Você está na página 1de 6

Universidade Federal Fluminense

Avaliação Individual 4
ANÁLISE DETALHADA DA DIFERENÇA DE TEMPERATURA
UTILIZADA NA EQUAÇÃO Q = UD.A.∆T
PARA TROCADORES BITUBULARES E CASCO E TUBOS –
METODOLOGIA KERN

TEQ00137 – OPERAÇÕES UNITÁRIAS III

Aluno: Tito Weber Carnavalli


Sendo a principal grandeza regente dos processos de transferência de calor
(fato previsto pela termodinâmica), a temperatura é fator crucial para a avaliação, tanto
da direção quanto da intensidade, do fluxo de calor existente no sistema de troca
térmica. Segundo as leis termodinâmicas, para que exista um fluxo de calor entre dois
corpos, é necessário que haja uma diferença de temperatura entre ambos (∆T) e
quantifica-la corretamente é crucial para a determinação da taxa de transferência de
calor desse sistema.
No caso da avaliação térmica de trocadores de calor, especialmente na
metodologia tratada no Kern, a determinação do gradiente de temperatura costuma
ser feita através do cálculo da LMTD (Logarithmic Mean Temperature Difference), que
consiste na avaliação da diferença logarítmica entre as temperaturas de cada fluido.
Neste cálculo, ainda podem ser incluídos fatores de correção, dependendo do caso a
ser avaliado.
∆T 2−∆ T 1
LMTD=
∆ T2
ln
∆ T1
Esta análise matemática, um pouco mais robusta, permite uma aproximação
melhor do gradiente de temperatura real gerado entre os fluidos nos trocadores de
calor, pois admite se levar em consideração nos cálculos alguns fatores reais, como o
sentido das correntes de fluido que atravessam o equipamento. Esse e outros fatores
impedem que a diferença de temperatura avaliada para os cálculos de transferência
de calor no equipamento seja simplesmente determinada através da diferença
aritmética entre as temperaturas de cada fluido.
No entanto, algumas hipóteses deverão ser consideradas para a utilização da
LMTD nos cálculos. Um deles é a variação das vazões dos fluidos no tempo, que deve
ser nula, ou seja, as vazões devem ser constantes, bem como os coeficientes de troca
térmica dos fluidos e o coeficiente global do projeto que também não podem variar ao
longo do processo. Outra hipótese que deve ser considerada é de que a perda de
carga, oriunda das passagens dos fluidos pelo equipamento, não irá afetar o processo
de transferência de calor. Se alguma dessas considerações não puder ser feita, a
LMTD não poderá ser aplicada.
O fator que é comum a ser avaliado tanto em Trocadores de Calor Bitubulares
quanto em Trocadores Casco e Tubo do tipo 1-2 é o sentido das correntes que cada
fluido assume no interior de cada equipamento. Porém, nesse aspecto, cada
equipamento possui uma diferença no número de possibilidades a serem avaliadas.
No caso do bitubular existem duas possibilidades de se comparar o sentido de cada
fluxo: eles podem correr no sentido contracorrente ou escoar paralelamente.

Figura 1: Diagrama simplificado que Figura 2: Nesta representação, os fluxos


demonstra o funcionamento de um trocador estão no sentido paralelo.
de calor bitubular, com ambos os fluxos
correndo no sentido contracorrente.
Já no caso do CT 1-2 como só existem dois sentidos de corrente
(contracorrente e paralelo), o fluido interno ora escoa paralelamente ao fluido externo
(fluido que escoa no casco), ora no sentido contracorrente. Esse fato é válido para
todos os casos de CT 1-2, independente do sentido de escoamento do fluido interno
na 1ª passagem.

Figura 3: Ilustração esquemática indicando o sentido das correntes de fluido que


escoam num Trocador de Calor Casco e Tubo do tipo 1-2.

Inicialmente, para a modelagem dos cálculos pertinentes à análise térmica, tanto


para o bitubular quanto para o CT 1-2, considera-se que as trocas térmicas ocorrem
por convecção (Lei de Resfriamento de Newton), desprezando-se as trocas de calor
pela parede do tubo externo (caso bitubular) ou da parede do casco (Casco e Tubo):

Transferência de calor por convecção: q=h A dT

Onde h é o coeficiente de película ou de transmissão de calor por convecção,

[ BTU
2 ][
;
Kcal
2 ;
W
2
h ft ° F h m °C m K][ ]
. A é a área de troca térmica do sistema, K é o coeficiente

de transmissão de calor por condução através da parede do tubo e dT é a variação de


temperatura ocasionada pela transferência de calor (gradiente de temperatura).

A Taxa de calor total do sistema é dada por:


q=U D A ∆ T

Onde UD é o coeficiente global de troca térmica de projeto, que considera os


coeficientes convectivos das correntes do sistema (coeficiente global limpo: U c) do
sistema, corrigido em relação a fatores de incrustação de cada fluido (Fator de

incrustação do projeto: RD).


[ BTU
2][ ;
Kcal
2 ;
][ ]
W
2
h ft ° F h m ° C m K
.

Como a troca térmica no sistema é realizada por dois fluidos de diferentes


naturezas, durante um determinado intervalo de tempo, muitas vezes, ao final do
processo, estes terão diferentes valores de variação de temperatura ( ∆ T 2 ≠ ∆T 1,
sendo ∆ T 1a variação de temperatura no terminal frio e ∆ T 2a variação de temperatura
no terminal quente). Quando isto acontece, precisa-se calcular a diferença de
temperatura média logarítmica (LMTD), que é dada por:

∆T 2−∆ T 1
LMTD=
∆ T2
ln
∆ T1
Este cálculo, isoladamente, pode ser aplicado para os seguintes quatro casos:

(I) Fluidos escoando paralelamente sem mudança de (II) Fluidos escoando contracorrente sem mudança de
estado físico. (10) estado físico. (10)

Uma particularidade no caso da avaliação do ∆T para Bitubulares, é que


podemos usar a LMTD para os casos em que um dos fluidos sofre mudança de
fase (troca de calor latente):

(III) Fluido frio sofrendo mudança de (IV) Fluido quente sofrendo mudança de
estado físico durante a troca térmica. (11)
estado físico durante a troca térmica. (3)

Obs.: Nos trocadores de calor do tipo bitubular, para casos onde pelo menos
um dos fluidos apresenta viscosidade µ>1cP no terminal frio, ao invés do LMTD,
deverá ser calculada as temperaturas calóricas para o fluido quente (T c) e para o fluido
frio (tc), dadas por:

T c=T 2 + F c(T 1−T 2) t c=t 2 + F c(t 1−t 2)

A fração calorífica Fc é obtida no gráfico “AVERAGE FLUID TEMPERATURE”


presente na pág.827 do Kern (International Student Edition)

Como nos trocadores de calor do tipo bitubular, ambos os fluidos tem apenas uma
passagem pelo equipamento, o cálculo da LMTD sem fatores de correção associados,
são suficientes para se avaliar a diferença de temperatura no sistema necessária na
avaliação térmica.
Já para as avaliações quantitativas necessárias para o projeto de trocadores de
calor casco e tubo tipo CT 1-2, o cálculo do ∆T consiste do produto entre a LMTD
(calculada do mesmo modo que no caso bitubular) e um fator de correção da
temperatura: FT. Esse fator permite a obtenção mais próxima da real para o
comportamento variável que as temperaturas de cada fluido assumem no
equipamento CT 1-2, pois a LMTD sem essa correção só é valida para avaliar os
casos em que há apenas uma passagem de cada fluido dentro de um equipamento de
troca térmica.

Figura 7: Na configuração CT 1-2, o fluido interno escoa contracorrente (na 1ª passagem pelo
equipamento) e paralelamente (na 2ª passagem) ao fluido externo.(7)

∆ t=LMTD × F T

LMTD=
∆T 2−∆ T 1
F T=
√ R 2+ 1× ln [ (1−S)
(1−RS) ] t 2−t 1

[ ]
ln
∆ T2 ; 2−S × ( R+1−√ (R +1) )
2; S= T −t ;
1 1
∆ T1 (R−1)ln
2−S × ( R+1+ √ (R2 +1) )
T 1−T 2
R=
t 2−t 1

O fator FT também pode ser obtido graficamente. No apêndice da


literatura de referência (Kern. PROCESS HEAT TRANSFER, pg. 828: Fig. 18),
existe o gráfico dos valores de F T para o equipamento CT 1-2 e para diferentes
valores de R e S (que podem ser calculados a partir das temperaturas dos
fluidos nos terminais quente e frio).

É de suma importância que, nos projetos de Trocadores Casco e Tubo do tipo


CT 1-2, o valor obtido de FT seja maior ou igual ao FT mínimo recomendável ao projeto
(FT=0,75). Caso isso não ocorra, significará que, no sistema em questão, ocorrerá
reaquecimento do fluido quente pelo fluido frio, tendo em vista que um dos fluidos terá
duas ou mais passagens pelo casco. Ou seja, a troca térmica não ocorrerá como a
esperada pelo projeto.

Obs.1: Para casos onde pelo menos um dos fluidos apresenta viscosidade
µ>1cP no terminal frio, ao invés do LMTD, deverá ser calculada as temperaturas
calóricas para o fluido quente (Tc) e para o fluido frio (tc), dadas por:

T c=T 2 + F c(T 1−T 2) t c=t 2 + F c(t 1−t 2)


( )[ ]
'
1 R
+ '
KC ( R −1 ) ' ∆TC U h −U C
Onde: F C = ; R= ; K C=
ln ( K C +1 ) ∆ tC UC
1+
ln R'

O Fc também pode ser obtido através do gráfico com os valores de Kc e R’


previamente calculados.

Obs.2: o fator Kc para fluidos (petróleo e derivados) com grau A.P.I. aferido
pode ser obtidos graficamente, sabendo-se a variação de temperatura que este
sofrerá no projeto.

Você também pode gostar