CONSTRUÇÃO DE

POITAS

Elaborado por
Ricardo Brüzzi Emery
maio de 2018

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 Sumário
1. A poita..................................................................................................... 1
2. Cálculo simplificado................................................................................ 1
3. Cálculo complexo ................................................................................... 3
3.1. Forças que atuam na poita .................................................................. 3
3.2. Cálculo do peso da poita no ar e na água ............................................ 4
3.3. Cálculo do volume e dimensões da poita ............................................ 4
4. Quantidade de material para produzir uma poita ................................ 5
5. Formatos de poita e seu volume .......................................................... 6
6. Cálculo de quantidade material para construir uma poita ................... 6
7. Dimensionamento de cabos para uso em poitas .................................. 7
7.1. Diâmetro .............................................................................................. 7
7.2. Rendimento.......................................................................................... 7
7.3. Carga de ruptura .................................................................................. 7
7.4. Carga trabalho ...................................................................................... 8
7.5. Flutuabilidade ...................................................................................... 8
7.6. Nós ....................................................................................................... 8
7.7. Emendas ............................................................................................... 9
7.8. Abrasão ................................................................................................ 9
7.9. Água salgada ........................................................................................ 9
7.10. Características .................................................................................... 9
7.11. Cabos e outros ................................................................................. 11
8. Dimensionamento de correntes para uso em poitas .......................... 12
9. Ferragens .............................................................................................. 13
10. Referências ......................................................................................... 13

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1. A Poita
O objetivo principal deste roteiro é auxiliar quem precisa realizar cálculos para projetar e construir
uma poita de concreto. Apresento dois métodos para os cálculos, um mais simplificado e
direcionado aos leigos e outro, mais complexo, onde constam dados mais técnicos.

Especificamente, uma poita é um objeto utilizado como peso submerso e com finalidade para
ancorar embarcações, bóias, plataformas, criadouros de peixes, etc.

A escolha da poita para cada tipo de utilização é de critério e responsabilidade do leitor, o qual
deve procurar bibliografia suplementar e adequada caso necessário, não podendo responsabilizar
esta publicação ou o autor desta contribuição.

2. Cálculo Simplificado
É possível estimar cálculos de acordo com as orientações de deslocamentos dos veleiros divulgada
pela empresa West Marine onde consta a seguinte tabela, considerando ventos com mínimos de
64 Knots:

TABELA 1 - MINIMUM DOR-MOR MOORING ANCHOR SIZE REQUIREMENTS

Boat Beam Wind Load Dor-Mor Wind Load Dor-Mor
Length Sail/Power 64 Knots Size 100 Knots Size
20' 8/9' 1,600lb. 200lb. 3,600lb. 400lb.
25' 8/9' 2,200lb. 300lb. 5,000lb. 500lb.
30' 9/11' 3.200lb. 400lb. 7,000lb. 700lb.
40' 11/14' 5,400lb. 700lb. 12,000lb. 2,000lb.
50' 13/16' 7,300lb. 1,000lb. 16,000lb. 2,000lb.
60' 15/18' 9,100lb. 1,000lb. 20,000lb. 2,000lb.
80' 19/22' 13,000lb. 2,000lb. 31,000lb. 4,000lb.
Based on wind loading data at min. 3:1 scope, with suitable bottom conditions for anchor to embed. Wind loads based
on data from ABYC.

Conforme a tabela existente no site da west marine, um barco de 20' faria uma tração em cerca de
1.600 lbs e um barco de 25' faria uma tração de 2.200 lbs.

Fazendo alguns cálculos para os veleiros de 23', pode-se considerar uma tração aproximada de
2.200 lbs.

2.200 lbs x 0,454 = 908 kg ou, aproximadamente, cerca de 1.000 Kg

Convém lembrar que:

1 lbs = 0,454 Kg
Densidade do concreto armado = 2500 Kgf/m³
Densidade do concreto simples = 2400 Kgf/m³

1
Ou seja:

Fazendo uma poita com um bloco único ou alguns menores, deve-se diminuir da conta o empuxo
que o volume de concreto recebe por estar imerso em água salgada.

A densidade do concreto é, aproximadamente, de 2.400 kg/m³. Porém a resistência à tração

efetiva de um bloco de concreto de 1m³ de concreto será de apenas 1.400kg (2.400 kg do peso do
bloco - 1.000 kg do empuxo).

Assim, pode-se estimar que um bloco de concreto com 1m³ de volume seria mais do que
suficiente para segurar um veleiro de 23" uma vez que, de acordo com os valores aproximados dos
constantes na tabela da West Marine, o peso do bloco de concreto imerso em água deveria ser de
300 lbs (136,2 Kg).

Prudente lembrar que o formato do bloco também influi muito pois, quanto mais chato ele for,
maior será a superfície em contato com o leito marinho e, portanto, maior a resistência ao arrasto.

Este artigo não pretende sugerir ou embasar a utilização de poitas para ancoragem, muito menos
sugerir uma relação entre tamanho da poita para um determinado tamanho de embarcação.

Uma poita pode ser construída de qualquer tipo de material que tenha flutuabilidade negativa, ou
seja, que afunde. Neste caso vamos focar em um único material, o concreto, e vamos assumir que
todo o volume da poita é de concreto, desconsiderando armações metálicas e outros materiais
utilizados para sua fabricação.

No meu caso particular, o meu barco tem 27' e um deslocamento de 2050 Kg de acordo com as
especificações do fabricante.

Porém, utilizando a mesma tabela da West Marine e efetuando alguns cálculos para os veleiros de
27', pode-se considerar uma tração aproximada de 2700 lbs.

Ou seja:

2.700 lbs x 0,454 = 1.225,8 kg ou, aproximadamente, cerca de 1.300 Kg

O bloco de concreto da minha poita possui 0,25 m³, logo, tem peso de 2400 lbs x 0,25 = 600 kg

Como o empuxo da água salgada é de 1.026 Kgf/m³, devo multiplicar 1.026 vezes o volume do
bloco de concreto da minha poita para saber quanto o empuxo da água influencia no bloco de
concreto. Ou seja, 1.026 x 0,25 = 256,50 Kgf/m³.

Para saber o peso efetivo do bloco de concreto imerso, tenho que subtrair o peso (no seco) do
bloco do empuxo na água exercido.

E = 256,50 - 600 = - 343,50 Kgf

Ou seja, de acordo com a tabela da West Marine, o bloco de concreto da minha poita teria que ter
o mínimo de 158,9 Kg quando imerso quando, na realidade tem 343,50 Kg. Mais do que suficiente.

2
3. Cálculo complexo

3.1. Forças que atuam na poita

Uma poita está sujeita a várias forças, como peso, empuxo, tensão das amarras, atrito com o
fundo, correntes, ondas etc. Como a intenção é simplificar, vamos desconsiderar qualquer outra
força que não sejam o peso e o empuxo.

Peso e massa são grandezas completamente distintas, apesar de relacionadas. A massa é uma
grandeza escalar e o peso é uma grandeza vetorial.

Partindo-se das definições de massa específica e peso específico no sistema internacional (SI),
temos:

massa específica: = medida em kg/m3

peso específico: = medido em N/m3

Onde representa a massa, o volume e a aceleração da gravidade.

Entretanto, não estamos acostumados a lidar com a unidade de peso em Newtons e sim em
quilograma-força; razão pela qual são feitas as alterações de unidades para melhor compreensão.
Quilograma-força é uma unidade definida como sendo a força exercida por uma massa de um
quilograma sujeita a certa gravidade. É abreviada como kgf, por vezes apenas kg. Logo, assume-se
que a unidade de peso aqui especificada é o kgf/m3, seguindo-se que peso o peso específico é
igual à massa específica:

= =

De acordo com o princípio de Arquimedes, um objeto que está parcialmente, ou completamente,

submerso em um fluido, sofrerá uma força de empuxo igual ao peso do fluido que o objeto
desloca.

Logo, tanto força de empuxo, , quanto a força peso, , podem ser escritas como o peso
específico multiplicado pelo volume:

=
=

Onde e são, respectivamente, o peso específico do líquido e do sólido submerso e o

volume de líquido deslocado, ambos em kgf.

Considera-se que a flutuabilidade, de um corpo seja a força potencial resultante do equilíbrio de

forças em um corpo estático submerso em um líquido. Ou seja, a força resultante das forças peso,
, e empuxo, , em um objeto totalmente submerso, que pode ser descrita como:

= − = − =( − )

3
Caso esse corpo tenha F  0 sua flutuabilidade será negativa, e tendendo para o fundo. Caso esse
corpo tenha F  0 sua flutuabilidade será positiva, tendendo para a superfície.Por exemplo,
quando um objeto tem flutuabilidade igual a -5 kgf na água, usamos falar que o objeto tem “peso
na água” igual a tanto 5 kgf.

3.2. Cálculo do peso da poita no ar e na água (sabe-se o volume)

Supondo um paralelepípedo de concreto de dimensões 1x1x0,3 metros. Para calcular o volume

desta poita, podemos utilizar a equação.

í =
í = 1 × 1 × 0,3 = 0,3

Embasado na teoria anteriormente descrita podemos calcular o peso de uma poita através da
equação (7). O peso específico do concreto varia aproximadamente entre 2400 a 2500 kgf/m3,
dependendo do traço, mas para os cálculos abaixo iremos adotar 2400 kgf/m3. Sendo assim

=
= 2400 × 0,3
= 720

Agora que já temos o peso da poita no ar, vamos calcular o empuxo. O peso específico da água do
mar é igual a 1026 kgf/m3, logo o empuxo é:
=
= 1026 × 0,3
= 307,8

Para saber a flutuabilidade, ou seja, o peso na água, basta fazer a subtração:

= −
= 307,8 − 720
= −412,2

Logo, encontramos uma flutuabilidade negativa, ou seja, o peso na água é de 412,2 kgf.

3.3. Cálculo do volume e dimensões da poita (sabe-se o peso)

A abordagem pode ser diferente. Vamos supor que queremos construir uma poita com 720 kgf.
Como vamos fazer para calcular o volume ( ) e as dimensões? Sabemos que o peso da poita
( ) é dado por:

Onde é o peso específico do concreto. Logo, calcula-se o volume da seguinte maneira:

720 = 2400 ×

4
 720
= = 0,3
2400

O volume foi fácil calcular, mas as dimensões serão mais difíceis, pois este mesmo volume pode
ser distribuído de várias maneiras. Logo, precisaremos do auxílio de uma planilha eletrônica, para
que possamos variar os parâmetros de acordo com as nossas necessidades.

A ideia básica seria escolher o formato da poita e fazer variar as medidas que influenciam no
volume. Vamos supor que o formato escolhido seja o paralelepípedo, poderíamos variar a, b e c,
para escolher o melhor formato da poita, para que atinja o peso desejado. Veja as tabelas 1 e 2,
perceba que a forma variou, mas o volume permaneceu em 0,3 m3 (valores de volume com
arredondamento na segunda casa decimal).

TABELA 2. DIVERSAS MEDIDAS DE POITA EM FORMATO DE PARALELEPÍPEDO, PARA UM MESMO VOLUME

(CONSEQUENTEMENTE O MESMO PESO)
a [m] b [m] c [m] V [m3]
1.00 1.00 0.30 0.30
0.90 0.90 0.37 0.30
0.80 0.80 0.47 0.30
0.70 0.70 0.61 0.30
0.60 0.60 0.83 0.30
0.50 0.50 1.20 0.30

TABELA 3. DIVERSAS MEDIDAS DE POITA EM FORMATO TRAPEZOIDAL, PARA UM MESMO VOLUME

(CONSEQUENTEMENTE O MESMO PESO)
a1 a2 b1 b2 h v
1.00 1.00 1.00 1.00 0.30 0.30
0.80 0.80 1.20 1.20 0.31 0.30
0.70 0.70 1.20 1.20 0.36 0.30
0.60 0.60 1.30 1.30 0.39 0.30
0.60 0.60 1.20 1.20 0.41 0.30
0.50 0.50 1.00 1.00 0.60 0.30

4. Quantidade de material para produzir uma poita

O concreto é uma mistura de vários componentes, basicamente areia, pedra, cimento e água, em
determinadas proporções, chamadas de dosagem ou traço, na linguagem da construção civil. O
traço varia de acordo com a finalidade de uso e com as condições de aplicação (base para piso,
fundações, pisos, pilares, etc.). A tabela 1 apresenta alguns traços normalmente utilizados no meio
rural, mas que servem perfeitamente para o nosso exemplo.

TABELA 4. TRAÇOS MAIS ADEQUADOS PARA OS PRINCIPAIS USOS.

Traço (em latas) Rendimento
Aplicações
Cimento Areia Pedra Água (latas e m3)
Base de fundações para contrapiso 14 latas
2 8,5 11,5 2
(concreto magro) 0,25m3

5
 9 latas
Fundações 2 5 6,5 1,5
0,16 m3
8 latas
Pisos 2 4 6 1,5
0,14m3
Pilares, vigas, vergas, lajes e produção de 8 latas
2 4 5,5 1,25
pré-moldados
moldados 0,14m3
(fonte: http://www.sitengenharia.com.br/tabeladosagem.htm)

Vamos assumir que construiremos uma poita em que o concreto possui as mesmas características
que o concreto utilizado para vigas e pilares 0,1 m3
pilares. Nesta proporção teremos o rendimento de 0,14
de concreto,
ncreto, ou, 9 latas de concreto, para uma lata de 18 litros.

Pode-se
se então generalizar e criar uma pequena ffórmula
rmula para se calcular a quantidade de latas de
cada material ( ), que serão necessários para produzir o volume desejado ( ):

×
= medido em latas
,

Onde é o número de latas de cada material dad dado acima (n( é igual a 2 para cimento, 4 para areia,
5,5
,5 para pedra, 1,
1,25
5 para água). Para transformar o número de latas para volume, basta dividir o
resultado pelo volume da lata, que no caso é de 18 litros.

5. Formatos de poita e o seu volume

Uma poita pode ser construída em vários formatos, mas vamos concentrar em 2 formatos típicos,
o paralelepípedo e o trapezoidal
trapezoidal. Sendo que para o volume trapezoidal, consideraremos sempre
que as arestas da base e do topo são paralelas.

Para o cálculo do volume paralelepípedo temos:

í =

Já para o cálculo do volume trapezoidal:

( )
= + +

Onde as variáveis estão apresentadas na figura abaixo:

6
6. Cálculo da quantidade de material para construir uma poita
Como já sabemos calcular o peso, o volume e as dimensões da poita, nos resta construí-la. Para
isto, vamos utilizar a equação e manter o volume em 0,3 m3.

×
= medido em latas
,

2 × 0,3
= = 4.3
0,14

4 × 0,3
= = 8.6
0,14

6,5 × 0,3
= = 11.8
0,14

1,5 × 0,3
á = = 2.7 á
0,14

Através destes cálculos, é possível evitar desperdício de material, obtendo-se exatamente quanto
que se vai gastar. Vale lembrar que os cálculos consideram a utilização de uma lata de 18 litros e
que 1 saco de cimento de 50 kgf é igual a 2 latas.

Utilizado também um coeficiente de rendimento de 0,14 m3 por saco de cimento, referente ao

concreto usado em vigas e pilares. Caso opte por utilizar outro tipo de concreto, veja a tabela 1.

7. Dimensionamento de cabos para uso em poitas

Os cabos mais utilizados em nossa região são os de Polipropileno devido à dificuldades de
aquisição dos confeccionados em nylon, apesar deste último ser o mais indicado para utilização
em poitas.

Recomenda a AFIPOL – Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Poliolefínicas, através do

seu Manual Prático de Cordas que as seguintes observações ao especificar cabos em poitas:

7.1. Diâmetro
É a espessura da corda traduzida em milímetros ou polegadas. Nas aplicações em que a mão do
homem estará em permanente contato com a corda, é importante que se observe a "pega".
diâmetros inferiores a 12 mm não são recomendados nestes casos.

7.2. Rendimento
É a quantidade de metros encontrada em um quilo de corda (kg/m). Cordas de um mesmo
diâmetro têm rendimentos diferentes em função do peso específico de suas matérias-primas.

7
7.3. Carga de Ruptura
É o ponto de rompimento de uma corda quando submetida a esforço de tração maior que a sua
resistência.

Ao escolher uma corda, nunca o faça pelo seu limite que é a carga de ruptura. Utilize sempre a
CARGA DE TRABALHO como padrão de carga a ser usada. Lembre-se que a carga de ruptura é o
limite máximo de resistência à tração da corda.

Importante: ao dar um nó em uma corda a sua resistência é automaticamente reduzida (tem-se o

efeito de nós e emendas).
Portanto, lembre-se que as tabelas de cargas de rupturas referem-se a cordas sem nó.

7.4. Carga de Trabalho

Carga de Trabalho significa a carga média ideal a que uma corda deve ser submetida quando em
uso. Este é o padrão correto na escolha de uma corda. A carga de trabalho está intimamente
relacionada com a carga de ruptura, isto é, ela é encontrada usando-se um fator redutor na carga
de ruptura. Este redutor pode variar de acordo com o grau de responsabilidade e risco empregado
no uso de uma corda.

Em aplicações de baixo risco é utilizado um fator redutor entre 5 a 7 vezes a carga de ruptura. Já
para aplicações em que existe o risco de vidas humanas, o fator (índice) aumenta para 10 a 12
vezes a carga de ruptura.

Importante: neste caso também deve-se considerar a queda de resistência à tração de uma corda
quando da aplicação de um determinado nó, o qual poderá reduzir a resistência em até 40%.

Exemplo: uma Corda cuja carga de ruptura seja de 1.400 kgf, para aplicação de baixo risco, calcula-
se da seguinte forma: 1.400 : 7 = 200 Kgf.

7.5. Flutuabilidade
É a capacidade que uma corda tem de flutuar quando em contato com a água. Esta flutuabilidade
é decorrente do peso específico da fibra utilizada na produção da corda. Em determinadas
aplicações, a flutuabilidade pe um fator importante e decisivo na escolha de uma corda.

Exemplo: Corda (ou cabo) para âncora (poita) de embarcações deve (por lei) afundar para evitar
que ao flutuar outras embarcações enrosquem seus hélices ao passar perto de um barco
fundeado.

7.6. Nós
São indispensáveis em grande parte das aplicações e uso de cordas. Entretanto, eles são
responsáveis pela redução de cerca de 40% da resistência de uma corda.

8
Dessa forma, ao utilizar uma corda com nó, lembrar que sua resistência à tração está
consideravelmente reduzida. O mesmo efeito deve ser levado em conta com a carga de trabalho.

7.7. Emendas
São utilizadas sempre que é necessário unir uma corda a outra. Quando bem feitas, não causam
redução nas cargas, já que a corda na emenda dobra de diâmetro. São muito utilizadas para
reparar uma corda quando esta sofreu abrasão muito forte em determinada secção do sem
comprimento. É mais indicado eliminar-se um pedaço de corda sensivelmente afetada pela
abrasão e fazer-se uma costura de emenda.

7.8. Abrasão
É talvez uma das principais causas de desgaste e redução da vida útil de uma corda. Por ser
sensível ao atrito em superfícies cortantes, ásperas e pontiagudas, as cordas devem ser
manuseadas evitando-se sempre que possível este atrito. Portanto, evite o contato da corda com
superfícies de grande abrasividade.

7.9. Água Salgada

É agressiva às cordas de fibras naturais, como o sisal e o algodão. Além da umidade, a água
salgada pode conter bactérias específicas que levam a decomposição da fibra num processo
acelerado e contínuo. Já com as fibras sintéticas, a água salgada não tem grande influência. É
observado apenas um "endurecimento" da corda proveniente da absorção do sal pelas fibras, mas
nada além disto.

De qualquer maneira, havendo possibilidades, lave sempre a corda com água doce após seu uso
no mar.

7.10. Características
TABELA 5 - CARACTERÍSTICAS CONFORME O MATERIAL DE FABRICAÇÃO
Características Poliamida Poliéster Polipropileno Polietileno Sisal
(nylon)
Absorção ao Excelente Bom Muito bom Razoável Fraca
choque
Resistência à Muito bom Excelente Muito bom Bom Excelente
abrasão
Resistência à Bom Excelente Excelente Bom Fraca
fadiga
Resistência à Excelente Excelente Muito bom Razoável Fraca
tração
Flutuabilidade Negativa Negativa Positiva Positiva Negativa
Raios UV Muito bom Excelente Bom Razoável Bom
Alongamento Médio Baixo Médio Alto Baixo

9
 TABELA 6 - CARACTERÍSTICAS CONFORME A RESISTÊNCIA QUÍMICA
Características Poliamida Poliéster Polipropileno Polietileno Sisal
(nylon)
Ácidos Razoável Bom Excelente Excelente Fraca
Alcalinos Muito bom Razoável Excelente Excelente Fraca
Solventes Muito bom Bom Muito bom Muito bom Fraca
Orgânicos

Especificações de ruptura dos cabos de polipropileno multifilado e do polyblend conforme o

diâmetro:

TABELA 6 - RUPTURA CONFORME SEÇÃO TABELA 7 - RUPTURA CONFORME SEÇÃO

CABOS MULTIFILADOS CABOS MULTIFILADOS

Diâm Circ Massa Nominal Carga Mínima Diâm Circ Massa Nominal Carga Mínima
(mm) (") (Kg/220m) de ruptura (mm) (") (Kg/220m) de ruptura
(Kgf) (Kgf)
4 1/2 1,6 324 4 1/2 1,6 321
5 5/8 2,5 503 5 5/8 2,5 484
6 3/4 4 689 6 3/4 4 612
8 1 6 1.193 8 1 6 1.020
10 1¼ 10 1.835 10 1¼ 10 1.530
12 1½ 14 2.590 12 1½ 14 2.162
14 1¾ 20 3.467 14 1¾ 20 2.855
16 2 26 4.436 16 2 26 3.824
18 2¼ 32 5.557 18 2¼ 32 4.589
20 2½ 40 6.751 20 2½ 40 5.710
22 2¾ 48 8.066 22 2¾ 48 6.832
24 3 57 9.463 24 3 57 8.158
28 3½ 78 12.543 28 3½ 78 10.809
30 3¾ 90 14.276 30 3¾ 90 12.033
32 4 102 16.010 32 4 102 13.460
36 4½ 129 19.782 36 4½ 129 17.335
40 5 160 23.861 40 5 160 20.394
48 6 229 33.141 48 6 229 28.552

Caso fossem utilizado cabos de polipropileno multifilado no exemplo citado no Item 1 (Veleiro de
23'), conforme a tabela, o tamanho ideal seria de 18 mm.

Caso fosse utilizado cabos de polyblend no exemplo citado no Item 1 (Veleiro de 23'), conforme a
tabela, o tamanho ideal seria de 20 mm.

Para fins comparativos, abaixo, seguem as especificações dos cabos de nylon quanto à ruptura
conforme o diâmetro:

10
 TABELA 8 - RUPTURA CONFORME SEÇÃO DE CABOS DE NYLON
Diâm Circ (") Massa Nominal Massa Nominal Carga Mínima Carga Média de
(mm) (Kg/100m) (Kg/220m) de ruptura (ton) ruptura (ton)
18 2¼ 21 46 6,8 8.3
20 2½ 25 55 8,2 9,9
22 2¾ 31 68 9,8 11,9
24 3 36 79 11,5 13,9
26 3¼ 43 95 13,4 16,3
28 3½ 49 108 15,3 18,7
30 3¾ 56 123 17,4 21
32 4 64 141 21 25
36 4½ 81 178 26 31
40 5 100 220 31 37
44 5½ 121 266 37 44
48 6 144 317 44 53
52 6½ 170 374 51 62
56 7 197 433 57 70
60 7½ 226 497 64 78
64 8 257 565 73 88
72 9 325 715 92 112
80 10 401 882 114 123
88 11 486 1.069 135 164
96 12 578 1.272 163 199
104 13 678 1.492 184 224
112 14 787 1.731 217 264
120 15 903 1.987 241 294
128 16 1.010 2.222 271 330
136 17 1.160 2.552 306 373
144 18 1.300 2.860 342 417

7.11. Cabos e outros

Tanto o cabo torcido quanto o trançado são utilizados como cabo de amarra (sempre em conjunto
com um tramo de corrente), amarra de popa, espias (cabos de atracação) e cabos para sistemas
de fundeio em poitas.

Os cabos torcidos são mais usuais nessas aplicações em embarcações de pequeno e médio porte
(até 36 pés). Já os trançados 8 pernas para lanchas, veleiros e iates de maior porte. Nos navios, o
cabo trançado substituiu totalmente o cabo torcido nas espias e cabos de reboque.

Recomenda-se a linha de nylon de três filamentos de grande diâmetro porque sua elasticidade
inerente (estendendo-se por cerca de 10 por cento sob uma carga equivalente a 20 por cento de
sua resistência à tração) permite que ela atue como um amortecedor. A linha de poliéster, linha
Dyneema ou fio de aço inoxidável é preferida por alguns para melhor resistência à atrito. O
diâmetro deve ser tão grande quanto for prático - mas ele deve ser capaz de se encaixar através
de cunhos de proa.

11
Recomenda-se a proteção eficaz contra atrito para o ponto em que o cabo passa por um calço na
proa do barco. Isso é crítico, já que o fracasso causado por atrito nesse local é uma das principais
razões pelas quais os barcos acabam na praia.

8. Dimensionamento de correntes para uso em poitas

Ante a ausência de especificações brasileiras em construções de poitas, a melhor opção foi a da
adoção das recomendações da ABYC - American Boat and Yacht Council, entidade americana que
estabelece a inspeção preventiva em blocos de concreto e ferragens num prazo máximo de 02
(dois) anos.

Convém lembrar que também deverá haver a inspeção periódica nos demais componentes da
poita uma vez que todos os componentes estão localizados em água e sujeitos as incrustações
além de ferrugem e carbonatação.

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Caso fossem utilizadas correntes no exemplo citado no Item 1 (Veleiro de 23'), conforme a tabela
para áreas protegidas, o tamanho da corrente seria de ½" ou 12 mm.

9. Ferragens
Entre as inúmeras opções de ferragens (sapatilhas, manilhas, clips, distorcedores, u-bolt, etc) a
serem utilizadas em poitas, é indiscutível a eficiência dos metais confeccionados em aço inoxidável
em termos de vida útil quando comparados com os galvanizados.

Visando a longevidade dos acessórios utilizados, sugere-se não utilizar ferragens galvanizadas.

Preferencialmente, caso seja possível, devem ser utilizadas as ferragens fabricadas na de côr preta
pela empresa COFORJA, situada em Campinas - SP (Telefone (19)3037-3037 ou e-mail
coforja@coforja.com.br), as quais são confeccionadas em aço especial e forjados especialmente
para equipamentos destinados ao fundeio marítimo.

À exemplo, correntes em aço inoxidável ou em aço galvanizado com diâmetro de 5/8" tem carga
de ruptura em 2.250 Kgf enquanto as fabricadas na cor preta pela mesma empresa tem carga de
ruptura em 9.100 Kgf.

Ainda cabe ressaltar que as manilhas não tem porcas ou cupilhas para fixação e são instaladas no
local utilizando chaveta.

10. Referências:
AFIPOL – Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Poliolefínicas. Manual Prático de Cordas.
Disponível em: <http://www.afipol.org.br/index.php>. Acesso em: 11 mai.2018.

American Boat & Yacht Council. Media and Expert Resources. Annapolis, Disponível em
<http://www.abycinc.org>. Acesso em: 11 mai.2018.

BRITO, PAULO. Sugestão em poitas. Vitoria: 2018

BURDEN, TOM. Constructing a Permanent Mooring. Abr. 2018. West Marine. Disponível em:
<https://www.westmarine.com/WestAdvisor/Constructing-a-Permanent-Mooring>. Acesso em:
11 mai.2018.

DOCSLIDE. Poitas. jul. 2015 . Disponível em: <https://docslide.com.br/documents/poitas.html>.

Acesso em: 11 mai.2018.

MÜHLE. NORBERTO MARCHER. Projeto de Poita, o que preciso saber? Porto Alegre, mai. 2006.
Disponível em <http://nautica.ind.br/forum//viewtopic.php?f=2&t=12593>. Acesso em: 11
mai.2018.

PRODETEC Projetos de Engenharia Ltda. Peso Específico dos Materiais. São Paulo. Disponível em:
<http://www.prodetec.com.br/downloads/pesos_especificos.pdf>. Acesso em: 11 mai.2018.

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