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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA

Campus Ministro Reis Velloso


Departamento de Ciências Econômicas e Quantitativas
História do Pensamento Econômico
Prof. MSc. Moacyr Ferraz do Lago∴

Data:

Aluno: Nota:

Prof. MSc. Moacyr Ferraz do Lago∴

I. A prova pode ser respondida a lápis. Porém, provas a lápis não poderão ter a sua correção contestada.
II. Não escreva entre as linhas nem nas margens esquerda, direita, superior ou inferior. Use o verso da prova ou a folha fornecida pelo professor.
III. Respostas com caligrafia ilegível serão consideradas erradas.
IV. Durante a prova é proibido fazer ou atender ligações telefônicas, além de utilizar aparelhos de som ou assemelhados.
V. É proibido o uso de celular, prancheta eletrônica ou assemelhado como calculadora.
VI. Erros de português são inadmissíveis. Somente quinze falhas serão toleradas.
VII. Deixe um espaço de uma linha entre as respostas.
VIII. A simples reprodução do texto original não será aceita como resposta. Interprete-o à sua moda.
IX. Não serão aceitos exemplos iguais aos citados no texto ou na exposição do professor. Crie exemplos próprios.
X. Não responda o que não lhe foi perguntado.
XI. Vale o que está escrito.
XII. Questões que necessitem de cálculos devem apresentar memória de cálculo.
XIII. Cálculos e respostas numéricas devem ser arredondados até a segunda casa decimal.
XIV. Economia não tem acento (^).
XV. Explicar e dissertar são diferentes de citar.
XVI. Não lhe serão pedidas definições, mas as suas interpretações e aplicações práticas.
XVII. Considere que o professor não sabe a resposta e você terá de escrever explicando os termos incomuns, de forma que ele a entenda.
XVIII. Se você tiver mais de 25% de faltas não justificadas, não poderá participar de uma eventual prova de repescagem.
IXX. Se você for flagrado em atitude desonesta receberá nota zero e não poderá participar de uma eventual prova de repescagem.
XX. Não seja simplista nas suas respostas, tentando resumir em poucas linhas o que necessita de muitas para ser eficientemente explicado.
XXI. A cópia de trechos de textos sem a indicação de autoria configura crime de contrafação, previsto na lei no 9.610/98 – lei dos direitos autorais, pelo que a questão será invalidada de forma integral.
XXII. O desrespeito a estas orientações acarretará na desconsideração de eventual questão extra ou questão desafio.

PRIMEIRA AVALIAÇÃO 2021.2


🡺 Decifre o relato abaixo. Os dados estão espalhados ao longo do texto, às vezes explicitamente, às vezes sutilmente. Seu trabalho é identificar e separar
os dados úteis dos inóquos e resolver as questões inseridas na história.
🡺 Não são pedidos relatos de teorias. Elas devem ser utilizadas para explicar as situações descritas no texto.
🡺 As respostas devem obrigatoriamente estar relacionadas e fazer referência direta às situações apresentadas no texto.

Há muito tempo, numa terra mitológica conhecida por Hy-Brazil, um caçador-coletor


primitivo chamado Syvirin-no, chefe de sua tribo, os Pan-nacás, em assembleia do conselho de
sábios, deliberou que as terras do largo do grande rio, na margem onde o sol nasce, estão
proibidas a outras tribos. Comunicou que sua sogra, a sagrada Ve-lihaá Coró-ka, juntamente
com as demais mulheres da tribo, colheram vinte jacás de mandioca na terra que cultivaram,
sendo bem mais que o suficiente para a tribo inteira subsistir durante as chuvas de inverno, mas
que devem ser cuidados e defendidos de eventuais ataques de outras tribos. Ficou decidido que
um grupo de quinze homens, os mais fortes e mais hábeis com as armas, ficarão incumbidos
desta tarefa. O idoso Cadu-kóo, chefe do conselho, com seus honoráveis 43 anos, percebeu ali
os fundamentos da propriedade privada, da divisão do trabalho, das classes sociais, do estado e
do governo. 🡪 explique – 1ª questão – 1 ponto.

Milênios depois, os descendentes dos Pan-nacás, forçados a emigrarem de Hy-Brazil


devido uma série de erupções vulcânicas, aportaram em uma nova terra, um arquipélago
localizado num grande braço de mar que separa a terra dos homens de feições como o ébano da
terra dos homens de feições como o leite. Ali se instalaram e terminaram por serem absorvidos
pela cultura local, que se autodenominava grega. Seus líderes eram fortemente influenciados
por idosos barbudos que adoravam proferir longos discursos e fazer perguntas difíceis que eles
mesmos respondiam, principalmente um notório pedófilo chamado Platão. Tudo para eles
estava submetido aos preceitos de uma tal “filosofia”, notadamente um que defendia que
produzir bens demais era perigoso e desaconselhado. à explique – 2ª questão – 0,5
ponto.Alguns séculos se passaram. Um representante direto da casa de Syvirin-no, Sivirin-
nozyn, alistou-se como soldado da infantaria da Nona Legião Romana, sediada na Britânnia.
Sua tarefa, já que conhecia os números, era contar quantos passos marchava todos os dias; isso
era de vital importância na confecção de mapas. Demorou quinze anos, o tempo do serviço
militar em Roma, para entender por que o Império Romano tinha de arregimentar cada vez
mais soldados para conquistar cada vez mais terras e terminava por precisar de mais soldados

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ainda para mantê-las. E ainda havia as questões dos cidadãos romanos e dos custos envolvidos
nisso tudo. à explique – 3ª questão – 1 ponto.

Sivirin-nozyn, em suas andanças, chegou ao Oriente Médio. Lá conheceu Abdulei-o-


Sefhafrin-Mohemesan-Afif, mais conhecido por Abdias, um soldado da guarda pessoal do
déspota oriental Sacanavan, que mantinha todos em regime de servidão coletiva para o
benefício de uma classe específica à explique – 4ª questão – 0,5 ponto.

Abdias explicou que o uso de mão-de-obra escrava era muito comum, e que as pessoas
se tornavam escravas de diversas formas; e foram extremamente importantes para a economia
da época, mas que a escravidão já estava diminuindo junto com os “impérios”. à explique – 5ª
questão – 0,5 ponto.

“Os reis e imperadores estão ficando sem poder”, relatou Abdias. “Quem está
mandando agora são os antigos generais dos exércitos romanos e os seus descendentes, que
tomaram para si partes das terras conquistadas. Eles chamam seus domínios de ‘feudos’. Quem
trabalha mesmo são as pessoas que vivem ‘de favor’ neles. Mudou tudo!”. à explique – 6ª
questão – 0,5 ponto.

Passaram-se oito séculos. Um descendente distante de Abdias, radicado na França,


chamado Esquisitônio (filho de um grego criado na Tunísia por uma família angolana que
falava latim com sotaque indiano), tornou-se aluno de um certo Colbert, figura importante da
época que ensinava uma coisa estranha chamada Mercantilismo. Após alguns anos de estudo,
desistiu de entender os motivos da França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e outros países
serem obcecados em acumular grandes somas em ouro e prata. “Não como, bebo, visto ou
moro ouro ou prata. Por que então acumulá-lo, às vezes em detrimento ao consumo de bens que
fariam minha vida mais confortável?”. à explique qual o sentido ou a lógica disto – 7ª questão –
0,5 ponto.“E quanto a essa história de sempre vender mais para o exterior do que comprar?
Para que este protecionismo todo? Como isso pode funcionar? A conta não fecha!”. à explique
– 8ª questão – 1 ponto.

Por fim, Esquisitônio criticava duramente o que ele chamou de “relações espúrias”
entre o Mercantilismo e um tal de Colonialismo; um dependente do outro para se manter à
explique – 9ª questão – 0,5 ponto.“Se um dia eu chegar a ser Ministro de Estado das Relações
Exteriores, vou acabar com uma coisa relacionada ao Mercantilismo chamado Pacto Colonial.
Ele é um desatre para as colônias!”. Anos depois, Esquisitônio realmente se tornou ministro e
tentou abolir o Colonialismo na França. Acabou preso e executado, acusado de conspirar para
destruir a economia francesa à explique – 10ª questão – 1 ponto.

Uma filha de Esquisitônio, Horroronilda, foi a primeira mulher a estudar filosofia


econômica na Europa. Ela não conseguiu se casar; talvez porque o nome representasse
fielmente os dotes físicos da donzela, dispondo esta então de muito tempo livre para os estudos.
Seu mestre, Quesnay, o mais célebre dos fisiocratas, que por algum motivo sempre lhe dava
aulas de costas, dizia sempre que “laissez-faire, laissez passer, le monde va de lui-même”, e
que isso se relaciona com o fato de defender o fim da regulamentação estatal sobre o
funcionamento da Bolsa de Valores de Paris à explique – 11ª questão – 1 ponto.

A irmã de Horroronilda, Hemorroilda, que também não se casou (talvez seja só


coincidência), trabalhava como entalhadora numa fábrica de relógios de parede. Voltou para
casa numa noite aos prantos e quase depressiva devido ter assistido uma palestra do mestre
Quesnay. “Como assim o que eu faço não gera riqueza? Estou me sentindo um nada! Meus
relógios entralhados com tanto zêlo não são riqueza real? O que eu faço da minha vida agora?”.
à explique – 12ª questão – 0,5 ponto.

O melhor amigo de Horroronilda e Hemorroilda era um simpático – e casado – escocês


chamado A. Smith, que devia ser meio cego e com problemas de olfato, visto que costumava

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passar horas discutindo economia com as irmãs. Certa feita, ele criticou duramente os sistemas
educacionais françês e inglês, dando como exemplo o seu secretário particular, Mesmíssino,
que estudou por anos, se especializou em secretariado executivo e não demonstrava saber fazer
outra coisa que não secretariá-lo à explique – 13ª questão – 1 ponto.

Seu secretário anterior, Preguissônio, fez concurso para professor de uma escola pública
inglesa. Leciona no sexto ano e seus alunos são quase analfabetos. Segundo Smith, falta a
meritocracia no sistema educacional à explique – 14ª questão – 0,5 ponto.
Numa bela tarde de verão, sentados num banco de um parque londrino, Smith afirmou com
toda a ênfase possível para quem quisesse ouvir, e não só o seu secretário: “Graças a Deus que
as pessoas são gananciosas! Se assim não fosse, ninguém teria o que comer!”. à explique – 15ª
questão – 0,5 ponto. Mesmíssino, que tinha o costume compulsivo de anotar tudo que seu
patrão dizia, registrou esse rompante em cartas enviadas ao seu primo Apoloniasto, colono
emigrado para o Brasil do século XIX. Apoloniasto, frequentador assíduo de um salão de bilhar
na Freguesia de Nossa Senhora do Ó, em São Paulo, sem ter mais o que fazer naquele dia,
lançou o seguinte desafio aos seus amigos de taco, baseado na Teoria das Vantagens Absolutas
de Smith, registrada nas cartas de seu primo: o Brasil, eficiente na produção de carne bovina e
ineficiente na produção de carne de baleia e a Lapônia, eficiente na produção de carne de baleia
e ineficiente na produção de carne bovina, podem manter relações comerciais vantajosas para
ambos à explique – 16ª questão – 0,5 ponto.

Alguns dias depois de sair do hospital, após sofrer um inexplicável acidente onde um
taco e quatro bolas de bilhar se quebraram quase que simultaneamente em sua cabeça, inclusive
uma mesma bola duas vezes, Apoloniasto voltou a ter com os companheiros e fez um novo
desafio, desta feita baseado na Teoria das vantagens Comparativas de Ricardo: o Brasil é mais
eficiente que a Lapônia na produção de carne bovina e carne de baleia, mas mesmo assim
compra carne de baleia da Lapônia, seu mercado importador de carne bovina à explique – 17ª
questão – 1 ponto. Seu sepultamente está marcado para segunda-feira no cemitério-parque Terra
dos Pés-Juntos e a família agradece a todos que comparecerem a este ato de fé e piedade cristã.

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