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 Por que estudar esse livro?

 O livro de Neemias conta a história de Neemias, um líder dos judeus que regressara a Jerusalém. Sob sua
direção, foram reconstruídos os muros de Jerusalém. Contudo, “Neemias não se contentou simplesmente em
erguer estruturas físicas, mas desejava também que seu povo fosse edificado espiritualmente” e ajudou os
judeus a “assumir o controle de sua vida, suas terras e seu destino como o povo de Deus”.
 Ele também foi um exemplo de muitas qualidades nobres. “Ele era humilde, motivado, confiante na vontade
de Deus, cheio de iniciativa, dotado de grande fé, destemido, organizado, obediente e justo”. Ao estudar o
livro de Neemias, os alunos terão não somente um exemplo de liderança correta como vão aprender o valor de
fortalecer-se espiritualmente.
 Quem escreveu esse livro?
 Não se sabe quem foi o autor do livro de Neemias. No entanto, o livro tem um estilo autobiográfico. Neemias
1:1 menciona que se trata das “palavras de Neemias, filho de Hacalias”, e o restante da narrativa foi escrita
principalmente na primeira pessoa. Isso pode levar a crer que pelo menos partes do livro foram escritas pelo
próprio Neemias.
 Quando e onde foi escrito?
 A data e o local em que foi escrito o livro de Neemias são desconhecidos. No entanto, Neemias 1:1 menciona
que o registro começou em Susã, na Pérsia, no “ano vigésimo” do reinado do rei Artaxerxes da Pérsia, que
governou de 465 a.C. a 424 a.C.
 Quais são algumas características marcantes desse livro?
 O livro de Neemias é a continuação do relato que começa no livro de Esdras. Os livros de Esdras e Neemias
constituíam originalmente um único livro no cânone escriturístico hebraico e foram divididos em dois no
terceiro século d.C.
 O livro de Neemias registra um período importante na história judaica, que incluiu a reconstrução da cidade
de Jerusalém e a reedificação da vida espiritual dos judeus que tinham voltado do cativeiro. Quando os
israelitas voltaram para Jerusalém após a longa escravidão na Babilônia, encontraram sua cidade em ruínas. O
muro protetor em volta da cidade de Jerusalém tinha sido reduzido a escombros, o que deixava os israelitas
vulneráveis a ataques dos inimigos. Sob a direção de Neemias, os israelitas começaram a reconstruir a
muralha.
 Durante as obras, os israelitas enfrentaram oposição. Quando os inimigos de Neemias tentaram distanciá-lo da
empreitada, ele respondeu: “Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta
obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco? ” (Neemias 6:3). Com isso, Neemias demonstrou seu
comprometimento para com a promessa que fizera ao Senhor de reconstruir Jerusalém (ver Neemias 1:11;
2:4–5). Neemias pode servir de exemplo para nós da importância de permanecermos fiéis ao Senhor mesmo
em meio à oposição.
 RÁPIDO RESUMO:
 Neemias 1–6 Neemias, um judeu que servia de copeiro do rei da Pérsia, jejua e ora ao saber que os judeus em
Jerusalém estão sofrendo e que os muros em volta da cidade foram derrubados. O rei Artaxerxes concede o
pedido de Neemias para voltar e reconstruir os muros e portões da cidade. Neemias viaja a Jerusalém e lidera
os judeus na reconstrução dos muros da cidade, apesar da oposição.
 Neemias 7 Para proteger os judeus que viviam em Jerusalém, Neemias ordena que as portas da cidade sejam
abertas só nas horas mais quentes do dia e trancadas em todos os outros momentos. Também nomeia porteiros
para vigiar os portões e as casas dos judeus. Ele examina o registro genealógico dos judeus em Jerusalém. É
negado o sacerdócio àqueles que não conseguem provar por meio de registros genealógicos que são levitas.
 Neemias 8–10 Esdras lê em voz alta e interpreta a lei de Moisés para os judeus. O povo chora quando ouve a
leitura em voz alta das escrituras. Eles jejuam e confessam seus pecados perante o Senhor. Alguns judeus
contam a história dos israelitas e algumas bênçãos recebidas de Deus desde Abraão até seus dias. O povo faz o
convênio de casar-se somente dentro da casa de Israel, honrar o Dia do Senhor, pagar o dízimo e guardar os
mandamentos do Senhor.
 Neemias 11–12 Os muros de Jerusalém são concluídos e dedicados. O povo dá graças a Deus.
 Neemias 13 Neemias sai de Jerusalém por vários anos e, durante sua ausência, os judeus em Jerusalém
começam a quebrar seus convênios e a negligenciar a lei de Moisés. Neemias volta e ajuda o povo a guardar
os convênios limpando o templo, reinstituindo a observância do Dia do Senhor e ensinando ao povo sobre o
casamento dentro do convênio.
 Neemias, cujo nome significa “Deus Consola”, era servo judeu do rei persa Artaxerxes. Era copeiro do rei.
Esta era uma posição de grande confiança e honra, e desejável, pois dava acesso ao rei em ocasiões em que
este estava de espírito alegre e disposto a conceder favores. Entretanto, Neemias era um daqueles fiéis
exilados que preferiu Jerusalém acima de qualquer “causa de alegria” pessoal. (Sal. 137:5, 6) Não era
posição ou riqueza material que ocupava o primeiro lugar nos pensamentos de Neemias, mas, antes, a
restauração da adoração de Deus.
 Em 456 a.C., os “que remanesceram do cativeiro”, o restante judeu que retornara a Jerusalém, não estavam
prosperando. Estavam numa situação lamentável. (Neemias. 1:3) A muralha da cidade era um entulho, e o
povo era um vitupério aos olhos de seus adversários sempre presentes. Neemias estava pesaroso.
 Contudo, era o tempo determinado do Senhor Deus para que se fizesse algo a respeito das muralhas de
Jerusalém. Com ou sem inimigos, Jerusalém com sua muralha protetora precisa ser construída como marco
no tempo, em conexão com uma profecia que Deus dera a Daniel sobre a vinda do Messias. (Dan. 9:24-27)
Por conseguinte, Deus guiou os eventos, usando o fiel e zeloso Neemias para executar a vontade divina.
 Neemias é, sem dúvida, o escritor do livro que leva seu nome. A declaração inicial: “As palavras de
Neemias, filho de Hacalias”, e o uso da primeira pessoa no texto provam claramente isto. (Neemias. 1.1).
Originalmente os livros de Esdras e Neemias eram um só livro, chamado Esdras. Mais tarde, os judeus
dividiram o livro em Primeiro e Segundo Esdras, e ainda mais tarde, Segundo Esdras veio a ser conhecido
como Neemias. Há um intervalo de cerca de 12 anos entre os eventos finais de Esdras e os eventos iniciais
de Neemias, cuja história abrange então o período do fim de 456 a.C. até depois de 443 a.C. – Neemias 1:1;
5:14; 13:6.
 O livro de Neemias se harmoniza com o restante da Escritura inspirada, da qual faz legitimamente parte.
Contém numerosas alusões à Lei, fazendo menção de assuntos tais como alianças matrimoniais com
estrangeiros (Deut. 7:3; Nee. 10:30), empréstimos (Lev. 25:35-38; Deut. 15:7-11; Nee. 5:2-11) e a
Festividade das Barracas (Deut. 31:10-13; Nee. 8:14-18). Ademais, o livro marca o início do cumprimento
da profecia de Daniel de que Jerusalém seria reconstruída, mas não sem oposição, “no aperto dos tempos”.
Dan. 9:25. Que dizer da data de 455 a.C. para a viagem de Neemias a Jerusalém, a fim de reconstruir a
muralha da cidade? Evidências históricas fidedignas de fontes gregas, persas e babilônicas apontam para
475 a.C. como o ano da ascensão de Artaxerxes e para 474 a.C. como seu primeiro ano de reinado. Isto faz
com que seu 20. ° ano seja 455 a.C.. Neemias 2:1-8 indica que foi na primavera setentrional daquele ano,
no mês judaico de nisã, que Neemias, o copeiro real, recebeu do rei permissão para restaurar e reconstruir
Jerusalém, sua muralha e seus portões. A profecia de Daniel declarava que se passariam 69 semanas de
anos, ou 483 anos, “desde a saída da palavra para se restaurar e reconstruir Jerusalém até o Messias, o
Líder” — uma profecia que se cumpriu de modo notável, se harmoniza tanto com a história secular como
com a bíblica. (Dan. 9:24-27; Luc. 3:1-3, 23). Deveras, os livros de Neemias e Lucas se harmonizam
notavelmente com a profecia de Daniel em indicar ao Senhor Deus como o Autor e Cumpridor de profecias
verdadeiras! Neemias faz realmente parte das Escrituras inspiradas.
 CONTEÚDO DE NEEMIAS
 Neemias é enviado a Jerusalém (1:1–2:20). Neemias fica grandemente perturbado com o relato de Hanani,
que retornou a Susã, vindo de Jerusalém, trazendo notícias sobre os grandes apuros dos judeus ali, e sobre o
estado derrocado da muralha e dos portões. Ele jejua e ora ao Senhor como o “Deus dos céus, o Deus
grande e atemorizante, guardando o pacto e a benevolência para com os que o amam e que guardam os seus
mandamentos”. (1:5) Confessa os pecados de Israel e pede que Deus se lembre do Seu povo por causa do
Seu nome, assim como prometera a Moisés. (Deut. 30:1-10). Quando o rei pergunta a Neemias sobre o
motivo de seu semblante triste, Neemias lhe conta sobre a condição de Jerusalém e pede permissão para
voltar e reconstruir a cidade e sua muralha. Seu pedido é concedido, e ele viaja imediatamente a Jerusalém.
Após uma inspeção noturna da muralha da cidade, para se familiarizar com o trabalho à frente, revela seu
plano aos judeus, frisando a mão de Deus no assunto. Diante disso, dizem: “Levantemo-nos, e temos de
construir. ” (Nee. 2.18). Quando os vizinhos samaritanos e outros ficam sabendo que o trabalho foi
iniciado, começam a zombar e escarnecer.
 A muralha reconstruída (3:1–6:19). O trabalho na muralha começa no terceiro dia do quinto mês,
participando unidamente na labuta os sacerdotes, os príncipes e o povo. Os portões da cidade e as muralhas
entre estes são consertados rapidamente. Sambalá, o horonita, escarnece: “Que fazem estes judeus
decrépitos? . . .. Acabarão num dia? ” A isto, Tobias, o amonita, acrescenta seu escárnio: “Mesmo aquilo
que estão construindo, se uma raposa subisse contra aquilo, certamente derrocaria a sua muralha de pedras.
” (4:2, 3) Quando a muralha atinge a metade de sua altura, os adversários associados ficam furiosos e
conspiram vir lutar contra Jerusalém.
 Mas Neemias exorta os judeus a lembrar-se de “Deus, o Grande e o Atemorizante”, e a lutar por suas
famílias e por seus lares. (4:14) O trabalho é reorganizado de modo a enfrentar a situação tensa; alguns
ficam de guarda com lanças, ao passo que outros trabalham com a espada sobre o quadril.4:18
Todavia, há também problemas entre os próprios judeus. Alguns deles cobram usura dos co-adoradores de
Deus, contrário à Sua lei. (Êxo. 22:25) Neemias corrige a situação, aconselhando contra o materialismo, e o
povo aquiesce voluntariamente. O próprio Neemias, durante todos os seus 12 anos de governo. nunca
reclama o pão devido a ele como governador, por causa do trabalho pesado a que o povo está sujeito.
 Os inimigos tentam então táticas mais sutis para interromper a construção. Convidam Neemias a descer
para uma conferência, mas este replica que não pode largar o grande trabalho que está realizando. Sambalá
acusa Neemias de rebelião e de planejar fazer-se rei de Judá, e contrata secretamente um judeu para
amedrontar a Neemias, para que este se escondesse indevidamente no templo. Neemias não se deixa
intimidar, e calma e obedientemente prossegue com sua incumbência dada por Deus. A muralha é
terminada “em cinquenta e dois dias”. — Nee. 6:15.
 Instruindo o povo (7:1–12:26). Há bem poucas pessoas e casas na cidade, porque a maioria dos israelitas
reside fora, segundo suas heranças tribais. Deus orienta Neemias a reunir os nobres e todo o povo, a fim de
registrá-los genealogicamente. Ao fazer isso, consulta o registro dos que voltaram de Babilônia. Convoca-
se, a seguir, uma assembleia de oito dias na praça pública, junto ao Portão das Águas. Esdras inicia o
programa, de pé num estrado de madeira. Bendiz a Deus e daí lê o livro da Lei de Moisés, desde o
amanhecer até o meio-dia. É habilmente assistido por outros levitas, que explicam a Lei ao povo e
continuam ‘a ler alto no livro, na Lei do verdadeiro Deus, fornecendo-se esclarecimento e dando-se o
sentido dela; e continuam a tornar a leitura compreensível’. (8:8) Neemias exorta o povo a festejar e a se
regozijar, e a apreciar a força das palavras: “O regozijo do Senhor Deus é o vosso baluarte.” – 8.10.
 No segundo dia da assembleia, os cabeças do povo realizam uma reunião especial com Esdras, para se
inteirarem da Lei. Ficam sabendo da Festividade das Barracas que deve ser celebrada nesse sétimo mês, e
tomam imediatamente providências para armar barracas para essa festa para Deus. Há “muitíssima alegria”
enquanto residem por sete dias em barracas, ouvindo dia após dia a leitura da Lei. No oitavo dia, realizam
uma assembleia solene, “segundo a regra”. — Nee. 8:17, 18; Lev. 23:33-36.
 No 24° dia do mesmo mês, os filhos de Israel se reúnem outra vez e passam a se separar de todos os
estrangeiros. Ouvem a leitura especial da Lei e então a recapitulação escrutinadora dos tratos de Deus com
Israel, apresentada por um grupo de levitas. Esta tem como tema: “Levantai-vos, bendizei ao Senhor, vosso
Deus, de tempo indefinido a tempo indefinido. E bendigam o teu glorioso nome, que é enaltecido acima de
toda bênção e louvor. ” (Nee. 9:5) Passam então a confessar os pecados de seus antepassados e pedem
humildemente a bênção de Deus. Isto se dá na forma duma resolução atestada pelo selo dos representantes
daquela nação. O inteiro grupo concorda em abster-se de formar alianças matrimoniais com os povos do
país, em guardar os sábados, e em manter o serviço do templo e os trabalhadores. Uma pessoa de cada dez
é selecionada por sorte para residir permanentemente em Jerusalém, dentro das muralhas.
 A dedicação da muralha (12.27–13.3). A dedicação da recém-construída muralha é um tempo de canto e
felicidade. É ocasião de outra assembleia. Neemias providencia dois grandes coros de agradecimento e
procissões para andarem sobre a muralha em direções opostas, encontrando-se finalmente para oferecer
sacrifícios na casa de Deus. Fazem-se arranjos para contribuições materiais para o sustento dos sacerdotes e
dos levitas no templo. Uma leitura adicional da Bíblia revela que os amonitas e os moabitas não devem ter
permissão de entrar na congregação, e, assim, começam a separar toda a mistura de gente de Israel.
 Purificação da impureza (13:4-31). Depois de passar algum tempo em Babilônia, Neemias retorna a
Jerusalém e descobre que se infiltraram entre os judeus novos atos condenáveis. Quão rapidamente as
coisas mudaram! O sumo sacerdote Eliasibe chega a fazer um refeitório no pátio do templo para o uso de
Tobias, um amonita, um dos inimigos de Deus. Neemias não perde tempo. Lança fora a mobília de Tobias
e manda purificar todos os refeitórios. Descobre também que as contribuições materiais para os levitas
foram descontinuadas, de modo que eles estão saindo de Jerusalém para ganhar a vida. Grassa o
comercialismo na cidade. O sábado não é guardado. Neemias lhes diz: “Acrescentais à ira ardente contra
Israel, profanando o sábado.” (13:18) Ele fecha os portões da cidade no sábado para manter fora os
negociantes, e ordena-lhes que fiquem longe da muralha da cidade. Mas há um mal pior do que este, algo
que haviam concordado solenemente em não fazer de novo. Trouxeram esposas estrangeiras, pagãs, para
dentro da cidade. Já a prole de tais uniões não mais fala o idioma judaico. Neemias lhes faz lembrar que
Salomão pecou por causa de esposas estrangeiras. Devido a este pecado, Neemias manda embora o neto de
Eliasibe, o sumo sacerdote. Daí, organiza o sacerdócio e o trabalho dos levitas.
Neemias termina seu livro com o simples e humilde pedido: “Lembra-te deveras de mim, ó meu Deus, para
o bem. ” — 13:31.
 TIRANDO PROVEITO PARA OS NOSSOS DIAS
 A devoção piedosa de Neemias deve servir de inspiração para todos os que amam a adoração correta. Ele
abandonou uma posição favorecida para se tornar humilde líder entre o povo de Deus. Recusou até mesmo
a contribuição material a que tinha direito, e condenou terminantemente o materialismo como um laço.
Seguir e guardar zelosamente a adoração de Deus foi o que Neemias advogou para a inteira nação. (5:14,
15; 13:10-13) Neemias foi um esplêndido exemplo para nós por ser inteiramente altruísta e discreto, um
homem de ação, destemido em favor da justiça em face do perigo. (4:14, 19, 20; 6:3, 15) Tinha o correto
temor de Deus e estava interessado em edificar seus conservos na fé. (13:14; 8:9) Aplicou vigorosamente a
lei de Deus, especialmente no que tange à adoração verdadeira e à rejeição de influências estrangeiras, tais
como os casamentos com pagãos. — 13:8, 23-29.
 Em todo o livro se evidencia que Neemias tinha um bom conhecimento da lei de Deus, e que fez bom uso
disso. Invocou a bênção de Deus por causa da promessa em Deuteronômio 30:1-4, tendo plena fé de que
Deus agiria lealmente para com ele. (Nee. 1:8, 9). Programou diversas assembleias, principalmente para
familiarizar os judeus com as coisas escritas anteriormente. Ao ler a Lei, Neemias e Esdras foram diligentes
em tornar a Palavra de Deus compreensível para o povo, e em dar sequência a isso por colocá-la em prática.
— 8:8, 13-16; 13:1-3.
 A completa confiança de Neemias em Deus, e seus humildes pedidos devem incentivar-nos a desenvolver
uma atitude similar de devota dependência de Deus. Note como suas orações glorificavam a Deus,
indicavam o reconhecimento dos pecados do seu povo, e solicitavam que o nome do Senhor fosse
santificado. (1:4-11; 4:14; 6:14; 13:14, 29, 31) Que este zeloso líder era fonte de força para o povo de Deus
se demonstra na prontidão com que seguiram a sua direção sábia, e na alegria que derivaram de fazer a
vontade de Deus junto com ele. Deveras um exemplo inspirador! Entretanto, na ausência dum líder sábio,
quão rapidamente se infiltraram o materialismo, a corrupção, e a crassa apostasia! Isto certamente deve
inculcar em todos os dirigentes do povo de Deus hoje a necessidade de estarem ativos, alertas e zelosos no
tocante aos interesses de seus irmãos cristãos, e de compreensão e firmeza ao guiá-los nos caminhos da
verdadeira adoração.
 Neemias mostrou forte confiança na Palavra de Deus. Não só foi instrutor zeloso das Escrituras, mas
também usou-as para estabelecer as heranças genealógicas e o serviço dos sacerdotes e dos levitas entre o
povo restaurado de Deus. (Nee. 1:8; 11:1–12:26; Jos. 14:1–21:45). Isto deve ter sido de grande
encorajamento para o restante judeu. Fortaleceu a confiança deles nas grandiosas promessas feitas
previamente, relativas à Semente e à restauração maior a vir sob Seu Reino. É a esperança na restauração
do Reino que estimula os servos de Deus a lutar corajosamente pelos interesses do Reino e a estar ocupados
na edificação da verdadeira adoração em toda a terra.

 INTRODUÇÃO DO LIVRO DE NEEMIAS


 Neemias (“o Senhor consola”) é um copeiro famoso que nunca aparece na Escritura, exceto nesse livro. Como
os livros de Esdras e Ester, que receberam seus nomes em homenagem a seus contemporâneos (veja a
Introdução a Esdras e a Ester), o livro de Neemias narra alguns fatos que ocorreram durante a sua liderança e
recebeu como título o seu nome. Tanto a Septuaginta, em grego, como a Vulgata, em latim, chamam esse livro
de “Segundo Esdras”. Embora na maioria das versões da Bíblia na nossa língua os livros de Esdras e Neemias
estejam separados, é possível que tivessem sido reunidos num único livro, como estão atualmente nos textos
em hebraico. Os autores do Novo Testamento não citam Neemias.
 AUTOR E DATA
 Embora grande parte desse livro tenha sido nitidamente extraído dos diários pessoais de Neemias e escrito de
seu ponto de vista pessoal (1:1—7:5; 12:27-43; 13:4-31), tanto a tradição judaica como a cristã reconhecem
Esdras como seu autor. Isso é fundamentado em evidências externas, como o fato de Esdras e Neemias terem
sido originalmente um único livro, conforme refletido na Septuaginta e na Vulgata, bem como em evidências
internas, como a menção recorrente do tema da “mão do SENHOR”, que domina tanto o livro de Esdras como
o de Neemias, e o papel do autor como sacerdote-escriba. Como escriba, ele tinha acesso aos arquivos reais da
Pérsia, o que explica o grande número de documentos encontrados nos registros dos dois livros, especialmente
no livro de Esdras. Poucas pessoas teriam tido acesso aos arquivos da realeza do Império Persa, mas Esdras
provou ser uma exceção (cf. Ed 1:2-4; 4:9-22; 5:7-17; 6:3-12).
 Os acontecimentos em Neemias 1 têm início no fim do ano de 446 a.C., o vigésimo ano do reinado do rei
persa Artaxerxes (464-423 a.C.). O livro segue em ordem cronológica, do primeiro mandato de Neemias como
governador de Jerusalém no período de 445 a 433 a.C., aproximadamente, (Ne 1—12) até o seu segundo
mandato, que possivelmente teve início por volta de 424 a.C. (Ne 13). Neemias foi escrito por Esdras em
algum momento durante ou depois do segundo mandato de Neemias, mas antes de 400 a.C.
 CENÁRIO E CONTEXTO
 Fiel à sua promessa de castigo, Deus usou os assírios e babilônios como instrumentos para executar sua
punição sobre os desviados reinos de Judá e Israel. Em 722 a.C., os assírios exilaram as dez tribos do Norte e
as espalharam por todo o mundo conhecido de então (2Rs 17). Muitos séculos depois, por volta de 605-586
a.C., Deus usou os babilônios para saquear, destruir e quase despovoar Jerusalém (2Rs 25), porque Judá havia
persistido em sua infidelidade à aliança. Deus castigou o seu povo com setenta anos de cativeiro na Babilônia
(Jr 25:11).
 CRONOLOGIA DE NEEMIAS
 Referência Data Acontecimentos 1:1,4 nov/dez 446 a.C. (quisleu) Neemias fica sabendo dos problemas e ora
2:1-5 mar/abr 445 a.C. (nisã) Neemias é enviado a Jerusalém 3:1; 6:15 jul/ago 445 a.C. (abe) Neemias dá
início à construção do muro 6:15 ago/set 445 a.C. (elul) Neemias conclui a construção do muro 7:73b set/out
445 a.C. (tisri) Celebração do Dia das Trombetas (subentendido) 8:13-15 set/out 445 a.C. (tisri) Celebração da
Festa dos Tabernáculos 9:1 set/out 445 a.C. (tisri) Tempo de confissão 12:27 set/out 445 a.C. (tisri) É feita a
dedicação do muro 13:6 445-433 a.C. O primeiro mandato de Neemias como governador (Ne 1—12) 13:6
433-424 a.C. (?) Neemias volta para a Pérsia Sem ref. 433-? a.C. Malaquias profetiza em Jerusalém durante a
ausência de Neemias 13:1,4,7 424-? a.C. Neemias retorna e cumpre um segundo mandato como governador
(Ne 13)
 Durante o cativeiro dos judeus, a liderança do império mundial passou dos babilônios para os persas (por volta
de 539 a.C.; Dn 5), depois do que Daniel recebeu a maior parte das suas revelações proféticas (cf. Dn 6; 9—
12).
 O livro de Esdras começa com o decreto de Ciro, rei persa, para que o povo de Deus retornasse para
Jerusalém, a fim de reconstruir a casa do Senhor (aproximadamente em 539 a.C.), e narra o restabelecimento
do calendário nacional de Judá das festas e dos sacrifícios. Zorobabel e Josué lideraram o primeiro retorno (Ed
1—6) e reconstruíram o templo. Ester nos dá um vislumbre dos judeus que ficaram para trás na Pérsia (por
volta de 483-473a.C.), quando Hamã tentou eliminar o povo judeu. Esdras 7-10 conta o segundo retorno
liderado por Esdras em 458 a.C. Neemias narra o terceiro retorno para reconstruir os muros ao redor de
Jerusalém (por volta de 445 a.C.). Nessa época, na história de Judá, o Império Persa dominava todo o mundo
do antigo Oriente Próximo. Sua administração de Judá, embora fosse liberal, estava atenta a qualquer sinal de
perturbação da ordem ou revolta entre os vassalos. A reconstrução dos muros de cidades conquistadas
representava uma forte ameaça à administração central persa.Somente a um confidente muito próximo do rei
poderia ser confiada uma tarefa como essa. No momento mais importante da revitalização de Judá, Deus
levantou Neemias para exercer um dos ofícios de maior confiança no império — o de copeiro e confidente do
rei. A vida sob o rei persa Artaxerxes (464-423 a.C., aproximadamente) tinha as suas vantagens para Neemias.
Tal qual José, Estere Daniel, ele havia conquistado uma posição importante no palácio que então governava o
mundo antigo, posição essa que permitiria a Deus usá-lo para liderar a reconstrução dos muros de Jerusalém,
apesar das implicações que isso teria para o controle persa dessa cidade.Vários marcos geográficos na cidade
de Jerusalém são mencionados em Neemias (3:12-18; 12:27-39). Conforme reconstruída por Zorobabel,
Esdras e Neemias, a cidade pós-exílica de Jerusalém era consideravelmente menor e menos magnificente do
que a cidade que havia caído nas mãos dos babilônios em 586 a.C. Há várias outras observações históricas de
interesse.
 Primeiro, Ester era a madrasta de Artaxerxes e pode facilmente ter influenciado o rei a ser favorável aos
judeus, especialmente Neemias. Segundo, as setenta semanas proféticas de Daniel tiveram início com o
decreto para a reconstrução da cidade emitido por Artaxerxes em 445 a.C. (cf. capítulos 1 e 2). Terceiro, os
Papiros Elefantinos (documentos egípcios), datados do fim do século V a.C., apoiam o relato de Neemias ao
mencionar Sambalate, o governador da Samaria (2:19), Joanã (6:18; 12:23) e Neemias sendo substituído como
governador de Jerusalém por Bigvai (por volta de 410 a.C; Ne 10:16). Por fim, Neemias e Malaquias
apresentam os últimos escritos canônicos do AT, tanto em termos da época em que ocorreram os
acontecimentos (capítulo 13; Ml 1—4) quanto à época em que foram registrados por Esdras. Desse modo, as
mensagens seguintes de Deus para Israel não surgiram senão depois que mais de quatrocentos anos de silêncio
se passassem, quando foram anunciados os nascimentos de João Batista e Jesus Cristo (Mt 1; Lc 1—2). Com a
revelação completa da história de Israel no AT antes da encarnação de Cristo tendo sido completada, os
judeus ainda não tinham experimentado a plenitude das várias alianças que Deus havia feito com eles e suas
respectivas promessas. Embora houvesse um remanescente judeu, como fora prometido a Abraão (cf. Gn
15:5), não parece que este fosse tão numeroso como na época do êxodo (Nm 1:46). Os judeus nem possuíam a
Terra Prometida (Gn 15:7), nem a governavam como nação soberana (Gn 12:2). O trono de Davi estava vazio
(cf. 2Sm 7:16), embora o sumo sacerdote fosse da linhagem de Eleazar e Fineias (cf. Nm 25:10-13). A
promessa de Deus de consumar a nova aliança de redenção esperava o nascimento, a crucificação e a
ressurreição do Messias (cf. Hb 7—10).
 PRINCIPAIS PERSONAGENS
 Neemias — copeiro influente do rei persa Artaxerxes; liderou o terceiro grupo de exilados para Jerusalém
para reconstruir o muro da cidade (1:1—13:31).
 Esdras — liderou o segundo grupo de exilados para Jerusalém; trabalhou com Neemias como escriba e
sacerdote de Israel (8:1—12:36).
 Sambalate — governador da Samaria que tentou desencorajar o povo e frustrar a reconstrução do muro de
Jerusalém (2:10—13:28).
 Tobias — oficial amonita que ridicularizou a reconstrução do muro e desencorajou o povo (2:10—13:7).
 TEMAS HISTÓRICOS E TEOLÓGICOS
 A cuidadosa atenção à leitura da Palavra de Deus a fim de realizar a sua vontade é um tema constante. O
reavivamento espiritual veio como resposta à leitura de Esdras do “Livro da Lei de Moisés” (8:1). Depois da
leitura, Esdras e alguns sacerdotes explicaram o seu significado às pessoas que ali compareceram (8:8). No dia
seguinte, Esdras se reuniu com os chefes de todas as famílias, os sacerdotes e os levitas “para estudarem as
palavras da Lei” (8:13). O sistema de sacrifícios foi seguido com muita atenção para que tudo fosse feito
“conforme está escrito na Lei” (10:34,36). Tão profundo era o cuidado em seguir a vontade revelada de Deus
que eles se obrigaram “sob maldição e sob juramento a seguir a Lei de Deus” (10:29). Quando as reformas
nos casamentos foram realizadas, eles agiram de acordo com aquilo que haviam lido no “Livro de Moisés”
(13:1). O segundo tema importante, a obediência de Neemias, é citado explicitamente por todo o livro, já que
este é baseado nas memórias ou nos relatos em primeira pessoa de Neemias. Deus trabalhou por meio da
obediência de Neemias; no entanto, ele também trabalhou por meio daqueles que tinham motivação perversa,
por meio do coração iníquo de seus adversários. Os inimigos de Neemias fracassaram, não por causa do
sucesso das estratégias dele, mas porque “Deus tinha frustrado a sua trama” (4:15). Deus usou a oposição dos
adversários de Judá para levar o seu povo a se prostrar de joelhos do mesmo modo que usara o favor de Ciro
para levar de volta o seu povo para a Terra Prometida, para financiar o seu projeto de construção, e até mesmo
para proteger a reconstrução dos muros de Jerusalém. Não foi surpresa, então, quando Neemias reconheceu o
verdadeiro motivo da sua estratégia para repovoar Jerusalém: “o meu Deus pôs no meu coração” (7:5). Foi
Deus que realizou tudo.
 PALAVRAS-CHAVE
 Confessar: em hebraico, yadah — 1:6; 9:2-3 —, literalmente, “arremessar” ou “afastar”. Em hebraico, esse
verbo transmite o ato de “afastar-se” do pecado e reconhecer nossa rebeldia contra os mandamentos de Deus
(Ne 1:6;9:2; Sl 32:3; Pv 28:13; Dn 9:4). A confissão também transmite ação de graças pela grandeza de Deus
(1Rs8:33,35). Ela é ação de graças porque reconhece a graça e a bondade do perdão de Deus (2Cr 30:22; Dn
9:4).
 Temível: em hebraico, yare' — 1:5,11; 4:14; 6:14,19; 7:2 —, literalmente, “temer”. Em hebraico, essa palavra
sugere a virtude que inspira reverência ou medo piedoso. O medo piedoso está fortemente relacionado à vida
piedosa e ao respeito do caráter de Deus (Lv 19:14; 25:17; Dt 17:19; 2Rs 17:34). Enquanto o medo comum
paralisa as pessoas, o medo piedoso conduz à submissão e à obediência a Deus. A pessoa que teme a Deus de
forma adequada obedece à sua vontade (Sl 128:1) e evita o mal (Jó 1:1).
 Outro tema em Neemias, como em Esdras, é a oposição. Os adversários de Judá deram início a boatos de que
o povo de Deus tinha se revoltado contra a Pérsia. O objetivo era intimidar Judá para atrasar a reconstrução
dos muros. Apesar da oposição externa e da corrupção e das dolorosas divisões internas, Judá concluiu a
reconstrução dos muros da cidade em apenas 52 dias (6:15), experimentou o reavivamento depois da leitura da
lei feita por Esdras (8:1ss.) e celebrou a Festa dos Tabernáculos (8:14ss.; aproximadamente em 445 a.C.). A
perspectiva detalhada do livro a respeito dos pensamentos, das motivações e das decepções pessoais de
Neemias faz com que seja fácil para o leitor se identificar principalmente com ele, em vez de com o tema da
“soberana mão do Senhor” e a mensagem principal do controle que ele exerce e sua intervenção nos assuntos
do seu povo e de seus inimigos. Porém, o comportamento exemplar do famoso copeiro é obscurecido por
Deus, que orquestrou a reconstrução dos muros, apesar de tanta oposição e muitos reveses; o tema da
“bondosa mão de Deus” percorre todo o livro de Neemias (1:10; 2:8,18).
 SETE TENTATIVAS PARA INTERROMPER O TRABALHO DE NEEMIAS
 1. 2:19 — Sambalate, Tobias e Gesém ridicularizaram Neemias.
 2. 4:1-3 — Sambalate e Tobias ridicularizaram Neemias.
 3. 4:7-23 — O inimigo ameaçou um ataque militar.
 4. 6:1-4 — Sambalate e Gesém tentaram atrair Neemias para fora de Jerusalém, para Ono.
 5. 6:5-9 — Sambalate ameaçou Neemias com acusações falsas.
 6. 6:10-15 — Semaías, Noadia e outros foram pagos para profetizar falsamente e descredibilizar Neemias.
 7. 6:17-19 — Tobias tinha espiões em Jerusalém e escreveu cartas a Neemias a fim de intimidá-lo.
 PRINCIPAIS DOUTRINAS
 A Palavra de Deus — a leitura da Palavra de Deus requer grande atenção para que sua vontade seja feita
(8:1,8,13; 10:29,34,36; 13:1; Ed 7:10; Sl 119:16,140; Lc 11:28; Jo 5:39; Tg 1:25).Obediência — Deus operou
por meio da obediência de Neemias (7:5; Ex 19:5; Dt 13:4; 1Sm 15:22; Jr 7:23; Ec 12:13; Hb 11:6; 1Pe 1:2).
 Oposição — apesar da oposição local e da corrupção devastadora, Judá concluiu os muros de Jerusalém em
apenas 52 dias (6:15; 8:1,14; Sl 7:1; 69:26; Zc 2:8; Mt 5:10; Lc 6:22; Rm 8:35; 2Tm 3:12).
 O CARÁTER DE DEUS
 Deus é glorioso — 9:5.
 Deus é bom — 1:10; 2:8,18; 9:35.
 Deus é generoso — 9:17.
 Deus é longânimo — 9:30.
 Deus é misericordioso —9:17,27.
 Deus é poderoso — 1:10.
 Deus é providente — 9:6.
 Deus é justo — 9:8.
 Deus é o único Deus — 9:6.
 Deus é sábio — 9:10.
 CRISTO EM NEEMIAS
 O livro de Neemias mostra a reconstrução da cidade de Jerusalém e o reavivamento do povo. No entanto,
Israel ainda esperava a vinda de um rei. Cristo, o Messias, completa essa restauração de Israel como o tão
esperado Rei dos Judeus (Mt 27:11).
 DESAFIOS DE INTERPRETAÇÃO
 Primeiro, como grande parte de Neemias é explicado com relação às portas de Jerusalém (cf. Ne 2; 3; 8; 12), é
necessário ver o mapa “Jerusalém na época de Neemias” para uma melhor orientação. Segundo, o leitor deve
reconhecer que a cronologia dos capítulos 1—12 abrange cerca de um ano (445 a.C.), seguido por um grande
intervalo de templo (mais de vinte anos) depois de Neemias 12 e antes de Neemias 13. Por fim, deve-se
reconhecer que Neemias exerceu dois mandatos como governador de Jerusalém, o primeiro de 445-433 a.C.
(cf. Ne 5:14; 13:6) e o segundo tendo se iniciado em 424 a.C., e se estendido no máximo até 410 a.C.
 ESBOÇO
 I. O primeiro mandato de Neemias como governador (1:1—12:47)
 A. O retorno de Neemias e a reconstrução (1:1—7:73a)
 1. Neemias vai para Jerusalém (1:1—2:20)
 2. Neemias e o povo reconstroem os muros (3:1—7:3)
 3. Neemias relembra o primeiro retorno sob Zorobabel (7:4-73a)
 B. O reavivamento e a renovação de Esdras (7:73a—10:39)
 1. Esdras expõe a lei (7:73b—8:12)
 2. O povo cultua e se arrepende (8:13—9:37)
 3. Esdras e os sacerdotes renovam a aliança (9:38—10:39)
 C. O restabelecimento e regozijo de Neemias (11:1—12:47)
 1. Jerusalém é repovoada (11:1—12:26)
 2. O povo dedica os muros (12:27-47)
 II. O segundo mandato de Neemias como governador (13:1-31)

 RESPOSTAS PARA PERGUNTAS DIFÍCEIS

 1. Que qualidades de liderança Neemias ilustra por meio de sua vida?

 Como muitos líderes bíblicos, Neemias demonstrou um entendimento do chamado de Deus em sua vida.
Fosse como o copeiro do rei ou como o reconstrutor de Jerusalém, Neemias buscava seus objetivos com
comprometimento, planejamento cuidadoso, delegação estratégica, solução criativa de problemas, enfoque na
tarefa adiante e dependência contínua de Deus, principalmente com relação a áreas além de seu controle. Cada
uma das qualidades de liderança citadas anteriormente pode ser ilustrada a partir da conclusão bem-sucedida
dos esforços de Neemias para a reconstrução dos muros de Jerusalém.
 Primeiro, Neemias demonstrou seu comprometimento mediante seu interesse e sua profunda preocupação
com a condição de seus companheiros judeus em Judá. Então, ele orou e planejou. Reivindicou a promessa de
Deus de trazer seu povo de volta para a Terra Prometida, mas não supôs que ele faria parte da operação de
Deus. Ele se declarou disponível (1:11; 2:5).
 Ao chegar a Jerusalém, Neemias inspecionou pessoalmente a necessidade antes de revelar seus planos. Então,
ele alistou a ajuda dos líderes locais e os desafiou a assumir responsabilidade pelo bem comum, colocando
diante deles um objetivo bastante específico — a reconstrução dos muros. Os trabalhadores foram
encarregados de reconstruir os trechos do muro que passavam perto de seus lares. Assim, eles podiam
enxergar o benefício de ter restabelecida a barreira de proteção. À medida que o trabalho ia avançando,
Neemias não se permitiu distrair por ataques de vários reis ou truques de inimigos. Levou as ameaças a sério o
suficiente para armar as pessoas, mas não tão a sério a ponto de o trabalho ser interrompido. Em cada virada,
encontramos Neemias buscando a Deus em oração, colocando diante dele cada decisão a ser tomada.
 Neemias foi bem-sucedido porque nunca perdeu de vista os verdadeiros motivos para o trabalho e a fonte de
poder com a qual realizá-lo.
 2. Como Neemias se encaixa na cronologia da história do mundo?
 Não fica claro como Neemias se tornou o copeiro do rei Artaxerxes, mas o fato de Ester ser a madrasta do rei
pode ter contribuído para sua inclinação em considerar um judeu para tal cargo de confiança. Quando
Neemias cumpriu sua missão de reconstruir os muros de Jerusalém, o Império Persa dominava há quase cem
anos. O decreto de repatriação do rei Ciro em 539 a.C. estimulou um grupo de judeus a retornar para Israel
sob Zorobabel. Seu estado desesperado quase um século mais tarde levou Neemias a tomar uma atitude.
Documentos egípcios antigos (Papiros de Elefantina) datados aproximadamente do século V a.C., confirmam
independentemente parte do relato de Neemias. Sambalate, o governador da Samaria (2:19), Joanã (6:18;
12:23) e o próprio Neemias são mencionados.
 Os acontecimentos registrados em Neemias, juntamente com as profecias de Malaquias, formam os escritos
inspirados finais do AT. Deus optou por permanecer em silêncio durante quatrocentos anos após esse período,
silêncio este que terminou com o anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus Cristo.
 APROFUNDAMENTO
 Quando foi escrito: O Livro de Neemias foi provavelmente escrito entre 445 e 420 AC.
 Propósito: O livro de Neemias, um dos livros de história da Bíblia, continua a história do regresso de Israel do
cativeiro babilônico e da reconstrução do templo em Jerusalém.
 Resumo: Neemias era um hebreu na Pérsia quando escutou que o Templo de Jerusalém estava sendo
reconstruído. Ele ficou ansioso por saber que não havia nenhum muro para proteger a cidade. Neemias pediu a
Deus que o usasse para salvar a cidade. Deus respondeu à sua oração ao atenuar o coração do rei persa
Artaxerxes, que não só deu a sua benção, mas também material para ser usado no projeto. Neemias recebe
permissão do rei para regressar a Jerusalém, onde se tornou governador.
 Apesar da oposição e das acusações, o muro foi construído e os inimigos silenciados. O povo, inspirado por
Neemias, deu o dízimo de muito dinheiro, material e mão de obra para concluir o muro em um notável
período de 52 dias, apesar de muita oposição. Este esforço unido é de curta duração, entretanto, porque
Jerusalém retorna à apostasia quando Neemias sai por um tempo. Depois de 12 anos, ele voltou e encontrou as
paredes fortes, mas as pessoas fracas. Ele não mediu palavras as começar a tarefa de ensinar as pessoas sobre
moral. “Contendi com eles, e os amaldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos” (13:25).
Ele restabelece a verdadeira adoração através de oração e ao encorajar as pessoas à revitalização através da
leitura e da adesão à Palavra de Deus.
 Prenúncios: Neemias era um homem de oração e orou fervorosamente pelo seu povo (Neemias 1). Sua
intercessão zelosa pelo povo de Deus prefigura o nosso grande intercessor, Jesus Cristo, que orou
fervorosamente pelo Seu povo em Sua oração sacerdotal de João 17. Ambos Neemias e Jesus tinham um amor
ardente pelo povo de Deus que eles derramavam em oração, intercedendo por eles diante do trono.
 Aplicação Prática: Neemias liderou os israelitas a um grande respeito e amor pelo texto da Escritura. Neemias,
por causa de seu amor por Deus e seu desejo de ver Deus honrado e glorificado, conduziu os israelitas à fé e
obediência que o Senhor havia desejado para eles por tanto tempo. Da mesma forma, os Cristãos devem amar
e respeitar as verdades da Escritura, memorizá-la, nela meditar de dia e de noite e dela depender para o
cumprimento de todas as necessidades espirituais. Segundo Timóteo 3:16 nos diz: “Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. ” Se quisermos ter a mesma
experiência do renascimento espiritual que os israelitas (Neemias 8:1-8), devemos começar com a Palavra de
Deus.
 Cada um de nós deve ter compaixão genuína por outras pessoas que estão sofrendo com dor espiritual ou
física. Sentir compaixão, no entanto, e não fazer nada para ajudar não tem fundamento bíblico. Às vezes pode
ser necessário abrir mão do nosso próprio conforto a fim de ministrar corretamente aos outros. Temos que
acreditar totalmente em uma causa antes de darmos do nosso tempo ou dinheiro com o coração correto.
Quando permitimos que Deus ministre através de nós, até os incrédulos saberão que a obra é de Deus.
 INTRODUÇÃO
 O livro de Neemias é principalmente a história de um grande líder, de um grande povo ou será que de um
grande Deus?
 Com certeza, Neemias relata uma grande transformação operada pelo único Deus através de um dos maiores
líderes de Israel, para fazer um grande povo. Sempre que se fala do livro de Neemias, discorre-se sobre as
qualidades excepcionais de liderança do personagem central do livro. Pela narrativa em primeira pessoa, não
era de se esperar que ele lançasse sombras profundas sobre as suas características, por mais autêntico que
tentasse ser.
 Há, no entanto, uma mensagem mais ampla e de uma aplicação mais abrangente no livro de Neemias do que o
modelo de líder. Percebe-se que, à medida que a narrativa prossegue, ocorre uma transformação de proporções
gigantescas no povo de Deus. Não constatamos somente profundas mudanças sociais, econômicas e políticas;
percebemos também sentimentos fortes agitando os relacionamentos entre os personagens desta história em
transformação.
 O COMEÇO E O FIM DA HISTÓRIA
 O estágio inicial da narrativa de Neemias um povo em desgraça, evidente não só nas muralhas em ruínas e nos
portões queimados de Jerusalém, porém ainda mais na falta da estrutura social que pudesse organizar e dar
conforto a um povo. A notícia que Neemias recebeu de sua pátria é: “Os restantes, que não foram levados para
o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém, estão
derribados, e as suas portas queimadas a fogo” (1.3). Deduzimos, portanto, que haja muita dor, tristeza, choro
e lamentação. A verdade é que eles estavam “em grande angústia” (9.37), mesmo que a esta altura do
desenvolvimento da história várias mudanças já tivessem acontecido.
 Surpreendentemente, na segunda metade do livro começa-se a ouvir um tom em grande parte diferente e
positivo, formas cada vez mais concretas, uma nova ordem que é acompanhada de muita alegria e celebração.
A festa para comemorar esta nova ordem começa e parece não ter mais fim: “celebraram a festa por sete dias,
no oitavo dia houve uma assembleia solene, segundo o prescrito” (8.18b). O júbilo é tão grande que em um só
versículo há cinco referências à alegria do povo (12.43). Evidentemente, algo muito especial aconteceu:
ocorreu uma transformação. O livro é, portanto, a história desta tremenda transformação: de tristeza e
lamentação para alegria e celebração.

 Em Neemias há temas teológicos importantes, mas sem discussões teológicas demoradas. É um livro
incomparavelmente prático, como toda boa teologia deveria ser. Os fatos históricos que formam o arcabouço
para a mensagem de Neemias são conhecidos. Não há necessidade – e nem espaço aqui – para nos
delongarmos neste espaço. O próprio livro não entra nesta discussão; simplesmente aceita os fatos como
fundamentais para a transmissão da mensagem do “Deus grande e temível! ” (1.5)
 É verdade que, por um lado, esta história é escrita por um grande Deus. Mas, por outro, também há a
participação de um povo, que cresce e se desenvolve naquilo que Deus quer, à medida que o tempo passa e
todos participam. Como é esse povo que, com a energia dos seus homens, mulheres, jovens e crianças, e com
a sabedoria e a herança dos seus idosos, escreve, como coautor de Deus, este capítulo tão rico da sua história?
 A CAMINHADA PARA O FIM
 Um povo que chora e ora
 A situação relatada a Neemias e depois constatada por ele in loco é dramática. O autor retrata o quadro de
Jerusalém e seus habitantes com cores cinzentas, mas fortes quando se fala de grande miséria e desprezo, dos
muros derribados, das portas queimadas (1.3), da cidade assolada (2.3), de miséria, opróbrio (2.17) e da
zombaria de Sambalá (4.1). A situação se torna crítica diante do ataque iminente dos inimigos que moram nas
proximidades de Jerusalém. A situação é tão trágica que Sambalá zomba dos reconstrutores dizendo:
“Renascerão, acaso, dos montões de pó as pedras que foram queimadas? ” (4.2)
 Tudo isso provoca uma tristeza muito profunda em Neemias e no povo de Israel. Todos reconhecem que o
presente é consequência dos seus pecados no passado. Neemias, ao ouvir as más notícias, senta, chora e se
lamenta por vários dias (1.4), dai confessando em nome do povo (1.6-7). Mesmo diante do rei, Neemias não
consegue esconder a sua tristeza: “Como não me estaria triste o rosto, se a cidade, onde estão os sepulcros de
meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo? ” (2.3). Mais tarde, o povo todo reunido veste
pano de saco e faz confissão “dos seus pecados e das iniquidades de seus pais”, ficando uma “quarta parte do
dia” nesta atitude diante de Deus (9.2-3). Há um sentimento de vergonha e tristeza tanto por causa da fraqueza
e insegurança diante dos inimigos (2.17) quanto pelo arrependimento sobre seus pecados (9.1-3, 33-35).
 Mas o choro não é só demonstração de arrependimento. Nesta história, o choro não leva ao desespero, mas à
fonte da esperança. A miséria e a humilhação levam o povo à oração. A oração de Neemias e do povo é de
uma riqueza impressionante (1.5-11; 9.5b-37, além de muitas outras passagens que mostram um povo que
ora). Na sua adoração reconhecem a grandeza de Deus (1.5) e que Deus é o criador de tudo e de todos (9.6).
Proclamam a Deus como Senhor da história (9.7, 21-25) mesmo que ele use a história para disciplinar o seu
povo (1.8, 9.27,30). Curiosamente, a misericórdia de Deus é elogiada muitas vezes (1.9; 9.17; 19,28,31). O
povo também não esquece que o seu Deus é aquele que supre as suas necessidades inclusive no deserto (9.20).
 Portanto, o povo não só adora, mas mostra a sua confiança neste Deus ao clamar por proteção (4.9), ao pedir
pelo favor do rei (1.11; 2.4), e até ao orar pela destruição dos inimigos (4.4-5). O próprio Neemias mostra
seriedade na sua oração ao dedicar-se por um tempo ao jejum pelo seu povo (1.4) e permanece em oração
diante do Senhor “dia e noite” (1.6). Da mesma forma, o povo se dedica de corpo e alma à oração ao gastar
horas em adoração e confissão diante de Deus. Mas não só em períodos específicos e prolongados de
prostração diante de Deus notamos a dependência deste povo do seu Deus. Também nas mais diversas
situações da reconstrução e tensões relacionadas a ela, ouvem-se pedidos lançados a Deus para que ele
intervenha (2.4).
 É evidente, pela história do livro, que há resposta às orações dos judeus. Neemias testemunha da presença de
Deus quando diz: “a boa mão do meu Deus era comigo” (2.8; cf. 4.4-5; 4.15). A mais significativa de todas,
sem dúvida, é a reconstrução não só dos muros e a organização do templo, mas com isso tudo, a reconstrução
do povo de Israel. Não-meu-povo se torna novamente Meu-povo.
 Para um povo que se encontra em profunda crise – tristeza e lamentação – e deve passar para um estado de
alívio e reestruturação – alegria e celebração – o choro e a oração são caminhos essenciais. Mas são
necessários também muito trabalho e obediência à lei de Deus.
 Um povo que trabalha e obedece à Palavra
 Deus é construtor da história do povo de Israel. Neste capítulo da história de Israel ele achou parceiros à
altura. O trabalho começa antes mesmo da ação visível da reconstrução. Começa na iniciativa corajosa de
mudar a inércia da história. Essa iniciativa reflete uma disposição muito grande de Neemias e do povo de
Israel de correr riscos. Quando Neemias se coloca diante do Rei Artaxerxes, não tem a certeza do
consentimento para o seu projeto. Mesmo assim ele não se intimida (2.1-6). O povo sente que os inimigos
começam a se insurgir contra a reconstrução, mas está disposto a correr o risco (4.10-14). Na iniciativa de se
tentar mudar o curso da história, percebe-se também o planejamento e a atitude de dependência do Deus que
vai dar as diretrizes para todo o trabalho. Neemias primeiro faz uma vistoria das condições da cidade e
principalmente dos muros para depois compartilhar o plano que Deus colocou no seu coração Evidencia-se
aqui novamente a parceria entre Deus e Neemias: Deus tem um plano, mas Neemias trabalha para elaborá-lo
nos seus detalhes.
 Não só de oração, jejum e de planos vive o povo de Israel em Neemias. Chega a hora de pôr mãos à obra. O
desafio de Neemias é: “vinde, pois, reedifiquemos os muros de Jerusalém” (2.17). E a resposta vem imediata:
“Disponhamo-nos, e edifiquemos”. Eles não esperam para começar: “E fortaleceram as mãos para a boa obra”
(2.18). Mesmo diante da oposição, a disposição do povo continua clara: “O Deus dos céus é quem nos dará
bom êxito; nós, seus servos, nos disporemos e reedificaremos” (2.20).
 O trabalho começou de uma forma disciplinada e ordenada, como nos relata todo o capítulo três. Como uma
tempestade de nomes parece ter invadido o texto neste capítulo, assim a poeira deve ter subido em nuvens ao
céu com o início do trabalho no muro. A história mostra um agir e trabalhar frenético, só interrompido por
questões de emergência, como por exemplo a ameaça do ataque inimigo.
 Além da disciplina, organização e a dedicação ao trabalho, destaca-se nesta primeira parte do livro a forma
como o povo se agrupa para trabalhar. Há agrupamentos e associações de pessoas trabalhando no muro que
chamam a nossa atenção: sumo sacerdote e sacerdotes (3.1); homens de Jericó (3.2); filhos de Hassenaá (3.3);
Salum e suas filhas (3.12); ourives e mercadores (3.32). Num primeiro momento notamos que grupos
homogêneos, originados por profissão, chamado de Deus para o sacerdócio, ou convivência numa mesma
região geográfica, trabalham unidos em partes designadas do muro. Em segundo lugar observamos que há
famílias que também se unem para reedificar uma parte específica do muro.
 Adiante podemos notar também que há pessoas e grupos de pessoas destacadas para trabalharem na parte do
muro defronte a sua casa, como por exemplo os sacerdotes em 3.28, e os cidadãos Zadoque e Mesulão em
3.29-30. Na hora de um trabalho deste tipo, certamente a motivação cresce com o fator da proteção ao próprio
lar.
 O trabalho é realizado em um tempo curtíssimo para a abrangência da obra: 52 dias (6.15). Há outras formas
de trabalho ainda relatadas no livro: a reparação das injustiças sociais (cap. 5); a organização do templo e do
serviço no templo para um culto que fosse agradável a Deus (cf. cap. 10); o repovoamento da cidade de
Jerusalém (11.1-2). Tudo fala de muito esforço, disciplina, organização, submissão e suor para que pudesse
ocorrer a tão esperada transformação.
 Se olharmos um pouco mais a fundo os motivos para uma dedicação tão prodigiosa ao trabalho, veremos que
na base está uma atitude sólida de obediência à lei de Deus. Tanto Neemias quanto os líderes – e também o
povo – querem fazer o que está no coração de Deus. Esta atitude não existe só em relação ao plano de Deus da
reconstrução dos muros, mas também em relação à vontade de Deus para a reconstrução do povo, o que
significa grandes sacrifícios e humilhações. Quando, por exemplo, muitos judeus são acusados de explorarem
os seus irmãos, eles se calam, sem terem explicação para o fato (5.9). Quando são desafiados a repararem este
erro, a resposta é clara: “Restituir-lhe-emos…” (5.12).
 O capítulo 8 fala do prazer e da sede que o povo tem de obedecer à lei de Deus. O povo pede que a lei seja
trazida para a leitura pública (8.1), Esdras a traz, e homens, mulheres e todos que podem entender se reúnem
(8.2) e então “com os ouvidos atentos ao livro da lei” prestam atenção à leitura que vai “desde a alva até o
meio-dia” (8.3). Mas não é só vontade de ouvir; existe emoção e uma atitude de devoção perante a palavra de
Deus. Os líderes e levitas fazem a sua parte: leem e explicam a lei para que o povo entenda o que se lê (8.7-8).
Todo o povo se comove coma leitura e a compreensão da lei. Há celebração e compaixão para com os
necessitados, pois compartilham com estes uma refeição de festa.
 A vontade de entender a lei é tão grande que no dia seguinte os cabeças de famílias, os sacerdotes e os levitas
se ajuntam a Esdras “para atentarem nas palavras da lei” (8.13). A seriedade da busca pela vontade de Deus é
revelada no fato de que ao acharem orientações práticas sobre a festa dos tabernáculos, colocam-nas em
prática logo em seguida (8.14-18).

 As provas maiores de que a obediência não vale só para os dias de celebração estão na colaboração do povo
nos dízimos e ofertas (10.32-39), na santificação do sábado (10.31) – acabando com o comércio com os
mercadores da região naquele dia – e na separação dos casais em que um dos cônjuges era de povos pagãos
(10.30). O autor do livro resume a atitude do povo em relação a estes aspectos assim: “convieram… num
juramento de que andariam na lei de Deus…” (10.29). É verdade que com a ausência de Neemias por um
tempo, há recaídas graves nestes aspectos. Mas com a volta dele, nota-se uma vez a disposição do povo para
se purificar pela obediência à verdade (cf. 1Pe. 1.22).
 Para chegar ao patamar da estabilidade, onde finalmente vai haver tranquilidade para celebrar a alegria da
reconstrução, é necessário que o povo também tenha e siga uma grande liderança.
 Um povo que tem e segue uma grande liderança
 Por que os povos não têm grandes líderes? Neemias nos mostra que um verdadeiro líder do povo de Deus é,
em primeiro lugar, chamado por Deus. Neemias é um homem em cujo coração o Senhor colocou um plano
para Jerusalém (2.12). Quando Neemias lança o desafio da reconstrução aos líderes, ele pode dizer: “E lhes
declarei como a boa mão do meu Deus estivera comigo” (2.18), pois ele se sabe chamado e conduzido pelo
magnífico e temível Deus para liderar a reedificação.
 Outra condição que favorece o aparecimento de um grande líder é a situação de crise da reconstrução dos
muros e de uma nação. Os primeiros sete capítulos estão repletos de detalhes da desgraça, da tristeza, do caos
e do clamor por uma reedificação. Mas esta condição só permite o ministério de um líder com soluções para
os grandes e pequenos problemas de um povo, se este estiver disposto a aceitar o líder. Só tem um grande
líder o povo que quer aceitar esta liderança.
 Na pessoa de Neemias encontramos certamente o homem com uma série de qualidades ideais para realizar um
trabalho de transformação profunda no povo de Deus. Neemias, em primeiro lugar, tem um grande Deus. Já
na sua oração inicial ouvimos: “Ah Senhor, Deus dos céus, Deus grande e temível! ” (1.5). O livro está repleto
de um temor pela majestade e santidade do dia-a-dia ele pode dizer: “Então o meu Deus me pôs no coração
que ajuntasse os nobres…” (7.5). Neemias revela a consciência de que a obra é de Deus, pois sabe que o plano
foi colocado no seu coração por Deus (2.12) e tem certeza da provisão de Deus para a eventual batalha: “o
nosso Deus pelejará por nós” (4.20).
 O grande líder também é um homem que não tem receio de confrontar autoridades, sejam elas de povos
inimigos (2.19-20; cap. 4), ou líderes do próprio povo que se desviaram dos princípios de justiça estabelecidos
por Deus (cap. 5). Ele também sabe ser o modelo e exemplo no sacrifício, no trabalho e no desprendimento
em relação às coisas materiais (5.13-19). Finalmente, Neemias mostra, na administração deste projeto enorme,
a habilidade de formar e trabalhar com uma grande equipe de líderes de todos os tipos. e níveis. O livro está
repleto de referências a nobres, magistrados, levitas, sacerdotes e príncipes (e.g., 4.19; 9.38; 11.1). O copeiro
do rei sabia coordenar, supervisionar e motivar os seus liderados.
 Neemias não é só a história de um líder bem sucedido, mas também a história de um povo bem sucedido em
seguir o líder que Deus lhe deu. Quando o desafio lhes é lançado, o povo responde: “Disponhamo-nos e
edifiquemos” (2.17-18). Quando são confrontados com a exploração dos fracos decidem-se a restituir o que
foi tirado dos desfavorecidos (5.11-12). Quando, mais tarde, são desafiados a pôr em prática preceitos da lei
quanto aos dízimos, o bom uso do sábado e a pureza do povo contra a infiltração de deuses pagãos, todos
concordam em andar na lei de Deus e em guardar e cumprir todos os mandamentos, juízos e estatutos (10.28-
29). Além das grandes ordens a serem cumpridas, há uma infinidade de pequenas tarefas que precisam ser
feitas para que a harmonia, a alegria e a celebração penetrem em todos os recônditos físicos, emocionais e
espirituais da vivência humana. Não só a cooperação no muro, mas também a distribuição de tarefas no
serviço do templo e a organização da vida em comunidade reedificada mostram um povo disposto a seguir a
visão que Deus lhes passou pelos seus líderes.
 CONCLUSÃO
 Do começo ao fim do livro de Neemias, ouve-se uma mensagem que começa com sons dissonantes e
desafinados, tristes e melancólicos, mas que, através de um povo que chora e ora, que trabalha e se dispôs a
obedecer à Palavra, e também que valoriza e segue a liderança que Deus lhe deu, chega a um final que, se não
é um final absolutamente eufórico, com certeza é muito diferente do que o triste começo. No início da
reconstrução os outros povos já percebem que Deus está neste projeto (6.16). Depois deste prelúdio tímido, no
capítulo oito entra definitivamente em cena a harmonia da restauração. após entender a leitura da lei, o povo
percebe que precisa se alegrar comendo, bebendo e compartilhando a sua celebração com os necessitados
(8.12). Expressões como “e houve mui grande alegria” (8.17) e “celebraram a festa por sete dias” (8.18)
refletem bem o sentimento e a harmonia existentes. Mas é no capítulo 12 que a celebração é descrita com a
devida profundidade e riqueza de detalhes. Os israelitas preparam tudo para a festa “a fim de que fizessem a
dedicação com alegria, louvor, canto, címbalos, alaúdes e harpas” (12.27). Houve então a purificação e a
procissão dos dois coros para louvarem a Deus na celebração (12.30-31).
 A explosão de alegria vem no versículo 43: No mesmo dia ofereceram grandes sacrifícios, e se alegraram;
pois Deus os alegrara com grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o
júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe.
 As pedras que tinham sido queimadas na destruição dos muros pelos babilônios não renasceram do monte de
pó, mas um povo renasceu da ruína. Houve uma grande transformação que trouxe o povo da tristeza e da
lamentação para alegria e celebração.

 INTRODUÇÃO
 A narrativa encontrada no livro de Neemias tem características de anotações de um diário pessoal de Neemias,
que é aceito como o autor do livro. Portanto, trata-se de um livro autobiográfico. Na popular divisão dos livros
do Antigo Testamento, o Livro de Neemias é classificado como HISTÓRICO, sendo assim o último dos
históricos, se levarmos em conta a cronologia dos acontecimentos ali registrados. No primeiro versículo, o
livro já revela o nome do seu autor: “As palavras de Neemias, filho de Hacalias. No mês de quisleu, no ano
vigésimo, estando eu na cidadela de Susã,” (Ne 1.1).
 O nome Neemias significa “Yahweh ou Javé consola”. Neemias era um judeu que teria nascido no exílio no
ano de 475 aC. Tinha, portanto, aproximadamente 30 anos de idade quando foi nomeado governador de Judá,
exercendo até aquele momento a função de copeiro do rei Artaxerxes I. O copeiro-mor ou copeiro-chefe era o
principal dos copeiros (Gn 40.9). É provável que Neemias fosse um copeiro-chefe. Sua função era comprovar
que a bebida do rei não estava envenenada. Esta função de extrema confiança lhe oferecia a oportunidade de
convívio direto com o rei e, dentre outros privilégios, o de ser mais um dentre os seus conselheiros. Neemias
pode ser visto neste livro como um homem simples, humano, de caráter, temente a Deus e de oração,
determinado, persistente, patriota, corajoso, empreendedor, de visão, hábil nas relações interpessoais, hábil na
solução de problemas, agregador, articulado, hábil no quesito “fazer fazer”, disposto a realizar a vontade de
Deus
 O livro de Neemias registra, de forma primorosa, o trabalho eficaz desenvolvido por um verdadeiro líder,
chamado por Deus, para a Reconstrução dos muros de Jerusalém (realizada em 52 dias), a Reconstrução
Espiritual do povo de Israel e a Consolidação da Nação judaica, depois do retorno do exílio.
 O livro de Neemias pode ser assim dividido:
Introdução
I. RECONSTRUÇÃO DOS MUROS (1.1–7.73)
I.1 Consternação e oração (1.1-11)
I.2 Negociação e nomeação (2.1-10)
I.3 Assumindo o comando - Primeiras ações e reações (2.11-20)
I.4 Organização e Execução da obra (3.1-32)
I.5 Lidando com a oposição e a murmuração (4.1–6.14)
I.6 Objetivo alcançado (6.15-19)
I.7 Garantindo os resultados (7.1-73)
II. RECONSTRUÇÃO ESPIRITUAL (8.1–10.39)
II.1 Redescoberta da Lei – Instrução (8.1-8)
II.2 Aceitação da Lei – Choro e Regozijo (8.9-18)
II.3 Exigências da Lei – Confissão e Arrependimento (9.1-31)
II.4 Compromisso com a Lei – Aliança (9.32–10.27)
II.5 Responsabilidade para com a Lei – Obediência (10.28-39)
III. CONSOLIDAÇÃO DA NAÇÃO (11.1–13.31)
III.1Reorganização da ocupação das terras (11.1-36)
III.2Reorganização da liderança espiritual (12.1-26)
III.3 Dedicação dos muros (12.27-47)
III.4Restrições étnicas (13.1-3)
III.5Restabelecimento da ordem no templo (13.4-14)
III.6Restabelecimento da guarda do sábado (13.15-22)
III.7Restabelecimento da ordem no casamento (13.23-27)
III.8 Outras providências (13.28-31)

 Os livros de Ester, Esdras e Neemias fornecem importantes relatos históricos do povo de Israel no exílio e no
retorno à sua terra, após os 70 anos de cativeiro. Acredita-se que inicialmente os livros de Esdras e Neemias
fossem um só livro, aparecendo na Septuaginta como I Esdras. Quando Neemias chegou a Jerusalém para
governar (445 a.C. – Ne 5.14) o sacerdote Esdras já estava lá há 13 anos (458 a.C. – Ed 7.8). Ambos, Esdras e
Neemias, parecem ter constituído uma parceria muito bemsucedida. Não se pode deixar de reconhecer a boa
influência prójudeus, exercida na corte pela rainha Ester e seu primo Mordecai, o que deve ter favorecido em
muito o prestígio de Esdras e Neemias. Segue, abaixo, o resumo dos períodos e os assuntos principais de cada
livro:
- 1º Retorno de judeus do cativeiro sob a liderança de Zorobabel.
- Reconstrução do Templo.
- Uma jovem órfã judia se torna rainha no Império Persa.
- A preservação da vida dos judeus ameaçados por seus inimigos.
- 2º Retorno de judeus do cativeiro sob a liderança de Esdras.
- Desfazimento dos casamentos mistos (judeus com gentios).
- Reconstrução dos muros (realizada em 52 dias).
- Reconstrução Espiritual.
- Consolidação da nação.
 A ESCOLHA DE NEEMIAS
 Neemias teve o privilégio de viver no palácio real de Susã, na corte persa, cercado de conforto e privilégios. A
exemplo de Moisés, ao tomar conhecimento da situação caótica a que estava submetido seu povo em
Jerusalém, ele tomou a atitude corajosa, altruísta e de um patriota ao renunciar toda a comodidade e mordomia
palacianas e se lançar a uma missão de reconstrução dos muros e da cidade santa. Depois de doze anos de
governo ele precisou voltar à corte persa (Ne 1.1; 5.14; 13.6). Assim que se liberou “ao cabo de certo
tempo”(Ne 13.6), retornou a Jerusalém e corrigiu novas situações indesejadas criadas durante a sua ausência e
fez algumas reformas.
 A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
 Além da importância do relato histórico já mencionada, Neemias é um livro extremamente interessante sob o
ponto de vista da liderança. A cada etapa da narrativa descortinam-se vários aspectos ou atributos importantes
para o exercício da liderança e na vida de um obreiro cristão. Neemias se mostra um modelo de líder e
obreiro. Assim sendo, vale a pena conferir cada um desses aspectos.
 A narrativa encontrada no livro de Neemias tem características de anotações de um diário pessoal de Neemias,
que é aceito como o autor do livro. Portanto, trata-se de um livro autobiográfico. Na popular divisão dos livros
do Antigo Testamento, o Livro de Neemias é classificado como HISTÓRICO, sendo assim o último dos
históricos, se levarmos em conta a cronologia dos acontecimentos ali registrados. No primeiro versículo, o
livro já revela o nome do seu autor: “As palavras de Neemias, filho de Hacalias. No mês de quisleu, no ano
vigésimo, estando eu na cidadela de Susã,” (Ne 1.1). O nome Neemias significa “Yahweh ou Javé consola”.
Neemias era um judeu que teria nascido no exílio no ano de 475 aC. Tinha, portanto, aproximadamente 30
anos de idade quando foi nomeado governador de Judá, exercendo até aquele momento a função de copeiro do
rei Artaxerxes I. O copeiro-mor ou copeiro-chefe era o principal dos copeiros (Gn 40.9). É provável que
Neemias fosse um copeiro-chefe. Sua função era comprovar que a bebida do rei não estava envenenada. Esta
função de extrema confiança lhe oferecia a oportunidade de convívio direto com o rei e, dentre outros
privilégios, o de ser mais um dentre os seus conselheiros. Neemias pode ser visto neste livro como um homem
simples, humano, de caráter, temente a Deus e de oração, determinado, persistente, patriota, corajoso,
empreendedor, de visão, hábil nas relações interpessoais, hábil na solução de problemas, agregador,
articulado, hábil no quesito “fazer”, disposto a realizar a vontade de Deus.
 Este livro foi escrito por volta de 445 a 425 a.C. O livro de Neemias registra, de forma primorosa, o trabalho
eficaz desenvolvido por um verdadeiro líder, chamado por Deus, para a Reconstrução dos muros de Jerusalém
(realizada em 52 dias), a Reconstrução Espiritual do povo de Israel e a Consolidação da Nação judaica, depois
do retorno do exílio.
 Os livros de Ester, Esdras e Neemias fornecem importantes relatos históricos do povo de Israel no exílio e no
retorno à sua terra, após os 70 anos de cativeiro. Acredita-se que inicialmente os livros de Esdras e Neemias
fossem um só livro, aparecendo na Septuaginta como I Esdras. Quando Neemias chegou a Jerusalém para
governar (445 a.C. – Ne 5.14) o sacerdote Esdras já estava lá há 13 anos (458 a.C. – Ed 7.8). Ambos, Esdras e
Neemias, parecem ter constituído uma parceria muito bem-sucedida. Não se pode deixar de reconhecer a boa
influência pró judeus, exercida na corte pela rainha Ester e seu primo Mordecai, o que deve ter favorecido em
muito o prestígio de Esdras e Neemias.
 A ESCOLHA DE NEEMIAS
 Neemias teve o privilégio de viver no palácio real de Susã, na corte persa, cercado de conforto e privilégios. A
exemplo de Moisés, ao tomar conhecimento da situação caótica a que estava submetido seu povo em
Jerusalém, ele tomou a atitude corajosa, altruísta e de um patriota ao renunciar toda a comodidade e mordomia
palacianas e se lançar a uma missão de reconstrução dos muros e da cidade santa. Depois de doze anos de
governo ele precisou voltar à corte persa (Ne 1.1; 5.14; 13.6). Assim que se liberou “ao cabo de certo
tempo”(Ne 13.6), retornou a Jerusalém e corrigiu novas situações indesejadas criadas durante a sua ausência e
fez algumas reformas.
 A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
 Além da importância do relato histórico já mencionada, Neemias é um livro extremamente interessante sob o
ponto de vista da liderança. A cada etapa da narrativa descortinam-se vários aspectos ou atributos importantes
para o exercício da liderança e na vida de um obreiro cristão. Neemias se mostra um modelo de líder e
obreiro. Assim sendo, vale a pena conferir cada um desses aspectos.
 Quem Foi Neemias?
 Neemias foi copeiro do rei persa Artaxerxes I e posteriormente o governador de Jerusalém responsável por
reconstruir os muros da cidade. A história de Neemias está registrada no livro que traz seu nome.
 Esse livro do Antigo Testamento é a única fonte de referência que nos ajuda a saber mais sobre quem foi
Neemias, porém ele nos fornece detalhes importantes para que possamos compreender a atuação desse homem
levantado por Deus para executar um trabalho tão importante no período após o Cativeiro Babilônico.
 Neemias era filho de Hecalias (Ne 1:1) e fazia parte da geração de descendentes daqueles que foram levados
para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor. Após a queda do Império Babilônico diante do Medo-Persa,
Neemias aparece na narrativa bíblica com notoriedade.
 O nome Neemias significa “o Senhor consolou”. O fato de o texto bíblico não fazer nenhuma menção sobre a
esposa ou filhos de Neemias, muitos intérpretes sugerem que ele possa ter sido um eunuco, porém não há nada
conclusivo sobre isso.
 Na corte persa, Neemias possuía um cargo muito importante e de grande responsabilidade, pois ele era o
copeiro pessoal do rei persa Artaxerxes I (465-424 a.C.). Isso fazia dele um membro da corte real que possuía
grande influência e prestígio devido a sua proximidade com o rei e a confiança que ele desfrutava, já que seu
trabalho não envolvia apenas escolher o vinho do rei (Ne 2:1), mas evitar que ele fosse envenenado.
 A preocupação de Neemias com Jerusalém
 No vigésimo ano de reinado de Artaxerxes, entre novembro e dezembro de 446 a.C., Neemias recebeu
notícias sobre a situação caótica em Jerusalém e a miséria de seu povo. Além disso, ele também ficou sabendo
que os muros da cidade estavam destruídos e seus portões queimados (Ne 1:1-3).
 Isso fez com que Neemias ficasse bastante angustiado, e ele jejuou e orou pedindo pela misericórdia de Deus
(Ne 1:4-11). Depois, entre março e abril de 445 a.C., enquanto servia na corte, o rei persa percebeu a tristeza
no semblante de Neemias e lhe perguntou qual era o motivo de sua tristeza.

 Neemias explicou seu problema ao rei e conseguiu dele a permissão para retornar a Jerusalém e reconstruir os
muros da cidade, além do material necessário para tal empreendimento. O texto bíblico deixa bem claro que
tudo isso aconteceu porque “a mão de Deus” era com Neemias (Ne 2:1-8).
 Neemias reconstrói os muros da cidade
 Após obter a autorização necessária, Neemias partiu para Jerusalém. Naquela época, os muros e os portões de
uma cidade simbolizavam sua força e dignidade, daí se percebe a importância do trabalho pretendido por
Neemias.
 Ele foi nomeado como governador da província de Jerusalém, mas a Bíblia descreve o interesse do rei persa
no retorno de Neemias, então, inicialmente, foi estabelecido um prazo para que ele cumprisse a tarefa e
retornasse ao palácio (Ne 2:6).
 Neemias enfrenta oposição
 Neemias levou consigo todos os documentos que garantiam a legalidade de suas ações, porém mesmo assim
ele precisou enfrentar grande oposição. Na verdade, desde o tempo dos reinados de Ciro (559-530 a.C.) e
Dario I (522-486 a.C.) houve oposição contra a reedificação de Jerusalém. Essa perseguição aos judeus
também foi vista nos reinados seguintes, nos dias do rei Assuero (486-465 a.C.) e do próprio Artaxerxes (465-
424 a.C.).
 A grande oposição contra o trabalho de Neemias partiu da parte de Sambalate, o honorita, Tobias, o amonita,
e Gesém, o arábio. Esses homens poderosos e astutos tentaram a todo custo prejudicar Neemias.
 Essas três pessoas, justamente com seus aliados, afligiram insultos e zombarias, arquitetaram ataques
armados, planejaram uma emboscada para capturar Neemias e fazer-lhe mal, plantaram notícias de que o
motivo real da reconstrução dos muros era uma suposta rebelião contra a Pérsia, e, inclusive, tentaram induzir
Neemias ao erro, fazendo com que ele pecasse por entrar num lugar que só era permitido aos sacerdotes, para
que assim pudessem infamá-lo desacreditando-o diante do povo (Ne 2:19,20; 4:1-14; 6:1-14).
 Como se não bastasse a forte oposição externa, Neemias também precisou lidar com a oposição interna,
causada especialmente por problemas econômicos e sociais, que levaram a população de Judá à beira de um
colapso.
 O contexto histórico daquele momento explica a razão dos problemas internos. Judá estava isolada
comercialmente, e os trabalhos no muro fizeram com que a produção de cereais caísse, já que os camponeses
estavam envolvidos na reconstrução (Ne 4:22).
 As condições climáticas também agravaram a crise de alimentos (Ne 5:3), e soma-se a tudo isso o fato de que
os últimos administradores haviam explorado a população (Ne 5:15). Tais condições fizeram com que muitos
hipotecassem suas propriedades ou tomassem dinheiro emprestado, tanto para comprar alimentos como para
pagar os autos impostos (Ne 5:2-5).
 Neemias foi um habilidoso líder e administrador
 Apesar de toda oposição que, durante um tempo, conseguiu atrapalhar as obras de reconstrução, Neemias se
mostrou um grande líder, que, com muita habilidade, conseguiu prover a organização e a motivação
necessária para que o trabalho fosse concluído.
 Neemias soube interpretar muito bem as ameaças externas, foi prudente para não cair em ciladas e soube gerir
os problemas internos. Após 52 dias, entre agosto e setembro de 445 a.C., a obra de reconstrução dos muros
foi concluída (Ne 6:15).
 Quando o trabalho foi sido finalizado, Neemias tomou algumas ações para melhorar a vida em Jerusalém. Ele
estabeleceu alguns funcionários e lhes delegou autoridade para que pudessem contribuir com um governo
mais justo naquela província.
 Neemias também implementou uma estratégia de proteção da cidade ao ordenar que um, entre dez judeus,
deveriam residir dentro dos muros da cidade. Ele trabalhou para corrigir vários abusos que existiam no meio
do povo através de um programa de reformas.
 Neemias teve grande participação na revitalização da adoração em Jerusalém, santificando a nação ao
conduzi-la a uma renovação da aliança através da leitura e exposição da Lei feita pelo sacerdote Esdras (Ne
7:73-8:18), da confissão dos pecados (Ne 9:1-37) e do juramento em que o povo se prometeu em guardar os
mandamentos da Lei.
 Neemias também se preocupou com a celebração das festas judaicas, sobretudo a Festa dos Tabernáculos (Ne
8:13). As reformas de Neemias também incluíram um melhor apoio ao sacerdócio e a purificação do Templo,
a separação dos estrangeiros a fim de que a corrupção religiosa e a idolatria fossem evitadas (Ne 13:1-3), e a
conscientização acerca do erro quanto ao casamento misto.
 Não é possível afirmar com exatidão quanto tempo durou o período de liderança de Neemias, pois
provavelmente esse período foi intermitente. Como já foi dito, sabemos apenas que inicialmente seu período
de liderança em Jerusalém teve um prazo fixo estabelecido, começando no 21º ano de Artaxerxes I.
 Talvez esse prazo tenha sido prolongado devido às demandas em Jerusalém. Depois, somos informados que
no 32º ano de Artaxerxes Neemias retornou à Babilônia para ir ter com o rei, e “ao cabo de certo tempo” ele
conseguiu nova liberação para voltar a Jerusalém (Ne 13:6).
 O problema é que não se sabe quanto tempo durou esse período em que Neemias esteve ausente de Jerusalém.
Pelo menos durante algum tempo, Neemias foi contemporâneo de outros personagens bíblicos como Esdras e
o profeta Malaquias.
 Outra questão bastante discutida é sobre a relação entre o ministério de Neemias e Esdras, no caso, para se
determinar quem chegou primeiro a Jerusalém. A tradição sempre afirmou que Esdras foi o primeiro a chegar,
mas algumas interpretações modernas tentaram contestar essa afirmação invertendo essa ordem.
 De qualquer modo, o conteúdo do livro de Neemias aponta para a sugestão mais tradicional, e é amplamente
aceito que Esdras foi o primeiro a chegar. Neemias e Esdras aparecem juntos em algumas ocasiões, como na
leitura da Lei e a dedicação do muro da cidade (Ne 8:9; 12:26,36).
 Também quando falamos sobre a história de Neemias, é importante saber que existem outros dois personagens
bíblicos com esse mesmo nome e que não devem ser confundido com esse Neemias que reconstruiu os muros
de Jerusalém. O primeiro foi um exilado que retornou do exílio com Zorobabel (Ed 2:2; Ne 7:7) e o outro era
o filho de Azbuque, que também ajudou nas obras de reconstrução dos muros (Ne 3:16).
 Neemias foi um homem de caráter. Ele é descrito como uma pessoa de oração (Ne 2:4; 4:4,9; 5:19; 6:9,14;
13:14,22,29,31) e Deus abençoou seu trabalho poderosamente. Ele era um líder talentoso e carismático, que
expressava um patriotismo inspirador.
 Neemias era íntegro, rígido com relação à justiça e demonstrava grande humildade, bondade e piedade. Ele
possuía uma fé verdadeira no Deus de Israel, e era especialmente comprometido com o zelo pelo culto ao
Senhor.
 Diante de tantas afrontas e perseguições, é inegável que Neemias foi um homem determinado, concentrado,
dedicado e persistente. Por ser um líder-nato, ele conseguiu transmitir tais características a ponto de formar
um grupo que, juntamente com ele, não desistiu da obra que deveria ser realizada.
 Com base na história de Neemias, percebemos que ele era uma pessoa de ação, e, impulsionado por sua fé, ele
não ficava apenas esperando que algo sobrenatural acontecesse, antes, se esforçava para fazer o que tinha que
ser feito. Quando estudamos sobre quem foi Neemias, certamente podemos enxergar que ele foi um homem
de Deus, levantado estrategicamente no momento certo, para cumprir a tarefa que lhe foi comissionada.
 Os livros de Esdras e Neemias formavam um só livro, tanto na Bíblia hebraica quanto na Septuaginta. Na
Bíblia Hebraica, Esdras e Neemias eram denominados de “o livro de Esdras”. A Septuaginta denominava o
livro de Esdras e Neemias de Esdras II. Para ela, Esdras I era o livro apócrifo grego, que ela conservava. Já no
início do cristianismo, o livro de Esdras virou Esdras I, o livro de Neemias virou Esdras II e o livro apócrifo
grego virou Esdras III. Esta mesma ordem foi seguida pela Vulgata4.
 Portanto, Esdras e Neemias são duas partes de uma mesma obra, escrita pelo mesmo autor (de Crônicas?)5.
Inclusive, os personagens se misturam e assim também as datas, que, aliás, é um assunto complicado para se
solucionar.
 O texto bíblico coloca a chegada de Esdras a Jerusalém no ano de 458 a.C. (Esd 7,8), durante o do reinado de
Artaxerxes (465-424), com o título tanto de sacerdote quanto de escriba, a serviço do governo persa (Esd 7). A
função de Esdras, que teria vindo com cerca de cinco mil exilados, seria a de aplicar a lei religiosa e civil,
decretada pelo império como lei para a província. Esdras, portanto, teria chegado antes de Neemias, que teria
chegado entre os anos 445-433 (Ne 2,1).
 Contudo, há uma grande confusão cronológica na narrativa dos dois livros. No texto aramaico de Esd 4,6-
6,18, as ações de Dario são situadas após o reinado de Xerxes e Artaxerxes, que reinaram na metade do século
seguinte. Ne 8,1.9 e Ne 12,26.36 citam Esdras e Neemias como sendo contemporâneos. Seria muito estranho
que os dois líderes tivessem sido designados para uma missão similar no mesmo período. É estranho também
que, já no primeiro capítulo do livro, Neemias trate fortemente da lei (Ne 1,7.9), que ainda está por ser
organizada. Também há informações desconexas ou repetidas nos dois livros, como a lista dos que retornam
do exílio, apresentada duas vezes (Esd 2 e Ne 7).
 De maneira que, pela narrativa dos dois livros, Esdras teria que ser posterior a Neemias, pois o livro de
Neemias cita a lista de repatriados de Zorobabel (Esd 2), mas não cita a de Esdras. Neemias encontra as
muralhas de Jerusalém destruídas e a cidade quase desabitada, ao passo que em Esdras, Jerusalém já
prosperava dentro de suas muralhas. Neemias é contemporâneo ao sumo sacerdote Eliasib (3,1), enquanto
Esdras vive no tempo do seu neto Johanam.
 Uma hipótese para solucionar este impasse é de que Esdras não teria chegado a Jerusalém no “sétimo ano de
Artaxerxes I” (465-424), mas, sim, de Artaxerxes II (404-358). O que dataria a chegada de Esdras a Judá em
398-397. Outra possibilidade seria de que Esdras fosse um personagem criado pelo cronista, pois há muita
similitude entre os livros de Crônicas e os de Esdras e Neemias. Ainda que, supostamente, os livros de Esdras
e Neemias sejam anteriores aos livros de Crônicas, contudo, os três livros têm textos em comum, como a listas
dos repatriados e da população de Jerusalém, a prestação de contas da missão de Esdras, as cartas do rei persa,
as ações da corte persa etc. Além de que, a conclusão do livro de Crônicas é literalmente a introdução do livro
de Esdras (2Cr 36,22-23; Esd 1,1-3). Ainda, às vezes dá a impressão de que Neemias é um personagem
similar a Daniel, ambos são funcionários da corte do império, um da Babilônia e outro da Pérsia.
 Tudo isso coloca uma grande interrogação quanto à data da composição do livro de Neemias e, por extensão,
dos livros de Esdras e Crônicas. Não é estranho pensar que o cronista, sem dominar a ordem cronológica dos
fatos históricos, tenha tomado informações a partir das memórias do personagem Neemias, narradas em
primeira pessoa (Ne 1,1-2,20; 3,33-7,5; 12,31-43; 13,4-31) e acrescentado relatos seus em terceira pessoa
(3,1-32; 11,1-2; 12,44-47; 12,44-13,3), no intuito de recontar a história de Israel: passado, presente e futuro. É
assim que 1 e 2 Crônicas são compostos, para adicionar as “coisas omitidas” (paralipômenon), como a
Septuaginta os chama. O que, na verdade, exclui tudo o que é de Israel Norte e enaltece Judá, tendo como
figura central o rei Davi governando as doze tribos. O cronista escreve livremente utilizando informações do
Pentateuco e dos livros históricos, omite todos os atos negativos de Davi e acrescenta à sua maneira aspectos
de seu interesse. Relata uma história sagrada do passado, onde exalta os heróis de Judá e exclui os de Israel
Norte; descreve o presente, sublimando a proeminência de Esdras e Neemias e a pureza da Golah, e projeta
um reino futuro construído sobre a Lei (Torá). É nesse conjunto ideológico que devem ser lido os livros de
Neemias, Esdras e Crônicas, que parece ser a ideologia da nação santa, povo eleito, hasmoneia6.
 O Contexto histórico de Neemias e o vazio arqueológico do período persa: um debate em aberto, situa o texto
bíblico em seu contexto histórico é fundamental para a compreensão do seu conteúdo. No nosso caso, o objeto
a perseguir é o contexto histórico do livro de Neemias, ou seja, em que período os textos de Neemias e, por
extensão de Esdras, surgiram. Isso é relevante, pois, é comum na pesquisa bíblica situar, não somente os livros
de Esdras e Neemias, mas também grande parte da produção bíblica no período persa. Mas, será essa a última
palavra? Vejamos o que diz a arqueologia.
 Jerusalém e o contexto arqueológico
 É de conhecimento comum a atual dificuldade, principalmente por questões político-religiosas, para se
escavar a Jerusalém antiga, que se encontra quase toda ela enquadrada pela muralha turco-otomana construída
por Solimão o Magnífico (1520-1566). Contudo, há certo consenso desde a década de 1960, quando as
escavações na cidade ainda eram bastante viáveis, que a Jerusalém dos períodos persa (538-533) e helenista
antigo (333-135)8 não se estendeu para a cidade alta. Tradicionalmente, sua localização é atribuída à área
denominada de “a cidade de Davi”9, apesar de não haver remanescentes arquitetônicos e Essa ideologia
também é encontrada nos livros de Ageu, Zacarias, Eclesiástico e 1 e 2 Macabeus. Cf. o elogio a Neemias em
Eclo 49,13.
 Divide-se o período helenista em: período helenista antigo (333-135), quando Judá estava sob o domínio
ptolomaico e selêucida, e período helenista tardio (135-63), quando Judá era governada pela dinastia
hasmoneia de o achado de artefatos arqueológicos deste período ser praticamente inexistente.
 Atualmente uma equipe do Departamento de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv, coordenada pelo
arqueólogo Yuval Gadot, está realizando escavações numa pequena área conhecida como Givati Parking Lot,
no lado noroeste da cidade antiga, no bairro judaico. A escavação, que em visita pessoal na temporada de
2018 já havia atingido em torno de dez metros de profundidade, até o extrato do Ferro II, encontrou
significativo material dos períodos bizantinos, romano, helenista tardio, mas somente pouco e pequenos
pedaços de cerâmica do período grego inicial e persa10. Recentemente foi destaque na mídia internacional o
selo encontrado neste local. O selo contém uma bula com o seguinte dizer: Natan-Melek ebed hamelek
(Natan-Melek, servo/ministro do rei). Uma vez que o selo tenha sido encontrado no extrato pertencente ao
Ferro II tardio, final do século VII a.C., é possível que pertencesse ao eunuco do rei Josias, Natã-Melek,
mencionado em 2Rs 23,1111.
 Também foram escavados pequenos pontos ao redor do Givati Parking, que cobrem uma área três vezes maior
que o Givati Parking, mas também ali não foi encontrado nada, nem cerâmica persa e nem helenista antigo.
Costuma-se encontrar, com relativa abundância, artefatos do período bizantino, romano tardio, romano antigo
e helenista tardio. Depois do helenista tardio aparece imediatamente o estrato do período do ferro II tardio
(final da monarquia). Todo o conjunto dos períodos helenista antigo e persa está faltando. É como se esses
estratos não existissem.
 Curiosamente, essa é a mesma situação do século X a.C., que é o período atribuído aos reinados de Davi e
Salomão. Até hoje, também não foi encontrado nada expressivo desse período em Jerusalém, nem templo,
nem muralha e nem palácio.
 A falta de sinais da cidade do período persa e helenista antigo (e por extensão do período do século X)
costuma ser atribuído ao fato de a cidade estar situada num monte, posição que favorece a erosão, a qual teria
destruído possíveis estruturas remanescentes da cidade. Ou, então, que, devido às constantes destruições e
reconstruções de séculos, não seja mais possível encontrar sinais da cidade desses períodos. Também é bem
verdade que durante os períodos persa e helenista antigo não houve guerra em Jerusalém, portanto, não houve
destruição, e a arqueologia, para fazer sua leitura, beneficia-se da destruição. Mas, ainda assim, se houve
assentamento é factível que se encontre alguns artefatos também de períodos em que não houve destruição.
Além do mais, como diz Israel Finkelstein (em conversa pessoal), muros e pisos não podem evaporar ou
simplesmente desaparecer no ar. Se assim fosse, também não se deveria encontrar remanescentes
arquitetônicos de outros períodos.
 Para Finkelstein, a única solução para esse “incômodo vazio” é de que os assentamentos do século X e dos
períodos persa e helenista antigo se encontrem sob a esplanada do templo (Haram ash-Sharif).
 Em nossa recente visita de estudos a Jerusalém, o guia relatava13 que a comunidade palestina havia feito uma
reforma junto ao portão dos leões, também conhecido como portão de Santo Estêvão, que fica na parte leste
da cidade, bem próximo ao Haram ash-Sharif (esplanada do templo). Vários caminhões de terra teriam sido
retirados e levados para fora da cidade. Alguns arqueólogos israelenses teriam aproveitado a oportunidade e
peneirado toda a terra, em busca de material arqueológico. Contudo, muito pouco teria sido encontrado e a
maior parte era dos períodos do Ferro e helenista tardio.
 Em todo caso, em nosso entender, se foi encontrado alguma cerâmica, por pouco que seja, é sinal de que na
atual Jerusalém antiga havia um assentamento no período persa e helenista antigo. Ou seja, para a arqueologia,
a Jerusalém do período persa e helenista antigo, com o seu templo, cujos remanescentes devem estar sob o
Haram ash-Sharif, deveria ser “estranhamente” pequena e muito pobre.
 2. AUTOR.
 Não há dúvida de que o próprio Neemias é o autor daquelas partes da obra que são de maior interesse e lhe
conferem um caráter distinto. A frase inicial - "As palavras de Neemias, filho de Hachalias" - aplica-se além
de toda questão às partes que estão escritas na primeira pessoa (Neemias 1.-7 .; Neemias 12:27; Neemias 13.).
Tanta coisa é geralmente permitida. Argumenta-se, por outro lado, que as partes em que Neemias é
mencionado na terceira pessoa - notavelmente, cap. 8, 9 e 10. - não são da caneta dele; e sua autoria foi
atribuída a Esdras. Pode-se admitir que a evidência interna de estilo e maneira favorece fortemente a visão de
que esta seção não é a composição original de Neemias. Não há nada, no entanto, para militar contra a
suposição de que ela foi elaborada por sua autoridade e recebeu a sanção de sua aprovação. A afirmação de
Ezra de ter escrito não pode ser substanciada; pelo contrário, uma análise cuidadosa da linguagem leva a uma
conclusão muito oposta. Devemos considerá-lo um trabalho anônimo, que, no entanto, Neemias
provavelmente viu e colocou em sua posição atual. No que diz respeito às listas, que compõem o restante do
livro, a do cap. 7. é provavelmente um documento oficial, elaborado na época de Zorobabel, extraído por
Neemias dos arquivos nacionais; o do cap. 11. é a conta oficial de seu próprio censo; os do cap. 12. não pode
ter assumido sua forma atual muito antes da época de Alexandre, o Grande, já que Jaddua era seu
contemporâneo; mas é bem possível que Neemias os tenha originado, e que certas adições possam ter sido
feitas a eles posteriormente. Nesse caso, Neemias seria, como compositor original ou como compilador, o
autor responsável de todo o livro, com exceção de alguns versos.
 CARÁTER GERAL.
 Em caráter geral, o Livro de Neemias se assemelha muito ao de Esdras. É uma história clara, direta e simples
de um curto período do estado judeu, que não contém nada milagroso, nada particularmente excitante ou
extraordinário. A comunidade judaica está em uma condição deprimida; e embora adversários externos sejam
resistidos e, em geral, resistidos com sucesso, nenhum grande triunfo é alcançado, nenhuma libertação muito
notável é efetuada. Ao mesmo tempo, a condição interna das coisas está longe de ser satisfatória; os males aos
quais Ezra resistiu se repetiram e trouxeram outros em seu caminho, o que causa muita ansiedade àqueles que
estão à frente dos assuntos. Neemias escreve em tom deprimido, como um homem que não é apreciado por
sua geração e que é infeliz. A linguagem que ele usa é simples e um tanto grosseira, como se não tivesse
desfrutado da vantagem de muita educação. Como o de Esdras e do escritor do Livro de Ester, ele contém
muitas palavras persas. É, no entanto, hebraico por toda parte, sem mistura de Caldeu. O estilo, como seria de
esperar da diversidade de fontes já observada, está longe de ser uniforme. As listas são carecas e secas, como
era natural nos documentos oficiais. A seção que se estende de ch. 8. até o final do cap. 10. é livre e fluente,
trai a banda de um escritor experiente, mas não é caracterizado por muita originalidade. Por outro lado, as
partes escritas pelo próprio Neemias são bastante peculiares. Vigorosos, ásperos, surpreendentemente
dramáticos e marcadamente devocionais, eles nos mostram um autor de uma virada original, que pensava por
si mesmo, sentia-se fortemente e se expressava de maneira adequada e com certa grosseria. Não há parte das
Escrituras em que a individualidade esteja mais impressionada do que as seções de abertura e conclusão deste
"Livro" composto, que são evidentemente obra direta de Neemias.
 CIRCUNSTÂNCIAS E PERSONAGEM DO AUTOR.
 Neemias era filho de Hachalias, da tribo de Judá. Pertencia, aparentemente, aos "judeus da dispersão" e, ainda
jovem, apegou-se à corte persa, onde seu mérito ou aparência lhe permitiram obter o "cargo importante e
lucrativo de um copeiro real . " Essa posição o colocou em contato direto com o rei e a rainha da época, que
eram Artaxerxes Longimanus e Damaspia. Longimanus já se mostrara amistoso com os judeus, e sendo de
temperamento amável e afável, parece ter se apegado a seu acompanhante e ter estado em termos de
familiaridade com ele que mal deveríamos esperar. Neemias relata como, enquanto participava da corte em
Susa, a principal residência real, ele ouviu falar da desolação de Jerusalém através de seu bordel Hanani, que
havia visitado recentemente a cidade santa e visto sua triste condição (Neemias 1:1). Perfurado no coração
pela descrição, ele se entregou por muitos dias ao jejum, luto e oração. O rei por algum tempo não observou o
dele. tristeza; mas depois de três ou quatro meses o alterou tanto que, ao aparecer um dia para cumprir seu
mandato, Artaxerxes percebeu a mudança e pediu uma explicação. Neemias sobre isso se desassossegou e,
considerando o rei compreensivo, obteve licença da corte, uma nomeação para governador de Jerusalém e
permissão para reconstruir o muro, restaurar a fortaleza do templo e reparar a residência do governador, dos
quais ele deveria tomar posse. Com essas instruções, e com cartas aos satraps das províncias pelas quais ele
teve que passar, Neemias deixou Susa, acompanhado por uma forte escolta, na primavera ou no início do
verão de BC. 444. Não nos dizem quanto tempo foi ocupado por sua jornada; mas, tendo chegado em
segurança a Jerusalém, ele, como Esdras, descansou "três dias" (comp. Esdras 8:32 com Neemias 2:11). Ele
então procedeu, sob a cobertura da noite, para fazer um levantamento da parede. Era sabido por ele que
qualquer tentativa de colocar a cidade em estado de defesa encontraria uma oposição formidável por parte de
pessoas poderosas no bairro. Ele, portanto, manteve sua comissão em segredo, realizou secretamente sua
pesquisa sobre o muro e não deixou nenhuma palavra de suas intenções ir até que ele fizesse tais preparativos
para que todo o trabalho pudesse ser iniciado e terminado em poucas semanas. A essência de seu arranjo era
dividir a tarefa entre um grande número de grupos de trabalho, todos preparados para agir simultaneamente, e
cada um completando sua própria porção do muro sem referência ao restante (cap. 3.). O plano teve sucesso.
Embora a oposição de vários tipos tenha sido feita e a violência aberta ameaçada, nenhuma colisão real
ocorreu entre os judeus e seus adversários; e em pouco mais de sete semanas, toda a parede foi reparada e
restaurada em toda a sua altura (Neemias 6:15). Portas dobráveis sólidas foram então colocadas nos portões,
guardas estabelecidos e uma regra estabelecida de que os portões deveriam ser fechados ao anoitecer e não
abertos de manhã "até que o sol estivesse quente" (Neemias 7:3). Assim, o principal trabalho que Neemias se
propôs a realizar foi realizado seis meses após o dia em que obteve sua comissão de Artaxerxes.
 Sua administração durante o restante do tempo em que governou a Judéia, que certamente não durou menos
de treze anos, foi caracterizada pelo mesmo vigor, presteza e energia que marcaram seus primeiros meses.
Também foi notável a consideração que ele demonstrou pelos que estavam sob seu governo e pela nobre
hospitalidade que ele dispensava tanto aos nativos quanto aos estrangeiros (Neemias 5:14). Ele aumentou a
população de Jerusalém, muito escassa para o tamanho de seus gemidos, trazendo homens dos distritos do
país (Neemias 11:1); resgatou um grande número de judeus, que haviam sido vendidos como escravos entre
os pagãos, e os restaurou em sua terra natal (Neemias 5:8); pôr fim a um sistema de emprestar dinheiro
mediante hipoteca, ou elevá-lo com a venda de filhos e filhas em servidão, o que estava reduzindo a classe
baixa de judeus à condição de pobres plebeus romanos da primeira comunidade (ibid. vers. 1- 13; Neemias
10:31); restaurou a estrita observância do sábado e do ano sabático (Neemias 10:31; Neemias 13:15);
estabeleceu o pagamento anual de um terço de um siclo por cada macho adulto para o serviço e tecido do
templo (Neemias 10:32), juntamente com um sistema para fornecer a madeira necessária para a sacrifícios
(ibid. ver. 34); impediu que o templo fosse poluído pelos pagãos e profanado por ser usado para fins seculares
(Neemias 13:4); forçou o pagamento dos dízimos, que estavam caindo em desuso (Neemias 10:37; Neemias
13:10); e, como Esdras, obrigou todos os que se casaram com esposas estrangeiras a se divorciarem e os
enviarem de volta, com seus filhos, para seu próprio povo (Neemias 13:1, e 23- 28) Seus esforços para
realizar essas reformas foram frustrados e resistidos por um importante partido entre os padres e nobres, que
se inclinavam para o secularismo, viciados em casamentos com os pagãos e desejosos de fusão com as nações
vizinhas. Um homem comum poderia ter evitado afrontar as opiniões de um partido tão forte e poderoso,
apoiado por príncipes vizinhos e apoiado em Jerusalém pelo sumo sacerdote da época, Eliashib. Neemias se
propôs a "enfrentar os governantes" (Neemias 13:11) e os "nobres" (ibid. Ver. 17); "perseguiu dele" o neto do
sumo sacerdote (ibid. ver. 28); "amaldiçoado", ou pelo menos "insultado", aqueles que se casaram com
esposas estrangeiras e até "feriram algumas delas e arrancaram seus cabelos" (ibid. ver. 25). Quando o próprio
Eliashib, o guardião natural do templo, desconsiderando sua sacralidade, designou uma das câmaras em seus
arredores a Tobias, o amonita, que o mobilizou e transformou em residência, Neemias, por sua própria
autoridade, retirou todos os móveis de portas (ibid. ver. 8). Rigoroso, zeloso, rápido, intransigente, ele não
permitiria o relaxamento da antiga lei, nem se afastaria do costume primitivo, nem se casaria com
estrangeiros. Ele não apenas restabeleceu os muros de Jerusalém em suas antigas fundações, mas também
construiu o estado nas antigas linhas, "complementando e completando o trabalho de Esdras" e dando-lhe
"coesão e permanência internas".
 Houve um dia na parte final de sua administração que deve ter sido para ele um dia de prazer requintado, e
quase o pagou por toda a angústia que sofrera pela perversidade do povo e pela oposição dos nobres. Depois
de ocupar o cargo por doze anos, ele teve a oportunidade de visitar o tribunal, para fazer algum relatório
especial ou porque "sua licença havia expirado". Enquanto esteve lá, ele talvez tenha obtido permissão para
realizar uma cerimônia que ele deve ter tido em mente há muito tempo, mas que pode ter medo de se
aventurar sem a expressa sanção do rei. Esta foi a dedicação do muro. Ao retornar a Jerusalém, no trigésimo
terceiro ano de Artaxerxes, a.C. 431, ele sentiu que era chegado o momento de inaugurar sua grande obra com
pompa e circunstância adequadas. Por seu acordo, "duas vastas procissões passaram em volta dos muros,
parando em um ou outro daqueles pontos de referência veneráveis que," doze anos antes ", haviam sinalizado
os vários estágios de seu trabalho; cujas sombras haviam sido seus companheiros diários e noturnos para tais
cansadas semanas de observação e trabalho.Os levitas vieram de seus distritos rurais, com sua variedade de
instrumentos musicais que ainda traziam o nome de seu inventor real; os menestréis também foram
convocados de seus retiros nas colinas de Judá e no vale profundo do Jordão (?). Todos eles se encontraram na
corte do templo. O som das trombetas sacerdotais soou de um lado; os cânticos dos menestréis eram altos em
proporção do outro. É especialmente mencionado (Neemias 12:43) que até mulheres e crianças se uniram à
aclamação geral, e 'a alegria de Jerusalém foi ouvida de longe.' Talvez a circunstância que deixa uma
impressão ainda mais profunda do que esse tumultuado triunfo seja a reunião que neste dia, e neste dia
terminado, Neemias registra em sua própria pessoa, dos dois homens que em espírito estavam tão intimamente
unidos como liderando um. procissão, e 'Esdras, o escriba', como liderando o outro. "
 É impossível determinar a hora em que Neemias deixou de ser governador da Judéia, ou dizer se ele foi
chamado de volta ou morreu em seu posto. Podemos concluir em seu último capítulo que, no momento em
que ele o escreveu, ele ainda mantinha seu cargo; mas, como vimos, ele provavelmente concluiu seu "Livro"
sobre a.C. 431 ou 430, não podemos atribuir positivamente uma duração mais longa ao seu governo do que
catorze ou quinze anos. A tradição judaica não nos ajuda no assunto, pois Josefo não acrescenta nada ao que
sabemos das Escrituras, além da afirmação de que Neemias viveu até uma boa velhice.
 O caráter de Neemias é suficientemente claro em seus escritos. "Ele se parecia com Esdras em seu ardente
zelo, em seu espírito ativo de empreendimento e na piedade de sua vida;" mas ele tinha um humor mais
violento e mais feroz; ele tinha menos paciência com os transgressores; ele era um homem de ação e não um
homem de pensamento, e mais inclinado a usar a força do que a persuasão. Sua sagacidade prática e alta
coragem foram mostradas de maneira muito marcante nos arranjos pelos quais ele passou pela reconstrução
do muro e anulou os planos astutos dos "adversários". A piedade de seu coração, seu espírito profundamente
religioso e o constante senso de comunhão e absoluta dependência de Deus são impressionantemente
exibidos, primeiro, na longa oração registrada em Neemias 1:5 ; e segundo, e mais notavelmente, naquilo que
tem sido chamado de "orações interjeicionais" - aqueles discursos curtos, mas comoventes, a Deus Todo-
Poderoso, que ocorrem com tanta frequência em seus escritos - o derramamento instintivo de um coração
profundamente comovido, mas sempre repousando sobre Deus, e olhando somente a Deus por ajuda nos
problemas, pela frustração dos desígnios do mal e pela recompensa e aceitação finais. Ao mesmo tempo, não
há fanatismo em sua religião; enquanto confia em Deus para o assunto, ele não omite as precauções
necessárias. "No entanto", diz ele, "fizemos nossa oração a nosso Deus e vigiamos contra eles dia e noite"
(Neemias 4:9). Nem ele confia na fé feita, sem obras. Ele é abnegado, hospitaleiro, ativo em ações de
misericórdia (Neemias 5:8, Neemias 5:14, Neemias 5:17), inquietante, infatigável. Muitas são as "boas ações"
que ele faz pela casa de seu Deus "e pelos seus ofícios" (Neemias 13:14). E, além de seu céu, ele tinha uma
recompensa terrena. Sua memória permaneceu fresca por um longo período de anos nas mentes de seus
compatriotas, que "o glorificaram nas tradições de roubo", e por um tempo o colocaram mesmo acima de
Esdras. Ele encontra um lugar, onde Esdras não o tem, no catálogo heróico do filho de Sirach (Ecclus. 49:13).
Na época seguinte, acreditava-se que ele havia reconstruído o templo e o altar (2 Mac. 1:18). Foi ainda
relatado que ele fundou uma biblioteca em Jerusalém, reuniu os atos dos reis e reuniu os livros sagrados em
um volume (ibid. 2:13). O local de sua morte e enterro parece ser desconhecido. Nenhum túmulo é
mencionado como ressuscitado em sua honra. Talvez esse memorial fosse considerado desnecessário; pois,
como Josefo observa, "o muro de Jerusalém constituía seu melhor e mais duradouro monumento".
 Os babilônios conquistaram Judá em 586 AC. A Pérsia, por sua vez, conquistou a Babilônia (539 AC) e
depois permitiu que os judeus retornassem a Jerusalém. Sob a liderança de Josué e Zorobabel eles haviam
reconstruído o templo (520-516 AC). Esdras, o sacerdote, voltou da Babilônia em 458 AC para ministrar no
novo templo, mas os muros da cidade permaneciam em ruínas. Em 445 AC os desafios da reconstrução da
terra natal lhes haviam baixado o moral, por isso, Neemias veio para edificar os muros de Jerusalém.
 Susã era a capital de inverno do Império Persa, localizada cerca de duzentos e quarenta quilômetros ao norte
do Golfo Pérsico, onde hoje é a fronteira entre Irã e Iraque. Susã ficava a sudoeste de Bagdá e distava de
Jerusalém cerca de mil e seiscentos quilômetros. Foi também cenário da história de Ester. O mês de Quisleu
corresponde a novembro-dezembro no calendário cristão.
 Neemias era o copeiro do rei Artaxerxes I (465–424 AC), que corresponde hoje aos serviços secretos que os
países mantêm para a proteção do seu presidente, ou seja, ele provava a comida e a bebida servida ao rei. Ele
chorou quando soube da notícia sobre os muros destruídos e as portas queimadas, por isso orou e jejuou por
quatro meses (o mês de Nisã descrito em Ne 2: 1 corresponde a março-abril no calendário cristão), pediu a
direção de Deus e achou graça aos olhos do rei para voltar à sua terra e reconstruir. Da mesma forma, quando
o Espírito nos mostra nossa alma e nossa vida destruída, choramos, oramos, pedimos a direção de Deus e nos
dispomos a reedificar nossas portas e nossos muros. Quando falamos de muros, estamos falando biblicamente
da proteção do nosso espírito e da nossa alma. Portas significam (neste caso de Neemias): poder e autoridade,
limite ao avanço do inimigo, assim como coluna (que vemos em outros textos bíblicos) significa: vida de
oração. O templo é o nosso espírito, assim como Jerusalém é a nossa alma, a cidade que precisa ser
reconstruída. Torre significa: vigilância, lugar de comunhão com Deus, que nos avisa de ataques e estratégias.
 Neemias obedeceu a alguns princípios básicos para reconstruir, e é o que vamos estudar com mais detalhes
agora, pois são princípios a serem obedecidos para a nossa reconstrução interior:
 1º) Humilhou-se diante de Deus e confessou os seus pecados e os do povo. Os pecados eram muitos, mas o
mais grave de todos era a apatia para com os mandamentos, ou seja, o povo desobedeceu à palavra do Senhor
e caiu na idolatria, motivo pelo qual Deus o entregara nas mãos do inimigo. Podemos ler isso em Ne 1: 5-11.
Assim é com nossa vida. Quando olhamos para nossa alma destruída e decidimos reconstruí-la, precisamos
inicialmente reconhecer nosso erro, pedir perdão a Deus pelos nossos pecados que deram brechas ao inimigo e
pedir e liberar perdão de Deus para as pessoas que participaram dessa destruição de alguma forma.
 2º) Pediu o que necessitava para realizar sua viagem e seu trabalho de reconstrução com sabedoria e certeza,
pois estava instruído por Deus (Ne 2: 5-8). Neemias pediu ao rei persa o que estava necessitando para realizar
a obra que tinha adiante de si, pois estava debaixo do seu domínio. Nós, entretanto, não vamos pedir licença
ao inimigo. Depois que o Espírito Santo nos faz avaliar nossa situação com clareza, Ele mesmo nos dá
sabedoria para entrarmos na presença de Deus e pedirmos a Ele o que necessitamos para executar nosso
trabalho. Podemos pedir exatamente o que queremos.
 3º) Declarou a carta do rei aos governadores liberando o trabalho, ou seja, depois que o rei lhe tinha dado
cartas, ele só teve que entregá-las aos governadores das províncias como uma ordem real que não poderia ser
revogada (Ne 2: 9). Da mesma forma é conosco. Quando Deus nos autoriza a reconstruir, passamos a
profetizar Sua palavra para que ela se cumpra. Ela vai à nossa frente preparando o caminho para que
executemos Sua vontade no mundo natural. É claro que ao profetizarmos nossa vitória, o inimigo vai ficar
sabendo. Sambalá, o horonita, e Tobias, o amonita, ficaram sabendo e se opuseram. Sambalate, o horonita, e
Tobias, o amonita, ficaram sabendo e se opuseram. Sambalate poderia ser o governador de Samaria, região
imediatamente ao norte de Jerusalém. Alguns pergaminhos encontrados dizem que Sambalate era governador
de Samaria em 407 AC, o que nos faz pensar que por volta de 445 ou 443 AC quando Neemias veio para
reconstruir os muros de Jerusalém, ele aspirava esse posto de governo, não só sobre Samaria como também
sobre a Judéia. Em Ne 2: 10; 19 e Ne 13: 28 ele é chamado de ‘o horonita’, o que provavelmente denota que
ele viera de Bete-Horom, cerca de vinte e nove quilômetros a noroeste de Jerusalém, na terra de Efraim,
depois, Samaria (cf. Js 10: 10). Tobias, possivelmente, era governador de Amom, região a leste de Jerusalém,
do outro lado do rio Jordão, e amigo e parceiro de Sambalate nos negócios. Embora sob jugo persa, esses
homens haviam-se tornado poderosos e ricos, exercendo controle sobre Jerusalém e seus habitantes. É
provável que não apreciassem a entrada de ninguém em seu território. Sambalate é um nome de origem
babilônica, Sin-uballit, isto é, ‘Sîn (o deus-lua) deu vida’. Alguns estudiosos [Lopes, E. S. Os nomes bíblicos
e seus significados. 8. Ed. São Paulo. CPAD, 2002] dizem que Sambalate (no hebraico: Sambalá) significa:
ódio disfarçado, força, violência. Tobias significa: YHWH é Deus, Deus é bom. Figuradamente, representa:
acomodação, ou seja, faz-nos achar boa a situação em que estamos. Mais adiante no texto, vamos encontrar
outro personagem chamado Gesém, o arábio. Gesém significa chuva e, biblicamente falando, chuva é a
presença do Espírito em nós, resposta de oração do céu. Gesém nos impede de receber as respostas de Deus e
tenta apagar o fogo do Espírito Santo. Esses três personagens simbolizam demônios que são enviados para
frustrar o projeto de reconstrução nas nossas vidas. O inimigo envia violência para destruir o que
reconstruímos, nos faz sentir acomodados com nossa situação de fracasso, derrota e destruição, nos induzindo
a pensar que é melhor deixarmos tudo do jeito que está, e tenta impedir a chegada da resposta de Deus às
nossas orações com o objetivo de apagar o fogo do Espírito em nós. Não podemos nos esquecer também da
nossa própria carne, cujos pensamentos limitantes também são um impedimento, tentando frustrar os planos
de Deus, ou seja, nem tudo é demônio. Nossa imperfeição humana também age.
 4º) Não falou com ninguém antes de inspecionar o estrago (Ne 2: 11-16). Isso pode ser devido a dois fatores.
Com os muros destruídos, Jerusalém era povoada por não-judeus, portanto, sofria intrigas políticas, e espiões
poderiam vender informações secretas aos inimigos de Israel. Em segundo lugar, ele não queria que aqueles
judeus que já estavam fracos e desanimados desacreditassem nele e no plano de Deus para reconstruírem. Isso
significa que depois de avaliarmos nossa situação e decidir reconstruir, precisamos reavaliá-la sozinhos e
decidir se vamos ou não pedir ajuda ou se a pediremos para quem está ao nosso lado, ou seja, se os que estão
ao nosso lado são pessoas de fé e disposição para nos ajudar ou se são esmorecidas e linguarudas, pois podem
“nos vender” para o inimigo.
 5º) Só depois de avaliar a destruição, pediu ajuda dos que queriam edificar com ele (Ne 2: 17-18). Podemos
notar que, ao pedir ajuda, Neemias teve que dar a eles uma palavra de incentivo, força e fé em Deus. Um dos
argumentos usados por Neemias e que pesou muito na decisão deles foi a vergonha pela qual estavam
passando, pois a Cidade de Davi ainda era um ponto de orgulho para os judeus e, do jeito em que estava, os
comprometia como nação diante dos povos ao redor. Assim é conosco. O inimigo destruiu o que para nós
deveria ser motivo de orgulho, nos trazendo a vergonha diante das pessoas. Portanto, os que estão ao nosso
lado devem ver a glória de Deus sobre esta situação, reconstruindo o que parecia impossível e sem solução.
Os fortes e fiéis estarão ao nosso lado.
 6º) Não deu atenção aos que zombavam (Ne 2: 19-20). Neemias deu uma resposta à altura das zombarias e
provocações colocando Deus na frente de tudo, pois o que ele se propunha a fazer parecia impossível aos
olhos humanos. Assim, nós devemos colocar Deus à frente do nosso projeto e não dar atenção àqueles que
dizem que é muito difícil o que nos propomos a fazer, ou que têm visão carnal das coisas e se conformam com
as fraquezas humanas, com as impossibilidades naturais, com as limitações ou com a destruição.
 7º) Colocou mãos à obra (Ne 3: 1-32). Neemias separou o povo em grupos para reconstruir cada parte dos
muros. Segundo parece, as partes norte e oeste do muro precisavam apenas de reparos. O muro leste, porém,
deve ter sido completamente refeito. Mas se olharmos o mapa da cidade de Jerusalém do tempo de Neemias
(no final da página) e o compararmos com o tempo da monarquia, nós poderemos notar que o lado oeste foi
expandido. Os muros, com uma base de cerca de dois metros e meio de espessura, foram rudimentarmente
construídos com pedras inteiras e com cascalho, explicando porque era alvo de zombarias. Talvez tivesse uma
altura de seis a nove metros, com quase três quilômetros e meio de comprimento, numa circunferência de
trezentos e sessenta e quatro quilômetros quadrados. Aqui, eu vejo um paralelo interessante com a nossa vida
cristã. O Norte, na bíblia, significa: o trono de Deus, o que norteia nossa vida, Sua palavra e Sua vida plena
para nós. O Sul significa: a nossa própria vida, nossa humanidade e imperfeição, em confronto com a
majestade e plenitude de Deus. O Ocidente significa: o mundo material, as coisas naturais, o antigo; e o
Oriente, o mundo espiritual, as coisas espirituais. Se notarmos o que nos acontece, a maior parte das
destruições que ocorrem nas nossas vidas se inicia com a ação de demônios e com nossa fraqueza espiritual,
pois geralmente nascemos sem noção das realidades espirituais e, muitas vezes, crescemos buscando
erradamente a presença de Deus através da idolatria. Isso nos enfraquece, pois nos tira do centro e do alvo da
nossa verdadeira adoração que deve ser Jesus. Por isso, nós devemos iniciar nossa reconstrução pela vida
espiritual correta diante de Deus e com a visão exata das realidades espirituais, das armas verdadeiras a serem
usadas, só assim teremos vitória. Outra atitude que devemos ter é a que Neemias teve: iniciou logo a obra, não
arranjou desculpas para prorrogar a reconstrução; é pôr logo em prática o que Deus já nos falou, sem
procrastinação.
 8º) Vigiou e trabalhou ao mesmo tempo (Ne 4: 1-23), com ânimo, força e perseverança; mesmo debaixo das
ameaças, eles não deixaram o trabalho por nada. Como o muro foi reconstruído em cinqüenta e dois dias,
provavelmente não o largaram nem para tomar banho ou para se preocupar com outros afazeres. Com uma
mão seguravam a pá; com a outra, a espada, a lança e o arco (eles trabalhavam em alternância, Ne 4: 16). Isso
significa continuar orando, profetizando, mas agindo concretamente. É interessante que Neemias continuou
incentivando o povo, lembrando-o do Senhor e de suas famílias, pois esses eram os verdadeiros incentivos
para continuar a obra. No versículo 20 ele faz menção do som da trombeta para que o povo se ajudasse
mutuamente quando necessário. Isso quer dizer que devemos pedir reforço de oração quando for preciso, para
que tenhamos força para continuar o trabalho. No versículo 23 ele faz outra advertência: não largar as vestes,
ou seja, não deixarmos a proteção da armadura de Deus (Ef 6: 10-20).
 9º) Não se rendeu ao inimigo nem tirou vantagem dos que o ajudavam (Ne 5: 1-19). Deus esperava que Seu
povo ajudasse os pobres concedendo-lhes empréstimos sem juros. Algumas vezes, os povos antigos sem
muitas propriedades para hipotecar eram forçados a usar os membros da família como garantia de
empréstimos. Se o empréstimo não fosse saldado, o credor ganhava a pessoa prometida como escravo pelo
tempo necessário para saldar a dívida. Esse tipo de escravidão não era necessariamente cruel e esses escravos
não eram obrigatoriamente afastados de suas casas, mas tinham de servir aos novos senhores. Por isso,
Neemias repreendeu os nobres e magistrados e os fez jurar diante dos sacerdotes que liberariam os
empréstimos para sustento do povo, sem que ele tivesse que ser novamente vendido aos povos de outras
terras. Neemias os fez restituir as posses a cada um do seu povo sem lhes pedir nada em troca. Ele, do seu
próprio dinheiro sustentou os que o ajudavam, por isso deu o exemplo. Isso quer dizer que o líder deve ter
temor de Deus e se doar, não tirar vantagem dos fracos nem de sua posição de liderança. Quando
reconstruímos, devemos receber a ajuda que cada um pode nos dar, sem pedirmos mais do que cada um tem
disponível.
 10º) Pediu discernimento a Deus para não cair nas ciladas do inimigo e não se deixou distrair por coisas fúteis
e sem importância que foram colocadas em seu caminho para que ele largasse a obra (Ne 6: 1-14). Os
adversários de Neemias fizeram de tudo para tirá-lo do seu lugar e do seu projeto: chamaram-no para uma
conversa, usaram de acusações falsas e até de astúcia para incorrer na ira do Senhor. Ele sabia que não era
sacerdote e, portanto, não poderia entrar livremente no templo. Através do discernimento espiritual, percebeu
que era cilada e que não fora Deus quem enviara a Semaías, o falso profeta. Da mesma forma conosco,
devemos resistir às provocações do inimigo e nos revestir do Espírito Santo para termos discernimento
espiritual e não cairmos em ciladas.
 11º) Manteve vigilância para evitar roubo e invasão até que Deus enchesse plenamente o lugar (Ne 7: 1-14).
Devemos manter guardas para evitar roubo e invasão até que Deus nos encha plenamente, ou seja, até que
sejamos restituídos. Ele manteve os porteiros, os cantores e os levitas. Devemos, da mesma forma, colocar os
anjos do Senhor guardando nossos muros e nossas portas, isto é, mantendo Sua proteção ao nosso redor;
continuar cuidando do que construímos (os levitas cuidavam da Casa do Senhor em todos os sentidos) através
da nossa oração e da leitura da Palavra e manter o louvor nos nossos lábios para fortalecer nossa alma e nosso
espírito. Neemias manteve os cantores, pois os cânticos de louvor mantinham o povo fortalecido.
 12º) Deixou a glória do trabalho para Deus (Ne 6: 16). Neemias reconheceu que por intervenção de Deus é
que completou a obra, portanto, é por Sua ajuda e intervenção que conseguimos reconstruir. A glória é toda
Dele, pois se torna evidente para nós que humanamente falando não temos condições de fazer nada do que foi
feito.
 13º) Depois de reconstruir, viveu como nova criatura (Ne 8 e 9). Neemias chamou Esdras, o sacerdote e
escriba, para ler ao povo a Lei do Senhor e, assim, lembrá-lo dos preceitos divinos que eles tinham esquecido
no cativeiro; também para ensinar os que nasceram em terra estranha o que nunca ouviram ou conheceram do
verdadeiro Deus e da história de Israel. Ouvindo tudo, choraram e se arrependeram dos seus pecados e do
pecado de seus pais e passaram a se alegrar. Da mesma forma é conosco. Depois de reconstruída nossa cidade,
devemos perseverar nos mandamentos e nas direções do Senhor, viver como nova criatura, perdoada e curada.
A partir de agora, passamos a viver uma vida de alegria, porque a direção de Deus não nos pune, mas nos
protege. A Festa dos Tabernáculos servia para lembrar aos habitantes da Terra Prometida o que representava
morar no deserto. No cativeiro, porém, os judeus não podiam celebrar a alegria de morar em terra própria.
Agora que haviam retornado para casa, podiam comemorar novamente. Para nós, celebrar a Festa dos
Tabernáculos significa que devemos nos lembrar com gratidão das maravilhas que Deus fez por nós na nossa
caminhada com Ele e de onde Ele nos tirou.
 14º) Consagrou o trabalho ao Senhor e manteve o louvor (Ne 12: 27-47). Louvar o Senhor é uma forma de
manter nossos muros fortes, assim como Neemias manteve os levitas nos seus lugares.
 15º) Deixou de fora a imundícia e manteve dentro somente o que era santo (Ne 13: 1-3). O espírito do mundo,
com idolatria e obras da carne, não entra mais em “Jerusalém”. Só entra o que é santo e quem tem
compromisso com Deus. Israel apartou de si todo elemento misto. Isso significa: aquilo que antes parecia uma
maldição, Deus transformou em bênção na nossa vida.
 16º) Não deixou mais o comodismo e a estagnação tomarem conta do seu espírito em relação à obra de Deus
(Ne 13: 4-9). Neemias expulsou Tobias do templo, ou seja, não deixou que nada ficasse escondido no interior
da Casa de Deus para depois servir de laço. Da mesma forma conosco, depois que reconstruímos devemos
pedir ao Espírito Santo que vistorie o nosso interior para não deixar a acomodação tomar conta de nós.
Devemos, sim, descansar para recuperar nossas forças, mas mantendo firme dentro de nós o pensamento de
que agora temos uma nova vida e um novo motivo para existir, que é fazer a obra do Senhor, e a acomodação
jamais pode entrar nesse projeto.
 17º) Não carregou jugo nem fardo, não fez o trabalho de Deus, mas descansou nele (Ne 13: 15-22). Neemias
restabeleceu a observância do Sábado para que o povo aprendesse a descansar no Senhor naquilo que só Ele
pode fazer, e não mais depender das próprias forças para fazer as coisas. Nós, da mesma forma, não servimos
mais o inimigo, portanto, nosso trabalho para o Senhor deve ser sem jugo e sem fardo, com alegria e por
disposição própria, descansando na direção do Espírito Santo em nós.
 18º) Não fazer acordo com o que é impuro (Ne 13: 23-31). Neemias condenou o casamento misto, como era
da vontade de Deus para o Seu povo, para não acontecer o que tinha acontecido no passado. Deus espera que
fujamos do meio-termo em nossos relacionamentos com pessoas não-crentes (2 Co 6: 14-18), mas deseja que
preservemos a integridade espiritual e a santidade, entrando em contato com os “estrangeiros” com o
propósito de conduzi-los ao Salvador. Neemias também pede a Deus que se lembre dele, o que quer dizer, que
Ele continue lhe dando atenção e ouvindo-o nas suas orações. ‘Lembrar-se’, em hebraico, no Antigo
Testamento, significa: ‘dar atenção’. Neemias também mencionou o fornecimento de lenha em tempos
determinados, ou seja, devemos manter acesa em nós a chama do Espírito.

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