornece uma medida para a atratividade benefício global de cada opção de sistema e/ou
subsistema monitorado possível, para posterior seleção. A equação (5.1) define o modelo de
valor aditivo simples.

Onde,
V(a) – é a pontuação global da opção uma;
λi – é o peso do critério i;
vi(a) – é a pontuação parcial da opção uma no critério i.
A abordagem MACBETH foi usada para construir a função de valor e para determinar
os pesos, que correspondem ao cálculo das variáveis vi(a) e λi, respectivamente.
87

De acordo com Marcelino et al. (2019), usando a abordagem MACBETH, é possível


definir FV que medem a atratividade de cada nível de desempenho. Essas funções numéricas
resultam de julgamentos qualitativos sobre as diferenças de atratividade relatadas pelo
tomador de decisão. Durante este processo, o software M-MACBETH verifica
automaticamente a consistência do julgamento, observando todas as inconsistências
detectadas e sugerindo formas de resolvê-las. Uma vez que a matriz de julgamentos é
preenchida, M-MACBETH pode criar as FV.
Ainda segundo Marcelino et al. (2019), a determinação de pesos visa definir pesos que
possam converter avaliações locais (relativas a cada critério) em avaliações globais (relativas
a todos os critérios). Como os modelos de valor aditivo são compensatórios, os pesos
desempenham um papel essencial porque refletem a importância de um critério em relação a
outros. O processo de determinação do peso é análogo ao seguido pela definição das FV.
Durante o processo de determinação do peso, a consistência do julgamento é
verificada automaticamente como na definição das FV. Quando os julgamentos são
inconsistentes, o software M-MACBETH apresenta soluções possíveis. Ao final, o tomador
de decisão deve verificar e validar os pesos obtidos para garantir que refletem sua opinião.
Uma aplicação de uma função de valor resultante é fornecida no Gráfico 8. Os
impactos da geração de energia foram definidos como o descritor de desempenho do critério
referindo-se ao impacto de uma falha na restrição de carga ou desligamento de unidades
geradoras e não cumprimento de compromissos contratuais (contrato de disponibilidade).
Impacto mais significativo na geração de energia, incorrendo em penalidades contratuais por
baixa disponibilidade, maior necessidade de utilização de técnicas de manutenção centradas
na confiabilidade para antecipar falhas e, consequentemente, maior prioridade de
monitoramento e atratividade.
Por se tratar de pesquisa aplicada do tipo case participante, tanto a equipe envolvida na
estruturação do modelo multicritério (10 especialistas de O&M), com os critérios e
subcritérios devidamente validados e ordenados, bem como árvores e tabelas funcionais dos
sistemas e pontos monitorados de um processo de produção de energia elétrica, quanto os
participantes respondentes do questionário (16 profissionais da área de O&M de usinas
térmicas no Brasil e Portugal), apresentaram bom envolvimento e engajamento, contribuindo
com o desenvolvimento da ferramenta e julgando tecnicamente as opções, possibilitando o
desenvolvimento da árvore de valor por meio de um modelo multicritério, avaliando a
criticidade e definindo a ordenação das atividades de manutenção mais prioritárias para o
atendimento à operação.
88

A aplicação da abordagem MACBETH, trouxe um significativo contributo para


otimização das atividades de planejamento da manutenção, aperfeiçoando o processo de
priorização das Ordens de Serviço (OS), a partir da definição de um ordenamento baseado em
critérios estabelecidos pelos gestores e equipes técnicas da Operação e Manutenção (O&M).
No que diz respeito à estruturação do modelo de apoio à decisão, o M-MACBETH ofereceu
ferramentas para introduzir opções, criar facilmente uma árvore de valor de critérios e
subcritérios, introduzir performance de opções e realizar a ponderação e definição de
referências, possibilitando a conversão de dados qualitativos em quantitativos.
Pelo conhecimento, experiência e tempo médio de trabalho na UTE (oito anos em
média), os especialistas de O&M entre Engenheiros e técnicos especializados, que atuaram na
estruturação do modelo, auxiliaram a superar a primeira barreira da pesquisa, que foi a
ordenação dos níveis de performance e a definição das funções de valor que são o julgamento
semântico realizado pelos tomadores de decisão para determinar suas preferências no
processo de avaliação de ações potenciais a partir de uma determinada perspectiva, a partir da
comparação par a par dos níveis de impacto de um mesmo descritor. Esta tarefa depende da
atividade humana, onde os juízos de valor dos envolvidos desempenham um papel
fundamental e a contribuição dos profissionais envolvidos na validação dos pesos obtidos,
para garantir que refletem a opinião dos 10 (dez) especialistas, a pesquisa envolvendo outros
profissionais do Brasil e Portugal ratificou os resultados resultando em uma lista de critérios e
subcritérios, ordenados e ponderados quanto o grau de impacto.

Figura 38 - Análise dos pesos atribuídos a cada aspecto pelos especialistas da UTE e especialista em Térmicas no Brasil e em Portugal!
Fonte: Andrade et al (2021).

5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A Tabela 11 mostra a janela do M-MACBETH com os resultados obtidos com a


aplicação do modelo multicritério para priorização das ordens de serviços (OS) dos principais
sistemas e subsistemas da UTE como amostra. Os resultados mostram que, considerando os
vinte e cinco especialistas em O&M (tomadores de decisão) que participaram da pesquisa e
89

responderam ao questionário, a ordem de prioridade para o atendimento da manutenção às


ordens de serviço, conforme o modelo as atividades mais atraentes são de acordo com a
ordem decrescente de priorização:
De acordo com a tabela 12 de pontuações do M-Macbeth, a falha indicada
“11HNC11AN001 - Verificar atuador elétrico do ID fan B” corresponde a um caso em que
há um alto impacto em caso de falha em:
a) impacto na geração de energia;
b) impacto na segurança;
c) Redundância, pois não existe equipamento reserva.
d) Duração da atividade.

Tabela 12 – Pontuações do M-Macbeth


Fonte: Autoria própria (2021).

Tabela 13– priorização de ordens de serviço para manutenção.


Fonte: Autoria própria (2021).
90

Figura 39 – Janela do M-MACBETH visão com termômetro do modelo multicritério para priorização de ordens de serviço para manutenção;
Fonte: Autoria própria (2021).

Figura 40 – Visualização dos nós com critérios em destaque na cor vermelha do modelo multicritério para priorização de ordens de serviço
para manutenção.
Fonte: Autoria própria (2021).
91

Consequentemente, a ordem de monitoramento sugerida corresponde ao que o


tomador de decisão acredita que deve ser feito para manter a confiabilidade da planta. Como
pode ser visto, a abordagem seguida neste estudo incorporou os objetivos do tomador de
decisão e identificou quais subsistemas e pontos monitorados são mais atrativos. O processo
de avaliação permite avaliar o benefício cumulativo individual (global) de cada subsistema ou
ponto monitorado, conforme mostrado no Gráfico 9.

Gráfico 1 – Janela do M-MACBETH com resultados da avaliação da ordem de priorização para atendimento das ordens de serviço.
Fonte: Andrade et al (2021).

5.2 Análise de Sensibilidade e Robustez

De acordo com Bana e Costa et al. (2002), a forma mais popular de análise de
sensibilidade de pesos inclui a análise das possíveis mudanças no ranking global de propostas
quando os pesos relativos de determinados critérios (ou subcritérios) são modificados e os
pesos proporcionais entre outros são mantidos. O autor também destacou que além da análise
de sensibilidade clássica, a robustez dos resultados da análise também é muito interessante, o
92

que fará com que vários pesos mudem ao mesmo tempo, mas a ordem dos pesos definida na
proposta inicial deve ser respeitada.
A análise de sensibilidade do modelo proposto permitirá aos tomadores de decisão
verificar as possíveis mudanças nas decisões tomadas, ou seja, como se comportará a
ordenação dos problemas diante de mudanças em um ou mais critérios. Segundo Menezes
(2013), a análise de sensibilidade é utilizada para comprovar a robustez das opções em relação
aos seus concorrentes. O parâmetro com maior peso será considerado o parâmetro de maior
impacto em cada critério.
As linhas presentes nos gráficos possibilitam a visualização da variação global com a
variação do peso do critério. A linha vermelha representa o peso atual do critério em análise e,
o ponto de intersecção entre duas retas representa uma eventual mudança de decisão. Quando
não ocorre a intersecção entre duas retas, significa que este critério não altera a decisão final
(OLIVEIRA NETO, 2008). Segue gráficos 10, 11, 12 e 13.
Abordando a análise de sensibilidade isoladamente de quatro ordens de serviços e seus
respectivos KKS´s com maior atratividade global de acordo com a opinião dos especialistas
(11HNC11AN001,20PAC13AP001,21HNC12BB001,11ETD04AF001), nos critérios
Impacto segurança ocupacional, Impacto na geração de energia, Impacto no meio
ambiente e SLA de atendimento, que possuem maiores pesos. Observa-se a análise dos
efeitos da variação do peso do critério selecionado sobre as pontuações globais das opções. As
linhas do gráfico possibilitam a visualização da variação global com a variação do peso do
critério de 0% a 100%. A linha vermelha representa o peso atual do critério em análise.
93

Gráfico 2 – Análise de sensibilidade do critério impacto segurança ocupacional


Fonte: Andrade et al (2021).

OS gráficos 1 e 2, demonstram o comportamento da criticidade dos KKS´s


11HNC11AN001,20PAC13AP001,21HNC12BB001,11ETD04AF001 monitorados para
diferentes valores do peso do critério Impacto a Segurança Ocupacional. É possível verificar
que quanto maior a taxa de substituição do PVF para os KKS´s
11HNC11AN001,11ETD04AF001, maior a criticidade para o atendimento pela manutenção.
Observa-se que para estes 2 KKS´s citados, as respectivas linhas não se cruzam em nenhum
momento da variação do peso entre 0% e 100%, o que significa que uma das opções é sempre
mais atrativa do que a outra, independentemente do peso do critério e que estas são mais
sensíveis quando da variação do seu peso. Os KKS´s 20PAC13AP001,21HNC12BB001
apresentam comportamento distinto, visto o decréscimo de sua avaliação à medida que a taxa
de substituição aumenta, estes dois tiveram menor pontuação global.
94

Gráfico 3 – Análise de sensibilidade do critério impacto geração de energia


Fonte: Andrade et al (2021).

O gráfico 3, mostra o comportamento da criticidade dos KKS´s


11HNC11AN001,20PAC13AP001,21HNC12BB001,11ETD04AF001 monitorados para
diferentes valores do peso do critério Impacto a Geração de Energia. É possível verificar que
quanto maior a taxa de substituição do PVF para os KKS´s
11HNC11AN0011,21HNC12BB001,20PAC13AP001 maior a criticidade para o atendimento
pela manutenção. Observa-se que para estes 3 (três) KKS´s citados, as respectivas linhas
21HNC12BB001,20PAC13AP001 se cruzam no momento da variação do peso entre 17,1%, o
que significa que neste peso é indiferente atratividade das duas opções. Os KKS
11ETD04AF001 apresentam comportamento distinto, visto o decréscimo de sua avaliação à
medida que a taxa de substituição aumenta, este problema ficou na quarta posição do ranking
do atendimento peça manutenção devido ao elevado impacto no MTTR (Tempo médio de
reparo).
95

Gráfico 4 – Análise de sensibilidade do critério impacto geração de energia


Fonte: Andrade et al (2021).

O gráfico 4, mostra o comportamento da criticidade dos KKS´s


11HNC11AN001,20PAC13AP001,21HNC12BB001,11ETD04AF001 monitorados para
diferentes valores do peso do critério Impacto ao meio ambiente. É possível verificar que
quanto maior a taxa de substituição do PVF para os KKS´s
11HNC11AN0011,21HNC12BB001,20PAC13AP001, observar-se todas as opções
apresentam decréscimo de sua avaliação à medida que a taxa de substituição aumenta.
96

Gráfico 5 – Análise de sensibilidade do critério SLA de atendimento à Ordem de Serviço


Fonte: Andrade et al (2021).

O gráfico 5, mostra o comportamento da criticidade dos KKS´s


11HNC11AN001,20PAC13AP001,21HNC12BB001,11ETD04AF001 monitorados para
diferentes valores do peso do critério SLA de atendimento à Ordem de Serviço. É possível
verificar que quanto maior a taxa de substituição do PVF para os KKS´s
11HNC11AN0011,21HNC12BB001,20PAC13AP001, observar-se todas as opções
apresentam acréscimo de sua avaliação à medida que a taxa de substituição aumenta.
97

Figura 41 – Análise de robustez apenas sem influência da diferença de atratividade entre os KKS´s e Ordens de Serviços (OS´s)
Fonte: Autoria própria (2021).

O símbolo ( ) representa uma situação de dominância, ou seja, significa que uma opção domina outra
opção se for pelo menos tão atrativa quanto a outra em todos os critérios e se for mais atrativa do que outra em
pelo menos um dos critérios. O símbolo ( ) representa uma situação de dominância aditiva, ou seja, significa
que uma opção domina aditivamente outra opção se, para um determinado conjunto de restrições na informação,
resulta sempre globalmente mais atrativa do que a outra opção da aplicação do modelo aditivo.
A ferramenta M-MACBETH permite analisar a informação de três formas (ordinal, MACBETH e
cardinal) e em duas seções (Informação local e Informação global). A informação ordinal refere-se somente à
ordenação, excluindo qualquer informação de diferença de atratividade (intensidade de preferência). A
informação MACBETH inclui os julgamentos semânticos introduzidos no modelo, mas ignora qualquer escala
de pontuação ou ponderação compatível com esses julgamentos. A informação cardinal denota uma escala
específica e validada pelo avaliador. A informação local diz respeito a informação específica num determinado
critério, ao passo que a informação global diz respeito à informação de ponderação dos critérios.
98

6 CONCLUSÃO

Esta pesquisa foi desenvolvida para demonstrar a aplicação da abordagem de um


modelo em multicritério aplicando o método de multicritério MACBETH, usando a
ferramenta computacional M-MACEBETH, para uma eficiente priorização das ordens de
serviços da manutenção (OS) para o atendimento pela manutenção destas Ordens de Serviço
da Usina Termelétrica, que é um problema de decisão com múltiplas escolhas. Uma
abordagem estruturada deve considerar os vários critérios que importam para o processo de
decisão como um problema de decisão complexo.
As atividades de manutenção em usinas termelétricas são de fundamental importância
para se garantir um baixo índice de Taxa de Falhas e uma elevada disponibilidade de uma
unidade geradora dentro dos limites estabelecidos pelo órgão regulador. A realização destas
atividades dentro de um programa Planejado de Manutenção Proativa (PIM) estruturado na
condição que se inicia na inspeção detectiva da equipe de operação, permitirá que se obtenha
resultados que geram impactos positivos como; alta confiabilidade operacional dos sistemas e
equipamentos; redução dos custos de manutenção, redução dos tempos de reparos (MTTR).
Para aplicação do modelo proposto na pesquisa, foram definidos três objetivos
específicos, os quais foram plenamente atingidos, sendo ratificados a seguir:

1) Identificar junto às equipes de Operação e Manutenção (O&M) as etapas e fases


utilizadas na classificação das ordens de serviços (OS´s) solicitados pela operação.

2) Desenvolver uma matriz de programação das Ordens de Serviço de manutenção com

base nos critérios e subcritérios priorizados, levando em conta os riscos e


consequências associadas a falhas.

3) Aplicar a metodologia de apoio de tomada de decisão de modo a avaliar as opções

tendo em vista os múltiplos critérios, utilizando o software M-MACBETH e propor


uma metodologia de priorização das Ordens de serviço de modo a manter a
confiabilidade da UTE.
Como principal desafio da estruturação e aplicação do modelo multicritério, destaca-se
a análise de sensibilidade e robustez, ferramenta disponível no M-MACBETH e que permite
analisar em que medida as recomendações do modelo se alteram ao se variar o peso de um
critério, mantendo as relações de proporcionalidades entre os restantes pesos e analisar que
conclusões robustas se podem extrair do modelo para níveis variados de informação local e
99

global. A tomada de decisão envolve informações imprecisas ou incertas e para validar a


robustez do modelo foi realizada ação interativa na definição das incertezas do modelo, onde
considerou-se um nível de incerteza de 5% para os critérios Impacto segurança ocupacional,
Impacto na geração de energia, Impacto ambiental e Impacto patrimonial, e de 2% para os
demais critérios.
De acordo com os resultados da matriz de julgamento da abordagem MACBETH, a
proposta de ordenamento possibilitou a revisão da estratégia do planejamento de manutenção
que agora utiliza o fator de risco que se baseia na confirmação que os pesos e critérios são
robustos para sua aplicação o que já está trazendo ganhos na prática para aumento da
confiabilidade da usina.
Por meio dos resultados gerados pela pesquisa, foi possível aplicar técnicas de gestão
bem fundamentadas e direcionar a força de trabalho da manutenção para as ordens de serviços
que o modelo indicou ser a prioritária, trazendo ganhos de produtividade e eficiência na
manutenção.
No âmbito desta dissertação, foi submetido e aceito artigo para publicação
(https://doi.org/10.3390/en14123682), no periódico Energies, um jornal Open Access da MDPI, intitulado
“Using the Multi-Criteria Model for Optimization of Operational Routes of Thermal Power Plants”. No
Apêndice F apresentam-se o certificado de publicação, e a primeira página do artigo publicado, respetivamente.
A pesquisa delimitou-se em avaliar a prioridade devido a sua criticidade de
atendimento tomando como amostra os principais sistemas da UTE, equipamentos que são
pertencentes aos sistemas na figura 16, pelo fato de serem instalações comum às termelétricas
classificadas dentro do ciclo termodinâmico de potência Rankine e todas representam um
recorte significativo na proposta de avaliação.
Figura 42 - Análise dos pesos atribuídos a cada aspecto pelos especialistas da UTE e especialista em
Térmicas no Brasil e em Portugal!

Figura 42 - Análise dos pesos atribuídos a cada aspecto pelos especialistas da UTE e especialista em Térmicas no Brasil e em Portugal!
Fonte: Andrade et al (2021).

Como sugestão de trabalhos futuros, considera-se pertinente dar continuidade às


pesquisas abrangendo os demais sistemas e subsistemas da termelétrica típica, desenvolvendo
ferramentas de gestão customizadas neste segmento, abordando principalmente os pontos
100

mais críticos identificados no estudo, bem como para integrar conceitos de inteligência
artificial e aprendizado de máquina para coletar requisitos e julgamento dinâmico de critérios,
integrando o modelo ao planejamento de manutenção na priorização de rotas de manutenção
preventiva.
101

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STUCHI, G. A. D. et al. Geração termelétrica: principais componentes e tipos de centrais


termelétricas. 2015. 147 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia
Elétrica com Ênfase em Sistemas de Energia e Automação) – Escola de Engenharia de São
Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 16. ed. São Paulo:


Atlas, 2016.

VIEIRA, A. C. L.; OLIVEIRA, M. D.; BANA E COSTA, C. A. Melhora do processo de


conhecimento de construção dentro da análise multicritério de decisão: o quadro modeling
valor collaborative. Elsevier – Omega, Amsterdam, p. 6-12, 2019.
111

APÊNDICE A

Categorização dos critérios aplicados para avaliação aspectos que foram considerados e
validados pelos especialistas da UTE Pecém e na pesquisa com 16 espcialistas np Brasil e
Portugal.

Com base na aplicação do brainstorming com os especialistas de O&M da usina, foi possível desenvolver
critérios e subcritérios, considerados pelo grupo com os mais importantes para avaliação de criticidade de uma
ordem de serviço, conforme Quadro 1.
Quadro 1 – Critérios e subcritérios

PVFs (Critérios) PVEs (Subcritérios) Descritores


1. Aspectos Operacionais 1.1 Inpacto à geração Pode vir a causar parada total na geração (>240 e/ou
de Energia desligamento da unidade )
Pode vir a causar redução de carga (>60 e <120MW)
Pode vir a causar redução de carga (<60MW)
Não causa impacto à geração
1.2 Redundancia de O equipamento não possui redundancia.
equipamentos O equipamento possui redundância, mas a mesma não está
disponível.
O equipamento possui redundância e a mesma está disponível.
2. Segurança e Meio 2.1 Impacto segurança Apresenta risco de acidente Fatal
Ambiente ocupacional Apresenta risco de Acidente com afastamento ou Dano Material
Alto
Apresenta risco de acidente sem afastamento ou Dano Material
Leve.
Não apresenta risco de acidentes a pessoas e materiais
2.2 Impacto ambiental Resulta em impacto ambiental irreversível.
Resulta em impacto ambiental parcialmente reversível.
Resulta em Impacto ambiental reversível
Não resulta em impacto ambiental ou existem meios de
contenção
3. Manutenção 3.1 Custo de Reparo > R$ 500.000,00
>= R$ 100.000,00 e R$ 500.000,00 <
>= R$ 10.000,00 e R$ 100.000,00 <
< R$ 10.000,00
3.2 MTTR Manutenção Corretiva com duração estimada superior a 7 dias.
Manutenção Corretiva com duração estimada de 7 dias.
Manutenção Corretiva com duração estimada de 3 dias.
Manutenção Corretiva com duração estimada de 1 dia.
3.3 SLA de Apresentou falha no último mês
112

Atendimento.

Emergencia - 24h
Prioritário - 1 a 7 dias
Programável - 28 dias
Fonte: Autoria própria (2021).
113

APÊNDICE B
Gráficos de análise de sensibilidade e robustez dos critérios Impacto de segurança, Impacto na
geração de energia, Impacto ambiental e Impacto nos Custos”

Os Gráficos de análise de sensibilidade dos critérios Impacto segurança ocupacional, Impacto na geração
de energia, Impacto ambiental e Impacto patrimonial e robustez para o sistema “Turbina” encontram-se a seguir:

Gráfico 1 – Análise de sensibilidade do critério impacto segurança ocupacional

Fonte: Autoria própria (2021).


Gráfico 2 – Análise de sensibilidade do critério impacto na geração de energia

Fonte: Autoria própria (2021).


Gráfico 3 – Análise de sensibilidade do critério impacto ambiental
114

Fonte: Autoria própria (2021).


Gráfico 4 – Análise de sensibilidade do critério impacto patrimonial

Fonte: Autoria própria (2021).


115

Figura 1 – Análise de robustez apenas sem influência da diferença de atratividade para o sistema Caldeira

Fonte: Autoria própria (2021).


Figura 2 – Análise de robustez apenas com influência da diferença de atratividade e nível de incerteza para o
sistema Turbina

Fonte: Autoria própria (2021).


116

APÊNDICE C

Questionário de avaliação de criticidade

No Quadro 2, apresenta-se o questionário utilizado para tabulação de dados oriundos da avaliação de


criticidade de sistemas, subsistemas e pontos monitorados em rotas de inspeção operacional, bem como dados
referentes ao resultado compilado da fase de aplicação com os vinte e cinco (25) profissionais de Operação e
Manutenção da usina termelétrica.
Quadro 2 – Resultados questionário aplicado aos 10 espcialistas da UTE Porto do Pecém.

FATOR DE RISCO
FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DAS ORDENS DE SERVIÇO DA MANUTENÇÃO DA UTE PECÉM I
ASPECTOS OPERACIONAIS ASPECTOS DE SSMA ASPECTOS DE MANUTENÇÃO

IMPACTO À GERAÇÃO REDUNDÂNCIA DE SEGURANÇA MEIO-AMBIENTE CUSTO DE REPARO DURAÇÃO DA ATIVIDADE SLA DE ATENDIMENTO À ORDEM TEMPO DE CRIAÇÃO DA ORDEM DE SERVIÇO
EQUIPAMENTOS DE SERVIÇO

3- >= R$ 100.000,00 e R$ 500.000,00 <


2- >= R$ 10.000,00 e R$ 100.000,00 <
2- Pode vir a causar redução de carga

3- Pode vir a causar redução de carga

1- Não apresenta risco de acidentes a


geração (>240 e/ou desligamento da

1- Não resulta em impacto ambiental

duração estimada superior a 7 dias.


redundância, mas a mesma não está

3- Apresenta risco de Acidente com


afastamento ou Dano Material Leve.

4- Apresenta risco de acidente Fatal


4- Pode vir a causar parada total na
FATOR DE RISCO

2- Apresenta risco de acidente sem

afastamento ou Dano Material Alto

5 - 81% <= 100% do SLA médio de


2 - 21% <= 40% do SLA médio de
ou existem meios de contenção..

2- Resulta em Impacto ambiental

3- Resulta em impacto ambiental

4- Resulta em impacto ambiental

4- 61% <= 80% do SLA médio de


3- 41% <= 60% do SLA de médio
1- Não causa impacto à geração

1- Manutenção Corretiva com

2- Manutenção Corretiva com

3- Manutenção Corretiva com

4- Manutenção Corretiva com


3- O equipamento não possui

atendimento da manutenção.

atendimento da manutenção.

atendimento da manutenção.

atendimento da manutenção.

atendimento da manutenção.
1 - <= 20% do SLA medio de
redundância e a mesma está

duração estimada de 3 dias.

duração estimada de 7 dias.


duração estimada de 1 dia.
ORDEM DE SERVIÇO
1- O equipamento possui

2- O equipamento possui

1 - Programável - 28 dias

2 - Prioritário - 1 a 7 dias
parcialmente reversível.

3 - Emergencia - 24h
4- > R$ 500.000,00
pessoas e materiais

1- < R$ 10.000,00
(>60 e <120MW)

redundancia.

irreversível.
disponível.

disponível.
(<60MW)

reversível
unidade )

PESO 4 3 5 5 3 3 3 1
20PAC13AP001 - VIBRAÇÃO EXCESSIVA 72 3 3 1 1 4 5 3 5
4
Ciclo Térmico

10LAC13AP001 - VAZAMENTO DE ÁGUA PELO SELO DA BOMBA BOOSTER 68 1 4 1 3 1 3 3


20LAD40AA102 - SANAR VAZAMENTO PELA GAXETA 69 4 3 3 1 3 1 3 3
12MAA23AA051-PC - FALH ABERT VLV CONTROL TUR GV3 57 1 3 1 1 3 1 3 1
10LAD40AA102 - VÁLVULA SEM INDICAÇÃO DE ABERTA 40 1 3 1 1 1 1 2 5
21HFC10AA152 - VAZAMENTO PELA GUILHORTINA DE REJEITO 50 1 1 4 1 1 1 3 3
Moinhos

11HFC10AJ001 - CALIBRAÇÃO DO ALIMENTADOR 43 3 1 1 1 1 1 3 3


11ETD04AF001 -TRAVAMENTO DA ESTEIRA BOTTON ASH 72 1 3 4 1 3 5 3 1
11HNC11AN001 - VERIFICAR ATUADOR ELÉTRICO DO ID FAN B 88 4 3 4 1 3 5 3 5
Ventiladores

21HNC12BB001 - VAZAMENTO EM VÁRIOS PONTOS DO SKID 71 4 3 1 1 3 5 3 3


21HLB11CP501 - MANOMETRO DO FD FAN B COM VISOR OPACO 37 1 3 1 1 1 1 1 5
Sist. Elétrico &DCS Sist. Comb. Incendio

11HFE - CORRRIGIR ILUMINAÇÃO NA ÁERA DO PA FANUG-01 40 1 1 3 1 1 1 1 4


90SGA10AP003 - BOMBA JOCKEY 01 - NÃO ESTÁ LIGANDO 54 1 1 4 1 3 1 3 1
90SGA10AP002 - BOMBA DIESEL NÃO DESLIGA NO BOTÃO STOP 33 1 1 1 1 1 1 3 1
90SGA10AP002 - BOMBA DIESEL APRESENTANDO CORROSÃO 37 1 1 1 1 1 1 3 5
90BRV01- FALHA NA PARTIDA DO GERADOR A DIESEL 69 1 1 4 1 4 5 3 1
90BRV01 - PORTA FROTAL DO GERADOR DIESEL AMASSADA 31 1 1 1 1 1 1 1 5
90ADA01 - FALHA FULGA A TERRA PAINEL QDC1/QDC2 36 4 2 1 1 1 1 3 1
10BTL02- SANAR VAZ. NO TETO SL DOS RETIFICADORES 46 1 1 1 1 1 1 3 2
12SAM04AH503 - TEMPER ELEVADA AR CONDIC DA SALA 30.1 35 4 3 1 1 1 1 3 1

Fonte: Autoria própria (2021).

Quadro 3 – Resultados questionário de avaliação 20 (vinte) ordens de serviçso (OS) dos pincipais sistemas da
UTE.
Fonte: Autoria própria (2021).
117

APÊNDICE D

CERTIFICADO, BANNER DE PUBLICAÇÃO E PRIMEIRA PÁGINA DO ARTIGO QUE


PARTICIPEI COMO UM DOS AUTORES.

O certificado de publicação e banner do artigo encontram-se a seguir:

Figura 3 - Certificado de publicação de artigo


Fonte: Autoria própria (2021).
118

Figura 4 - Banner de publicação de artigo


Fonte: Autoria própria (2021).

Figura 5 - Primeira página da publicação


Fonte: Autoria própria (2021).
119

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