Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
De acordo com Albuquerque (2007), desde seu surgimento na Terra, o homem tenta
compreender e transformar o mundo à sua volta. Silva (2011) descreve que o homem desde a
pré-história interfere consciente ou inconscientemente no meio ambiente, mais especificamente
na distribuição da vegetação, seja pela dispersão de sementes durante processos migratórios,
pela proteção de espécies consideradas úteis ou sagradas, pela seleção de espécies para
domesticação, pela caça ou domesticação de animais necessários à polinização de espécies da
floresta ou através de outros processos que envolvem fatores bióticos e abióticos. Albuquerque
(2007) afirma que os problemas ambientais já ocorrem há milênios: os romanos já reclamavam da
poluição do ar antes de Cristo, mas o autor elucida que, mesmo que o homem tenha sempre
interferido na natureza, agora ele está causando um aumento dos problemas socioambientais.
Entre os séculos 11 e 14, a sociedade rapanui viveu seus dias de glória. O solo
vulcânico favorecia o cultivo de diversos alimentos, especialmente a batata-doce.
A agricultura eficiente resultou em um baita crescimento populacional – estima-
se que a ilha chegou a ter 15 mil pessoas. Aí começaram os problemas. Um
número maior de habitantes exigia que mais áreas fossem devastadas. “O
plantio em grande escala necessita de um campo aberto”, afirma o arqueólogo
Christopher Stevenson, autor de Easter Island Archaeology(“Arqueologia da Ilha
de Páscoa”, inédito em português). “Outras demandas pela madeira foram para
usá-la como combustível e nas estruturas de casas e barcos.”
Mas o que fazer moais tem a ver com derrubar árvores? Segundo os
pesquisadores, levar um moai do vulcão até um vilarejo e deixá-lo em pé era um
trabalho que exigia muita madeira. Além disso, de acordo com a arqueóloga
americana Jo Anne van Tilburg, da Universidade da Califórnia, um quarto dos
alimentos de Rapa Nui era consumido no processo de produção e transporte dos
moais – atividades que envolviam entre 50 e 500 pessoas de cada vez.
As 887 estátuas de pedra vulcânica, esculpidas durante séculos pelo povo rapa nui,
espalham-se pela ilha e transformam-na em um museu a céu aberto. Infelizmente, elas
também são o símbolo maior de uma história trágica de desrespeito ao meio ambiente
e exploração desenfreada de recursos naturais. Na verdade, seria mais apropriado
chamar o território de 163 quilômetros quadrados de cemitério a céu aberto.
Até a última árvore As estátuas eram esculpidas aos pés do vulcão Rano Raraku – um
dos três da ilha – e depois transportadas a altares cerimoniais localizados à beira-mar,
a dezenas de quilômetros de distância. Para tanto, uma técnica especial foi
desenvolvida. Deitados, com as costas para baixo, os moais eram rolados sobre
troncos de uma palmeira endêmica da ilha em um processo que poderia levar vários
dias e consumir centenas de árvores. Graças ao furor religioso e à competição entre
clãs, mais de mil estátuas foram esculpidas, o que levou à extinção da planta. Esse
único fato provocou uma reação em cadeia: sem as árvores, as aves migratórias que
faziam parte da dieta dos ilhéus simplesmente sumiram. Pior: com o fim do suprimento
de matéria-prima para a construção de canoas, a pesca em águas infestadas por
tubarões também foi interrompida.
Não por acaso, o geógrafo americano Jared Diamond dedica boa parte do ótimo livro
“Colapso – Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso” (Editora
Record) ao caso. “O quadro geral da Ilha de Páscoa é um dos exemplos mais
extremos de destruição de florestas do mundo: todas as espécies de árvores foram
extintas”, diz o autor.
No Brasil, assim como em grande parte do planeta, segundo Serato e Rodrigues (2010), o
processo de desenvolvimento é baseado em uma intensa exploração do meio ambiente. Estes
mesmos autores afirmam que a enorme demanda por recursos naturais ocasionou uma
exploração desmedida, uma rápida degradação desse meio e o aumento da degradação
ambiental. Mohr et al. (2012) esclarecem que o Brasil, desde seu descobrimento, sofreu um
processo de desbravamento extrativista e que conceito de progresso e desenvolvimento
significou, durante séculos, explorar ao máximo a flora e a fauna. O autor afirma igualmente que o
desmatamento e a exploração dos recursos florestais, nas áreas de colonização, foi obra das
primeiras gerações de imigrantes, mas que a poluição em maior escala, do solo e dos recursos
hídricos, ocorreu a partir das últimas gerações, com a introdução de herbicidas e agrotóxicos nas
lavouras, o que alterou profundamente as propriedades físico-químicas do solo e de fontes de
água. A ampliação dos problemas ambientais, entre eles o crescimento do número de áreas
degradadas, faz com que necessitemos de uma legislação que nos garanta, de acordo com
Abreu e Gonçalves (2013) um ambiente ecologicamente equilibrado, visto que é um direito
fundamental, uma vez que tem por finalidade a qualidade e a manutenção da vida. Silva (2011)
afirma que a política ambiental brasileira passou a estruturar-se somente a partir da década de 30
do século XX com a elaboração do Código Florestal, do Código de Caça e Pesca e o do Código
das Águas e posteriormente, através do ordenamento jurídico brasileiro, como com a Lei 6938/81.
O conceito tem variado segundo a atividade em que esses efeitos são gerados, bem como em
função do campo do conhecimento humano em que são identificados e avaliados. De acordo com
o uso atribuído ao solo, a definição de degradação pode então variar, como podemos verificar a
seguir: De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da sua
NBR 10703, a degradação do solo é apontada como sendo a “alteração adversa das
características do solo em relação aos seus diversos usos possíveis, tanto os estabelecidos em
planejamento, como os potenciais”. O conceito contempla o entendimento do solo enquanto
espaço geográfico, ou seja, extrapola o sentido de matéria ou componente predominante abiótico
do ambiente. Além disso, ao citar a expressão “alteração adversa”, sugere a aproximação com o
conceito de efeito ou impacto ambiental considerado negativo. Todavia, em outra norma, a NBR
13030 (específica para mineração), define-se áreas degradadas como “áreas com diversos graus
de alterações dos fatores bióticos e abióticos, causados pelas atividades de mineração”,
mantendo a noção de alteração, porém sem vinculação com o uso do solo. Já o Manual de
Recuperação de Áreas Degradadas pela Mineração do IBAMA, define que “a degradação de uma
área ocorre quando a vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas ou expulsas; a
camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e o regime de vazão do
sistema hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação
às características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento sócio-
econômico”.
O caráter multidisciplinar das investigações científicas sobre recuperação tem sido considerado
como o ponto de partida do processo de restauração de áreas degradadas, entendido como um
conjunto de ações idealizadas e executadas por especialistas das diferentes áreas do
conhecimento, visando proporcionar o re-estabelecimento de condições de equilíbrio e
sustentabilidade, existentes nos sistemas naturais (DIAS & GRIFFITH, 1998 e BARBOSA 2003).
Do ponto de vista da Engenharia Civil, certamente o conceito de solo degradado deve estar
relacionado com a alteração da capacidade em se manter coeso e como meio físico de suporte
para edificações, estradas, por exemplo. A densidade do solo é um atributo que ilustra bem
exemplo. Em termos agronômicos, solos adensados ou compactados podem caracterizar um
processo de degradação (redução de sua taxa de infiltração, limitação na circulação de oxigênio,
impedimento físico para o crescimento das raízes, menor disponibilidade de nutrientes, etc.). Por
outro lado, essa característica é desejável como meio de suporte para edificações, ferrovias,
rodovias, etc.
Os exemplos citados anteriormente evidenciam o fato de que o conceito de degradação é
relativo, embora esteja sempre associado à noção de alteração ambiental adversa gerada,
na maioria das vezes, por atividades humanas.
BASE LEGAL
Acima de tudo, a recuperação de áreas degradadas encontra respaldo na Constituição Federal de
1988, em seu art. 225:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da
lei. (grifo nosso)
Ademais, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, menciona:
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
Ainda, a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção de vegetação nativa
e substitui o Código Florestal, alterada pela Medida Provisória nº 571, de 25 de maio de 2012,
trata em diversos artigos (por exemplo, nos artigos 1º-A, 7º, 17, 41, 44, 46, 51, 54, 58, 61-A, 64,
65 e 66) de ações organizadas entre o setor público e a sociedade civil para promover a
recuperação de áreas degradadas.
Segundo o Decreto nº 3.420, de 20 de abril de 2000, que dispõe sobre a criação do Programa
Nacional de Florestas - PNF, e dá outras providências:
Art. 2º O PNF tem os seguintes objetivos:
[...]
II - fomentar as atividades de reflorestamento, notadamente em pequenas propriedades rurais;
III - recuperar florestas de preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas;
Dispõe sobre a regulamentação do artigo 2°, inciso VIII, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de
1981, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 84, inciso IV,
da Constituição,
DECRETA:
Art. 2º. Para efeito deste Decreto são considerados como degradação os processos
resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas
propriedades, tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais.
Art. 3º. A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de
utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando a obtenção de
uma estabilidade do meio ambiente.
As novas tendências nos processos de recuperação de áreas degradadas Dias & Griffith (1998),
a recuperação de áreas degradadas pode ser conceituada como um conjunto de ações que visam
proporcionar o restabelecimento de condições de equilíbrio e sustentabilidade anteriormente
existentes em um ecossistema natural, exigindo uma abordagem sistemática de planejamento e
visão a longo prazo.
A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2º, distingue, para seus fins, um ecossistema
“recuperado” de um “restaurado”, da seguinte forma:
Restauração
O termo restauração refere-se à obrigatoriedade do retorno ao estado original
da área, antes da degradação. Esse termo é o mais impróprio a ser utilizado para os
processos que normalmente são executados. Por retorno ao estado original entende-se
que todos os aspectos relacionados com topografia, vegetação, fauna, solo, hidrologia,
etc., apresentem as mesmas características de antes da degradação. Logo, trata-se de
um objetivo praticamente inatingível, ou seja, fazer a restauração de um ecossistema,
para conseqüentemente recuperar sua função, é técnica e economicamente
questionável, embora alguns profissionais que atuam na área ambiental tenham
equivocadamente essa meta, torna-se necessária uma nova conscientização dos
mesmos sobre a inviabilidade deste processo.
Na recuperação busca-se para o local alterado o retorno das qualidade próximas ao que eram
antes das intervenções e com isso o retorno ao equilíbrio dos processos ambientais. Não é
necessário que as condições sejam exatamente iguais às originais mas sim o retorno ao eeuilíbrio
ecológico. Podemos citar as áreas degradadas com a atividade de agropecuária: nesse caso o
processo de recuperação visa a implementação de sistemas agrossilvipastoris consorciando
diferentes tipos de cultura, respeitando o período de pousio do solo e intercalado com fragmentos
florestais possibilitando o retorno daquele ambiente ás condições de qualidade do solo, da água e
das áreas cobertas por vegetação
Recuperação
A legislação federal brasileira menciona que o objetivo da recuperação é o “retorno do sítio do
sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano pré-estabelecido para o uso
do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meioambiente” (Decreto Federal 97.632/89).
Esse decreto vai de encontro ao estabelecido pelo IBAMA, que indica que a recuperação significa
que o sítio degradado será retornado a uma forma e utilização de acordo com o plano pré-
estabelecido para o uso do solo. Implica que uma condição estável será obtida em conformidade
com os valores ambientais, estáticos e sociais da circunvizinhança. Significa também, que o sítio
degradado terá condições mínimas de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo
um novo solo e uma nova paisagem. Procura sintetizar a definição do processo quando utilizado
em Unidades de Conservação, GRIFFITH (1986), definiu recuperação como a reparação dos
recursos ao ponto que seja suficiente para restabelecer a composição e a freqüência das
espécies encontradas originalmente no local.
Reabilitação
Segundo MAJER (1989) a reabilitação é o retorno da área degradada a um
estado biológico apropriado. Esse retorno pode não significar o uso produtivo da área a
longo prazo, como a implantação de uma atividade que renderá lucro, ou atividades
menos tangíveis em termos monetários, visando, por exemplo, a recreação ou a
valorização estético-ecológica. Exemplos de reabilitação para fins recreativos é a raia
olímpica da Cidade Universitária da USP, instalada em uma antiga área de extração de
areia em planície aluvionar do Rio Pinheiros; construção do parque esportivo Cidade de
Toronto, instalado em área de antiga extração de areia; Centro Educacional e
Recreativo do Butantã, instalado em área de antiga pedreira e o lago do parque
Ibirapuera, instalado em antiga cava de extração de areia, todos esses exemplos foram
realizados na cidade de São Paulo-SP.
Restauração –
Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, os modelos de recuperação gerados ainda estão
limitados ao âmbito da ciência e da situação a ser recuperada, com aplicabilidade restringida,
muitas vezes, pelos altos custos de implantação e manutenção, sendo necessário maior
envolvimento da pesquisa científica no desenvolvimento de tecnologias cada vez mais baratas e
acessíveis (KAGEYAMA & GANDARA., 1994; KAGEYAMA, 2003; BARBOSA et al., 2003).