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RESUMO
A Coriza infecciosa (CI) ou Gogô, é uma doença de grande importância econômica a cadeia
produtiva avícola do Brasil e do mundo. Sua concentração é maior em países de clima tem-
perado e tropicais. Tal enfermidade, preocupa produtores de carne de frango e ovos, pois
se presente no plantel, reduz drasticamente os índices produtivos. Há um decréscimo de
10 – 40% na produtividade de galinhas poedeiras e grande diminuição da massa corpórea
em galinhas de abate. A CI é causada pelo agente etiológico Avibacterium paragallinarum
anteriormente conhecido como Haemophilus paragallinarum, e afeta principalmente o trato
respiratório superior das galinhas. Os principais sinais clínicos da doença incluem corrimen-
to nasal fétido, edema facial, dispneia e lacrimejamento, além de redução no consumo de
alimentos e retardo no crescimento. O diagnóstico definitivo da enfermidade é feito a partir
do isolamento e identificação da bactéria causadora. No entanto, tal patógeno é de cultivo
demorado e requer uma grande quantidade de testes bioquímicos para sua identificação.
Diante disso, técnicas moleculares avançadas, como reação em cadeia da polimerase (PCR)
tem contribuído de forma rápida e assertiva a correta identificação e diagnóstico.
A Coriza Infecciosa (CI), popularmente conhecida como Gogô é uma doença respirató-
ria aguda, sub-aguda ou crônica, altamente contagiosa que acomete o sistema respiratório
superior de várias espécies de aves (BLACKALL & SORIANO‐VARGAS, 2020). Trata-se
de uma doença de distribuição mundial, ocorrendo preferencialmente em regiões de climas
temperados e tropicais, com alta prevalência no outono e no inverno (WAHYUNI et al., 2018;
BLACKALL & SORIANO‐VARGAS, 2020). O agente etiológico Avibacterium paragallinarum
é uma bactéria Gram-negativa, pertencente à família Pasteurellaceae, isolado pela primeira
vez em 1932 por De Blieck em 1932 (BLACKALL, 1999; ZHANG et al., 2003; RAJURKAR
et al., 2009; ZHAO et al., 2010; DESHMUKH et al., 2015; GUO et al., 2022).
DESENVOLVIMENTO
Atributos de virulência
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hospedeiro utilizando diversas ferramentas, como cápsula e substâncias tóxicas. Para A. pa-
ragallinarum, a proteína hemaglutinina (HA) possui um papel chave vital muito crucial na
imunogenicidade e patogenicidade. Estudos anteriores confirmaram que as bactérias en-
capsuladas são mais virulentas do que as não encapsuladas (EL-NAENAEEY et al., 2021).
Para Sawata et al. (1985), a cápsula de A. paragallinarum provou estar associada à coloni-
zação, mas seu papel na produção de lesões ainda é controverso. Além disso, esta cápsula
pode compartilhar genes de resistência contra a atividade bactericida entre os patógenos
(EL-NAENAEEY et al., 2021).
Prevalência e transmissão
Apresentação clínica
A doença é caracterizada principalmente por secreção nasal, edema facial uni ou bila-
teral e conjuntivite (Figura 1 e 2) (WAHYUNI et al., 2018; BLACKALL & SORIANO‐VARGAS,
2020; GUO et al., 2022). Em infecções recentes, a secreção nasal será normalmente clara,
ficando mais densa e acinzentada com a persistência da infecção. Em infecções crônicas,
ocorre formação de massas caseosas firmes e amareladas, caracterizadas por um odor fé-
tido, com obstrução das vias aéreas e consequentemente dificuldade respiratória, forçando
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a ave a respirar pela boca (Figura 3). As aves podem ter diarreia e o consumo de ração
e água geralmente é reduzido (BLACKALL & SORIANO‐VARGAS, 2020; EL-NAENAEEY
et al., 2021). De acordo com Blackall & Soriano‐Vargas (2020) e Guo et al. (2022) pneu-
monia e aerossaculite raramente estão presentes. Entretanto, relatos de surtos em frangos
de corte indicam níveis significativos de condenações nas carcaças (até 69,8%) causadas
por aerossaculite, mesmo na ausência de quaisquer outros patógenos virais ou bacteria-
nos reconhecidos. Em casos de doenças concomitantes, a CI pode ter uma apresentação
amplamente diversificada (BLACKALL, 1999; RAJURKAR et al., 2009; ZHAO et al., 2010;
BLACKALL & SORIANO‐VARGAS, 2020).
Figura 1. Edema facial com presença de material caseoso ocasionado por Avibacterium paragallinarum em galinha da
avicultura familiar.
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Figura 1. Galinha apresentando quadro de dispnéia.
Diagnóstico laboratorial
Os sinais clínicos isoladamente não são confiáveis para fechar o diagnóstico preciso, de-
vido a outras doenças apresentarem quadros clínicos semelhantes (BLACKALL & SORIANO‐
VARGAS, 2020). Portanto, somente o diagnóstico laboratorial confirmará a suspeita clíni-
ca. O tradicional método para o diagnóstico da CI requer isolamento da A. paragallinarum
e extensa caracterização bioquímica para confirmar a identidade do isolado (DESHMUKH
et al., 2015; EL-NAENAEEY et al., 2021). Porém, de acordo com Kuchipudi et al. (2021),
o processo de isolamento da bactéria é dificultado por fatores como, infecções mistas com
colonização concomitante de outras bactérias, pelo microrganismo possuir padrão de cres-
cimento fastidioso e lento, além de ser isolado apenas durante a fase aguda da infecção.
Para cultivo o patógeno requer meios enriquecidos como caldo Brain Heart Infusion (BHI)
suplementado com Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo (NAD, 0,25%) com fator de cresci-
mento de suporte e soro de galinha a 1% para aumentar o crescimento bacteriano (NOURI
et al., 2021). Além disso, a maioria das cepas de A. paragallinarum crescem em condições
microaeróbicas ou anaeróbicas com 5-10% de CO2 a 37 ºC (BYARUGABA et al., 2007).
Atualmente, métodos moleculares como, reação em cadeia da polimerase (PCR)
tem sido frequentemente utilizada para identificação e tipagem do agente causador,
além de oferecer um resultado rápido e preciso (DESHMUKH et al., 2015; BLACKALL &
SORIANO‐VARGAS, 2020).
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Exame microscópico
Características bioquímicas
Tratamento
Profilaxia
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relatos nas últimas décadas indicando que as vacinas não foram capazes de fornecer prote-
ção adequada em diferentes países, provavelmente devido à falta de proteção cruzada entre
sorovares e/ou surgimento de cepas variantes, além do provável aumento da virulência dos
isolados (DESHMUKH et al., 2015). De acordo com Blackall & Soriano‐Vargas (2020) aves
portadoras recuperadas são a principal fonte infecção dentro das granjas. Portanto, práticas
como a compra de aves de fontes desconhecidas devem ser desencorajadas. Desse modo,
para conseguir eliminar o agente de uma granja, é necessário despovoar o lote infectado ou
recuperado. Desinfetantes adequados, administrados por meio de água potável e pulveri-
zação são fundamentais para a potencialização da limpeza durante a troca de lotes. Como
adjuvante, após a correta higienização, limpeza e desinfecção dos equipamentos do galpão,
a instalação deve passar por um período de vazio sanitário antes de introduzir novas aves.
(BLACKALL & SORIANO‐VARGAS, 2020).
Além da vacinação, é importante escolher agentes antimicrobianos apropriados para
tratar e controlar a coriza infecciosa. As aves respondem ao tratamento com antimicrobianos,
especialmente com uma redução na severidade dos sinais clínicos. Porém, o tratamento
apenas reduz a gravidade da doença, mas não elimina completamente o agente etiológico
nas aves, tornando-as portadoras. Diante disso, uma vez que os animais são submetidos
a fatores adversos e estressantes que trazem prejuízo à sua saúde e ao seu bem-estar, o
quadro clínico facilmente se repete. Embora sejam usados para tratamento, muitos antibió-
ticos são proibidos durante o período de postura ou requerem descarte dos ovos durante o
período de tratamento como, a amoxicilina, a nicarbazina, a oxitetraciclina, a sulfaquinoxalina,
a narasina e a avilamicina (MACHINSKI et al., 2005; WAHYUNI et al., 2018; BLACKALL &
SORIANO‐VARGAS, 2020; GUO et al., 2022).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Finalmente, podemos concluir que as medidas de profilaxia e biossegurança, são
fundamentais para impedir que a coriza infecciosa e outros microrganismos secundários
atinja aviários e criatórios, pois tal enfermidade traz prejuízos em demasia para a indústria
de carne e ovos devido ao impacto direto na produção dos animais.
REFERÊNCIAS
1. AKTER, S. et al. Isolation and identification of Avibacterium paragallinarum from layer
chickens in Gazipur, Bangladesh. Microbes and Health, v. 3, n. 1, p. 9-11, 2014.
4. BLACKALL, P. J. Infectious Coryza: Overview of the Disease and New Diagnostic Op-
tions Clinical Microbiology Reviews. American Society for Microbiology Journals,
v. 12, n. 4, p. 627–632, 1999.
10. KUCHIPUDI, S. V. et al. A Highly Sensitive and Specific Probe-Based Real-Time PCR
for the Detection of Avibacterium paragallinarum in Clinical Samples From Poultry. Fron-
tiers in Veterinary Science, v. 8, p. 609126, 2021.
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12. MACHINSKI, J. M. et al. Medicamentos Veterinários Utilizados na Avicultura de Postu-
ra no Estado do Paraná. PAMvet-PR, 24p., 2005. Disponível em: https://www.saude.
pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-04/relatorio_avicultra.
pdf acessado em: 17 de set de 2022.
16. RIMLER, R. B. Studies of the pathogenic avian haemophili. Avian diseases, p. 1006-
1018, 1979.
20. ZHAO, Q. et al. Evaluation of two experimental infection models for Avibacterium pa-
ragallinarum Veterinary Microbiology, v. 141, n. 1-2, p. 68-72, 2010.
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