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DIVISÃO DE ENGENHARIA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA DE MINAS

3° ANO/PÓS-LABORAL

TURMA: ÚNICA

PLANIFICAÇÃO MINEIRA I

TEMA:

SUPORTE EM MINAS SUBTERRÂNEAS

TETE, MARÇO DE 2023


Discentes:
Isidro Fernando Nhangala

Planificação Mineira I
Suporte em Minas Subterrâneass

Trabalho de caracter avaliativo da


disciplina de Planificação Mineira I, a ser
apresentado à divisão de Engenharia, do
curso de Licenciatura em Engenharia de
Minas, 3º. Ano/Pós-Laboral, fornecido este
como recomendado pelo professor da
disciplina:

Bruno Miguel Lea Bene, Engº de Minas e


Civil
Tete, Março de 2023

ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4

II. OBJECTIVOS........................................................................................................5

2.1. Geral....................................................................................................................5

2.2. Específicos..........................................................................................................5

III. METODOLOGIA...................................................................................................6

IV. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................7

4.1. Suporte em minas subterrâneas...........................................................................7

4.1.1. História dos métodos de suporte..................................................................7

4.2. Características dos suportes em escavações subterrâneas..................................8

4.3. Métodos de dimensionamento de suportes.........................................................8

4.4. Classificação dos suportes..................................................................................9

4.4.1. Suportes descontínuos...............................................................................11

4.4.2. Suportes contínuos (revestimento)............................................................11

4.4.3. Reforço ou tratamento do maciço..............................................................13

4.5. Controle de riscos.............................................................................................14

V. CONCLUSÃO.........................................................................................................17

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................................18


I. INTRODUÇÃO

Produção mineral em que todas as operações de extracção são conduzidas no subsolo é


denominada mineração subterrânea. Métodos de mineração subterrânea são geralmente
empregada quando a profundidade do deposito e / ou a razão de estéril para minério
(razão de descobertura) são grandes para iniciar uma operação de superfície. Uma vez
que a viabilidade económica foi verificada, os métodos de mineração mais adequados
devem ser seleccionados de acordo com as condições naturais / geológicas e
características espaciais / geométricas dos depósitos minerais.

Toda abertura de mina subterrânea está susceptível à instabilidade da rocha que a


compõe, sendo uma constante ameaça à segurança tanto dos trabalhadores quanto dos
equipamentos. De forma a evitar acidentes, é necessário entender as causas das
instabilidades e traçar medidas que possam minimizar ou até mesmo eliminar tais
transtornos. Para o efeito foram adoptados sistemas de suporte de minas subterrâneas.

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II. OBJECTIVOS
II.1. Geral
 Abordar em torno dos sistemas de suporte em minas subterrâneas.
II.2. Específicos
 Abordar sobre a classificação doa suportes;
 Abordar sobre as características dos suportes de minas subterrâneas;
 Abordar sobre os métodos de dimensionamento de suportes;
 Abordar sobre o controle dos riscos na implementação de suportes em minas
subterrâneas.

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III. METODOLOGIA

A concepção da pesquisa sobre os sistemas de suporte em minas subterrâneas foi


baseada em revisão bibliográfica

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IV. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
IV.1. Suporte em minas subterrâneas
IV.1.1. História dos métodos de suporte

Segundo Lane (2018) apud Gomes (2019), as primeiras escavações foram iniciadas na
pré-história, na busca pela ampliação das cavernas. Com o tempo, as civilizações
antigas foram desenvolvendo métodos de abertura de tunais para irrigação ou passagem
de pedestres, como foi feito na Babilônia.

De acordo com Martins (2017), a necessidade de extrair minerais surgiu com o caráter
sedentário e agrícola assumidos pelas civilizações. Muitos tuneis e galerias escavadas
foram suportados com vigas e esteios de madeira, surgindo assim, a necessidade de
desenvolver métodos de sustentação nas cavernas subterrâneas. Na época de colônias na
América do Sul, muitas minas metálicas foram suportadas com arcos de pedra e esteios
de madeira.

Figura 1 – Esteiros de madeira.


Fonte: Underground miners, SD (John Horgran) apud Gomes (2019).

A figura 1 ilustra mina da América do Sul suportada com arcos de pedra e esteiros de
madeira.

Segundo SILVA et al., (1998) nos últimos anos as técnicas de suporte em escavações
subterrâneas apresentam uma grande evolução, tendo-se em visa a demanda por
estruturas cada vez mais baratas, resistentes, fácil instalação e que apresentam uma
redução da área escavada.

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Por conta dessa necessidade de grande porte e maior velocidade, Martins (2017), cita
que as pesadas estruturas de aço e espessas de concreto armado não apresentam
vantagens. Segundo o mesmo, surgiram sistemas baseados na ancoragem, que são
constituídos por uma combinação de tirantes, chumbadores, concreto projectado, tela
metálica e algumas vezes cambotas.

Suporte

Segundo Brady & Brown (2006), o termo suporte é amplamente usado para descrever
os procedimentos e materiais usados para melhorar a estabilidade e manter a capacidade
de transporte de carga das rochas perto dos limites das escavações subterrâneas. O
objetivo primário da pratica se sustentação é mobilizar e conservar a forca inerente da
massa rochosa para que ela se torne autossustentável.

De acordo com os mesmos autores, o suporte é a aplicação de uma forca reativa para a
superfície de uma escavação e inclui técnicas e dispositivos como madeira, aterro,
concreto projectado, tela e conjuntos de aço ou concreto ou revestimento.

IV.2. Características dos suportes em escavações subterrâneas

Segundo Costa & Henrique (2020), para o dimensionamento da estrutura e definição da


dimensão dos elementos que compõem os suportes para que possa resistir a tensões e
esforços conhecer-se o fator de segurança considerando, o tempo previsto de sua
utilização, os valores dos esforços e seus limites aceitáveis de deformações.

De acordo com os mesmos autores, em escavações subterrâneas, para garantir a


estabilidade das rochas, é necessário garantir e fazer uma investigação detalhada sobre o
maciço rochoso, desde a qualidade da rocha, tensões e suas direções, resistências, tipo
de desmonte e suportes e um monitoramento da abertura.

IV.3. Métodos de dimensionamento de suportes

Para a escolha do melhor suporte a ser utilizado é preciso conhecer as características da


mina de estudo. Silva (2011) apud Costa & Henrique (2020), menciona que há um bom
número e métodos para o controle do maciço rochoso podem ser usados. Cada método
tem suas limitações e serve para ada caso especifico.

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A classificação dos métodos de dimensionamento de suportes pode ser classificada por
fatores de segurança e probabilísticos como proposto por Cambulat (2008) apud Costa
& Henrique (2020) ou métodos empíricos ou desenvolvidos com base na experiência da
informação local (RMR, Q, MRMR, gráfico de estabilidade) de acordo com Safe Work
Australia (2011). BARTON & GRIMSTAD (1993) apud Costa & Henrique (2020)
definem relação de suporte de escavação (ESR) em função do uso da escavação e do
fator de segurança.

IV.4. Classificação dos suportes

De acordo com Brady & Brown (2006), foi costume descrever formas de sustentação
como temporárias ou permanentes. Sustentação temporária era suporte instalado a fim
de garantir condições seguras de trabalho durante a mineração. O suporte permanente
era posteriormente instalado, sendo necessário ou não a remoção parcial ou total do
suporte temporário, caso fosse exigido a permanência da abertura por um longo período
de tempo. Atualmente os suportes permanentes são classificados como primário ou
secundário. O suporte primário ou reforço é aplicado durante ou imediatamente após a
escavação, para garantir condições seguras de trabalho durante a escavação subsequente
e para iniciar o processo de mobilização e conservação da resistência da massa rochosa.
Qualquer suporte adicional ou reforço aplicado em um estágio posterior é considerado
secundário ou mesmo terciário.

Os mesmos autores citam outra classificação dos suportes como activos ou passivos. O
suporte activo, descrito como tirante, no caso das ancoragens, impõe uma carga pré-
determinada à superfície da rocha no momento da instalação, sendo geralmente
indispensável quando é necessário sustentar as cargas de gravidade impostas por blocos
de rochas individuais ou por rocha solta. O suporte passivo, não é instalado com um
carregamento aplicado, mas desenvolve as suas cargas à medida que a massa rochosa se
deforma. Tais parafusos, no caso das ancoragens, são denominados cavilhas.

Por outro lado, Silveira (1987) apud Gomes (2019), classifica os suportes quanto a
deformabilidade, sendo eles rígidos e compressíveis. Os denominados rígidos são
susceptíveis de sofrer apenas deformações muito limitadas, de natureza elástica e
plástica dos materiais, constituindo, portanto, estruturas praticamente indeformáveis. Os
suportes compressíveis são caracterizados por deformar intensamente quando as cargas

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a que são submetidas atingirem determinados valores intensamente quando as cargas a
que são submetidos atingirem determinados valores.

Figura 2 – Exemplo de suporte compressível, o arco.


Fonte: Encyclopedia Britannica, S.D.

A figura 2 ilustra um exemplo de suporte compressível segundo a classificação da


deformabilidade segundo Silveira (1987) apud Gomes (2019).

Figura 3 – Exemplo de suporte rígido, o parafuso.


Fonte: Bulletin (2017) apud Gomes (2019).

A figura 3 ilustra um exemplo de suporte rígido segundo a classificação da


deformabilidade segundo Silveira (1987) apud Gomes (2019).

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Segundo Silva (2018), é comum que se classifique as estruturas de sustentação
(conforme Silveira, 2005, adaptado por Silva, 2016 apud Boas, 2020) em:

 Suportes descontínuos – esteios, arcos (ou cambotas), quadros, pilares naturais


ou artificiais, fogueiras e suportes hidráulicos auto-marchantes;
 Suportes contínuos (ou revestimentos) – telas, concreto projectado (shotcrete),
straps e selantes (TSLs);
 Reforço ou tratamento do maciço – ancoragens, injecções, congelamento de
terreno e enfilagens.
IV.4.1. Suportes descontínuos

Arcos (Cambotas)

Conforme a definição de Silva (2018), arcos (ou cambotas) são elementos metálicos
curvilíneos instalados, geralmente, com plano normal ao eixo da escavação e utilizados
como contenção passiva, sendo capazes de suportar o peso da rocha fracturada em volta
da cavidade do maciço rochoso.

Podem ser utilizadas com outros elementos de suporte como concreto projectado e telas,
permitindo uma maior segurança à área de trabalho. A sua finalidade é suportar as
cargas do terreno nas primeiras horas após a escavação. São considerados suportes de
alta deformabilidade, mas geralmente são considerados caros.

IV.4.2. Suportes contínuos (revestimento)

Segundo Silva (2018), revestimento tratam das obras de recobrimento de zonas da


periferia das escavações, com finalidade de impedir o desprendimento de pequenos
blocos de rocha e de regularizar e mesmo impermeavilizar os seus contornos.

Telas

Des acordo com Boas (2020), elemento de revestimento composto por uma tela
metálica ou de poliéster que é posicionada e fixada na parede da escavação com o
intuito de garantir sustentação ao maciço rochoso em caso de deformação e impedir o
desprendimento de pequenos fragmentos de rocha.

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Existem diferentes composições e desenhos e são dimensionados de acordo com a
necessidade de cada escavação.

São utilizados em associação à projeção de concreto e ancoragens podendo ser


colocados de maneira manual ou mecanizada com auxílio de equipamentos de
perfuração.

Figura 4 – aplicação mecanizada de tela em conjunto com ancoragens e camadas de


concreto projectado.
Fonte: Silva (2018) apud Gomes (2020).

A figura 4 ilustra um caso de aplicação de malha quadrada ou trançada na mina


Papomono.

Concreto projetado – Shotcrete

O concreto projetado possui composição similar à do concreto comum (à base de água,


cimento, areia e brita), se diferenciando pelo método de aplicação que consiste da
projeção da mistura no sector desejado com alta pressão e velocidade de lançamento.

A projeção que geralmente é realizada via equipamento especial (Roboshot) produz um


concreto com boa adesão e compactação e confere uma aplicação mais rápida com o
intuito de reduzir ou mitigar a possibilidade de queda de blocos soltos em escavações
subterrâneas.

Pode ser aplicado via seca e via úmida se diferenciando pela origem do processo de
preparação da mistura. A via úmida é o processo mais moderno em que a quantidade de
água é dosada e adicionada antes da projeção. Na via seca, a mistura é preparada sem a
presença de água, acrescentando-se este elemento apenas na etapa de lançamento. Deste
modo, a quantidade de água utilizada é definida pelo aplicador.

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Figura 5 – Roboshot Semmco Alpha 2.0.
Fonte: Boas (2020).

A figura 5 ilustra um Shotcrete usado para o revestimento do teto em minas


subterrâneas.

IV.4.3. Reforço ou tratamento do maciço

Segundo Silva (2018), ancoragem trata-se da introdução rígida (fixação) de barra de aço
(tirante ou parafuso) ou flexível (cabo), em furos previamente executados através das
camadas adjacentes à escavação, com o preenchimento ou não do espação entre a barra
e a parede do furo com argamassa de cimento não retrátil ou com resina.

Haste (Parafuso)

De acordo com Boas (2020) é um conjunto composto por um parafuso metálico que é
utilizado para apoiar a periferia da rocha, firmando-se dentro do terreno, geralmente
com uma porca e uma arruela para sua fixação de maneira isolada ou associada com a
colocação de tela metálica ou outro elemento de suporte.

Eles são relativamente baratos e resistentes de instalação simples. Conforme


apresentado por Silva (2018), os parafusos promovem ancoragem mecânica e podem ser
parafusos de atrito friction bolts, modelo splint-set ou swellex, por exemplo, ou com
argamassa (resina, cimento ou solução expansível).

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Figura 6 – Exemplo de parafuso Splint-Set e seus elementos.
Fonte: Adaptado de Hoek & Wood (1987) apud Gomes (2019).

A figura 6 ilustra um exemplo de parafuso splint-set aplicado para o reforço ou


tratamento do maciço rochoso.

Cabos (Cable Bolt)

Segundo Pena (2016) apud Boas (2020), cable bolt ou cordoalha é um cabo metálico
flexível, composto normalmente por fios de aço, sendo um central e contornado por
outros em volta. Esse cabo é instalado no furo das laterais ou teto com cimento, de
acordo com uma malha regular para promover a sustentação dos tetos e laterais de uma
escavação.

Por serem equipamentos flexíveis se apresentam como boas opções de suporte, devido a
versatilidade ao se adequarem a instalações de variados tamanhos independentemente
do espaço disponível.

IV.5. Controle de riscos

De acordo com Iannacchione et al., (2007) apud Gomes (2019), uma das questões de
segurança mais importantes em uma escavação subterrânea é a identificação dos riscos
de queda do teto. A fim de reduzir a incidência de acidentes causados por tais quedas.

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Figura 7 – Estrutura geral para avaliação de riscos de queda do teto e gerenciamento de
risco.
Fonte: Adaptado de Iannacchione et al., (2007) apud Gomes (2019).

A figura 7 ilustra um fluxograma com procedimentos para avaliação de risco de queda


do teto e gerenciamento de riscos.

De acordo com MOSHAB (1999) apud Gomes (2019), onde houver necessidade de
aplicação de sustentação, a avaliação de risco geotécnico deve apresentar as seguintes
informações:

 Até que ponto é necessário a sustentação?


 Quais escavações precisam ser tratadas?
 Qual método de sustentação deve ser usado para cada aplicação?
 Como a sustentação será integrada aos sistemas de controle de solo actual?
 Como a sustentação será integrada aos actuais ciclos de mineração e será
necessária alguma alteração nos procedimentos?

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Há uma variedade de métodos de sustentação disponíveis que podem ser usados
individualmente ou combinação. Os principais métodos para limitar ou controlar
possíveis quedas de rochas são:

 Suporte – arcos, cintas, concreto projetado, telas, entre outros;


 Reforços – parafusos, cabos, enfilagens injeções e congelamento de terreno
(Silva, 2018b).

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V. CONCLUSÃO

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BOAS, F. A; Avaliação da Aplicação de suportes na Estabilização e Sustentação de


Escavações Subterrâneas. DEMIN/EM/UFOP. 2020;

BRADY, B. H. G.; BROWN, E. T; Rock mechanics for underground mining. 3. ed.


Dordrecht: Springer, 2006. 626 p;

COSTA, L. DE VILHENA; HENRIQUE, L; Dimensionamento dos Suportes em


Escavações Subterrâneas em uma Mina de Zinco. Revista Multidisciplinar.
Faculdade do Noroeste de Minas. 2020;

GOMES, B. O; Análise Comparativa dos Resultados de Monitoramento em


Ancoragens de Escavações Subterrâneas em Mineração. DEMIN/EM/UFOP. 2019;

MARTINS, C. F. V; Avaliação das normas reguladoras de mineração para minas


subterrâneas no Brasil e da legislação mineral brasileira para segurança em
subsolo. Tese de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto, p. 182.
2017;

SILVA, J. M. (2018); Sustentação de Escavações Subterrâneas Civis e de


Mineração. In The Mine, n.73, p. 31-33
<https://www.inthemine.com.br/site/sustentacao-de-escavacoessubterraneas-civis-e-de-
mineracao/>

SILVA, J. M.; LIMAS, C. A.; TERRA, K. L. M; Tendências na sustentação de minas


subterrâneas. Brasil Mineral, São Paulo, n. 168, p. 50 - 56, 1998.

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