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313 a 538 A.D.

Edmario de Jesus Correia


Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: Sei onde habitas, que é onde está o trono de
Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto e ntre vós,
onde Satanás habita. Entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque
a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem. Assim tens
também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles
batalharei com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e
lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. Apoc. 2.12-17

A igreja de Pérgamo era uma comunidade cristã do 1º século que ficava localizada na Ásia
Menor. Pérgamo era uma CIDADE IMPORTANTE, com grandes edifícios, boa acessibilidade e
com uma ECONOMIA MUITO ATIVA. A cidade ainda contava com uma BIBLIOTECA BEM
EQUIPADA e templos dedicados a VÁRIOS DEUSES do mundo greco-romano. Inclusive, ali
HAVIA UM TEMPLO A CÉSAR. Este era o cenário em que a igreja de Pérgamo estava
inserida. Não há qualquer informação específica sobre COMO FOI FUNDADA. O que de fato
se sabe é que o apóstolo PAULO FOI UM MISSIONÁRIO muito ativo naquela região. A Bíblia
diz que durante a 3ª viagem missionária de Paulo o Evangelho foi PREGADO EM TODA A
ÁSIA. Então existe a possibilidade de o próprio apóstolo ter INICIADO A IGREJA CRISTÃ EM
PÉRGAMO; ou talvez alguém que foi convertido durante sua viagem missionária. o
imperador romano Constantino LEGALIZOU A FÉ CRISTÃ e a adotou como religião oficial.
Naqueles tempos, mais de 19 séculos atrás, esta cidade tinha uma das MAIORES BIBLIOTECAS
do mundo, e foi onde inventaram o PERGAMINHO, que recebeu o seu nome.
Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes...
Como nas outras cartas direcionadas às igrejas do Apocalipse, essa AUTODESIGNAÇÃO DE CRISTO tem a
ver com o CONTEÚDO GERAL DA CARTA que em sua sequência mostra que Cristo fará guerra contra
algumas pessoas que estavam PERVERTENDO O VERDADEIRO EVANGELHO naquela comunidade.
Depois da autodesignação de Cristo, a carta à igreja de Pérgamo TRAZ UM ELOGIO SEGUIDO DE UMA REPREENSÃO E
UMA PROMESSA final aos vencedores. O conteúdo de todas essas seções da carta à igreja de Pérgamo ESTÁ EM
HARMONIA COM O AMBIENTE QUE CERCAVA À IGREJA, e com os seus acontecimentos internos. ESSA ESPADA, É
A ESPADA DO JUÍZO, pois a infidelidade desta igreja requeria punição, SE NÃO HOUVESSE ARREPENDIMENTO.
Espada é o símbolo máximo da FORÇA ARMADA E VITÓRIA DO MUNDO ANTIGO. Existem muitos tipos diferentes de
espadas. A poderosa espada, em consideração aqui, REPRESENTA AS PALAVRAS DE DEUS. A espada representa a autoridade
e o PODER PARA JULGAR E CASTIGAR. É Jesus, e não o governo romano, que segura esta espada

A “espada afiada de dois gumes” era um SÍMBOLO DA JUSTIÇA ROMANA. Como observado em 1.16, foi extraído de Isaías
11.4 e do QUADRO DA JUSTIÇA DIVINA ALI. A expressão de Apocalipse 2.16 se relaciona não apenas com 1.16, mas também
com 19.15,21, com a figura da espada da justiça que “SAÍA DA BOCA” de Cristo em referência à sua PALAVRA DE JUÍZO. A
ῥ ομφαία (rhomphaia, espada) era uma espada da Trácia de folha larga, USADA NOS ATAQUES DA CAVALARIA; no
período romano, tornou-se SÍMBOLO DO PODER DE ROMA. Aqui, o termo é provavelmente usado porque o procônsul
romano responsável PELA PROVÍNCIA DE PÉRGAMO, e o símbolo de sua total SOBERANIA sobre cada área da vida,
especialmente para executar INIMIGOS DO ESTADO. Isso transmite à igreja a ideia de que o VERDADEIRO JUIZ é o Cristo
exaltado, não os oficiais romanos. O poder final PERTENCE A DEUS e nada que os pagãos façam mudará tal realidade.
A igreja de Pérgamo e o trono de Satanás
A igreja de Pérgamo foi elogiada por Cristo por sua fidelidade mesmo diante de GRANDE
OPOSIÇÃO E PERSEGUIÇÃO. A carta diz que a igreja de Pérgamo ficava bem no local onde
estava o “TRONO DE SATANÁS” (Apocalipse 2.13). Pérgamo tinha muitos TEMPLOS PAGÃOS.
O monumento dedicado a ZEUS era referência no mundo antigo. Asclépio, o deus da cura
SIMBOLIZADO PELA FIGURA DA SERPENTE, também era altamente CULTUADO em Pérgamo.
Mas Pérgamo também era um centro DA ADORAÇÃO AO IMPERADOR. Naquela cidade o imperador romano era louvado
e RECEBIA CULTO EM SUA HOMENAGEM. Todos os habitantes da cidade eram convidados a proclamar: “CÉSAR É O
SENHOR”. Tudo isso explica por que ali era o trono de Satanás. Esse ambiente causava sérios problemas aos cristãos. Em
Pérgamo eles eram DURAMENTE PERSEGUIDOS. Ao não aderirem aos festivais religiosos da cidade, os crentes também eram
praticamente EXCLUÍDOS DA VIDA SOCIAL E ECONOMICA DA CIDADE, pois a economia estava muito ligada à religião.

Além disso, ao não reconhecer César como um deus, OS CRISTÃOS SE TORNAVAM ALVOS de uma
perigosa repressão que poderia lhes CUSTAR A LIBERDADE E ATÉ A VIDA. A própria carta à igreja de
Pérgamo cita um cristão CHAMADO ANTIPAS que foi martirizado naquela cidade. Inclusive, há uma
antiga tradição que diz que Antipas FOI QUEIMADO ATÉ A MORTE dentro de um touro de metal.
Foi durante essa época que o bispo de Roma CONQUISTOU A LIDERANÇA RELIGIOSA e, até certo ponto,
política da EUROPA OCIDENTAL. Quando Satanás estabeleceu SEU TRONO dentro da igreja. O papado era uma
mistura habilidosa de PAGANISMO E CRISTIANISMO. Esse período pode ser chamado de era da popularidade.
A repreensão à igreja de Pérgamo
Depois de ter elogiado a igreja de Pérgamo por sua FIDELIDADE NUM CENÁRIO DE PERSEGUIÇÃO,
o Senhor Jesus REPREENDEU a mesma igreja por causa de seus descuidos COM A DOUTRINA E COM
A DISCIPLINA. Ali a “doutrina de Balaão” estava ENCONTRANDO SIMPATIZANTES.
Nos dias do AT, Balaão foi alguém que arquitetou um plano para CONDUZIR A ISRAEL A IMORALIDADE E A DESOBEDIENCIA CONTRA
DEUS (Números 22-25). Então parece que de forma semelhante, na igreja de Pérgamo havia algumas pessoas que ESTAVAM
PARTICIPANDO DAS FESTAS IMORAIS DA CIDADE como se isso não fosse um problema para a vida prática cristã daquela comunidade.

Nessa igreja A VIDA CIVIL E RELIGIOSA eram bastante interligadas e muitos crentes estavam se deixando
comprometer com ele. A doutrina de Balaão foi tornada obrigatória: Sacerdotes pagãos foram “CONVERTIDOS"
e se tornaram "cristãos“. O imperador doou um bom número de EDIFÍCIOS CHAMADOS DE BASÍLICAS, para
serem convertidos em templos "cristãos"; ele deu ao "clero" ROUPAGENS ESPECIAIS, semelhantes àquelas
usadas pelos sacerdotes dos TEMPLOS PAGÃOS; os bispos logo foram vestidos com paramentos magníficos e
jóias, tendo diante deles altares caríssimos de mármore DECORADOS COM OURO. Uma liturgia padronizada de
grande pompa foi introduzida, e a livre pregação e ensino da Bíblia FORAM RESTRINGIDOS, dando maior ênfase
à filosofia pagã grega; ídolos e festas pagãs foram “CRISTIANIZADAS" com os nomes de "santos", etc.
A doutrina dos nicolaítas fez um PROGRESSO ENORME, tanto que no 1º Concílio das igrejas "universais" (grande
parte das quais eventualmente convergiram para SE SUBMETER AO BISPO DE ROMA, voluntária ou
obrigatoriamente), realizado em Nicéia em 325 A.D., dos 1500 delegados 20% já se consideravam "clero", uma classe à
parte. FOI UM CONCÍLIO TEMPESTUOSO, CHEIO DE INTRIGAS E POLITICAGEM, e pela supremacia do "clero" em
suas decisões torna-se evidente que esta doutrina HAVIA SE TORNADO FIRME E PERMANENTE.
A promessa à igreja de Pérgamo
Por fim, a carta à igreja de Pérgamo termina com uma MARAVILHOSA PROMESSA. Cristo promete dar ao
vencedor “MANÁ ESCONDIDO”, bem como uma “PEDRINHA BRANCA” com um novo nome escrito
sobre ela, “o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Apocalipse 2.17).
A Bíblia explica que o próprio Cristo é o MANÁ QUE DESCEU DO CÉU (João 6.31-35). Parece haver um
CONTRASTE aqui. Aqueles crentes que rejeitassem os BANQUETE DOS ÍDOLOS, poderiam se alimentar do próprio
Senhor Jesus Cristo e viver para sempre (João 6.48-50). Sim, Cristo é o maná que ALIMENTA SUA IGREJA.
A respeito da pedrinha branca que traz sobre ela um novo nome, HÁ DIFERENTES INTERPRETAÇÕES. Alguns pensam que
se trata de uma simbologia que REPRESENTA UM BILHETE DE ENTRADA para a celebração na bem-aventurança eterna; e
que o novo nome é uma MENSAGEM PESSOAL DE CRISTO AO VENCEDOR. Nos jogos antigos, muitas vezes um atleta
vencedor RECEBIA UMA PEDRA BRANCA que garantia sua entrada na cerimônia de entrega dos prêmios.
Outros acreditam que a pedra branca REPRESENTA O PRÓPRIO CRENTE QUE A RECEBE, assim como as doze
tribos de Israel eram representadas por 12 PEDRAS que ficavam nas vestes do sumo sacerdote (Êxodo 28.15-21).
Nesse caso a pedra é branca como símbolo de PURIFICAÇÃO, JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO.
Com relação ao NOVO NOME ESCRITO sobre a pedrinha branca, os estudiosos divergem de opinião. Alguns pensam
que o novo nome indica a pessoa que o recebe e TEM A VER COM O SEU NOVO CARÁTER TRASNFORMADO e
com sua nova relação com Cristo. provavelmente um símbolo de sua APROVAÇÃO E DE SUA ACEITAÇÃO POR
DEUS, e do seu relacionamento íntimo com Cristo, que pessoalmente LHE DÁ UM NOVO NOME que é só seu (Isaías
62.2, 65.15). Seja como for, a carta mostra a IMPORTANCIA DA FIDELIDADE AO SENHOR, e também AS
MARAVILHOSAS BENÇÃOS DA SALVAÇÃO que os crentes desfrutarão de forma ainda mais plena na eternidade.
IGREJA CONSTANTINIANA
No ano de 313, depois de derrotar QUASE TODOS OS OPONENTES AO TRONO, assumindo o poder no ocidente, o
imperador Constantino ascendeu ao poder, tomando medidas para RESTRINGIR as perseguições e FAVORECER a
liberdade da Igreja. Uma das medidas de maior impacto foi a elaboração de uma LEI ESPECIAL CHAMADA ÉDITO DE
MILÃO. Por ela estabeleceu a LIBERDADE RELIGIOSA NO IMPÉRIO. Com o edito de Milão, terminaram as perseguições.
A IGREJA E O ESTADO PASSARAM A CAMINHAR JUNTAS e a Igreja teve oportunidade de expandir-se rapidamente.
Ainda hoje se discute qual teria sido o motivo da conversão de Constantino e OS BENEFÍCIOS OU MALEFÍCIOS que isso
trouxe para a Igreja. Foi uma conversão VERDADEIRA ou foi uma AÇÃO POLÍTICA? Constantino agiu corretamente ou
como um OPORTUNISTA POLÍTICO? Com Constantino, houve a VITÓRIA OU DERROTA da Igreja? A razão maior
dessa discussão está no fato de Constantino ter se BATIZADO SOMENTE ÀS VESPERAS DE SUA MORTE. Constantino
favoreceu a liberdade religiosa no Império. Todos adquiriram LIBERDADE de seguir a religião que quisessem. OS BENS
CONFISCADOS dos cristãos com as perseguições foram devolvidos. Os bispos da Igreja passaram a GOZAR DOS MESMOS
PRIVILÉGIOS dos magistrados e demais autoridades civis do Império. As leis do império FORAM CRISTIANIZADAS e as
leis da Igreja tornaram-se leis do Império e vice-versa. Os cristãos puderam CARGOS E POSIÇÕES de confiança no Estado,
o que antes era proibido. O culto pagão, sobretudo, aquele que se fazia acompanhar por bebedeiras e orgias, FOI
RESTRITO. Os Sacerdotes passam a ser DISPENSADOS DE PAGAR IMPOSTOS E TAXAS. Foram dispensados de encargos
onerosos ou difíceis. AOS POUCOS, OS BISPOS TORNARAM-SE CONSELHEIROS DO ESTADO. Os templos pagãos
começam a ser confiscados e DOADOS AOS CRISTÃOS. As moedas deixam de ser cunhadas com SÍMBOLOS PAGÃOS,
como a efígie do Imperador, outros símbolos pagãos são retirados dos LUGARES PÚBLICOS e, aos poucos, os pagãos vão
perdendo a plena cidadania. No ano de 390, o IMPERADOR TEODÓSIO tornou o cristianismo a ÚNICA religião do
Império e, com isto, de agora em diante, TODOS SERIAM OBRIGADOS A PROFESSAR A FÉ CRISTÃ. O império passaria
a se intrometer na vida da Igreja e a organização do estado aos poucos vai sendo ASSUMIDA PELA IGREJA.
Constantino, quando ainda pagão, promulgou um decreto fazendo
do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano.
Depois de sua conversão, ele continuou a ser um firme advogado do
domingo, e seu édito pagão foi então posto em vigor no interesse de
sua nova fé. Contudo, a honra demonstrada a este dia não foi o
suficiente para impedir que os cristãos considerassem o verdadeiro
sábado como santo do Senhor. Outro passo devia ser dado; o falso
sábado devia ser exaltado em igualdade com o verdadeiro. Poucos
anos depois da promulgação do decreto de Constantino, o bispo de
Roma conferiu ao domingo o título de dia do Senhor. Assim, o povo
foi gradualmente levado a considerar o domingo como possuindo
certo grau de santidade. Todavia, ainda o sábado original era
observado. O arque enganador não havia terminado a sua obra. Estava
decidido a congregar o mundo cristão sob sua bandeira, e exercer o
poder por intermédio de seu vigário, o orgulhoso pontífice que
pretendia ser o representante de Cristo. Por meio de pagãos não
totalmente convertidos, ambiciosos prelados e eclesiásticos amantes
do mundo, realizou ele seu propósito. Celebravam-se de tempos em
tempos vastos concílios aos quais concorriam, do mundo todo, os
dignitários da igreja. Em quase todos os concílios o sábado que Deus
havia instituído era rebaixado um pouco mais, enquanto o domingo
era em idêntica proporção exaltado. Assim a festividade pagã veio
finalmente a ser honrada como instituição divina, ao mesmo tempo
em que se declarava ser o sábado bíblico relíquia do judaísmo,
amaldiçoando-se seus observadores. Hist. da Redenção Pág. 329-330
Pouco a pouco, a princípio furtiva e silenciosamente, e depois
mais às claras, à medida em que crescia em força e conquistava o
domínio da mente das pessoas, o mistério da iniquidade levou
avante sua obra de engano e blasfêmia. Quase imperceptivelmente
os costumes do paganismo tiveram ingresso na igreja cristã. O
espírito de transigência e conformidade fora restringido durante
algum tempo pelas terríveis perseguições que a igreja suportou
sob o paganismo. Mas, em cessando a perseguição e entrando o
cristianismo nas cortes e palácios dos reis, pôs ela de lado a
humilde simplicidade de Cristo e Seus apóstolos, em troca da
pompa e orgulho dos sacerdotes e governadores pagãos; e em
lugar das ordenanças de Deus colocou teorias e tradições
humanas. A conversão nominal de Constantino, na primeira parte
do século IV, causou grande regozijo; e o mundo, sob o manto
de justiça aparente, introduziu-se na igreja. Progredia
rapidamente a obra de corrupção. O paganismo, conquanto
parecesse suplantado, tornou-se o vencedor. Seu espírito
dominava a igreja. Suas doutrinas, cerimônias e superstições
incorporaram-se à fé e culto dos professos seguidores de Cristo.
Esta mútua transigência entre o paganismo e o cristianismo
resultou no desenvolvimento do "homem do pecado", predito na
profecia como se opondo a Deus e exaltando-se sobre Ele. Aquele
gigantesco sistema de religião falsa é a obra-prima do poder de
Satanás - monumento de seus esforços para sentar-se sobre o
trono e governar a Terra segundo a sua vontade. GC, 49-50.

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