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Recebido: 04/12/2013
Aceito: 03/03/2014
Nas sessões rosca bíceps sem AE (RBSA) e mesa flexora Como visto nos resultados (Tabela 1), verificou-se
sem AE (MFSA), os indivíduos dirigiram-se diretamente aumento significativo (p = .011) no número repetições
para os respectivos aparelhos sem realizar qualquer após AE nos antagonistas para a RBA (12,45 ± 1,96) em
aquecimento. Em seguida, realizaram os exercícios com comparação a RBSA (11,18 ± 1,40). Quanto ao TE, o
90% da carga obtida no teste de 10RM, registrando-se o tamanho do efeito foi classificado como moderado para a
número máximo de repetições completadas até a exaustão RBA. Em relação à MF, também foi observado aumento
e/ou erro na técnica de execução do movimento.
Figura 3. Delineamento experimental do Estudo. RBSA: Roca bíceps no banco Scott sem alongamento estático nos antagonistas; RBA: Roca bíceps no banco
Scott pós-alongamento estático nos antagonistas; MFSA: Mesa flexora sem alongamento estático nos antagonistas; MFA: Mesa flexora pós-alongamento
estático nos antagonistas.
Na análise estatística descritiva, calculou-se a média e significativo no número de repetições na MFA (14,72 ±
desvio padrão do número de repetições completadas. Na 1,55), em comparação a MFSA (13,18 ± 2,89) (p = .043).
estatística inferencial foi aplicado o teste de Kolmogorov- Quanto ao MF, o TE foi classificado como pequena.
Smirnov para verificar a normalidade dos dados e o Teste
T pareado para comparar as repetições completadas. O
Discussão
coeficiente de correlação intraclasse (CCI = (MSb –
MSw)/[MSb + (k-1)MSw) foi calculado para verificar a O principal achado do presente estudo foi o aumento
reprodutibilidade do teste e reteste de 10RM nos exercícios significativo nas repetições máximas completadas após
RB e MF.Para todas as análises inferenciais considerou- o AE nos antagonistas nos protocolos MFA e RBA.
se o valor de p <.05. O tamanho do efeito foi calculado Como visto, a hipótese inicial do estudo foi confirmada,
e classificado de acordo com o protocolo de Rhea18 para o AE nos antagonistas promoveu melhora significativa
indivíduos treinados recreacionalmente (< .35 = trivial;.35- no desempenho de repetições máximas dos agonistas
.80 = pequeno;.80 – 1.50 = moderado;>1,5 = grande). nos exercícios monoarticulares (MF e RB) envolvendo
músculos do membro superior e inferior. Tais achados
corroboram com estudos prévios que observaram melhora
Resultados significativa no desempenho muscular dos agonistas após a
A média da carga obtida no teste de 10RM no exercício pré-ativação dos músculos antagonistas2, 16, 19.
RB foi 17 ± 3,25kg e na MF obteve-se 32,34 ± 5,63 kg. No protocolo MFA, foi observado aumento significativo
Quanto ao CCI do teste e reteste de 10RM, verificou-se nas repetições executadas comparadas a MFSA. Até o
.91 e .98 para RB e MF, respectivamente. presente momento, apenas o estudo de Sandberg et
Tabela 1. Média e desvio-padrão do número de repetições nos exercícios de rosca bíceps no banco Scott após
alongamento estático (RBA) e sem alongamento estático (RBSA) nos antagonistas.
Sem alongamento Alongamento TE Classificação p-valor
RB 11,18 ± 1,40 12,45 ± 1,96* .90 Moderado p = .011
MF 13,18 ± 2,89 14,72 ± 1,55* .53 Pequeno p = .043
*Diferença estatística significativa para o protocolo sem alongamento (p<0,05). RB: Roca bíceps no banco Scott; MF: Mesa flexora; TE: Tamanho do
efeito.
al. 8 aplicou AE nos antagonistas (flexores do joelho antagonistas. Robbins et al.23, em estudo que investigou
e dorsiflexores) observando melhora significativa no o efeito da pré-ativação dos antagonistas no exercício de
desempenho muscular dos agonistas no salto vertical remada na barra longa sobre a potência muscular dos
e torque isocinético extensor, todavia, os autores não agonistas, através de lançamentos no supino reto com 40%
observaram diferença significativa no sinal eletromiográfico de 1RM comparado ao protocolo sem pré-ativação, não
(EMG) dos agonistas. De acordo com os autores, alguns foi observada diferença significativa na potência muscular,
fatores como acúmulo de energia elástica e alterações bem como, no sinal EMG. Uma das hipóteses consideradas
morfológicas (redução no ponto de disparo do fuso é que possivelmente a pré-ativação através de 4RM não
muscular, e relaxamento na ativação dos orgãos tendinosos promoveu alterações no padrão trifásico de ativação
de Golgi) promovidas pela aplicação do AE nos antagonistas (agonista-antagonista-antagonista). O padrão trifásico é
podem estar associadas aos resultados observados. caracterizado pela ativação inicial dos agonista, seguida por
Quanto aos efeitos agudos do AE, há de se considerar uma fase de controle dos antagonistas, e sucessedida por um
que a coativação é caracterizada pela co-contração dos aumento na ativação dos agonistas6. Destaca-se, que alguns
músculos antagonistas durante um movimento realizado autores descrevem uma possível interrupção ou pausa na
pelos músculos agonistas com a finalidade de coordenar fase de ativação dos antagonistas durante o padrão trifásico15,
e estabilizar o movimento10. Por outro lado, a coativação porém está condição é frequentemente observada quando a
dos antagonistas limita a produção de força e ativação pré-ativação é realizada através de movimentos balísticos6.
muscular dos agonistas9. Neste sentido, a melhora no No protocolo RBA, verificou-se aumento significativo
desempenho dos músculos agonistas após aplicação do AE no desempenho de repetições máximas realizadas
nos antagonistas pode ser mediada por dois mecanismos comparadas a RBSA. Tais achados podem estar associados
descritos previamente na literatura. O primeiro mecanismo à redução na ativação muscular do tríceps braquial durante
é baseado na redução da rigidez muscular e aumento do o exercício de RB após o AE realizado nos extensores do
comprimento entre os sarcômeros em repouso que podem cotovelo, considerando evidências prévias que associam o
alterar a relação de comprimento-tensão do músculo, aumento na ativação dos agonistas para com a redução na
alterando o ponto de máxima tensão que pode ser produzida coativação dos antagonistas11. Adicionalmente, alterações
pelo músculo alongado13, 20. O segundo mecanismo envolve neuromusculares promovidas pelo AE, como, redução no
fatores neurais, e baseia-se na redução do recrutamento de disparo dos fusos musculares do músculo alongado, bem
unidades motoras e/ou redução no disparo do fuso muscular como, reduções na ativação da musculatura antagonista
induzido pela realização do AE além do limiar elástico do podem ser responsáveis pelos resultados observados20. Tais
músculo11. modificações associam-se alterações na ativação EMG dos
Destaca-se que até o momento não foram encontrados músculos tríceps braquial após AE durante a RB. Marek
estudos que apresentaram modelo metodológico semelhante et al.6 verificaram que após quatro exercícios de AE para o
ao aplicado no presente estudo. Alguns autores investigaram quadríceps ocorreu redução significativa no sinal EMG e
o efeito da pré-ativação dos antagonistas sobre a força e torque extensor isocinético do joelho nas velocidades rápida
desempenho muscular dos agonistas indicando alguns (30º/s) e lenta (120º/s).
mecanismos intervenientes nesta condição21-23. Jeon et al.24 Outro fator que podem estar associados aos efeitos
investigaram o efeito de ações recíprocas entre agonistas e potenciais do AE nos antagonista é o volume do
antagonistas através da execução de 1 série com 5 repetições alongamento. Franco et al.4 observaram que diferentes
máximas, enfocando apenas a compreensão dos efeitos de volumes (1 x 20 seg, 2 x 20 seg, 1 x 40 seg e 2 x 40 seg)
diferentes velocidades (100°/s, 200°/s e 300°/s). Os autores de AE para os músculos adutores horizontais do ombro,
observaram que a transição imediata entre flexão e extensão promoveram redução significativa no desempenho
do joelho promoveu melhora no torque extensor e ao repetições máximas com 85% de 1RM. Segundo Franco et
que parece, o ganho de força observado foi resultado da al.4, a redução no desempenho de repetições máximas foi
facilitação neural advinda dos fusos musculares, que ocorreu proporcional à duração e número de séries do alongamento.
nas amplitudes iniciais do movimento de extensão. Tal condição, possivelmente promoveu alterações plásticas
Contrariamente aos resultados observados no presente no tecido muscular, antecipando o ponto de disparo do fuso
estudo, Maynard e Ebben12 verificaram que 5 repetições muscular. Recentemente, Paz et al.9 verificaram aumento
prévias de flexão do joelho, seguidas por 1 série de extensão significativo no número de repetições completadas no
do joelho, promoveu redução do torque isocinético exercício de remada aberta após aplicação da facilitação
extensor e potência dos agonistas, entretanto, não foi neuromuscular proprioceptiva (1 x 40 seg) nos antagonistas
verificada alteração no sinal EMG, no entanto aplicou-se (adutores horizontais do ombro) comparado ao protocolo
AE nos agonistas durante o aquecimento, tal procedimento sem aplicação do alongamento muscular. De acordo com os
possivelmente pode ter influenciado os resultados obtidos, autores, o alongamento muscular aplicado no antagonista
considerando as evidências prévias que verificaram redução pode induzir um retardamento no ponto de disparo dos
no desempenho de força dos músculos alongados13. fusos musculares após o alongamento, e facilicar a ativação
dos agonistas no exercício subsequente. Adicionalmente,
Contudo, ainda não há evidências suficientes que
evidências prévias sugerem independente do volume
suportem a hipótese baseada na inibição neurológica dos
do alongamento, os efeitos induzidos pelo alongamento
muscular sobre o desempenho muscular podem durar de nos antagonistas em equipamento isoinercial, usualmente
10 minutos até 120 minutos2, 20, 24. utilizados em academias e centros de treinamento, ou seja,
Robbins et al.25 afirmam que os estudos que investigaram condições próximas da realidade da maioria dos praticantes
o efeito da pré-ativação dos antagonistas apresentaram de TF, possibilitando fácil reprodutibilidade dos protocolos
diversas limitações como, n amostral heterogênio, adotados no presente estudo.
variação na velocidade, carga e comparações entre
diferentes manifestações de força. Uma das limitações do Conclusões
presente estudo foi não utilizar instrumentações, como, a
Como visto no presente estudo, a aplicação do AE
eletromiografia, para avaliar as respostas neuromusculares
nos antagonista promoveu melhora significativa no
associadas aos estímulos impostos, bem como o número
desempenho muscular dos agonistas através das repetições
reduzido da amostra que limitou a validade externa das
máximas completadas nos exercícios MF e RB. Desta
descobertas, todavia, no presente estudo a amostra foi
forma, as evidências encontradas sugerem uma alternativa
homogenia, e foram devidamente controladas as variáveis
interessante durante a prescrição de programas de TF,
intervenientes. Destaca-se que os benefícios potenciais
considerando que o aumento constante no desempenho
obtidos a partir de efeitos agudos do AE nos antagonistas
muscular associa-se a ganhos de força adicionais e melhora
no presente estudo, não refletem necessariamente a
na capacidade funcional10. Sugerimos que em estudos
reprodutibilidade dos dados em estudos de efeitos
futuros se investigue a aplicação deste protocolo em outros
crônicos, tornando-se necessária à realização de estudos
grupamentos musculares e padrões de movimento, bem
que investiguem esta condição.
como, verificar se os níveis de flexibilidade prévios dos
Por outro lado, os estudos que investigaram os efeitos indivíduos afetam a resposta do AE nos antagonistas sobre
da pré-ativação dos antagonistas avaliaram torque muscular a força muscular. Adicionalmente, é importante investigar
através de equipamentos isocinéticos, que fornecem os mecanismos neurais e morfológicos que interferem ou
evidências específicas em relação a produção de força interagem nesta relação, utilizando técnicas, como por
muscular12, 15, 26. Ainda sim, o presente estudo tem como exemplo, a eletromiografia.
relevância o fato de ter avaliado os efeitos potenciais do AE
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