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Introdução e Interpretação dos Livros Históricos – Prof.: Dra. Cristiane Voigt Schwambach
Os relatos encontrados em Esdras e Neemias acontecem durante o domínio persa. Assim que o império
babilônio entrou em declínio, Ciro, o novo imperador, permitiu que os povos cativos voltassem para suas terras de
origem. Com essa permissão, os judeus retornaram a Judá, onde poderiam reconstruir a cidade, o muro ao redor da
cidade e o templo. Com estes relatos, terminam historicamente as narrativas no nosso AT. Acontecimentos entre a
volta do exílio e o nascimento de Jesus encontramos somente no cânon católico, nos livros apócrifos.
Macro-estrutura
Atualmente propõe-se uma reordenação dos capítulos, levando-se em conta a sequência dos acontecimentos.
Conteúdo
Ed 1-6 Edito de Ciro, história do retorno e reconstrução do templo – chamada “crônica aramaica”
1 Edito de Ciro (citado novamente e com isso ligado a 2 Cr 36.22-23 e transcrito em 6.3-5)
a respeito da reconstrução do templo e sobre o retorno.
Regresso da primeira leva daqueles “cujo espírito Deus despertou”.
Devolução dos utensílios do templo a Sesbazar (cf. 5.15ss), príncipe de Judá
2 Lista/registro dos que voltaram da Babilônia (cf. Ne 7) com Zorobabel, neto do rei
Joaquim [deportado em 597] e Jesus/Josué, neto do último sacerdote de Jerusalém.
Também subiram alguns de origem obscura (59ss).
v. 63: Urim e Tumim
v. 64ss: total dos que retornaram: 42.360 pessoas, fora servos/servas e cantores/cantoras.
v. 68s: doações para o templo; isto é, alguns enriqueceram no exílio.
3 Recomeço do culto: reconstrução do altar de holocaustos, celebração das festas fixas (cf.
Nm 28.11-29.39)
Faculdade Luterana de Teologia – Curso de Bacharelado em Teologia
Introdução e Interpretação dos Livros Históricos – Prof.: Dra. Cristiane Voigt Schwambach
Tipos de textos:
Os livros de Esdras e Neemias apresentam uma série de listas. Entre as razões para tal, poderíamos arrolar, por
exemplo, que fazia-se necessário determinar quais pessoas comprovadamente descendiam dos que retornaram
do exílio (Ed 2), podendo ser vistos como membros plenos da nova comunidade pós-exílica ou até mesmo
como sacerdotes ou levitas (cf. também Ed 1.9-11a; 8.1-14 e 26s; 10.18,20-24a.)
Cartas e decretos que legitimam a reconstrução de Jerusalém/Judá ante os ataques de inimigos (cf. Ed 7.12-16;
4.6-6.18).
Memorial auto-biográfico de Neemias, “Memórias de Neemias”, relatos na primeira pessoa: Ne 1-7 e 12-13.
Importante para o período pós-exílico são as orações com breve retrospectiva história com vistas à história da
salvação e sua compreensão de história: Ed 9, Ne 9 e Dn 9.
a. No NT, cf. At 7: discurso de Estevão.
Tema importante:
Ed 9 e 10 e Ne 13 ocupam-se com a problemática da “pureza” da comunidade pós-exílica. Questões de animais
puros e impuros tornam-se importantes, bem como a problemática em torno dos samaritanos e dos
matrimônios mistos
Peculiaridades:
No livro de Esdras encontramos trechos em aramaico. Aliás, na Bíblia, encontramos os seguintes trechos em
aramaico: Gn 31.47 (duas palavras); Jr 10.11 (verso isolado); Ed 4.8-6-18; 7.12-26; Dn 2.4b-7.28 (cf. 2 Rs
18.26).
Faculdade Luterana de Teologia – Curso de Bacharelado em Teologia
Introdução e Interpretação dos Livros Históricos – Prof.: Dra. Cristiane Voigt Schwambach
Os livros de Esdras e Neemias citam mais vezes os reis persas. Os principais, para compreensão do AT, são:
2. Cartas e decretos que legitimam a reconstrução de Jerusalém/Judá ante os ataques de inimigos (cf. Ed 7.12-16;
4.6-6.18). Os documentos que são identificados em Ed/Ne são os seguintes:
Decreto de Ciro da Pérsia: Ed 1.1-4.
Lista de pessoas que regressaram da Babilônia: Ed 2.1-63 (ver Ne 7.6-72).
Carta de Reum, o comandante, a Artaxerxes Ed 4.11-6, em aramaico.1
Carta de Artaxerxes a Reum, em resposta Ed 4.7-22, em aramaico.
Carta de Tetanai, o governador, a Dario: Ed 5.7-17, em aramaico. Cita
Memorando de Ciro com a ordem de reconstruir o templo: Ed 6.1-5, em aramaico.
Carta de Dario a Tetanai (governador da Transeufratênia), em resposta: Ed 6.6-12, em aramaico. Cita
e confirma a liderança de Sesbazar e acrescenta que fora nomeado governador por Ciro e que havia
comandado a construção dos alicerces do templo. Documento confiável? Aceito como legítimo líder
da comunidade, que retorna e sobre quem cai a responsabilidade de reconstruir o templo.
Memórias de Esdras: Ed 7-10, com partes em aramaico. Uma memória é escrita em 1. pessoa
Decreto de Artaxerxes com a ordem de regresso dos exilados a Jerusalém: Ed 7.12-26, em aramaico.
Genealogia dos líderes que voltam com Esdras: Ed 8.2-14.
Lista dos que haviam casado com estrangeiras: Ed 10.18-44.
Memórias de Neemias: Ne 1-7; 13.4-31.
Lista de pessoas que regressaram da Babilônia: Ne 7.6-72 (ver Ed 2.1-63).
Livro da Lei de Moisés: Ne 8.1,18 – este documento não é transcrito.
Pacto de fidelidade: Ne 10.1-27 - foi transcrita apenas a lista dos assinantes.
Lista dos habitantes de Jerusalém: Ne 11.4-24.
Distribuição dos habitantes das aldeias: Ne 11.25-35.
Lista dos sacerdotes e levitas que voltaram com Zorobabel: Ne 12.1-26.
Tema importante:
Ed 9 e 10 e Ne 13 ocupam-se com a problemática da “pureza” da comunidade pós-exílica. Questões de animais
puros e impuros tornam-se importantes, bem como a problemática em torno dos samaritanos e dos
matrimônios mistos
Peculiaridades:
No livro de Esdras encontramos trechos em aramaico. Aliás, na Bíblia, encontramos os seguintes trechos em
aramaico: Gn 31.47 (duas palavras); Jr 10.11 (verso isolado); Ed 4.8-6-18; 7.12-26; Dn 2.4b-7.28 (cf. 2 Rs
18.26).
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Língua oficial do império persa.
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Introdução e Interpretação dos Livros Históricos – Prof.: Dra. Cristiane Voigt Schwambach
Não houve um grupo único que retornou do exílio, após 70 anos de cativeiro, conforme informações que se pode
deduzir dos livros de Esdras/Neemias. Parece terem existido três/quatro grupos de exilados, que retornaram em
momentos diferentes.